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2o Semestre / 2022
Sumário
1 NÍVEIS ATÔMICOS 2
2 LEI DE STEFAN-BOLTZMANN 9
3 EFEITO FOTOELÉTRICO 13
4 ESPECTROSCOPIA 19
5 RESISTIVIDADE ELÉTRICA 22
7 RADIOATIVIDADE NATURAL 34
8 DIFRAÇÃO DE RAIOS X 39
NÍVEIS ATÔMICOS
• Postulado de Bohr;
Introdução
A evidência experimental mais importante da quantização da energia é, certamente, a
observação de espectros atômicos e moleculares discretos (não contínuos). Nesta prática,
serão investigadas diferentes maneiras de se obter informação acerca dos níveis de energia
eletrônicos de átomos.
Na primeira parte (A), será feita a medição do espectro de uma lâmpada de hidrogênio
e serão determinadas as diferenças de energia entre alguns dos níveis desse átomo.
Na segunda parte (B), uma montagem baseada em uma das experiências dos primór-
dios da física quântica (Franck-Hertz) será utilizada para a determinação do primeiro
estado excitado do mercúrio.
2
EXPERIMENTO 1. NÍVEIS ATÔMICOS 3
Questões
1. Calcule o valor dos seis primeiros níveis de energia para o átomo de hidrogênio. Em
seguida, esboce um diagrama, em escala, com estes níveis de energia e indique nele as
transições correspondentes às seguintes séries: Lyman, Balmer, Paschen, Brackett, Pfund
e Humphreys.
2. Mostre que as emissões na faixa do visível (400 nm < λ < 700 nm) ocorrem apenas
para as transições dos níveis n = 3, 4, 5 e 6 para o nível n = 2 da série de Balmer. Calcule
os valores dos comprimentos de onda para estas transições.
Parte Experimental
Objetivo:
Investigar transições no átomo de hidrogênio e medir, a partir do experimento de Frank-
Hertz, o primeiro estado excitado do átomo de mercúrio.
Material:
- Espectroscópio
- rede de difração (600linhas/mm)
- lâmpada de Hidrogênio
- montagem do experimento de Franck-Herz
Atenção:
- Não toque com os dedos no vidro da lâmpada; use um lenço de papel ou segure-a apenas
pelos eletrodos.
- Evite manter a lâmpada ligada por muito tempo, pois ela se deteriora com o tempo de
uso.
- Não toque nos eletrodos da lâmpada quando ligada, pois a tensão para iniciar o processo
de descarga é da ordem de 5 kV.
Figura 1.1: Diagrama esquemático da montagem em que se utiliza um espectroscópio com uma
rede de difração (600 linhas/mm) sobre a mesa giratória. A rede deve ser instalada perpendicu-
larmente à direção de observação.
Experimento de Franck-Herz
Neste experimento, utiliza-se uma válvula (ampola de vidro) – ver Fig. 1.2(a) - que
contém um vapor ou gás de um elemento (mercúrio, neon, etc), em baixa pressão, e
alguns eletrodos, como representado esquematicamente na Fig. 1.2(b). Ao ser aquecido,
o filamento F aquece o catodo C que passa a emitir elétrons por emissão termiônica.
Esses elétrons são acelerados em direção ao eletrodo G (conhecido como grade) por uma
tensão de aceleração VG . Um terceiro eletrodo A, chamado de placa ou anodo, atua como
coletor. Os elétrons que adquirirem uma energia cinética suficiente para vencer a pequena
tensão reversa VA , aplicada entre a grade e a placa, atingem a placa e produzem uma
corrente elétrica IA .
(a) (b)
Figura 1.2: (a) Válvula de Franck-Hertz. (b) Circuito elétrico do experimento de Franck-Hertz.
EXPERIMENTO 1. NÍVEIS ATÔMICOS 5
Franck e Hertz utilizaram uma válvula que continha vapor mercúrio. O experimento
consiste em se medir a corrente IA enquanto se aumenta VG gradativamente, mantendo-se
a tensão VA constante, como mostrado no gráfico da Fig. 1.3(a). Para pequenos valores
de VG , a corrente aumenta até atingir um valor V1 ≈ 4.9 V, quando cai abruptamente.
Isso acontece porque, nessa tensão, os elétrons têm energia cinética suficiente para excitar
átomos de mercúrio do estado fundamental para o primeiro estado excitado. Nesse pro-
cesso, esses elétrons perdem energia e não podem alcançar o anodo pois não têm energia
suficiente para vencer o potencial de retardo. Observa-se, então, uma queda abrupta na
corrente IA . Esse processo ocorre próximo à grade da válvula. Aumentando-se o potencial
de aceleração para além de V1 , os elétrons são novamente acelerados e a corrente aumenta
até que eles adquirem, novamente, energia cinética suficiente (tensão V2 ) para excitar áto-
mos de mercúrio que se encontram mais adiante, entre a grade e o anodo. Dessa forma,
observa-se uma sequência de picos na corrente cujo espaçamento em tensão está associado
à energia de excitação do átomo do gás que preenche a válvula.
Franck e Hertz mostraram também que quando a tensão de aceleração era apenas um
pouco maior que cerca de 4.9 V, o mercúrio na ampola emitia luz com comprimento de
onda que correspondia exatamente à energia de um fóton com 4.9 eV. Com uma tensão
um pouco menor, nenhuma emissão era observada. Assim, o experimento de Franck e
Hertz apresentou uma forte evidência de que a energia dos dos átomos é quantizada (ver
Fig. 1.3(b)), além de mostrar como medir a energia de excitação para o primeiro estado.
