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Projeto de um Conversor CC-CC

com topologia tipo Boost


Estevão Piccoli Junior Leonardo Campagnollo Wilson Villabruna Junior
Universidade do Oeste de Santa Catarina Universidade do Oeste de Santa Catarina Universidade do Oeste de Santa Catarina
Campus Joaçaba Campus Joaçaba Campus Joaçaba
Curso Engenharia Elétrica Curso Engenharia Elétrica Curso Engenharia Elétrica

Resumo—Projeto final para conclusão da matéria de II. DESENVOLVIMENTO


Eletrônica de Potência II Experimental. Utilizando-se de recursos
até agora apresentados na disciplina, buscou-se projetar, simular O projeto do conversor CC-CC com topologia tipo Boost
e montar um conversor CC-CC com topologia tipo Boost. Sendo foi desenvolvido seguindo as seguintes etapas:
que, o mesmo possui alguns pré-requisitos a serem alcançados,
tais como: a tensão de entrada (24Vca), a tensão de saı́da (60Vcc) A. DIMENSIONAMENTO
e a potência de saı́da (15W). Para a verificação dos componentes a serem utilizados no
O funcionamento do conversor CC-CC do tipo Boost consiste
basicamente em converter sua tensão de entrada em uma tensão
conversor, inicialmente foi realizado o calculo da razão cı́clica
contı́nua de maior amplitude em sua saı́da (Vo > Vi). D, conforme equação 1, e definido a frequência de chavea-
mento (Fs=40kHz). Posteriormente realizou-se o calculo da
corrente de saı́da ’Io’, conforme equação 2, e definido a
I. INTRODUÇÃO resistência da carga ’Ro’ conforme equação 3, conforme dados
estabelecidos na Tabela I.

