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INSTITUTO DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

MÓDULO: Aplicar Fundamentos de Electrotecnia em Corrente Contínua (AFECC)


PLANO DAS SESSÕES 30 a 36
Qualificação: Electricidade Industrial
Turmas:TEI-4A/CV3; TEI-4B/CV3, TEI-13/CV3 Semana de: 27/09 a 02/10/2021
Resultado de aprendizagem 4: Dimensionar condutores eléctricos tendo em conta a densidade da
corrente a ser usada e a respectiva queda de tensão.
Critérios de Desempenho
a) Definir as grandezas que têm infuência na queda de tensão e nas perdas de energia em
condutores eléctricos.
b) Calcular quedas de tensão e perdas de energia em aplicações definidas.
c) Calcular a secção de condutores eléctricos.

4. Dimensionamento dos condutores eléctricos tendo em conta a densidade da corrente a ser


usada e a respectiva queda de tensão

4.1. Grandezas que têm influência na queda de tensão e nas perdas de energia em condutores
eléctricos

As principais grandezas que têm influência na queda de tensão e nas perdas de energia em
condutores eléctricos são: a resistência eléctrica do condutor, o comprimento do condutor, a
resistividade ou resistência específica do condutor, a área da sua secção transversal e a
temperatura.
4.1.1. Factores que afectam a resistência eléctrica
Podemos chegar facilmente à conclusão de que a resistência de um condutor é directamente
proporcional ao seu comprimento e inversamente proporcional à sua secção. Também podemos
constatar que condutores com iguais dimensões, mas de diferentes materiais apresentam valores
diferentes para as suas resistências.
Vamos considerar o seguinte modelo comparativo: se dispusermos de uma conduta de água ligando
dois pontos, é de observação imediata que a «resistência» oferecida por essa conduta dependerá do
seu comprimento e da sua secção, mas igualmente do estado interno das suas paredes. É evidente
que se estas forem limpas e lisas, a água passará mais facilmente do que se forem rugosas ou
apresentarem sujidades.
Como vemos, a resistência depende de vários factores. São eles o comprimento, a natureza do
material e a secção dos condutores e ainda a temperatura. Admitindo que esta última se mantém
constante, analisemos então cada um dos parâmetros relacionando-os matematicamente.

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l
R (4.1)
S

Onde:

R – resistência eléctrica do condutor, em .

resistividade ou resistência específica do material em mm2 / m.

l comprimento do condutor em m.

S secção do condutor, em mm2.

Resistência VS comprimento
A resistência é tanto maior quanto maior for o
comprimento do condutor eléctrico.

Resistência VS secção
A resistência é tanto menor quanto maior for a
secção do condutor eléctrico e vice-versa.

Resistência VS natureza do material


Dois condutores de igual comprimento e secção podem
possuir diferentes valores de resistência eléctrica. Esse valor
depende, como se pode ver na fórmula anterior, de uma
constante de proporcionalidade designada por resistividade
ou resistência específica.

Resistência VS temperatura
Todas as substâncias sofrem variação da sua própria resistência eléctrica quanto sujeitas a variações
de temperatura.
A sensibilidade a tais variações é, no entanto, diferente para cada uma delas. O coeficiente de
temperatura define cada uma das substâncias sob este ponto de vista, e pode definir-se como o

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acréscimo de resistência que sofre o material por cada grau centígrado de aumento de
temperatura.
Exprime-se em Ω/ºC e pode ser positivo ou negativo. É positivo, por exemplo, para os metais que
vêm aumentada a sua resistência quando aumenta a temperatura. Outras substâncias, pelo contrário,
vêm diminuída a sua resistência em idêntica situação. Neste caso o seu coeficiente de temperatura é
negativo.
A relação entre o valor de uma resistência R1 à temperatura T1 e o seu novo valor R2 à temperatura
T2 é dado pela fórmula:
R2 R1 [1 (T2 T1 )]
(4.2)

Onde:

R2 resistência do condutor na temperatura final (T2) medida em [ ] ;

R1 resistividade do condutor na temperatura inicial (T2) medida em [ ] ;

coeficiente de temperatura do material ou condutor, em (º C)-1

(T2 T1 ) Variação da temperatura (temperatura final – temperatura inicial), em ° C.