(a) (b)
Figura 1.3: (a) Oscilações na corrente elétrica IA em função da tensão de aceleração VA . (b)
Representação dos estados eletrônicos do mercúrio.
EXPERIMENTO 1. NÍVEIS ATÔMICOS 6
(a)
(b)
A tensão reversa entre a placa e a grade é gerada por outra fonte de tensão ajustável (0 a
12V), que está conectada ao outro divisor de tensão (R3 e R4 ) que a reduz por um fator
quatro. Como a corrente IA a ser medida é da ordem de 10−9 A ela deve ser amplificada
para ser medida pela interface Cobra 3.
EXPERIMENTO 1. NÍVEIS ATÔMICOS 7
1. Ligue o forno e aguarde até que ele atinja a temperatura de aproximadamente 180oC
(inicialmente, ajuste o termostato localizado atrás do forno para a posição 5). A tempe-
ratura é monitorada com um termopar cuja extremidade deve ficar no centro do forno e
próxima à válvula de Franck-Hertz, sem tocá-la. É necessário cerca de 10 a 15 minutos
para se atingir a temperatura de operação.
Atenção:
- A temperatura do forno NÃO pode ultrapassar 190o C, pois a válvula será danificada!
- Não ligue as fontes de alimentação enquanto o tubo não estiver aquecido.
2. A tensão reversa na placa deve ser previamente ajustada para VA =-0.5 V e não deverá
ser alterada.
5. Para começar uma medição, abra a chave S e, simultaneamente, clique em <Start me-
asurement>. Após cerca de 1,5 minutos, a tensão no visor atingirá 25 V, que corresponde
a VP =50 V. Clique então em <Stop measurement> e, logo depois, feche a chave S.
Atenção: Se durante a medição for observada a emissão de uma luz azulada, brilhante,
entre o catodo e a grade, imediatamente feche a chave S. Isso ocorre devido à ionização do
vapor de mercúrio e leva a um aumento súbito da corrente que pode danificar a válvula.
Em temperaturas acima de 180oC, o processo de ionização ocorre para uma tensão de
aceleração mais elevada. Isso possibilita a observação de pelo menos quatro picos de
corrente nas medições.
Bibliografia
• Eisberg e Resnik, Física Quântica, Cap. 4, Seções 4.4, 4.5, 4.6 e 4.8, e Cap. 9 e 10
LEI DE STEFAN-BOLTZMANN
Introdução
Um corpo negro é definido como um objeto que absorve toda radiação eletromagnética
que incide sobre ele. Uma das observações experimentais que deram origem à quantização
da energia, no início do século XX, foi a de que o espectro e a intensidade da radiação
(luz) emitida por um corpo negro em equilíbrio térmico com o ambiente depende somente
da sua temperatura.
Apesar de objetos reais não emitirem radiação como um corpo negro, essa definição
é utilizada como uma primeira aproximação para energia que eles emitem. Por exemplo,
a radiação das estrelas e a radiação cósmica de fundo são modeladas como radiação de
corpo negro para se estimar as suas temperaturas efetivas. Um corpo negro tem uma
emissividade igual a um. Uma fonte que tem uma emissividade menor que a de um corpo
negro e independente do comprimento de onda é comumente chamada de corpo cinza.
A potência P luminosa emitida por um objeto por unidade de área A para todos os
comprimentos de onda é chamada de radiância L. Para um corpo negro, a radiância é
proporcional à quarta potência da temperatura absoluta T do corpo, ou seja,
L(T ) = σT 4 (2.1)
em que
2π 5 kB
4
σ= 2 3
= 5.6705 × 10−8 W m−2 K −4 (2.2)
15c h
9
EXPERIMENTO 2. LEI DE STEFAN-BOLTZMANN 10
Parte Experimental
Objetivo:
Demonstrar experimentalmente a validade da Lei de Stefan-Boltzmann.
Material:
- Lâmpada de filamento
- Milivoltímetro, voltimetro e amperímetro
- Fonte de tensão DC (0-15V, 0-4A)
- Termopilha de Moll
Procedimento:
Neste experimento, será investigado se a radiação emitida pelo filamento aquecido de uma
lâmpada incandescente segue a lei de Stefan-Boltzmann. A temperatura do filamento será
determinada a partir da medição de sua resistência e a radiância será medida utilizando-se
um dispositivo chamado de termopilha de Moll.
Figura 2.1: Circuito para medir a intensidade da radiação emitida pelo filamento da lâmpada
R utilizando uma termopilha..
Atenção:
- A tensão máxima na lâmpada é de 12 V.
- Antes de começar as medições, a leitura do milivoltímetro deve ser ajustada para zero
EXPERIMENTO 2. LEI DE STEFAN-BOLTZMANN 12
com a termopilha à temperatura ambiente. Isso pode ser feito cobrindo-se a frente da
termopilha com um objeto opaco durante alguns minutos.
- Cada leitura deve ser feita somente depois que a tensão na termopilha esteja estável.
Isso pode demorar cerca de um minuto.
Vt =∝ (T 4 − TA4 ). (2.6)
E como a temperatura do filamento é muito maior que a temperatura ambiente, o termo
TA4 pode ser desprezado.
5. Faça um gráfico de logVt versus logT. Com base nesses resultados, discuta se a radiação
emitida pelo filamento da lâmpada segue a lei de Stefan-Boltzmann.
