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Alvacir Alves Tavares

Eletricidade,
magnetismo e
consequências

2011
Eletricidade,
magnetismo e
consequências
Alvacir Alves Tavares

Técnico em Eletrotécnica - IFSul


Engenheiro Eletricista - UCPel
Licenciado em Disciplinas Especializadas do 2º Grau – Eletricidade - UFPel
Mestre em Engenharia Elétrica - UFSC

Professor de Eletromecânica / Eletrotécnica: IFSul – 1974 – 2009


Professor de Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações / Automação Industrial: IFSul –
2001 - 2009
Gerente de Processos de Ensino Profissionalizante de Nível Tecnológico: IFSul -1999-2005
Professor de Engenharia Elétrica e Eletrônica: UCPel – 1983 -2010
Professor de Engenharia Eletrônica e Engenharia de Controle e Automação: UFPel - 2010 - atual
Obra publicada pela Universidade Federal de Pelotas

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CONSELHO EDITORIAL

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Diretor da Editora e Gráfica Universitária: Carlos Gilberto Costa da Silva


Gerência Operacional: João Henrique Bordin

Impresso no Brasil
Edição: 2011
ISBN : 978-85-7192-776-6
Tiragem: 300 exemplares

Dados de Catalogação na Fonte Internacional:


(Bibliotecária Daiane Schramm – CRB-10/1881 )

G971a Tavares, Alvacir Alves


Eletricidade, magnetismo e consequências / Alvacir Alves Tavares –
Pelotas: Ed. e Gráfica Universitária - UFPEL, 2011.
296p. : il.

ISBN : 978-85-7192-776-6

1. Eletricidade 2. Circuitos Elétricos 3. Capacitores 4. Eletromagnetismo


5. Circuitos magnéticos 6. Indução Eletromagnética 7. Corrente alternada
8.Circuitos trifásicos I.Título

CDD 664.07
PREFÁCIO
O objetivo desta obra é atender prioritariamente às pessoas que necessitam do conhecimento
de eletricidade e magnetismo, mas que ainda não têm a base de cálculo integral e de números
complexos. Esta clientela inclui alunos e profissionais de nível técnico assim como os alunos
ingressantes nos cursos superiores de Tecnologia e de Engenharia.
Os assuntos são apresentados a partir de seus princípios físicos, evoluindo no nível de
dificuldade até chegar a conclusões que sejam plenas e úteis para a atividade técnica.
A metodologia adotada é a exploração dos princípios teóricos, dedução das equações,
resolução de exemplos, mostra de aplicações e proposição de problemas com soluções.
Nos cursos, e na bibliografia em geral, esses conteúdos estão distribuídos em seções
chamadas comumente de Eletricidade Básica, Eletromagnetismo e Corrente Alternada.
A Eletricidade Básica será estudada em quatro etapas: Eletrostática, Eletrodinâmica,
Circuitos Elétricos de Corrente Contínua e Capacitores.
A Eletrostática trata de situações em que as cargas elétricas encontram-se tipicamente em
repouso, enquanto que a Eletrodinâmica estuda a corrente elétrica e seus efeitos.
A etapa de Circuitos Elétricos CC estuda apenas circuitos com resistores e fontes CC.
O estudo de Capacitores, ainda alimentados em CC, foi deixado para o final dessa seção
para facilitar a sua compreensão.
A seção de Eletromagnetismo começa com as definições das grandezas magnéticas e é
analisada a produção de campos magnéticos a partir da corrente elétrica. A seguir é vista a geração
de eletricidade através de campos magnéticos variantes e os fenômenos associados.
Na seção de Corrente Alternada, os diversos componentes elétricos, já estudados sob CC,
são agora alimentados por fonte de CA, tanto monofásica quanto trifásica. Essa seção é permeada de
exemplos de aplicações da energia elétrica no uso doméstico e industrial.
Expresso minha gratidão aos ex-colegas do Instituto Federal Sul-rio-grandense, professores
Mário Luiz Falkenberg Lamas, José Luiz Lopes Iturriet, Renato Neves Allemand e Paulo Eduardo
Mascarenhas Ugoski que, gentilmente, cederam arquivos que deram origem a vários capítulos desta
obra.
Reconheço também que os alunos de Eletromecânica e de Eletrotécnica do IFSul, usando as
apostilas anteriores por três décadas, foram essenciais para o aperfeiçoamento deste trabalho.
Grande esforço foi despendido no sentido de apontar a bibliografia consultada. No entanto,
algumas referências ficaram perdidas ao longo do tempo, por isso peço compreensão aos autores se
alguma informação não lhes foi corretamente creditada.
Por fim, agradeço a Deus, que me deu o dom para executar este trabalho, e a minha família,
que me apoiou em todos os momentos.

4ª revisão: Agosto de 2014.

Prof. Alvacir Alves Tavares

“Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra, e luz para os meus caminhos.” Sl 119.105
ELETRICIDADE, MAGNETISMO E
CONSEQUÊNCIAS

Sumário

Seção I – Eletricidade Básica

1 - CARGA ELÉTRICA
1.1 – Eletromagnetismo: Um pouco de história I-1
1.2 – Cargas elétricas e forças de interação I-1
1.3 – Teoria eletrônica da matéria I-2
1.4 – Eletrização e ionização I-4
1.5 – Condutores e isolantes I-5
1.6 – Processos eletrostáticos de eletrização I-6
1.7 – Processos de separação de cargas - fontes elétricas I-9
1.8 – A carga é quantizada I - 13

2 - LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO


2.1 – Lei de Coulomb II - 1
2.2 – Campos gravitacional e magnético II - 3
2.3 – Campo elétrico II - 3
2.4 – Rigidez dielétrica II - 7
2.5 – Poder das pontas II - 8
2.6 – Blindagem eletrostática II - 9

3 - DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO


3.1 – Energia e trabalho III - 1
3.2 – Diferença de potencial III - 2
3.3 –Tipos de tensão e medições III - 6
3.4 – Potencial elétrico de um ponto III - 7
3.5 – Fontes de energia III - 7
3.6 – Rigidez Dielétrica III - 11
3.7 – Tensões eletrostáticas III - 11

4 - CORRENTE ELÉTRICA
4.1 – Conceito IV - 1
4.2 – Intensidade da corrente elétrica IV - 2
4.3 – Sentido da corrente elétrica IV - 3
4.4 – Tipos de corrente elétrica IV - 4
4.5 – Efeitos da corrente elétrica IV - 5
5 - RESISTÊNCIA ELÉTRICA E LEI DE OHM
5.1 – Resistência elétrica V-1
5.2 – Definição de resistência e métodos de medição V-2
5.3 – Resistência e resistividade V-3
5.4 – Supercondutividade V-6
5.5 – Resistores V-7
5.6 – Lei de Ohm V - 12
5.7 – Condutores ôhmicos ou lineares V - 13
5.8 – Condutores não-ôhmicos ou não-lineares V - 13

6 - POTÊNCIA ELÉTRICA
6.1 – Noções de potência elétrica VI - 1
6.2 – Definição de potência elétrica VI - 2
6.3 – Valores nominais VI - 5
6.4 – Equações de potência elétrica VI - 5
6.5 – Efeito Joule VI - 6
6.6 – Transmissão de energia elétrica em alta tensão VI - 8

7 - CIRCUITOS ELÉTRICOS
7.1 – Circuito elétrico simples VII - 1
7.2 – Circuito elétrico série VII - 3
7.3 – Circuito elétrico paralelo VII - 9
7.4 – Circuito elétrico misto VII - 15
7.5 – Fontes elétricas VII - 21

8 - LEIS DE KIRCHHOFF
8.1 – Definições operacionais VIII - 1
8.2 – Primeira Lei de Kirchhoff VIII - 2
8.3 – Segunda Lei de Kirchhoff VIII - 2
8.4 - Solução de circuitos básicos VIII - 4

9 - CAPACITORES
9.1 – Definições iniciais IX - 1
9.2 – A influência do dielétrico IX - 3
9.3 – Transitórios de carga e descarga de capacitores IX - 6
9.4 – Energia armazenada num capacitor IX - 8
9.5 – Testes em capacitores IX - 8
9.6 – Associação de capacitores IX - 9
9.7 – Tipos e tecnologias de capacitores IX - 12
Seção 2 – Eletromagnetismo

10 – CAMPO MAGNÉTICO DA CORRENTE ELÉTRICA


10.1 - Histórico do magnetismo X-1
10.2 - Ímãs naturais e artificiais X-1
10.3 - Polos de um ímã. Forças de atração e repulsão X-2
10.4 - Magnetismo terrestre X-2
10.5 - Representação do campo magnético X-2
10.6 - Teoria molecular do magnetismo X-3
10.7 - Processos de magnetização e desmagnetização X-4
10.8 – Início do eletromagnetismo X- 5
10.9 - Dispositivos clássicos de criação de campos magnéticos X- 5
10.10 - Comparação entre ímãs permanentes e eletroímãs X-7
10.11 - Fluxo magnético e indução magnética X-7
10.12 - Força sobre carga elétrica em movimento X- 9
10.13 - Força mecânica sobre condutor reto percorrido por corrente X - 10
10.14 - Intensidade de campo magnético e permeabilidade magnética X - 12
10.15 - Relações entre a corrente e a intensidade de campo magnético X - 15
10.16 - Força entre condutores paralelos no ar X - 18
10.17 - Curvas de magnetização dos materiais ferromagnéticos X - 19
10.18 - Perdas por histerese X - 21
10.19 - Características de materiais para ímãs e eletroímãs X - 22

11 – CIRCUITOS MAGNÉTICOS
11.1 - Lei de Hopkinson XI - 1
11.2 - Analogia entre circuito magnético e circuito elétrico XI - 2
11.3 - Aplicação da lei de Ampère a circuitos magnéticos clássicos XI - 3
11.4 - Dispersão, empilhamento e espraiamento XI - 7
11.5 - Tipos básicos de eletroímãs XI - 9
11.6 - Força de atração dos eletroímãs XI - 10

12 – INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA
12.1 - Introdução histórica XII - 1
12.2 - Lei de Faraday XII - 1
12.3 - Lei de Lenz XII - 3
12.4 - Indução de f.e.m. por movimento de condutor em campo magnético XII - 4
12.5 - Equações da f.e.m. induzida por movimento de condutor XII - 5
12.6 - Indução de f.e.m. por variação de corrente XII - 9

13 – AUTOINDUÇÃO E INDUÇÃO MÚTUA


13.1 - Fluxo concatenado XIII - 1
13.2 - Indutância XIII - 2
13.3 - Indutância mútua XIII - 4
13.4 - Autoindução XIII - 5
13.5 - Agrupamento de indutores XIII - 6
13.6 - Energia armazenada no campo magnético XIII - 8
13.7 – Indução mútua XIII - 9
13.8 - Perdas nos circuitos magnéticos XIII - 10
Seção 3 – Corrente Alternada

14 - PRINCÍPIOS DA CORRENTE ALTERNADA


14.1 - Introdução XIV - 1
14.2 - Medidas da velocidade de variação das grandezas alternadas XIV - 3
14.3 - Medidas da intensidade de grandezas alternadas XIV - 4
14.4 - Representação fasorial de grandezas alternadas XIV - 7

15 - SISTEMAS MONOFÁSICOS E POLIFÁSICOS


15.1 - Sistema monofásico XV - 1
15.2 - Sistema trifásico XV - 2
15.3 - Usos dos sistemas monofásicos e trifásicos XV - 3
15.4 - Agrupamento das fases em estrela XV - 4
15.5 - Agrupamento das fases em triângulo XV - 6
15.6 - Comparação entre a ligação estrela e triângulo XV - 8
15.7 - Usos do sistema estrela e triângulo XV - 8
15.8 - Transformação estrela-triângulo XV - 8

16 - CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA MONOFÁSICOS


16.1 - Circuito resistivo puro XVI - 1
16.2 - Circuito indutivo puro XVI - 4
16.3 - Circuito capacitivo puro XVI - 8
16.4 - Circuito RLC série XVI - 12
16.5 - Circuito RLC paralelo e misto XVI - 23

17 - POTÊNCIA E ENERGIA EM C.A.


17.1 - Potência ativa, reativa e aparente XVII - 1
17.2 - Fator de potência XVII - 4
17.3 - Demanda ativa e demanda reativa XVII - 5
17.4 - Potência nos circuitos trifásicos XVII - 9
17.5 - Classificação dos usos da energia elétrica XVII - 11
17.6 - Correção do fator de potência XVII - 12
17.7 - Localização dos capacitores XVII - 16
17.8 - Aspectos práticos na especificação de capacitores XVII - 16

18 - TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA


18.1 - Definições técnicas e comerciais XVIII - 1
18.2 - Estruturas tarifárias XVIII - 2
18.3 - Condições de contratação XVIII - 3
18.4 - Faturamento de energia e de demanda ativa XVIII - 4
18.5 - Faturamento de energia e de demanda reativa excedente XVIII - 6

Referências Bibliográficas
Créditos das imagens e textos
Apêndices
Capítulo I - CARGA ELÉTRICA

Benjamin Franklin (1706-1790)


O primeiro para-raios da história foi construído pelo cientista,
inventor e político norteamericano Benjamin Franklin no século XVIII.
O dispositivo era uma haste pontiaguda de metal, ligada por um fio a
terra. Mas até chegar a essa invenção, ele realizou uma experiência
perigosa e bastante incomum. Benjamin observou uma grande
semelhança entre as centelhas produzidas por placas eletrizadas em
seu laboratório e os raios que "desciam" das nuvens. Mas como
aquelas descargas poderiam ser produzidas? Ele então imaginou que
ocorreria algum fenômeno entre as nuvens que produzisse eletricidade.
Com essa hipótese surgia um problema: como provar sua teoria? Ele não poderia voar até as
nuvens com algum dispositivo, primeiro porque o avião ainda não tinha sido inventado; e segundo
que mesmo hoje tal procedimento é muito arriscado. Sua única saída foi empinar uma pipa em um
dia tempestuoso e esperar que sua ideia desse certo ou ele morreria eletrocutado pela descarga
altíssima dos raios. Durante uma forte tempestade, o cientista inventor ligou o fio da pipa a alguns
aparelhos de seu laboratório e esperou para ver o que acontecia. Se a sua teoria estivesse certa, os
aparelhos ficariam carregados eletricamente ou, caso contrário, nada aconteceria. Para sua
alegria, os aparelhos começaram a adquirir cargas elétricas e, como eles não estavam ligados a
nenhum outro meio elétrico, verificou que sua teoria estava certa, as nuvens produziam eletricidade.
Nessa época os cientistas conheciam o fenômeno do poder das pontas e, aproveitando desse
conhecimento, Benjamin Franklin resolveu montar um dispositivo que pudesse protegê-los dos
efeitos perigosos dos raios. Foi então que ele montou o primeiro para-raios da História.
[http://cienciac3m.blogspot.com/]

1.1- ELETROMAGNETISMO: UM POUCO Mais tarde, no mesmo século, James


DE HISTÓRIA Clerk Maxwell introduziu novos conceitos e lhe
deu um sólido embasamento matemático (as
Estudiosos gregos, em torno de 600 a.C.,
Equações de Maxwell), que rege todos os
já sabiam que, atritando-se um pedaço de âmbar,
dispositivos eletromagnéticos modernos, como
ele atraía pequenos pedaços de palha ou outros
motores, aparelhos de comunicação, copiadoras,
pequenos fragmentos. Como o âmbar em grego
microscópios, etc.
é dito élektron (ήλεκτρον), daí surgiu o nome
da ciência eletricidade. Há uma divisão dentro do
eletromagnetismo onde as cargas estão paradas
Também os gregos sabiam que algumas
(ou em movimento quase-estático) que é
pedras naturais se atraiam. Essas pedras hoje são
chamada de Eletrostática. Neste caso, os
chamadas de magnetita, pois eram encontradas
fenômenos magnéticos são nulos ou
na Magnésia (região da Grécia), que quer dizer
desprezíveis.
"lugar das pedras mágicas”. Esses fatos são
considerados o berço do magnetismo.
Essas duas ciências foram se 1.2 - CARGAS ELÉTRICAS E FORÇAS DE
desenvolvendo timidamente, de forma INTERAÇÃO
independente uma da outra, até que Hans Para o estudo da eletrostática (e da
Christian Oersted, em 1820, descobriu que uma eletricidade em geral) são indispensáveis certas
corrente elétrica causava a deflexão da agulha noções mínimas a respeito da estrutura da
magnética de uma bússola. Poucos anos depois matéria. Assim, devemos recorrer a uma análise
Michael Faraday descobriu que o magnetismo das características das partículas elementares
pode dar origem à corrente elétrica.
I - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

que compõem a matéria. Explicaremos, em quando atritado com a seda. Todas as


função dessa análise, as propriedades elétricas eletricidades manifestadas por um corpo serão
que observamos diretamente ou com o auxílio identificadas como negativa ou positiva através
de instrumentos. da comparação com as cargas citadas acima.
Vamos inicialmente analisar algumas A Regra de Du Fay resume esta
situações, denominadas de fenômenos primeira parte:
eletrostáticos, para chegarmos finalmente aos
fatos de natureza elétrica dos quais o mundo “Cargas elétricas de mesmo sinal se
moderno está totalmente dependente. repelem e de sinais opostos se atraem”.
A seguir estão indicadas algumas
experiências que foram realizadas com o
objetivo de estudar certos fenômenos elétricos.
Fio isolante
Na Figura 1.1 está representado um plástico vidro vidro
bastão de plástico que é atritado com pedaço de F F
seda. Após o atrito, o bastão foi afastado e
partido em dois pedaços, sendo ambos
colocados próximos um do outro. Percebe-se F
que ocorre uma repulsão entre os dois pedaços -F
-F -F
de plástico.
Na segunda experiência realizada, um plástico vidro plástico
bastão de vidro é atritado com seda. Em
seguida, repetiu-se a sequência da experiência Fig.1.1 – Forças entre dois corpos eletrizados.
anterior, sendo que novamente se percebeu o
fenômeno da repulsão elétrica entre os dois
pedaços de vidro.
Fios isolantes
Na terceira experiência, resolveu-se
colocar o bastão de plástico próximo ao bastão
de vidro e notou-se que entre os bastões existia
uma certa atração.
Em função dessas experiências,
concluiu-se que, ao serem atritados, os bastões
adquirem eletricidades (cargas elétricas), sendo
que as mesmas originam forças elétricas. Essas
forças elétricas são de repulsão, quando os
materiais aproximados possuem o mesmo tipo Fig.1.2 - Forças de atração e repulsão entre
de carga elétrica, sendo as forças de atração, cargas elétricas
quando as cargas elétricas são diferentes.
Deduz-se que o bastão de plástico, 1.3 - TEORIA ELETRÔNICA DA MATÉRIA
quando atritado com seda, adquire certo tipo de
carga elétrica; e que o bastão de vidro, quando Sabe-se que toda matéria é formada de
atritado com a seda, adquire um outro tipo de moléculas. Como exemplo, podemos citar a
carga. água, cuja molécula é H2O, ou seja, dois átomos
de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Os
Convencionalmente, vamos chamar de átomos constituem a menor porção da matéria,
carga negativa (-) a eletricidade adquirida pelo que conserva as propriedades do elemento em
plástico quando atritado com a seda; e de carga seu estado normal. Cada átomo possui uma zona
positiva (+) a eletricidade adquirida pelo vidro
Carga elétrica I-3
_______________________________________________________________________________________________

central e uma região que a circunda, sendo forças elétricas que variam de elétron para
ambas denominadas de, respectivamente, núcleo elétron, dependendo da posição destes.
e eletrosfera. A eletrosfera possui várias camadas. Em
No núcleo estão os prótons e os nêutrons cada camada existem alguns elétrons, sendo a
e na eletrosfera situam-se os elétrons. mais importante, para o estudo das propriedades
elétricas, a camada mais externa, chamada
Essas três partículas elementares,
“camada de valência”.
apesar de não serem as únicas, são as principais
para o estudo da eletricidade e magnetismo. O núcleo é o responsável pela
manutenção dos elétrons no átomo. Essa força
Ao elétron foi atribuída uma carga
de atração exercida pelo núcleo sobre os elétrons
negativa devido à descoberta de que o bastão de
depende muito da distância, pois, quanto mais
plástico, quando atritado com seda, ficava com
distante do núcleo estiverem os elétrons, menor
predominância destas partículas. No caso do
será a força de atração e mais facilmente eles
bastão de vidro atritado com a seda, as partículas
poderão deslocar-se para outro átomo.
elementares que predominam nele são os
prótons e, de acordo com a convenção feita, foi Os elétrons que estão situados na última
atribuída a essas partículas uma carga positiva. camada são mais fracamente ligados ao seu
Atribui-se a Benjamin Franklin a respectivo núcleo e poderão se tornar elétrons
livres ou de condução, dependendo do material.
denominação de positiva e negativa para as
cargas elétricas. Como os prótons são partículas que estão
fixas no núcleo e os elétrons podem se transferir
de um átomo para outro, no nosso estudo vamos
ELÉTRON  CARGA NEGATIVA (-) nos preocupar sempre com “a falta ou o excesso
de elétrons” nos átomos ou nos corpos.
PRÓTON  CARGA POSITIVA (+)
Nos experimentos mencionados
NÊUTRON CARGA NULA
anteriormente, a seda, inicialmente, estava
neutra, de modo que ela possuía o mesmo
Na Figura 1.3, está representado o número de prótons e elétrons. Ao ser atritada
modelo atômico. O núcleo, devido à presença com o vidro, este ficou com carga positiva,
dos prótons, possui uma carga positiva, a qual é devido ao número de elétrons ser inferior ao de
responsável pela força de atração que mantém os prótons. Estes elétrons cedidos pelo vidro foram
elétrons girando nas suas respectivas trajetórias. ganhos pela seda, na qual existe agora um
número de elétrons superior ao de prótons.
Elétrons
Após o atrito
Seda Seda
Núcleo
(Prótons e
nêutrons)

Vidro Plástico

Fig.1.4 – A carga adquirida depende do material


Fig.1.3- Modelo atômico simplificado dos corpos atritados

As minúsculas partículas que giram em


torno do núcleo (elétrons) são submetidas a
I - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Logo, a seda ficará carregada A carga elétrica será representada pela


negativamente (excesso de elétrons). letra q, sendo que sua unidade de medida
No caso do bastão de plástico atritado (Sistema Internacional de Unidades) é o
com a seda, esta se carregou positivamente. Coulomb (C).
Logo, ela cedeu elétrons para o plástico, A quantidade de carga elétrica de um
o qual ficou carregado negativamente (excesso próton é igual, em módulo (valor numérico sem
de elétrons). sinal), à quantidade de carga elétrica de um
elétron.
Neste exemplo, percebe-se que a seda
pode ganhar ou ceder elétrons, ou seja, um Em condições normais, prótons e
mesmo corpo pode carregar-se positivamente ou elétrons estão em igual número, isto é, a cada
negativamente, dependendo da substância com a elétron corresponde um próton. Logo, num
qual ele é atritado. corpo nessas condições a carga elétrica será
nula.
1.4 - ELETRIZAÇÃO E IONIZAÇÃO “Para um corpo neutro eletrizar-se é
necessário que ele perca ou ganhe elétrons.”
Na Figura 1.5, estão indicados um próton
nas proximidades de uma carga positiva (carga Na Figura 1.6a percebe-se que o número
de prova) e um elétron nas proximidades da de prótons é igual ao número de elétrons.
mesma carga de prova.
Assim, a barra está neutra, pois ela é
constituída de átomos eletricamente neutros.
F

Próton

F
Elétron

Fig.1.5 – Carga elétrica do próton e do elétron

Tanto o próton como o elétron atuam


sobre a carga de prova positiva, ocasionando
nela a mesma força elétrica, porém de sentidos
contrários.
A carga de prova fica, então, submetida a
uma mesma força elétrica, sendo que, no
primeiro caso, ela tende a deslocar-se para a
direita com certa velocidade.
No segundo caso, a carga de prova tende Fig.1.6 – Corpos eletrizados ganharam ou perderam
a deslocar-se também com a mesma velocidade, elétrons
porém para a esquerda.
Na Figura 1.6b nota-se que a barra
Disso deduz-se que as duas partículas ganhou alguns elétrons.
elementares, o próton e o elétron, possuem a
mesma quantidade de eletricidade (mesma carga
elétrica), mas de sinais opostos.
Carga elétrica I-5
_______________________________________________________________________________________________

Os átomos que os receberam eletrizam-se deslocamento de cargas elétricas através de si e


negativamente constituindo-se em “íons outros que não permitem tal deslocamento.
negativos” (ânions).
Logo, vamos classificar os materiais em
Na Figura 1.6c nota-se que a barra condutores e isolantes.
perdeu vários elétrons havendo o predomínio Na Figura 1.8 temos um isolante feito de
dos prótons. plástico e um cabo condutor constituído de
cobre.
Cada átomo que se eletrizou
positivamente constitui-se num “íon positivo”
(cátion).
O processo de ganhar ou perder elétrons
num átomo é chamado de “ionização”.
Devemos salientar que um corpo neutro
(por exemplo, um pente) quando ganha ou perde
elétrons fica carregado eletricamente e esse
processo é denominado de “eletrização”.
Se fôssemos analisar um átomo desse Fig.1.8 - Condutores e isolantes comuns
pente, deveríamos afirmar que ele sofreu um
processo de uma ionização. No caso de utilizarmos pedaços de cobre
num experimento de eletricidade, teremos um
deslocamento de grande quantidade de cargas
elétricas através de sua estrutura.
Isso ocorre porque o cobre, e os metais
Átomo Cátion - Átomo Ânion - Átomo em geral, possuem abundância de elétrons livres.
neutro carregado carregado
negativamente
O cobre, por exemplo, apresenta cerca de
Átomo positivamente
eletriz 10 elétrons livres por cm3, portanto ele é
23

Fig. 1.7 – Átomo neutro e átomos ionizados


ado classificado como material condutor.
positiv
amente
Conforme o observado anteriormente,
Átomo
pode-se deduzir que cargas elétricas não podem
eletriz
ser criadas,
ado nem destruídas.
Como essas cargas podem ser apenas
negati
vamen de um corpo para outro ou de uma
transferidas
te outra de um mesmo corpo, conclui-se
parte para Fig.1.9 – Distribuição das cargas na superfície de
também que a carga elétrica de um corpo isolado condutores eletrizados
será sempre a mesma.
Se um determinado corpo possui uma Numa esfera condutora eletrizada, as
carga q = (+)25C e se o mesmo se mantiver forças de repulsão, que agem entre as cargas de
isolado, sua carga elétrica será sempre positiva, mesmo sinal, fazem com que elas se distribuam
valendo 25 C. uniformemente na sua superfície, conforme
Esse fato é conhecido como Princípio da ilustrado na Figura 1.9.
Conservação da Carga.
Assim como na esfera, a distribuição das
1.5 - CONDUTORES E ISOLANTES cargas elétricas em qualquer corpo condutor se
dá nas superfícies de tais corpos.
Existem materiais que permitem o
I - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Os condutores podem ser sólidos,


líquidos ou gasosos, sendo que o tipo de carga
que se movimenta em cada um deles é
característico de cada espécie de condutor.
Nos condutores sólidos (cobre, alumínio,
etc) as cargas livres são os elétrons. Esses
eo
elétrons livres possuem muita facilidade de se ól

deslocarem ao longo do material.


Nos condutores líquidos (soluções
aquosas de ácidos, bases e sais) temos
movimento de íons positivos e íons negativos
(cátions e ânions). Fig.1.10 – Exemplos de
materiais isolantes
Nos condutores gasosos (lâmpadas de
vapor de mercúrio, fluorescentes) ocorre o
deslocamento de íons positivos, íons negativos e Os isolantes gasosos também são muito
elétrons. usados, sendo o exemplo típico o ar. O único
limite das propriedades de isolamento dos gases
No caso de utilizarmos pedaços de é constituído pela descarga que pode ocorrer. Do
borracha num experimento de eletricidade, não contrário, mantém-se um isolamento quase
teremos um fácil deslocamento de cargas perfeito como no caso de condutores de linhas
elétricas através dela. aéreas.
A borracha será classificada como
material isolante, pois é um material onde há 1.6 - PROCESSOS ELETROSTÁTICOS DE
carência ou inexistência de elétrons livres. ELETRIZAÇÃO

A força elétrica não é suficiente para 1.6.1 – Introdução


retirar os elétrons de suas órbitas normais. Definiremos eletrização como o
Um isolante tem, em média, menos que desequilíbrio elétrico de um corpo, ou seja, a
um elétron livre por cm3. Isso, no entanto, não desigualdade entre a quantidade de prótons e
quer dizer que um corpo isolante não possa ser elétrons no corpo. Os processos eletrostáticos
eletrizado. são geralmente associados a grandes voltagens e
com descargas de curtíssima duração.
Nos isolantes, as cargas elétricas
permanecem na região em que apareceram.
Como exemplo de isolantes sólidos 1.6.2 – Eletrização por atrito
podemos citar: algodão, papel, seda, madeira, Na Figura 1.11 temos o atrito entre dois
vidro, porcelana, mica, etc. corpos de materiais diferentes, onde se retiram
O isolante é tanto melhor quanto mais alguns elétrons das órbitas dos átomos de um
elevada for a voltagem que ele suporta sem dos corpos, enquanto que o outro trata de
conduzir e deteriorar-se. aprisionar esses elétrons. O material que recebe
os elétrons (bastão de plástico) adquire carga
Existem também isolantes líquidos, negativa e o que perde elétrons (seda) fica com
sendo que um dos mais conhecidos é o óleo, que carga positiva. Percebe-se que, no processo por
é muito usado em transformadores e disjuntores atrito, a quantidade de carga elétrica resultante
de alta tensão. O óleo também pode ser usado no bastão de plástico é igual, em módulo, à
para impregnar substâncias sólidas como papel e quantidade de carga elétrica resultante na seda.
seda, de maneira a melhorar suas características
isolantes.
Carga elétrica I-7
_______________________________________________________________________________________________

metálica sem carga, elétrons da barra serão


CARGAS POSITIVAS E ELÉTRONS ESTÃO PRESENTES atraídos para o local do contato.
EM QUANTIDADES IGUAIS NO BASTÃO E NA SEDA
Alguns dos elétrons deixarão a barra e
1
entrarão no bastão, carregando a barra
positivamente e diminuindo a carga positiva do
Seda
bastão. Percebe-se que um objeto carregado ao
tocar num corpo neutro perderá parte de sua
2 Bastão carga.
Um bastão carregado positivamente é
aproximado de um corpo sem carga

Elétrons se transferem
da seda para o bastão
1
Fig.1.11 – Eletrização clássica por atrito 1-Os elétrons são atraídos pela carga positiva
do bastão.

Como exemplos práticos de eletrização


2
por atrito podemos citar os seguintes casos: uma
caneta de plástico eletriza-se ao ser atritada com 2- Ao encostar, alguns elétrons saem do corpo e
seda e atrai pedacinhos de papéis; um pente se vão para o bastão.
eletriza ao ser passado nos cabelos atraindo-os;
uma roupa de nylon eletriza-se ao atritar-se com
nosso corpo; um veículo em movimento se 3
eletriza pelo atrito com o ar; um tubo de PVC
3-O bastão é afastado ficando com menos carga
esfregado num tecido de lã se carrega e atrai positiva. O corpo possui agora carga positiva.
pedacinhos de isopor.
Fig.1.13 – Eletrização por contato

No processo de eletrização por contato, a


quantidade de carga total (carga do bastão +
carga da barra) antes do contato é igual à
Régua de plástico eletrizada Pente eletrizado atrai os
quantidade da carga depois do contato.
atrai uma bola de isopor cabelos de uma pessoa

Contato com a Terra - aterramento


Fig.1.12 – Exemplos domésticos de eletrização por
atrito Em termos de manifestações elétricas, a
Terra é considerada como um enorme elemento
neutro. Dessa forma, quando um condutor
1.6.3 – Eletrização por contato eletrizado é colocado em contato com ela, há
Na Figura 1.13 temos o processo de uma redistribuição de cargas elétricas
eletrização por contato. Se um corpo possuir proporcionais às dimensões, à forma, e ao tipo
certa carga elétrica, influenciará outros objetos de substância do corpo eletrizado e da Terra,
próximos. Essa influência poderá ser exercida ficando, na realidade, ambos eletrizados. Porém,
através do contato. Carga positiva significa falta como as dimensões do corpo são desprezíveis,
de elétrons e sempre atrai elétrons, ao passo que quando comparadas com às da Terra, a carga
carga negativa significa excesso de elétrons e elétrica que nele permanece, após o contato, é
sempre os repele. Se você tocar com um tão pequena que pode ser considerada nula.
bastão carregado positivamente numa barra Assim, ao se ligar um condutor à Terra, dizemos
que ele se descarrega, isto é, fica neutro.
I - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Na prática pode-se considerar a Terra aproximaremos o bastão (indutor) da barra


como um enorme reservatório de cargas. Então, (induzido).
ao ligarmos outro condutor eletrizado à Terra, Neste caso (1), os elétrons da barra serão
ele se descarrega de uma das formas atraídos à parte mais próxima do bastão,
apresentadas a seguir. produzindo uma carga negativa nesta parte. O
Condutor com carga positiva: Os elétrons da extremo oposto da barra ficará sem elétrons e,
Terra são atraídos para o condutor, devido à portanto, carregado positivamente. Existirão,
atração das cargas positivas. então, três cargas: a carga positiva do bastão,
Condutor com carga negativa: Os elétrons carga negativa na parte da barra mais próxima
em excesso no condutor escoam para a Terra, do bastão e a carga positiva no outro extremo da
devido à repulsão entre eles. barra. Tal situação permite que os elétrons de
uma fonte externa (seu dedo, por exemplo)
entrem no extremo positivo da barra (caso 2),
neutralizando a carga desse extremo, fazendo
com que a barra fique eletrizada negativamente.
O método de transferência de carga, que
acabamos de ver, é chamado de indução
Fig.1.14 – Ação do aterramento sobre as cargas eletrostática, porque a distribuição de carga é
positivas e negativas induzida (provocada) pela presença do bastão
carregado e não pelo contato físico. Na
1.6.4 - Eletrização por indução eletrostática eletrização por indução o induzido eletriza-se
com carga de sinal contrário à do indutor. A
Já vimos que, ao tocarmos uma barra
carga do indutor não se altera.
metálica com um bastão carregado
positivamente, elétrons da barra se transferem Como um corpo eletrizado pode atrair
para o bastão, ficando a barra eletrizada um corpo neutro? Você já sabe que um bastão
positivamente. de vidro, ao ser atritado com a seda, eletriza-se
positivamente. Mas como ele pode atrair, por
1 exemplo, pequenas bolinhas de isopor que estão
neutros?

