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PRINCÍPIOS DO SENSORIAMENTO REMOTO

INTRODUÇÃO
O sensoriamento remoto pode ser definido, de um modo bastante abrangente, como a detecção da
natureza de um objeto, sem que haja contato físico com ele. O termo sensoriamento remoto se restringe aos
métodos que utilizam a energia eletromagnética na detecção e na medida das características dos objetos.
O sensoriamento remoto mede as trocas energéticas entre os fenômenos ou objetos e o meio
ambiente. Essas trocas manifestam-se predominantemente por emissão ou modificações na radiação
eletromagnética, ou perturbações nos campos naturais.
A fotografia aérea foi o primeiro sensor remoto a ser utilizado, e é utilizado intensamente até hoje na
elaboração de mapas topográficos. Por se referirem principalmente à porção visível do espectro
eletromagnético, logo se tornou clara a possibilidade de se obterem informações adicionais, a partir da porção
não visível do espectro.
Assim, o sensoriamento remoto pode ser definido como a utilização conjunta de modernos sensores,
equipamentos de processamento e de transmissão de dados, de aeronaves, espaçonaves etc, com o objetivo de
estudar o ambiente terrestre por meio do registro e da análise das interações entre a radiação eletromagnética e
as substâncias componentes do planeta Terra.

RADIAÇÃO SOLAR
O Sol é a principal fonte de energia para todo o sistema solar e, devido à sua elevada temperatura,
gera uma grande quantidade de energia que é irradiada para todo o espaço. Propagando-se pelo vácuo com
uma velocidade próxima de 300.000 km/s a energia radiante, também chamada radiação solar, atinge a
Terra onde é em parte refletida de volta para o espaço e em parte absorvida pelos objetos terrestres
transformando-se em calor ou outras formas de energia.

LUZ E RADIAÇÃO
Isaac Newton (1642-1727), um dos maiores cientistas de todos os tempos, provou que a radiação
solar poderia ser separada (dispersa) em um espectro colorido, como acontece num arco-íris. Sua experiência,
mostrou que a radiação solar visível (luz branca) é uma mistura de luzes de cores diferentes. Experimentos
realizados posteriormente mostraram que o espectro solar contém outros tipos de radiação invisíveis, como a
ultravioleta e a infravermelha (figura 1).

Figura 1. Dispersão da radiação solar.

Diferente dos outros tipos de energia que dependem de um meio material para se propagar de um
lugar para outro, a energia radiante pode se deslocar através do vácuo; neste caso, os físicos dizem que a
radiação se propaga através de um meio denominado campo eletromagnético e, por isso, é também
denominada radiação eletromagnética (REM).
Os comprimentos de onda da radiação eletromagnética podem ser tão pequenos que são medidos em
sub-unidades como o nanômetro (1nm = 0,000000001m) ou o micrometro (1µm = 0,000001m). Por outro
lado as freqüências podem ser tão altas que são medidas em Gigahertz (1Ghz = 1.000.000.000 de ciclos por
segundo) ou Megahertz (1MHz = 1.000.000 de ciclos por segundo).
Se organizarmos todo o nosso conhecimento sobre os diferentes tipos de radiação eletromagnética,
teremos um gráfico como o da figura 2, denominado Espectro Eletromagnético, que foi construído com base
nos comprimentos de onda (ou freqüências) das radiações conhecidas. O espectro está dividido em regiões ou
bandas cujas denominações estão relacionadas com a forma com que as radiações podem ser produzidas ou
detectadas.

Figura 2. O espectro eletromagnético.