Bibliografia
• Eisberg e Resnik, Física Quântica, Cap. 1, Seções 1.1 e 1.2.
EFEITO FOTOELÉTRICO
• Efeito fotoelétrico;
Introdução
Fenômenos como interferência e difração da luz só podem ser explicados considerando a luz
como uma onda eletromagnética, que é descrita pelas equações de Maxwell. No entanto,
existem vários outros efeitos de interação da radiação com a matéria cujos resultados
só podem ser explicados admitindo-se que a luz é formada por quantidades discretas,
chamadas de fótons, que têm energia e momentum linear bem definidos, ou seja, que ela
se comporta como partículas. Um desses efeitos é a emissão de elétrons que ocorre quando
luz incide sobre um material, conhecido como efeito fotoelétrico.
O efeito fotoelétrico foi observado por Heinrich Hertz, em 1887, ao perceber que uma
faísca era produzida mais facilmente entre dois eletrodos eletricamente carregado quando
luz ultravioleta incidia sobre o eletrodo carregado com carga negativa. Uma série de
investigações posteriores mostraram que a luz incidente no eletrodo de metal causava a
perda de partículas negativamente carregadas e que essas partículas eram elétrons. No
início do século XX, resultados quantitativos sobre o efeito fotoelétrico foram obtidos
incidindo-se luz sobre placas de metal contidas dentro de ampolas sob vácuo. Esses
resultados não puderam ser explicados com base no modelo ondulatório da luz. Por
exemplo, a tensão de corte necessária para frear elétrons ejetados de uma placa metálica
não dependia da intensidade da luz incidente. Por outro lado, para luz de frequência
menor que um determinado valor, o efeito fotoelétrico não ocorria.
Em 1905, Einstein resolveu o problema do efeito fotoelétrico com base na quantização
da energia de um oscilador, proposta por Planck. De acordo com Einstein, a energia de
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EXPERIMENTO 3. EFEITO FOTOELÉTRICO 14
(a) (b)
hf = Φo + Kmax . (3.1)
Na Fig. 3.2 está mostrado o gráfico esperado da tensão de corte em função da frequência
da luz incidente sobre o catodo. A curva tem uma inclinação igual a h/e e intercepta o
eixo Vo em Φo /e.
Parte Experimental
Objetivo:
Verificar a validade da equação do efeito fotoelétrico. Determinar a razão h/e e a função
trabalho do material do catodo.
Material:
- Lâmpada de mercúrio
- Rede de difração
- Válvula fotodiodo e capacitor
- Voltímetro digital
Procedimento:
Figura 3.3: Circuito utilizado na montagem da Pasco para medir a tensão de carga do capacitor
formado pelo catodo e anodo da válvula 1P39. A chave S é utilizada para descarregar o capacitor
e zerar a tensão de saída.
A montagem utilizada nesse experimento está mostrada na 3.4. A luz emitida por uma
lâmpada de vapor de mercúrio passa por uma fenda, em seguida por uma lente e, depois,
por uma rede de difração que está montada junto à lente. A rede de difração separa as
várias linhas espectrais de emissão do mercúrio - as cores e respectivos os valores (nm)
estão na tabela 3.1. Girando-se a base articulada do suporte da lâmpada, uma das linhas
com determinado comprimento de onda pode ser direcionada para a abertura da caixa
que contém a válvula fotodiodo.
COR λ (nm)
amarelo 578.2
verde 546.1
azul 435.8
violeta 404.7
ultravioleta 365.5
2. Deslize a blindagem de luz do aparelho para que o fotodiodo seja exposto ao feixe de
luz. Depois, gire a base articulada para que o feixe de luz fique no centro da janela do
fotodiodo. Uma vez escolhida o melhor alinhamento, aperte o parafuso da base articulada
para fixar a montagem nessa posição. Ajuste novamente o conjunto rede de difração/lente
sobre o trilho de forma a obter uma imagem focalizada das linhas espectrais sobre a janela
na frente do fotodiodo. A tela branca na frente da janela do fotodiodo é revestida com
um material fluorescente. A linha ultravioleta do mercúrio aparece sobre essa tela como
uma linha azul; a linha violeta aparece mais azulada.
3. Meça o potencial de corte para cada um dos comprimentos de onda emitidos pela
lâmpada de mercúrio. Para isso, gire a base articulada para que apenas luz de uma
determinada frequência passe pelas aberturas do anteparo branco e, também, pela centro
da janela do suporte do fotodiodo. Pressione a chave S e, em seguida, solte-a. Espere até
que a tensão medida pelo voltímetro se estabilize e, então, meça o valor do potencial de
corte. Com base nas suas medições, determine o melhor valor para a razão h/e e a função
trabalho Φo do material do catodo. Discuta os seus resultados.
Atenção:
- Para medições com as linhas espectrais verde e amarela deve ser usado o respectivo filtro
de cor.
- Esses filtros absorvem e impedem que chegue ao fotodiodo luz ambiente de frequências
maiores que as do verde e amarelo, bem como luz ultravioleta das ordens de difração
maior que um, que poderiam se superpor às linhas verde e amarela.
- Cada filtro tem uma tira magnética que possibilita sua fixação sobre a tela branca na
caixa do fotodiodo.