4.2. Queda de tensão


Consideremos um ramo de um circuito eléctrico contendo uma resistência “R” pela qual passa uma
corrente “I” do ponto “a” para o ponto “b”.
I R
a b

Seja, Ua o potencial no ponto “a” e Ub o potencial no ponto “b”. Vamos calcular o potencial no b.

Por definição:

U ab U a U b
Ua Ub R I Ub Ua I R
U ab R I

Vê-se que quando uma corrente eléctrica passa or uma resistência provoca uma diminuição do
potencial, ou seja, provocs ums queda de tensão. O valor desta queda é igual I R , isto é ao valor da
tensão.

Ua Ub U ab (4.3)

A queda de tensão é igual ao valor da tensão nos terminais de uma resistência.

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4.3. Potência eléctrica – Lei de Joule

Define-se potência (P) como sendo o trabalho realizado por unidade de tempo, isto é:

W
P (4.4)
t

Onde:

P – é a potência do dispositivo (em Watts “W”);

W– é o trabalho realizado (em Joules “J”);

t – é o tempo de duração de realização do trabalho (em Segundos ”s”)

A unidade de potência é, portanto, o Joule/segundo ou Watt (W).

Na prática, é comum usar as seguintes unidades:

Potência

1 H.P. (Horse-Power) = 746 W


1 C.V. (Cavalo-Vapor) = 736 W

Trabalho (Energia)

1 cal (caloria) = 4,18J


1 kWh (Quilowatt-hora) = 3600000J = 3,6 x 106 J

Lei de Joule

A quantidade de energia trocada por unidade de tempo, a potência, depende da tensão nos terminais
do bipolo (rede de dois terminais) e da intensidade da corrente que percorre o bipolo.

A potência eléctrica de um bipolo é dada por:

P U I (4.5)

Onde:

U = tensão nos terminais do bipolo, em volts.


I = intensidade da corente que percorre o bipolo, em Ampères.
P = potência eléctrica do bipolo, em Watts.

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Se o bipolo é gerador, P U I é a potência eléctrica fornecida ao circuito eléctrico (figua 4.1-a).
Se o bipolo é receptor, P U I é a potência eléctrica recebida do resto do circuito (figura 4.1-b).
I I

U Potência
Potência
fornecida consumida

(a) (b)

No caso específico de um condutor eléctrico, a passagem da corrente pelo seu interior resulta no seu
aquecimento. Isto se deve ao choqque dos electrões livres contra os átomos. Esta transformação de
energia eléctrica em calor é chamada de Efeito Térmico da corrente ou Efeito Joule. Quando este
calor não é aproveitado representa uma perda de energia.

A potência dissipada em calor pode ser calculada, pois é igual à potência eléctrica, isto é:

P U I

e como para um resistor vale U R I , substituindo na equação (4.5) resulta:

P (R I ) I R I2 (4.6)

equação que é também conhecida como Lei de Joule.

U
Por outro lado I (Lei de Ohm), e substituindo na equação (4.6) resulta:
R
2
U U2
P R (4.7)
R R

4.4. Exercícios de aplicação

1. Um cabo mono condutor tem 60 metros de comprimento e 35mm2 de secção. A sua


resistência é de 48mΩ. Determinar o valor da resistividade e, recorrendo aos valores da
tabela identifique o material utilizado.
Dados:
l = 60 m; S = 35mm2; R = 48mΩ.

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Resolução:
3
R 48m 48 10
l R S 48 10 3 35
R l R S 0,028 mm2 / m
S l 60
R.: ρ=0,028Ωmm2/m (Alumínio)
2. Qual deverá ser o comprimento de um fio de prata de 1mm2 de secção, para que a sua
resistência seja de 200mΩ?
Dados:
S = 1mm2; R = 200mΩ; ρ = 0,016Ωmm2
Resolução:
3
R 200m 200 10
l R S 200 10 3 1
R l R S l 12,5m
S 0,016
R.: l = 12,5m
3. Um fio de secção circular tem 200 metros de comprimento e 2 milímetros de diâmetro.
Calcular a resistividade, sabendo que, sob um ddp de 220 V, é atravessado por uma corrente
de 5A.
Dados:
l = 200 m; d = 2 mm; U = 220 V; I = 5 A
Resolução:
U 220
R 44
I 5
2
d d d2 22
d 2r r S r2 3,14 3,14mm2
2 2 4 4
l R S 44 3,14
R l R S 0,6908 mm2 / m
S l 200
R.: ρ = 0,69Ωmm2/m

