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INTRODUÇÃO AO CONVERSOR CC-CC

ABAIXADOR BUCK
Prof. Vinícius Secchin de Melo
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

Coordenadoria de Automação Industrial - Campus Serra-ES, Brasil

Neste trabalho será apresentado o conversor CC-CC abaixador Buck. Serão analisados
seu princípio de funcionamento, determinação da razão cíclica e ganho, bem como o
cálculo do indutor e capacitor do conversor.

1 Conversor abaixador Buck

O conversor Buck é um conversor abaixador de tensão, ou seja, a tensão de saída


será menor que a tensão de entrada. As aplicações para o conversor Buck são diversas,
podendo substituir por exemplo, os reguladores lineares de tensão tais como os da
série 78XX, pois estes são sempre abaixadores de tensão. O diagrama esquemático do
conversor Buck é apresentado na Figura 1.

Figura 1: Diagrama esquemático do conversor Buck.

1
1. Primeira etapa:

Nesta etapa de operação será considerada a chave S ligada e o diodo D em corte.


Na Figura 2 está representado o circuito equivalente do conversor durante a primeira
etapa de operação considerando seus elementos ideais. Nesta situação a fonte de
tensão Vg fornece energia para a magnetização do indutor e para a carga.

Figura 2: Diagrama esquemático do conversor Buck na primeira etapa de operação.

2. Segunda etapa:

Nesta etapa de operação será considerada a chave S em corte e o Diodo D condu-


zindo. Na Figura 3 está representado o circuito equivalente do conversor durante a
segunda etapa de operação considerando seus elementos ideais. Nesta situação o
indutor é desmagnetizado fornecendo corrente para a carga e o capacitor.

Figura 3: Diagrama esquemático do conversor Buck na segunda etapa de operação.

2
1.1 Formas de onda no indutor e capacitor do conversor

Baseando-se nas etapas de operação apresentadas nas Figuras 2 e 3, as seguintes


equações podem ser obtidas:

1.1.1 Indutor

1ª Etapa de Operação: 2ª Etapa de Operação:

Vg − L1 − C = 0 L2 + C = 0

L1 = Vg − C (1) L2 = −C (2)

Em acordo com as equações (1) e (2), obtém-se o gráfico apresentado na Figura 6a


para a forma de onda da tensão no indutor. Sabendo-se que L = L d
dt
L
, e que a tensão
tanto nos intervalos de tempo correspondentes às primeira e segunda etapas de operação
é constante, chega-se a conclusão que a corrente no indutor tem o formato de uma rampa
para cada intervalo de operação. Matematicamente:

1ª Etapa de operação:

dL ΔL1 iL
L1 = L =L
dt Δt iL1
L1
ΔL1 = Δt iLméd
vL1
ΔiL
L iL0 L
L1 DTs
L1 − L0 = Δt
L
L1
L1 = Δt + L0
L t

(Vg − C ) Figura 4: Corrente no indutor durante a 1ª


L1 = Δt + L0 (3)
L etapa de operação.

Devido a tensão L1 > 0, a inclinação da rampa de corrente será positiva, dando
origem ao gráfico apresentado na Figura 4.

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2ª Etapa de operação:

dL ΔL2 iL
L2 = L =L
dt Δt iL1 vL2
L2 iLméd L
ΔL2 = Δt ΔiL
L iL2 =iL0
L2 DTs (1-D)Ts
L2 − L1 = Δt Ts
L
L2
L2 = Δt + L1
L t

C Figura 5: Corrente no indutor durante a 2ª


L2 = − Δt + L1 (4)
L etapa de operação.

Neste caso L2 < 0, produzindo-se assim uma inclinação negativa para a rampa de
corrente, dando origem ao gráfico apresentado na Figura 5. Pelo princípio de conservação
de energia, e para que o indutor não entre em saturação, a energia armazenada no
indutor no início e no final de cada período de chaveamento deve ser a mesma, o que
leva a concluir que L2 = L0 . Desta forma chega-se aos seguintes gráficos para as formas
de onda da tensão e corrente no indutor apresentadas na Figura 6.

vL

Vg -vC Vg -vC
DTs (1-D)Ts

-vC -vC
Ts Ts

(a) Tensão no indutor.

iL

iLméd ΔiL

DTs (1-D)Ts
Ts Ts

(b) Corrente no indutor


Figura 6: Formas de onda da tensão e corrente no indutor do conversor.