EXPERIMENTO 3. EFEITO FOTOELÉTRICO 18
Bibliografia
• Eisberg e Resnik, Física Quântica, Cap. 2, Seções 2.1 a 2.3
EXPERIMENTO 4
ESPECTROSCOPIA
Introdução
A espectroscopia é o estudo da interação da radiação eletromagnética com a matéria. Ela
abrange muitas técnicas diferentes que estão associadas com os diferentes processos físicos
relacionados com essa interação – espectroscopia de absorção, espectroscopia de emissão,
espectroscopia Raman – e com as diferentes faixas de comprimento de onda – infraverme-
lho, ultravioleta (UV), ultravioleta e visível (UVVIS), etc. Técnicas espectroscópicas são
utilizadas em várias áreas da ciência e na indústria.
As técnicas de espectroscopia ótica envolvem medições da intensidade da radiação
em função do comprimento de onda. Nos monocromadores e espectrômetros que são
comumente utilizados para essas medições, utiliza-se um prisma ou uma rede de difração
para separar espacialmente os comprimentos de onda da luz cujas intensidades são medidas
por sensores adequados.
Na Fig. 4.1, está mostrado um desenho esquemático de um monocromador com rede
de difração. Uma fonte A de luz branca é focalizada na fenda de entrada B, que está no
foco do espelho esférico C. Esse espelho reflete um feixe colimado de luz sobre a rede de
difração D. A luz difratada pela rede é incide sobre o espelho esférico E que a focaliza
na fenda de saída F. Um sensor colocado na frente da fenda F mede a intensidade da
luz para aquele comprimento de onda. Girando-se a rede de difração, luz de diferentes
comprimentos de onda passam sucessivamente pela fenda e um espectro de intensidade
versus comprimento de onda é obtido. A resolução espectral desse tipo de monocromador
19
EXPERIMENTO 4. ESPECTROSCOPIA 20
é determinada por suas dimensões, pela largura da fenda e pela densidade de linhas da
rede de difração.
Parte Experimental
Objetivo:
Investigar os espectros de emissão de fontes de luz: lâmpadas de descarga de gás (ex: H2 ,
Hg, Ar, N2 ), lâmpada incandescente e diodos emissores (LED‘s).
Material:
- Espectrômetro (ex: Ocean-Optics, modelo USB-4000)
- Lâmpadas de gás: hidrogênio, mercúrio, argônio, nitrogênio, e vapor d’água
- Leds: vermelho, amarelo, verde e azul
- lâmpada incandescente
Procedimento:
Neste experimento, serão obtidos os espectros de emissão de várias fontes de luz, e
então analisada a origem dos espectros contínuos ou discretos dessas fontes. Utilizaremos
o espectrômetro da Ocean Optics, modelo USB-4000, cuja entrada de luz é feita por meio
de uma fibra ótica.
Observações:
- Somente pegue nas lâmpadas utilizando o lenço de papel, não toque os dedos no lâmpada.
Cuidado ao manusear as lâmpadas, estas lâmpadas geralmente necessitam de uma tensão
bastante alta para iniciarem o processo de descarga.
- Neste experimento é utilizada uma tensão de 5000 V, portanto não toque nos terminais.
- Evite manter a lâmpada ligada por muito tempo, pois ela se deteriora muito facilmente.
Bibliografia
• Eisberg e Resnik, Física Quântica, Cap. 4, Seção 4.4; Cap. 10 e 12.
RESISTIVIDADE ELÉTRICA
Introdução
No interior dos materiais sólidos um fluxo de cargas (condução eletrônica) se origina em
resposta a forças que atuam sobre elas quando um campo elétrico é aplicado externamente.
A resistividade elétrica é uma medida da oposição de um material ao fluxo de corrente
elétrica. Quanto mais alta for a resistividade, mais dificilmente o material permitirá a
passagem de cargas elétricas. A unidade internacional (SI) da resistividade é [Ω.m], porém
é muito comum tabelas apresentarem [Ω.cm]. A resistência elétrica R de um dispositivo
se relaciona com a resistividade elétrica ρ do material pela relação:
L
R=ρ , (5.1)
A
onde L é o comprimento (m) e A é a área da seção reta (m2 ) do dispositivo. É importante
ressaltar que essa relação só é valida para materiais/dispositivos uniformes e isotrópicos,
A resistividade elétrica (ρ) de um material está intrinsicamente ligada às características
físico-químicas do mesmo, particularmente com o tipo de ligações entre seus átomos.
A classificação dos materiais entre condutores (metais), semicondutores e isolantes está
relacionada com sua na faixa de resistividade - veja Fig. 5.1.
Uma importante característica da resistividade de metais e semicondutores é o seu
comportament com relação à temperatura: enquanto a resistência de um metal aumenta
com a temperatura (↑ T ⇒↑ Rmetal ), nos semicondutores o comportamento é o inverso
(↑ T ⇒↓ Rsemi ).
22
EXPERIMENTO 5. RESISTIVIDADE ELÉTRICA 23
σ = σn = nn |e|µn (5.2)
ρt = ρo (1 + αT ) (5.3)
Figura 5.2: Quando a temperatura aumenta, alguns elétrons deixam a camada de valência
indo para a camada de condução. A ativação (geração) leva à formação de pares elétron-buraco.
EXPERIMENTO 5. RESISTIVIDADE ELÉTRICA 25
Parte Experimental
Objetivo:
Estudar o comportamento da resistividade de metais e semicondutores em função da
temperatura.
Material:
- Forno com 2 entradas (furos = 0.5cm)
- Medidor de temperatura (Termopar)
- Fio de platina
- Cristal de GaAs (com conecções elétricas).
Procedimento:
Nesse experimento, vamos utilizar um forno para aquecer o material a ser estudado.