4. Um condutor de cobre tem uma resistência de 35Ω à temperatura ambiente. Calcular que
resistência apresenta à temperatura de 95ºC.
Dados:
3
R1 35 ;T1 20 C;T2 95 C; 3,9 10

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R2 R1 [1 (T2 T1 )] 35 [1 0,0039 (95 20)] 45,2
5. Calcular a sobre elevação da temperatura que sofre um motor cujos enrolamentos são em
cobre, sabendo que as medidas de resistência efectuadas à temperatura ambiente e de
funcionamento deram, respectivamente, 30Ω e 36,9Ω.
Dados:
3
R1 30 ; R2 36,9 ; 0,0039 3,9 10
Resolução:
R2
1
R2 R2 R1
R2 R1 [1 T] 1 T) T 1 T
R1 R1
R2 36,9
1 1
R1 30 1,23 1 0,23
T 58,97 59 C
0,0039 0,0039 0,0039
R.: Δt = 59ºC
6. Calcular a potência dissipada por efeito de Joule numa resistência de 3kΩ quando
atravessada por uma corrente de 380 mA.
Dados:
R 3k ; I 380mA

P R I2 3 103 (380 10 3 ) 2 433,2W


R.: P=433,2W

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Avaliação Formativa (5)

Caro(a) estudante
Depois da consideração que foi feita, verifique se percebeu a matéria até aqui abordada, respodendo
as questões seguintes:

1. Qual é o comprimento necessário de um fio de cromoníquel, de 0,5 mm de diâmetro para se


obter uma resistência de 220 Ω à temperatura de 20 ºC.
2. Determinar a resistência de um condutor de alumínio de secção circular com 100 m de
comprimento e 1,626 mm de diâmetro, á temperatura de 20 ºC.
3. Um fio metálico apresenta, à temperatura de 20º C, uma resistência de 200 Ω, e à
temperatura de 70º C toma o valor de 240 Ω. Calcule o valor do coeficiente de temperatura
do material do fio.
4. Mediu-se a resistência de um fio desconhecido, com 15,46 m de comprimento e 0,3 mm de
diâmetro e obtiveram-se 3,5 Ω. Qual é a resistividade do fio ? A que metal corresponde?
5. Um condutor de cobre tem um comprimento de 10 Km e 0,1 cm2 de secção. Determine á
temperatura de 20ºC.
a) A resistência do condutor à temperatura indicada.
b) A resistência do condutor se o diâmetro aumentasse para o dobro.
c) A resistência á temperatura de 70ºC.
6. Determine a resistência de um cabo de alumínio de 200 m de comprimento e 1,0 mm de
diâmetro, á temperatura de 35ºC.
7. Uma resistência de carvão de 4,7 KΩ é percorrida por uma corrente de 5 mA. Qual a
diferença de potencial que existe entre uma das extremidades da resistência e o seu ponto
médio?
8. Determine a potência dissipada por uma resistência de 18 KΩ quando percorrida por uma
correnteeléctrica de 2 mA ?
9. Qual a energia consumida por um aquecedor eléctrico de 1500 W de potência durante 5 dias
de funcionamento ininterrupto?
10. Um condutor com a resistência de 10 Ω é percorrido por uma corrente de 2 A.
a) Calcule a potência dissipada pelo condutor.
b) Determine a energia dissipada no conduto durante 20 minutos.

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11. Um aquecedor eléctrico ao fim de 5 horas consome a energia de 6 kWh. Calcule a resistência
do aquecedor, sabendo que funciona com a d.d.p. de 220 V.
12. Um condutor com a resistência de 30 Ω é percorrido por uma intensidade de corrente
eléctrica de 2 A. Determine a energia dissipada por efeito de Joule.
13. Para o circuito representado pela figura 4.1. Determinar:
a) A resistência total.
b) A corrente que percorre o resitor R1 quando a tensão total da associação é igual a 24 V.
c) A queda de tensão no resistor R5.
d) A potência dissipada nos resistores.

Figura 4.1 do problema 14.

14. Para o circuito representado pela figura 4.2. Determinar:


a) A resistência total.
b) A corrente que percorre cada um dos resistores quando a tensão entre os pontos A e B é
igual a 75 V.
c) A potência dissipada nos resistores.
d) A energia consumida pelo resistor de 18k durante 8 minutos.

Figura 4.2 do problema 15.

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