1-Os elétrons são atraídos pelo bastão carregado.


2

2-Os elétrons do dedo são atraídos e entram no corpo.


3
Fig.1.9 – a) Corpo originalmente neutro; b) corpo já
neutro influenciado por bastão carregado.
3-O dedo é afastado, mas os elétrons já ocuparam as
lacunas que havia em alguns átomos. Acontece assim: Os elétrons existentes
no isopor são atraídos levemente para o lado
4 mais próximo do bastão de vidro (positivo),
ficando o outro lado do isopor com excesso de
4-O bastão é afastado, mas os estes elétrons ficam
no corpo mantendo-o eletrizado negativamente. cargas positivas. A força de atração entre o
bastão e o lado negativo do isopor, devido à
Fig.1.15 – Eletrização por indução
eletrostática menor distância, é mais intensa do que a força
de repulsão entre o bastão e o lado positivo do
Agora, ao invés de tocarmos a barra com isopor. A força resultante, portanto, é de atração.
o bastão carregado positivamente, nós apenas
Carga elétrica I-9
_______________________________________________________________________________________________

1.6.5 – Descargas eletrostáticas - aterramento eletricidade estática poderá ser descarregada


entre grandes espaços, causando centelhas de
Você já deve ter percebido que, ao ligar
muitos centímetros de comprimento.
um aparelho de TV, os pelos do seu braço ficam
eriçados se você estiver próximo da tela. Automóveis, caminhões e aviões podem
Também deve ter notado alguns estalos e até adquirir cargas estáticas em consequência do
faíscas (no escuro) ao despir uma blusa, após atrito de sua estrutura com o ar. Quando um
usá-la por algum tempo. Esses fenômenos, veículo está conduzindo um líquido inflamável,
conhecidos como descargas eletrostáticas (ESD como a gasolina, ou quando um avião está
– EletroStatic Discharge), podem tornar-se reabastecendo de combustível, haverá a
extremamente perigosos em ambientes probabilidade de incêndio ou explosão se a
industriais, em áreas onde se utilizam materiais carga estática se descarregar sob a forma de
inflamáveis e em bancadas de produção de faísca.
placas de circuitos eletrônicos onde são usados
componentes ultrassensíveis como os circuitos
integrados. Gasolina TABAJARA
A descarga eletrostática pode causar
tanto a destruição total de um componente como
danificá-lo parcialmente, diminuindo o seu
tempo de vida útil.
Outro fator que influencia a concentração
de eletricidade estática é a umidade relativa do Ligação a terra Terminal para ligação à terra
ar, sendo que, no caso dela ser elevada, Fig.1.18 – Aterramento: Solução universal para
favorecerá a descarga dessas cargas elétricas as descargas eletrostáticas
para a terra diminuindo o problema.
Para evitar que isso aconteça, os veículos
Existe uma série de dispositivos que que transportam combustíveis dispõem de uma
podem ser utilizados como proteção contra corrente ou de uma tira impregnada de metal,
ESD. Como exemplo, podemos citar a estação ligada à carroceria, e que se arrasta pelo solo
de solda, pulseira de aterramento e a para descarregar, continuamente, a carga
calcanheira. acumulada. Hoje em dia, existem pneus
especiais, constituídos de materiais condutores
para efetuarem essa descarga eletrostática. Os
aviões, antes de serem reabastecidos, são ligados
ao solo por meio de um dispositivo especial que
propicia tal descarga.

1.7 - PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DE


Fig.1.17 – Equipamentos de proteção individual CARGAS - FONTES ELÉTRICAS
contra eletricidade estática

Se você aproximar corpos com cargas 1.7.1 – Introdução


elevadas, os elétrons poderão pular do corpo
com carga negativa para o corpo com carga Nestes casos a separação de cargas ocorre
positiva, antes dos dois entrarem em contato. dentro de um mesmo corpo e é mantida ao longo
Neste caso, você verá de fato a descarga sob a do tempo às custas de outra forma de energia,
forma de centelha (faísca). Quando houver podendo ocorrer movimentação de cargas por
cargas acumuladas muito elevadas, a tempo indeterminado, como ocorre nas fontes
elétricas.
I - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1.7.2 - Efeito piezelétrico Uma junção desse tipo é denominada de


par termoelétrico, termocuplo ou termopar e
Piezoeletricidade é a capacidade de
gera eletricidade enquanto o calor estiver sendo
alguns cristais de produzirem separação de
aplicado. Existem muitos tipos de termopares e
cargas como resposta a uma pressão
produzem uma voltagem em torno de algumas
mecânica. O termo deriva da palavra grega
dezenas de miliVolts2. Os termopares são usados
piezein, que quer dizer espremer ou
normalmente como termômetros.
pressionar. A voltagem produzida entre as
placas dependerá da intensidade da pressão
exercida. Os cristais mais utilizados são os de
quartzo, embora cristais sintetizados estejam se
tornando cada vez mais populares. Apesar do Ferro
uso da pressão como fonte de eletricidade ser
limitado a aplicações de pequenas potências,
você a encontrará em diversos tipos de Constantan
equipamentos como microfones de cristal,
Fig.1.20 – Termoeletricidade – efeito Seebeck
algumas balanças eletrônicas, ignitores de gás,
medidores de pressão, osciladores de cristal, etc.
A termoeletricidade também tem o
funcionamento invertido, chamado de Efeito
Placas Peltier. Aplicando-se corrente elétrica a uma
Condutoras pastilha Peltier obtém-se o esfriamento de uma
face e o aquecimento da outra com uma diferença
de temperatura na ordem de 60º C. Um dos usos
atuais é a refrigeração de microprocessadores em
Cristal combinação com coolers e dissipadores. 3
Fig.1.19 – Geração de piezoletricidade 1.7.4 – Efeito fotovoltaico
Pode-se gerar eletricidade usando-se a
O cristal piezolétrico também pode luz como fonte de energia. Certas substâncias ao
funcionar de forma invertida, ou seja, ao receber serem atingidas pela luz são capazes de
uma tensão ele se deforma permitindo o seu uso converter diretamente a energia luminosa em
como atuador. Como exemplo temos as energia elétrica. A célula é um "sanduíche"
microbombas das impressoras jato de tinta, metálico composto de três camadas de forma
aparelhos de ultrassom e altofalantes.1 circular.
1.7.3 – Termoeletricidade Uma das camadas externas é de metal e
a outra se compõe de película de material
A termoeletricidade é a conversão direta
translúcido, que permite entrada de luz. A
de calor em eletricidade, pelo aquecimento da
camada central é feita de uma liga de selênio. As
junção de dois metais diferentes. Apesar de não
camadas externas atuam como contato. Quando
ser linear, a voltagem produzida aumenta com a
a luz incide na liga de selênio, através do
diferença de temperatura entre a junção e as
material translúcido, há uma separação de
extremidades opostas dos dois fios. Esse
cargas elétricas entre as camadas externas. Se
fenômeno foi descoberto por Thomas Seebeck
um medidor for ligado a essas camadas, a
em 1822 (Berlim), dando lhe o nome de Efeito
quantidade de eletricidade poderá ser medida.
Seebeck.

1
Disponível em: http://www.demar.eel.usp.br/eletrônica 2
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Termopar
/2010/ Sensores_atuadores_piezoeletricos.pdf 3
http://www.peltier.com.br/produtos.htm
Carga elétrica I - 11
_______________________________________________________________________________________________

O uso clássico desse tipo de célula é em elevado de vezes.


fotômetros, luxímetros, calculadoras, relógios, Também se classificam as pilhas em
etc. Há, modernamente, o uso de células secas ou úmidas. Na realidade, as pilhas secas
fotovoltaicas como fonte de energia para não são secas, pois o eletrólito se apresenta
aplicações maiores (iluminação, comunicação, como uma pasta ou gelatina. As pilhas úmidas
etc) através dos painéis solares capazes de gerar usam eletrólito liquido.
35W (2,15 A e 16,2 V) com uma dimensão de
aproximadamente 0,40 m2. [Boylestad, p.106]
Pilhas não recarregáveis
Luz
Destacam-se, entre outras, as seguintes
pilhas e baterias não recarregáveis: pilhas e
Placa
translúcida baterias secas de zinco-carvão, pilhas e baterias
s alcalinas de bióxido de manganês, pilhas e
baterias de óxido de mercúrio, pilhas e baterias
Liga de Ferro de óxido de prata, pilhas de lítio.
selênio
Fig.1.21 – Célula fotovoltaica Será apenas abordada a pilha seca de
zinco-carvão, por ser de uso muito comum.
1.7.5 - Efeito eletroquímico
A tensão de uma pilha zinco-carvão
padrão é de 1,5 V. A pilha usa um cátodo de
Todo o dispositivo que fornece energia
zinco (placa negativa) que é o próprio invólucro
elétrica através da ação química chama-se pilha
da pilha, um ânodo de bióxido de manganês
elétrica. Um conjunto de pilhas é chamado de
(placa positiva) envolvendo um coletor que é um
bateria. Uma pilha elétrica consiste em um
bastão de carvão e um eletrólito de cloreto de
recipiente, dois eletrodos de materiais diferentes
amônio e cloreto de zinco dissolvidos em água.
e um eletrólito (líquido, pastoso ou gelatinoso)
entre os elétrodos4. A ação química resultante Quando a pilha seca fornece eletricidade,
faz com que um dos elétrodos fique carregado o recipiente de zinco e o eletrólito são
positivamente (falta de elétrons) e outro fique gradualmente consumidos. Após o término do
carregado negativamente (excesso de elétrons). zinco utilizável e do eletrólito, a pilha não
fornece mais carga e não é recarregável.
Existem dois tipos de pilhas. O primeiro
tipo é a pilha primária, que depois de gasta é Devido ao baixo custo e ao pequeno
levada para reciclagem. Ela se gasta porque o peso e volume, são usadas em aparelhos e
processo químico que produz eletricidade é equipamentos portáteis. A Figura 1.22 a seguir
essencialmente irreversível e, portanto, não detalha a construção de uma pilha zinco-carvão.
pode ser recarregada. O segundo tipo é a pilha Eletrólito: pasta Arruela de Asfalto Arruela
secundária e é recarregável porque a reação de cloreto de papelão com de
amônia polietileno papelão
química que produz eletricidade nessa pilha
pode ser invertida, aplicando-se corrente no
sentido oposto, para recarregar a pilha.
Esse tipo pode ser usado por um número - +

4 Disco de Bastão de Dióxido de Casca cilíndrica


http://www.duracell.com.br/que_es_bateria.aspx#preg1 papelão carvão(+) manganês de zinco (-)
Van Valkenburgh - Eletrônica Básica do Estado Sólido; alcatroado (coletor)
Van Valkenburgh - Eletricidade Básica;
Gray-Wallace- Eletrotécnica - Princípios e Aplicações. Fig.1.22 – Corte de uma pilha zinco-carvão
I - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Pilhas recarregáveis 1.7.6 - Indução eletromagnética

Até este momento, todos os processos de


Apesar de haver diversas pilhas geração de eletricidade estudados possibilitam a
recarregáveis, será dada atenção apenas para a obtenção de pequena quantidade de energia.
pilha chumbo-ácida que é universalmente usada Para conseguir grande quantidade de
em veículos automotores por armazenar grande energia elétrica ininterruptamente o processo
quantidade de energia. O nome bateria chumbo- utilizado é o da indução eletromagnética.
ácida se deriva do fato de possuir diversas pilhas Quase toda a energia elétrica utilizada
(ou vasos) associados internamente. atualmente, é originada nos geradores rotativos
das usinas sendo acionados por turbinas e
motores Diesel. Em qualquer caso a energia
elétrica que ele produz é resultante da ação de
campo magnético sobre os condutores.
Bornes Um dos métodos pelos quais o
Placas
magnetismo produz eletricidade é pelo
movimento de um ímã nas proximidades de um
Eletrólito
condutor fixo. Se você ligar um instrumento
sensível nas extremidades do condutor e
movimentar um ímã nas proximidades, o
ponteiro do medidor sofrerá uma deflexão. A
Placas deflexão do ponteiro indicará a produção de
eletricidade no condutor.
Vaso

Condutor parado não gera eletricidade


Fig.1.23 – Pilha chumbo-ácida S

A placa positiva é de peróxido de


chumbo, a negativa é de chumbo, e o eletrólito N Ímã
é o ácido sulfúrico produzindo cerca de 2 V
cada vaso. A associação de 6 vasos em série
produz a tensão padronizada de 12 V usada nos
automóveis. Entre uma placa negativa e outra Condutor em movimento gera eletricidade
positiva, é colocado material isolante e inerte
S
que serve para evitar contato acidental entre as ++++
placas.
O recipiente do acumulador chumbo- N
ácido é feito de ebonite ou plástico especial
possuindo um espaço no fundo do vaso para ----
coleta o sedimento formado pelo uso. Fig.1.24 – Geração de eletricidade pela indução
eletromagnética
Durante a descarga, o ácido se
enfraquece e as duas placas se transformam em
sulfato de chumbo. Para carregar a bateria é Repetindo esse movimento e observando
aplicada corrente elétrica contínua em sentido com maior atenção o medidor, você concluirá
contrário ao da descarga, e as placas e o ácido que só há deflexão do ponteiro quando o ímã é
retornam à situação descrita acima. movimentado perto do condutor.
Carga elétrica I - 13
_______________________________________________________________________________________________

Colocando o ímã perto do condutor sem serão os responsáveis pelas manifestações


movimentá-lo, você observará que não haverá elétricas.
deflexão do ponteiro. Deslocando-se, Se tivéssemos apenas 1 elétron
entretanto, o ímã dessa posição, o medidor se predominando, a quantidade de carga elétrica
movimentará e assim estará provado que ímã e seria 1,6x10-19C. Como temos 3 elétrons, basta
condutor sozinhos não são capazes de produzir multiplicarmos o valor anterior por 3, obtendo-
eletricidade. A fim de deslocar o ponteiro é se daí o valor da quantidade de carga elétrica do
necessário o movimento do imã. corpo, ou seja, uma carga negativa q = (-)
O movimento é necessário, porque o 4,8x10-19C. Entre parênteses indica-se o sinal
campo magnético do ímã só produz uma dessa carga (excesso de elétrons  carga
corrente elétrica em um condutor quando o negativa).
campo magnético “corta” o condutor. Quando o
ímã e o seu campo estiverem fixos, o campo não Fazendo-se uma análise destes cálculos,
“cortará” o condutor e não provocará o notamos que a quantidade de carga elétrica de
movimento de elétrons. um corpo está associada à diferença entre o
número de prótons e o número de elétrons que
As máquinas que usam este princípio são existem no corpo. Em função disto, podemos
chamadas de geradores de CC (ou dínamos) ou deduzir a seguinte expressão para o cálculo da
geradores de CA (alternadores). quantidade de carga elétrica.

1.8 - A CARGA ELÉTRICA É QUANTIZADA


q = n.e (1.1)

Sabe-se que em módulo (valor sem sinal) Onde: q = quantidade de carga elétrica do corpo
a carga elétrica de um próton é igual à carga ou valor da carga elétrica (C);
elétrica de um elétron. Essa quantidade de carga n = nº de elétrons (ou prótons) que o
elétrica, por constituir-se na menor porção de corpo tem em falta ou em excesso;
eletricidade existente num corpo, é denominada e = carga elétrica elementar(1,6x10-19C).
“Carga elétrica elementar”, a qual será
representada pela letra e.

e  1,6x10-19C
Assim, todas as outras quantidades de
cargas elétricas serão múltiplos inteiros da
quantidade de carga elétrica elementar. Por isso, A B
dizemos que a carga elétrica é quantizada, isto
é, é formada por um número inteiro de cargas
elementares.
A partir do conhecimento da quantidade
Fig.1.25 – A carga elétrica é quantizada
de carga elétrica elementar, podemos determinar
a quantidade de carga elétrica de um corpo
qualquer. Na Figura 1.25, a barra superior tem 5 Devido às cargas elétricas e outras
elétrons e 2 prótons. No esquema inferior, a grandezas da eletricidade e do magnetismo
barra foi dividida em duas partes, A e B. Na serem representadas por números muito
parte A, o número de prótons é igual ao número pequenos ou muito grandes, é apresentada a
de elétrons, de modo que a quantidade de carga seguir uma tabela de múltiplos e submúltiplos
elétrica correspondente é nula. Na parte B, estão que será extremamente útil.
indicados apenas os elétrons restantes, os quais
I - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Tabela 1.1 – Múltiplos e submúltiplos q=n.e  n = q/e =


n = 320 x 10-6C / 1,6 x 10-19C =
Prefixo Símbolo Fator n = 200 x 1013 elétrons
Multiplicador

Tera T 1012 Questões e problemas


9
Giga G 10
1.1 - Complete as lacunas a seguir:
Mega M 106 a) Para que um corpo neutro se eletrize é
quilo k 103 necessário que ele __________ ou
__________ elétrons.
hecto h 102 b) Atritando-se um bastão de vidro com um
deca da 101 pedaço de seda, ocorre uma passagem de
_____________ da(o) ____________
unidade - 1 para a(o) _____________.
deci d 10-1
centi c 10-2 1.2 - Assinale, dentro dos parênteses, verdadeiro
(V) ou falso (F).
mili m 10-3
micro  10-6 a) ( ) Os elétrons situados na camada
mais distante do núcleo podem vir
nano n 10-9 a ser livres.
pico p 10-12 b) ( ) A carga elétrica do núcleo de um
átomo é positiva.
c) ( ) Mesmo desprezando-se o sinal, a
Exemplo Resolvido 1.1: quantidade de carga elétrica de um
Um certo corpo possui 100 prótons e 80 próton é diferente da quantidade de
elétrons. Determine o valor da quantidade da carga elétrica de um elétron.
carga elétrica existente no corpo. d) ( ) A eletrosfera de um átomo é uma
região eletrizada positivamente.
Np = 100 e) ( ) Quando um átomo eletriza-se
ne = 80 q = n . e positivamente, é sinal de que ele
ganhou prótons.
n = np – ne = 100 - 80 = 20
q = 20 . 1,6 x 10-19C 1.3 - Responda as perguntas a seguir:
a) Enuncie a Regra de Du Fay.
q = 32 x 10-19C b) Cite os processos possíveis de se
eletrizar um corpo.
c) Cite três aplicações para o uso da
Exemplo Resolvido 1.2: Um determinado piezoeletricidade.
corpo foi eletrizado por atrito, ficando com uma d) Descreva um termopar e cite suas
quantidade de carga final de q = (-) 320C. aplicações.
Determine qual o tipo e qual o número de e) Cite o processo de geração de
partículas que predominam neste corpo. eletricidade para uso urbano.
Q = (-) 320C = (-) 320 x 10-6C f) Dê o significado da expressão “carga
elétrica elementar”.
Como a carga é negativa, predominam os
elétrons.
Carga elétrica I - 15
_______________________________________________________________________________________________

1.4 - Numere a coluna da direita de acordo com 1.8 - Na figura dada, os três bastões (A, B e C)
a da esquerda. estão eletrizados. O bastão B é repelido pelo
bastão A, enquanto o bastão C é atraído
1 – unidade de ( ) Cátion pelo mesmo bastão. O que acontecerá se
carga elétrica aproximarmos o bastão B do bastão C?
2 – íon positivo ( ) Ânion
3 – íon negativo ( ) Átomo neutro
Fio isolante
4 – nº de elétrons = ( ) Coulomb
nº de prótons B C
( ) 1,6 x10–19C
F
5 – carga elétrica
elementar -F
F
A A
1.5 - Assinale a afirmativa errada: -F

a) ( ) O que determina a quantidade de


carga elétrica de um corpo é a
diferença entre o nº de nêutrons e 1.9 - No desenho abaixo temos uma esfera
o nº de prótons. eletrizada com carga positiva elevada.
b) ( ) A quantidade de carga elétrica de
um corpo isolado é constante.
c) ( ) Na eletrização por atrito, de dois
corpos neutros, a quantidade de
carga elétrica final nos corpos é a
mesma, em módulo. a) Indique no objeto neutro (retângulo) à
d) ( ) A quantidade de carga elétrica é direita o posicionamento aproximado dos
quantizada, pois ela varia sempre elétrons e prótons.
em múltiplos inteiros da carga b) Se, num segundo momento, fizermos um
elétrica elementar. contato com a terra, haverá algum
e) ( ) Um corpo neutro isolado não tem deslocamento de elétrons pelo fio terra? Em
condições de se eletrizar. caso afirmativo, em qual sentido eles irão se
deslocar?
1.6 - Ao lado temos c) Se, num terceiro momento, desfizermos o
duas esferas “A” e contato com a terra, em que estado ficará o
A B objeto retangular? Qual a denominação do
“B”, sendo que A
está eletrizada corpo que provocou e a do que sofreu a
negativamente e B eletrização?
está neutra. Se elas forem colocadas em
contato, podemos afirmar que: 1.10 - Têm-se três esferas idênticas e isoladas
a) B irá eletrizar-se positivamente; uma da outra (A, B e C). Duas delas estão
b) Toda a carga de A passará para B; carregadas (A e B), sendo que a carga em
c) B continuará sem carga elétrica; cada uma destas esferas vale Q e a terceira
d) A carga da esfera A diminuirá um pouco; esfera (C) está neutra. A esfera C é colocada
e) A carga total do sistema mudará. em contato, primeiro, com a esfera A. Logo
em seguida, este contato é desfeito e a
esfera C é colocada em contato com a esfera
1.7 - Faça as transformações solicitadas a seguir: B. Finalmente, as esferas são novamente
a) 500mC = ____C b) 0,004C = ___ mC isoladas umas das outras. Qual a carga
c) 0,00002C =__ C d) 0,001x10-6C =__ nC elétrica que fica armazenada na esfera C ?
I - 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1.11 - Suponha que um pedaço de lã foi atritado Respostas selecionadas


nas extremidades de um pedaço de plástico
e, logo a seguir, este plástico foi suspenso
no ar, de acordo com o desenho. 1.1 – a) ganhe ou perca;
b) elétrons, vidro, pedaço de seda.
1.2 – V, V, F, F, F
1.3 – Veja no texto.
F 1.4 - 2, 3, 4, 1, 5
1.5 - a )
F 1.6 – d)
1.7 – 0,5 C; 4,0 mC; 20 C; 1,0 nC
Justifique, com detalhes, o aparecimento de
1.8 – atração
uma força de repulsão entre as extremidades
da tira de plástico. 1.9 – esquerda: elétrons; direita: prótons
1.10 - qC = 0,75.Q
1.12 - Determinado corpo contém 80 prótons e 1.11 – as cargas das duas pontas da tira são
50 elétrons. Calcular o valor da quantidade iguais e se repelem.
de carga elétrica existente no corpo. 1.12 - q = (+) 48 x 10-19C
1.13 - q = (-) 960C
1.13 - Ao se eletrizar, um corpo recebeu 60 x 1.14 - q = (-) 11,2 x 10-19C
1020 elétrons. Qual é o valor da quantidade
de carga elétrica adquirida pelo corpo? 1.15 - q = (+) 19,2 x l0-19C
1.16 - n = 400 elétrons
1.14 - Um átomo de cobre (29 elétrons em 1.17 - Perdeu elétrons (n = 562,5 x 1013)
condições normais) foi ionizado ao ganhar 7
elétrons. Qual é o valor da quantidade de
carga elétrica do átomo?

1.15 - Se em vez de ganhar 7 elétrons, o átomo


do exercício anterior, tivesse perdido 12
elétrons, qual seria o novo valor da
quantidade de carga elétrica adquirida pelo
átomo?

1.16 - Um corpo adquiriu uma carga negativa de


640 x 10-19C. Determinar o número de
elétrons responsáveis por esta carga.

1.17 - Um corpo adquiriu uma carga positiva de


900C. O corpo ganhou ou perdeu elétrons?
Quantos?
Capítulo II - LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO

Charles Augustin de Coulomb (1736-1806)


Engenheiro de formação, ele foi principalmente físico. Publicou 7
tratados sobre a Eletricidade e o Magnetismo, e outros sobre os
fenômenos de torção, o atrito entre sólidos, etc.
Experimentador genial e rigoroso, realizou uma experiência
histórica com uma balança de torsão para determinar a força exercida
entre duas cargas elétricas.
Em fevereiro de 1760, Coulomb entrou na “École Génie” onde
viria a se formar engenheiro militar em novembro de 1761.
Seu primeiro trabalho, “Sur une application des règles, de maximis et minimis à quelque
problèmes de statique, relatifs à l’architecture”, contribuiu muito para a utilização de cálculos
precisos na área de engenharia. Em um de seus trabalhos mais famosos, esse engenheiro francês
trata do equilíbrio de torção. Nesse, mostra como a torção poder viabilizar medidas de forças muito
pequenas com grande precisão e descreve um método que utiliza fibras de diversos materiais, que foi
um aperfeiçoamento da balança de torção, utilizada por Cavendish para medir a atração
gravitacional. Utilizando a metodologia de medir forças através da torção, Coulomb estabeleceu a
relação entre força elétrica, quantidade de carga e distância (Lei de Coulomb), enfatizando a
semelhança desta com a teoria de Isaac Newton para a gravitação, que estabelece a relação entre a
força gravitacional e a quantidade de massa e distância. Além disso, estudou as cargas elétricas
pontuais e a distribuição de cargas em superfícies de corpos carregados. Seu nome é usado como
unidade de carga elétrica no Sistema Internacional de Unidades.
[http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Augustin_de_Coulomb]

2.1 – LEI DE COULOMB Isso resulta das forças de origem


eletrostática. Tal fenômeno é chamado de
interação à distância.
Por que um bastão de vidro (ou um cano
Que o bastão de vidro eletrizado, citado
de PVC, ou uma régua de plástico) atrai
no início, age sobre os pequenos fragmentos de
pequenos pedaços de papel ou isopor?
papel não há dúvida, porém também temos que
A resposta só é possível admitindo-se admitir que os citados fragmentos, para sofrerem
que o bastão “aplica” uma força nos pequenos ação de força, precisam estar parcialmente
fragmentos de papel. Essa força, que age à eletrizados (por indução eletrostática).
distância, é denominada de força eletrostática.
Imagine uma tira de plástico comum Suporte isolante
suspensa no ar, conforme figura ao lado.
Fita de plástico
Considerando que o plástico está em condições
não eletrizada
normais (não eletrizado), não teríamos nenhuma
interação (ação recíproca) entre suas
extremidades do plástico.
Agora, considere que houve um atrito F
entre as pontas do plástico e um pedaço de lã. F
Se, em seguida, o plástico for suspenso Fita de plástico
novamente com o suporte isolante, eletrizada
perceberíamos uma repulsão entre suas Fig.2.1 – Forças eletrostáticas
extremidades.
II – 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

Se estão parcialmente eletrizados 1- a intensidade das forças é diretamente


também possuem a propriedade de atraírem. proporcional ao produto dos valores
Logo, o fenômeno desencadeia uma ação absolutos das cargas; F q1 . q2
recíproca: “um age sobre o outro e o outro age 2- a intensidade das forças é inversamente
sobre o um”. O raciocínio sobre as pontas do proporcional ao quadrado da distância entre
plástico é semelhante, porém a interação se dá as cargas; F 1/d2
através de forças de repulsão. 3- a intensidade das forças depende
diretamente do meio que envolve as cargas.
Se analisarmos a força de repulsão entre
as tiras do plástico, concluiremos que são duas Podemos associar as relações citadas,
forças, e que possuem duas características
q .q
comuns: têm a mesma direção e a mesma obtendo: F k0 . 1 2 2
intensidade (ou módulo). Não perca de vista d
que agem em corpos diferentes e que as
orientações ou sentidos de atuação (vide pontas Como sabemos, podemos transformar
das flechas) das forças, são contrários. Pelo essa relação em uma igualdade introduzindo-se
discutido, concluímos que as forças de atração nela uma constante de proporcionalidade
ou de repulsão, entre cargas elétricas, são adequada. Se o meio for o vácuo (ou o ar), a
grandezas do tipo vetorial. constante será:

Em função exclusivamente da facilidade 1


de escrita, a característica vetorial das grandezas k0 (2.1)
será identificada ou pelo uso de negrito no 4 0

símbolo da grandeza ou pelo uso de uma flecha


sobre o símbolo da mesma. Onde: 0 = permissividade do vácuo
( 0 = 8,854x10-12 F/m).
A direção da força elétrica entre duas
cargas puntiformes ou pontuais (cargas que
q1 q2 
estão distribuídas num corpo, cujo volume não é 
levado em consideração), é a reta onde está F F
contido o segmento que une as duas cargas. O
sentido dessa força depende dos sinais das
cargas.
d
Fig.2.2 – Lei de Coulomb
Dos nossos comentários fica claro que:
- a interação elétrica ocorre à distância;
- a intensidade da interação elétrica Assim temos k0 = 8,99x109 Nm2/C2 que,
diminui à medida que as cargas são afastadas aproximando, nos leva a k0 = 9 x109 Nm2/C2.
umas das outras, e aumenta quando as cargas se
aproximam umas das outras; A relação que caracteriza a lei de
- quando no atrito da lã com o plástico, Coulomb está mostrada abaixo.
conseguimos “eletricidade mais forte” (carga
elétrica maior), as forças de atração ou de q1 .q 2
repulsão (plástico x plástico) são maiores. F k0 . (2.2)
d2
Charles Augustin de Coulomb, em 1785,
analisando a interação entre cargas elétricas Onde: F = Força entre cargas (N);
puntiformes através de suas experiências com a q1, q2 = Cargas (C);
balança de torção chegou à conclusão que: k0 = Constante de proporcionalidade do
vácuo (ou do ar) (Nm2/C2)
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 3
________________________________________________________________________________________________

Exemplo resolvido 2.1: Duas esferas possuem A todo o momento assistimos


cargas de +2,0 C e estão dispostas no vácuo a manifestações do campo gravitacional terrestre,
uma distância de 3,0 cm uma da outra. Calcular de modo que sabemos, por experiência, que um
a força de repulsão entre elas. corpo abandonado nas proximidades da
superfície terrestre irá cair. A Terra modifica as
q1.q 2
Solução: F ko. propriedades do espaço que a circunda, criando
d2 o que se chama de campo gravitacional
2x10 6 C.2x10 6 C terrestre, fazendo com que uma certa massa,
9.109 Nm 2 / C2 . 40 N
(3x10 2 m) 2 situada num ponto desse campo, seja atraída em
direção ao centro da Terra.
Se o sistema de cargas contiver mais do Do mesmo modo que o campo
que duas cargas, devemos obter as forças sobre gravitacional dá origem a forças, existe também
uma carga (Q1, por exemplo) tomando as outras o campo magnético. Verifica-se que um imã
cargas, uma de cada vez, como se as outras não possui a propriedade de interagir com outros
existissem e depois somar vetorialmente as ímãs ou limalhas de ferro. Essa interação se
forças. manifesta à distância e, por essa razão, dizemos
que as limalhas estão sob a ação do campo
magnético do ímã.
F1 F12 F13 F14 ... (2.3)

2.2 - CAMPOS GRAVITACIONAL E


MAGNÉTICO N
N
Sabe-se que cargas elétricas exercem
forças entre si, sendo que cargas de mesmo sinal
Fig.2.4 – Campo magnético de imã permanente
se repelem e de sinais contrários se atraem. Este
efeito de atração ou repulsão é consequência do
“Campo Elétrico” existente na região onde as
cargas estão colocadas. O campo magnético é invisível, mas é
percebido pelos seus efeitos, isto é, pelas forças
Para entender mais facilmente o conceito sobre as limalhas. Podemos dizer que um imã
de campo elétrico é conveniente fazer uma modifica o espaço que o circunda, criando o
analogia com o conceito de campo gravitacional. campo magnético que faz com que um outro ímã
situado num ponto deste campo seja atraído ou
repelido.

P 2.3 - CAMPO ELÉTRICO


P a) Introdução
P
A existência de um campo elétrico está
intimamente ligada à presença de corpos
eletrizados. Quando uma carga elétrica é
Fig.2.3 – Campo gravitacional terrestre colocada numa região onde existe um campo
elétrico, ela sofrerá a ação de uma força elétrica,
a qual tenderá a movimentá-la.
II – 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

A diferença básica entre as forças num ponto P, próximo ao primeiro (conforme


elétricas e as forças gravitacionais é que estas Figura 2.5), ficará submetido a uma força F.
últimas são sempre de atração, enquanto que as A força F tem a direção da linha que une
primeiras podem ser de atração ou de repulsão. os dois corpos e seu sentido depende dos sinais
“Diz-se que existe um campo elétrico das cargas elétricas envolvidas. No caso da
numa certa região do espaço, quando uma Figura 2.6 ambas têm o mesmo sinal e assim a
carga elétrica ali colocada, sofrer a ação de força é de repulsão.
uma força. Se agora colocarmos no ponto P um
segundo corpo com uma carga (+)2q, este
Na Figura 2.5 temos uma carga elétrica sofrerá a ação de uma força de intensidade duas
(+)Q. Desejando-se analisar o campo elétrico no vezes maior que a primeira, isto é, 2F e assim
ponto P, coloca-se aí, uma carga de prova (+)q. sucessivamente.
Logo, se a carga (+)q colocada em P Assim, a força que age sobre um corpo
ficar submetida a uma força elétrica, podemos carregado, colocado num ponto determinado de
afirmar que no referido ponto existe um campo um campo elétrico, é diretamente proporcional
elétrico. A carga Q é chamada de carga criadora ao valor da carga elétrica colocada em P.
do campo e a carga elétrica (+)q utilizada para o
ensaio (prova) é denominada de carga de prova. (+) Q +q F
Normalmente, a carga de prova (+)q
P
possui um valor infinitamente pequeno em
relação à carga (+)Q criadora do campo. Assim,
(+) Q +2q 2F
o campo elétrico no ponto analisado sofre uma
influência desprezível em função da introdução
P
desta carga de prova.
Se a carga elétrica (+)q for retirada do (+) Q +3q 3F
ponto P, continuará existindo campo elétrico
neste ponto, pois conforme foi explicado
anteriormente, o campo elétrico em questão é Fig.2.6 – Definição de intensidade
produzido por (+)Q, independentemente da de campo elétrico
presença ou não da carga de prova q.
Assim, para certo ponto de um campo
elétrico, a relação entre a força elétrica e o valor
P
E da carga de prova é um valor constante.
+q Essa constante caracteriza
quantitativamente o campo elétrico naquele
+Q ponto e é chamada de intensidade de campo
elétrico (E).

