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Grupo 6 - Experimento 5: Franck-Hertz

Marcos Vinı́cius Silva de Paula (180023756), Nicollas Stefan Soares da


Costa (180049411), and William Wenner Teixeira Sinésio (180029304)
(Data: 10 de setembro de 2022)
O estudo dos nı́veis discretos de energia dos átomos, como foi postulado por Niels Bohr, possi-
bilitou a averiguação destes nı́veis a partir da passagem de um feixe eletrônico no gás de mercúrio
para que assim fosse comprovado as oscilações previstas pela teoria quântica. Neste experimento as
principais medições foram de temperatura, corrente elétrica e tensão.

OBJETIVO • 4º Postulado: O elétron só emite radiação eletro-


magnética quando este troca de órbitas com ener-
Observar a queda de corrente elétrica que passava pe- gias diferentes. A frequência dessa radiação é dada
los átomos registradas por Frank e Hertz, usando-se va- pela equação 1
rias voltagens do ânodo (UA ) e diferentes voltagens de
parada(Us ).
hν = Ei − Ef . (1)

INTRODUÇÃO TEÓRICA
Em 1914, James Franck e Gustav Hertz, com um ex-
perimento simples, mostraram que os estados de quan-
tização do átomo eram de fato quantizadas e respeitavam
No final do século XIX e inı́cio do século XX a comuni- os postulados feitos por Bohr um ano antes. O esquema
dade cientifica sofreu grandes revoluções principalmente do experimento realizado em 1914 é dado na figura 1
no campo da fı́sica, isso se deve ao fato de que as leis
formuladas por Sir Isaac Newton não estavam sendo su-
ficientes para a explicação de certos fenômenos, como a
radiação de corpo negro, por exemplo. Os estudos dessa
radiação levaram ao que chamamos de ”desastre do ul-
travioleta”, por Rayleigh-Jeans, que tentaram resolver o
problema de corpo negro com a teoria eletromagnética.
Em 1900, Max Planck fez uma certa hipótese estranha de
que a energia absorvida e irradiada na radiação do corpo
negro era emitida como múltiplos inteiros de um número
constate, o que ele chamou de ”quantas”que levou ao que
conhecemos hoje como mecânica quântica. [1]
Em 1913, Niels Bohr, provavelmente usando-se da
hipótese de Planck, criou um modelo atômico tomando
como base os modelos de Rutherford e Thompson. Bohr
demonstrou que os átomos só poderiam receber energia Figura 1: Experimento de Franck-Hertz esquematizado.
como um múltiplo inteiro de um valor constante de um Fonte: Wikipedia
valor inteiro. O modelo proposto conseguia descrever
muito bem o espectro do Hidrogênio e se baseava em Como podemos ver, os átomos eram acelerados por
quatro postulados [3]: uma diferença de potencial entre o cátodo e o ânodo,
fazendo com os átomos consigam uma certa energia
• 1º Postulado: Os elétrons se movem em uma órbita cinética. Após uma marca de 4,9V 2 observou-se
circular em torno do núcleo de forma columbiana, que a corrente de átomos caia drasticamente. Essa
concordando com a fı́sica clássica. queda foi interpretada como sendo uma evidência
importante da quantização da energia dos átomos
• 2º Postulado: Um elétron só pode se mover em uma e um grande marco para a fı́sica do século XX
órbita cujo seu momento angular L seja L = nh̄, [do Núcleo de Fı́sica Experimental IF-UnB.].
onde n é um inteiro e h̄ é a constante de Planck
dividida por 2π
MATERIAL
• 3º Postulado: O elétron mesmo acelerado não emite
radiação eletromagnética, logo em cada órbita o Para a realização do experimento, utilizaram-se os se-
elétron possui energia constante guintes materiais:
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de elétrons que pode ocorrer. Sendo observada a cor-


rente corretamente, pode-se variar a tensão de entrada
U0a para verificar a relação Is × U0a , lembrando que
nesse caso o potencial de parada foi nulo. As medidas re-
gistradas podem ser comparadas com o esperado de um
resistor ôhmico.

