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MATERIAL DE APOIO 4 (2ª Lei de Ohm; Potência Elétrica; Fusível; Energia)

Unidade Curricular: ELETRICIDADE TÉCNICA 1


Curso: Técnico de Nível Médio Integrado em Eletrotécnica

1. Segunda Lei de Ohm

A Segunda Lei de Ohm mostra como a resistência elétrica está


relacionada com suas dimensões e com a natureza de material que é feita.
Segunda Experiência de George Ohm: Usando materiais de mesma natureza,
George Ohm analisou a relação entre a resistência R, o comprimento L e a área
A da seção transversal, e chegou às seguintes conclusões:
1ª) Quanto maior o comprimento de um material, maior é a sua resistência
elétrica;
2ª) Quanto maior a área da seção transversal de um material, menor é a sua
resistência elétrica.
A figura 1 mostra esquematicamente estas relações:

Figura 1 – Relação entre Resistência, Comprimento e Área

Em seguida, ele analisou a relação entre a resistência R de materiais de


naturezas diferentes, mas com as mesmas dimensões, chegando às seguintes
conclusões:
1ª) Cada tipo de material tem uma característica própria que determina sua
resistência, independente de sua geometria;
2ª) Esta característica dos materiais é a resistividade elétrica, representada pela
letra grega ρ, cuja unidade de medida é Ω.m .
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Assim, George Ohm enunciou a sua segunda lei:

A Figura 2 mostra a resistividade elétrica de alguns materiais usados na


fabricação de condutores, isolantes e resistências elétricas:

Figura 2 – Tabela de resistividade dos materiais

Exemplos 1.1:

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Portanto, o fio 1 apresenta o dobro da resistência elétrica do fio2, pois seu
comprimento é duas vezes maior.

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Portanto, a resistência elétrica do fio 1 é quatro vezes maior do que a do
fio 2, pois seu diâmetro é duas vezes menor (a resistência é inversamente
proporcional a r²).

2. Condutância e Condutividade Elétrica


A condutância, ao contrário da resistência, expressa a facilidade com que
a corrente elétrica circula por um condutor. Ela é simbolizada pela letra G.
Matematicamente, a condutância é definida como:

A unidade de medida de condutância é Siemens (S) ou, também, (Ω-1).


Da mesma forma, define-se também condutividade σ como sendo o
inverso da resistividade, que representa a característica do material relacionada
à sua condutância, ou seja:

A unidade de medida de condutividade é (Ω,m)-1 ou (S/m).

3. Tipos de Resistores

3.1 Resistor de Fio


Trata-se de um fio condutor de alta resistividade enrolado numa
base cilíndrica de porcelana. O comprimento e o diâmetro do fio determinam sua
resistência elétrica. Nas extremidades do fio, são soldados os dois terminais. Em
seguida, é aplicada uma cada de material isolante, para evitar a entrada de
umidade e poeira.

Figura 3 – Resistor de Fio

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Estes resistores, devido a sua construção robusta e ao fato de suportarem
maiores temperaturas, são empregados onde estas características são exigidas.
Normalmente, tais resistores são fabricados com resistências baixas, da
ordem de unidade a centenas de Ohm, e possuem alta tolerância, de 10 a 20%.

3.2 Resistor de Filme de Carbono


Trata-se de uma base de porcelana, sobre a qual é depositada uma fina
película de carbono (filme). Nesta película, são feitos os sulcos que alteram suas
dimensões, alterando sua resistência. Nas extremidades da película são
soldados os dois terminais. Em seguida, é depositada uma camada de material
isolante, para evitar a entrada de umidade e poeira. Finalmente, imprimem-se os
anéis coloridos que servem para informar o valor da resistência.

Figura 4 – Resistor de Filme de Carbono

Esses resistores são fabricados para uma faixa maior de resistências, de


dezenas de Ohm a centenas de quiloohm, tendo tolerâncias médias entre 5 e
10%.

3.3 Resistor de Filme Metálico


Tem a mesma estrutura do resistor de carbono, só que a película é uma
liga metálica níquel-cromo. Através desta, obtém-se valores mais precisos de
resistência, ou seja, tolerâncias menores, da ordem de 1 a 2%. Esses resistores
são fabricados para uma faixa ampla de resistências, de dezenas de Ohm a
dezenas de Megaohm.

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3.4 Potenciômetro

O potenciômetro é um resistor variável de três terminais, sendo dois


ligados às extremidades da resistência, e um ligado a um cursor móvel, que pode
deslocar-se sobre o material resistivo. A resistência entre as suas extremidades
é fixa, porém, entre qualquer extremidade e o terminal ligado ao cursor, a
resistência é variável (de zero até o valor máximo especificado), pois depende
da posição em que o cursor se encontra (distância entre a extremidade e o
terminal do cursor).

Figura 5 – Potenciômetro com haste giratória e seus símbolos

Uma haste giratória ou deslizante é acoplada ao cursor, permitindo a


variação da resistência manualmente.
Dependendo do material resistivo utilizado, o potenciômetro pode ser
fabricado para resistências máximas desde unidades de Ohm até centenas de
Megaohm.
Os potenciômetros são utilizados principalmente em circuitos nos quais
deseja-se variar determinadas grandezas controladas por corrente ou tensão
elétrica, como por exemplo, o volume de um rádio, o contraste de uma televisão,
a temperatura de um forno elétrico etc.

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3.5 Trimpot

O trimpot é também um resistor variável, porém difere do potenciômetro


no aspecto construtivo e nas aplicações.
Construtivamente, o cursor é acoplado a uma base plana giratória vertical
ou horizontal, dificultando o acesso manual.

