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Lei de Stefan-Boltmann

Arthur Medeiros; Bruno Stadler; Eduardo Nascimento


Departamento de Física, Universidade Estadual do Centro-Oeste, 85040-080, Campus CEDETEG/PR - Brasil.
(Dated: 12/08/2021)
Neste experimento sobre a lei de Stefan-Boltzmann, foi analisado a radiação termica emitida por
uma fonte termica, sendo esta radiação, transmitida até o aparato de medição de força eletromotriz
através da diferença de temperatura. O conjunto utilizado para a conclusão do experimento é
responsável por estabelecer uma relação entre a eletrodinâmica e termodinâmica de forma que o
ponto central seja a verificação da Lei de Stefan-Boltzmann.
Palavras-chave: Termodinâmica, Lei de Stefan-Boltzmann, Efeito termoelétrico, Radiação de
corpo negro, Eletrodinâmica.

I. INTRODUÇÃO II. TEORIA

Foi o estudo da radiação térmica emitida por corpos Stefan e Boltzmann formularam o conceito de potên-
opacos que forneceu os primeiros indícios da natureza cia irradiada por unidade de área através do problema
quântica da radiação. Quando uma radiação incide em da radiação de corpo negro.Quando nos referimos a
um corpo opaco, parte é refletida e parte é absorvida. Os radiações de corpos negros ou corpos cinza, estamos
corpos de cor clara refletem a maior parte da radiação diretamente ligando estes à radiação térmica emitida
visível incidente, enquanto os corpos escuros absorvem por um corpo. Dada radiação em especifico dos sólidos
a maior parte da radiação. A radiação absorvida pelo cristalinos, é causada majoritariamente por vibrações
corpo aumenta a energia cinética dos átomos que o em sua rede, sendo essas vibrações podendo ser causadas
constituem, fazendo-os oscilar mais vigorosamente em por uma diferença de potencial. Através da lei de Ohm,
torno da posição de equilíbrio. Como a temperatura de temos
um corpo é determinada pela energia cinética média dos
átomos, a absorção de radiação faz a temperatura do R×A
corpo aumentar. ρ= (2)
l
A radiação eletromagnética emitida nessas circunstân- em que ρ é a resistividade elétrica, R é a resistência
cias é chamada de radiação térmica. Em temperaturas elétrica, A é a área e l é o comprimento do condutor pelo
moderadas, a radiação térmica emitida pelos corpos não qual é aplicado uma força eletromotriz. Nos casos em
é visível; a maior parte da energia está concentrada em que uma força eletromotriz é aplicada em um condutor,
comprimentos de onda muito maiores que os da luz vi- por meio de agitações na rede cristalina de um solido
sível. Quando um corpo é aquecido, a quantidade de uma taxa de temperatura é posta de forma que a vari-
radiação térmica emitida aumenta e a energia irradiada ação da resistividade e resistência com a temperatura
se estende a comprimentos de onda cada vez menores. sejam
Entre 600 e 700 °C, existe energia suficiente no espectro
visível para que o corpo comece a brilhar com luz própria,
ρ = ρ0 [1 + α(T − T0 )] (3)
vermelho-escura. Em temperaturas mais elevadas, o ob-
jeto brilha com luz vermelho-clara ou mesmo branca. Em
1879, Josef Stefan descobriu uma relação empírica entre R = R0 [1 + α(T − T0 )] (4)
a potência por unidade de área irradiada por um corpo
negro e a temperatura: sendo a resistência posta em função da temperatura,
obtem-se,
R = σT 4 (1) R(t) = R0 (1 + αt + βt2 ) (5)
em que R é a potência irradiada por unidade de área, T é onde R0 é a resistência a 0 °C, α = (4, 82 × 10−3 )o C −1
a temperatura absoluta e σ = 5, 6704 × 10−8 W/m2 K 4 e β = (6, 76 × 107 )o C −2 . Por meio da Eq. 4, ao isolar o
é uma constante denominada constante de Stefan. Cinco termo t, pode-se obter uma equação para a temperatura
anos mais tarde, Ludwig Boltzmann chegou ao mesmo do filamento,
resultado a partir das leis da termodinâmica clássica e,
por isso, a Equação 1 é hoje conhecida como lei de Stefan- "s   #
Boltzmann. Observe que, de acordo com a lei de Stefan- 1 R(t)
T (R) = 273 + α2 + 4β −α (6)
Boltzmann, a potência por unidade de área irradiada por β R0
um corpo negro é função apenas da temperatura e, por-
tanto, não depende de outras características do corpo, Essa temperatura obtida no filamento de tungstênio, é
como a cor ou o material de que é feito. relacionada a lei de Stefan-Boltzmann pelo conceito de
2

irradiação através da temperatura de um corpo negro


ou cinza, como no caso do filamento de uma lâmpada
incandescente. A partir do conceito de radiação térmica
consegue-se empregar em um termopar a função de
medir tal efeito por meio do efeito termoelétrico. O
fenômeno termoelétrico é utilizado como alicerce para o
efeito Seebeck em termopares, o qual,

Utp = ∆S × ∆T (7)

Em que, E é a força eletromotriz gerada, ∆S é a relação


entre os coeficientes de seebeck do material presente no
termopar e ∆T é a diferença de temperatura entre as
extremidades do termopar. Quando um corpo causa Figura 1. Circuito usado para a determinação da Resistência
uma radiação térmica e esta é transmitida até a pilha
de termopares, fazendo com que uma das extremidades
exposta a fonte de radiação tenha sua temperatura Isto foi feito com uma série de 10 medições das tensões
elevada de acordo com a relação (expostas no multímetro V ) a que ele se encontrava su-
jeito dadas as correntes que por ele passavam, medidas
de 10 até 110mA a passos de 10mA.
Utp ∝ T 4 (8) Em seguida, em nova montagem apresentada na Figura
2, foram realizadas medições para a força eletromotriz
máxima produzida pela termopilha à 30cm de distância
III. EXPERIMENTO da lâmpada sujeita a uma tensão constante de 1V e tam-
bém à produzida pela temperatura ambiente, tendo-se a
Para este experimento são utilizados: lâmpada apagada.