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1.1.2 Capacitor

1ª Etapa de Operação: 2ª Etapa de Operação:

C1 + R − L = 0 C2 + R − L = 0

C1 = L − R C2 = L − R
(5) (6)

Em acordo com as equações (5) e (6), tanto para a primeira quanto para a segunda
etapa de operação, as equações que regem a dinâmica do comportamento da corrente
no capacitor são idênticas. Considerando-se que a corrente R = Lmed seja constante, é
obtido o seguinte gráfico apresentado na Figura 7 para a forma de onda da corrente no
capacitor.

iC
ΔiL
+
2
ΔQ
t0 t1 t2 t3 t4
_ ΔiL t
2 DTs (1-D)Ts
Ts Ts

Figura 7: Corrente no capacitor.

Sabendo-se que C = C d
dt
C
, a tensão nos terminais do capacitor será a integral da
corrente. Matematicamente:

Z
C = C dt

Aplicando-se a integral nas etapas de operação para a corrente no capacitor apresen-


tada na Figura 7, têm-se:

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1ª Etapa de operação:

vC Parábola com
concavidade
Z para cima
C1 = C1 dt vC0
vCmin
L ΔL
Z  
DTs
C1 = t− dt
L 2

t0 t1 t2 t
L 2
ΔL
C1 = t − t + C0 (7)
2L 2
Figura 8: Tensão no capacitor durante a 1ª
etapa de operação.

Prova: A equação (7) pode ser reescrita como:

C1 = 1 (t) + C0 (8)

L 2 ΔL
Onde: 1 (t) = 2L
t − 2
t.

Para se encontrar as raízes de 1 (t), basta-se fazer 1 (t) = 0, obtendo-se então:

L ΔL
t2 − t=0
2L 2
L ΔL
 
t t− =0
2L 2

t’ = t0 = 0

6
L ΔL
t” − =0
2L 2
ΔL 2L
t” = ×
2 L
ΔL L
t” = (9)
L

A partir da Figura 9, pode-se escrever que:

L
ΔL = DTS (10)
L

Substituindo-se (10) em (9), encontra-se o seguinte valor pra t”:

L
L
DTS L
t” =
L

t” = t2 = DTS (11)

2ª Etapa de operação:

Considerando-se t2 = 0 para simplificação algébrica, implica-se t4 − t2 = (1 − D)TS .


Desta forma tem-se:

7
Parábola com
vC concavidade
Z para baixo

C2 = C2 dt vC0 Δv C

L ΔL
Z  
DTs (1-D)Ts
C2 = − t+ dt Ts
L 2

t0 t1 t2 t3 t4 t
L 2
ΔL
C2 = − t + t + C0 (12)
2L 2
Figura 9: Tensão no capacitor durante a 2ª
etapa de operação.

Prova: A equação (12) pode ser reescrita como:

C2 = 2 (t) + C0 (13)

L 2 ΔL
Onde: 2 (t) = − 2L t + 2
t.

Para se encontrar as raízes de 2 (t), basta-se fazer 2 (t) = 0, obtendo-se então:

L ΔL
− t2 + t=0
2L 2
L ΔL
 
t − t+ =0
2L 2

t’ = t2 = 0

8
L ΔL
− t” + =0
2L 2
ΔL 2L
t” = ×
2 L
ΔL L
t” = (14)
L

A partir da Figura 5, pode-se escrever que:

L
ΔL = (1 − DTS ) (15)
L

Substituindo-se (15) em (14), encontra-se o seguinte valor pra t”:

L
L
(1 − DTS )L
t” =
L

t” = t4 = (1 − DTS ) (16)

Desta forma chega-se às formas de onda da corrente e tensão no capacitor do conversor


Buck apresentadas na Figura 10.