Fig.2.5 – Carga criadora de campo e carga de prova


Logo, tem-se, por definição:

F
b) Intensidade de Campo Elétrico (E) E (2.4)
q
Sabemos que, se um pequeno corpo está
carregado com uma carga (+)Q, ele dá origem a
um campo elétrico nas suas proximidades. O resultado dessa divisão nos fornece a
Verifica-se experimentalmente que, se um outro força por unidade de carga colocada no ponto.
pequeno corpo com uma carga (+)q for colocado
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 5
________________________________________________________________________________________________

Se colocarmos no mesmo ponto uma


carga extremamente pequena, por exemplo,
(+)Q (+)q
(+)0,001q, irá sofrer a ação de uma força F E
proporcionalmente menor, porém a relação entre
força e a carga permanece constante. Assim P
Fig.2.7 – Sentido do campo elétrico
podemos intuir que o valor do campo naquele
ponto é uma constante e só depende da carga Percebe–se que uma carga (+)Q produz
criadora e da sua distância ao ponto. um campo elétrico sempre de “afastamento”
No Sistema Internacional de Unidades a para as cargas de prova positivas ali colocadas.
força é medida em Newton (N) e a carga em
Coulomb (C). Portanto, a unidade da intensidade O campo elétrico em torno de um corpo
de campo elétrico será N/C. Mais adiante carregado é comumente representado por linhas
provaremos que N/C é equivalente a V/m, que é de força.
a unidade de campo elétrico usada no SI. Essas linhas imaginárias, que nunca se
cruzam, são usadas para dar uma idéia visual do
A intensidade de um campo elétrico campo numa zona de espaço. Assim, elas nos
num ponto do espaço é de 1N/C, se uma carga ajudam a compreender o que acontece quando
de prova de 1C, ali colocada, fica submetida os campos atuam em conjunto.
a uma força de 1N.
c) Direção e sentido do campo elétrico E
O campo elétrico é uma grandeza
vetorial, isto é, possui um módulo (ou
intensidade), uma direção e um sentido. O
campo elétrico E tem sempre a mesma direção
da força F, independentemente do tipo de carga
de prova.
Na equação F = E.q, verificamos que o
produto de um número q (carga elétrica) por um Fig.2.8 – Linhas de força do campo elétrico
vetor E (campo elétrico) resulta num outro
vetor F (força) com as seguintes condições:
– Se q for positiva, a força (F) tem o mesmo 2º) Carga Q criadora do campo é negativa
sentido do campo elétrico (E);
– Se q for negativa, a força (F) e o campo
elétrico (E) tem sentidos contrários; (-)Q
E F (+)q

Sentido do campo elétrico produzido por Q P


Fig.2.9 – Sentido do campo elétrico de
O sentido do vetor campo elétrico carga criadora negativa
depende do sinal da carga que origina o campo,
conforme demonstramos a seguir:
A força F será de atração (para a
esquerda) e o campo elétrico E tem o mesmo
1º) Carga Q criadora do campo é positiva sentido de F, pois q é positiva.
Assumindo que a carga de prova q é Percebe–se que uma carga negativa (–)Q
positiva a força F será de repulsão (para a produz um campo elétrico sempre de
direita) e o sentido de E será o mesmo de F. “aproximação” para cargas de prova positivas.
II – 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

Ao lado temos a representação de um Estas placas condutoras estão carregadas


campo produzido por uma carga negativa, com cargas de mesmo valor, mas de sinais
através de suas linhas de força. opostos.
As linhas de força desse campo são retas
paralelas e igualmente espaçadas entre si.
Este tipo de configuração é típico dos
capacitores planos.
Abordagens mais aprofundadas sobre
campos elétricos são realizadas em estudos mais
específicos e rigorosos como ocorre na Teoria
Eletromagnética1 onde é aplicado um
Fig.2.10 – Linhas do campo elétrico de carga
ferramental matemático mais completo que foge
criadora negativa ao escopo pretendido neste trabalho.

Abaixo, temos algumas configurações


de campos elétricos. Na região onde as linhas de +++++++++++++++++++
força estão mais próximas, o campo elétrico é +
mais intenso. Portanto, no esquema à esquerda,
E
temos em A um campo maior do que em B e em
C o campo elétrico é nulo. E
- - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Fig.2.12 – Campo elétrico uniforme


A
Par de cargas de
+ + mesmo módulo e
C
mesmo sinal
Exemplo Resolvido 2.2:
Num determinado ponto do espaço,
B existe um campo elétrico, cuja direção é vertical
e cujo sentido é para baixo. Colocando-se nesse
ponto uma carga elétrica positiva de 3 C, ela
ficará submetida a uma força elétrica de 6N.
Determine o módulo (valor numérico) da
Par de cargas de intensidade de campo elétrico e diga também a
+ - mesmo módulo e direção e o sentido da força elétrica.
sinais opostos

Solução:

Fig.2.11 – Alguns espectros de campo elétrico q = 3 C = 3x10–6C; F = 6 N; E=?


com cargas positivas e negativas F 6N
E 2x106 N / C
q 3x10 6 C
Na Figura 2.12, está representado um
“campo elétrico uniforme”. Esse campo tem o
mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo 1
RESNICK, HALIDAY, KRANE – Física III;
sentido em todos os pontos situados entre as HAYT – Eletromagnetismo;
placas eletrizadas. ULABY - Eletromagnetismo para Engenheiros;
SADIKU – Elementos de Eletromagnetismo.
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 7
________________________________________________________________________________________________

Obs.: Sabe–se que E é vertical para 2.4 - RIGIDEZ DIELÉTRICA


baixo. Logo a origem deste campo poderá ser, Vamos imaginar que um campo elétrico
como exemplo, uma das três situações seja aplicado a um isolante, de acordo com a
representadas a seguir: Figura 2.15.

+++++++++++++++++++
+ bloco
F isolante
elétron
P P P - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Fig.2.15 – Isolante sob campo elétrico
E E E
Nessas condições, uma força elétrica
E
atuará sobre seus elétrons, tendendo a arrancá-
Fig.2.13 – a) Campos produzidos por: a) carga los de seus respectivos átomos. Isso ocorrerá
positiva; b) carga negativa; c) uma carga positiva e
quando a intensidade do campo elétrico atingir
uma negativa
um valor elevado, o qual ocasionará uma força
de valor suficiente para arrancar alguns elétrons
Assim sendo, se colocarmos uma carga
dos átomos.
positiva no interior desse campo elétrico, ela
tenderá a deslocar-se para baixo, ou seja, ela +++++++++++++++++++
ficará submetida a uma força elétrica de direção +
VERTICAL e sentido PARA BAIXO. F Faísca através
do ar
Isso é lógico, pois esta carga positiva
será, ou repelida pela carga positiva de cima
(caso a) ou atraída pela carga negativa de baixo - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
(caso b), ou ainda repelida pela positiva de cima Fig.2.16 – Rigidez do ar e a faísca
e, simultaneamente, atraída pela negativa de
baixo (caso c). Então, o material possui agora um
Nos esquemas mostrados na Figura 2.14, número elevado de elétrons livres,
está indicada a representação da força em cada transformando-se, portanto, num bom condutor
caso. de eletricidade.
“Rigidez dielétrica é o maior valor do
campo elétrico que pode ser aplicado a um
isolante sem que ele se torne condutor.

P P P
O valor da rigidez dielétrica varia de um
material para outro. Vamos considerar, por
F F F exemplo, duas placas eletrizadas com cargas
E E E iguais, mas de sinais contrários, separadas por
uma camada de ar. As duas placas são paralelas
entre si e o campo elétrico entre elas é uniforme.
E Se o campo criado por estas placas for inferior a
Fig.2.14 – Determinação do sentido da força
elétrica 3x106N/C (valor da rigidez dielétrica do ar), o ar
permanecerá como isolante. Entretanto, se o
campo elétrico ultrapassar este valor, o ar se
II – 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

tornará condutor, possibilitando que íons 2.5 - PODER DAS PONTAS


movimentem-se através do espaço. Um fenômeno interessante relacionado
Este movimento de cargas é chamado de com o conceito de rigidez dielétrica é o que se
descarga elétrica, a qual vem acompanhada de refere ao poder das pontas. A quantidade de
uma centelha e de um pequeno ruído causado carga existente por unidade de área (densidade)
pela expansão do ar que se aquece com a num condutor depende de sua forma geométrica
descarga. e é maior nas regiões mais afastadas do centro.
Portanto, sempre que observamos uma Assim, em uma esfera condutora
“faísca elétrica” saltar de um corpo para outro eletrizada, a concentração das cargas é a mesma
(do pente para o cabelo, de uma roupa de nylon em todos os pontos de sua superfície, mas em
para o corpo, entre os terminais de um um condutor cuja superfície apresenta formato
interruptor, etc.), podemos concluir que a rigidez variável a densidade de cargas é muito maior nas
elétrica do ar situado entre estes corpos foi regiões pontiagudas (Figura 2.18).
ultrapassada e ele se tornou momentaneamente
um condutor. Se aumentarmos a carga elétrica no
condutor metálico, a intensidade do campo
Vamos analisar agora o caso prático das elétrico em torno dele também irá aumentar.
descargas elétricas que ocorrem em dias de
tempestades. Em tal situação, verifica-se a É fácil percebermos que na região mais
existência de uma separação de cargas, ficando, pontiaguda o valor da rigidez dielétrica do ar
por exemplo, uma nuvem eletrizada será ultrapassado antes que isto ocorra nas
positivamente e a outra eletrizada demais regiões.
negativamente.

Faíscas através
do ar

Fig.2.18 – Poder das pontas

Raios
O poder das pontas encontra uma
Superfície da terra importante aplicação na construção dos para-
raios tipo Franklin. Esse dispositivo consiste
essencialmente numa ponta metálica que deve
Fig.2.17 – Descargas de origem atmosférica
ser colocada no ponto mais elevado do local a
Analisando a Figura 2.17, podemos ser protegido. O para-raios é ligado à Terra por
deduzir que entre as nuvens surge um campo meio de um cabo condutor.
elétrico. Além disso, estando a nuvem mais
baixa com carga positiva, ela irá induzir uma
carga negativa na superfície da Terra e, portanto,
entre esta nuvem e a Terra estabelece-se também
um campo elétrico. À medida que aumentam as
cargas elétricas nas nuvens, as intensidades dos
campos vão aumentando, acabando por
ultrapassar o valor da rigidez dielétrica do ar.
Quando isto acontece, o ar torna-se condutor,
ocasionando uma descarga elétrica, ou seja, um
raio.
Fig.2.19 – Para-raios tipo Franklin
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 9
________________________________________________________________________________________________

Quando uma nuvem elétrica passa sobre no seu redor ele uma caixa ou uma malha
o local, o campo elétrico estabelecido entre a condutora.
nuvem e a Terra torna-se muito intenso. Então, o Como, no interior dessa casca condutora
ar se ioniza, tornando-se condutor, fazendo com o campo elétrico é nulo, o aparelho A não será
que a descarga elétrica (raio) se processe através afetado por nenhum efeito elétrico externo.
da ponta do para-raios, e assim as cargas Isso se deve ao fato que o deslocamento
elétricas podem ser transferidas para a Terra ou de cargas na capa gera outro campo elétrico (E2)
para as nuvens sem causar danos. que cancela o campo elétrico no local onde está
Existe maior probabilidade do raio cair o objeto a ser protegido.
no para-raios do que em outro local da
vizinhança. + E1 -
Por norma a “região de proteção” de um + -
A
para-raios é um cone centrado no para-raios + -
dentro do qual deve estar o prédio a ser + E2 -
protegido2.
Fig. 2.20 – Blindagem eletrostática
Convém lembrar que em dias de
tempestade é preferível molhar-se do que ficar Em meados do século XIX, o físico
sob uma árvore ou qualquer outra cobertura que inglês Michael Faraday construiu uma grande
possa funcionar como um para-raios inoportuno. gaiola de metal que era isolada da Terra. Ficou
no seu interior com um eletroscópio e pediu que
2.6 - BLINDAGEM ELETROSTÁTICA a eletrizassem (Figura 2.21). Foi muito curioso,
pois saíam faíscas da gaiola mas Faraday nada
Nos corpos condutores carregados sofreu, nem o eletroscópio que levava consigo
eletricamente, percebe-se que as cargas elétricas detectou qualquer carga. Esse experimento
em excesso se repelem, ficando o mais distante arrojado deu origem à famosa “gaiola de
possível uma das outras. Por este motivo as Faraday”3.
cargas vão se depositar na superfície dos
condutores atingindo em seguida seu estado de
equilíbrio eletrostático que é o estado de repouso
das mesmas. Como as cargas estão paradas é
sinal de que a força resultante que atua sobre
eles é nula. Com isto pode-se afirmar o campo
elétrico no interior do condutor também será
nulo pois F = q.E.

Um condutor, em equilíbrio eletrostático,


mesmo carregado, possui campo elétrico
sempre nulo no seu interior.

Blindar significa proteger um corpo de Fig.2.21 – Gaiola de Faraday


influências elétricas externas (Figura 2.20).
Se um carro for atingido por um raio ou por
Portanto para blindar o aparelho (A) um cabo de alta tensão, por exemplo, as pessoas
contra as influências do campo E1, colocamos que se mantiverem no seu interior nada sofrerão,

2 3
NBR 5419/2001: Proteção de estruturas contra Disponível em: http://kawanamu.blogspot.com /2011/01/
descargas atmosféricas. como-fazer-uma-gaiola-de-faraday.html
II – 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

porque a estrutura metálica do carro blinda o seu 2.3 - Duas cargas elétricas puntiformes, q1 e
interior de qualquer influência elétrica externa. q2, separadas por uma certa distância d,
interagem com força de intensidade F. Se
Hoje a gaiola de Faraday é utilizada
uma das cargas duplicar, a força F:
como uma roupa por eletricistas de linha viva
que trabalham ao potencial dos cabos. a) também duplica.
Outra aplicação prática desse fenômeno b) se reduz à quarta parte.
consiste no uso de sacos de blindagem contra c) se reduz à metade
eletricidade estática para transporte de
componentes eletrônicos sensíveis. Em redes de d) quadruplica.
TV a cabo, existe uma capa metálica externa,
que também tem a função de efetuar uma
blindagem, ou seja, ela isola os fios internos de 2.4 - A intensidade da força de interação entre
alguma influência elétrica que poderia perturbar duas cargas elétricas pontuais q1 e q2, é F,
a transmissão de informações. quando separadas por uma certa distância.
Se q1 duplicar e q2 se reduzir à metade, a
força passará a ser F2. Pode-se afirmar que:
Questões e problemas a)F2 = 2F
b) F2 =4F
2.1- A Lei de Coulomb afirma que a c) F2 =F
intensidade da força de interação entre duas d) F2 =F/2
cargas pontuais, q1 e q2, separadas por uma
determinada distância, é:
A força de interação entre duas cargas, q1
a) inversamente proporcional à distância.
e q2, quando separadas pela distância d, tem
b) diretamente proporcional à distância. intensidade F. (Este enunciado se refere às
c) inversamente proporcional ao quadrado questões 2.5 e 2.6)
da distância. 2.5 - Reduzindo a distância à metade de d, a
d) diretamente proporcional ao quadrado da intensidade da força será igual a:
distância. a) 2F
b) F/2
2.2 - A intensidade da forca elétrica entre duas c) 4F
cargas elétricas puntiformes, q1 e q2,
d) F/4
separadas por uma certa distância d,
depende:
a) somente da distância d e das cargas q1 e 2.6 - Triplicando a distância, a intensidade da
q2. força será igual a:
b) somente das cargas q1 e q2 . a) 3F
c) das cargas q1 e q2, da distância d e do b) F/3
meio onde elas se situam.
c) 9F
d) somente da distância e do meio onde elas
d) F/9
se situam.
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 11
________________________________________________________________________________________________

Duas cargas elétricas, q1 e q2, separadas C e q2 = 4x10-5C, para que elas se exerçam
pela distância de 9 cm, interagem com uma mutuamente uma força de 2 x102N?
força de intensidade 36 N. Mantendo q1 e q2
e o meio onde essas cargas se encontram,
responda as questões 2.7 e 2.8. 2.12 - Qual é o valor de duas cargas iguais que
se repelem com uma força de 3,5N
quando postas à distância de 0,5m?
2.7 - Duplicando a distância entre elas, a força
elétrica terá valor igual a:
2.13 - Duas cargas pontuais negativas,
a) 18 N
q1=4,3 C e q2=2,0 C, estão situadas no
b) 72 N ar, separadas por uma distância r=30cm
c) 9N (figura abaixo).

d) 144 N q1 q2

2.8 - Reduzindo a distância até 3cm, a força r


elétrica passará a ter o valor de:
a)324N
b)4N a) Desenhe, na figura, a força que q1
exerce sobre q2. Qual é o valor desta
c)108N força?
d)12N b) Desenhe, na figura, a força que q2
exerce sobre q1. Qual é o valor desta
força?
2.9 - Calcule o valor da força elétrica entre duas
pequenas esferas (cargas puntiformes) que 2.14 - A figura dada representa três corpos com
distam 0,2 m, estão no vácuo e possuem carga elétrica igual a q. A força elétrica
quantidades de cargas q1 = (+) 5,0 x 10-6 C que a partícula A exerce em B tem
e q2 = (-)8,0x10-6C. Faça um esquema onde intensidade F=3,0x10-6N.
apareçam as duas cargas e o vetor força
elétrica que atua em cada uma.
A B C
2.10 – Perto de uma pequena esfera (1)
eletrizada positivamente com uma - + +
quantidade de carga +2,0 C, é posta outra 2 cm 1 cm
esfera (2) como carga de prova. A força
elétrica de interação entre elas vale 0,4N.
a) Sabendo que a quantidade de carga na Determine:
esfera (2) é +0,2 C, determine o valor da a) a intensidade da força elétrica que C
distância entre as esferas. aplica em B.
b) Retirando-se do local a carga de prova, o b) a intensidade da força elétrica resultante
campo da esfera (1) deixa de existir? Por em B.
quê?
2.15 - Num ponto próximo à superfície da Terra
2.11- A que distância uma da outra é preciso existe um campo elétrico de 80N/C, dirigido
dispor, no vácuo, duas cargas q1 = 3 x10-5 verticalmente para baixo. Sabendo-se que
II – 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

esse campo é causado por uma carga 2.19 - Responda as perguntas a seguir:
elétrica existente na Terra, qual é o sinal
dessa carga? a) Duplicando–se o valor da carga elétrica
que está imersa num campo elétrico, o que
irá acontecer com o valor da força sobre a
2.16 – Na figura ao referida carga?
lado, está a b
b) Qual é a unidade utilizada no Sistema
representado + - Internacional de Unidades, para a medição
um fio da intensidade de campo elétrico?
condutor onde existem três elétrons livres. c) Certo corpo eletrizado, quando colocado
As extremidades “a” e “b” desse fio foram num determinado campo elétrico, sofreu a
ligadas, respectivamente, aos polos positivo ação de uma força elétrica F. Se o mesmo
e negativo de uma bateria, de modo que irá corpo for colocado numa outra região e
surgir um campo elétrico no interior do ficar submetido a uma força elétrica cinco
condutor. Complete as lacunas a seguir: vezes menor, o que podemos afirmar sobre
a) Dentro do fio existe um campo elétrico a intensidade do campo elétrico nessa outra
cujo sentido é do polo _______________ região (compare os dois campos)?
para o polo _______________.
b) Em função do campo elétrico, surgirá
2.20 – Assinale, dentro dos parênteses,
um(a) _______________ que atuará sobre
verdadeiro (V) ou falso (F).
os elétrons livres, os quais tenderão a se
deslocar do polo _______________ para o
polo _______________. a) ( ) Quando um isolante se comportar
como elemento condutor é sinal de
que sua rigidez dielétrica foi
2.17 - Se na questão anterior, a polaridade da ultrapassada.
bateria fosse invertida, o que iria acontecer b) ( ) No caso de existir um campo
com o sentido: elétrico superior a 3x106N/C entre
a) do campo elétrico? duas nuvens com cargas de sinais
b) da força elétrica sobre os elétrons? contrários, deverá surgir uma
faísca.
c) ( ) O poder das pontas refere-se ao
2.18 - Assinale a afirmativa errada. fenômeno da concentração das
cargas elétricas que ocorre nas
a) O campo elétrico é uniforme quando E regiões mais planas do material.
tem o mesmo módulo, mesma direção e d) ( ) A extremidade superior de um
mesmo sentido em todos os pontos. para-raios sempre eletriza-se
b) Quando os elétrons de um fio se positivamente, independente do
deslocam é sinal que existe um campo tipo de carga que possui a nuvem
elétrico entre suas extremidades. mais próxima.
c) Quando uma carga é colocada no interior
de um campo elétrico, ela sofre a ação de
uma força elétrica, cujo sentido depende do
sinal desta carga.
d) As linhas de força de um campo elétrico 2.21 - Um feixe de ânions incide
qualquer são sempre representadas por retas horizontalmente no centro de um anteparo
paralelas e equidistantes entre si. vertical, como mostra a figura deste
problema. Se for aplicado ao feixe apenas
um campo elétrico E, como aquele
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 13
________________________________________________________________________________________________

mostrado na figura, para onde seria 2.25 - Uma pessoa verificou que no ponto P da
desviado o feixe? figura ao lado existe um campo elétrico E,
horizontal, para a direita, criado pelo corpo
A eletrizado positivamente. Desejando medir a
intensidade de campo em P, a pessoa
E colocou nesse ponto uma carga q=2x10–7C
C
e verificou que sobre ela atuava uma força
D
F=5x10–2N. Qual o valor da intensidade do
campo elétrico em P?
B

2.22 - Quando abandonamos uma carga (+q) +


num ponto de um campo elétrico qualquer:
a) ela ficará em repouso. + P E
b) ela se movimentará no sentido das linhas
de força.
c) ela se movimentará no sentido contrário
+
das linhas de força.
d) ela se movimentará inclinada em relação
+
às linhas de força.
e) N.D.R.
2.26 - Retirando–se, do exercício anterior, a
2.23 - Um estudante distribui pequenos pedaços carga q e colocando-se em P uma carga
de papel sobre uma placa de isopor debaixo positiva q1=3x10–7C, qual será o valor da
de uma peneira de plástico. Ele atrita um força elétrica F1 que atuará sobre essa carga
pente em seus cabelos, aproxima-o da e qual o sentido do movimento que ele
peneira e repara que os papéis são atraídos tenderá a adquirir?
pelo pente. Depois troca a peneira de
plástico por outra peneira metálica e repete
o experimento. Observa, então, que os
papéis não são atraídos pelo pente. 2.27 - Num ponto do espaço existe um campo
Essa diferença de comportamento é devido elétrico de 5x104N/C, horizontal, para a
ao fato de a: esquerda. Colocando-se uma carga q nesse
a) Eletricidade do pente ser anulada pelo ponto, verifica-se que ela tende a se mover
magnetismo da peneira metálica. para a direita, sujeita a uma força elétrica de
b) Peneira de plástico e os pedaços de papel 0,2N.
serem isolantes elétricos. a) Qual é o sinal da carga q?
c) Peneira metálica criar uma blindagem b) Determine, em microCoulomb ( C), o
eletrostática. valor de q?
d) Peneira metálica ter propriedades
magnéticas.
e) Peneira de plástico não ser feita de
material isolante. 2.28 - Num ponto P do espaço existe um campo
elétrico de valor igual a 10kN/C, com
2.24 - Verifica–se que uma carga positiva de
direção e sentido representados na figura.
1,5 C, colocada num ponto P, fica sujeita a Colocando-se nesse ponto um objeto
uma força elétrica de 0,6N. Qual é a eletrizado com uma quantidade de carga
intensidade do campo elétrico em P? desconhecida, ele desloca-se verticalmente
II – 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

para cima, sob ação de uma força de


160mN. Determine o valor da carga
Respostas selecionadas
existente no objeto e diga também o seu
sinal.
2.9 - F = 9,0 N

2.10 - a) d = 94,87 mm; b) Não, o campo


elétrico só depende de q1 e da distância à
P mesma.

2.11 - d = 0,232 m

E 2.12 - q = 9,86 C

2.13 - a) F = 0,86 N; b) F = 0,86 N.

2.14 - a) F = 12 N; b) F = 15 N

2.24 - E = 0,4 x 106 N/C

2.25 - E = 0,25x106 N/C

2.26 - Fl = 7,5 x 10-2N = 0,075N; sentido: da


esquerda para a direita (mesmo sentido do
campo)

2.27 - a) Negativa; b) q = 4 C

2.28 - q = (-) 16 C
Capítulo III – DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO

Alessandro Volta (1745 - 1827)


Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta foi um físico
italiano, conhecido especialmente pela invenção da bateria. Volta
nasceu e foi educado em Como, Itália, onde ele se tornou professor de
Física na Escola Real em 1774. A sua paixão foi sempre o estudo da
eletricidade.
De vi attractiva ignis electrici ac phaenomenis inde
pendentibus foi seu primeiro livro científico.
Em 1775 ele criou o eletróforo, uma máquina que produzia
eletricidade estática. Em 1779 ele tornou-se professor de Física na
Universidade de Pavia, posição que ocupou durante 25 anos.
Em 1800, como o resultado de uma discórdia profissional com Luigi Galvani, Volta
desenvolveu a tão-falada pilha voltaica (comprovando que para a produção de eletricidade, a
presença de tecido animal não era necessária), um predecessor da bateria elétrica. Volta determinou
que os melhores pares de metais dissimilares para a produção de eletricidade eram zinco e prata.
Inicialmente, Volta experimentou células individuais em série, cada célula sendo um cálice de vinho
cheio de salmoura na qual dois eletrodos dissimilares foram mergulhados. Em honra ao seu
trabalho no campo da eletricidade, Napoleão fez de Volta um conde em 1810; em 1815, o Imperador
da Áustria nomeou Volta professor de Filosofia na Universidade de Pádua. Volta está enterrado na
cidade de Como, Itália. O Templo Voltiano perto do Lago Como é um museu dedicado ao trabalho
do físico italiano; os seus instrumentos e publicações originais estão expostos neste local.
Em 1881 uma importante unidade elétrica, o Volt, foi nomeada em homenagem a Volta.
[http://www.explicatorium.com/Alessandro-Volta.php]

3.1 - ENERGIA E TRABALHO Através deste exemplo fica definido


trabalho mecânico como sendo o produto da
Sabe-se que ocorre um movimento de
força exercida (f) pelo deslocamento (d)
elétrons através de um condutor quando o
imposto ao móvel.
mesmo for submetido a um campo elétrico.
Esses elétrons ficam sujeitos a forças f
elétricas que tendem a provocar o citado
movimento, o qual deverá persistir se entre as
extremidades do condutor for mantida uma d
diferença de potencial.
Para entendermos a definição de
diferença de potencial elétrico (ou tensão
elétrica) necessitamos compreender o Fig.3.1 – Realização de trabalho mecânico
significado de “trabalho” e de “energia”.
Vamos supor que um atleta vai levantar Wm f .d (3.1)
um objeto de massa (m) desde o chão até acima
da sua cabeça. Ele vai fazer uma força constante Onde: Wm = trabalho mecânico realizado (em
(f) para vencer a força da gravidade (igual ao Joules)
peso do objeto) durante todo o deslocamento d. f = força na direção do deslocamento (em
Dizemos que esse homem realizou um trabalho Newtons)
sobre o objeto.
d = deslocamento (em metros)
III - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

O atleta, para realizar o trabalho, gastou deslocamento.


parte de sua energia interna a qual foi obtida
através da reação química dos alimentos. Wm = f.d.cos (3.2)

Assim sendo podemos definir energia: Onde: = ângulo entre o sentido da força e o
sentido do deslocamento.
Energia é a capacidade de realizar trabalho.
Sua unidade é a mesma do trabalho, ou 3.2 - DIFERENÇA DE POTENCIAL
seja, Joule.
a) Definição
Não esqueça que a energia não pode ser
criada nem destruída e sim apenas transformada Vamos supor que um conjunto de corpos
ou transferida. O processo de transferência ou de eletrizados está criando um campo elétrico
transformação da energia está, em geral, vertical para baixo, no vácuo ou dentro de um
associado à troca de forças entre os corpos e ao condutor. Consideremos dois pontos a e b neste
deslocamento dos mesmos. campo elétrico de acordo com a Figura 3.2.
No caso em questão o corpo que foi
levantado e ficou dotado de uma energia ++++++++++++
chamada de energia potencial que é exatamente q a
igual ao trabalho realizado pelo homem.
Através do exemplo mencionado acima,
E Fe d
vemos que a noção de energia pode estar
relacionada com movimento. Um sistema possui
energia se está em movimento ou se é possível q b
obter movimento a partir da situação em que ele
se encontra. Fe
O trabalho de uma força é uma grandeza
escalar (número+unidade) que corresponde à Fig.3.2 – Realização de um trabalho elétrico no
deslocamento de uma carga
medida de uma quantidade de energia
transferida ou transformada entre os sistemas.
Se o campo elétrico deslocar uma carga
O trabalho, na definição física da
de prova (+)q do ponto a para o ponto b, haverá
palavra, não corresponde ao uso vulgar do
a realização de um trabalho Wab sobre a carga
termo. Um atleta parado, que segura um grande
porque, durante todo o trajeto, o campo elétrico
peso no alto, pode dizer que está realizando um
está aplicando uma força Fe sobre a carga.
trabalho duro (no sentido fisiológico), mas, do
ponto de vista da Física, ele não está produzindo Noutras palavras, Wab representa uma
nenhum trabalho uma vez que a sua força não certa quantidade de “energia” que a força
está provocando deslocamento. elétrica Fe transfere para a carga (+)q em seu
deslocamento de a para b.
Da mesma forma, se o atleta
transportasse os halteres horizontalmente Se for transportada uma carga com o
também não realizaria trabalho, pois a sua força dobro do valor haverá o dobro da força agindo
é vertical e o deslocamento é horizontal logo não sobre a mesma, logo o trabalho realizado será o
há nenhuma componente da força na direção do dobro e assim sucessivamente.
deslocamento. Portanto, a força e o trabalho realizado
Assim a Equação 3.1 deve ser serão proporcionais à carga. Na verdade, para
modificada para 3.2 para contemplar a qualquer valor de carga transportada entre estes
componente da força na direção do mesmos dois pontos, teremos sempre a mesma
Diferença de potencial elétrico III - 3
________________________________________________________________________________________________

relação entre o trabalho realizado e a carga


transportada.
Assim, em vez de trabalharmos com
campo elétrico, que é uma grandeza vetorial,
podemos usar uma grandeza escalar, mais
simples, para o estudo dos fenômenos elétricos.
Essa grandeza é definida como:
220V
“Diferença de potencial entre dois
pontos é a razão entre o trabalho realizado Fig.3.3 – Exemplos de fontes de tensão elétrica bem
para deslocar uma carga entre estes dois conhecidas
pontos e o valor da carga transportada”.
Exemplo resolvido 3.1: Suponhamos que uma
carga positiva q = 2x10-7 C se deslocasse entre
V
W dois pontos “a” e “b” e que o trabalho realizado
(3.3)
q pela força elétrica sobre a carga fosse Wab =
5x10-3J.
Onde: V = Diferença de potencial (J/C ou V);
W = Trabalho realizado sobre a carga (J); Qual é o valor da ddp entre os pontos “a” e “b”
q = Carga transportada (C). (Vab)?
Solução:
Na linguagem popular como também na
q = 2x10-7C; Wab = 5x10-3J; Vab = ?
técnica, a diferença de potencial é mais
conhecida como tensão elétrica e é interpretada Vab = Wab/q = 5x10-3J / 2x10-7C = 2,5x104 V
como uma quantificação do desequilíbrio _________________________
elétrico entre os pontos considerados.
O conceito de tensão está muito b) Relação entre ddp e o campo elétrico
difundido no nosso cotidiano.
Por este motivo as fontes de energia Já foi dito acima que a relação entre o
elétrica em geral têm suas características trabalho realizado e a carga transportada não se
expressas termos de tensão (em Volts) e não em altera para qualquer valor de carga. Isto nos leva
termos de campo elétrico (em N/C ou V/m). a concluir que, se a carga transportada tender a
Você já deve ter ouvido falar que, nas zero, o trabalho também tende a zero e esta
residências, existem tomadas elétricas de 110V e relação ainda se mantém constante.
de 220 V. Assim, a diferença de potencial entre
Como vimos, sendo 220 V = 220J/1C, dois pontos de um campo elétrico existe mesmo
isto significa que, se um aparelho elétrico for que nenhuma carga seja transportada entre os
ligado nesta tomada, cada carga de 1 C que se mesmos.
deslocar de um terminal para o outro, receberá Nota-se também que a diferença de
220 J de energia do campo elétrico existente na potencial é maior onde o campo elétrico for mais
tomada (a carga, por sua vez, transfere ao intenso, pois são geradas forças maiores sobre
aparelho esta energia). as cargas a serem transportadas e,
Do mesmo modo, quando dizemos que a consequentemente, é realizado um maior
bateria de uma automóvel apresenta uma ddp de trabalho.
12V, teremos uma energia de 12 J transferida A Figura 3.4 mostra duas placas
para cada 1C que se deslocar de um polo para paralelas, separadas por uma distância “d” e
outro. eletrizadas com cargas iguais e de sinais
contrários. Como sabemos, entre elas existe um
III - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

campo elétrico uniforme E, dirigido da placa 1V/m é a intensidade de um campo elétrico


positiva “a” para a negativa “b”. uniforme existente, por exemplo, entre duas
placas eletrizadas com cargas de mesmo valor e
++++++++++++ a
q de sinais contrários, separadas por uma
distância de 1m e submetidas a uma ddp de 1V.
A expressão Vab = E.d nos mostra,
então, que a ddp entre dois pontos de um campo
Fe d elétrico uniforme será tanto maior quanto maior
E
for a intensidade deste campo. Esta expressão é
de grande utilidade, pois ela nos permite obter o
valor do campo elétrico através da medida da
b tensão Vab e da distância d. Esta utilidade
decorre do fato de ser a ddp medida facilmente
Fig.3.4 – Relação entre ddp e campo elétrico
uniforme
por meio de um voltímetro. Por outro lado,
aparelhos que medem diretamente a intensidade
do campo elétrico não são comuns.
Para calcularmos a ddp entre essas duas Devido ao escopo prático deste trabalho
placas, abandonamos uma carga de prova o cálculo da tensão a partir de um campo
positiva q junto à placa “a” e determinamos o elétrico não-uniforme será deixado para
trabalho elétrico Wab que o campo realiza sobre disciplinas mais profundas como Teoria
esta carga, ao deslocá-la de “a” para “b”. Já Eletromagnética.
vimos que a ddp será obtida por Vab = Wab/q.
c) Analogia com circuito hidráulico

No caso de campo uniforme, o cálculo Outra comparação que pode ser feita
do Wab pode ser efetuado facilmente, pois a com a ddp elétrica é o desnível entre dois
força elétrica F que atua em q permanece tanques que se comunicam através de canos.
constante enquanto esta carga se desloca. Nessas
condições, como a força F tem a mesma direção
a
e o mesmo sentido do deslocamento, temos:
Wab = F.d mas F = q.E logo Wab = q.E.d
h
Aplicando a equação de definição de
tensão temos:
b
Wab q.E.d
Vab Vab E.d (3.4)
q q
ou E = Vab /d (3.5) bomba

Onde: E = intensidade de campo elétrico (V/m);


Vab = ddp entre “a” e “b” (V); Fig.3.5 – Analogia entre a ddp elétrica e a
pressão hidráulica
d = distância entre “a” e “b” (m).