Figura 6 – Trimpot horizontal e vertical

As aplicações mais comuns dos trimpots são os circuitos em que não se


deseja mudar constantemente suas resistências como, por exemplo,
instrumentos que precisam ser calibrados para funcionarem adequadamente.
Uma vez calibrados, não se mexe mais nos trimpots. Por isso, os trimpots ficam
alojados internamente nos aparelhos.

4. Potência Elétrica

Sempre uma força produz movimento, diz-se que ela realizou um trabalho,
ou que ela transformou sua energia acumulada em energia cinética (relacionada
a movimento).
Portanto, pode-se dizer que trabalho realizado é igual à energia
transformada ou, ainda, que a energia é a capacidade de realizar um trabalho.
Uma ddp (diferença de potencial) aplicada entre dois pontos num
condutor, cria um campo elétrico que faz que os elétrons livres se movimentem
ordenadamente na forma de corrente elétrica.
Como a ddp é uma força-eletromotriz (f.e.m. – força que move elétrons),
ela também realiza trabalho, ou seja, transforma a energia potencial elétrica em
energia cinética.

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Também já foi visto que, quando um condutor resiste à passagem de
corrente elétrica, ele se aquece. Isto significa que a energia cinética dos elétrons,
devido aos choques com os átomos do condutor, transforma-se em energia
térmica ou calor.

Como o calor gerado pelo condutor ou pela resistência nem sempre é


aproveitando, é muito comum dizer que eles gastam a energia recebida ou,
simplesmente, a dissipam.

Figura 7 – Transformação da Energia Potencial em Cinética e em Calor

Portanto, em eletricidade, a transformação de energia está relacionada


tanto com a tensão, que produz o movimento dos elétrons, como também com a
corrente, que gera o calor.

4.1 Conceito de Potência Elétrica

A rapidez com que a tensão realiza trabalho ao deslocar elétrons de um


ponto para outro é denominada potência elétrica, representada pela letra P.
Potência elétrica é, portanto, o trabalho τ realizado num intervalo de
tempo Δt ou a energia elétrica E consumida num intervalo de tempo:

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A unidade de trabalho e de energia no SI é o Joule (J). Logo, a unidade
de potência elétrica é Joule/segundo, também denominada Watt (W), em
homenagem ao cientista James Watt.
Para entender melhor o que é potência, vamos fazer a seguinte analogia:
Imagine uma corrida de 100 metros com barreiras, na qual o atleta Pedro
cruzou a reta final em 18 segundos e ao atleta Lucas em 25 segundos.
Se os dois realizaram o mesmo trabalho ou gastaram a mesma energia,
como Pedro foi mais rápido, significa que ele foi mais potente que Lucas.
Da mesma forma, um motor é mais potente que outro, quando ele gira
mais rapidamente ou consegue movimentar cargas mais pesadas, isto é, num
mesmo intervalo de tempo, ele transforma mais energia cinética em mecânica
do que o outro.
Em eletricidade, isto também acontece com uma fonte de alimentação. A
fonte mais potente é aquela que transfere mais energia ao circuito, ou seja, que
fornece mais corrente.
Isto significa que a potência elétrica está diretamente relacionada com a
tensão e a corrente.

Figura 8 – Potência de uma fonte de alimentação

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Se o circuito for uma simples resistência elétrica, a potência fornecida pela
fonte será totalmente dissipada por ela (transformando-a em calor), isto é:

Figura 9 – Potência dissipada por uma resistência

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Exemplos:

5. Fusível

O fusível é um dispositivo utilizado para proteger equipamentos eletro-


eletrônicos e instalações elétricas de possíveis aumentos indesejáveis de
correntes.
O princípio de funcionamento de um fusível está baseado no efeito Joule.
Ele consiste basicamente num fio metálico à base de chumbo ou estanho que,
por terem pontos de fusão muito baixos, um aumento de corrente pode provocar
um aquecimento suficiente para derretê-los.
Este fio é alojado em invólucros de vários tipos, sendo os mais comuns o
de vidro (usado em equipamentos eletroeletrônicos), o de cartucho de papelão e
o de porcelana (os dois últimos são usados em instalações elétricas
residenciais).

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Figura 10 – Fusível de vidro e símbolo elétrico

Exemplo 5.1:

Considerando valores comerciais de fusíveis de 0,5A, 1A, 1,5A, 2A, 2,5ª e


3A.

Figura 11 – Proteção do equipamento

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6. Consumo de Energia Elétrica

Potência dissipada é energia consumida num intervalo de tempo (P=E/Δt).


Portanto, a energia elétrica consumida por um circuito elétrico qualquer
num determinado intervalo de tempo é:

Exemplo 6.1: Uma pilha comum pode fornecer uma energia de


aproximadamente 10Wh. Sabendo-se que um tocador de música portátil
consome 2W em média, por quanto tempo você poderá ouvir suas músicas
prediletas com uma única pilha?

Em instalações residenciais e industriais, a unidade de energia mais usual


é quilowatt-hora (kWh).

Exemplo 6.2:

Supondo que o valor da tarifa de energia é de R$0,70/kWh, você pagaria:


Custo = Consumo x tarifa de energia = 576 x 0,70 = R$ 403,20.

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Referência bibliográfica:
LOURENÇO, A. C.; CRUZ, E. C. A.; CHOUERI Júnior, S. Circuitos em Corrente
Contínua. Coleção Estude e Use – Série Eletricidade. São Paulo: Érica, 1996.

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