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FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
CURSO: FÍSICA
ÓPTICA E ONDAS
Radiação Térmica
Discente:
Radiação Térmica
A radiação emitida por um corpo devido à sua temperatura é chamada radiação térmica. Todo
corpo emite esse tipo de radiação para o meio que o cerca, e dele a absorve. Se um corpo está
inicialmente mais quente do que o meio, ele irá se esfriar, porque a sua taxa de emissão de
energia excede à taxa de absorção. Quando o equilíbrio térmico é atingido, as taxas de emissão e
absorção são iguais(Eisberg & Resnick, 1979, p.20).
Um corpo negro é um sistema ideal que absorve toda a radiação que incide sobre ele. A radiação
eletromagnética emitida pelo corpo negro é chamada radiação de corpo negro. Uma boa
aproximação de um corpo negro é um pequeno orifício que leva ao interior de um corpo oco,
como mostrado na Figura 1. Qualquer radiação de fora da cavidade incidente no orifício entra
através dele e se reflete várias vezes nas paredes internas da cavidade. Deste modo, o orifício
atua como um absorvedor ideal. A natureza da radiação que sai da cavidade através do orifício
depende apenas da temperatura das paredes da cavidade e não do material do qual elas são feitas.
Os espaços entre os pedaços de carvão quente emitem luz muito semelhante à radiação de corpo
negro. A radiação emitida por osciladores nas paredes da cavidade é definida por condições de
contorno. Quando a radiação reflete nas paredes da cavidade, ondas eletromagnéticas
estacionárias se estabelecem no interior tridimensional da cavidade. Vários modos de onda
estacionária são possíveis e a distribuição da energia na cavidade entre esses modos determina a
distribuição de comprimentos de onda da radiação que sai da cavidade através do orifício(Jewett
& Serway, 2012, p.168).
Figura 1. Um modelo físico de corpo negro.
Os corpos de cor clara refletem a maior parte da radiação visível incidente, enquanto os corpos
escuros absorvem a maior parte da radiação. A radiação absorvida pelo corpo aumenta a energia
cinética dos átomos que o constituem, fazendo-os oscilar mais vigorosamente em torno da
posição de equilíbrio. Como a temperatura de um corpo é determinada pela energia cinética
média dos átomos, a absorção de radiação faz a temperatura do corpo aumentar. Acontece que os
átomos contêm partículas carregadas (os elétrons) que são aceleradas pelas oscilações; assim, de
acordo com a teoria eletromagnética, os átomos emitem radiação, o que reduz a energia cinética
dos átomos e, portanto, diminui a temperatura. Quando a taxa de absorção é igual à taxa de
emissão, a temperatura permanece constante e dizemos que o corpo se encontra em equilíbrio
térmico com o ambiente. Assim, um material que é um bom absorvedor de radiação é também
um bom emissor (Tipler & Ralph, 2017, p.139).
As observações revelam que, da mesma forma que a potência total irradiada R, a distribuição
espectral da radiação emitida por um corpo negro depende apenas da temperatura absoluta T.
Seja R(λ)dλ a potência emitida por unidade de área com comprimentos de onda entre λ e λ + dλ.
A Figura 2 mostra os valores experimentais da distribuição espectral R(λ) em função de λ para
vários valores de T entre 1.000 K e 6.000 K(Tipler & Ralph, 2017, p.140).
Figura 2. Função distribuição espectral R(λ) para várias temperaturas. O eixo vertical está em unidades
arbitrárias, apenas para fins de comparação. Observe a faixa do espectro visível, indicada por retas
tracejadas. A radiação emitida pelo Sol se parece muito com a de um corpo negro a 5.800 K. O
comprimento de onda λm está indicado para as curvas de 5.000 K e 6.000 K.