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
A radiação eletromagnética é gerada por ondas produzidas pela oscilação ou aceleração de uma carga
elétrica. As ondas eletromagnéticas possuem ambas as componentes elétrica e magnética. A radiação
eletromagnética pode ser distribuída em um contínuo que se estende desde as ondas de freqüência
extremamente alta (e comprimento de onda curto) até as ondas de freqüência extremamente baixa (e
comprimento de onda longo), constituindo o espectro eletromagnético. Num extremo do espectro estão as
ondas de rádio, com comprimentos de onda bilhões de vezes maiores que aqueles da luz visível (maiores do
que 10 cm). No outro extremo estão os raios gama, com comprimentos milhões de vezes menores que os da
luz visível (menores do que 10-10 m). Assim, podemos dizer que o intervalo de comprimentos de onda varia
desde bilionésimos de centímetros até vários quilômetros.
O arco-íris de cores que observamos na luz visível representa apenas uma pequena porção do espectro
eletromagnético. Há também a radiação invisível, para a qual os olhos humanos são completamente
insensíveis.
As ondas eletromagnéticas não necessitam de um meio material para a transmissão. Assim, a luz e as
ondas de rádio podem viajar através do espaço interplanetário e interestelar desde o Sol e estrelas até a Terra.
Independentemente de sua freqüência e comprimento, as ondas eletromagnéticas viajam à velocidade de
299.792 km/s no vácuo. Todos os componentes do espectro eletromagnético apresentam as propriedades
típicas do movimento das ondas, como reflexão, refração, absorção e interferência. O comprimento e a
freqüência das ondas são importantes na determinação de seus efeitos de aquecimento, visibilidade,
penetração, entre outras características.
Dessa forma, podemos definir o espectro eletromagnético como a distribuição da radiação
eletromagnética (gerada por ondas produzidas pela oscilação ou aceleração de uma carga elétrica) em um
contínuo, que se estende desde ondas de freqüência extremamente alta ( e comprimento de onda curto) até as
ondas de freqüência extremamente baixa ( e comprimento de onda longo).
Aparentemente a atmosfera é essencialmente transparente à luz e temos a tendência de assumir esse
comportamento para todo o espectro eletromagnético. No entanto, os gases e partículas presentes na
atmosfera dispersam seletivamente os diferentes comprimentos de onda. Os gases também absorvem a
energia em intervalos específicos de comprimentos de onda, denominados "bandas de absorção", enquanto
que os intervalos em que ocorre a transmissão intensa de energia são chamados de bandas de transmissão ou
"janelas atmosféricas".
Desse modo, as interações atmosféricas (absorção, reflexão e espalhamento) têm especial importância
para o sensoriamento remoto pelo fato das informações refletidas ou irradiadas da superfície terrestre serem
suscetíveis a alterações ao atravessarem a atmosfera.
Comprimentos de onda menores que 300 nm são completamente absorvidos pelo ozônio, presente nas
camadas mais altas da atmosfera. O ozônio desempenha um papel fundamental no suporte da vida sobre a
Terra, uma vez que a exposição prolongada à radiação nesses comprimentos de onda provoca a destruição dos
tecidos vivos.
Nas nuvens, a água é encontrada sob a forma de aerossol, absorvendo e espalhando comprimentos de
onda maiores que 300 nm. Assim, somente comprimentos bem maiores que 300 nm podem atravessar as
nuvem sem serem espalhados, refletidos ou absorvidos, como ocorre na faixa de microondas. O vapor d'água
presente na atmosfera começa a bloquear sensivelmente a transmissão da radiação eletromagnética a partir de
1500 nm.

TIPOS DE RESOLUÇÃO EM SENSORIAMENTO REMOTO


As imagens de Sensoriamento Remoto correspondem a uma parte da superfície terrestre e podem ser
representadas em formato digital ou analógico. As características técnicas das imagens são importantes para
que se possa estabelecer relações entre o terreno e a imagem.
As imagens adquiridas por sensores orbitais têm geralmente formatos digitais. A imagem digital
(formato raster ou matricial) é a composição de um conjunto de elementos denominados pixels (picture
elements) ordenados na forma de uma matriz bidimensional. Para cada um destes elementos de imagem existe
uma única posição na matriz, definida em um sistema de coordenadas em colunas e linhas, representadas por
“x” e “y”, respectivamente. Cada pixel ou elemento da matriz representa uma área definida da superfície
terrestre, assim a área total do conjunto de todos os pixels da matriz corresponde à área total coberta pela
imagem sobre a superfície (Figura 3).

Figura 3: Matriz correspondente a uma área total coberta (a) e pixels da matriz (b).

Além das coordenadas x e y, cada pixel possui ainda um atributo numérico, ou seja, o nível de cinza
ou número digital. O nível de cinza pode variar do branco ao preto, o qual representa a intensidade da energia
eletromagnética (refletida ou emitida) medida pelo sensor. A energia medida é referente à média da
intensidade refletida ou emitida pelos diferentes materiais presentes neste pixel.
As imagens digitais apresentam quatro parâmetros diferentes, os quais são independentes e permitem
diferenciar os diferentes sensores remotos a bordo de satélites: resolução espacial, espectral, radiométrica e
temporal. As resoluções dependem tanto das propriedades técnicas dos sensores quanto das características da
órbita do satélite ou plataforma orbital, e são normalmente utilizadas para caracterizar uma imagem. As
aplicações das imagens dependem das resoluções apresentadas a seguir:

Resolução Espacial: A resolução espacial é denominada pela medição do menor objeto que pode ser
registrado pelo sensor, ou a área que representa cada pixel no terreno. O tamanho do pixel esta diretamente
relacionado à informação contida na imagem, quanto menor o pixel mais detalhes podem ser extraídos da
imagem, logo maior a resolução. As feições da superfície terrestre são representadas de forma diferente em
imagens de resoluções espaciais diferentes, isto permite a caracterização da superfície de acordo com a
quantidade de informação apropriada para aplicações com escalas diferentes.