Esse forno tem duas entradas: em uma delas será colocado um termômetro digital e, na
outra, o material a ser medido. Com esse forno, é possível selecionar diferentes taxas de
aquecimento (chave central). Use taxas mais baixas para obter uma melhor estabilização
da temperatura durante cada medição.
3. Insira o cristal de arseneto de gálio (GaAs) no forno. O cristal está coberto com uma
fita branca de teflon para proteger os contatos elétricos.
Atenção: Manipule o cristal de GaAs com MUITO cuidado para não danificar os contatos
elétricos, em particular ao inserí-lo no forno.
Questões:
- Que parâmetros físicos relacionados à natureza do metal podem ser extraídos de um
ajuste da curva R × T para a platina?
- Que modificação seria esperada nesse gráfico se a platina fosse substituída por cobre ou
alumínio?
Bibliografia
• Capítulo 13 – Sólidos – condutores e semicondutores - Física Quântica, Eisberg e
Resnik. Allen, P. B. Electrical conductivity.
• Kittel, C. Introduction to Solid State Physics. John Wiley & Sons, New York,
(1996).
• Efeito Zeeman
Introdução
O fenômeno da ressonância magnética nuclear – RMN – (ou NMR, Nuclear Magnetic
Resonance) foi descoberto por Bloch e Purcell em 1945. Hoje em dia a espectroscopia
RMN é um dos mais importantes métodos de análise química além de ser muito usado na
biologia. A técnica MRI (Magnetic Resonance Imaging), derivada da RMN, é amplamente
utilizada como ferramenta de diagnóstico clínico por imagem em exames suplementares
aos de ultrassom e de tomografia por raios-X. Este experimento demonstra os princí-
pios básicos do fenômeno de RMN em líquidos e sólidos e introduz algumas aplicações
espectroscópicas em química e biologia.
A técnica de RMN baseia-se nas propriedades magnéticas de certos isótopos com
núcleos cujos spins nucleares I são diferente de zero. Átomos com tais núcleos apresentam
magnetismo nuclear. Seu momento de dipolo magnético nuclear (µ) é dado por:
µ = −gn βn I (6.1)
em que βn é o magnéton de Bohr nuclear (5.051 × 10−27 J/T ) e gn é o fator g nuclear,
característico de cada núcleo.
Os momentos magnéticos nucleares µ podem se orientar somente em direções distintas
em relação a um campo magnético estático Bo (efeito Zeeman nuclear). Cada orientação
do spin corresponde a um nível particular de energia que é dado por
27
EXPERIMENTO 6. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR 28
Quando uma amostra com uma grande quantidade de átomos com núcleos magnéticos
é colocada em um campo magnético estático Bo os spins nucleares são distribuídos entre
os níveis de energia de acordo com a equação de Boltzmann:
Nn+1 En+1 −En
= e kB T (6.3)
Nn
onde kB é a constante de Boltzmann, Nn é o número de spins no nível n e T é a tempe-
ratura em kelvin. Os spins nucleares podem também ser excitados saindo do equilíbrio
dado pela equação 6.3 e passando para níveis de energia En+1 adjacentes se a amostra for
exposta ao campo magnético oscilante B1 (perpendicular a Bo ) de uma radiação eletro-
magnética de frequência ν. Se a energia do fóton (hν) for exatamente igual à diferença
de energia de dois níveis adjacentes, tem-se uma transição eletrônica de dipolo magnético
e, consequentemente, uma absorção ressonante:
hν = En+1 − En = gn βn Bo (6.4)
Figura 6.1: Desdobramento dos níveis de energia de um núcleo com spin 1/2 na presença de
um campo magnético Bo . Uma linha de absorção é observada no espectro NMR, com largura à
meia altura dada por FWHM (Full Width at Half- Maximum).
Para se detectar transições de spin entre estes níveis de energia, a amostra é inserida
dentro de uma bobina de radiofrequência (rf) que é posicionada entre os pólos de um
eletroímã (composto por duas bobinas, um núcleo de ferro e uma fonte de corrente),
em que o campo Bo seja o mais homogêneo possível. Além disso, o campo estático Bo
é modulado em uma frequência f usando duas bobinas de modulação, de modo que a
EXPERIMENTO 6. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR 29
dependência do sinal de NMR com o campo magnético possa ser observada dentro de
uma faixa de frequência, quando o campo aumenta ou diminui.
Toda vez que a condição de ressonância (equação 6.4) for atingida, seja com o campo
aumentando ou diminuindo, energia é absorvida das bobinas de rf devido às transições
de spin. Seja, por exemplo, um núcleo de hidrogênio livre. Este possui uma frequência
de ressonância de 42.5781 MHz em um campo magnético de 1.0 T. Entretanto o valor
preciso da frequência depende do ambiente químico do núcleo em questão. Isso porque
que na presença do campo magnético Bo os campos locais internos dos elétrons e de outros
núcleos também agem no núcleo magnético em questão. O desvio entre a frequência de
ressonância em função do ambiente químico é conhecido como desvio químico e é o que faz
da NMR uma poderosa técnica espectroscópica na química e na biologia. Além disso, a
concentração de isótopos magnéticos numa amostra também pode ser obtida do espectro
de NMR uma vez que tanto a magnetização (∝ |Nn+1 − N|) quanto a intensidade da
absorção de rf (sinal de NMR) são proporcionais ao número total de spins desemparelhados
da amostra.
