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Eletrônica de Potência I

Conversores CC-CC Isolados


Flyback

Prof. Bruno S. Dupczak, Dr. Eng.


Departamento Acadêmico de Eletrotécnica – DAE
Conversores Isolados
• Em situações onde existe uma diferença muito grande
entre as tensões de entrada e de saída (acima de 4x), os
conversores CC-CC não isolados teriam que operar com
uma razão cíclica que causaria um valor eficaz de
corrente muito alto em algum componente
semicondutor, comprometendo o rendimento;
• Dessa forma, torna-se necessário o uso de
transformadores, proporcionado mais um grau de
liberdade no ajuste da tensão de saída, que passa a
depender também da relação entre o número de espiras
do primário e do secundário (n= Np/Ns);
• O transformador ainda proporciona o isolamento
galvânico entre os diferentes potencias de tensão,
permitindo que o conversor apresente diversas saídas
com diferentes valores de tensão;
• Pelo fato de operar em alta frequência (>20 kHz), os
transformadores dos conversores CC-CC isolados
apresentem um volume e peso muito inferior as valores
dos transformadores que operam em baixa frequência
(60 Hz). Prof. Bruno S. Dupczak
Conversor Flyback
• O conversor Flyback é um conversor Buck-Boost com
isolamento, ou seja, é um conversor onde a razão cíclica
D pode ser ajustada para baixar ou e elevar a tensão;
• Os componentes são reposicionados, sendo que o
indutor é substituído por um transformador. É
importante destacar que a polaridade do transformador
tem papel importante no funcionamento do conversor;
• O conversor Flyback é muito utilizando em fontes de
alimentação de baixa potência (< 100 W), estando
presente nos carregadores de celulares, roteadores,
impressoras, tablets entre outros dispositivos eletrônicos
portáteis;
Comparado a outros
conversores isolados,
o Flyback apresenta o
menor número de
componentes.

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Etapas de Operação
• O conversor Flyback, operando no modo de condução
descontínua, apresenta três etapas de operação:

• ETAPA 1 (0 < t < D.Ts): Interruptor S1 conduzindo (on). A tensão


no primário do transformador será igual a tensão de entrada
(vi). A corrente no primário ip irá crescer linearmente. Nesta
etapa a fonte de entrada fornece energia para a indutância de (0 < t < D.Ts)
magnetização do transformador (Lm). A saída é alimentada pelo
capacitor;

• ETAPA 2 (D.Ts < t < Ti=0): Interruptor S1 bloqueado (off). No


instante de abertura de S1 o diodo D1 entra em condução. A
tensão no secundário do transformador será igual a tensão da (D.Ts < t < Ti=0)
saída. A corrente circula pelo secundário do transformador, pelo
diodo D1 e pela carga. Nesta etapa ocorre a desmagnetização do
transformador;

• ETAPA 3 (Ti=0 < t < Ts): Interruptor S1 bloqueado (off). A corrente


no transformador se anula e assim o interruptor e o diodo (Ti=0 < t < Ts)
estarão bloqueados. A carga é alimentada pelo capacitor. Esta
etapa dura até o novo acionamento do interruptor em Ts .
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Etapas de Operação

(0 < t < D.Ts)

(D.Ts < t < Ti=0)

(Ti=0 < t < Ts)

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Análise da Tensão de Saída
• Assim como ocorria com os conversores CC-CC não-
isolados, o valor médio da tensão sobre o indutor e/ou
transformador deve ser nula;
• Considerando o caso de condução crítica, ou seja, se Ti=0
for igual a Ts, se tem :

D Vi
Portanto, o valor médio da tensão de saída (Vo) é definido
Vo = 
como sendo: 1− D n

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Ganho Estático

D Vi

Vo 1 − D n
G= =
Vi Vi
D 1
G= 
1− D n
Ou seja, o ganho estático
(G) do conversor Flyback
é similar ao do conversor
sem isolamento (buck-
boost), com a diferença
que a relação de
transformação (n) faz
parte da equação.

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Análise da Tensão de Saída
• A relação entre a tensão de saída e a tensão de entrada
pode ser obtida a partir da relação de potências
(considerando um determinado rendimento η):

  Pi = Po →   Vi  I i ,med = Po 1

iS 1, pk
• A corrente de entrada (Ii) é a mesma que passa pelo
interruptor S1 (IS1) e pelo primário do transformador (Ip).
Dessa forma, obtém-se que:

1 D  Ts  I i ,pk D  I i ,pk
D.Ts
1
I i ,med =
Ts 
0
ii  dt = 
Ts 2
=
2
2

iD1, pk
• Por outro lado, a corrente Ii,pk depende da indutância do
primário do transformador (Lm).

ii Ii ,pk − 0 Ii ,pk V D


Vi = Lm  = Lm  = Lm  → I i ,pk = i
( D  Ts ) − 0 ( D  Ts )
3
t Lm  Fs
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Análise da Tensão de Saída
• Utilizando as Eq. 2 e 3 na Eq.1, encontra-se que:

 Vi  I i ,med = Po
Vi  D
D
D  I i ,pk Lm  Fs Vo2
 Vi  =  Vi  = Po =
2 2 Ro iS 1, pk
  Ro
Vo = Vi  D 
2  Lm  Fs

• Do ponto de vista prático, a tensão Vi estará sujeita a um


valor mínimo Vi,min (por exemplo, devido a ondulação do
estágio retificador). Além disso, o CI responsável por iD1, pk
gerar o sinal PWM proporcionará um valor máximo de
razão cíclica (Dmax). Portanto, a equação anterior será
rescrita como sendo:

  Ro
Vo = Vi ,min  Dmax 
2  Lm  Fs Prof. Bruno S. Dupczak
Análise da Corrente de Entrada (Primário)
• Partido da análise anterior, é possível determinar o valor
máximo da corrente de entrada:
D  I i ,pk 2  Po
Po =   Vi  → I i ,pk =
2  Vi  D
2  Po
I i ,max =
  Vi ,min  Dmax iS 1, pk

• No caso do valor médio da corrente de entrada, pode ser


determinado através de:

Dmax  Ii ,max
Ii ,med =
2 iD1, pk

• Por sua vez, o valor eficaz da corrente de entrada


(necessário para calcular as perdas no interruptor e no
transformador) é definido por:

Dmax
I i ,ef = I i ,max 
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Determinação de Lm e da relação de
transformação (n)
• O valor de Ii,max será usado para determinar o valor da
indutância magnetizante (Lm) do primário do trafo:

ii I i ,pk − 0 I i ,pk V D


Vi = Lm  = Lm  = Lm  → I i ,pk = i
t ( D  Ts ) − 0 ( D  Ts ) Lm  Fs
Vi ,min  Dmax Caso o conversor
Lm = apresente mais de uma
I i ,max  Fs
saída, existirão diversos
valores de relação de
• Por sua vez, a relação de transformação (n) é transformação (n);
determinada considerando a pior situação (condução
Considerar a queda de
crítica), além de incluir a queda de tensão no diodo (VD):
tensão no diodo é
extremamente relevante
Np Vi ,min  Dmax para saídas de baixa
n= =
Ns (Vo + VD )  (1 − Dmax ) tensão como 5 ou 3,3 V;

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Análise da Corrente de Saída
• A corrente no secundário do transformador será a
mesma que passa pelo diodo D1 . Esta corrente é obtida
considerando a relação de transformação (n);

vp is
n= = → is = n  i p
vs ip

• Dessa forma, os valores de corrente no secundário do
transformador serão:

I s ,max = n  I i ,max Vi  T1 = n  Vo  T2
I s ,max  Dsec Vi  T1 Vi  Dmax  Ts
I s ,md = T2 = = T1
2 n  Vo n Vo
Dsec T2 Vi  Dmax T2
I s ,ef = I s ,max  = = Dsec
3 Ts n  Vo

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Ondulação da Tensão de Saída
• Considerando que toda ondulação de corrente do
secundário do trafo circula pelo capacitor, o valor eficaz
de corrente no capacitor será calculado por:
Assim como abordado
anteriormente, é
( I s,ef ) − ( Io )
2 necessário avaliar se o
ICo,ef =
2

capacitor escolhido
suporta o valor eficaz de
• Da mesma forma, o valor máximo de ondulação de corrente sobre ele.
corrente no capacitor é determinado por:
I Co = I Co ,max − I Co ,min = Para atingir a RSE de
interesse, devem ser
I Co = ( I s ,max − I o ,md ) − (− I o ,md ) escolhido capacitores
I Co = I s ,max eletrolíticos do tipo low
ou ultra low ESR.
• Definindo que ΔVCo será de em torno de 1 a 5% do valor
médio da tensão de saída, o valor do capacitor pode ser
estimado por:
Dmax  I o
Co =
VCo  Fs Prof. Bruno S. Dupczak
Esforços de Corrente e Tensão nos
Semicondutores
• Interruptor (S1):
• O valor máximo da tensão sobre o interruptor S1 é igual
a tensão de entrada somada a tensão de saída referida
ao primário:

• Diodo (D1):
• O valor máximo da tensão sobre o diodo D1 é igual a
tensão de entrada referida ao secundário, somada com a
tensão de saída
I D,max = I s ,max = n  I i ,max
I s ,max  Dsec
I D,md = I s , md =
2
Dsec
I D,ef = I s ,ef = I s ,max 
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Atividade 13 • Vin,min = 12 V
• Vo = 48 V
1. Projete e simule um conversor Flyback, considerando • Po = 10,25 W
as especificações ao lado. • η = 70%
– Use um modelo de transformador com o valor de Lm e da • Fs = 20 kHz
relação transformação (n:1) calculados por você. • Dmax = 0,6
Desconsidere a indutância de dispersão (Llk) e a resistência de • VF = 0,70 V
bobinas, usando um valor bem pequeno (1e-7 por exemplo);
• ∆VCo = 3% de Vo,md
– Calcule os valores de corrente e de tensão com as equações
apresentadas anteriormente e compare com os resultados de Item Modelo
simulação (não use o filtro de entrada)
MOSFET STP42N60M2
– Considere que você irá usar o seguinte capacitor de saída para (600 V / 34 A)
o conversor. Verifique se o dimensionamento está correto. Diodo UF5404
(400 V / 3 A)
Indutor de
20 uH
Entrada
Capacitor 1000 uF / 50 V
2. Adicione ao modelo do transformador a indutância de Entrada (Epcos – B41858)
de dispersão do primário (de 1 a 3% do valor de Lm); Capacitor 220 uF / 63 V
De Saída (Epcos – B41856)
– Simule novamente e observe a tensão sobre o interruptor S 1;
Dissipador RDD4220 (L=80 mm,
– Qual o problema que está ocorrendo e como resolver ? Rth = 7,3 oC/W)

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Dicas para Simulação (Flyback)

Prof. Bruno S. Dupczak


Dicas para Simulação (Flyback)

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