Resolução Espectral: A resolução espectral dos sensores é inerente às imagens multiespectrais e


hiperespectrais. Neste caso, a resolução indica a quantidade de regiões do espectro eletromagnético e pelo
intervalo de comprimento de onda. Estas imagens denominam-se bandas espectrais e representam a energia
registrada pelos detectores do sensor numa determinada região do espectro eletromagnético. Assim, quanto
maior a quantidade de bandas e menor a largura do intervalo, maior é a resolução espectral de um sensor e
maior é a capacidade deste em discriminar coberturas diferentes sobre a superfície. Também, é mais útil µm
sensor com apenas 5 bandas que representa individualmente intervalos de 0,1 um, do que um sensor com 10
bandas com larguras individuais de 0,4 µm. A reflectância nos comprimentos de onda é diferente para cada
alvo, o que permite uma caracterização espectral. E através da análise multiespectral pode-se identificar as
diferentes coberturas da superfície terrestre. Para a escolha das imagens, conhecidas como bandas espectrais,
é necessário que os usuários conheçam, de uma forma geral, as características espectrais dos objetos que estão
interessados em observar.

Resolução Radiométrica: Para cada pixel é associado um valor de intensidade denominado número digital
(DN) que representa a medida física da quantidade de energia eletromagnética incidente nos detectores do
sensor (radiância), seja pela reflexão da energia solar nos objetos sobre a superfície terrestre, ou pela radiação
infravermelha emitida por eles.

Resolução Temporal: A resolução temporal indica a freqüência temporal com a qual uma determinada
porção da superfície da Terra/cena/alvo será amostrada por um determinado sensor. A resolução temporal de
um sistema sensor é determinado pela órbita da plataforma e pela amplitude imageada pelo sensor em cada
passagem. Muitos elementos da superfície possuem características dinâmicas e só podem ser distinguidos
através da análise multitemporal, como é o caso de uma cultura temporária, por exemplo.

IMAGENS DE SENSORIAMENTO REMOTO


A imagem é uma matriz de números inteiros, ou um conjunto de matrizes, se forem consideradas as
diferentes bandas espectrais. Esta é caracterizada pelo número de linhas multiplicado pelo número de coluna,
ou número de pixels.
O número de linhas e colunas, dada uma determinada resolução espacial, caracteriza o tamanho da
área abrangida.
O conjunto de pixels que caracteriza uma imagem permite identificar objetos na cena. Estes objetos
são discriminados por sua coerência espectral e pelo seu tamanho e forma. O limite entre os objetos e seu
entorno (fundo) pode ser discreto ou indefinido, percebidos pela alteração da textura ou da resposta espectral.
Em laboratório podemos conhecer o comportamento espectral de um objeto sob condições definidas.
Algumas variáveis como ângulo de incidência e potência do fluxo incidente podem ser rigorosamente
controladas, controlando desse modo a "atmosfera" que se interpõe entre o alvo e o sensor.
À medida que se aumenta a altitude de aquisição dos dados, a camada atmosférica entre o sensor e o
alvo torna-se maior. Assim, no nível de aeronave, a atmosfera irá afetar o sinal registrado pelo sensor por
meio do espalhamento e da absorção, o mesmo ocorrendo de forma mais significativa no nível orbital.
Como vimos, a imagem digital consiste numa ordenação de pixels em linhas e colunas, em forma de
matriz. Associado a cada pixel está um número que corresponde à radiância mais significativa de uma área
relativamente pequena da cena. O tamanho dessa área afeta a reprodução de detalhes dentro da cena.
A área representada pelo pixel é determinada pela altitude do sistema sensor e os parâmetros de sua
geometria, conhecidos como "instantaneous field of view" (IFOV). O IFOV é o ângulo subentendido pela
projeção geométrica de um único elemento detector (componente do sensor) na superfície da Terra.
Em sensoriamento remoto, o número de pixels de uma imagem é bastante grande, da ordem de
dezenas de milhões afetando, em conseqüência, aspectos como aquisição, processamento, visualização e
armazenamento. As imagens são, geralmente, multiespectrais, sendo a mesma cena imageada
simultaneamente em diversas bandas do espectro eletromagnético.

Fonte:
STEFFEN, C.A. Introdução ao sensoriamento remoto. São José dos Campos: 2005. 13p.

Lignau, C. Noções básicas e conceitos sobre sensoriamento remoto e geoprocessamento: módulo I. Rio
Branco: 2003. 32p.
MOREIRA, M.A. Fundamentos do sensoriamento remoto e metodologias de aplicação. 2.ed. Viçosa:
UFV, 2003. 307p.

USP. Apresenta informações básicas sobre SR.


http://www.ptr.usp.br/Cursos/SensoriamentoRemoto/Sensoriamento/01/fdc13.htm

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