Procedimento 2: Dependência de IS vs UA com a


temperatura

Agora, objetiva-se verificar, conforme as variações na


temperatura do tudo de Hg, as curvas e oscilações me-
Figura 2: Resultado obtido no experimento de didas. Diferentemente do procedimento 1, em que o
Franck-Hertz em 1914. tubo encontra-se em temperatura ambiente, no qual a
pressão de vapor de mercúrio é pequena, portanto, pou-
cos choques entre elétrons e átomos de Hg ocorrem, o au-
• Forno para experimento de Franck-Hertz; mento da temperatura do sistema produz um aumento na
pressão de vapor que consequentemente gera um número
• Tubo para experimento de Franck-Hertz; maior de choques. Para isso, liga-se o forno para que o
• Fonte de alimentação para o forno (VARIAC); sistema esquente até uma dada temperatura e estabilize-
se (129 graus Celsius). Nessa etapa, temos aproxima-
• Termopar NiCr-Ni (máx. 300 graus Celsius); damente uma voltagem U0a de 45 V e US fixa em 1 V.
A partir da temperatura estabilizada tomou-se as medi-
• Termômetro digital; das de 10 em 10 graus até 160 (valor máximo conseguido
antes da curva torna-se reta conjuntamente com o poten-
• Caixa com conexões para alimentação do tubo de cial).
Franck-Hertz;

• Chave liga/desliga (’S’);


Procedimento 3: Dependência de IS vs UA com a
• Fonte de tensão 0 − 600 V (DC); tensão de desaceleração US

• Amplificador;
Por fim, interessa-se em observar as oscilações na curva
• Interface Cobra3; IS vs U0A a partir da variação da voltagem de desace-
leração US . Com a melhor temperatura estabilizada do
• Programa de aquisição Measure; procedimento anterior (129 graus Celsius), e mantido a
tensão U0A = 45 V, o potencial de desaceleração US foi
• 2 Multı́metros Digitais; fixado em −0.1 V, tomou-se a primeira medição. Após
as primeiras configurações, observou-se o comportamento
• Cabos de conexão.
da curva a medida que se variou US em 0.5 V até o limite
de 3 V com passo de 0.5 V.
PROCEDIMENTO

Procedimento 1: Passagem de um feixe eletrônico DADOS EXPERIMENTAIS


em um gás rarefeito
Devido o experimento ocorrer utilizando unicamente
Nesta etapa, o tubo está a temperatura ambiente e, aparelhos digitais para a coleta de dados e o software
como está vedado, a pressão do seu interior é igual à Measure, os erros obtidos no experimento são referentes
pressão de vapor do mercúrio. Além disso, configura- as especificações do fabricante do kit, os mesmos sendo
se o amplificador na escala 0.1 nA (pode-se mudar li- o voltı́metro digital e o amplificador de corrente DC. So-
vremente essa escala para melhor aquisição dos dados). bre os resultados aqui apresentados, vale ressaltar que as
Com a chave ’S’ fechada, ajusta-se a voltagem de ace- leituras efetuadas pelo canal 2 do aparelho da caixa de
leração (U0A ) para 6 V e a tensão de desaceleração para conexões o valor lido é divido por 2, logo por convenção
0 V. Finalizado os preparativos iniciais, abre-se a chave utiliza-se UA /2 para referenciar essa mesma leitura rea-
’S’ e observa-se a corrente IS , com atenção a avalanche lizada pelo canal 2.
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ANÁLISE DOS DADOS

Análise 1: Passagem de um feixe eletrônico em um


gás rarefeito

A partir do procedimento, com o tubo presente em


temperatura ambiente e com todas as calibrações prévias
realizadas, com a chave S aberta, obtemos a ignição do
tubo, portanto obtendo assim a ionização do Hg, da qual
a temperatura no tubo estava com valor de 84, 5◦ C e a
escala do amplificador DC em 10µ A, para que assim
fosse obtido o gráfico Is versus UA vistos nas Figuras 3 e
4.

Figura 4: Passagem de um feixe eletrônico no gás de


Mercúrio, com ajuste de reta: y = A · x.

do forno, utilizando o termostato do forno no valor da


temperatura máxima e com a tensão de saı́da do trans-
formador variável em 110V e com a mesma tensão foi ob-
tido a temperatura de 129, 4◦ C , além dos procedimentos
citado previamente na subseção realizados com sucesso.
A monitoração da corrente Is com o uso do voltı́metro na
saı́da do amplificador DC, encontramos como escala de
variação de Is em 0.1µ A para a temperatura de 129, 4◦ C
e 10nA para valores acima de 140◦ C.