Vimos anteriormente que a unidade de A fonte é comparada a uma bomba que


campo elétrico é Newton/Coulomb, entretanto, retira cargas de um reservatório e põe no outro
pela expressão E = Vab/d, vemos que é possível causando e mantendo o desequilíbrio entre os
medir o valor de E usando a unidade Volt/metro. mesmos. Se comunicarmos um tanque ao outro
Assim 1 N/C é equivalente a 1V/m. com um cano e abrirmos o registro, haverá
movimento de cargas de um para o outro com
Diferença de potencial elétrico III - 5
________________________________________________________________________________________________

uma vazão que dependerá da ddp entre os esquerdo da Figura 3.6) o campo elétrico é
mesmos, ou seja, do desnível elétrico entre eles. vertical e aponta de cima para baixo.
A pressão hidráulica é proporcional ao Se o agente externo levar uma carga
desnível dos tanques assim como a ddp é positiva q lentamente (movimento quase-
proporcional ao desequilíbrio elétrico entre dois estático) do ponto B até o ponto A então a sua
pontos. força Fext vai realizar um trabalho positivo sobre
a carga, ou seja, ela vai adquirir um aumento da
d) A convenção dos índices da tensão energia potencial igual ao trabalho realizado
pela fonte externa.
A tensão entre dois pontos geralmente é
designada através de um índice duplo onde o A razão entre o trabalho da fonte externa
primeiro significa o lado mais positivo e o WBA e a carga transportada é q nos fornece a ddp
segundo o lado mais negativo. Por exemplo, se entre os pontos A e B (VAB).
uma tensão é expressa por VAB = 6 V significa
WBA
que o ponto A está 6 V mais positivo que B. Se VAB (3.6)
a ddp VCD = -1,5 V significa que o ponto C está q
negativo em relação a D em 1,5 V. Neste exemplo a tensão VAB é positiva,
ou seja, o ponto A está num potencial mais alto
que B. Esta ddp, obtida nas fontes, é geralmente
A A
chamada de força eletromotriz.

l Usaremos agora a segunda forma de


pensar, o que nos remete implicitamente à
análise dentro do receptor (um resistor, no caso).
E, l Enfocaremos agora o trabalho realizado
E pela força elétrica para deslocar a carga q do
ponto A até o ponto B através do resistor. Neste
caso o trabalho da força elétrica WAB também
B B será positivo pois o sentido do deslocamento é o
mesmo da força elétrica. Neste caso a carga está
Fig.3.6 – Índices da diferença de potencial
perdendo a sua energia potencial elétrica que é
Alguns autores preferem definir a transformada em calor em igual quantidade.
diferença de potencial entre dois pontos usando A ddp entre os pontos A e B (VAB) será a
o trabalho realizado pela força de um agente razão entre o trabalho realizado pelo campo
externo1 para deslocar a carga entre os pontos WAB e a carga transportada q.
dentro do campo, porém outros2 preferem
explorar o trabalho realizado pela força elétrica WAB
VAB (3.7)
durante esse deslocamento. q
Ao usarmos o primeiro raciocínio Observe que os índices do trabalho
estamos implicitamente pensando na origem da foram trocados, porém, como o ponto A é mais
ddp que é a fonte elétrica. Dentro da fonte (lado positivo que B, a tensão VAB também será
positiva como o era na outra forma de pensar.

1
HAYT-Eletromagnetismo, ULABY- Eletromagnetismo
para Engenheiros
2
RESNICK – Física III,
III - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

3.3 - TIPOS DE TENSÃO E MEDIÇÕES mesmo valor, porém com polaridades invertidas,
de modo que o movimento de cargas no instante
a) Tensão contínua
t1 possui um sentido contrário ao movimento de
A tensão ou ddp contínua origina um cargas no instante t3.
movimento unidirecional de cargas elétricas, isto
é, a mesma quantidade de carga se movimenta a + Cargas
sempre com o mesmo sentido. Este tipo de ddp é
Vab R
fornecido por pilhas ou baterias, portanto o fio 1
ligado ao polo positivo é denominado de “fio b -
2V
positivo”, enquanto que o fio ligado ao polo Vab
negativo da fonte é denominado de “fio
negativo”. Vmax

t0 t1 t2 t3 t4 t(ms)
Cargas
+
R -Vmax
12 V
V Fig.3.8 – Circuito e forma de onda de tensão CA.
ab -
A ddp alternada representada no mesmo
gráfico é chamada de senoidal, sendo que entre
Vab os instantes t0 e t4 existe um ciclo completo, ao
longo do qual a grandeza elétrica atinge todos os
valores instantâneos possíveis. Nos terminais
das tomadas de nossas casas temos uma ddp
t0 t1 t2 t3 t4 t(ms) alternada de frequência igual a 60Hz. (60 Hertz
= 60 ciclos/segundo).
Fig.3.7 – Circuito e forma de onda de tensão CC.

Num gráfico do comportamento da ddp c) Instrumento de medição


em função do tempo obtém-se uma linha reta,
A grandeza “diferença de potencial”
indicando que para instantes diferentes de tempo
pode ser também denominada de “voltagem”,
corresponde sempre um único valor de ddp. Por
“tensão elétrica” ou ainda “força eletromotriz”
comparação com a corrente contínua, usa-se
quando se referir a uma fonte. O instrumento
chamá-la de tensão CC ou tensão DC.
utilizado para medir essa grandeza é o
voltímetro.
b) Tensão alternada
A ddp alternada (tensão CA ou AC),
conforme o próprio nome sugere, origina um
movimento de cargas que varia em velocidade e
em sentido. Nas tomadas elétricas residenciais,
que são alimentadas por alternadores, existem
tensões alternadas. Um dos fios é o “fio fase” e
o outro é o “fio neutro”. Cargas
O gráfico da Figura 3.8 representa a
a +
variação desta ddp em função do tempo. Nota-se Vab V L
1
que, para instantes diferentes de tempo, b -
2V
correspondem valores diferentes de ddp. Por
exemplo, nos instantes t1 e t3 existem ddp de Fig.3.9 – Voltímetro e sua instalação
Diferença de potencial elétrico III - 7
________________________________________________________________________________________________

Para se medir a ddp entre dois pontos de


um circuito, os terminais do medidor devem ser Exemplo 3.2: Medição de uma ddp alternada
conectados a esses pontos. Desse modo, o de 110V
medidor fica em paralelo com o trecho do 1º) Com o multímetro ligado, os cabos
circuito compreendido entre os pontos, sendo
são colocados nos bornes Comum e V- , e o
que sua conexão não altera o funcionamento do
seletor colocado na escala de tensão alternada
referido circuito. A Figura 3.9 apresenta o
VCA num valor em torno de 200V.
aspecto físico de um voltímetro, o seu símbolo e
a maneira de ligá-lo. 2º) Colocamos as ponteiras do
instrumento em paralelo com os pontos de
O multímetro é um instrumento que
medição, sem nos preocuparmos com a
pode realizar vários tipos de medições como, por
polaridade. (A ddp alternada muda
exemplo, tensão, corrente elétrica e resistência
periodicamente de polaridade, diferentemente de
elétrica. No momento nos interessa apenas a sua
uma ddp contínua que tem sua polaridade fixa).
utilização como medidor de ddp, ou seja, como
voltímetro. 3º) No visor do instrumento deverá
aparecer a imagem 110.0 (se for digital) ou o
Exemplo 3.1: Medição da ddp de uma bateria ponteiro apontará para 110V (se for analógico).
(ddp contínua) de 9V
A posição das ponteiras do
1º) Com o multímetro ligado, as multímetro não interessa
ponteiras são colocadas nos bornes Comum e
V- e é feita a seleção para tensão contínua
(VDC) e escala de 20V, por exemplo.
2º) Colocamos as ponteiras do V A com
instrumento em paralelo com a bateria, sendo
que a ponteira que está no borne V A é Fig.3.11 – Voltímetro: Medição de tensão CA
colocada no polo positivo da bateria e a ponteira
que está no borne Comum, no polo negativo da 3.4 - POTENCIAL ELÉTRICO DE UM
bateria. PONTO
3º) No visor do instrumento deverá É comum o cálculo da ddp entre dois
aparecer a imagem 9.00 (se for digital) ou o pontos de um campo elétrico. Entretanto,
ponteiro de instrumento deverá apontar para 9V costuma-se empregar, com frequência, o
(se for analógico). conceito de “potencial de um ponto”. Mas o
potencial num ponto nada mais é do que a ddp
entre este ponto e um outro tomado como
Ponteiras do multímetro referência. Então, para calcularmos o potencial
num ponto “a”, devemos inicialmente escolher,
arbitrariamente, um outro ponto P, denominado
“potencial de referência”, ao qual se atribui um
potencial nulo (Vp = 0).
V A com Calculando-se, em seguida, a ddp entre
“a” e “P”, obtemos o “potencial de a (Va) em
relação a P”.
Fig.3.10 – Voltímetro: Medição de tensão CC Assim como as temperaturas num
sistema nos permitem conhecer o sentido do
fluxo de calor, os potenciais elétricos no campo
elétrico nos permitem prever o sentido em que
III - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

tendem a se mover as cargas elétricas carregada, menor será o valor do potencial


abandonadas nesse campo. elétrico no referido ponto.

Se uma carga elétrica positiva fosse


++++++++++++
Va (Va> Vb) abandonada entre os pontos A e B, ela tenderia a
deslocar-se para B, pois ela seria repelida pela
Fe esfera positiva. Logo, uma carga positiva tende a
Vab
E deslocar-se de potenciais maiores para
Fe potenciais menores.
Vb = V r = 0

Fig.3.12 – Definição de potencial elétrico

Consideremos, por exemplo, a Figura


3.12 ao lado onde se notam duas placas
eletrizadas, entre as quais existe uma ddp, Vab Fig.3.13 – Potenciais em pontos próximos a carga
ou Va–Vb cujo valor é de 300V. Se escolhermos criadora positiva
a placa “b” como potencial de referência
teremos Vb = 0 e, então, virá Va = 300V, isto é, O que aconteceria se abandonássemos
o potencial de “a” é de 300V em relação a “b” (o uma carga negativa entre C e D?
potencial de “a” está 300 V acima em relação a
“b”). Exemplo resolvido 3.2: Certo ponto “a” possui
um potencial de 200V e um ponto “b” possui um
Observamos que o potencial num ponto potencial de 60V na mesma referência.
não tem um valor único. Naturalmente, este Determine o valor:
valor depende do potencial de referência. Em
geral considera-se a Terra (símbolo ao lado) a) Da ddp existente entre os dois pontos:
como elemento de referência, ao qual atribui-se (Vab = Va - Vb)
o valor zero (VT = 0). b) Do trabalho elétrico realizado pela força
elétrica sobre uma carga positiva de 5 C
deslocada de “a” (Va = potencial inicial)
Uma carga positiva tende a se deslocar
para “b” (Vb = potencial final) (Vab =
de pontos onde o potencial é maior para pontos
potencial inicial - potencial final).
onde ele é menor. Uma carga negativa tenderá
a se mover em sentido contrário”.
Na Figura 3.13, tem-se uma esfera Solução:
carregada positivamente, a qual produz a) Va = 200 V; Vb = 60 V; Vab = ?
potenciais elétricos nos pontos A, B, C e D,
sendo que estes potenciais nos informam o nível Vab = Va - Vb = 200 V – 60 V = 140 V
de influência elétrica nos referidos pontos. b) q = 5 C = 5x10-6 C; Wab = ?
Como a carga criadora dessa zona de Wab = Vab . q;
perturbações elétricas é positiva, vamos atribuir
aos pontos potenciais elétricos também Wab = 5x10-6Cx140 V = 700x10-6 J
positivos, sendo que, conforme o ponto
considerado estiver mais distante da esfera
Diferença de potencial elétrico III - 9
________________________________________________________________________________________________

3.5 - FONTES DE ENERGIA ELÉTRICA Os dispositivos que criam esta ddp e


conseguem mantê-las são as fontes de energia
a) Manutenção da ddp
elétrica como as pilhas, baterias e geradores
Vamos supor que dois corpos metálicos, elétricos. Nos terminais de uma pilha, por
1 e 2, estejam eletrizados com cargas q1 e q2, exemplo, produzem-se cargas opostas devido à
conforme Figura 3.14, sendo V1 o potencial do reação química que ocorre no seu interior.
corpo 1 e V2 o potencial do corpo 2.
UMA BATERIA MANTÉM A SUA DDP
DDP = 9V DDP = 9V DDP = 9V
Corpo 2
q1

q2 Bateria nova Bateria em uso DDP se


(descarregando) mantém
Corpo 1

Fig.3.14 – Movimento de cargas em forma de BARRAS CARREGADAS NÃO MANTÊM A DDP


descarga

Estabelecendo-se contato elétrico entre


esses corpos condutores, vamos analisar o que
ocorrerá com o potencial e a carga de cada um
Barras Barras se DDP não é
deles. Lembrando-se que as cargas elétricas carregadas descarregando mantida
tendem a se mover de um ponto para outro Fig.3.15 – Movimento de cargas em forma
quando existe uma ddp entre eles, concluímos continuada e em forma de descarga
que, se V1 V2, haverá passagem de cargas de
um condutor para o outro. Logo, o “desnível elétrico” (ddp) é
Portanto, ao serem ligados os dois corpos mantido constante indefinidamente. O valor
por meio de um condutor, as cargas positivas característico da ddp da fonte é chamado de
deslocar-se-ão do corpo de maior potencial para força eletromotriz (f.e.m.)
o de menor potencial em forma de descarga.
Em virtude desta transferência de cargas, b) Fontes de tensão contínua e alternada
as cargas q1 e q2 e os potenciais V1 e V2 alterar-
se-ão e haverá um instante em que os potenciais O cientista italiano Alessandro Volta, em
dos dois condutores tornar-se-ão iguais, isto é, 1800, construiu a primeira pilha3 que era
V1 = V2. É claro que, a partir deste instante, não constituída por duas placas, uma de zinco e
haverá mais passagem de cargas de um condutor outra de cobre, mergulhadas numa solução de
para o outro e eles terão atingido uma situação ácido sulfúrico e produzia e mantinha uma
final de equilíbrio. pequena f.e.m. Foi a primeira fonte de CC.
Este é o comportamento normal dos Com isso, conclui-se que, para obtermos
componentes elétricos chamados capacitores. uma ddp, através de um gerador químico, é
É importante salientar que, para manter necessário que o mesmo seja constituído de duas
permanentemente o movimento de elétrons num placas de materiais diferentes introduzidos num
fio condutor, a quantidade de carga em cada líquido condutor (eletrólito).
extremo deve ser mantida constante, de tal
maneira que a ddp (voltagem ou tensão)
permaneça também constante. 3
Disponível em < http://pt.wikipedia.org/wiki/Pilha_de_Volta>
III - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

que um deles é chamado de fio fase e o outro de


fio neutro. A tensão normal entre fase e neutro é
220 V ou 127 V.
TR F

220 V
7967 V

N c
a b

Gerador CA

Fig.3.17 – Rede de distribuição elétrica

O condutor neutro é aquele que, na saída


do transformador (TR) existente num dos postes,
tem conexão com a Terra. Se o fio neutro está
conectado com a Terra, significa que ele possui
o mesmo potencial da Terra, de modo que ddp
entre o neutro e a Terra é aproximadamente
nula.
Se uma pessoa colocar uma das mãos no
neutro ela levará um “choque”? Logicamente
que não, pois estando a mão no neutro e os pés
Fig.3.15 – Pilha de Volta no chão (terra neutro) teremos uma ddp nula
atuando sobre a pessoa. Consequentemente não
O método mais comum de produção de haverá deslocamento de cargas elétricas através
eletricidade em larga escala é o uso do da pessoa.
eletromagnetismo. O gerador pode ser acionado, Se em vez de tocar no neutro ela tocasse
por exemplo, pela energia mecânica no fio fase, ela levaria o “choque”? Com os pés
proveniente de uma queda d’água. Quando o no chão (equivalente aos pés no neutro) e a mão
condutor da Figura 3.16 é movimentado através no fio fase, a pessoa ficaria submetida a uma
do campo magnético produzido pelo ímã, surge ddp de 220V, portanto sujeita a um movimento
uma tensão, a qual continua a existir enquanto de cargas através de seu corpo, ou seja,
durar o movimento do referido condutor. receberia o “choque elétrico”.
A tensão destes geradores é alternada. Se a pessoa estiver isolada da Terra, por
exemplo, sobre um banco de madeira, e tocar
com uma das mãos no fio fase, nada sofrerá,
pois seu corpo não estará mais submetido a uma
ddp como no caso anterior.
A identificação dos fios fase e neutro
pode ser feita através de uma lâmpada
incandescente, como mostram os esquemas
abaixo.
No esquema (a) a lâmpada acende, pois
Fig.3.16 – Gerador hidroelétrico elementar um de seus terminais está no fio fase e o outro
lado ligado à Terra, ficando, portanto, submetido
c) Rede de distribuição de energia a uma ddp.
Numa rede elétrica de corrente alternada No esquema (b) a lâmpada não acende,
mais simples temos dois fios condutores, sendo pois um de seus terminais está no neutro e o
Diferença de potencial elétrico III - 11
________________________________________________________________________________________________

outro lado ligado a Terra, portanto a ddp sobre isso ocorra, devemos fazer o “aterramento” dos
ela é zero volts. aparelhos elétricos em geral.

3.6 - RIGIDEZ DIELÉTRICA


F Anteriormente, estudamos “rigidez
220 V a dielétrica”, sendo que ela representa o maior
N valor de campo elétrico que pode ser aplicado a
um isolante sem que ele se torne condutor.
F
220 V
Retomamos agora o assunto porque já temos o
b
conhecimento da grandeza tensão elétrica e da
N
sua relação com o campo elétrico.

Fig.3.18 – Identificação do Fase e do Neutro A seguir é apresentada uma tabela de


numa instalação domiciliar rigidez dielétrica de alguns isolantes.

A identificação anterior pode ser feita Tabela 3.1-Rigidez dielétrica de alguns isolantes
também através de uma chave teste, onde existe
uma lâmpada de gás neon. Tocando-se com a MATERIAL Rigidez
ponta metálica da chave no fio fase, a lâmpada Dielétrica
(kV/mm)
irá acender desde que estejamos com os pés
Ar 3
conectados com a terra, possibilitando que
Papel p/capacitor 35
circule pelo nosso corpo uma pequena
Papel parafinado 50
quantidade de carga elétrica. Se tocássemos no
Óleo p/transformador (impuro) 4,5
neutro com a lâmpada da chave teste, a mesma
Óleo p/transformador (puro) 25
não iria acender.
Vidro 30
O fio terra (fio de proteção elétrica - PE) Mica 160
tem grande importância para evitar “choques”
desnecessários e perigosos.
3.7 - TENSÕES ELETROSTÁTICAS
Lorenzet
Os componentes eletrônicos têm vários
níveis de sensibilidade sendo que os mais fracos
Fioterra são os circuitos integrados do tipo MOS. Nos
semicondutores (discretos ou integrados) as
conexões dos componentes entre si ou com os
Fig.3.19 – Aterramento dos aparelhos elétricos terminais de saída, acham-se isoladas da área
ativa de silício por finas camadas de SiO2 e a
Alguns aparelhos elétricos (em especial o rigidez dielétrica varia de 400V/ m a 100V/ m.
chuveiro) podem apresentar fugas de cargas para
a sua estrutura metálica. Ao tocarmos nesses Dependendo da espessura da camada
aparelhos, se não estivermos bem isolados da isolante (muito fina nos dispositivos MOS:
Terra, faremos o papel de um condutor Metal Oxido Semiconductor, onde é
descarregando estas cargas para a terra. tipicamente de 0,1 m) tensões acima de 70V já
Todavia, o transporte de cargas através podem provocar uma ruptura dielétrica, levando
de nosso corpo provoca uma sensação tão a destruição do componente.
desagradável quanto perigosa. Para evitar que No caso de descargas eletrostáticas
superiores a 3.500V nós a sentimos; superiores a
III - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

4.500V (tela de TV ao ser ativada) a ouvimos e (V) ou (F) falso.


superiores a 5.000V (despir suéter de nylon) a a) ( ) A ddp, tensão e força eletromotriz
vemos. possuem a mesma unidade.
b) ( ) Para que exista movimento de
Podem ocorrer descargas eletrostáticas
elétrons numa lâmpada é
danosas aos componentes eletrônicos e nem
necessária a aplicação de uma ddp
sequer elas serem percebidas pelo trabalhador
entre seus extremos.
que está na bancada (descarga inferior a 3,5 kV).
c) ( ) A ddp entre um corpo eletrizado e
Sabe-se que um fator que influencia a a Terra é igual ao valor do
concentração de eletricidade estática é a potencial do próprio corpo.
umidade relativa do ar, sendo que, no caso dela d) ( ) Se dois corpos estão eletrizados
ser elevada, favorecerá a descarga das mesmas com cargas de mesmo sinal,
para a terra. Veja esta influência na tabela podemos afirmar que a ddp entre
abaixo4. eles é nula.
Tabela 3.2 – Influência da umidade relativa do ar nas e) ( ) O brilho de uma lâmpada
tensões eletrostáticas independente do valor da ddp.

Fatos geradores de UR: 10 a UR: 65 a


3.4 - Identifique o valor da tensão elétrica de
eletricidade estática 20% 90%
cada pilha ou bateria abaixo:
Pessoas caminhando 35.000V 1.500V a) Bateria de carro;
sobre carpete: b) Bateria de multímetro;
Pessoas caminhando 12.000V 250V c) Pilha comum de rádio;
sobre piso de vinil: d) Pilha de calculadora.

c
Questões e problemas
a
3.1 - Complete as lacunas a seguir:
b
a) Se uma carga elétrica sofreu a ação de
uma força elétrica, de modo a deslocá-la
entre dois pontos, significa que foi realizado
um ______________ . d
b) As unidades de carga, ddp e trabalho são,
respectivamente, _________, ___________
e ______________.

3.2 - Escreva as expressões matemáticas 3.5 - No esquema abaixo estão representados


(fórmulas) que relacionam ddp (Vab), carga alguns níveis de potenciais. Determine o
elétrica (q) e trabalho elétrico (Wab), valor:
isolando cada uma das grandezas. a) Do potencial do ponto “a” em relação à
Terra;
3.3 - Assinale, dentro dos parênteses, verdadeiro
b) Do potencial do ponto “a” em relação ao
ponto “e”;
c) Da diferença de potencial entre os pontos
4
A Influência das Descargas Eletrostáticas na “d” e “b”;
Qualidade da Manutenção de Equipamentos d) Da diferença de potencial entre os pontos
Eletromédicos - Lúcio Costa de Brito, Saide Jorge Calil “c” e “f”.
Diferença de potencial elétrico III - 13
________________________________________________________________________________________________

-15V -10V -5V +5V +10V +15V


c) Dois corpos idênticos, com a mesma
eletrização, possuem o mesmo potencial,
a b c d e f em relação a um determinado referencial.
d) A ddp entre um corpo eletrizado
positivamente e um corpo neutro é nula.
e) Multiplicando-se 1 Volt por 1 Coulomb,
3.6 - Complete as lacunas a seguir: obtém-se 1 Joule.

a) Cargas elétricas positivas, 3.9 - Uma carga elétrica de 12 C deslocou-se


abandonadas em repouso num campo entre dois pontos “a” e “b”, de modo que o
elétrico e sujeitas apenas a uma força trabalho realizado pela força elétrica vale
elétrica, deslocam-se, espontaneamente, 960 J. Determine o valor da d.d.p. entre “a”
para pontos de _______ potencial. e “b”.
b) Cargas elétricas negativas, abandonadas
em repouso num campo elétrico e sujeitas
apenas a uma força elétrica, deslocam-se, 3.10 - Considere uma lâmpada ligada numa
espontaneamente, para pontos de_________ tomada elétrica residencial. Verifica-se que
potencial. um trabalho elétrico de 44J é realizado
c) Quando dizemos que uma pilha de sobre uma carga elétrica de 0,2C que passa
lanterna apresenta uma ddp de 1,5V, através da lâmpada, de um terminal a outro,
significa que cada carga de 1C que se desta tomada.
deslocar através pilha receberá uma energia a) Qual é o valor da diferença de potencial
de valor igual a _______________ da entre os terminais da tomada?
reação química. b) Um outro aparelho é ligado a esta
tomada durante um certo tempo, recebendo
3.7 - Como exemplos de valores de rigidez 1.100J de energia elétrica (trabalho elétrico)
dielétrica, podemos citar os seguintes das cargas elétricas que o percorrem. Qual
materiais: papel parafinado: 50 kV/mm, é o valor desta carga?
vidro pirex: 14 kV/mm e o ar: 3 kV/mm.
a) Entre os materiais citados, qual deles 3.11- Dois pontos “a” e “b” de um campo
comportar-se-á, em primeiro lugar, como elétrico possuem potencial positivos de,
condutor quando submetidos a um campo respectivamente, 1.000V e 600V.
elétrico de intensidade crescente? a) Uma carga elétrica negativa, abandonada
b) Se a distância entre dois pontos, onde entre estes pontos, tenderá a se deslocar,
existe ar, é 1km, qual pode ser a tensão espontaneamente, para “a” ou para “b”?
máxima existente entre eles de modo a não b) Qual será o valor da carga deslocada
ocorrerem faíscas? entre “a” e “b”, se a força elétrica, resultante
c) E se a distância caísse para 10mm? do campo elétrico, realizar um trabalho de
d) E se, agora, em vez do ar, tivéssemos 1,2kJ?
papel parafinado?

3.8 - Assinale a afirmativa errada. 3.12 - Uma carga elétrica negativa de 8 C é


a) Uma pilha gera uma ddp e a mantém deslocada de “b” para “a” (Va e Vb são
devido à ocorrência de reações químicas potenciais positivos), dentro de um campo
internas. elétrico, o qual realiza um trabalho de
b) Se duas barras com eletrizações 0,72mJ. Determine o valor da ddp entre “a”
diferentes forem colocadas em contato, a e “b”.
ddp entre elas tenderá a anular-se.
III - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

3.13 - Ao lado, temos uma esfera carregada


positivamente, sendo que no campo elétrico
criado por ela existem vários níveis de Respostas selecionadas
potenciais, ou seja, Va=80V, Vb=70V, 3.1 – a) trabalho; b) Colulomb, Volt, Joule.
Vc=60 V e Vd=50 V.
Wab Wab
3.2 - Vab ; q ; Wab Vab .q
q Vab
3.3 – a) V; b) V; c) V; d) F; e) F

3.4 - a) 12 V; b) 9 V; c) 1,5V; d) 3 V
+Q . . . .
Va Vb Vc Vd
3.5 - a) -15 V; b) -25 V; c) +15V; d) -20 V

3.6 – a) menor; b) maior; c) 1,5 J.

3.7 – a) o ar; b) 3 milhões de kV;


a) Qual será o sentido de deslocamento de c) 30 kV; d) 500 kV
uma carga de prova positiva abandonada
entre “a” e “b”? 3.8 - d)
b) Qual será o sentido de deslocamento de
3.9 - Vab = 80V
uma carga de prova negativa abandonada
entre “c” e “d”?
3.10 - a) Vab = 220V; b) q = 5C ;
c) Qual o trabalho realizado pelo campo para
deslocar uma carga positiva de 6 C de “a” 3.11- a) Para a; b) q = 3C
para “d”?
3.12- Vab = 90V;

3.13 - a) a para b; b) d para c; c)Wab =180 J


Capítulo IV – CORRENTE ELÉTRICA

André Marie Ampère (1775 - 1836)


André Marie foi um físico e um matemático francês que
nasceu em Lyon a 20 de Janeiro de 1775. Foi professor de física,
química e matemática em Lyon (1797-1802) e em Bourg (1802-1804)
e lecionou matemática e mecânica na École Polytechnique de Paris
(1804-1828). Pela sua reputação como ótimo professor e
investigador, em 1828 foi convidado para lecionar matemática na
Université de France, cargo que ocupou até ao final da sua vida.
Entre 1807 e 1816, estabeleceu a diferença entre átomos e moléculas
e concebeu uma classificação de elementos, precursora da tabela
periódica de elementos.
Ao tomar conhecimento das experiências de Oersted sobre o desvio de agulhas magnéticas
por efeito de uma corrente elétrica, começou a estudar os fenômenos eletromagnéticos. Em 1820
reconheceu que, sem a intervenção de qualquer ímã, dois fios exercem um sobre o outro uma ação
atrativa ou repulsiva consoante o sentido das correntes.Experimentou a mútua influência entre fios
condutores paralelos, distinguiu entre a intensidade de corrente que circula num condutor e a força
impulsora ou tensão eletromagnética e concebeu o solenóide. A sua teoria foi fundamental para o
desenvolvimento da eletricidade e do magnetismo no século XIX. A sua obra mais importante,
Mémoire sur la Théorie Mathématique des Phénomènes Electrodynamiques (1826) tornou possível os
ulteriores avanços de Thomson, Maxwell, Weber e Faraday no campo do eletromagnetismo. Como
reconhecimento do seu valor, Napoleão nomeou-o inspetor-geral de instrução pública em 1808.
Faleceu a 10 de Junho de 1836, em Marselha. O Ampère (A) é hoje a unidade de medida da
intensidade da corrente elétrica em sua homenagem.
[http://www.explicatorium.com/Andre-Ampere.php]

material. Neste caso o deslocamento médio é


4.1 – CONCEITO
nulo. (Figura 4.1 a)
A presença de um campo elétrico altera a
O fenômeno relativo ao movimento de trajetória desses elétrons, apresentando um
cargas elétricas é de vital importância no estudo deslocamento maior em sentido oposto ao
de eletricidade, posto que, neste processo, campo, devido à força exercida. ( F = E.q )
poderá haver transferência de energia de um
lugar para outro.
Como foi visto em Eletrostática, quando
uma carga elétrica é colocada numa região onde
atua um campo elétrico, tenderá a se a) elétrons em movimento desordenado
movimentar, pois estará sujeita à ação de uma
força de origem elétrica. Em materiais E
condutores metálicos (fios de cobre), os elétrons
pertencentes à camada de valência (última b) elétrons em movimento ordenado
camada) são fracamente atraídos pelos
respectivos núcleos, de forma que são Fig.4.1 – Formas de movimento dos elétrons
considerados “elétrons livres”.
Na ausência de um campo elétrico, esses A corrente elétrica num condutor pode
elétrons movem-se desordenadamente então ser definida como sendo o movimento
descrevendo várias trajetórias com mudanças ordenado de suas cargas elétricas, devido à ação
bruscas de direção ocasionadas por colisões com de um campo elétrico estabelecido em seu
a rede cristalina constituída pelos átomos do interior pela aplicação de uma ddp entre suas
extremidades.
IV – 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

“Corrente elétrica é o movimento ordenado de Entende-se por seção transversal um


cargas elétricas no interior de um condutor.” corte perpendicular à direção do deslocamento
das cargas elétricas.
De agora em diante, quando for
Quando acionamos a chave de luz do mencionada a seção de um condutor esta,
nosso quarto e vemos que a lâmpada acende, implicitamente, será a seção transversal (normal,
quase que instantaneamente, temos a impressão reta, ou perpendicular) à direção do
de que a velocidade com que os elétrons livres deslocamento das cargas.
se movem ao longo dos fios é elevadíssima. Em estudos mais aprofundados a seção
poderá não ser normal o que exigirá mais
Contudo, na realidade, a velocidade conhecimento de matemática.
desses elétrons é da ordem de apenas alguns
milímetros/segundo. O que ocorre é que os S
elétrons livres se encontram em grande
quantidade ao longo dos fios.
Assim, quando a chave é acionada, o
primeiro elétron empurra o segundo que, por sua
vez, empurra o terceiro, e assim por diante, até
chegar ao último elétron localizado na + -
extremidade do fio junto à lâmpada. Portanto,
podemos dizer que a rapidez com que os Fig.4.2 – Definição de Intensidade de Corrente
empurrões entre os elétrons se propagam é b) Unidade
muito grande, mas a velocidade dos elétrons, na
verdade, é muito pequena. No Sistema Internacional de Unidades a
intensidade da corrente elétrica é medida em
Ampères (A).
4.2 - INTENSIDADE DA CORRENTE u(I) = u( q) / u( t) = C / s = Ampère (A)
ELÉTRICA

a) Definição 1A é a intensidade de uma corrente elétrica


que circula num condutor, quando, por
Considerando a Figura 4.1b, notamos exemplo, em sua seção transversal passa uma
que existe um movimento ordenado de cargas carga de 1C no tempo de 1s.
elétricas através do condutor. Suponhamos que
um observador medisse, durante um intervalo de
tempo ( t), a quantidade de carga ( q) que
passou através de uma seção transversal do Exemplo Resolvido 4.1:
condutor. Uma carga de 360C atravessou uma
Define-se Intensidade da Corrente seção transversal de um condutor num intervalo
Elétrica (I), através de um condutor, a relação de tempo de 20s. Determine a intensidade da
entre a quantidade de carga ( q) que passa por corrente que percorreu o condutor no espaço de
uma seção transversal do mesmo e o intervalo de tempo considerado.
tempo considerado ( t).
Solução:
q q = 360C; t = 20s; I=?
I (4.1)
t
I = q/ t = 360C/20s = 18 A
Corrente elétrica IV - 3
_________________________________________________________________________________________________

c) Instrumentos de medição e) Dimensionamento de condutores


Qualquer aparelho que indique a Um dos critérios mais usados para
presença de corrente elétrica em um circuito é dimensionamento de condutores é a máxima
denominado galvanômetro. Se a escala deste corrente admissível por um condutor. A seguir
aparelho for graduada de maneira que seja está indicada uma tabela com a capacidade de
possível medir a intensidade da corrente elétrica, condução de corrente de fios em função da área
o aparelho receberá o nome de amperímetro. de suas seções transversais. Este exemplo serve
para cabos com dois condutores de cobre
isolados com PVC, à temperatura ambiente de
30ºC, colocados em eletroduto circular embutido
A em parede de alvenaria. Para outras situações
devem ser consultados manuais de instalações
elétricas.
Fig.4.3 – Indicador de intensidade de corrente
elétrica: Amperímetro Tabela 4.1 – Capacidade de condução de condutores de
cobre isolados com PVC, em eletroduto
Conforme for o fundo de escala podemos
Seção (mm2) 1,5 2,5 4 6 10 16 25 35
ter miliamperímetros e microamperímetros.
Corrente (A) 17,5 24 32 41 57 76 101 125

Observando a Tabela 4.1 e considerando


d) Instalação do amperímetro o valor obtido (I = 18A) no Exemplo Resolvido
4.1, deveríamos escolher um fio cuja área fosse
de 2,5 mm2 para poder suportar a corrente.
Quando desejamos medir a corrente que
passa, por exemplo, numa certa lâmpada,
devemos ligar o amperímetro no circuito
conforme a Figura 4.4. 4.3 - SENTIDOS DA CORRENTE ELÉTRICA
a) Eletrônico
A

L É considerado o sentido real da corrente


elétrica, pois corresponde ao sentido do
movimento dos elétrons, ou seja, a corrente
circula do potencial menor (-) para o potencial
Fig.4.4 – A instalação do amperímetro é em série
com o componente maior (+) no receptor.

