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RADIAÇÃO: PROCESSOS E PROPRIEDADES

Gabriele Rand Oliveira de Matos


DRE 117032776
Disciplina: Transferência de Calor I
Resumo Capítulo 12 – Radiação: Processos e Propriedades

12.1) Conceitos fundamentais


Para tratar sobre os processos e propriedades da radiação, é necessário definir previamente que o
fenômeno radiação pode acontecer com todas as formas de matéria e, além disso, sua propagação
subsequente não exige a presença se matéria alguma para acontecer. Mais especificamente, radiação
térmica está associada à taxa na qual a energia é emitida pela matéria como um resultado de sua
temperatura não nula.
O mecanismo de emissão de radiação está relacionado à energia liberada como um resultado de
oscilações ou transições dos muitos elétrons que constituem essa matéria. Oscilações essas que são
sustentadas pela energia interna dela, responsável pela temperatura. Por outro lado, o transporte da
radiação é dado por conjuntos de fótons, o que permite relacioná-la à propagação de ondas
eletromagnéticas, tendo frequência, velocidade e comprimento de onda.
Posto isso, é possível traçar o espectro eletromagnético, considerando c = 3 × 108 m/s e
comprimentos de onda da ordem de 10-5 a 104 µm. Para a radiação térmica e transferência de calor, o
interessante está na porção intermediária do espectro, que envolve λ entre 0,1 e 100 µm, ou seja, parte
das ondas UV e toda luz visível e ondas infravermelhas.

12.2) Fluxos Térmicos Radiantes


Na análise de transferência de calor radiante, são relevantes alguns tipos de fluxos térmicos. São
eles:
i. Poder emissivo (E) – é a taxa na qual a radiação é emitida de uma superfície por unidade de
área superficial, em todos os comprimentos de onda e direções.
ii. Irradiação (G) – é a taxa na qual radiação incide sobre uma superfície por unidade de área
superficial, em todos os comprimentos de onda e direções.
iii. Radiosidade (J) - é a taxa na qual radiação deixa uma superfície por unidade de área
superficial.
iv. Fluxo radiante líquido – é a taxa liquida de radiação deixando uma superfície por unidade
de área superficial, ou seja, J – G.
Quando radiação incide num meio semitransparente, parcelas dessa radiação podem ser
absorvidas, refletidas e transmitidas, de forma que α + ρ + τ = 1. A absorção (α) acontece quando o
meio interage com a radiação, causando o aumento de sua energia interna. A reflexão (ρ) se trata da
parcela que foi redirecionada para fora da superfície, sem interações no meio. Por fim, a transmissão ( τ)
se refere ao que atravessa o meio e, nesse caso, se o meio é opaco, τ = 0. É importante ressaltar que
esse cálculo é feito em porcentagem, onde 100% representam toda radiação recebida, ou seja, o valor
de G.
Assim, é possível relacionar também radiosidade, irradiação e fluxo radiante líquido.
J = E + ρG -> toda radiação que sai
q” = E + ρG – G -> fluxo líquido

12.3) Intensidade de radiação


A taxa de emissão é medida pela intensidade espectral, que representa a quantidade de energia
radiante emitida em um determinado comprimento de onda, direção e ângulo sólido, denotado por I λ,e.
Resumo Capítulo 12 – Radiação: Processos e Propriedades

A intensidade espectral é definida como a taxa de energia radiante emitida por unidade de área da
superfície emissora, por unidade de ângulo sólido e por unidade de intervalo de comprimento de onda.
A taxa de radiação emitida por uma superfície em uma região do espaço pode ser calculada
utilizando a intensidade espectral, desde que seja conhecida. O fluxo de radiação associado a uma área
da superfície emissora pode ser determinado integrando a intensidade espectral sobre um intervalo de
comprimento de onda ou um ângulo sólido. Enquanto isso, o poder emissivo hemisférico é definido
como a taxa de radiação emitida em todas as direções a partir de uma superfície por unidade de área e
por unidade de intervalo de comprimento de onda. O poder emissivo total é a taxa de radiação emitida
por unidade de área em todas as direções e comprimentos de onda.
Quando a intensidade da radiação emitida é independente da direção, chamamos a superfície de
emissor difuso. Nesse caso, o poder emissivo é calculado integrando a intensidade espectral sobre um
ângulo sólido completo.