Em MRI, a densidade de prótons da água na gordura ou em qualquer outra estrutura
no organismo é mapeada, gerando-se uma imagem com contraste entre tecidos sadios e
lesionados. Isto é feito combinando-se as informações sobre a natureza das ligações dos
prótons e sua concentração através da medida de uma grandeza conhecida como tempo
de relaxação. O tempo de relaxação é uma das informações mais importantes que podem
ser obtidas do espectro de NMR, pois é ele que reflete com mais precisão a influência
de elementos vizinhos ao núcleo magnético. O tempo de relaxação é uma medida da
decoerência dos spins e da perda de energia para o ambiente, que por sua vez faz o
sistema retornar à distribuição de spins no equilíbrio térmico (Equação (3)). A volta dos
spins do estado excitado para o estado fundamental ocorre com perda de energia para a
rede (banho térmico) em um tempo característico. Uma estimativa do tempo de relaxação
médio de um sistema de spins em NMR pode ser obtida da largura à meia altura (FWHM)
da linha, através da equação:
1
F W HM ≈ (6.5)
τ
Parte Experimental
Objetivo:
Medir espectros de ressonânia magnética nuclear em glicerina e poliestireno, e determinar
o fator g para o 1 H do Poliestireno
Material:
- Eletroimã com gap
- Fonte de corrente (12V,5A)
- Fonte rf (17-19MHz))
- Osciloscópioa
- Glicerina
- Poliestireno
EXPERIMENTO 6. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR 30
Procedimento:
Figura 6.2: Espectrômetro de NMR utilizado. Consiste em uma unidade geradora de rf, uma
fonte de corrente e um eletroímã. O sinal é visualizado utilizando-se o modo X-Y do osciloscópio,
com o sinal de modulação (FAST) do campo estático no CANAL X, e o sinal de saída da unidade
de rf no CANAL Y, que dá a absorção de rf na bobina dentro do gap do eletroímã.
4. Aumente gradualmente a amplitude de rf (HF) até que o LED vermelho acenda e uma
frequência de aproximadamente 19 MHz seja mostrada no DISPLAY.
5. Insira o tubo de vidro, lacrado, com glicerina, deslocando o o-ring de modo a posicionar
a amostra no centro da câmara de medida.
Atenção: Tome cuidado para que o tubo seja inserido verticalmente para não danificar
a bobina de rf.
EXPERIMENTO 6. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR 31
6. Aumente lentamente a corrente na fonte de corrente até que um sinal de NMR apareça
na tela do osciloscópio. Como referência, use uma corrente de aproximadamente 3.2 A
para uma frequência em torno de 18.01 MHz.
Atenção: A corrente deve ser variada lentamente e nunca deve ultrapassar 4,0 A. Se for
fazer uma pausa, reduza a corrente para zero pois o aquecimento prolongado da bobina
pode danificá-la.
9. Ajuste a fase do sinal de modo que os sinais obtidos através da modulação do campo
estático, seja quando está subindo ou descendo, coincidam. Após essa etapa inicial, o
espectrômetro está pronto para operar!
13. Faça um gráfico de (Bo × i) e, com uma regressão linear, obtenha a expressão de
Bo em função de i: Bo = αi. O valor de α será utilizado nas próximas etapas para se
conhecer o campo B aplicado em função da corrente i.
EXPERIMENTO 6. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR 32
15.Meça alguns pares de valores de frequência de ressonância (ν) e corrente (i) para a
amostra sólida de poliestireno (bastão branco-amarelado).
16. Calcule o fator g para cada par de medidas, utilizando a calibração do campo feita
com a glicerina na seção anterior. Determine o valor médio de g para o poliestireno e o
respectivo desvio padrão.
Observação: Para o poliestireno o sinal é mais fraco do que para a glicerina. Se tiver
dificuldade para localizá-lo, volte ao item 10 e encontre o sinal para glicerina. Sem mexer
no ajuste de corrente e frequência, troque as amostras. O fator g do poliestireno não
difere muito do da glicerina.
Questão: Explique as diferenças nos espectros obtidos com base nas fórmulas quími-
cas para a glicerina e para o poliestireno(veja Figura 6.3, bem como em seus estados
líquido/sólido.
Bibliografia
• Capítulo 8 – Momentos de dipolo magnético, spin e taxas de transição - Física
Quântica, Eisberg e Resnik.
• Ld physics leaflets P6.5.3.1 atomic and nuclear physics - nuclear magnetic resonance.
LD Didadic GmbH.
• http://www.process-nmr.com/pdfs/NMR%20Overview.pdf.
RADIOATIVIDADE NATURAL
• Decaimentos Nucleares
Introdução
A radioatividade foi descoberta pelo físico francês Antonie Henri Becquerel, em 1896. Ele
queria saber se uma substância fluorescente emitiria raios X quando exposta ao sol. Após
vários estudos, Becquerel guardou uma pedra de urânio junto de uma chapa fotográfica
em uma gaveta. Alguns dias depois, percebeu que a chapa fotográfica foi manchada pela
pedra, então, ele concluiu que a radiação não era um efeito da luz, mas sim, propri-
edade de alguns elementos, como o urânio, por exemplo. Em 1898, ao trabalhar com
diferentes compostos de urânio, Marie Curie percebeu que a emissão de radiação era uma
característica do elemento e não dependia de condições químicas e físicas para ocorrerem.
Desde então, esses elementos foram chamados de elementos radioativos e esse fenômeno,
de radioatividade.