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iC
Δi
+ L
2
ΔQ
t0 t1 t2 t3 t4
_ ΔiL t
2 DTs (1-D)Ts
Ts Ts

(a) Corrente no capacitor.

vC

vCméd ΔvC

DTs (1-D)Ts
Ts Ts

(b) Tensão no capacitor.

Figura 10: Formas de onda da tensão e corrente no capacitor do inversor.

1.2 Ganho do conversor Buck

Considerando-se que o conversor esteja operando em modo de condução contínua


(CCM), do inglês Continuous Conduction Mode, o valor instantâneo da corrente no indutor
nunca será zero em condição de regime permanente. Com base nisto pode-se afirmar
que a energia armazenada em cada componente no final de cada ciclo de trabalho será
igual a energia armazenada no início do mesmo. Desta forma têm-se que a tensão média
no indutor e a corrente média no capacitor durante um período de chaveamento serão
iguais a zero, podendo-se então escrever que:

Lmed = L1 D + L2 (1 − D) = 0 (17)

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Substiuindo-se as equações (1) e (2) em (17), obtém-se:

0 = (Vg − C )D − C (1 − D)

0 = Vg D − C D − C + C D

0 = Vg D − C

C = DVg (18)

A equação (18), representa a tensão na saída do conversor, pois como R e C estão


em paralelo, tem-se R = C . A variável D representa a razão cíclica do sinal PWM
aplicado ao gate da chave S. Manipulando-se a equação (18), obtem-se a expressão do
granho do conversor, ou seja, a relação entre tensão de saída pela tensão de entrada.
Matematicamente:

C
=D (19)
Vg

Como era de se esperar, o ganho do conversor Buck será sempre menor ou igual a 1,
pois D ≥ 1, conluindo-se assim a estrutura abaixadora. Na Figura 11 está apresentada o
ganho do conversor em função da razão cíclica.

1.0
0.8
0.6
Ganho

0.4
0.2
0.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
D

Figura 11: Ganho em função da razão cíclica.

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1.3 Corrente média no indutor

Aplicando-se o mesmo princípio da conservação de energia ao capacitor do conversor,


toda energia absorvida durante a primeira etapa de operação será devolvida ao circuito
durante a segunda etapa, garantindo-se assim que a corrente média no capacitor será
nula, ou seja:

Cmed = C1 D + C2 (1 − D) = 0 (20)

Substiuindo-se as equações (5) e (6) em (20), obtém-se:

0 = (L − R )D + (L − R )(1 − D)

0 = L D − R D + L − R − L D + R D

L = R (21)

Em acordo com a equação (21), conclui-se que o valor médio da corrente no indutor é
R
exatamente o valor da corrente na carga, ou seja L = R
.

1.4 Cálculo da indutância do indutor do conversor Buck

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Com base na forma de onda da corrente no indutor apresentada na Figura 6b, e na
equação (10), substituindo-se VL = (Vg − C ), tem-se:

(Vg − C )
ΔL = DTs
L
(DVg − DC )
ΔL = Ts
L

1
Substituindo-se C por DVg e Ts por ƒS
, onde ƒS representa a frequência de chavea-
mento, tem-se:

(DVg − DVg C )
ΔL =
LƒS
Vg D(1 − D)
ΔL =
LƒS

Chegando-se então a equação para o cálculo do indutor em função da ondulação de


corrente no indutor estipulada em projeto:

Vg D(1 − D)
L= (22)
ΔL ƒS

1.5 Cálculo da capacitância do capacitor do conversor Buck

Em acordo com as formas de onda mostradas na Figura 10 para o capacitor do inversor,


pode-se concluir que a variação da carga armazenada no capacitor durante o intervalo de
Ts
tempo Δt = t3 − t1 = 2
pode ser calculada através da área do triângulo, sendo dada por:

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Ts ΔL
2
× 2
ΔL × Ts
ΔQ = = (23)
2 8

A capacitância de um capacitor se relaciona com sua carga em acordo com a seguinte


equação:

ΔQ
C= (24)
ΔC

Substituindo-se agora a equação (23) em (24), o valor da capacitância será dado pela
seguinte equação:

ΔL × Ts
C= (25)
8 × ΔC

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