O princı́pio de funcionamento dos conversores CC-CC é o Variável Valor


Vi 24Vca
de converter uma tensão contı́nua em outra tensão contı́nua Vicc 32,54Vcc
com amplitude controlada, cuja função está atrelada essenci- Vo 60Vcc
almente ao elemento indutor. Quando é empregado de forma Po 15W
Tabela I
que opere no modo de armazenamento de energia, o conversor Dados de projeto.
é tido como elevador de tensão. O indutor pode ser empregado
também como um filtro na tensão de saı́da do conversor, em
conjunto com capacitores de saı́da.
Vicc ∗ D
O conversor estático é o método usado para conversão CC-CC, Vo = → D = 0, 4576 (1)
utilizando-se para isso uma chave de potência controlada, na 1−D
qual é aplicado o sinal de controle PWM oriundo de um micro- Po
controlador. Ajustando-se a razão cı́clica (D), a tensão de saı́da Io = → Io = 0, 25A (2)
Vo
pode ser alterada, ou preferencialmente mantida estável através
de um sistema de controle proporcional-integral, mesmo que Vo
ocorram variações de carga e na tensão de entrada. Ro = → Ro = 240Ω (3)
Io
Neste artigo é demonstrado o desenvolvimento de um con-
Após a definição das variáveis acima, calculou-se a corrente
versor Boost, bem como seu projeto através de cálculos para
média no indutor ”IL”, conforme equação 4, e sua corrente
definição dos componentes, simulações no software PSIM e
máxima, conforme equação 5. Foi definida que a variação da
implementação fı́sica do conversor para testes em laboratório.
corrente no indutor deveria ser de no máximo 60% e que a
O conversor Boost regula a tensão média de saı́da para um
variação da tensão de saı́da deveria ser de 0,5%.
nı́vel superior ao de entrada. A tensão de entrada está em
série com um indutor que age como uma fonte de corrente. A Vicc
IL = → IL = 0, 461A (4)
chave em paralelo com a fonte de corrente e a saı́da é desligada (1 − D)2 ∗ Ro
periodicamente, fornecendo energia do indutor e da fonte para
Vicc Vicc ∗ D
aumentar a tensão média de saı́da. ILmax = 2
+ → ILmax = 0, 6A (5)
As etapas de operação são feitas pela análise da corrente e (1 − D) ∗ Ro (2 ∗ L ∗ F s)
tensão no indutor para a chave fechada e depois para chave Sendo assim, com o valor da ∆IL=0,277A definido, pode-se
aberta, supondo que o indutor funciona no modo de condução dimensionar a indutância do indutor a ser utilizado conforme
contı́nua e que perı́odo de chaveamento é T e a chave é fechada equação 6. Conforme equação 7, foi definido o valor do
pelo tempo D*T e aberta por (1-D)*T. (HART, 2012). capacitor mı́nimo para se ter ∆Vo=0,3V.
Vicc ∗ D
L= → L = 1, 346mH (6)
∆IL ∗ F s
Vo ∗ D
C= → C = 9, 53uF (7)
∆Vo ∗ F s ∗ Ro
Com o valor da indutância definida, fez-se necessário dimen-
sionar o fio condutor, o tamanho do núcleo e o número de
espiras do indutor conforme a tabela II.
Variável Valor
Fio 22 AWG
Número de espiras 87 Voltas Figura 2. Tensão na saı́da do conversor (Vo)
Número de condutores por espira 1 fio
Nucleo NEE-20/10/5
Comprimento do fio 3,75m
Indutância 1,346mH Através da simulação realizada no PSIM, também pode-se
Tabela II observar que os valores das correntes no indutor, no capacitor,
Dimensionamento do indutor. no diodo e na chave possuem picos em sua amplitude, devido
ao chaveamento do MOSFET, como pode-se ver nas figuras
3, 4, 5 e 6, respectivamente e os valores médios e eficazes
conforme figura 7.
B. SIMULAÇÃO
Com a definição dos componentes à serem utilizados no
projeto de conversor, foi realizado simulações do circuito com
o auxı́lio da ferramenta computacional PSIM, a fim de testar
se o dimensionamento do conversor realmente estava correto
e obedecendo os critérios propostos inicialmente.
”O software PSIM é um dos simuladores computacionais no
ramo da eletrônica de potência. Tem capacidade de simular
circuitos em diversas formas: diagrama de blocos da função
de transferência no domı́nio S ou Z, código C personalizado
ou no Matlab/Simulink, circuito analógico. A biblioteca de
controle do software dispõe de uma vasta lista de componentes
e blocos de funções, dessa forma é possı́vel a construção de Figura 3. Corrente no Indutor (IL)
uma enorme gama de esquema de controle de forma rápida e
conveniente”(SILVA et al., 2014).
Em um primeiro momento, teve-se dificuldades em fazer a
simulação funcionar corretamente, mas com o auxı́lio do
professor foi possı́vel sanar o problema. Na simulação do
circuito, conforme figura 1, pode-se comprovar que os valores
de tensão na saı́da realmente chegariam ao nı́vel desejado, mas
com um ripple um pouco acima do desejado, para se reduzir
esse valor, alterou-se o capacitor da saı́da por um outro de
capacitância maior, já no start do conversor observou-se um
pico de tensão, conforme figura 2.

Figura 4. Corrente no Capacitor (IC)

C. MONTAGEM DO CONVERSOR BOOST


O circuito elétrico do conversor Boost foi montado em uma
placa de fenolite cobreada, conforme o esquema elétrico da
Figura 8.
Figura 1. Circuito Elétrico Conversor Boost Os componentes utilizados na montagem da placa de potência
e driver, constam na tabela III, sendo-se que o sistema de
Figura 5. Corrente no Diodo (Id)

Figura 8. Esquema Elétrico do Conversor Boost

Quantidade (un) Componente


01 Mosfet IRF-840
01 Indutor de 1,35mH
01 Capacitor 1000uF
01 Capacitor 470uF
02 Capacitor 100nF
07 Diodo smd
01 Diodo rápido MUR-820
01 Driver isolador 6N137
01 Associação de Resistores Potência 240R
03 Resistor 1/4W 1k
01 Resistor 1/4W 1k5
Figura 6. Corrente na Chave (Is) 01 Resistor 1/4W 2k2
01 Resistor 1/4W 56k
01 Resistor 1/4W 100R
01 Resistor 1/4W 470R
01 Resistor 1/4W 820R
02 Discipador de calor
03 Bornes duplo
Tabela III
Lista de Componentes Utilizados na Montagem do Conversor.