Figura 3: Passagem de um feixe eletrônico no gás de


Mercúrio, com ajuste de reta y = A + Bx.

Por conseguinte, assumindo o ajuste linear sob a forma


y = A + Bx, para assim encontrar a melhor reta que
aproxima os dados, obtemos então uma reta de inclinação
5.1432 · 10−3 UµA A /2
.
Além disso, tomando uma nova reta sob a forma y =
A · x, para ser comparado com a lei de Ohm de resistores
ideais. Assumindo então a reta como y igual a corrente
elétrica e a inclinação dada por A refere-se ao inverso da
resistência, logo para o valor obtido de A, temos como
valor da resistência R ≈ 6.46 · 103 UµAA /2
como é visto na
Figura 4, para os valores lidos da tensão UA /2. A partir
dos ajustes obtidos, temos que o comportamento geral
obtido é muito similar a uma reta tal como é enunciado
pela Lei de Ohm.
Figura 5: Gráfico Is versus UA /2 para monitoramento
de corrente.
Análise 2: Dependência de IS vs UA com a
temperatura A partir do gráfico obtido na temperatura de 129◦ C
Figura 5, nota-se que o valor de tensão UA /2, onde a
A partir das principais calibrações, das quais consis- corrente Is entra em avalanche, é de 1492V .
tem com o uso do termopar existente na parte superior Por conseguinte, as medições efetuadas pelo grupo,
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para Is versus UA /2 para as temperaturas 110◦ C, 118◦ C,


129◦ C, 140◦ C, 150◦ Ce 160◦ C, não foram coletados para
valores maiores de temperatura, pois o comportamento
dos gráficos estava se tornando linear. Com os dados ob-
tidos foram plotados previamente os mesmos para uma
estipulação do valor da tensão UA /2,que faz a corrente
encontrar um máximo.
Como a leitura dos dados a partir da temperatura de
150◦ C se tornava inviável, logo dividimos as leituras para
diferentes temperaturas em escalas condizentes no ampli-
ficador DC, onde para valores de 110 à 140 ◦ C com escala
de microampere Figura 6 e para valores maiores na es-
cala de nanoampere 7. Comparando os valores para a

Figura 7: Is versus UA /2 para temperaturas de até


160◦ C e maiores que 140◦ C.

Figura 6: Is versus UA /2 para temperaturas de até


140◦ C.

escala µA do amplificador DC, nota-se a dependência da


temperatura no tubo com a corrente, onde quanto me-
nor a temperatura, logo menor pressão dentro do tubo,
há maior passagem da corrente elétrica pelo tubo.
Analogamente, os valores para a escala nA do amplifi-
cador DC, a dependência da temperatura no tubo com a
corrente é notada novamente e que quanto maior a tem- Figura 8: UA /2 versus T para a tensão Us ≈ 1V .
peratura, o comportamento da curva tende a ser mais
linear.
Escolhendo o primeiro pico visto nas Figuras 6 e 7,
temos o gráfico UA /2 versus T , visto na Figura 8.
O mesmo possui comportamento decrescente para va-
lores crescentes de temperatura na escala de µA do am- ratura, ou seja, quanto maior a temperatura, temos uma
plificador, exceto pelo valor do pico em 140◦ C tal que pressão maior no interior do tubo de mercúrio para que
o mesmo se tornar um valor limite para a escala citada, assim seja possı́vel a visualização dos picos.
após a temperatura de 140◦ C utilizando a escala de nA,
temos o comportamento contrário da dependência com a Estudando o primeiro potencial excitado do átomo de
temperatura, onde a tensão UA /2 se torna crescente. mercúrio, temos que para cada valor de temperatura me-
Escolhendo agora o segundo pico, temos o gráfico Is dido e para cada pico conseguimos um valor para o pri-
versus T , visto na Figura 9. meiro potencial, visto na Tabela I. Os resultados apresen-
A partir do gráfico obtido, nota-se o comportamento tados estão em unidades apresentadas pelos aparelhos de
decrescente da corrente elétrica Is em função da tempe- medição utilizados no laboratório.
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Figura 9: Is versus T para a tensão Us ≈ 1V . Figura 10: Is versus UA /2 para valor fixo de tensão Us
em −0.14V .
T ◦ C Pico 1 Pico 2 Pico 3 ∆P ico32 (UA /2) ∆P ico21 (U)
110 111 359 671 312 248
118 97 351 707 356 254
129 106 356 727 371 250
140 85 340 708 368 255
150 107 356 750 394 249
160 127 374 739 365 247

Tabela I: Distancias entre os picos em função da


temperatura.