Um corpo que absorve toda a radiação incidente é chamado de corpo negro ideal. Em 1879, Josef
Stefan descobriu uma relação empírica entre a potência por unidade de área irradiada por um
corpo negro e a temperatura:
𝑅 = 𝜎𝑇 4 (Eq.1)
Os objetos que não são corpos negros irradiam energia por unidade de área com uma rapidez
menor que um corpo negro à mesma temperatura; o valor exato depende de outros fatores além
da temperatura, como a cor e a composição da superfície. O efeito global de todos esses fatores é
representado por um parâmetro denominado emissividade (representado pelo símbolo ∊), que
multiplica o lado direito da Equação 1. O valor de ∊, que não depende da temperatura, é sempre
menor que a unidade(Tipler & Ralph, 2017, p.140).
Segundo Tipler & Ralph (2017),o cálculo da distribuição espectral R(λ) de um corpo negro
envolve a determinação da densidade de energia das ondas eletromagnéticas no interior de uma
cavidade. A probabilidade de que um raio que entra na cavidade torne a sair pelo furo antes de
ser absorvido pelas paredes é extremamente pequena.
A potência irradiada para fora da cavidade é proporcional à densidade total de energia U (energia
da radiação por unidade de volume) no interior da cavidade. É possível demonstrar que a
constante de proporcionalidade é igual a c/4, em que c é a velocidade da luz(Tipler & Ralph,
2017, p.140).Assim, temos:
1
𝑅 = 4 𝑐𝑈 (Eq.2)
A função u(λ) pode ser calculada classicamente sem muita dificuldade. Para isso, basta
determinar o número de modos de oscilação do campo eletromagnético no interior da cavidade
cujos comprimentos de onda estão no intervalo de λ a λ + dλ e multiplicar o resultado pela
energia média por modo. O resultado é que o número de modos de oscilação por unidade de
volume, n(λ), não depende da forma da cavidade e é dado por:
De acordo com a teoria clássica, a energia média por modo de oscilação é igual a kT, a mesma
que para o oscilador harmônico unidimensional, em que k é a constante de Boltzmann. De
acordo com a teoria clássica, portanto, a distribuição espectral da densidade de energia é dada
por:
𝑢(λ) = 𝑘𝑇𝑛(λ) = 8πKTλ−4 onde k = 1,38 × 10−23 J/K = 8,62 × 10−5eV/K. (Eq.5)
A relação expressa pela Equação 5, demonstrada pela primeira vez por Lord Rayleigh, é
conhecida como lei de RayleighJeans(Tipler & Ralph, 2017, p.140).
Quando λ se aproxima de zero, a função dada pela Equação 5, se aproxima do infinito. Desta
forma, de acordo com a teoria clássica, não apenas comprimentos de onda curtos deveriam ser
predominantes no espectro de um corpo negro, mas também a energia emitida por qualquer
corpo negro se tornar infinita no limite do comprimento de onda zero. Em contraste com este
resultado esperado, os dados experimentais apresentados na Figura 3 mostram que, à medida que
λ se aproxima de zero, 𝑢(λ) assim também se aproxima. Esta inconsistência entre a teoria e os
dados experimentais foi tão desconcertante, que os cientistas a chamaram catástrofe do
ultravioleta. (Essa “catástrofe” – energia infinita – ocorre quando o comprimento de onda se
aproxima de zero. O termo ultravioleta foi empregado, porque os comprimentos de onda do
ultravioleta são curtos(Jewett & Serway, 2012, p.169).
Figura 3. Comparação dos resultados experimentais com a curva determinada pela lei de Rayleigh- Jeans
para a distribuição da radiação de corpo negro.
Em 1900, o físico alemão Max Planck anunciou que, depois de adotar algumas hipóteses um
pouco estranhas, havia conseguido obter uma função u(λ) que estava de acordo com os
resultados experimentais. O cientista encontrara primeiro uma função empírica que reproduzia os
dados experimentais e em seguida descobrira uma forma de modificar os cálculos clássicos de
modo a obter a função empírica. Podemos entender o tipo de modificação que era necessário se
observarmos que, para qualquer cavidade, quanto menor o comprimento de onda, maior o
número de ondas estacionárias (modos). Assim, quando λ → 0, o número de modos de oscilação
tende a infinito, como mostra a Equação 4. Para que a função distribuição de densidade de
energia u(λ) tenda a zero, é preciso que a energia média por modo dependa do comprimento de
onda λ e tenda a 0 quando λ → 0 em vez de ser igual a kT para todos os comprimentos de onda,
como reza a teoria clássica(Tipler & Ralph, 2017, p.142).
