Emissão e absorção de radiação: Lei de

Stefan-Boltzmann e deslocamento de
Wien. A quantização da energia segundo
Planck
 Emissão e absorção de radiação: Lei de Stefan-Boltzmann e deslocamento
de Wien

Todos os corpos emitem e absorvem energia por radiação.

Os constituintes dos corpos – átomos ou moléculas – têm partículas com carga elétrica e
estão em permanente agitação térmica.

As cargas elétricas produzem campos elétricos e as correntes elétricas (resultantes do

Ondas
movimento de cargas) produzem campos magnéticos. eletromagnéticas

Devido à agitação desses átomos e moléculas

produzem-se campos eletromagnéticos e, em
consequência, os respetivos corpos emitem ondas
eletromagnéticas, ou seja, radiação. Ondas
eletromagnéticas
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de Wien

As frequências e as amplitudes das ondas eletromagnéticas emitidas dependem das

frequências e das amplitudes das vibrações dos átomos e moléculas, e essa agitação
depende da temperatura dos corpos.
O resultado é a emissão de radiação segundo um espetro contínuo, designado por
espetro da radiação térmica.

Espetro da radiação térmica de um

corpo cuja temperatura é 5800 K.
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de Wien

No espetro de radiação térmica representa-se

a intensidade da radiação emitida por
unidade de comprimento de onda (ou
radiância espetral), representada pelo símbolo
J, em função do comprimento de onda, λ.

O espetro mostra que o máximo de emissão de um corpo, à temperatura de 5800 K,

ocorre para um comprimento de onda de cerca de 500 nm.

A forma desta curva corresponde à da emissão do chamado corpo negro.

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de Wien

Mas o que é um corpo negro?

Imaginemos um corpo oco com um pequeno orifício por onde pode entrar
radiação, mas de onde, após várias reflexões e absorções nas paredes interiores da
cavidade, ela terá muita dificuldade em sair.

A cavidade com o pequeno orifício comporta-se como um corpo negro.

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Um corpo negro é um corpo ideal que absorve toda a radiação que nele incide
(absorsor perfeito).
Um corpo negro também emite radiação e tem as seguintes características:

• A radiação que emite depende da sua temperatura e, a essa temperatura, o

corpo emite o máximo de radiação possível: é um emissor perfeito.

• A radiação que emite não depende da sua constituição e forma.

• Tem uma intensidade máxima de emissão para um comprimento de onda bem

definido, o qual depende da sua temperatura.

• A intensidade de emissão tende para zero para comprimentos de onda

pequenos e também para comprimentos de onda grandes.
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de Wien

A designação «corpo negro» traduz a ideia de que toda a luz é absorvida, seja qual
for o material que constitua o corpo.

Qualquer corpo aquecido tem um espetro semelhante ao de um corpo negro.

Para determinar a intensidade total da radiação (símbolo I), emitida por um corpo
negro a uma dada temperatura, temos de ter em conta a radiância espetral em todos
os comprimentos de onda.

Essa intensidade é dada pela «área» por baixo da curva no espetro de radiação térmica.
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de Wien

T = 5800 K

I = σT4

A «área» por baixo da curva dá a intensidade total da radiação

emitida, cujo valor é obtido a partir da Lei de Stefan-Boltzmann.
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de Wien

Lei de Stefan-Boltzmann

A intensidade total da radiação emitida por um corpo

negro, I, só depende da sua temperatura absoluta, T, e
Joseph Stefan
é proporcional à quarta potência dessa temperatura:

𝑰=𝝈 𝑻 𝟒
W K

sendo σ = 5,67 × 10–8 W m–2 K–4 a constante de Stefan-Boltzmann.

Ludwig Boltzmann
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de Wien

Do mesmo modo que um corpo emite radiação, também absorve radiação pelo
processo inverso ao da emissão: as suas partículas oscilam quando recebem radiação.
A Lei de Stefan-Boltzmann também se aplica à absorção de radiação.
Como a intensidade da radiação é a potência por unidade de área , a Lei de Stefan-
Boltzmann para um corpo pode ser apresentada na seguinte forma:

W
W P K
m2
e: emissividade – número entre 0 e 1 (0 ≤ e ≤ 1); depende da constituição da superfície do corpo;
e = 1 só para um emissor e absorsor ideal (corpo negro).
σ: constante de Stefan-Boltzmann.
A: área da superfície do corpo.
T: temperatura da superfície do corpo (na emissão de radiação); ou temperatura da vizinhança do
corpo (na absorção de radiação).
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de Wien

Quanto maior for a temperatura do corpo

mais agitados estarão os seus átomos e
moléculas: as amplitudes e as frequências
das suas oscilações serão, em média,
maiores, e o corpo radiará mais energia.