Figura 7. Valores Médios e Eficaz

controle foi implementado utilizando-se um microcontrolador


Dspic33fj32MC204, onde foi pego o sinal da tensão de saı́da
Vo e ligado a entrada analôgica A1 do microcontrolador, que
através da lógica de programação controla a saı́da PWM do
mesmo, que aciona o MOSFET IRF-840.
Figura 9. Esquematico a ser Impresso na PCB
Após reunir-mos todos os materiais necessários, realizou
a impressão do esquemático na placa, conforme figura 9,
corroeu-se a mesma e fez-se a furação para soldagem dos D. TESTES EXPERIMENTAIS
componentes, conforme figura 10.
Na realização dos testes experimentais, no momento em que
Realizado a montagem e soldagem dos componentes na se ligou a alimentação da fonte 24Vca na entrada do conversor,
PCB, conforme figura 11, prendeu-se a placa e o indutor sobre a chave do mesmo ficou sem ligação, fazendo com que o
um acrı́lico e finalizando a mesma como pode-se verificar na MOSFET e os diodos da ponte retificadora queimassem, após
figura 12. o ocorrido percebeu-se que o MOSFET estava com sua entrada
de acionamento flutuando, devido o fato da mesma estar
e 14, respectivamente.

Figura 13. Tensão Vo na Saı́da do Conversor

Figura 10. Placa PCB Pronta para Furação

Figura 11. Projeto Final do Conversor Boost

Figura 14. Tensão na Saı́da do Indutor

E. RESULTADOS OBTIDOS
Após a realização dos testes e feita a leitura de tensão Vo
na saı́da, pôde-se comparar os valores obtidos com os valores
simulados anteriormente no PSIM, conforme a Figura 15.
Os valores obtidos nas medições, foram de acordo com os
calculados inicialmente.
...
Figura 12. Montagem Final do Conversor Boost
III. CONCLUSÃO
Após todo o desenvolvimento do projeto, percebeu-se que
desligada do microcontrolador. Para solucionar o problema de vários imprevistos podem ocorrer, como: falha em alguns com-
tensão de flutuação, ligou-se um resistor de 10k interligando ponentes, mal contato entre as trilhas, ou até mesmo a falta de
o Gate do MOSFET ao GND da placa, para assim realizar atenção a pequenos detalhes que são importantes mas passam
os testes da parte de potência. Após a troca dos componentes despercebidos. Apesar das dificuldades encontradas, o projeto
realizou-se o chaveamento do MOSFET com o gerador de final foi satisfatório na condição de malha aberta, conseguiu-se
função para realizar o teste, e assim obteve-se a tensão de fazer com que o conversor Boost viesse a funcionar conforme
60 V. Ocorreu um problema com o circuito do driver da os parâmetros propostos inicialmente no projeto.
chave, e assim não pode-se utilizar o microcontrolador para Com a confecção do projeto, adquiriu-se maior conhe-
realizar o controle PI do circuito, assim os testes finais foram cimento sobre o funcionamento de alguns componentes
realizados na configuração de malha aberta. Com o auxı́lio do eletrônicos, assim como o próprio uso de conversores eleva-
oscilocópio, em laboratório mediu-se a tensão Vo na saı́da do dores de tensão e como sua utilização em diversas aplicações
conversor e a tensão VL sobre o indutor, conforme Figuras 13 no dia a dia.
Figura 15. Comaparativo Tensão Vo, Medido vs Simulado

IV. REFERENCIAS
HART, Daniel W. Eletrônica de Potência: análise e projetos
de circuitos. McGraw Hill Brasil, 2016.
SILVA, L. R. C. et al. Análise do software psim por meio da
implementação computacional dos métodos clássicos de mppt.
Conferência de Estudos em Engenharia Elétrica (CEEL), 2014.

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