Planck descobriu que podia obter a função empírica que usara para calcular a energia média Ē
supondo que a energia das cargas oscilantes, e, portanto, da radiação emitida, era uma variável
discreta, ou seja, uma variável capaz de assumir apenas os valores 0, ∊, 2∊, . . . , n∊, em que n é
um número inteiro. Além disso, era necessário supor que ε era proporcional à frequência dos
osciladores e, portanto, à frequência da radiação. Assim, Planck supôs que a energia era dada
por:
em que h é uma constante, hoje conhecida como constante de Planck. Nesse caso, a função de
distribuição de MaxwellBoltzmann (Equação 6) se torna:
A energia média de um oscilador é dada por um somatório análogo à integral que aparece na
Equação 7:
ℎ𝑐/𝜆
Ē = ∑∞
𝑛=0 𝐸𝑛 𝑓𝑛 = 𝑒 ℎ𝑐/𝜆𝑘𝑇 −1 (Eq.10)
Multiplicando este resultado pelo número de osciladores por unidade de volume no intervalo
entre λ e λ + dλ (Equação 4), obtemos a função distribuição da densidade de energia no interior
da cavidade:
8πhcλ−5
𝑢(λ) = 𝑒 ℎ𝑐/𝜆𝑘𝑇 −1 (Eq.11)
A Equação 11, denominada lei de Planck, está representada graficamente na Figura 4. Como se
pode ver, a concordância com os resultados experimentais é excelente. Para valores muito
grandes de λ, podemos substituir a exponencial da Equação 11 pelos dois primeiros termos da
expansão 𝑒 𝑥 = 1 + x + ... , em que x = hc/λkT. Nesse caso, temos:
ℎ𝑐
𝑒 ℎ𝑐/𝜆𝑘𝑇 − 1 ≈ 𝜆𝑘𝑇 e 𝑢(λ) → 8πKTλ−4
Quando λ → 0. A lei de Planck também permite calcular o valor da constante que aparece na lei
de deslocamento de Wien.
O valor de h, a constante de Planck, pode ser determinado ajustando a função dada pela Equação
11 aos resultados experimentais ou realizando uma medida direta , o que é melhor, porém mais
difícil. O valor atualmente aceito é
Solução de Einstein
Passaram-se 17 anos sem que ninguém fosse capaz de compreender o significado da Eq. 11. Foi
então que Einstein conseguiu demonstrá-la a partir de um modelo muito simples, baseado em
duas ideias: (1) A energia dos osciladores atômicos das paredes da cavidade que emite a radiação
é realmente quantizada. (2) A energia da radiação que existe no interior da cavidade também é
quantizada na forma de quanta (que hoje chamamos de fótons) de energia E = hf, a mesma dos
osciladores atômicos. Nesse modelo, Einstein explicou o processo pelo qual os átomos podem
emitir e absorver fótons e se manter em equilíbrio com a radiação(Halliday, 2010, p.414).
Qualquer ente físico com um grau de liberdade cuja “coordenada” é uma função senoidal do
tempo (isto é, executa oscílações harmônicas simples) pode possuir apenas energias totais E que
satisfaçam à relação E=nhf, (n=0,1,2...) onde f é a frequência da oscilação, e h constante
univrsal.Um diagrama de níves de energia, como é mostrado na figura 7, nos da uma forma
conveniente de ilustrar o comportamento de um ente regido por esse postulado, e tambem é útil
para ressaltar a diferença entre esse comportanemto e o que seria esperado com base na física
clássica. Em um diagrama desse tipo, indicamos por uma linha horizontal cada um dos possíveis
estados de energia. A distância de uma linha à linha de energia zero é proporcional à energia
total à qual ela corresponde . Como o ente pode ter qualquer energia de zero a infinito, de acordo
com a física clássica, o diagrama de níveis de energia clássico consiste de um contínuo de linhas
que se estendem para cima a partir de zero . No entanto, o ente, executando oscilações
harmônicas simples, pode ter apenas as energias totais discretas E=0, hf, 2hf, 3hf,..., caso ele
obedeça ao postulado de Planck. Isto é indicado pelo conjunto discreto de linhas em seu
diagrama de níves de energia. A energia do ente que obedece ao postulado de Planck é dita
quantizada, os estados de energia possíveis são ditos estados quânticos, e o inteiro n é dito
número quântico(Eisberg & Resnick, 1979, p.40-41).