O amperímetro é ligado em série com a


- + - +
lâmpada e toda corrente que passa nesta
lâmpada passará através do medidor. Nestas I I
condições, o ponteiro se deslocará ao longo da
escala, indicando diretamente o valor desta
corrente. A lâmpada estando ligada diretamente Fig.4.5 – Sentidos da corrente:
na fonte se manterá sempre acesa, mas, para que a) eletrônico, b) convencional
o amperímetro seja conectado, é necessário que
o circuito seja aberto. Assim, lâmpada irá b) Convencional
apagar, voltando a acender normalmente, assim Por convenção, é o deslocamento das
que o amperímetro for corretamente ligado. cargas positivas, ou seja, a corrente circula do
potencial maior (+) para o potencial menor (-)
no receptor.
IV – 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

Este sentido foi adotado há mais de um Se uma lâmpada for alimentada por uma
século, antes que o elétron fosse descoberto, e ddp alternada, por exemplo, de uma tomada
continua firmemente estabelecido na literatura residencial, ela será percorrida por uma corrente
de Eletricidade. Na verdade, não faz diferença alternada, a qual muda periodicamente sua
alguma considerar cargas positivas hipotéticas intensidade e seu sentido.
movendo-se em um sentido ou cargas negativas Conforme a Figura 4.7, de t0 a t2 temos o
reais movendo-se em sentido oposto. semiciclo positivo, onde a corrente circula de a
para b, e de t2 a t4, o semiciclo negativo, onde a
No nosso estudo será adotado o sentido
corrente circula em sentido oposto ao anterior.
convencional da corrente por ele ser o mais
Logo de t0 a t4 temos um ciclo completo
utilizado na bibliografia existente.
de corrente.
4.4 - TIPOS DE CORRENTE ELÉTRICA
c) Medição de corrente elétrica com um
a) Corrente Contínua (CC ou DC) multímetro
Se uma lâmpada for alimentada por uma 1o) Os cabos devem ser colocados nos
ddp contínua, por exemplo de uma pilha, ela bornes A e Com (dependendo do instrumento,
será percorrida por uma corrente contínua, a pode ser VA e Com).
qual é unidirecional, tendo sempre o mesmo 2º) Seleciona-se a escala A-DC acima do
sentido e mesmo módulo em todos os instantes maior valor esperado da corrente.
de tempo, conforme gráfico abaixo.

I
+ a
Vab R
b - VA Com

I(A)

t0 t1 t2 t3 t4 t(ms) Fig.4.8 – Medição de corrente com multímetro


Fig.4.6 – Forma de onda de corrente contínua 3º) Colocam-se as ponteiras do
instrumento em “série” com o circuito, para que
b) Corrente Alternada (CA ou AC) a corrente que circula pela lâmpada, passe
também pelo medidor. Em DC deve-se observar
as polaridades das ponteiras, ou seja, positivo do
i instrumento onde a corrente entra e negativo do
+ a mesmo, onde a corrente sai.
Vab R 4º) No visor aparece o valor indicando a
b - corrente medida.
i(A) 5º) Se a medição for em CA procedemos
Imax do mesmo modo, porém não há necessidade de
nos preocuparmos com a polaridade, pois a ddp
que alimenta o circuito muda de polaridade
t0 t1 t2 t3 t4 t(ms)
periodicamente.
-Imax

Fig.4.7 – Forma de onda de corrente alternada


Corrente elétrica IV - 5
_________________________________________________________________________________________________

instrumento de medição, motores,


4.5 - EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA
transformadores, etc.
a) Efeito Térmico (Efeito Joule)
Como consequência das colisões entre os
elétrons livres e os átomos dos condutores, a
passagem de corrente elétrica eleva a
temperatura desses condutores.
Em alguns casos o Efeito Joule é
indesejável porque, além de representar perda de Fig.4.10 – Efeitos magnéticos
energia elétrica, causa também danos nos
geradores, motores, transformadores e linhas de Campainha ou Cigarra:
transmissão. Apesar da inumerável quantidade de
Noutras situações ele é bastante útil exemplos, será dada atenção a uma das
como nos chuveiros, estufas, ferros de passar aplicações mais simples do campo magnético
roupa, secadores de cabelo, fornos elétricos, produzido pela corrente elétrica: a cigarra
lâmpadas incandescentes, solda elétrica, etc. elétrica. A cigarra é composta de um núcleo de
ferro, em torno do qual há uma bobina, e uma
lâmina de ferro flexível. Quando pressionamos o
botão acionador passa uma corrente alternada na
bobina da campainha criando um campo
magnético no núcleo que atrai a lâmina. Quando
a corrente alternada passa por zero a lâmina é
solta e, logo em seguida, é atraída novamente
Fig.4.9 – Usos domésticos do efeito joule causando a vibração da lâmina de ferro gerando
Fusíveis o ruído característico.
Quando um circuito é percorrido por
c) Efeito Químico (eletrólise)
corrente elétrica, provoca aquecimento dos
Esse efeito ocorre quando se faz a
condutores. Quando esta corrente se torna
corrente elétrica atravessar soluções eletrolíticas,
exagerada precisamos proteger as instalações
provocando transformações químicas. É usado
contra o possível sobreaquecimento.
industrialmente nos processos de galvanização,
Recorremos então aos “fusíveis”,
que consistem em revestir um metal com outro
dispositivos de baixa temperatura de fusão
(cobre, níquel, prata, etc.).
(chumbo 327ºC; estanho 323º), os quais
Nos condutores líquidos (soluções
podem “queimar”, interrompendo a passagem da
aquosas de ácidos, bases ou sais) temos
corrente elétrica. No corpo dos fusíveis está
movimento de íons positivos e negativos
escrito o valor de corrente que ele suporta.
(cátions e ânions), os quais se deslocam de uma
forma ordenada sob a ação de um campo
b) Efeito Magnético elétrico. Os ânions deslocar-se-ão no sentido
Se colocarmos uma bússola próxima a contrário ao do campo e os cátions no mesmo
um condutor percorrido por corrente elétrica, sentido do campo.
notaremos que ocorre um desvio na sua agulha,
evidenciando que existe a presença de um
Exemplo de aplicação da Eletrólise
campo magnético em torno do condutor.
Este é um dos efeitos mais importantes De acordo com a Figura 4.11, iremos
da corrente, uma vez que se constitui na base do verificar como se processa um banho de cobre
princípio de funcionamento dos eletroímãs, sobre a chave (cobrear a chave). Dentro do
recipiente temos uma solução aquosa de sulfato
IV – 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

de cobre (CuSO4), uma placa de cobre e o objeto tenderiam a deslocar-se no mesmo sentido do
a ser recoberto (chave) que, no caso, deve estar campo elétrico.
desengordurada e bem limpa. Esses cátions e ânions provêm da
Associamos duas ou três pilhas e ligamos ionização das moléculas do gás. Essas
o polo positivo da associação à placa de cobre, e moléculas, porém, não se ionizam sozinhas,
o polo negativo ao objeto (chave). como no caso dos condutores líquidos. A
ionização começa, em geral, com o movimento
de elétrons livres que se chocam com as
+ - moléculas do gás e, arrancam elétrons delas,
ionizando-as. Os íons formados, por sua vez,
encontram novas moléculas, que são ionizadas
pelo choque entre elas. Esses novos íons
+
participam do movimento de cargas, e assim por
+
+ +
diante.

Lâmpada Fluorescente
Solução de CuSO4
Uma lâmpada fluorescente constitui-se
Fig.4.11 – Banho de cobre de um tubo de vidro cujo comprimento é
determinado pela potência da mesma e, em cada
Como o sulfato de cobre, na solução, extremidade, possui um filamento de tungstênio,
encontra-se dissociado em íons Cu++ e SO4--, em forma de espiral e recoberto com uma
estes íons se movimentam nos sentidos camada de óxidos emissores de elétrons. O
indicados no desenho anterior; os íons Cu++ interior do tubo de vidro é revestido com uma
dirigem-se para o objeto (chave) e depositam-se camada de pó fluorescente, cuja natureza
sobre ele, enquanto os íons SO4-- deslocam-se influencia o espectro do fluxo luminoso
para a placa de cobre e, reagindo com ela, produzido. Também no interior da lâmpada
regeneram o CuSO4. Assim, o cobre da placa existe um gás raro (argônio) e certa quantidade
passa para a solução e, portanto, através desse de mercúrio que, no momento da partida, será
processo, vai sendo transferido para o objeto. vaporizado.
Depois de um certo tempo, em que o circuito
ficou ligado, verificaremos que se depositou
Pinos Filamento Interior do tubo revestido
uma camada de cobre sobre a chave. de contato de pó fluorescente

d) Efeito Luminoso
Este efeito baseia-se no fato de gases Tubo de
vidro Espaço dentro do tubo cheio
ionizados emitirem luz quando atravessados por de gás argônio
uma corrente elétrica. Como exemplo, temos as e vapor de mercúrio

lâmpadas fluorescentes, as lâmpadas de vapor de


mercúrio (usadas na iluminação de quadras Fig.4.12– Lâmpada fluorescente comum
esportivas), as lâmpadas de vapor de sódio (para
iluminação de túneis e estradas), etc. Uma das principais vantagens que a
Nos condutores gasosos, campos lâmpada fluorescente apresenta é possuir um
elétricos intensos poderão provocar o alto rendimento luminoso além de poder ser
deslocamento ordenado de íons positivos e fabricada em várias tonalidades.
negativos e elétrons (corrente elétrica), sendo
que os ânions e elétrons tenderiam a deslocar-se
no sentido contrário ao do campo e os cátions
Corrente elétrica IV - 7
_________________________________________________________________________________________________

e) Efeito Fisiológico 2º) Realizar a respiração boca-a-boca ou boca-


nariz;
Quando uma corrente elétrica atravessa
3º) Se a pessoa estiver sem batimento cardíaco
um organismo vivo, além dos efeitos térmico e
(coração para de bater), é realizada,
químico, ocorrem também efeitos sobre nervos e
intercalada com a respiração artificial, uma
músculos. Uma corrente da ordem de 10mA,
massagem cardíaca. A respiração e a
atravessando o organismo de uma pessoa,
massagem devem ser feitas por pessoas
provoca uma sensação de desconforto, sendo
diferentes.
que, acima desse valor, a corrente ocasiona uma
perda do controle sobre os músculos, “Lembre-se que os primeiros socorros
provocando contrações conhecidas como para uma vítima de choque elétrico, quando
“choques”. prestados corretamente, podem salvar a vida
dela”.

Todas as funções do corpo humano são


controladas eletricamente. Através de sinais
elétricos que viajam pelo sistema nervoso, o
cérebro (computador central) recebe estas
impressões e envia instruções para o resto do
corpo. Neste processo complexo os neurônios
são fundamentais.
A tensão elétrica dos impulsos nervosos
é da ordem de 100mV e os sinais transmitidos
(cérebro ao sistema acionado) levam em torno
de 0,04s. Inclusive, utilizam-se exames clínicos
Fig.4.13 – Choque elétrico de natureza elétrica, como eletrocardiograma e
eletroencefalograma, para se efetuar
O socorro a uma vítima de choque
investigações médicas. As correntes elétricas
começa pelo corte da tensão causadora do
que acompanham a atividade cerebral podem ser
mesmo. Isso deve ser feito interrompendo-se o
registradas por aparelhos especiais.
circuito. Na impossibilidade dessa interrupção,
sugere-se puxar ou empurrar a pessoa com um Verifica-se que a nossa sensibilidade à
material isolante como, por exemplo, uma corda, corrente elétrica é muito acentuada, isto é,
um pedaço de madeira seca, etc. Este primeiro correntes relativamente pequenas podem causar
socorro deve ser feito o mais rápido possível, dor e, até mesmo, a morte. De fato, para a
pois a resistência da pele na região do contato maioria das pessoas observa-se que:
elétrico diminui, o que provoca elevação da - Uma corrente de 1mA já é perceptível,
intensidade de corrente. causando um certo “formigamento”;
Entretanto, deve-se tomar o cuidado de - Uma corrente de 10mA pode causar dores e
não provocar contatos indevidos com a pessoa espasmos musculares, não sendo, porém, fatal;
afetada pelo choque, pois a reação instintiva de - Uma corrente de 100mA pode levar à morte,
puxá-la manualmente pode provocar mais uma porque faz o coração bater de maneira irregular
vítima. e sem coordenação (fibrilação cardíaca);
Se, após livrar-se da corrente elétrica, a
- Correntes mais elevadas provocam a parada
pessoa estiver inconsciente e sem respirar,
completa do coração, danos irreversíveis ao
devemos proceder da seguinte maneira:
sistema nervoso e queimaduras intensas em
virtude do efeito joule (térmico) da corrente.
1º) Verificar se a língua da pessoa não está
dobrada;
IV – 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

Questões e problemas 4.6 – Associe o fenômeno (coluna da esquerda)


com o principal efeito que a corrente
elétrica envolvida provoca (coluna da
4.1 - Conceitue qualitativamente a corrente direita).
elétrica.
1. ferro elétrico ( ) efeito magnético
2. lâmpada ( ) efeito fisiológico
fluorescente acesa
4.2 - Escreva a equação que define intensidade 3. pessoa “tomando ( ) efeito térmico
da corrente elétrica e diga sua unidade. um choque”
4. peça metálica ( ) efeito químico
sendo niquelada
4.3 - O instrumento utilizado para medir 5. eletroímã sendo ( ) efeito luminoso
corrente elétrica num circuito é o acionado
________________ e deve ser ligado em
________________ com o mesmo.
4.7 - Um campo elétrico E, apontando para a
esquerda, é aplicado em um fio condutor,
como mostra a figura deste exercício.
4.4 - O sentido real (eletrônico) da corrente
elétrica coincide com o sentido de E
deslocamento das cargas _________,
portanto a corrente numa lâmpada se dá do
ponto de potencial _______ para o ponto de
potencial _____________. O sentido
contrário ao citado acima é denominado de a)Qual será o sentido de movimento dos
sentido _____________ da corrente elétrica. elétrons no fio?
b)Qual é a denominação deste sentido da
corrente?
c)Qual é o sentido convencional da corrente
neste fio?
4.5 - Assinale, dentro dos parênteses, verdadeiro
ou falso
4.8 - Nos vários circuitos elétricos existentes,
podemos ter tipos diferentes de corrente, ou
a) ( ) Numa lâmpada de lanterna circula seja: corrente contínua pura fornecida por
uma corrente contínua. uma pilha; corrente alternada fornecida
b) ( ) Num chuveiro elétrico circula uma pelos alternadores das grandes usinas
corrente alternada. geradoras e também corrente retificada
c) ( ) O fusível é um dispositivo que (circuito retificador transforma CA em CC).
fornece corrente elétrica. Imagine, por exemplo, três circuitos
d) ( ) O fusível e o disjuntor tem a mesma diferentes: circuito de alimentação das
função num circuito elétrico. lâmpadas de uma instalação elétrica
e) ( ) A vantagem que o amperímetro residencial, circuito de fornecimento de
alicate apresenta sobre o energia elétrica para um rádio portátil e
amperímetro comum é que não há a circuito de um carregador de bateria.
necessidade de se abrir o circuito
para se efetuar a medição. Identifique qual o tipo de corrente associada
a cada circuito consumidor citado acima.
Corrente elétrica IV - 9
_________________________________________________________________________________________________

4.9 - Uma carga de 1200 mC deslocou-se a) A quantidade de carga q, em coulombs,


através de um condutor durante 5 minutos. que corresponde a este número de elétrons
Determine o valor da intensidade da (carga do elétron = 1,6 x 10-19 C).
corrente elétrica. b) A intensidade da corrente (em A) que
passa na seção transversal do condutor.

4.10 - Um fio condutor de cobre é percorrido por 4.15 - A intensidade da corrente que foi
uma corrente elétrica devido a uma ddp de estabelecida em um fio metálico vale 400
220 V existente entre seus extremos. A mA. Supondo que esta corrente foi mantida,
corrente circula durante 10 s e o trabalho no fio, durante 1 minuto, calcule:
realizado vale 5,5 J. Determine o valor da a) A quantidade total de carga que passou
corrente que percorre o condutor. através de uma seção do fio.
b) O número de elétrons que passou através
desta seção.

4.11 – Vamos supor que se utilize um fusível de


3 mA para proteger o circuito citado no
exercício anterior. Diga se ele irá queimar
ou não, justificando.

4.12 – Entre as extremidades de um fio condutor


aplica-se uma ddp de 110 V, durante 30 s.
Considerando-se que o trabalho realizado
vale 6600 J, diga se um fusível de 1,5 A,
colocado nesse circuito, queimará ou não.

4.13 – Certo condutor é percorrido por uma


corrente de 10 mA durante 10 minutos,
quando ligado entre dois potenciais.
Sabendo-se que é realizado um trabalho
elétrico igual a 600 J, determine o valor da
diferença de potencial existente entre as
extremidades do condutor.

4.14 – Suponha que fosse possível contar o


número de elétrons que passam através de
uma seção de um condutor, no qual se
estabeleceu uma corrente elétrica. Se
durante um intervalo de tempo t = 10s
passam 2 x 1020 elétrons nesta seção,
determine:
IV – 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

Respostas selecionadas

4.1 – É o movimento ordenado de cargas


elétricas.

4.2 – I = q / t; u(I) = Ampère.

4.3 – amperímetro, série.

4.4 – negativas, mais baixo, mais alto,


convencional.

4.5 – V,V,F,V,V

4.6 – 5,3,1,4,2

4.7 –a) para a direita; b) eletrônico; c) para a


esquerda.

4.8 – a) CA; CC; retificada.

4.9 - I = 4mA

4.10 - I = 2,5mA

4.11 - Não, porque Icirc < Ifus.

4.12 - I = 2A. Queima, porque Icirc > Ifus.


4.13 - Vab = 100V

4.14 - q = 32C; I = 3,2A

4.15 - q = 24C; n = 15 x 1019


Capítulo V – RESISTÊNCIA E LEI DE OHM

Georg Simon Ohm (1787 – 1854)


Descobridor dos fundamentos da eletrocinética, que estuda
as correntes elétricas em movimento, o físico alemão Georg Ohm
fixou a lei conhecida por seu nome e em sua homenagem se
denominou a unidade de resistência elétrica no sistema
internacional de unidades. Georg Simon Ohm nasceu em Erlangen
em 16 de março de 1787. Formou-se em física pela Universidade de
Erlangen e em 1813 tornou-se professor em Bamberg. Em 1817
ensinou física e matemática em Colônia e, em 1826, na Escola de
Guerra de Berlim. Dirigiu a Escola Politécnica de Nuremberg e
lecionou em Munique. Recebeu em 1841 a medalha Copley da Royal
Society de Londres e em seguida tornou-se membro da instituição.
Ohm promoveu a pesquisa científica dos fenômenos eletrocinéticos e esclareceu as
diferenças entre eletricidade térmica e galvânica, bem como entre intensidade e quantidade de
eletricidade. Por volta de 1830, comprovou o fenômeno da polarização das pilhas, e em 1852
estudou a interferência dos raios luminosos polarizados nas lâminas cristalinas.
A lei de Ohm, exposta na obra Die galvanische Kette mathematisch bearbeitet (1827- Estudo
matemático da corrente galvânica), refere-se a correntes estacionárias e combina as três
quantidades básicas consideradas num circuito: a força eletromotriz total, a intensidade da corrente
e a resistência total do circuito. Ohm demonstrou que, num circuito, a corrente é diretamente
proporcional à força eletromotriz total do circuito e inversamente proporcional à resistência total do
mesmo. Ohm morreu em Munique em 6 de julho de 1854.
[http://pessoal.educacional.com.br/up/50280001/2756140/t1315.asp]

os átomos ou moléculas do condutor. Isso


5.1 - RESISTÊNCIA ELÉTRICA
representa uma oposição oferecida pelo fio à
passagem de corrente. Evidentemente a corrente
A energia elétrica que chega em nossas no condutor será maior ou menor, dependendo
residências é transportada por fios constituídos da oposição.
de materiais bons condutores e, mesmo assim,
ocorre uma certa perda de energia. Esta perda “Resistência elétrica é, qualitativamente, a
ocorre devido à resistência dos fios, onde existe oposição à passagem da corrente elétrica no
um aquecimento e por isso nem toda a energia interior de um condutor”.
gerada é utilizada pelos consumidores.
O fato da temperatura de um condutor
sofrer uma elevação quando uma corrente
elétrica circula por ele é a evidência da oposição
enfrentada pelo movimento dos elétrons.
I I
Nos metais, onde existem vários elétrons
livres, estes entram em movimento quando se
lhes aplica uma ddp. Dizemos que os metais, de
VAB um modo geral, são bons condutores, pois
oferecem pequena resistência. Enquanto isso, o
Fig.5.1 – Origem da resistência elétrica carbono, por exemplo, possui menos elétrons
livres. Portanto, a passagem de corrente se torna
Analisando a Figura 5.1, podemos dizer mais difícil, logo a resistência é maior.
que as cargas móveis que constituem a corrente,
aceleradas pela ddp, realizarão “colisões” com
V–2 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

5.2 – DEFINIÇÃO DE RESISTÊNCIA E c) Medição de continuidade de um condutor


MÉTODOS DE MEDIÇÃO ou chave
O teste de continuidade de um condutor
a) Definição consiste em verificar se um condutor está inteiro
ou interrompido.
Define-se resistência elétrica (R) de um
corpo como a relação entre a tensão aplicada Vab
entre as extremidades do mesmo e a intensidade
de corrente (I) que o percorre.
VA Com
Vab
R (5.1)
I

No sistema Internacional de Unidades a


resistência elétrica é medida em Ohm ( ).
Fig.5.2 – Teste de continuidade de um fio usando
u(R) = u(Vab) / u(I) = V / A = Ohm ( ). um ohmímetro

1º) Com os cabos nos bornes Comum e


1 é a resistência elétrica de um condutor VA colocamos o seletor em ohmímetro numa
onde, por exemplo, uma ddp de 1V aplicada dada escala.
entre seus terminais ocasiona uma corrente de 2º) Encostamos as ponteiras do medidor
1A através dele. nos terminais do condutor (Figura 5.2).
3º) Se aparecer um valor baixo, por exemplo 0,
b) Instrumentos de medição significa que o condutor está inteiro, se aparecer
1. (nos digitais) ou ∞ (nos analógicos), indica
A resistência elétrica pode ser medida que o condutor está interrompido (resistência
indiretamente usando um voltímetro e um infinita).
amperímetro e usando a Equação 5.1 ou pode O mesmo teste pode ser feito para
ser medida diretamente com o ohmímetro. verificarmos a condição de uma chave. Se ela
Existem aparelhos, denominados multímetros, estiver fechada, a resistência medida é
que podem funcionar como voltímetros, aproximadamente zero, e se estiver aberta, a
amperímetros e também como ohmímetros. resistência medida será infinita, ou seja,
Quando o multímetro está selecionado aparecerá no visor o valor 1 (nos digitais).
para ser usado como ohmímetro, para saber o
valor da resistência de um componente qualquer, d) Medição de resistência pelo método direto
basta ligar o mesmo às ponteiras do instrumento.
A leitura da posição do ponteiro
1º) Com os cabos nos bornes Comum e
(instrumento analógico) sobre a escala nos
VA colocamos o seletor em ohmímetro numa
fornecerá o valor da resistência medida. Esta
dada escala.
medição pode também ser feita através de um
ohmímetro digital, onde a leitura é feita 2º) Após, colocam-se as ponteiras no
diretamente no display do medidor. Outro medidor em paralelo com os terminais do
instrumento de medição direta é a Ponte de resistor (Figura 5.3).
Medição de Resistências que, em geral, fornece 3º) O ponteiro deflexionará até o valor (se
um valor de maior precisão. for analógico) ou visor mostrará a indicação do
valor (se for digital)
Observação: Toda medição com ohmímetro ou 4º) É interessante medir também noutra
ponte deve ser feita com circuito desenergizado. escala para comparar as leituras.
Resistência e lei de Ohm V- 3
_________________________________________________________________________________________________

5.3 - RESISTÊNCIA E RESISTIVIDADE

As diversas experiências mostraram que


VA Com a resistência elétrica de um condutor depende,
basicamente, de quatro fatores: o seu
comprimento, a área de sua seção transversal, o
material de que ele é feito e da temperatura.

a) Comprimento de um condutor (l )
Fig.5.3 – Medição de resistência com ohmímetro
ou ponte Em condutores feitos do mesmo material
e com mesma área de seção transversal,
e) Medição da resistência de um resistor pelo mantidos a mesma temperatura, a resistência
método indireto elétrica é diretamente proporcional ao
comprimento (l), ou seja, será verificada maior
A medida de uma resistência poderá resistência no condutor de maior comprimento.
também ser feita usando-se um voltímetro e um (R l, símbolo de proporcionalidade).
amperímetro. Nesse caso, os aparelhos devem
ser ligados da maneira mostrada na Figura 5.4.
O voltímetro nos fornece o valor da Comprimento menor
Cobre
d.d.p. (VAB) entre os extremos do resistor (R) e menor resistência
o amperímetro indica o valor da corrente (I) que
Cobre Comprimento maior
passa neste resistor.
maior resistência

R= ? b) Área de Seção Transversal (S)


A Em condutores feitos do mesmo material
e com o mesmo comprimento, mantidos a uma
mesma temperatura, a resistência elétrica é
inversamente proporcional à área da seção
V
I + - transversal, ou seja, será verificada maior
resistência no condutor de menor área de seção
Fig.5.4 – Medição da resistência pelo método transversal.
indireto

Conhecendo-se a d.d.p e a corrente que Prata Área da seção menor


passa no resistor, podemos calcular o valor da maior resistência
resistência pela equação 5.1 repetida aqui: Área da seção maior
Prata
menor resistência
Vab
R=
I
Assim sendo, podemos afirmar que, para
um fio condutor de um dado material e a uma
certa temperatura, sua resistência elétrica será
proporcional ao seu comprimento e
inversamente proporcional à área de sua seção
transversal.
V–4 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

Considerações sobre o cálculo da área Onde: S = área da seção do condutor


r = raio do condutor
1º) Conversões d = diâmetro do condutor
Muitas vezes é necessário realizar
algumas conversões nas unidades de c) Resistividade ( )
comprimento e de área, por isso faremos uma
rápida revisão usando a regra das casinhas. Resistividade é a constante de
Iniciaremos com algumas conversões de proporcionalidade que depende exclusivamente
medidas lineares. do material que é constituído o condutor e da
temperatura em que ele se encontra. Essa
km hm dam m dm cm mm constante é indicada pela letra grega (Rô).
1, 2 Pelo exposto anteriormente podemos
0, 1 2 escrever que:
0, 0 4 3 .
R= (5.4)
2 3, 5 0 S

Neste caso a vírgula salta de uma em No Sistema Internacional de Unidades


uma casa de cada vez obtendo-se: (SI), é medido em m.
a) 1,2 mm = 0,12 cm = 12x10-2 cm
b) 43 mm = 0,043 m = 43x10-3 m 1 m é a resistividade de um material
c) 23,50 m = 2350 cm = 2350x10-2 m que tem, por exemplo, 1 de resistência
elétrica, para um comprimento de 1m e área da
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2 seção transversal de 1m2.
2, 50
0, 02 50 Pela relação R = .l/S podemos ver que,
tomando-se vários fios de mesmo comprimento
36, 45
e de mesma área, porém feitos de materiais
3, 15 00 diferentes, haverá menor resistência naquele que
possuir menor resistividade. Concluímos, então,
No caso de medidas de área a vírgula salta de que, quanto menor for a resistividade de um
duas em duas casas de cada vez obtendo-se: material, menor será a oposição que este
a) 2,5 mm2 = 0,0250 cm2 = 2,5x10-2 cm2 material oferecerá a passagem de corrente
b) 36,45 cm2 = 0,003645 m2= 36,45x10-4m2 através dele.
c) 3,15 m2 = 315 dm2 = 31500 cm2 Resistividade maior
Tungstênio maior resistência
2º) Área dos condutores Prata Resistividade menor
menor resistência
Algumas vezes conhecemos o raio ou
diâmetro dos condutores cilíndricos (fios) e “Uma substância será tanto melhor
necessitamos calcular as suas áreas. Para tal, condutora de eletricidade quanto menor for o
utilizamos a Equação 5.2 ou 5.3. valor de sua resistividade”.

