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1327 - Lei de Radiação de Stefan-Boltzmann

Roteiro elaborado com base na documentação que acompanha o conjunto por:


Máximo F. da Silveira – Instituto de Física - UFRJ

Tópicos Relacionados

Radiação de corpo negro, f.e.m. termoelétrica, dependência da resistência com a


temperatura.

Princípios e objetivos

De acordo com a lei de Stefan-Boltzmann, a energia emitida por unidade de


tempo e por unidade de área por um corpo negro é proporcional à potência
quatro da temperatura absoluta do corpo. A lei de Stefan-Boltzmann também é
válida para os corpos conhecidos como corpos “cinza”, cuja superfície exibe um
coeficiente de absorção menor que um e independente do comprimento de onda.
No experimento, o corpo “cinza” é representado pelo filamento de uma lâmpada
incandescente cuja emissão de energia é investigada em função de sua
temperatura.

Equipamentos

Base barril -PASS- 02006.55 1


Distribuidor 06024.00 1
Lâmpada de filamento 6 V/ 5 A, E14 06158.00 3
Suporte para lâmpada E 14,com haste 06175.00 1
Multímetro digital 07134.00 3
Cabo de conexão, 500 mm, vermelho 07361.01 4
Cabo de conexão, 500 mm, azul 07361.04 4
Banco de perfil óptico l = 60 cm 08283.00 1
Base para banco de perfil óptico, ajustável 08284.00 2
Suporte deslizante para banco de pr. Ópt., h30mm 08286.01 2
Termopilha, tipo moll E 08479.00 2
Tubo blindado, para 08479.00 08479.01 2
Transformador, 25VAC/20VDC,12A 13531.98 1
Amplificador de medidas universal e 13626.98 1
Resistor de carbono PEK 2W 5% 100 Ohm 39104.63 1

Problemas

1. Medir a resistência do filamento da lâmpada incandescente à temperatura


ambiente e determinar a resistência do filamento R0 à zero graus centígrados.
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2. Medir a densidade do fluxo de energia da lâmpada em diferentes voltagens de


alimentação. A correspondente corrente elétrica de aquecimento obtendo a
resistência associada ao filamento para cada voltagem de alimentação.
Admitindo-se uma dependência de segunda ordem com a temperatura para a
resistência do filamento, pode-se calcular a temperatura do filamento a partir
dos dados medidos para a resistência.

Montagem e procedimentos

Monta-se inicialmente o circuito da Fig. 2 para medida da resistência do


filamento à temperatura ambiente. Um resistor de 100 ohms é conectado em
série com a lâmpada para permitir um ajuste fino da corrente. Mede-se a queda
de potencial V no filamento para correntes de até 200 mA-DC, obtendo a
resistência à temperatura ambiente. As intensidades de corrente nessa faixa são
suficientemente pequenas de modo a desprezar efeitos de aquecimento.

Prepara-se a montagem experimental da Fig. 1. O resistor de 100 ohms é


retirado do circuito. O filamento agora é alimentado por uma fonte de tensão
VAC variável em série com um amperímetro que permita medidas de corrente
alternada de até 6 A. O voltímetro é conectado aos terminais do filamento e a
voltagem alternada é aumentada em intervalos de 0,5 ou 1,0 volt até o limite de
8 VAC.

Fig. 1: Montagem experimental para verificação da lei de radiação de Stefan-Boltzmann.


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Fig. 2: Circuito para medida da resistência do filamento à temperatura ambiente.

Nota: A voltagem de alimentação da lâmpada incandescente é de 6 VAC. Valores de até 8


VAC podem ser aplicados, desde que por curtos períodos de poucos minutos.

Com a termopilha montada a uma distância de 30 cm do filamento aplica-se


inicialmente uma tensão de 1 VAC. Em seguida gira-se (com a base fixada) a
termopilha para esquerda e direita procurando o valor máximo para a f.e.m.
termoelétrica. O eixo do filamento cilíndrico deve estar perpendicular ao eixo do
banco óptico. Como a f.e.m. termoelétrica é da ordem de poucos milivolts, deve-
se usar um amplificador para medidas mais acuradas. O fator de amplificação
deve estar na faixa de 102 ou 103 com o voltímetro ligado ao amplificador na
escala de 1 ou 10 VDC. Antes de iniciar a leitura da f.e.m. termoelétrica deve-se
ajustar um “zero” apropriado. Isto pode ser feito afastando-se a lâmpada em seu
suporte da frente da termopilha por alguns minutos. O amplificador deve ser
usado no modo LOW DRIFT (104 ohm) com uma constante de tempo de 1 s.

Após a lâmpada ser colocada de volta no trilho óptico podem ser tomados os
dados, aguardando sempre alguns minutos entre cada medida para que a
termopilha alcance o equilíbrio. Deve-se tomar cuidado para que nenhuma
radiação de fundo prejudique as medidas.