• Fonte de alimentação;

• Lâmpada de filamento de Tungstênio;

• Suporte para lâmpada;

• Três multímetros;

• Oito cabos de conexão;

• Banco de perfil óptico;

• Duas bases para banco óptico ajustável;


Figura 2. Sistema usado para determinação da Temperatura
• Dois suportes deslizantes; do filamento

• Termopilha Moll;
Por fim, foram realizadas 10 medidas para a corrente
• Dois tubos blindados; e força eletromotriz na termopilha, à tensão variável, de
0,5V até 5,5V a passos de 0,5V para a corrente e de 3,25V
• Amplificador de medidas; a 6,94V para a força eletromotriz. O segundo passo per-
mite a relação entre a temperatura do filamento, função
• Resistor de carbono; da tensão a que está sujeito, e a medida desta tempera-
tura pela termopilha, função de sua força eletromotriz.
• Suporte para conexões;

IV. TRATAMENTO DE DADOS

Com os componentes dispostos como a na Figura 1, Foi realizada propagação dos erros experimentais com
primeiramente foi determinada a resistência do filamento. uso da equação:
3

v
u J
uX smj
sM̄ = M̄ t ( )2 (9)
j=1
mj

Nesta, é o valor médio da grandeza cujos erros estão


sendo propagados, smj e mj são, respectivamente, o erro
experimental e a medida experimental do j-ésimo termo
relacionado a que toma parte na equação em que este é
obtido.
Para a definição do desvio padrão entre conjuntos de
medidas se utilizou:

v
u K
2
uP
t k=1(nk − n̄)
u
σ= (10)
K

Na qual nK e nk − n̄ são, respectivamente, o k-ésimo


valor experimental e a média entre os valores experimen-
tais, e K é o número de valores utilizados na fórmula.
Enfim, para definição do erro percentual entre valores
teóricos e encontrados experimentalmente, usamos:
Com estas preparadas, organizaram-se as medições da
segunda montagem do experimento, para as quais se dis-
puseram os valores nas tabelas 5 e 6:
|Valor Experimental − Valor Teórico|
= 1̇00 (11)
Valor Teórico

V. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Partindo das primeiras medidas, organizadas na tabela


3 e utilizadas para a construção do gráfico 4, pôde-se
definir valor médio para a Resistência do filamento em
vista da sua temperatura, assim como extrapolar um va-
lor para sua resistência à 0ºC:

Figura 3. Medidas de U e i Figura 5. Medidas de U, I e R


4

O valor encontrado foi de 3,278 para o coeficiente li-


near aparente no gráfico 8, pode-se justificar o erro de
18,05% para com o valor (4) presente na literatura pelo
alto desvio entre os valores medidos para a temperatura
ao princípio e ao fim do experimento. Tendo-se pontos
Figura 6. Medidas de U e T que variam de mais de 70K no início da construção do
gráfico para pontos que variam de ± 20K em seu final
Com estes valores foi possível construir o gráfico 7, a é mais difícil construir uma reta que esteja próxima de
partir do qual, por linearização logaritmica, pode-se cons- grande parte dos pontos experimentais.
truir 8 e, enfim, determinar coeficiente linear que relaci-
ona a ordem da variação entre a tensão e a temperatura
do filamento.

VI. CONCLUSÃO

Pela realização deste experimento tornou-se evidente a


relação entre a temperatura de um corpo cinza e o fluxo
da energia por ele emitido, além do grau com que estas
grandezas estão relacionadas. Através da Lei de Stefan-
Boltzmann, que teve expoente de T verificado com erro
de 18,05% para com o valor tabelado, pôde-se averiguar
quão precisa, mesmo que para valores baixos de T, pode
ser a aproximação dos resultados da radiância energética
de um corpo mensurável no universo a um corpo cinza,
idealizado.

[1] Resolution 1 (2018) - BIPM. URL https://www.bipm. 1ª edição edition, July 1979. ISBN 978-85-7001-309-5.
org/en/committees/cg/cgpm/26-2018/resolution-1. [4] Kittel. Introdução à Física do Estado Sólido. LTC, Rio de
[2] R. S. Davis. How to Define the Units of the Revised SI Janeiro (RJ), 8ª edição edition, June 2006. ISBN 978-85-
Starting from Seven Constants with Fixed Numerical Va- 216-1505-7.
lues. Journal of Research of the National Institute of Stan- [5] A. Ralph and P. A. Tipler. Física Moderna. LTC, 6ª
dards and Technology, 123:123021, Dec. 2018. ISSN 2165- edição edition, 2014. ISBN 978-85-216-2607-7.
7254. doi:10.6028/jres.123.021. URL https://nvlpubs.
nist.gov/nistpubs/jres/123/jres.123.021.pdf.
[3] R. R. Eisberg. Física Quântica - Átomos, Moléculas, Sóli-
dos, Núcleos e Partículas. GEN LTC, Rio de Janeiro (RJ),

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