S = .r2 (5.2) Na tabela 5.1 estão indicados os valores


de resistividade de alguns materiais, para
r = d/2; S = .(d/2)2; S = .d2/4 (5.3) temperatura de 20ºC.
Resistência e lei de Ohm V- 5
_________________________________________________________________________________________________

Tabela 5.1 – Tabela de resistividades aproximadas de d) Temperatura


alguns materiais típicos a 20º C1 A resistividade de um material pode
Material Resistividade Coefic. de temp. sofrer variações conforme a temperatura. Pode-
( .m) (oC-1) se admitir como lineares as variações de
Prata 1,60 x10-8 4,1 x10-3 resistividade, para valores até cerca de 100ºC,
Cobre 1,70 x l0-8 4,3 x10-3 porém nem todos os materiais se comportam de
Ouro 2,40 x l0-8 3,4 x10-3 mesma maneira.
Alumínio 2,60 x 10-8 4,4 x10-3 Analisando a estrutura interna dos
Tungstênio 5,50 x 10-8 4,5 x10-3 sólidos, é possível entender por que a resistência
Zinco 6,00 x 10-8 3,8 x10-3 elétrica destes corpos varia com a temperatura.
Ferro 10,0 x 10-8 6,5 x10-3 Sob o ponto de vista da Física Moderna,
Platina 10,6 x 10-8 3,9 x10-3 a resistência elétrica de um sólido depende
Estanho 12,0 x 10-8 4,2 x10-3 basicamente de dois fatores: do número de
Manganina 42,0 x 10-8 0,002 x10-3 elétrons livres existentes em sua estrutura e da
Constantan 50,0 x 10-8 0,01 x10-3 mobilidade destes elétrons ao se deslocarem
Mercúrio 94,0 x 10-8 0,89 x10-3 através de sua rede cristalina.
Nicromo 100 x 10-8 0,13 x10-3
Grafite (40…75)x 10-8 -0,5 x10-3 1º Caso: Materiais com coeficiente de
Silício puro 2,5 x 103 -70 x 10-3 temperatura positivo

Existem tabelas práticas de resistividades Os metais e alguns outros materiais


de materiais expressas em .mm2/m. Neste caso sofrem um acréscimo da resistividade quando a
o valor da resistividade é 106 vezes o valor da temperatura cresce. Esses materiais são
Tabela 5.1. Neste caso, por exemplo, a conhecidos pela sigla PTC (Positive
resistividade de cobre será 1,7x10-2 .mm2/m. Temperature Coefficient).
A Figura 5.5 apresenta o comportamento
Exemplo Resolvido 5.1: Calcule o valor da de um condutor de tungstênio (usado nos
resistência elétrica de um fio de cobre de 40 m filamentos de lâmpadas) quando mantido à
de comprimento e 0,25 mm2 de área de seção temperatura ambiente e quando aquecido. O
transversal na temperatura de 20º C. gráfico da resistência x temperatura, mostra
Solução: claramente que a resistência do condutor de
R = ? l =40m, S= 0,25mm2= 0,25xl0-6m2 tungstênio aumenta com o aumento da
temperatura.
= 20º C; = 1,7x10-8 m
ρ. 1,7x10-8 Ωm.40m
R = 2,72Ω
S 0,25x10 6 m 2
Exemplo Resolvido 5.2: Refaça o problema
acima supondo que a resistividade do cobre está R=5 R>5
sendo expressa por = 1,7x10-2 mm2/m. R(

Solução: 5
R = ? l = 40m; S = 0,25mm2;
= 20º C; = 1,7x10-2 mm2/m;
0 t1 t2 t(ºC)
. 1,7x10-2 .mm2 /m.40m
R = 2,72 Fig.5.5 - Coeficiente de temperatura positivo
S 0,25mm2

1
Compilado de Resnick, Halliday &Krane, Física 3
V–6 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

2º Caso: Materiais com coeficiente de Anteriormente foi mostrada uma tabela


temperatura negativo de resistividades de alguns materiais, sendo que
a mesma é válida para ambientes à temperatura
Em alguns materiais, como a grafita e de 20ºC. Isso significa que a resistividade pode
muitos semicondutores, o fenômeno ocorrido é assumir valores diferentes para outras
diferente do citado no primeiro caso, ou seja, temperaturas.
quando aquecidos, esses materiais sofrem uma A expressão para calcular a resistividade
redução da resistividade. Neste caso a sigla é em função da temperatura é dada por:
NTC. Abaixo mostramos o que acontece quando
um pedaço de grafita é aquecido. Através do o .(1 . t) (5.5)
gráfico da Figura 5.6 podemos verificar o seu
comportamento. Onde: = resistividade do material, em ( .m),
à temperatura t;
o = resistividade do material, em ( .m),
a uma temperatura de referência to;
R=5 R<5 t = t - to = variação da temperatura, em
R(
5
(ºC);
3 = coeficiente de temperatura do
material, em (ºC-1).

0 t1 t2 t(ºC) 5.4 - SUPERCONDUTIVIDADE


Fig.5.6 - Coeficiente de temperatura negativo O gráfico da Figura 5.8 mostra que,
3º Caso: Materiais com coeficiente de diminuindo-se a temperatura de uma substância
temperatura nulo metálica, sua resistência diminui de valor.
R(

O terceiro caso agora é a combinação R2


dos 1º e 2º casos, isto é, a resistividade do
R1
condutor não varia com a temperatura. Um dos
bons exemplos é a manganina que possui o
coeficiente de temperatura praticamente nulo.
(Ver tabela 5.1) (-) 0 t1 t2 t(ºC)

Fig.5.8 – Variação da resistência em temperaturas


muito negativas

R=5 R=5 Nota-se que a resistência tende a zero


R( quando obtivermos uma temperatura negativa
5
igual ao zero absoluto (0 Kelvin = - 273,15º C).
A supercondutividade é uma propriedade
de um número limitado de materiais que
0 t1 t2 t(ºC) apresentam resistência elétrica nula quando
Fig.5.7 - Coeficiente de temperatura nulo submetidos a temperaturas muito baixas porém
bem acima de 0K. Assim o efeito Joule no fio é
Se a resistividade não varia a resistência nulo. O problema prático está na refrigeração do
elétrica também não varia. Observe o gráfico da fio supercondutor por isso ele é ainda raramente
Figura 5.7. usado em aplicações comerciais.
Resistência e lei de Ohm V- 7
_________________________________________________________________________________________________

5.5 - RESISTORES
Resistor é um componente físico que
possui a propriedade denominada de resistência
elétrica e que se destina a limitar a corrente em
certas partes de um circuito elétrico.
Considera-se um componente como
resistor quando ele transforma a energia elétrica
consumida integralmente em calor.

Fig.5.10.17 – Tamanho dos resistores

Fig.5.9 – Símbolos do resistor

a) Especificações dos resistores


b) Código de cores para resistores de carvão
Os resistores têm três importantes
especificações: resistência ( ), tolerância (%) e
potência (Watts). Pelo exame visual do resistor
é possível descobrir estas especificações. 1º anel 4º anel
- Resistência: nos resistores de fio os valores (1º algarismo) (tolerância)
estão normalmente inscritos no corpo do 2º anel 3º anel
componente; nos de carvão, o valor é (2º algarismo) (multiplicador)
identificado por um código de cores.
Fig.5.11 – Identificação dos quatro anéis
- Tolerância: A resistência raramente é um
valor exato indicado no resistor. Seria
extremamente difícil e caro fabricar resistores No corpo dos resistores de carvão são
exatamente com o valor marcado. Por essa pintados anéis coloridos que obedecem a uma
razão, os resistores possuem uma especificação codificação (Tabela 5.12). O código de cores é
de tolerância. Por exemplo, um resistor de 100 constituído, normalmente, de quatro anéis
pode ter uma tolerância de 10%. Portanto, o coloridos, sendo que os três primeiros indicam o
valor real do resistor pode ser qualquer um entre valor da resistência do resistor, enquanto que o
90 e 110 . Tolerâncias de 5%, l0% e 20% quarto anel indica a tolerância do resistor.
são comuns para resistores de carvão. Resistores A ordem dos anéis tem como referência
de precisão têm tolerância de 2%, 1% ou ainda o anel 1, o mais próximo de um dos terminais do
menor. resistor, sendo este anel o primeiro, conforme
ilustração acima. Cada cor tem um valor que
- Potência: A especificação de potência se depende do anel em que está, segundo a Tabela
refere ao valor máximo de potência (medida em 5.12. Na ausência do quarto anel, a tolerância
watt) ou calor que o resistor pode dissipar sem será de 20%.
queimar-se ou alterar seu valor. Quanto maior o
tamanho físico do resistor, maior potência ele
pode dissipar. Os resistores de carvão, em geral,
possuem baixas especificações de potência; são
comuns especificações de 2,5 W, 2 W, 1 W, 1/2
W, 1/4 W e 1/8 W.
Os resistores de fio podem suportar
potências muito maiores, como por exemplo, 5
W, 7 W, 10 W, 25 W, 50 W, etc.
V–8 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

Tabela 5.2 – Código de cores para resistores marrom, teríamos, então, um resistor de 348 -
1%.
COR 1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa 4ª faixa
preto -- 0 x1 --
marrom 1 1 x101 1%
vermelho 2 2 x102 2%
3
laranja 3 3 x10 --
1º anel 5º anel
amarelo 4 4 x104 -- (1º algarismo)
verde 5 5 x105 -- (tolerância)
2º anel
azul 6 6 x106 --
7 (2º algarismo)
violeta 7 7 x10 -- 4º anel
3º anel
cinza 8 8 -- -- (3º algarismo) (multiplicador)
branco 9 9 --- --
-2
prata -- -- x10 10% Fig.5.12 – Identificação dos cinco anéis
ouro -- -- x10-1 5%

Como usar este código? Vamos supor Série comercial de resistores


que temos um resistor cujas cores, na ordem,
sejam amarelo, violeta, vermelho e ouro. Os Os resistores são fabricados de acordo
dois primeiros anéis fornecem os dois primeiros com a porcentagem de tolerância, de tal modo
algarismos que formam a resistência do que seus valores cubram todos os valores
componente2. previstos pela porcentagem, sem necessidade de
No nosso caso, temos: se fazerem valores individuais. Como exemplo,
Amarelo = 4; Violeta = 7 citamos a tabela abaixo, onde mostramos os
Primeiros dois algarismos = 47 valores existentes na série E24.
O terceiro anel nos dá o fator de
multiplicação ou número de zeros. Tabela 5.3 - Série comercial de resistores - Série E24 - 5%
No caso, o vermelho indica que se deve 1.0 10 100 1.0K 10K 100K 1.0M 10M
1.1 11 110 1.1K 11K 110K 1.1M 11M
acrescentar dois zeros ou multiplicar por 100. 1.2 12 120 1.2K 12K 120K 1.2M 12M
Juntando, temos: 4700 = 4700 ou 4K7 1.3 13 130 1.3K 13K 130K 1.3M 13M
que é o valor do resistor. 1.5 15 150 1.5K 15K 150K 1.5M 15M
Como o quarto anel é o ouro, a tolerância 1.6 16 160 1.6K 16K 160K 1.6M 16M
1.8 18 180 1.8K 18K 180K 1.8M 18M
do resistor será de 5%. 2.0 20 200 2.0K 20K 200K 2.0M 20M
2.2 22 220 2.2K 22K 220K 2.2M 22M
Isto significa que o resistor pode ter um 2.4 24 240 2.4K 24K 240K 2.4M
2.7 27 270 2.7K 27K 270K 2.7M
valor entre 4465 (4700 – 235) e 4935 3.0 30 300 3.0K 30K 300K 3.0M
(4700+235), pois 5% de 4700 é igual a 235. 3.3 33 330 3.3K 33K 330K 3.3M
3.6 36 360 3.6K 36K 360K 3.6M
Existem resistores com cinco anéis 3.9 39 390 3.9K 39K 390K 3.9M
4.3 43 430 4.3K 43K 430K 4.3M
coloridos, sendo que a única diferença do 4.7 47 470 4.7K 47K 470K 4.7M
código citado anteriormente é que o terceiro 5.1 51 510 5.1K 51K 510K 5.1M
anel representa o 3º algarismo. O quarto e o 5.6 56 560 5.6K 56K 560K 5.6M
último representam, respectivamente, o 6.2 62 620 6.2K 62K 620K 6.2M
6.8 68 680 6.8K 68K 680K 6.8M
multiplicador e a tolerância. Esses resistores são 7.5 75 750 7.5K 75K 750K 7.5M
de maior precisão (2% e 1%). 8.2 82 820 8.2K 82K 820K 8.2M
Supondo que temos um resistor cujas cores, 9.1 91 910 9.1K 91K 910K 9.1M
na ordem, sejam laranja, amarelo, cinza, preto e

2
http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/resistor/resistor.htm
Resistência e lei de Ohm V- 9
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c) Alguns tipos de resistores resistividade muito maior do que a do cobre. O


corpo que serve de suporte é normalmente um
c.l. Quanto ao material tubo de cerâmica. Depois, são acrescentados
terminais condutores e todo resistor é coberto
1º) carvão com uma camada protetora. A faixa de valores
de resistência pode variar de menos de l a
Os resistores de carvão, carbono ou
vários milhares de ohms. A técnica de fio é
grafite, como também são conhecidos, são
também utilizada para produzir resistores de
facilmente identificados, pois em seu corpo são
valor preciso. Tais resistores de precisão são
pintadas faixas coloridas que obedecem a um
muito requisitados em circuitos medidores.
código de cores. Num tubo de porcelana é
depositada uma fina camada de grafite, cuja
espessura e largura (ela forma um espiral) c.2. Quanto ao funcionamento
determinam a resistência que o resistor terá.3 1º) fixos
São resistores que apresentam um valor
fixo de resistência.

2º) ajustáveis

São resistores cuja resistência elétrica pode


ser ajustada dentro da faixa nominal do mesmo.
Fig.5.13 – Resistores de carvão Uma vez ajustado sua resistência deverá
A grafite apresenta uma resistividade permanecer fixa.
considerável, de modo que podemos obter com - De fio: Esse resistor possui um contato cuja
certa facilidade resistências numa faixa muito posição pode ser alterada, pois é fixado com um
grande de valores. Podemos encontrar resistores parafuso permitindo o ajuste do valor da
resistência desejada.
com valores que podem variar de 10 , ou
menos, a mais de 20M . Sobre a capa de grafite A dependência da resistência de um fio
existe uma tinta protetora que impede que com seu comprimento resulta numa aplicação
elementos externos possam influir na resistência. importante em um resistor de resistência
ajustável, denominado reostato. Com o reostato
2 ) fio é possível variar a resistência de um circuito e,
Se enrolarmos um pedaço de fio assim, torna-se possível aumentar ou diminuir a
condutor num corpo não condutor (Figura 5.14), corrente neste circuito.
teremos um componente com uma resistência
determinada.

Fig.5.14 – Resistores de fio 3

O fio geralmente usado é uma liga de Fig.5.15 – Reostato de movimento linear 3


níquel e cromo chamada nicromo, que tem a Observe, agora, o circuito da Figura
5.16, onde apresentamos um tipo muito comum
3
http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/resistor/resistor.htm
de reostato, constituído por um comprido fio
V – 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
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AC, de resistência apreciável e um cursor B, que Outra aplicação do reostato é a sua


pode ser deslocado ao longo deste fio, utilização como um divisor de tensão. Ao lado,
estabelecendo contato em qualquer ponto entre podemos controlar qualquer fração da tensão
A e C. Observe que a corrente que sai do polo total da bateria até zero, movimentando o
positivo da bateria percorre o trecho AB do contato deslizante para baixo, ou seja, dessa
reostato, prosseguindo através do cursor até o forma podemos alterar o funcionamento do
polo negativo da bateria. aparelho representado na Figura 5.17.

+ -

I
Aparelho
I

A B C
Fig.5.17 – Uso de resistor variável/ajustável
Fig.5.16 – Circuito com reostato como divisor de tensão
- De carvão (trim-pot): São resistores
Não há corrente passando no trecho BC, que possuem um cursor, e este pode ser movido
pois estando o circuito interrompido em C, a por meio de um botão plástico, ou ainda por
corrente não poderá prosseguir através deste meio de uma chave de fenda introduzida numa
trecho. abertura que tem a finalidade de ajustar a
resistência desejada. Nos trim-pot o terminal
central corresponde ao cursor. Esse cursor se
Exemplo resolvido 5.3: movimenta sobre uma trilha de grafite.
A bateria do circuito anterior estabelece
entre os pontos A e B uma tensão constante de Com botão Eixo de
12V. Suponha que o resistor AC do reostato seja plástico fenda
constituído por um fio uniforme, cuja resistência
total é RAC = 100 . Determine a corrente no
circuito para as seguintes posições do cursor:

a) No ponto médio do fio AC;


No ponto médio, teremos RAC/2, então
Fig.5.18 –Trimpots: Aparência real e simbologia
R = 100 /2 = 50 .
V Conforme a posição dele podemos ter
Como se sabe I = AB ; uma resistência diferente entre ele e um dos
R
12V extremos.
então I = 0,24A A trilha de grafite apresenta certa
50 resistência fixa de ponta a ponta, que dá o valor
b) Na extremidade C do resistor. nominal do trim-pot. Geralmente, uma vez
Neste caso R = RAC = l00 ajustado, sua resistência deverá permanecer fixa.
V 12V
Como I = AB , então, I = 3º) variáveis (potenciômetros)
R 100
São resistores com três terminais, cuja
I 0, 12A
resistência depende da ação externa.
Tem-se um elemento de grafite (ou
enrolamento de fio) que apresenta certa
Resistência e lei de Ohm V - 11
_________________________________________________________________________________________________

resistência de extremo a extremo e que dá o Alguns LDR encontrados no mercado


valor do componente, sobre o qual corre um têm resistência elétrica da ordem de 1 M no
cursor acionado por um eixo. Girando este escuro, que pode cair a algumas centenas de
cursor podemos variar a resistência entre zero e ohms ou menos sob a luz. Os LDR podem ser
o valor máximo4. utilizados em diversos dispositivos práticos
como fotômetros, alarmes, controle automático
de brilho em TV, etc.

d.2. TERMISTOR
Os termistores são resistores não-lineares
em que a sua resistência varia com a variação da
temperatura. Em muitos circuitos eletrônicos de
funcionamento crítico é exigido um controle
apurado de parâmetros como a temperatura. Para
Fig.5.19 –Potenciômetro: Aparência real isso é necessário detectar as variações térmicas o
que pode ser feito pelos termistores.
Os potenciômetros são usados quando Esses resistores são classificados
precisamos alterar o valor da resistência a conforme o seu comportamento como
qualquer momento de maneira acessível. termistores NTC (Negative Temperature
Existem potenciômetros miniatura, para Coefficient) ou PTC (Positive Temperature
aparelhos de pequeno porte (rádios portáteis, Coefficient).
etc.), e também potenciômetros maiores, que
possuem uma trilha de fio de nicromo enrolado * NTC - Os termistores NTC são resistores de
em espiral, permitindo assim trabalhar com coeficiente térmico altamente negativo, o que
correntes maiores. significa que sua resistência diminui quando
aumenta a temperatura. São feitos a partir de
óxidos metálicos de elementos como o ferro,
Terminal do cursor cromo, manganês, cobalto e níquel.
Terminais Dentre as aplicações práticas dos NTC
extremos citamos sua utilização como elemento básico
Película resistiva ou dos termômetros eletrônicos, na estabilização do
Cursor enrolamento de fio
funcionamento de determinados circuitos
móvel
Eixo
sensíveis a temperatura, etc.

Fig.5.20 - Potenciômetro: Composição

d) Resistores não-lineares - to + to
d.1. LUMISTOR: (LDR - light dependent
resistor) Fig.5.21 – Símbolos do NTC e do PTC
Os resistores LDR, também chamados de
fotoresistores, têm seu comportamento * PTC - São termistores que possuem um
condicionado pela luz incidente sobre eles. coeficiente térmico de resistência altamente
Apresentam uma resistência elevada no positivo, o que significa que sua resistência
escuro e, quando expostos à luz, têm sua aumenta quando aumenta a temperatura. Eles
condutividade aumentada, isto é, oferecem baixa diferem dos NTC em dois aspectos
resistência elétrica sob iluminação. fundamentais: o coeficiente de temperatura de
um PTC é positivo apenas dentro de certas
4
faixas de temperatura, fora dessa limitação o
http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/resistor/resistor.htm
V – 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
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coeficiente é negativo ou nulo e o valor absoluto Utilizando os dados da Tabela 5.4,


do coeficiente térmico dos PTC normalmente é obtém-se o gráfico da Figura 5.23.
bem maior que o dos NTC. Ohm verificou então que, para muitos
É notável que, mesmo dentro de sua materiais, principalmente os metais, a relação
faixa de operação térmica, eles podem entre a ddp e a corrente mantinha-se constante.
apresentar variação na resistência ao nível de
várias potências de dez. Vab
(V)
Os PTC são empregados como 25
limitadores de corrente, sensores de temperatura 20
e protetores contra sobreaquecimento em 15
equipamentos tais como motores elétricos.
10
Também encontram aplicação como 5
termostatos.
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 I(A)

5.6 – LEI DE OHM Fig. 5.23 – Gráfico de tensão x corrente numa


resistência constante

O cientista alemão Georg Simon Ohm, VAB1 VAB 2 VAB3 VAB


no século IXX, realizou, pela primeira vez, constante
I1 I2 I3 I
várias experiências, medindo tensões e as
correntes correspondentes em diversos
condutores feitos de substâncias diferentes.
Como VAB/I representa o valor da
resistência R do condutor, Ohm concluiu que,
naqueles condutores, tinha-se R = constante.
Daí vem o enunciado da lei de Ohm:
V
A “Para um grande número de
condutores, mantidos a uma mesma
I + Vab -
temperatura, o valor da resistência elétrica
permanece constante, não dependendo do
Fig.5.22 – Circuito da experiência de Ohm valor da ddp aplicada ao condutor.”

Variando o valor da ddp aplicada a cada A relação seguinte já era conhecida com
condutor, verificou que a corrente que passava a equação de definição de resistência elétrica:
por ele também se modificava. Assim:
R = VAB/I (5.6)
- Uma ddp VABl provocava uma corrente I1;
- Uma ddp VAB2 provocava uma corrente I2; Pondo em evidência a tensão na equação
- Uma ddp VAB3 provocava uma corrente I3... acima chega-se a:

A Tabela 5.4 representa simbolicamente VAB = I.R (5.7)


um dos resultados obtidos pelas experiências de
Ohm. Mas a forma mais conhecida das relações
matemáticas oriundas da lei de Ohm é:
Tabela 5.4 – Resultados de um ensaio de Ohm

VAB(V) 5 10 15 20 I = VAB/R (5.8)


I(A) 0,2 0,4 0,6 0,8
Resistência e lei de Ohm V - 13
_________________________________________________________________________________________________

Devido à resistência dos condutores ser 5.8 - CONDUTORES NÃO-ÔHMICOS OU


constante em grande número de situações, NÃO-LINEARES
podemos sistematizar a “Lei de Ohm” da
seguinte maneira: São aqueles que não obedecem à Lei de
Ohm, ou seja, o valor de suas resistências varia
“Nos condutores de resistência constante, conforme a ddp aplicada.
a corrente é diretamente proporcional à
tensão aplicada e inversamente proporcional V(V)
à resistência do condutor.” 2

5.7 - CONDUTORES ÔHMICOS OU 1


LINEARES

São os condutores que obedecem à Lei


0 I(A)
de Ohm, ou seja, os valores de suas resistências
serão sempre os mesmos, independentes dos Fig. 5.25 – Condutores não-ôhmicos
valores de ddp aplicadas.
Uma resistência linear (resistência
ôhmica) é aquela que apresenta uma Uma resistência não-linear (resistência
característica volt/ampère representada por uma não-ôhmica) é aquela que apresenta uma
linha reta, como exemplificado pelas linhas a e característica volt/ampère curvada, como
b da Figura 5.24. Em uma resistência linear, mostrado pelas curvas 1 e 2 na Figura 5.25. Em
cada unidade de variação de tensão provoca uma uma resistência não-linear uma mesma variação
unidade de variação de corrente. Isto significa na tensão produz diferentes variações na
que dobrando a tensão dobraríamos, por corrente. Em outras palavras, a razão
exemplo, a corrente; triplicando a tensão tensão/corrente não é constante, ou seja, essa
triplicaríamos a corrente; dividindo a tensão por resistência pode ter vários valores diferentes.
dois dividiríamos a corrente por dois. Os resistores não-lineares, então, são
dispositivos que apresentam uma mudança
V(V) notável em sua característica de resistência
a elétrica, quando submetidos a ação de variáveis
como a luz, temperatura ou tensão.
b
Exemplo resolvido 5.4: Para um dado resistor,
obtivemos o gráfico (VAB x I) mostrado na
Figura 5.26.
0 I(A)
Fig. 5.24 – Condutores ôhmicos ou lineares VAB(V)

15
Por definição, sabemos que a razão entre
10
a tensão e a corrente é igual à resistência e que
essa é constante para toda faixa de valores, 5
suficiente para as aplicações práticas, de
maneira que podemos considerá-los como sendo 0
0 0,1 0,2 0,3 I(A)
lineares. Como exemplo, temos os condutores
metálicos em geral. Fig. 5.26 – Curva tensão x corrente de um
condutor
V – 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

Como notamos, o gráfico representa o cargas para a terra e protegendo os aparelhos e


comportamento de um condutor não-ôhmico, equipamentos próximos.
pois representa uma linha curva. A expressão
Símbolo
R=VAB/I é válida também para este tipo de
condutor, porém, para cada valor de ddp,
teremos um novo valor para R. Podemos
comprovar o descrito acima, através do cálculo
de R, para os valores de ddp igual a 10V e l5V.
VAB1 l0V
R R 100
I1 0,1A
VAB 2 l5V
R R 75
I2 0,2A

VARISTOR (Resistor dependente da tensão)


Fig. 5.27 – Curva tensão x corrente
O varistor é um resistor não-ôhmico, num varistor
pois a sua resistência elétrica varia em função da
variação da tensão sobre ele. Esse resistor é A Figura 5.28 mostra um circuito de
também conhecido como VDR, abreviatura do proteção de um aparelho sensível usando um
termo Voltage Dependent Resistors. Quanto à VDR em paralelo com o mesmo.
construção, são feitos de materiais tais como
carboneto de silício, óxido de zinco ou óxido de
titânio.
+
A necessidade de proteção de
equipamentos e dispositivos contra sobretensões
determina um grande campo de aplicação para
Vab VDR Ap.
os varistores. Esses resistores têm como
principal característica a “redução no valor de
sua resistência elétrica, quando submetidos a
-
uma tensão elétrica crescente”, conforme gráfico
da Figura 5.27. Fig. 5.28– Aparelho protegido por VDR.
Tal comportamento é interessante
principalmente como recurso para proteger
circuitos com elementos semicondutores, que
são muito sensíveis a sobrecargas de tensão.
Como a tendência dos aparelhos
eletroeletrônicos é para a miniaturização e uso
cada vez maior desses componentes a demanda
de varistores amplia-se cada vez mais.
Outra aplicação de varistores ocorre nos
para-raios de linha que são usados na
transmissão e distribuição de energia elétrica.
Durante um surto de tensão de origem
atmosférica, por exemplo, a tensão da linha, ao
crescer, faz diminuir bruscamente a resistência
interna do para-raios descarregando o excesso de
Resistência e lei de Ohm V - 15
_________________________________________________________________________________________________

Questões e problemas curto-circuito. Para descobrir o ponto que


causa o curto-circuito, um técnico mede as
5.1 - Conceitue resistência elétrica. resistências entre as extremidades P e Q,
encontrando 20 , e entre as extremidades R
5.2 Escreva a equação que define a resistência e S, encontrando 80 .
elétrica (resistência em função de tensão e
corrente) de um condutor explicando o
significado dos símbolos que aparecem
nesta equação, indicando também a sua
unidade de medida.
Com base nesses dados, é correto afirmar
5.3 - Escreva a equação que relaciona R com , que a distância das extremidades PQ até o
ponto que causa o curto-circuito é de:
l e S, isolando cada uma das grandezas da
fórmula e identifique a unidade (SI) de cada a) 1,25km b) 4,00km c) 1,00km
grandeza. d) 3,75km e) 2,50km

5.4 - A resistência elétrica de um fio condutor 5.8 – Abaixo temos um circuito denominado de
metálico de comprimento l e área de seção “lâmpada série”, que serve para identificar a
transversal S é: continuidade de um componente.
a) Diretamente proporcional a S e l.
b) Independe de S e l.
c) Diretamente proporcional a l e
inversamente proporcional a S.
d) Diretamente proporcional a S e
inversamente proporcional a l.
Qual a diferença no funcionamento da
5.5 - Complete as igualdades abaixo: lâmpada, quando fizermos a conexão na
a) mA x k = _____; b) µA x k =_____; tomada, considerando que o fusível do
c) kV/M =_____ ; d) mV / A = _____. circuito esteja inteiro ou interrompido?

5.6 - Num chuveiro elétrico, tem-se uma chave 5.9 – Um valor elevado de resistividade de um
que indica as posições verão e inverno. material indica que este material é bom ou
Sabendo-se que a tensão aplicada ao mau condutor de eletricidade? Que valor de
chuveiro é constante, responda: resistividade teria um condutor perfeito? E
a) Circula maior corrente no resistor do um isolante perfeito?
chuveiro quando a chave está na posição
verão ou inverno? 5.10 - Consultando a tabela de resistividades do
b) Com a chave na posição inverno, a livro, responda:
resistência do chuveiro deve ser maior ou a) Considerando o cobre e o tungstênio,
menor? E o comprimento do fio que qual deles é melhor condutor de
constitui a mesma resistência? eletricidade? Por que?
b) Suponha que o único critério para a
5.7 - A figura mostra um cabo telefônico escolha do material a ser usado na
formado por dois fios, sendo que esse cabo confecção dos fios de ligação fosse o fato de
tem comprimento de 5 km. Constatou-se ele ser bom condutor. Neste caso, qual seria
que, em algum ponto ao longo do o material da fiação elétrica em nossas
comprimento desse cabo, os fios fizeram residências?
contato elétrico entre si, ocasionando um
V – 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

5.11 - Uma bateria mantém uma tensão voltímetro (V), ligado em paralelo com o
constante em um fio de cobre no qual é resistor R, indica 1,5V. Calcule o valor da
estabelecida uma corrente de 2A. Esse fio é resistência R.
substituído por outro, também de cobre, de
mesmo comprimento, mas de diâmetro duas R
vezes maior que o primeiro. Pergunta-se: +
+ V -
a) A resistência do segundo fio é maior ou A
menor do que do primeiro? Quantas vezes? -
b) Qual a intensidade de corrente que + -
passará pelo segundo fio?

5.12 – No circuito mostrado na figura dada, 5.16 - Para um receptor de rádio é necessário
estando ligado entre os pontos M e N um fio construir um resistor de 30 , usando-se um
de níquel-cromo, a leitura do amperímetro é fio de constantan de 2,45 mm2 de seção.
de 1,5 A. Diga se a indicação desse Calcule o comprimento do fio para tal ( =
amperímetro será maior, menor ou igual a 49xl0-8 m).
1,5 A se o fio de níquel-cromo for
substituído por outro:
a) De mesmo material, de mesma área da 5.17 - Um fio de cobre de resistência igual a 4
seção reta e de maior comprimento; tem comprimento de 120m e resistividade
b) De mesmo material, de mesmo de 1,7x10-8 m. Calcule a área do condutor.
comprimento e mais grosso que o primeiro;
c) De mesmo comprimento e de mesmo
diâmetro que o primeiro, mas feito de 5.18 - Considerando a resistividade do ferro
alumínio. igual a 10x10-8 m, determine a resistência
de um fio de ferro que tem raio de 2 mm e
A comprimento de 62,8m.

5.19 - Um condutor de prata ( = 1,6xl0-8 m)


M N
tem diâmetro de 2 mm e comprimento de
314 m. Calcule a resistência elétrica do
condutor.

5.13 – Classifique os resistores quanto ao


5.20 - Uma tensão de 20 V é aplicada aos
material e quanto ao funcionamento e diga
terminais de um fio de alumínio de 500 m
quais as especificações relativas a um
de comprimento e 2,6 mm2 de área de seção
resistor.
transversal. Sabendo-se que a resistividade
do alumínio é igual a 2,6xl0-8 .m,
determine a corrente elétrica que percorre
5.14 – Determinar a intensidade de corrente que este fio.
circula por uma torradeira elétrica que tem
16 de resistência elétrica e que funciona
5.21 - Aplica-se uma tensão de 100 V nas
com uma tensão de 220V.
extremidades de um fio de 20 m de
comprimento, cuja área de seção transversal
5.15 - Utiliza-se o método do voltímetro e do é igual a 2 mm2. Sabendo-se que a corrente
amperímetro para medir uma resistência elétrica que percorre o fio é de 10 A, calcule
desconhecida R. Liga-se o amperímetro (A) a resistividade do material que constitui o
em série com o resistor e lê-se 0,3A; o condutor.
Resistência e lei de Ohm V - 17
_________________________________________________________________________________________________

5.22 - Se um resistor ôhmico for substituído por


outro resistor, também ôhmico, de
resistência três vezes maior, e que esteja
submetido à mesma diferença de potencial,
obteremos, em correspondência, uma
corrente elétrica de intensidade igual a:

a) Três vezes o valor anterior.


b) Um sexto do valor anterior. a) A resistência desse condutor é
c) Nove vezes o valor anterior. independente da ddp.
d) Um terço do valor anterior. b) A resistência desse condutor aumenta
e) Um nono do valor anterior. com o aumento da ddp.
c) A resistência desse condutor diminui com
5.23 - De acordo com os esquemas abaixo, o aumento da ddp.
identifique os instrumentos 1, 2 e 3. d) Nenhuma das afirmativas tem relação
com o gráfico.
R
3
1 5.28 - De acordo com o gráfico de Rl e R2
R abaixo, diga qual o resistor tem maior
resistência. Justifique.
2
VAB

5.24- Enuncie, com suas palavras, a Lei de Ohm. R1


R2

5.25 - A relação VAB = I.R pode ser usada para


um material que não obedece à Lei de 0 I
Ohm? Justifique.