12.4) Radiação do Corpo Negro


Para determinar propriedades radiantes de superfícies opacas, como poder emissivo, irradiação e
fluxo térmico radiante líquido é necessário discutir sobre corpo negro. Conceitualmente,
i. um corpo negro absorve toda a radiação incidente, independente do seu comprimento de
onda e de sua direção.
ii. para uma dada temperatura e comprimento de onda, nenhuma superfície pode emitir mais
energia do que um corpo negro.
iii. embora a radiação emitida por um corpo negro seja uma função do comprimento de onda
e da temperatura, ela é independente da direção. Ou seja, corpo negro é um emissor
difuso.
Embora nenhuma superfície real seja exatamente um corpo negro, uma cavidade com uma
abertura pequena e superfície interna a uma temperatura uniforme pode se aproximar desse
comportamento. A radiação que sai da abertura da cavidade é determinada apenas pela temperatura da
superfície e corresponde à emissão de um corpo negro.
Já em relação à intensidade espectral de um corpo negro, ela pode ser descrita pela distribuição de
Planck, que varia com o comprimento de onda e a temperatura. A radiação emitida aumenta com a
temperatura e a região espectral com maior radiação depende da temperatura, com comprimentos de
onda menores se tornando mais expressivos. Sua fórmula é:

Pontos importantes:
i. A radiação emitida varia continuamente com o comprimento de onda.
ii. Em qualquer comprimento de onda, a magnitude da radiação emitida aumenta com o
aumento da temperatura.
iii. A região espectral na qual a radiação está concentrada depende da temperatura, com,
comparativamente, mais radiação aparecendo com menores comprimentos de onda na
medida em que a temperatura aumenta.
Resumo Capítulo 12 – Radiação: Processos e Propriedades

iv. Uma fração significativa da radiação emitida pelo Sol, que pode ser aproximado por um
corpo negro a 5800 K, encontra-se na região do visível no espectro. Em contraste, para T <
800 K, a emissão encontra-se predominantemente na região do infravermelho no espectro,
não sendo visível ao olho humano.
Aliada a isso, a lei do deslocamento de Wien estabelece que o pico da emissão ocorre em
comprimentos de onda menores com o aumento da temperatura, a partir da fórmula a seguir, sendo C 3
= 2898 µm K:

A lei de Stefan-Boltzmann é a fase final dessa análise, pois afirma que a quantidade total de
radiação emitida por um corpo negro em todas as direções e em todos os comprimentos de onda pode
ser calculada desde que a temperatura do corpo negro seja conhecida. Esta emissão é difusa, o que
significa que a intensidade total associada à emissão de corpo negro pode ser determinada usando a
seguinte equação:

Entretanto, efetuando a integração, obtêm-se , sendo a constante de Stefan–

Boltzmann, que depende de C1 e C2, valendo .


Como se trata de uma emissão difusa, têm-se então, da equação da intensidade total associada à
um corpo negro:

12.5) Emissão de Superfícies Reais


Após ter desenvolvido o conceito de um corpo negro para descrever o comportamento de uma
superfície ideal, agora é possível examinar o comportamento de superfícies reais. É importante lembrar
que um corpo negro é um emissor ideal, no sentido de que nenhuma superfície pode emitir mais
radiação do que um corpo negro na mesma temperatura. Portanto, é conveniente escolher o corpo
negro como referência ao descrever a emissão de uma superfície real. Nesse contexto, a emissividade é
uma propriedade radiante da superfície, definida como a razão entre a radiação emitida pela superfície e
a radiação emitida por um corpo negro na mesma temperatura. É crucial reconhecer que, em geral, a
radiação espectral emitida por uma superfície real difere da distribuição de Planck (Figura 12.15a). Além
disso, a distribuição direcional (Figura 12.15b) pode ser diferente da difusa. Portanto, a emissividade
pode variar dependendo do interesse na emissão em um determinado comprimento de onda, em uma
direção específica ou em médias integradas ao longo de comprimentos de onda e direções.
Resumo Capítulo 12 – Radiação: Processos e Propriedades

A emissividade hemisférica total é a emissividade que leva em consideração a emissão em todos os


comprimentos de onda e em todas as direções. Ela é definida como a razão entre o poder emissivo total
de uma superfície real, E(T), e o poder emissivo total de um corpo negro na mesma temperatura, Ecn(T).
Em outras palavras,

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