Teoria e Análise

Considere a radiância espectral RT(λ) para um corpo negro com uma área de
superfície A. Podemos expressar a energia emitida por unidade de tempo e de
área, à temperatura T e comprimento de onda λ no intervalo dλ pela equação de
Planck:
1 dΕ 2πc 2 h
= RT (λ )dλ = 5 dλ
A dt λ  e λkT − 1
hc

 
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onde:
c = 3,00 × 108 m/s (velocidade da luz)
h = 6,62 × 10–34 J.s (constante de Planck)
k = 1,381 × 10–23 J.K–1 (constante de Boltzmann)

Integrando a equação (1) sobre todo o espectro de comprimentos de onda,


obtemos a potência total irradiada à temperatura T (Lei de Stefan-Boltzmann):


P (T ) = A ∫ RT (λ )dλ = AσT 4 (2)
0
com:
σ = 2π5.k4/15c2.h3 = 5,67 × 10–8 W.m–2.K–4

A relação de proporcionalidade entre P(T) e T4 continua válida para os chamados


corpos “cinza”, cuja superfície exibe um coeficiente de absorção ε, menor que um
e independente do comprimento de onda.

Para testar a validade da Lei de Stefan-Boltzmann medimos a radiação emitida


pelo filamento de uma lâmpada incandescente que se comporta muito
proximamente a um corpo “cinza”. Para uma distância fixa entre o filamento e a
termopilha, o fluxo de energia φ que a atinge é proporcional a P(T).

φ ∝ P(T)

E como φ também é proporcional à f.e.m. Uth da termopilha, podemos estabelecer


que:

Uth ∝ T4

caso a termopilha esteja à temperatura de zero Kelvin. Mas como a termopilha


está à temperatura ambiente Ta ela também irradia segundo a lei T4 de modo que
devemos escrever:

Uth ∝ (T4 – Ta4)

Nas circunstâncias da experiência podemos desprezar Ta4 em comparação a T4


de modo que podemos esperar uma relação linear, de coeficiente “4”, quando
representada a função Uth(T) em escala di-logarítimica.

Log Uth = 4 log T + const. (3)


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1327 - Lei de Radiação de Stefan-Boltzmann

A temperatura absoluta T = t + 273 do filamento de tungstênio pode ser


calculada pelas medidas de resistência R(t) do filamento (t é a temperatura em
centígrados). Para a resistência de um filamento de tungstênio temos a seguinte
relação:

R(t) = R0 (1 +αt + βt2) (4)

sendo R0 a resistência a 0 oC e,

α = 4,82 × 10-3 K-1


β = 6,76 × 10-7 K-2
A resistência R0 pode ser calculada usando a relação:
R (ta )
R0 =
1 + α.ta + β.ta2
(5)
Resolvendo a eq. (4) para temperatura T, chega-se a:
1  2  R(t )  
T = 273 +  α + 4β
 R − 1
 − α 
2β    
 0
Tanto R(ta) quanto R(t) são obtidas pela lei de Ohm, ou seja, pelas medidas de
voltagem e corrente através do filamento.

Fig. 3: F.e.m. termoelétrica da termopilha em função da temperatura absoluta do


filamento.
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1. Usando a saída de voltagem DC da fonte de tensão, uma corrente contínua


de 100 mA e de 200 mA foram aplicadas ao filamento em série com um
resistor de 100 ohm. As voltagens correspondentes lidas no voltímetro
foram de 16,5 mV e 33,0 mV respectivamente. Nota-se que dobrando a
corrente a voltagem também dobra. Isto mostra que a influência da
temperatura na resistência do filamento já é insignificante para os valores
DC escolhidos. Encontramos nesse caso:

R(ta) = 0,165 ohm (7)

e conseqüentemente:

R0 = 0,15 ohm (8)

Pequenas variações em R0 influenciam de forma insignificante o coeficiente S.

2. Aumentando-se a voltagem de aquecimento AC em intervalos de 1 VAC


desde 0 até 8 VAC obteve-se os seguintes resultados:

VAC IAC (A) Uth T (K)


(V) (mV)
1 2,20 0,15 672
2 2,80 0,62 983
3 3,45 1,30 1160
4 4,00 2,20 1300
5 4,45 3,20 1430
6 4,90 4,45 1540
7 5,30 5,90 1630
8 5,70 7,50 1720

A representação gráfica di-logarítimica do fluxo de energia em função da


temperatura absoluta é mostrado na Fig. 3. O coeficiente S da reta ajustada pelo
método dos mínimos quadrados é:

S = 4,19 ± 0,27 (9)

O valor teórico de S, que é 4 , se encontra dentro dos limites da incerteza


calculada.

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