5.29 - No gráfico abaixo, temos a representação


5.26- O valor da resistência elétrica de um
do comportamento de dois condutores. Eles
condutor ôhmico não varia se mudamos
são ôhmicos ou não-ôhmicos? Existe
somente:
alguma diferença entre eles? Justifique.
a) O material de que ele é feito.
(forneça valores arbitrários para a tensão e
b) A área de sua seção transversal.
corrente de modo a realizar a referida
c) A ddp a que ele é submetido.
análise)
d) O seu diâmetro.
e) O seu comprimento. VAB(V)
R1

5.27 - Para certo condutor, mantido a R2


temperatura constante, obtivemos o gráfico
abaixo (VAB x I). Considere, agora, as
quatro afirmativas abaixo. Só uma está
certa. Leia-as com atenção e assinale a 0 I(A)
alternativa correta.
V – 18 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________

5.30 - Quando um dado resistor ôhmico é ligado Resistor l Resistor 2 Resistor 3


a uma bateria que lhe aplique uma tensão de VAB (V) I (A) VAB (V) I (A) VAB (V) I (A)
6V, verifica-se que ele é percorrido por uma 0 0 0 0 0 0
corrente de 2A. 10 2 3 5 30 10
a) Qual a resistência elétrica deste resistor? 20 4 6 10 70 20
b) Se este resistor for ligado a uma pilha, 30 6 9 l5 120 30
que lhe aplica uma tensão de 1,5V, qual será 40 8 l2 20 200 40
a corrente que o percorre?
c) Quando este resistor é ligado a uma certa
bateria, uma corrente de 1,5A passa por ele. Respostas selecionadas
Qual é a tensão que esta bateria aplica sobre
o resistor? 5.2- R = VAB/I; 5.3 – R = . l/S; 5.4 – c)
5.31 - Entre os pontos A e B da tomada 5.5 – a) V; b) mV; c) mA; d) k ;
mostrada no esquema abaixo é mantida uma 5.6 – a) No inverno; b) menor; idem.
tensão de 120V. Calcule a corrente que 5.7 – 1,0 km; 5.8 – Bom: A lâmpada acende.
passa na lâmpada para as seguintes posições 5.9 – Mau; 0; . 5.10 – a) Cobre; b) Prata.
do cursor do reostato:
a) Cursor em C. 5.11 – a) Menor, um quarto; b) 8 A.
b) Cursor no meio de CD. 5.12 – a) menor; b) maior; c) maior.
c) Cursor em D. 5.14 - 13,75A; 5.15 - 5 5.16 - 150 m
-8 2
A B 5.17 - 51 x 10 m 5.18 - 0,5 5.19 - 1,6
-6
5.20 - 4A 5.21 - 1 x 10 m ; 5.22 - d)
I 5.23 – Ohmímetro, voltímetro, amperímetro
5.25 – Sim. Esta é uma relação matemática que
vem da definição de resistência.
5.28 – R1
C 200 D
200
5.26 - c) 5.27 - c)
5.29 – Não-ôhmicos. R1 diminui com o aumento
5.32 - O gráfico abaixo mostra como varia a da tensão e R2 aumenta quando a tensão cresce.
corrente elétrica que passa por um resistor, 5.30 - a) R = 3 b) I = 0,5A; c)Vab = 4,5V
em função da tensão aplicada a ele. a) 0,6A; b) 0,4A; c) 0,3A 5.32 - 400
Determine o valor da resistência elétrica
Ôhmicos: 1 e 2; Não-ôhmico: 3
desse resistor.
VAB(V)
VAB(V)

40 12
30 9

20 6
10 3

0 2 4 6 8 I(A) 0 5 10 15 20 I(A)
VAB(V)

200
120
5.33 - Observando a tabela abaixo, determine 70
quais são os resistores ôhmicos e quais são 30
os não-ôhmicos e construa os gráficos (VAB 0 10 20 30 40 I(A)
x I) para cada resistor.
Capítulo VI – POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA

James Watt (1736 - 1819)


Inventor da moderna máquina a vapor, que possibilitou a
revolução industrial, James Watt foi mundialmente reconhecido
quando seu nome foi dado à unidade de potência (Watt).
James Watt nasceu em Greenock, Escócia, em 19 de
janeiro de 1736. Aos 19 anos foi para Londres fazer aprendizado de
mecânico especializado na construção de instrumentos, mas teve
que retornar por motivos de saúde. Sem certificado de aprendiz,
teve dificuldades em montar uma oficina em Glasgow. Em 1757 foi
escolhido para fabricar e reparar instrumentos matemáticos da
Universidade de Glasgow. Em 1763 recebeu para consertar uma
máquina a vapor do tipo Newcomen, a mais avançada de então.
Observou que a perda de grandes quantidades de calor era o defeito mais grave da máquina, e
idealizou então o condensador, seu primeiro grande invento. No condensador a temperatura do
vapor seria mantida baixa (cerca de 37o C), enquanto que no cilindro permaneceria elevada.
Procurou, assim, alcançar o máximo de vácuo no condensador. Watt fechou o cilindro, que antes
permanecia aberto, eliminou totalmente o ar e criou uma verdadeira máquina a vapor. Em 1769
obteve a primeira patente do invento e de vários aperfeiçoamentos por ele próprio concebidos.
Endividado, associou-se a John Roebuck, que o ajudou financeiramente. Matthew Boulton, dono de
uma firma de engenharia, comprou a parte de Roebuck e deu início à construção das máquinas
projetadas por Watt. No início o engenho de Watt tinha pouca aplicação prática até que seu inventor
idealizou e aperfeiçoou novos detalhes, fazendo com o motor atingisse a forma sob a qual se tornou
universalmente empregado a partir de 1785. James Watt morreu em Heathfield Hall, Inglaterra, em
25 de agosto de 1819. [http://pessoal.educacional.com.br/up/50280001/2756140/t1324.asp]

mecânica nas máquinas que envolvem forças


6.1 - POTÊNCIA ELÉTRICA
mecânicas.
No estudo da diferença de potencial, na
eletrostática, vimos que a energia está associada
a trabalho, ou seja, energia é a capacidade que
Quanto maior é a
um sistema possui em realizar trabalho. Quando velocidade de rotação das facas
uma força de qualquer tipo produz movimento de um mesmo liquidificador,
diz-se que está sendo feito um determinado menor é o intervalo de tempo que
ele leva para triturar uma
trabalho. quantidade de certo tipo de
Muitas vezes a grandeza mais importante alimento. Assim, aumentando a
velocidade de rotação das facas,
não é o trabalho realizado, que equivale à estamos aumentando a potência
energia despendida, mas sim a rapidez com o do aparelho.
sistema realiza suas atribuições.
Essa rapidez em realizar um Fig.6.1 – Noções gerais de potência
determinado trabalho é o que chamamos de
potência. Um sistema é tanto mais potente
quanto menor é o intervalo de tempo que utiliza Quando existe uma ddp entre dois pontos
na execução de uma mesma tarefa. Dependendo quaisquer de um circuito elétrico, e os dois
do sistema em estudo, a potência recebe pontos são interligados através de um fio
denominações diferentes. Falamos, por condutor, aparece um campo elétrico no interior
exemplo, de potência elétrica nos geradores, de do fio. Nesse campo os elétrons ficam sujeitos a
potência térmica nos aquecedores e de potência forças que tendem a deslocá-los de uma forma
ordenada criando a corrente elétrica.
VI - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

Ao se deslocarem, os elétrons livres A descoberta e o desenvolvimento de


chocam-se com os átomos do fio, sendo que novas fontes constituem apenas uma parte da
essas colisões representam perda de energia. solução para a crise de energia. Para ampliar a
Logo, os choques provocam a liberação de uma vida das fontes existentes também precisamos
certa quantidade de calor, dando lugar a uma economizar e reutilizar a energia.
elevação de temperatura. Diz-se, então, que está
ocorrendo uma dissipação de potência.
tubulação
Quando se fala em corrente elétrica, é
evidente que existe força produzindo movimento
e, assim, produzindo trabalho. Deduz-se que
este “trabalho elétrico” é realizado porque existe
“energia elétrica” na fonte. A quantidade de
energia elétrica consumida por um resistor é
sempre igual ao valor do trabalho realizado na
obtenção desta energia.
"Potência elétrica é a grandeza que
expressa a rapidez com que a energia elétrica é ITAIPU–12600 MegaWatts
convertida numa outra forma de energia". Fig.6.2 – Geração de potência elétrica por
hidrogerador
Por exemplo, para acender uma lâmpada,
existe uma série de transformações de energia.
A energia potencial de certa quantidade
6.2- DEFINIÇÃO DE POTÊNCIA ELÉTRICA
de água numa barragem é transformada em
energia cinética ao descer pela tubulação. Essa
energia, por sua vez, é transferida para as hélices A seguir, temos a representação de duas
da turbina do gerador que, ao girar seus lâmpadas Ll e L2. Nota-se que L1 transforma
condutores através de um campo magnético, 100 Joules de energia elétrica numa outra forma
provoca o aparecimento de uma corrente de energia, no tempo de 1 segundo. De modo
elétrica. Levada por fios condutores, essa que L2 consiga a mesma transformação, esta
corrente percorre a lâmpada, sendo que uma lâmpada precisaria ficar ligada durante um
energia elétrica é transformada em energia tempo de 2 segundos. Em qual das duas
térmica e finalmente em energia luminosa. lâmpadas existe maior rapidez na transformação
Hoje em dia dependemos de várias de energia?
formas de energia encontradas na natureza,
como a energia cinética das águas dos rios, da
obtida na queima de combustíveis fósseis
(carvão, petróleo e gás natural). Devido ao 100 J/1s = 100 W
esgotamento dessas fontes de energia teme-se
uma futura crise energética. Para satisfazer as
necessidades futuras de energia é vital
desenvolvermos fontes alternativas, idealmente
100 J/2s = 50 W
não-poluentes e renováveis.
As formas alternativas que vêm sendo
estudadas abrangem a energia das marés, a dos
ventos (eólica), a geotérmica (do interior da Fig.6.3 – Comparação da potência elétrica de duas
Terra) e a de origem vegetal (da madeira e lâmpadas
outras materiais orgânicos) e da luz do sol.
Potência e energia elétrica VI - 3
_______________________________________________________________________________________________

Obviamente, na lâmpada 1. Por isso, a E=P. t (6.2)


ela é atribuída uma potência elétrica maior, ou
seja, L1 possui uma potência elétrica P1=100 Para cálculo da energia consumida (em
Watts e L2 possui uma potência P2=50 Watts. J) multiplica-se a potência (em W) pelo tempo
de operação do aparelho (em s). No entanto,
Em função do exposto, podemos também para cálculo de energia, para fins de comerciais,
afirmar que POTÊNCIA ELÉTRICA é definida usa-se o Quilowatt-hora (kWh) no lugar do
pelo quociente entre a ENERGIA ELÉTRICA Joule.
consumida e o intervalo de TEMPO em que o
aparelho elétrico permaneceu ligado. Esta unidade (kWh) é obtida,
multiplicando-se a potência em Quilowatts (kW)
E pelo tempo em horas (h). Portanto observe
P (6.1)
t atentamente os esquemas a seguir:
Onde:P = Potência elétrica (Watts)
u (P) Watt
E = Energia elétrica consumida ou Joule
trabalho elétrico realizado (Joules); u ( t ) segundo
u (E) u (P).u ( t )
t = Tempo gasto na realização do u (P) quiloWatt
kWh
trabalho (s) u ( t ) hora
Como energia é equivalente a trabalho,
usa-se o Joule(J) com unidade de energia, sendo
As residências, geralmente, recebem
que o segundo(s) é a unidade de tempo.
energia elétrica da rede urbana. Entretanto,
Dividindo-se 1J por 1s obtém-se, 1 Watt (W).
antes dessa energia ser distribuída pela casa, ela
1 W é a quantidade de potência elétrica deve passar pelo medidor de energia, o qual
que um elemento de um circuito possui, registra a quantidade de energia elétrica
quando, por exemplo, consome 1J de energia consumida pela instalação.
elétrica no tempo de 1s.
Como a energia elétrica total consumida
Outra unidade de potência, também muito num dado intervalo de tempo é obtida através da
usada na prática, é 1 cavalo-vapor (cv). A multiplicação da potência pelo tempo (E = P. t),
unidade foi proposta por James Watt e equivale, tem-se, por exemplo, que:
aproximadamente, a 736 W. James Watt
comparou a potência da máquina a vapor, P =1kW; t =1h; E = P. t = l kW.l h = l kWh
inventada por ele, com a dos cavalos que, na
época, eram usados para retirar água das minas
de carvão. Verificou que um cavalo forte era Existe uma relação entre o kWh e o
capaz de suspender um peso de 75 kgf a 1m de joule, ou seja:
altura em 1 segundo. Nos países de língua 1 kWh = 1kW.1h = 1000W. 3600s = 3,6 x 106J
inglesa usa-se uma unidade, praticamente igual a
1cv, denominada 1hp (horse power). Nos
motores importados desses países a potência Na figura 6.4 temos um medidor de
vem em HP. energia o qual é denominado de Watt-
horâmetro. Nesse instrumento de medição de
1 cv = 736W; 1 hp = 746W energia elétrica existe um disco que gira num
A potência elétrica é medida por um plano horizontal. A frequência de rotação desse
instrumento chamado wattímetro que indica a disco está associada à energia consumida pelo
potência instantânea em Watts. usuário, medida em kWh. A “conta de luz” é
cobrada mensalmente em função do consumo de
Tomando-se a eq. 6.1 e pondo em energia, que é a diferença entre as duas leituras,
evidência a energia tem-se: feitas com um intervalo de tempo de trinta dias.
VI - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

Um aparelho elétrico de 1000 W (1 kW),


para consumir uma energia de 1 kWh,
certamente precisaria ficar ligado durante 1
hora. Mas, se fosse um aparelho de 2 kW, para
gastar a mesma quantidade de energia, bastaria
que ele permanecesse ligado durante meia hora.
No caso de um aparelho elétrico
consumindo também 1 kWh no tempo de 4
horas, qual deveria ser o valor de sua potência
elétrica? Logicamente, a potência deveria ser
Fig.6.4 – Aspecto externo de um medidor igual a 250 W (0,25 kW).
de energia residencial
Como o calor é uma forma de energia, é
evidente que, no SI, ele é medido em Joules.
A Figura 6.5 mostra alguns exemplos Usa-se com frequência uma outra unidade,
daquilo que se pode obter com 1 kWh em denominada caloria. Uma quantidade de calor
diversos aparelhos elétricos. de 1 caloria, cujo símbolo é 1 cal, representa a
quantidade de calor que se deve fornecer a 1g de
água para elevar sua temperatura de 14,5°C a
15,5º C. A relação entre joule e caloria é:
1 caloria = 4,184 Joules
A unidade de calor de 1 BTU (British
5 h de Cerca de 1.000 Thermal Unit) é definida como a quantidade de
lavagem de
funcionamento barbas energia necessária para se elevar a temperatura
3kg de
roupas de uma massa de uma libra de água de 59,5º F a
60,5º F, sob pressão constante de 1 atmosfera.
1 BTU = 1055 Joules
Exemplo resolvido 6.1:
Um aquecedor elétrico foi ligado numa
2 h de uso 20 min de rede de modo que ele desenvolveu uma potência
Preparação funcionamento elétrica de 5000W. Sabendo-se que
de 20 sucos
permaneceu ligado durante 30 minutos,
Fig.6.5 – Comparação de consumo de diversos determine o valor:
aparelhos domésticos a) Da energia elétrica em joules;
Não faça confusão entre potência e b) Da energia elétrica em kWh;
energia. A potência de uma lâmpada (40W, c) Do custo dessa energia, considerando que
60W, 100W, etc) é algo característico dela; a tarifa vale R$ 0,48/kWh.
porém a energia elétrica consumida pela Solução:
lâmpada vai depender do intervalo de tempo em
que permanecer acesa. P = 5000W = 5kW t = 1800s = 0,5h E=?

No caso, por exemplo, de uma energia E = P. t = 5000 W . 1800 s E = 9000x103J


elétrica igual a 1 kWh, poderíamos afirmar que E = 5 kW . 0,5 h E = 2,5 kWh
esse nível de consumo ocorrerá necessariamente
Custo = ?
no tempo de 1 hora? Claro que não, pois irá
depender da potência elétrica do aparelho Custo = E x Tarifa = 2,5 kWh x R$ 0,48/kWh =
analisado. R$ 1,20
Potência e energia elétrica VI - 5
_______________________________________________________________________________________________

de carvão, maior será a sua potência nominal,


6.3 - VALORES NOMINAIS
uma vez que uma grande quantidade de material
absorverá e dissipará calor mais facilmente.
Na maioria dos equipamentos elétricos Quando se usa energia elétrica em um
existe a indicação de valores de tensão e material com resistência, ela é transformada em
potência (Volts e Watts). Equipamentos elétricos calor. Quando há maior potência no material, a
cuja “tensão nominal” é 220V foram projetados razão segundo a qual a energia elétrica é
para trabalhar em redes de 220V. O valor transformada em calor aumenta e a temperatura
nominal em Watts significa a razão segundo a do material cresce. Se a temperatura crescer
qual a energia elétrica é transformada noutra tal muito, o material poderá queimar devido ao
como calor e luz. Quanto mais rápida uma calor. Por essa razão, todos os tipos de
lâmpada transforma energia elétrica em luz, equipamentos elétricos são especificados para
maior será o brilho. Assim, uma lâmpada uma potência máxima. Tal especificação pode
incandescente de 100W fornecerá mais luz que ser em Potência ou muitas vezes em Tensão e
uma outra lâmpada incandescente de 75W. Corrente máxima, o que efetivamente dá a
No caso de lâmpadas, os valores especificação em watts.
nominais são a sua potência e tensão adequada.
Mas se você for comprar um resistor,
quais seriam os valores que devem ser 6.4- EQUAÇÕES DE POTÊNCIA ELÉTRICA
fornecidos ao vendedor? Os resistores são
especificados em Watts e em Ohms.
Considere um resistor de resistência
elétrica R submetido a uma diferença de
potencial V e percorrido por uma corrente
elétrica I.

I R
Quando são necessários resistores de dissipação
A B
V
A

Fig.6.7 – Resistor dissipando potência

Sabemos, da eletrostática, que o trabalho


elétrico W para deslocar uma carga elétrica q
do ponto A para o ponto B é dado pela seguinte
equação:

Fig.6.6 – Alguns resistores com suas potências W = V. q (6.3)


nominais Sabendo-se que potência é a relação
entre o trabalho realizado (ou energia
Resistores de mesmo valor de resistência consumida) e o tempo transcorrido ( P = W / t )
são disponíveis em diferentes valores de W V.q
tem-se: P
potência. Resistores de carvão, por exemplo, são t t
normalmente feitos para 1/8, 1/4, 1/2, l e 2
Considerando q/ t = I tem-se:
watts. Quanto maior for o tamanho do resistor
VI - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

P = V. I (6.4)
Resumindo temos:
A potência dissipada num circuito
elétrico é obtida pelo produto da tensão pela
intensidade da corrente.
Método Direto
No Sistema Internacional de Unidades a 220V
potência é medida em WATT, sendo que o
mesmo é obtido pelo produto entre o VOLT e o A
AMPÈRE.
1W é a potência de um elemento,
quando, por exemplo, ele é submetido a uma V

tensão de 1V e é percorrido por uma corrente


Método Indireto
de 1 A.
220V
Utilizando-se a relação P = V.I, e sabendo-
se que V = R . I, podemos deduzir mais duas Fig.6.8 – Medição de potência pelos métodos:
a) direto; b) indireto.
expressões conforme o raciocínio a seguir.
P = V.I , mas V = R.I logo P = R.I.I e
6.5 - EFEITO JOULE
P = R.I2 (6.5)
Num circuito composto apenas de fios
Por outro lado podemos usar outra condutores e resistores (circuito resistivo), a
formulação que não inclua a corrente. energia elétrica absorvida é transformada em
P = V.I , mas I = V/R logo P = V.V/R e energia térmica (calor). Se, por outro lado, o
circuito contém capacitores, indutores,
P = V2/R (6.6)
transformadores ou motores, parte da energia da
A energia elétrica pode ser medida corrente elétrica é transformada em energia de
através da utilização de um WATT- campo eletromagnético e o circuito diz-se
HORÂMETRO, o qual mede a energia em kWh. reativo.
Mas, em alguns casos, o que interessa é a
energia por segundo, ou seja, o valor da potência
elétrica e, nestes casos, recorre-se ao medidor de
potência denominado WATTÍMETRO. A
seguir temos a sua representação. Percebe-se
que ele possui quatro terminais, sendo dois
terminais de corrente e dois terminais de tensão.
Para se medir a potência dissipada por
um aquecedor elétrico comum, podemos utilizar
o WATTÍMETRO (método direto) ou, então,
um VOLTÍMETRO e um AMPERÍMETRO
(método indireto). Fig.6.9 – Estufa elétrica

Vamos levar em conta, aqui, somente


circuitos que possam ser considerados, com boa
aproximação, resistivos. Nesse caso, a energia
potencial elétrica da fonte de tensão é
Potência e energia elétrica VI - 7
_______________________________________________________________________________________________

transformada em energia térmica (calor). corrente à metade e, como ela está elevada ao
Quando a corrente elétrica produz calor, diz-se quadrado (I2), esse fator diminuirá a um quarto,
que estamos na presença do efeito Joule. fazendo com que a potência diminua à metade.

Como exemplos de aplicação do efeito Lâmpada incandescente: consta de um


Joule, podemos citar alguns aparelhos filamento de tungstênio espiralado que se aquece
eletrodomésticos de aquecimento, tais como a quando percorrido por uma corrente elétrica, até
torradeira, o chuveiro, o secador de cabelos, o tornar-se incandescente. Quanto maior a
ferro de passar roupas e a estufa. Em geral são temperatura do filamento, maior a quantidade de
constituídos de uma liga metálica (nicromo), a energia elétrica transformada em energia
qual não se oxida (e não se torna quebradiça) luminosa.
quando a corrente elétrica a aquece ao rubro. Por essa razão, utiliza-se o tungstênio
Um tipo muito comum de chuveiro como filamento, já que possui alto ponto de
elétrico apresenta um esquema semelhante ao fusão (3400ºC).
mostrado na figura dada. Entre os pontos “a” e
“b” é mantida uma diferença de potencial
constante e, através da chave, é possível
estabelecer contato nos pontos X, Y ou Z. Com
a chave em X, o circuito estará aberto, não
havendo aquecimento da água.
Se o contato for efetuado no terminal Y,
teremos um pequeno valor de resistência contatos
inserida no circuito, de modo que circulará uma
corrente elevada, provocando um aquecimento Fig.6.11 – Lâmpada incandescente
muito grande da água (inverno). Se fizermos o
contato em Z, teremos um outro resistor em Na lâmpada vem gravada a potência e a
série com o primeiro, aumentando a resistência tensão nominal (Ex: 40W - 110V). A
total do circuito, ocasionando a diminuição da luminosidade da lâmpada está relacionada com a
corrente e, consequentemente, uma redução de tensão que recebe, sendo que uma lâmpada de
potência (verão). filamento transforma, no máximo, 10% da
energia elétrica consumida em luz, enquanto que
os restantes 90% transformam-se em calor.
Se medirmos a resistência de uma
lâmpada de 40W-110V desligada (a 20oC)
Y obteremos uma resistência em torno de 22,4 .

X Z A resistência também pode ser calculada


a partir da potência e tensão nominais.
a b V2 110V 2
R 302,5
P 40W
Por que não encontramos o mesmo valor
Fig.6.10 – Chuveiro elétrico para a resistência elétrica do filamento?
O valor 22,4 representa a resistência
Já sabemos que a potência depende da elétrica do resistor da lâmpada quando está
resistência e da corrente (P=R.I2). Se dobrarmos desligada, isto é, o filamento a aproximadamente
a resistência poderíamos pensar que a potência 20°C. Já o valor 302,5 representa a resistência
aumentaria, porém isso causa a redução da
VI - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

elétrica do resistor quando a lâmpada está potência dissipada nesses fios sob a forma de
ligada, isto é, muito aquecida ( 2200°C). calor será Pd=R.I2 . Assim, a potência utilizada
na residência, que estaria conectada no final da
Este resultado nos mostra que a
rede, será: Pu = PF - Pd.
resistência elétrica do filamento de tungstênio
aumenta com sua temperatura. Aliás, a maioria
dos materiais tem esse comportamento. I
S
Tabela 6.1 – Potências típicas de alguns aparelhos
elétricos
Aparelho Potência
(Watts) R
Ar condicionado 900 a 3600 V
N
Aspirador de pó 500 a 1000
Barbeador 8 a 12 Fig.6.12 – Geração de energia na tensão de
Cafeteira 1000 distribuição

Chuveiro 4000 a 6500 Para diminuir as perdas deveríamos procurar


Computador pessoal 100 diminuir os valores de R e I . O valor de R só
pode ser diminuído se for aumentada a área da
Cortador de grama 800 a 1500
seção transversal dos fios, isto é, usando-se
Ferro de passar roupa 800 a 1650 cabos mais grossos. Entretanto, cabos muito
Impressora jato de tinta 30 grossos, além de terem custo elevado, tornariam
Liquidificador 270 a rede de transmissão extremamente pesada.
Máquina de secar roupa 2500 a 6000
Assim, a solução mais adequada é
Monitor de computador 15” 85 procurar reduzir o valor da corrente I que circula
Retroprojetor 1200 pelos condutores. Como a potência PF = V.I,
Scanner doméstico 38 fornecida pelo gerador, não pode sofrer
Secadora de cabelos 500 a 1200 alteração, se o valor de I for reduzido, teremos
que aumentar o valor de V, de modo a manter
Televisor 75 a 300 inalterado o valor desta potência. Isto só é
Torneira elétrica 2800 a 4500 conseguido com o uso de transformadores.
Torradeira 500 a 1200 Assim, para reduzir as perdas na linha, a energia
Ventilador de pé 300 elétrica deve ser transmitida com baixa
corrente e alta tensão como, por exemplo, 69
kV, 138 kV e 230 kV.
6.6 - TRANSMISSÃO DE ENERGIA EM
ALTA TENSÃO (opcional) Não é possível, entretanto, elevar
indefinidamente o valor dessas altas tensões
Um dos problemas relacionados à porque, acima de certos valores, há dificuldades
transmissão e distribuição de energia elétrica, de isolamento dos condutores.
refere-se às perdas por efeito Joule na rede.
Pelos problemas de isolamento os
Consideremos um gerador produzindo geradores não produzem mais do que 18 kV
energia a ser transportada pelos fios com a (Itaipu). Usam-se, então, transformadores para
mesma tensão que será utilizada nas residências. elevar a tensão para a transmissão e depois para
Sendo V a tensão entre os polos do rebaixar a tensão antes de ser distribuída aos
gerador e I a corrente nos fios, a potência consumidores.
fornecida pelo gerador é PF =V.I. Mas, sendo R Nesse local, os transformadores reduzem
a resistência total dos fios transportadores, a a tensão para valores como 13,8 kV ou 23 kV
Potência e energia elétrica VI - 9
_______________________________________________________________________________________________

com os quais ela é distribuída aos consumidores modo que ela possa ser utilizada, sem riscos,
industriais e pelas ruas das cidades. pelo consumidor residencial. (Ver Figura 6.13)
Finalmente, nas proximidades das
residências, existem transformadores que
reduzem ainda mais a tensão (por ex. 220V), de

Geração Transmissão

Elevação

Rebaixamento Distribuição

Fig.6.13 – Sistema comercial de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica


a) Para aumentar a potência do chuveiro, a
Questões e problemas corrente que passa através dele deve ser
aumentada ou diminuída?
6.1- Nas lâmpadas incandescentes, a energia b) Então para que haja maior aquecimento
elétrica é transformada, uma parte em da água, a pessoa deverá aumentar ou
energia _______________ e outra parte em diminuir a resistência do chuveiro?
energia _______________. c) Assim, quando a chave de um chuveiro é
deslocada da posição “inverno” para
6.2- Cite os fatores que influenciam diretamente
“verão”, estamos aumentando ou
no custo de energia elétrica.
diminuindo sua resistência?
6.3- Numere a coluna da direita de acordo com a
6.5- Um jovem mudou-se da cidade de Rio
da esquerda.
Grande (110V) para Pelotas (220V),
1. rapidez de ( ) cálculo de potência
trazendo consigo um aquecedor elétrico,
dissipação de energia cuja ddp nominal é 110V. Sabendo-se que
2. joule ou kWh ( )conceito de potência a tensão da rede de Pelotas é o dobro da
3. volt x ampère ( ) ohm tensão da rede de Rio Grande, ele substituiu
4. divisão da energia ( ) watt o resistor do aquecedor por outro. Qual
pelo tempo deve ser a relação entre as resistências para
( ) unidade de energia que a potência não se altere?

6.4- Uma pessoa verifica que o seu chuveiro


elétrico não está aquecendo suficientemente 6.6- Duas lâmpadas L1 e L2 possuem valores
a água. Sabendo-se que a tensão aplicada nominais de, respectivamente, 100W-110V
ao chuveiro é constante, responda: e 100W - 220V. Considerando-se o exposto,
assinale com “V” as afirmativas
verdadeiras e com “F” as afirmativas falsas:
a)( ) se L1 for ligada na rede de Pelotas
(220V), ela irá queimar.
VI - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

b)( ) se L2 for ligada na rede de Porto Alegre


(110V) ela irá queimar. 6.9- O instrumento utilizado para medir a
c)( ) se L1 for ligada em Porto Alegre e L2 potência elétrica é o "wattímetro", o qual
em Pelotas, elas terão a mesma potência. tem aparência semelhante aos demais
d)( ) ligando-se L2 na rede de Porto Alegre, medidores, porém possui quatro terminais
sua potência será inferior a 100W. em lugar dos dois de costume. Dois
terminais são chamados terminais de tensão
6.7- A figura abaixo mostra, esquematicamente, (equivalente ao voltímetro) e os outros dois
o sistema de aquecimento de um chuveiro terminais de corrente (equivalente ao
elétrico, onde a chave S permite selecionar amperímetro). Pode-se afirmar que os dois
o modo de operação (frio, morno ou quente) conjuntos de terminais são ligados,
do chuveiro. Para tal, o posicionamento respectivamente, em __________ e em
correto da chave será dado por: _________com o circuito.

6.10- Zezinho, querendo colaborar com o


I 220 V
governo no sentido de economizar energia
elétrica, trocou seu chuveiro de valores
S nominais 110V - 3000W por outro de 220V
II - 3000W. Sabendo-se que em sua casa
existe uma única rede de 110V, podemos
III dizer que ele terá um consumo de energia
elétrica:
frio morno quente a) Idêntico ao anterior; b) Duas vezes
a) I II III maior;
b) III I II c) A metade do valor anterior; d) quatro
c) II III I vezes maior; e) um quarto do valor anterior.
d) I III II
e) III II I 6.11- Um jovem casal instalou em sua casa uma
ducha elétrica moderna de 7700W/ 220V.
6.8- O proprietário de uma cantina verificou que No entanto, os jovens verificaram,
os alimentos colocados no interior de uma desiludidos, que toda vez que ligavam a
estufa elétrica eram aquecidos em demasia. ducha na potência máxima o disjuntor
Para diminuir a temperatura dessa estufa, desarmava-se. Pretendiam até recolocar no
ele poderá fazer várias modificações na lugar o velho chuveiro de 3300W/220V,
resistência de seu resistor. Entre as opções que nunca falhou. Felizmente, um amigo,
seguintes assinale aquela que o levará a que era técnico, os socorreu. Substituiu o
obter o resultado desejado: velho disjuntor por outro, de maneira que a
a) Cortar um pedaço que fio que constitui o ducha funcionasse normalmente. Assinale a
resistor. única alternativa que descreve corretamente
b) Substituir o resistor por outro de menor o procedimento do amigo.
resistência. a) Substituiu o velho disjuntor de 30A por
c) Substituir o resistor por outro de maior um novo, de 20A.
resistência. b) Substituiu o velho disjuntor de 20 A por
d) Substituir o fio do resistor por um de um novo, de 40A.
mesmo comprimento e mesma seção c) Substituiu o velho disjuntor de 10A por
transversal, mas de menor resistividade. um novo, de 40A.
e) Substituir o fio do resistor por outro de d) Substituiu o velho disjuntor de 20A por
mesmo material e mesmo comprimento, um novo, de 30A.
mas de maior seção transversal.
Potência e energia elétrica VI - 11
_______________________________________________________________________________________________

e) Substituiu o velho disjuntor de 40A por seguintes valores nominais: 60W–110V.


um novo, de 20A. Determine:
a) O valor da resistência elétrica da
6.12- Para obter a potência de um aparelho lâmpada.
elétrico, um estudante seguiu estes b) O valor da corrente que irá circular,
procedimentos: quando a lâmpada for conectada à rede
- Desligou todos os aparelhos elétricos de elétrica.
sua casa, exceto uma lâmpada de 100W e
outra de 60W. Observou, então, que o disco 6.16- Nas instalações residenciais de chuveiros
do medidor levou 8s para efetuar 10 voltas; elétricos, costumam-se usar fusíveis ou
- Apagou as duas lâmpadas e ligou apenas o interruptores de proteção (disjuntores) que
aparelho de potência desconhecida. Com desligam automaticamente quando a
isso, verificou que o disco do medidor levou corrente excede um valor pré-escolhido.
4s para realizar 10 voltas. Qual o valor do disjuntor que você
O estudante calculou corretamente a escolheria para instalar um chuveiro de
potência do aparelho, encontrando: 3500W-220V?
a) 80 W b)160W c) 240 W a)10A; b)15A; c)30A; d)70A; e)20A
d)320 W e) 480 W
6.17- Um fusível de 30A foi instalado numa
residência alimentada por uma tensão de
6.13- A potência P de um chuveiro elétrico, 220V. Quantas lâmpadas de 100W-220V
ligado a uma rede doméstica de tensão V = poderão ser ligadas simultaneamente, de
220V, é dada por P = V2/R, onde a uma forma adequada, sem perigo de
resistência elétrica R do chuveiro é queimar o fusível?
proporcional ao comprimento do resistor. A
tensão V e a corrente I no chuveiro estão 6.18- Uma lâmpada possui os seguintes valores
relacionadas pela relação V=R.I . Deseja-se nominais: 100W-220V. Admitindo que sua
aumentar a potência do chuveiro mudando resistência seja constante, determine o valor
apenas o comprimento do resistor. dessa resistência, da potência elétrica e da
a) Ao aumentar a potência, a água ficará corrente que circula, supondo que a
mais quente ou mais fria? lâmpada está conectada a uma rede de:
b) Para aumentar a potência, o que deve ser a) 220V b) 200V
feito com o comprimento do resistor?
c) O que acontece com a intensidade da 6.19- Um fio de resistência elétrica igual a 500
corrente I quando a potência do chuveiro é submetido a uma diferença de potencial de
aumenta? 20V. Qual a energia dissipada no fio em um
d) O que acontece com o valor da tensão V minuto?
quando a potência do chuveiro aumenta?
6.20- Um forno elétrico (resistência constante) é
vendido com a seguinte indicação: 4kW-
6.14- Certa lâmpada é percorrida por uma 110V.
corrente de 2A, quando entre seus extremos a) Determine a energia (em joules e em
existe uma diferença de potencial de 110V. kWh) consumida pelo forno, quando ele for
Determine a sua potência elétrica nessa ligado, durante 30 minutos, numa rede de
situação. 110V.
b) Refaça o problema, admitindo que a
6.15- Um estudante, em cuja casa a tensão é tensão caiu para 80V.
110V, comprou uma lâmpada com os 6.21- Um chuveiro elétrico ligado a uma rede de
220V tem resistência de 22 . Sabendo que
VI - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
________________________________________________________________________________________________

ele é utilizado durante 1h por dia, todos os


dias, determine o consumo mensal (30 dias) Respostas selecionadas
desse chuveiro em reais (l kWh custa R$
6.1- Térmica, luminosa; 6.2 – Consumo, tarifa
0,48).
6.3 - (4); (1); ( ); (3); (2)
6.22- Por um chuveiro elétrico circula uma
corrente de 15A quando ele está ligado em 6.4 - a) aumentada; diminuir; aumentando.
220V. Considerando que o kWh custa R$
0,48, determine o custo de um banho de 6.5 – Rnova = 4xRvelha 6.6 – a) V; F; V; V.
0,5h.
6.7 – (e); 6.8 – (c); 6.9 – paralelo, série
6.23- Um chuveiro elétrico ligado, em média,
0,5h por dia gasta R$43,20 de energia 6.10 – (e); 6.11 – (b) 6.12 – (d)
elétrica por mês (30 dias). Sabendo-se que
a tarifa cobrada é de R$ 0,48 por kWh, 6.13 - a) mais quente; b) diminuir; c) aumenta;
determine o valor da potência elétrica do d) fica constante.
aparelho.
6.14- P = 220W;
6.24- Os valores nominais de um resistor são:
6.15- a) R = 201,67 b) I = 0,545A
10 e 5W. Determine os valores da ddp
máxima e da corrente máxima que poderão 6.16- I = 20A;
existir sobre o resistor, de modo que ele não
queime. 6.17- n = 66 lâmpadas;

6.25- Os valores nominais de um resistor são 6.18- a) R = 484 P = 100W; I = 0,455A;


270 e 1/4W. Esse resistor pode ser ligado b) R = 484 ; P = 82,64W; I = 0,413 A.
numa bateria de 12V sem risco de queimar?
Justifique. 6.19- E = 48J;

6.26- Um chuveiro elétrico projetado para 220V 6.20 - a) E = 2,0 kWh; 7,2 MJ;
possui um resistor cuja resistência elétrica
pode assumir dois valores: 11 e 22 . b) E = 1,06 kWh; 3,808 MJ
Sabe-se que o chuveiro está ligado em uma
6.21- Custo = R$ 31,68; 6.22- Custo = R$ 0,79;
rede de 220V e que funciona durante 20
minutos por dia. Considerando que 1kWh 6.23- P= 6,0 kW;
custa R$0,48, determine o custo mensal (30
dias) relativo a cada uma das posições do 6.24- Vmáx= 7,07 V; Imáx= 0,707A;
resistor e identifique a posição de banho
morno (verão) e a posição onde o banho é 6.25- Não, ele dissiparia 0,53W que é maior do
quente (inverno). que ele suporta que é 0,25W ou 1/4W
6.26- a) Custo = R$ 21,12 (inverno);
b) Custo = R$ 10,56 (verão)
Capítulo VII – CIRCUITOS ELÉTRICOS

James Prescott Joule (1818-1889 )


Joule, físico inglês, estudou durante algum tempo com
John Dalton (químico e físico inglês, fundador da teoria atômica
moderna), mas sua formação científica foi principalmente
autodidática. James Joule foi o primeiro cientista a estabelecer o
princípio da interconversibilidade das diversas formas de energia,
ou seja, da termodinâmica. Ele também se preocupou, desde cedo,
com a importância de se fazerem medidas exatas - suas pesquisas
caracterizaram-se particularmente por essa preocupação com a
precisão dos dados obtidos. Sua importante descoberta resultou de
uma longa série de experiências sobre as relações quantitativas
entre os efeitos elétricos, mecânicos e químicos.
Em 1843, Joule determinou a quantidade de trabalho necessária para produzir uma
unidade de calor, o equivalente mecânico do calor. Para isto Joule empregou quatro métodos
crescentes de exatidão. O primeiro consistia em medir a elevação da temperatura, a corrente e o
trabalho mecânico resultante da rotação de um pequeno ímã na água entre os polos de outro
magneto. O segundo método determina a elevação da temperatura forçando a água através de tubos
capilares. O terceiro depende da compressão do ar. E no quarto ele produz calor pela fricção da
água por meio de pás, girando sob a ação da queda de um peso. Por esse processo Joule obteve
muitos resultados para a unidade térmica britânica, concluindo por adotar a de 781,8 libras-pé,
chamada unidade Joule, e que corresponde ao trabalho para deslocar um metro um corpo com um
Newton de peso. Joule também pesquisou as mudanças térmicas ocorridas pelos gases comprimidos
através de pequenas aberturas - e as mudanças experimentadas pelos sólidos, sob compressão, em
solução, e em diversas outras situações. [http://educacao.uol.com.br/biografias/james-joule.jhtm ]

7.1 - CIRCUITO ELÉTRICO SIMPLES um componente que irá interligar a fonte e a


lâmpada (condutores).
Um circuito elétrico é um caminho No circuito acima, verificamos que a
fechado formado de, no mínimo, três lâmpada irá permanecer sempre acesa,
componentes principais. consumindo energia elétrica permanentemente.