Análise 3: Dependência de Is vs UA com a tensão de


desaceleração Us

Assumindo a temperatura de 129◦ C em que os dados


obtidos a partir do estudo da Dependência de Is vs UA /2
com a temperatura e com a tensão de saı́da do Variac em
≈ 108V do qual mantém esta temperatura.
Com a tensão de desaceleração Us em −0.14V , para Figura 11: Is versus Us para valor fixo de temperatura
que os elétrons tornassem fracamente acelerados, obte- em 129◦ .
mos como resultado o gráfico Is vs UA /2 da Figura 10.
A partir do uso da tensão Us variando de 0V até 3.0V
com passo de 0.5V Figura 11, nota-se que quanto maior versus Us , visto na Figura 13. Com a escalar do ampli-
for a tensão Us os picos são menos definidos, onde a cor- ficador DC em µA, temos como comportamento inicial
rente elétrica diminui as amplitudes de subida e descida, da corrente Is do segundo pico sendo decrescente e que
tornando assim uma expressão que tende a se aproximar para o valor da tensão de desaceleração Us assume va-
da função que descreve o efeito termiônico atuante no lores de 1V nota-se o valor de máximo da corrente no
tubo sem o vapor de mercúrio. pico seguido de novamente um decrescimento e com no-
Escolhendo o primeiro pico, temos o gráfico UA /2 ver- vamente o crescimento para o valor Us = 2.5V , tal com-
sus Us , visto na Figura 8. A partir da análise dos dados portamento, evidência novamente a translação anômala
constatados na Figura 12, nota-se o comportamento pa- da corrente elétrica em função de UA /2.
rabólico da dependência da tensão UA /2 em relação a Us , Novamente, ao analisarmos o primeiro potencial exci-
onde o valor máximo da tensão UA /2 é com Us = 1V , tal tado do átomo de mercúrio, temos que para cada valor
valor também responsável pelo comportamento transla- de tensão de desaceleração medido e para cada pico con-
dado dos picos da função Is versus UA /2. seguimos um valor para o primeiro potencial, visto na
Escolhendo agora o segundo pico, temos o gráfico Is Tabela II.
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CONCLUSÃO

Com este experimento conseguimos averiguar a pas-


sagem de um feixe eletrônico no gás de mercúrio como
um resistor Ôhmico, portanto conseguimos comparar
os resultados obtidos com a lei de Ohm observados na
subseção e também obtemos as oscilações previstas pela
teoria quântica dos gráficos de Is versus UA /2 e sua va-
riação com a mudança de temperatura. Por fim, também
conseguimos verificar como as oscilações na curva Is ver-
sus UA /2 dependem da tensão de frenagem.
heightUs (V) Pico 1 Pico 2 Pico 3 P ico∆32 (UA /2) P ico∆21 (UA /2)
0.0 110 419 990 571 309
0.5 115 426 995 569 311
1.0 145 457 1040 583 312
1.5 153 462 1032 570 309
2.0 122 446 963 517 324
Figura 12: UA /2 versus Us para valor fixo de
2.5 129 411 960 549 282
temperatura em 129◦ referente ao segundo pico. 3.0 106 390 945 555 284

Tabela II: Distancias entre os picos em função da tensão


Us .

[1] Cohen-Tannoudji, C., Diu, B., Laloë, F., Hemley, S., Os-
trowsky, N., and Ostrowsky, D. (1977). Quantum Mecha-
nics. Number v. 1 in A Wiley - Interscience publication.
Wiley.
[do Núcleo de Fı́sica Experimental IF-UnB.] do Núcleo de
Fı́sica Experimental IF-UnB., M. EXPERIMENTO DE
FRANCK-HERTZ.
[3] Eisberg, R., Resnick, R., and Chaves, C. (1979). Fisica
quantica: atomos, moleculas, solidos, nucleos e particulas.
Figura 13: Is versus Us para valor fixo de temperatura Campus.
[4] Tipler, P. and Llewellyn, R. (2012). Modern Physics. W.
em 129◦ referente ao segundo pico.
H. Freeman.

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