Resolução do exercício
Exercício 6 (AP10)
A emitância de um radiador ideal é de: 5,93 KW/𝑚2 a) A que comprimento de onda alcança
seu pico o poder emissivo espectral? b) Determine o máximo valor do poder emissivo espectral.
Dados Formula/Resolução
8πhcλ−5 1 2πhc2
b) Subistituindo a equação 𝑢(λ) = 𝑒 ℎ𝑐/𝜆𝑘𝑇 −1 na 𝑅(λ) = 4 𝑐𝑢(λ) , teremos 𝐼(𝜆, 𝑇) = 5
λ (𝑒 ℎ𝑐/𝜆𝑘𝑇 −1)
que corresponde ao máximo valor do poder emissivo espectral .
2π(6,625.10−34 ).(3.108 )2
𝐼(𝜆, 𝑇) = (6,625.10−34 ).(3.108 )
−6 5 (5,09.10−6 ).(1,38 × 10−23 ).(568,67)
(5,09.10 ) (𝑒 −1)
3,746.10−16
𝐼(𝜆, 𝑇) = ⇒ 𝐼(𝜆, 𝑇) = 0,765. 109 W/𝑚2
4,896.10−25
Conclusão
O estudo da radiação térmica tem vindo a ganhar mais espaço no campo da ciência por conta das
vairias aplicações como por exemplo a temperatura corporal é medida por meio de um
termômetro auricular, que pode medi-la com muita rapidez. Em fração de segundos, este tipo de
termômetro mede a quantidade de radiação infravermelha emitida pelo tímpano. Depois, o
aparelho converte a quantidade de radiação em uma leitura de temperatura. Este dispositivo é
muito sensível, porque a temperatura é elevada à quarta potência na lei de Stefan. Um exemplo
importante de aplicação da lei de Planck foi seu uso para estudar a radiação de micro-ondas
proveniente do espaço sideral. Os modelos cosmológicos atuais sugerem que o universo
começou com uma gigantesca explosão, o chamado Big Bang. Um dos efeitos previstos dessa
explosão era encher o universo de uma radiação cuja distribuição espectral corresponderia à de
um corpo negro ideal. A temperatura inicial do universo era extremamente elevada; com o passar
do tempo, porém, o universo esfriou até atingir a temperatura que possui hoje em dia, 𝑇𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 .
Assim, deveria existir no universo uma radiação de fundo com uma distribuição espectral
correspondente à de um corpo negro à temperatura 𝑇𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 .
Referencias bibliográficas
• Eisberg , R., & Resnick, R. (1979). Física Quântica. Editora Campus. Revista ELSEVIER.
Retirado de https://www.academia.edu/50902822/Física_Quântica_Eisberg_e_Resnick
• Serway, R. A. & Jewett Jr., J. W. (2012). Física para cientistas e engenheiros, volume 4 : luz,
óptica e física moderna. 8a edição norte-americana ; tradução All Tasks ; revisão técnica Carlos
Roberto Grandini. São Paulo : Cengage Learning. Retirado de
https://in.1lib.limited/book/4991271/965f7f
• Tipler, P. A. & Llewellyn, R. A. (2017). Física moderna. tradução e revisão técnica Ronaldo
Sérgio de Biasi. 6. ed. Rio de Janeiro : LTC. Retirado de
https://www.academia.edu/49273042/Física_Moderna_6a_Edição
• Halliday, D., Resnick, R., & Walker, J. (2016). Fundamentos de física, volume 4 : óptica e física
moderna (Vol. IV). (R. Sérgio, Trad.) Rio de Janeiro: LTC — Livros Técnicos e Científicos
Editora Ltda. Obtido em 23 de Julho de 2021. Retirado de http://clkme.in/qUMWiu