Desde a época da descoberta da radioatividade natural por Becquerel, que forneceu os
primeiros indícios da existência do núcleo atômico, boa parte do que os físicos conhecem a
respeito da estrutura nuclear provém do estudo de nuclídeos radioativos, ou seja, do estudo
das transições dos núcleos de um estado quântico para outro de menor energia. Dos mais
de 3000 isótopos encontrados na natureza ou criados em laboratório, apenas 266 são
estáveis. Todos os outros, mais cerca de 2000 isótopos que foram previstos teoricamente e
ainda não foram observados, são radioativos. Os radioisótopos podem decair pelo menos
de nove formas diferentes, entretanto a maioria dos decaimentos acontece através de um,
ou ocasionalmente dois, dos seguintes modos: alfa, beta e gama.
34
EXPERIMENTO 7. RADIOATIVIDADE NATURAL 35
Parte Experimental
Objetivo:
Investigar a radioatividade presente em minerais radioativos e os efeitos de blindagem dos
diferentes tipos de radiação.
Material:
- Amostras de columbita e de areia monazídica.
- Contador Geiger-Müller com base metálica e suporte.
- Folhas de papel A4
- Placas de diferentes materiais: alumínio, chumbo e acrílico.
- Balança eletrônica.
- Paquímetro.
- Régua.
- Luvas descartáveis
Procedimento:
Nesta prática, vamos utilizar um contador Geiger-Müller (veja Fig. 7.1) para realizar
as medidas de radioatividade de fontes radioativas. Ele detecta a presença de radiação
usando a capacidade que as partículas radioativas têm de ionizar certas moléculas (isto
é, retirar alguns de seus elétrons). Esse aparelho consiste de um cilindro cheio de gás
(normalmente argônio), submetido a uma tensão elétrica que mantém a parede do tubo
negativa em relação a um fio positivo que corre ao longo do seu eixo. Quando as partículas
radioativas entram em contato com os átomos de argônio, elas convertem alguns deles em
íons positivos mais elétrons. Sob a ação do campo elétrico, os íons migram para a parede
do cilindro e os elétrons para o fio. Essa dupla migração causa um pulso de corrente que
é transmitida a um amplificador. Cada partícula radioativa que chega ao detector gera
um pulso de corrente, e o aparelho adiciona uma unidade à contagem.
2. Posicione o tubo do contador no suporte da placa para que ele seja mantido vertical-
mente, acima da placa da base, a 1 cm acima da amostra de areia monazítica/columbita,
que deve ser colocada sob tubo.
4. Inicie o contador com o botão “Start-Stop”. Quando o tempo de medida passar, leia
o número de contagens registrado e anote-o em uma tabela. Faça 5 medições e calcule o
valor médio das contagens registradas/s e o desvio padrão.
A columbita é um mineral rico em metais pesados e terras raras que é muito comum em
rochas pegmatíticas encontradas no nordeste de Minas Gerais. Por ser uma importante
fonte de nióbio, metal estratégico, possui alto valor econômico. Sua fórmula química é
(F e2+ , Mn2+ )Nb2 O6 e uma das impurezas mais comuns é o urânio, cujo radioisótopo mais
abundante é o 238 U. A Fig. 7.2 ilustra a série de decaimento para este radiosótopo até o
núcleo estável 206 Pb.
Figura 7.2: Série do decaimento do 238 U com um grande no de ”radioisótopos filhos” fruto inicial
do decaimento do urânio, finalizando no chumbo (206 Pb - com núcleo estável).
EXPERIMENTO 7. RADIOATIVIDADE NATURAL 37
5. Posicione o tubo do contador no suporte da placa para que ele seja mantido vertical-
mente, acima da placa da base, a 1 cm acima da amostra de areia monazítica/columbita,
que deve ser colocada sob tubo.
7. A atividade específica média de cada mineral para uma certa distância é igual ao
número de contagens normalizado pela massa da amostra. Calcule-as para cada amostra.
Qual das fontes tem maior atividade específica? Quantas vezes essas atividades para 1cm
são maiores que a da radiação de fundo? A massa da columbita é (11±1)g.
Sabendo-se que raios alfa são bloqueados por uma folha de papel e que os raios beta são
completamente absorvidos por uma chapa de alumínio, a proporção dos vários tipos de
radiação produzidas por uma amostra pode ser determinada analisando as contagens com
diferentes tipos blindagens.
8. Posicione o tubo do contador no suporte da placa para que ele seja mantido verti-
calmente, acima da placa da base, a 1 cm acima da amostra de columbita, que deve ser
colocada sob tubo.
9. Use uma folha de papel para cobrir o recipiente com a anteriormente. Depois, repita
as medições com a amostra coberta por uma placa de alumínio e, em seguida, por uma
placa de chumbo. Anote todas as medições em uma tabela e calcule os valores médios e
as incertezas.
I = Io e−αt (7.1)
11. Com o tudo do contador a 1 cm da amostra, insira entre eles uma placa de acrílico de
1mm de espessura e meça o número de contagens. Repita as medições 5 vezes e encontre
o valor médio.
12. Repita as medições para diferentes espessuras de blindagem, superpondo outras placas
de acrílico.
14. A partir das medições feitas anteriormente com a folha de papel, a placa de alumínio e
a de chumbo, estime o valor de α para cada um desses materiais. Como eles se comparam
com o do acrílico?
Bibliografia
• Capítulo 16 – Decaimento nuclear e reações nucleares - Física Quântica, Eisberg e
Resnik.