O espetro de emissão térmica modifica-se

com a alteração da temperatura.
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de Wien

• O valor máximo da radiância espetral (máximo da curva) será tanto maior quanto
maior for a temperatura.

• Quanto maior for a temperatura, maior será a intensidade total da radiação emitida
(a curva correspondente à maior temperatura tem por baixo uma maior área).

• Quando a temperatura aumenta, o máximo da curva desloca-se para menores

comprimentos de onda, facto designado por deslocamento de Wien.
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de Wien

Wilhelm Wien foi um físico alemão que, ao estudar o

corpo negro, relacionou a temperatura desse corpo negro
com o comprimento de onda em que é máxima a emissão
de radiação, formulando a Lei do Deslocamento de Wien:

No espetro da radiação térmica de um corpo negro, a

temperatura absoluta é inversamente proporcional ao
comprimento de onda em que é máxima a emissão de
radiação: m mK Wilhelm Wien
𝝀𝑻 = 𝑩
K
sendo B = 2,898 × 10–3 m K a constante de Wien.
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de Wien

Este resultado tem várias aplicações. Por exemplo, a partir da análise do espetro de
radiação térmica pode conhecer-se a temperatura superficial de uma estrela, ou a
temperatura de um corpo com um termómetro de radiação, e interpretar imagens de
termogramas.
 A quantização de energia segundo Plank

Curva experimental para um corpo

negro, a 2000 K, e a curva prevista pela
teoria clássica.

A enorme diferença entre os resultados experimentais e a previsão teórica ficou

conhecida por catástrofe do ultravioleta, por essa diferença se observar na zona
do ultravioleta (a dos menores comprimentos de onda).
 A quantização de energia segundo Plank

A curva prevista pela teoria eletromagnética:

• aproxima-se da curva experimental na zona dos grandes comprimentos de onda,

tendendo ambas as curvas para zero quando aumenta o comprimento de onda;

• difere da curva experimental na zona dos pequenos comprimentos de onda

(catástrofe do ultravioleta): quando o comprimento de onda diminui a radiância
espetral aumenta. Experimentalmente verifica-se que a radiância espetral tem um
máximo e tende para zero para pequenos comprimentos de onda.
 A quantização de energia segundo Plank

Em 1900, Planck supôs que a radiação era emitida por um

conjunto de osciladores eletromagnéticos (cargas elétricas
que oscilam) cuja energia não podia ser qualquer, mas sim
um múltiplo de uma energia elementar.

Ou seja, a energia seria quantizada (só admitia certos

valores):
Postulado de Planck, quantização da energia. Max Planck

Há uma energia elementar do oscilador eletromagnético, chamada quantum de

energia, que é proporcional à frequência de oscilação:

𝑬 𝟎 =𝒉𝒇 com h = 6,626 × 10–34 J s a constante de Planck.

 A quantização de energia segundo Plank

Os osciladores eletromagnéticos só podem ter energias que sejam múltiplos inteiros da

energia elementar:

ou com n = 1, 2, 3, …

Em consequência, os osciladores só podem radiar quantidades discretas de energia,

chamadas quanta (plural de quantum) de energia.

A hipótese de Planck evitava a catástrofe do ultravioleta: o valor não nulo de h permitia

descrever corretamente a curva de radiância espetral na região dos pequenos
comprimentos de onda, ou seja, descrever com notável precisão a emissão do corpo
negro, e ainda deduzir a Lei de Stefan-Boltzmann e a Lei do Deslocamento de Wien.
 Questões (Resolução)

1. O comprimento de onda para o qual se dá o máximo de emissão da radiação de uma

estrela é 540 nm. Determine a temperatura à superfície da estrela.

𝐵 2,898 ×10 −3
𝜆 𝑇 =𝐵 ⟹ 𝑇 = ⟺ 𝑇 = ⟺ 𝑇 =5367 K
𝜆 540 ×10
−9

2. Admitindo que a temperatura média do Sol é 5800 K, calcule a potência da radiação

emitida, supondo que o Sol se comporta como um emissor ideal.

2
𝐴 S ol = 4 𝜋 𝑟 ⟺ 𝐴 S ol = 4 𝜋 × ( 7,0 × 10 ) ⟺ 𝐴 S ol = 6 , 2 × 10 m
2 8 18 2