EXPERIMENTO 8
DIFRAÇÃO DE RAIOS X
• Produção/Emissão de raios X
Introdução
Em 1913, W. L. Bragg, ao estudar a difração de raios X em cristais, observou que havia
picos (máximos de intensidade) de radiação espalhada em certas direções que dependiam
do comprimento de onda da radiação. Bragg propôs que as ondas incidentes eram refleti-
das por planos paralelos da rede cristalina e que as ondas refletidas pelos planos sucessivos
produziriam interferência construtiva quando a diferença de caminho óptico entre essas
ondas fosse igual a um número inteiro m de comprimentos de onda λ da radiação. Para
uma radiação que incide com um ângulo θ sobre um cristal que tem planos cristalinos
separados por uma distância d (veja Fig. 8.1), a condição para interferência construtiva
entre os feixes difratados pelos planos é dada por
2dsen(θ) = mλ (8.1)
39
EXPERIMENTO 8. DIFRAÇÃO DE RAIOS X 40
Figura 8.1: Ondas de raios X incidem sobre um cristal com um ângulo θ e são espalhadas pelos
planos cristalinos cujo espaçamento é d.
Parte Experimental
Objetivo:
Investigar os parâmetros de rede da estrutura cristalina dos cristais de NaCl e NaF por
meio da difração de Bragg. Determinar o valor da constante de Planck h a partir da
medição do comprimento de onda limite de Bremsstrahlung.
Material:
- Aparelho de Raios X (Leybold 554 800);
- Tubo com anodo de Molibdênio;
- Monocristais de NaCl e Na.
Procedimento:
O equipamento (Leybold 554 800) mostrado na fig. 8.3 possui um tubo de raios X com
anodo de molibdênio (Mo), alimentado por uma fonte com tensão máxima de 35kV e
corrente máxima de 1mA. Ele está equipado com um goniômetro que é girado por meio
de um motor de passo e é onde há um suporte para se colocar o cristal a ser analisado. A
intensidade da radiação espalhada é medida com um detector tipo Geiger-Müller ou por
uma tela fluorescente de tungstato de cálcio (CaW O4 , scheelita). Todos os parâmetros
– tensão, corrente, ângulo do detector e ângulo do cristal (acoplados ou não) podem
ser controlados a partir do painel do equipamento ou por um programa de controle e
aquisição de dados. A segurança do usuário do equipamento é garantida com o uso de
vidros plumbíferos nas janelas de visualização e com mecanismos que só permitem que
o feixe seja ligado se todas as janelas estiverem fechadas. Dessa forma, a intensidade de
raios X na parte externa do equipamento é da ordem da encontrada em um ambiente
qualquer.
O tubo de raios X consiste de um filamento, um catodo e um anodo. Uma corrente
elétrica no filamento o aquece e este, por sua vez, aquece o catodo que passa a emitir
elétrons por emissão termiônica. Uma tensão de alguns kV aplicada entre o catodo e o
anodo acelera os elétrons emitidos pelo catodo em direção ao anodo. Na colisão desses
elétrons com o anodo são produzidos os raios X.
EXPERIMENTO 8. DIFRAÇÃO DE RAIOS X 42
Esse aparelho será utilizado como um difratômetro de Bragg. Nessa configuração, mos-
trada na fig. 8.4, quando o goniômetro gira de um ângulo θ (ângulo de incidência), o
detector deve girar de um ângulo 2θ . Esse movimento acoplado é feito automaticamente
pelos motores de passo.
Figura 8.4: Esquema do aparato de raios X mostrando a geometria utilizada: (1) colimador de
feixe, (2) mesa com amostra e (3) detector de raios X.
EXPERIMENTO 8. DIFRAÇÃO DE RAIOS X 43
1. Os cristais que serão utilizados são sensíveis à umidade do ar e devem ser mantidos
dentro de um pote de vidro contendo sílica gel. Para retirar cada cristal, utilize uma luva
ou o lenço especial fornecido. NÃO toque nos cristais com a mão. Depois de utilizar os
cristais, coloque-os de volta no vidro, dentro das respectivas embalagens.
4. No programa X-ray apparatus, escolha e abra a aba Bragg. Abra também a janela
Toolbox para configurar as opções de varredura e de calibração do aparelho.
6. Uma vez concluída a calibração, serão obtidos difratogramas para o NaCl. Serão feitas
três medições com diferentes valores de tensão de aceleração. Ajuste os parâmetros de
aquisição de acordo com os valores mostrados na tabela 8.2.
Atenção: A tensão e a corrente máximas são 35 kVe 1,0 mA. NÃO ultrapasse esses
limites!
Tabela 8.2: Parâmetros utilizados na aquisição de dados para obtenção do difratograma de raios
X do cristal de NaCl.
8. Para exportar os dados, selecione os dados da tabela, clique com o botão direito e copie
a tabela. Utilize um programa gráfico para plotar as três curvas em um mesmo gráfico.
EXPERIMENTO 8. DIFRAÇÃO DE RAIOS X 44
11. Obtenha difratogramas para o cristal de NaF (o aparelho já está calibrado; não é
preciso repetir o procedimento de calibração).
Determine o valor da distância interplanar do NaF e compare-o com o valor esperado.
Explique porque o valor de d do NaF é menor que o do NaCl.
Tabela 8.3: Energia, frequência e comprimento de onda das linhas Kα e Kβ para o alvo de
molibdênio.
Tabela 8.4: Parâmetros utilizados para obtenção de difratogramas para determinação da cons-
tante de Planck.
APÊNDICE A
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