I Lâmpada

Fonte chave aberta


t
a
N
ta

Condutor t
a
N
ta
N

I circuito aberto
+ -
V L V
- + L
Ch

Fig.7.1 – Constituição de circuito elétrico simples


Fig.7.2 –Circuito simples com interruptor

Um componente que cria e mantém uma Para podermos desligá-lo devemos


ddp (fonte); um outro que irá consumir a energia introduzir no circuito uma chave ou
fornecida pela fonte (resistor ou lâmpada) e interruptor.
VII - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Podemos acrescentar ainda outro Assim, pela relação I =V/R, se V é


elemento ao circuito, que terá como objetivo constante (ddp da pilha ou bateria) e R é
efetuar a proteção contra aumentos indesejáveis próximo de zero, então a corrente assume
de corrente. Este elemento é o “fusível” (F), que valores elevados e é chamada de corrente de
deve ser ligado em série com o circuito. Dessa curto-circuito.
forma, o nosso circuito já se apresenta em
condições muito boas, pois temos uma fonte,
uma chave, um fusível, uma lâmpada e fios
condutores.

-
+ I L

Fig.7.3 – Circuito
com fusível
Fig.7.5 – Curto-circuito nos bornes de uma bateria
Curto-circuito
Na Figura 7.4 a corrente sai por um dos
Com o aumento da intensidade da
terminais da fonte, percorre o fio condutor de
corrente, ocorre também o aumento da
resistência elétrica desprezível e penetra pelo
temperatura (efeito Joule). Assim, o circuito em
outro terminal.
“curto” pode-se aquecer exageradamente e dar
Icc início a um incêndio. Para evitar que isso
aconteça, os fusíveis do circuito devem estar em
boas condições para que, tão logo a temperatura
do trecho “em curto” se eleve, o fusível se funda
R 0 e interrompa a passagem da corrente.
Na primeira montagem da Figura 7.6 a
lâmpada tem um dado brilho. Mas, ao
Fig.7.4 – Curto-circuito nos terminais de uma pilha conectarmos com o resistor um fio de resistência
desprezível, como se verifica no segundo
Ela percorre o circuito sem passar por desenho, a corrente elétrica se desvia por ele.
nenhum aparelho ou instrumento que tenha
alguma resistência considerável. Quando isso i I
ocorre, dizemos que há um curto-circuito. O
mesmo acontece, por exemplo, quando os polos
de uma bateria são unidos por uma chave de
fenda, ou quando dois fios desencapados se
i
tocam, conforme a Figura 7.5.
Quando ocorre um curto-circuito, a
resistência elétrica do trecho percorrido pela R 0 I
corrente é muito pequena (lembre-se de que a Fig.7.6 – Curto-circuito num componente
resistência elétrica dos fios de ligação é
praticamente desprezível). Nesse caso, o resistor está em curto e,
consequentemente, a resistência do circuito
Circuitos elétricos VII - 3
________________________________________________________________________________________________

diminui e a corrente atinge valores mais Re = Rl + R2 +...+ Rn (7.2)


elevados, fazendo com que o brilho da lâmpada
seja aumentado. Por exemplo, no circuito da Figura 7.9
temos:
7.2 - CIRCUITO SÉRIE Re = Rl + R2 Re = 4 +5 =9

Numa associação série os resistores A


ficam posicionados um após o outro, sendo
R1 4
percorridos pela mesma corrente, conforme
exemplos a seguir. 9V C
I
R2 5
A B A C
R1
R1 R3 B
R2 R2
Fig.7.9 – Exemplo numérico de circuito série
R3 B
D C D

Fig.7.7 – Circuito elétrico série com três componentes 4ª) No circuito série a tensão aplicada ao
circuito é igual à soma das tensões parciais,
Um circuito série de resistores apresenta sendo que estas são proporcionais às
as seguintes características: resistências dos componentes.
Costuma-se chamar a tensão em cada
1ª) Num circuito série, os componentes componente de um circuito série de “queda de
são dependentes entre si, ou seja, para que o tensão”.
circuito funcione perfeitamente, todos os
elementos devem estar em boas condições de Vt = V1 + V2 + …+ Vn (7.3)
funcionamento. No caso de lâmpadas, se uma Onde: V1= I.R1; V2 = I.R2; Vn = I.Rn
queima (o filamento rompe) as outras irão
apagar, pois o circuito ficará aberto.
Pela lei de Ohm verificamos que o valor
C D
da intensidade da corrente que percorre o
A B
circuito dependerá da tensão aplicada ao mesmo
L1 L2 L3 e da resistência total que o circuito oferece.
VAB 9 V
I 1A
Re 9
I Os dois resistores do circuito são
220V percorridos pela mesma corrente e, como têm
Fig.7.8 – Circuito série com lâmpadas resistências diferentes, aparecerão sobre eles
quedas de tensão diferentes.
2ª) O circuito série possui uma única
malha fechada (trajetória elétrica) e por esse VAC = I . Rl = 1 A . 4 V;
motivo a intensidade da corrente é a mesma em VCB = I . R2 = 1 A . 5 V;
todos os pontos do circuito.
VAB= VAC + VCB = 4 V + 5 V = V
I1 = I2 = … = In = I (7.1)
3ª) Num circuito série, a resistência total Assim sendo, a tensão aplicada ao
ou equivalente (Re) é igual à soma das circuito divide-se sobre os resistores associados,
resistências do circuito.
VII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

ficando a maior tensão sobre o resistor de maior


valor. A 47 C 33 B
5ª) A dissipação de potência será maior R1 R2
no resistor de maior resistência. I
Como a intensidade da corrente é a
mesma em todos os resistores e, sabendo-se que 8V
P = R.I2, nota-se que a maior potência ocorre no
Fig.7.11 – Circuito para o exemplo 7.1
resistor de maior resistência.
Nota-se também que, somando-se as
potências individuais de cada resistor, obtém-se Pela relação I = V/R calculamos a
o valor da potência total dissipada pela corrente do circuito.
associação.
I = VAB/Re; I = 8 V/80 I = 0,1 A = 100 mA
2 2
P l = Rl . I = 4 x1A Pl = 4 W
De posse da corrente, podemos calcular
2
P2 = R2. I = 5 x1A 2
P2 = 5 W as quedas de tensão.

P t = Pl + P2 = 4 W + 5 W = 9 W V=I.R VAC = I . Rl = 0,1 A . 47 V;


V=I.R VCB = I. R2 = 0,1 A . 33 V;
Pt = VAB x I = 9 V x 1 A =9W
Sabendo-se as tensões e as correntes,
podemos calcular o valor da potência dissipada
em cada resistor.
4W 5W

R1 = 4 R2= 5 P = V.I Pl = VAC x I = 4,7 Vx0,1 A = 0,47 W;


1A P2 = VCB x I = 3,3 V x 0,1 A= 0,33 W
9V

Resumo das características do circuito série


Fig.7.10 – Potências no circuito série

- Um componente depende do outro para que o


circuito funcione.
- Todos os componentes são percorridos pela
Exemplo Resolvido 7.1:
mesma corrente.
Dois resistores são ligados em série. - A resistência total do circuito é obtida através
Sabendo-se que Rl = 47 , R2 = 33 e que a da soma das resistências do circuito.
associação é alimentada por uma fonte de 8 V, - A tensão aplicada é igual à soma das quedas
determine as quedas de tensão (ddp) sobre os de tensão nos resistores associados.
resistores e a potência dissipada em cada um. - As quedas são proporcionais às resistências
Como conhecemos os valores dos dos resistores.
resistores do circuito, podemos calcular a - A potência dissipada em cada resistor é
resistência equivalente (Re). proporcional à sua resistência.

Re = Rl + R2 = 47 + 33 = 80
Circuitos elétricos VII - 5
________________________________________________________________________________________________

Comprovação prática acrescentada à resistência do circuito. Para que


a perturbação causada por esta introdução seja
Materiais utilizados: desprezível, o amperímetro deve ser construído
- Fonte de alimentação (0-20V); de tal modo que sua resistência interna seja a
- Multitester; menor possível. Portanto, um amperímetro
- Resistores (47 W; 33 W). ideal teria resistência interna nula.

R1 = 47 R2=33
Logo após, verificaremos os valores das
quedas de tensão, utilizando o multitester como
A C B voltímetro (em paralelo), na escala de 10 V. O
voltímetro V1 deverá indicar 4,7 V e o V2
indicar 3,3 V. Observe a polaridade correta dos
instrumentos. Compare a medição de V1 com
I + -
VAB= 8 V V2 e justifique.
Fig.7.12 – Circuito série com fonte CC eletrônica
VAC VCB
Montagem
Executa-se a montagem conforme figura
acima e aplica-se, através da fonte, uma tensão R1 = 47 R2=33
de 8 V. Comprovaremos primeiro o valor da
corrente através do circuito que é a mesma ao A C B
longo do mesmo.
Para medirmos a corrente, utilizaremos o
multitester como miliamperímetro, selecionando
I=0,1A + -
a escala de 250 mA. Em qualquer ponto que se VAB= 8 V
introduza o medidor de corrente (em série), o
mesmo deverá indicar o valor de 100 mA Fig.7.14 – Medição das quedas de tensão
calculado.
GALVANÔMETRO – VOLTÍMETRO (opcional)

R1 = 47 R2=33 Um bom exemplo de aplicação de


circuito série é a montagem de um medidor a
A
partir de instrumento básico denominado de
galvanômetro. Ele é constituído de um ímã
permanente e de uma bobina (fios enrolados)
A I + - A acoplada a um ponteiro.
VAB= 8 V

Fig.7.13 – Medição das correntes do circuito série

No interior de um amperímetro existem


fios condutores que devem ser percorridos pela V
corrente elétrica para que o aparelho indique o
valor dessa corrente. Esses fios apresentam
certa resistência elétrica, que é denominada
resistência interna do amperímetro. Assim, ao Fig.7.15 – Escala de um galvanômetro
introduzirmos um amperímetro em um circuito
(Figura 7.13), sua resistência interna será
VII - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Quando circula corrente pela bobina, Rc = 4999mV / 0,5mA Rc = 9998


surge um campo magnético (efeito magnético
da corrente elétrica) que interage com o campo
do ímã e, consequentemente, a bobina se voltímetro
RC
movimenta, deslocando o ponteiro do medidor. G
Tal bobina é extremamente sensível, ou seja, o
fio que a constitui suporta apenas corrente e
tensão extremamente baixas. A V B
Vamos admitir, por exemplo, que a
resistência interna de um galvanômetro seja de
2 e que a corrente máxima que sua bobina
suporta seja de 500 A. Consequentemente,
deduz-se que a tensão máxima que pode ser
aplicada no instrumento vale 1mV, pois:
2 x 500 A = 1000 V= 0,001V.
Este instrumento, de ponteiras A e B, Fig.7.17 – Construção de um voltímetro a partir de um
pode ser utilizado para medir tensões galvanômetro
(voltímetro escala graduada em microvolts)
de até 1000 V (1mV). Se for acrescentado, então, um resistor
de precisão de 9998 em série com a bobina do
galvanômetro, cada vez que o ponteiro do
microvoltímetro medidor se deslocar até o fundo da escala (limite
máximo), significa que estamos efetuando a
G medição de uma tensão de 5V.

A B Questões e problemas: circuito série


Fig.7.16 – Galvanômetro como voltímetro 7.1. Um circuito é constituído de 3 resistores e
os mesmos estão ligados em série. O que
Vamos supor que desejássemos deverá ocorrer com a corrente, e com a
transformar o nosso galvanômetro num resistência total do circuito, se provocarmos
voltímetro de 5 V (5000 mV), ou seja, seu fundo um curto-circuito sobre um dos resistores?
de escala, em vez de 1 mV (1000 V), seria de
5 V.
Isso seria possível através da introdução 7.2. Dez lâmpadas ligadas em série iluminam
de um resistor complementar conectado em série uma árvore de Natal. O que ocorrerá com o
(circuito divisor de tensão). circuito se alguma das lâmpadas queimar?
Esse resistor teria que originar uma
queda de tensão de 4999 mV, pois a bobina do
instrumento admite, no máximo, 1mV. Assim, 7.3. Duas lâmpadas de resistências iguais,
teríamos na bobina uma corrente de 0,5 mA fabricadas para funcionar em 110V, poderão
(mesma corrente no resistor complementar). ser ligadas em série, formando um circuito
Logo, podemos determinar o valor da resistência alimentado por 220V? Justifique.
que deverá ter esse resistor:
Circuitos elétricos VII - 7
________________________________________________________________________________________________

7.4. Duas lâmpadas foram fabricadas para 7.8. Um resistor de 4 e um de 2,5 são
funcionarem, individualmente, numa rede associados em série e, à associação, aplica-
de 220V, sendo que a primeira teria uma se uma tensão de 19,5 V.
potência maior do que a segunda. a) Qual a resistência total da associação?
Considerando que elas foram ligadas em b) Qual a corrente que percorre o circuito?
série e que existe uma tensão de 220 V entre c) Qual a queda de tensão existente sobre
as extremidades da associação, explique o cada resistor?
que ocorrerá com cada uma das lâmpadas. d) Qual a potência dissipada em cada
resistor?

7.5. Um resistor de resistência Rl que está 7.9. Um circuito série é constituído de 3


conectado a uma fonte de tensão constante resistores Rl, R2 e R3 que valem,
dissipa uma potência P1. Associando em respectivamente, 2 , 4 e 6 . Sabe-se
série outro resistor de resistência R2, o que que a queda de tensão sobre R2 vale 10V.
acontecerá com o valor da: Determine a corrente que percorre o
a) Resistência total do circuito? circuito, as quedas de tensão sobre os
b) Corrente que circula no circuito? resistores e as potências em cada resistor.
c) Potência dissipada por Rl ?
7.10. Ligam-se em série 3 resistores com
resistências elétricas, respectivamente, de
7.6. Um circuito série é formado por uma fonte 200 , 500 e 300 . Sendo a corrente no
de tensão constante (12 V) e duas lâmpadas circuito 100 mA, calcule a tensão aplicada à
iguais (L1=L2). associação e a potência total dissipada pela
a) Considerando que em L1 passa 40mA, associação.
qual o valor da corrente em L2?
b) Qual o valor da tensão em cada uma das 7.11. Três resistores são associados em série e
lâmpadas? o circuito é alimentado por 30 V. Sabendo-
c) Considerando que uma terceira lâmpada se que a potência total dissipada pelo
L3 foi acrescentada em série com as demais, circuito é 60 W, e que Rl = 5 e R2 = 7 ,
a corrente em L1 será igual, maior ou menor determine as tensões nos resistores e o valor
do que 40 mA? de R3.

7.7. Analise as afirmativas a seguir e coloque 7.12. No circuito elétrico ilustrado abaixo, a
“V” se verdadeiras ou “F” se falsas. tensão da fonte vale 25 V, enquanto que as
a) ( ) Para diminuirmos a corrente que resistências elétricas valem:
percorre um circuito podemos ligar em série
A C
com ele um resistor. I D

b) ( ) Num chuveiro com a chave no Rl = 7 , R1 = 7 R2= 8


inverno, poderíamos considerar como se R2 = 8
25V R3= 5
fossem dois resistores ligados em série e no R3 = 5 .
verão seria apenas um único resistor B
percorrido por corrente.
c) ( ) Sempre ligamos o fusível em série Determine:
com o circuito, de modo que, se ele
queimar, o circuito ficará aberto. a) A corrente que atravessa o circuito e a
d) ( ) No circuito série, o resistor de maior potência dissipada em Rl;
resistência aquece mais. b) A corrente que circula no circuito, se for
provocado um curto-circuito sobre R3 e a
nova potência em Rl.
VII - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

7.13. No circuito abaixo os voltímetros V1 e 7.17. Para uma fileira de lâmpadas de Natal
V2 medem 5 V e 3 V, respectivamente. foram escolhidas lâmpadas de 20 . Tal
Determine: fileira está dimensionada para uma
a) A corrente no circuito; intensidade de corrente igual a 300 mA.
b) O valor da resistência Rl. Quantas lâmpadas deste tipo devem ser
ligadas em série para que seja possível fazer
a conexão à uma rede de 220 V ?
V1
V2

A R1 = ? C R2= 2,5 D R3= 4 B 7.18. Um jovem comprou um aparelho


I elétrico com os seguintes valores nominais:
55 W – 220 V. Como a rede elétrica em sua
V=? casa era 380V, pensou em utilizar um
resistor em série com o aparelho para
limitar a corrente e provocar uma queda de
7.14. São associados 3 resistores em série. tensão. Calcule o valor da resistência que
deverá ter o resistor e da potência que ele
Sendo Rl =10 , R2 =15 e R3 = 5 e a
dissipará de modo que o aparelho funcione
potência dissipada em R2 igual a 33,75 W,
corretamente.
determine:
a) A corrente do circuito;
b) A queda de tensão sobre cada resistor;
7.19. Admita que um galvanômetro tem
c) A tensão aplicada ao circuito;
d) A potência total do circuito. resistência elétrica 10 e a intensidade da
corrente de fundo de escala vale 20 mA.
Que modificação deve ser introduzida no
galvanômetro para que possa medir uma
7.15. Temos um circuito série formado por
tensão de até 60 V, ou seja, que ele se
dois resistores R1 = 22 e R2 = 68 , sendo
transforme num voltímetro de fundo de
que na associação é aplicada uma tensão de
escala 60 V? (Obs.: para transformar o
9 V. Sabendo-se que as potências máximas
galvanômetro num voltímetro, teremos que
que podem ser dissipadas pelos resistores
associá-lo em série a um resistor)
são, respectivamente, 1/8 W e 1 W,
determine se os resistores irão queimar ou
não, justificando sua resposta com cálculos.
7.20. A resistência de um galvanômetro é de
1 e a corrente máxima que ele pode medir
7.16. Uma fonte de alimentação de 10 V/ 20W é 1mA. Em que condições ele poderia ser
deve alimentar 5 lâmpadas pequenas e utilizado como voltímetro num circuito
coloridas de 1 V / 200 mW para enfeitar submetido a uma ddp de 500V?
uma árvore de Natal. Sabendo que as
lâmpadas queimam, caso a tensão sobre elas
seja maior do que a especificada, resolver
este problema usando um resistor em série
com o conjunto de lâmpadas. Qual o valor
do resistor e de sua potência dissipada?
Circuitos elétricos VII - 9
________________________________________________________________________________________________

7.3 - CIRCUITO PARALELO


A A A A
Temos uma associação em paralelo de
resistores quando todos os resistores associados IT R
1 R2 R3
ficam ligados aos mesmos pontos e, portanto, V
submetidos a uma mesma tensão elétrica,
IT I1 I2 I3
conforme exemplos a seguir.
B B B B
A A A A A A
Fig.7.20 – Circuito paralelo de resistores
R1 R2 R3 R1 R2 R3

VAB VAB VAB VAB


I1 ; I2 ; I3 ; In (7.5)
B B B B B B R1 R2 R3 Rn
Fig.7.18 – Algumas formas de apresentação do
circuito paralelo It = I1 + I2 + …+ In (7.6)
Um circuito paralelo apresenta as
seguintes características:
1ª) No circuito paralelo, os componentes Vejamos o exemplo da Figura 7.21:
não dependem uns dos outros para funcionar, ou Nó A
seja, queimando a lâmpada L3 no circuito
IT
abaixo, apenas ela se apaga, sendo que L1 e L2 R1= R2=
permanecem acesas, pois estão em bom estado 6V
2 3
de funcionamento e continuam recebendo a IT I1 I2
tensão da rede (220V). O exemplo desse tipo de
Nó B
ligação é verificado em nossa instalação elétrica
residencial. Em casa verificamos que, se uma Fig.7.21 – O circuito paralelo possui nós
lâmpada queima, as outras permanecem acesas e
também os eletrodomésticos ficam funcionando Como a tensão é a mesma, a
normalmente. resistência de maior valor será atravessada por
A menor valor de corrente e vice-versa.
It
VAB 6V VAB 6V
220V I1 3 A; I 2 2A
R1 2 R2 3
It I1 I2 I3

B
Por exemplo, como R1 < R2 , temos I1 >
Fig.7.19 –Lâmpadas em paralelo I2.
2ª) No circuito paralelo, como os
resistores estão ligados nos mesmos pontos, No circuito paralelo, a corrente total do
(nós) eles recebem a mesma tensão. circuito é igual à soma das correntes que
V1 = V2 = V3 = ... Vn = VAB (7.4) percorrem os resistores, portanto, no exemplo
acima, temos:
3ª) A corrente total do circuito é a soma
das correntes parciais, as quais, por sua vez, são It = I1 + I2 = 3 A + 2 A ==> It = 5 A
inversamente proporcionais às respectivas
resistências.
VII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
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4ª) Vamos agora obter as relações que 1 R1 R1


nos permitem calcular o valor da resistência Re Re = (7.12)
n n n
equivalente de um circuito paralelo. Pela lei de
R1
Ohm tem-se para cada resistor:
I1 = VAB/R1; I2 = VAB/R 2 ; In VAB/R n ;
Nó A
It VAB/R e (7.7)
IT 18 W 12 W
No nó A (ou B) temos a seguinte relação: 6V R1= R2=
2 3
I t = I1 + I 2 + ... + I n (7.8) IT I1 I2

VAB VAB VAB VAB Nó B


...
Re R1 R2 Rn Fig.7.22 – Exemplo de circuito paralelo

VAB 1 1 1
VAB . ..
Re R1 R2 Rn 5ª) Como no circuito paralelo a tensão é
Simplificando VAB nos dois lados temos: a mesma sobre todos os resistores, e sabendo-se
que P = V2/R, podemos concluir que o resistor
de maior resistência irá dissipar menor potência.
1 1 1 1 1
..... (7.9) Como P = V2/R e R1< R2 logo P1 > P2.
Re R1 R2 R3 Rn
2
1 VAB (6 V ) 2
ou Re (7.10) P1 = 18 W
1 1 1 1 R1 2
..... 2
R1 R2 R3 Rn V (6 V ) 2
P2 = AB 12 W
R2 3
No caso de apenas dois resistores
observamos a seguinte relação: Exemplo resolvido 7.2:

1 1 R1.R 2 Um circuito paralelo é constituído de


Re
1 1 R 2 R1 R1 R 2 dois resistores, sendo Rl=150 , R2=100 eé
R1 R2 R1.R 2 alimentado por 12 V. Determine a corrente e a
potência dissipada em cada resistor.
R1.R 2
Re = (7.11)
R1 + R 2 Nó A
A
Aplicando (7.11) no exemplo dado IT
12V R1= R2=
2 x3 6 2 I1 I2
temos: Re = 1,2 150 A 100 A
2 +3 5 IT
Se tivermos n resistores iguais
Nó B
(R1=R2=Rn) obtemos a resistência equivalente
por: Fig.7.23 – Exemplo de circuito paralelo

1 1
Re Como conhecemos os valores dos
1 1 1 1 1 1
... ... resistores, podemos calcular a resistência
R1 R2 Rn R1 R1 R1
equivalente Re.
Circuitos elétricos VII - 11
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R1.R 2 150 .100 Comprovação Prática


Re = Re =
R1 + R 2 150 + 100
Materiais Utilizados:
15000 2 - Fonte de alimentação (0 – 30 V);
Re 60
250 - Multímetro;
Pela relação I = V/R determinamos as - Resistores (150 ; 100 ).
correntes.
V 12 V R1=150
I t = AB It = 0,20 A 200 mA
Rt 60 I1
V 12 V A B
I1 = AB I1 = 0,08 A 80 mA
R1 150 I2 R2=100
V 12V
I 2 = AB I2 = 0,12A 120mA
R2 100 It + -
No circuito paralelo It se divide, então: VAB=12 V
It = I1 + I2= 0,08 A+ 0,12 A = 0,20 A Fig.7.24 – Aspecto da montagem de circuito paralelo

Para obtermos as potências fazemos:


VAB
2
(12 V) 2 Montagem
P1 = 0,96 W Executa-se a montagem conforme
R1 150
2
Figura 7.24 e aplica-se, através da fonte, uma
V (12 V) 2 tensão de 12V.
P2 = AB 1,44 W
R2 100 Comprovaremos primeiro o valor da ddp
VAB
2
(12V) 2 da fonte que, como sabemos, tem o mesmo valor
Pt = 2,4 W sobre os resistores.
Rt 60 Para medirmos a ddp, utilizaremos o
multímetro como voltímetro (em paralelo),
Podemos comprovar a potência total selecionado para a escala de 50 V. Sobre
através da soma das potências em cada um dos qualquer resistor que se coloque o instrumento,
resistores: o mesmo sempre indicará os 12 V da fonte.
Pt = P1 + P2 = 0,96 W + 1,44W Pt = 2,4 W
V
Resumo das Características do Circuito
Paralelo
R1=150
- Os componentes são eletricamente
I1
independentes entre si. I2
A B
- A tensão é a mesma para todos os resistores,
pois os mesmos são ligados aos mesmos pontos. R2=100
- A corrente total é igual à soma das correntes V
dos resistores.
- A corrente divide-se na razão inversa das
resistências. It + -
VAB=12 V
- A resistência total do circuito é menor do que a
menor das resistências associadas. Fig.7.25 – Medição das tensões
- A potência dissipada por cada resistor é
inversamente proporcional à sua resistência. O voltímetro possui uma resistência
interna, que deve ser a maior possível, para que
a corrente que se desvia para o mesmo seja
VII - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
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desprezível, não causando perturbação no


G
circuito. A corrente do voltímetro será tanto
menor quanto maior for a sua resistência. galvanômetro
Um voltímetro ideal teria resistência
interna infinita. A B

R1=150 A1

A I1 B
I2 A2
A
A3 R2=100

It + -
VAB=12 V
Fig.7.27 – Descrição do galvanômetro
Fig.7.26 – Medição das correntes
Na Figura 7.26 verificaremos os valores
das correntes que percorrem o circuito (It, I1 e Vamos supor que desejamos transformar
I2) utilizando o multímetro como amperímetro o nosso galvanômetro num amperímetro de 10
(em série), na escala de 250mA. O medidor 3 mA, ou seja, com fundo de escala de 10 mA em
deve indicar 200 mA, que é a corrente total do vez de 500 A. Isso é possível através da
circuito. Os medidores 1 e 2 indicarão 80 mA e introdução de um resistor em paralelo (resistor
120 mA que correspondem às correntes I1 e I2. shunt Rs). Tal resistor tem que desviar uma
Interprete porque I1 é menor do que I2. corrente de 9,5 mA, pois a bobina do
instrumento admite, no máximo, 0,5mA. Como
GALVANÔMETRO – AMPERÍMETRO (opcional) a tensão máxima na bobina é de 1mV (mesma
tensão no resistor), podemos determinar o valor
No galvanômetro analisado no circuito da resistência que deverá ter esse resistor (Rs
série, tínhamos admitido que sua resistência =1mV/9,5mA= 0,105 ). Com um resistor de
interna fosse de 2 , que a corrente máxima que 0,105 em paralelo com a bobina do
sua bobina suporta seja de 500 A e que a tensão galvanômetro, cada vez que o ponteiro do
máxima que pode ser aplicada no instrumento medidor se deslocar até o fundo da escala
vale 1mV. (limite máximo), significa que está circulando
Esse instrumento, de ponteiras A e B, pelo circuito externo, onde está se efetuando a
pode ser usado como microamperímetro com medição, uma corrente de 10 mA.
fundo de escala de até 500 A. (0,5mA).
Circuitos elétricos VII - 13
________________________________________________________________________________________________

Questões e problemas: circuito paralelo


RS
7.21. Duas lâmpadas e uma estufa estão todas
G ligadas em paralelo e recebem uma tensão
de 220V. Considerando que a primeira
A amperímetro B lâmpada queimou, diga o que ocorrerá com
a segunda lâmpada? E com a estufa?
Justifique.

mA 7.22. Um circuito paralelo é composto de um


ferro elétrico, um forno elétrico e de uma
lâmpada. Para medirmos as correntes It, I1,
I2 e I3, introduzimos amperímetros no
circuito, conforme figura dada.
Fig.7.28 –Amperímetro de 10 mA montado a partir
de um galvanômetro de 500 A
A1
IT FE FO LA
V
I1 I2 I3
A2 A3 A4
IT

Se queimar a lâmpada LA, o que deverá


acontecer:
- Com a medição do amperímetro 1?
- Com a medição dos amperímetros 2 e 3?
- Com a medição do amperímetro 4?
- Com a resistência total do circuito?

7.23. Dispõe-se de duas lâmpadas Ll e L2


sendo Ll: 100W-220V e L2: 40W - 220V.
Desejando-se o máximo de potência e
dispondo-se também de uma fonte de 220V,
devemos montar um circuito série, paralelo;
ou o resultado é o mesmo nos dois
circuitos? Justifique.
VII - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

7.24. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F). 7.27. Quando ligamos em paralelo dois
resistores, cada um com resistência igual a
a) ( ) No circuito paralelo, teremos uma R, o resistor equivalente da associação é:
maior dissipação de potência no a) R/2 b) R/4 c) 2 R
resistor de menor resistência. d) 4 R e)NDR
b) ( ) Num circuito com dois resistores,
sempre teremos uma maior 7.28. Analise as afirmativas a seguir e coloque
dissipação de potência no resistor “V” se verdadeiras ou “F” se falsas.
de maior resistência, a) ( ) Conforme aumentamos o número de
independentemente se o circuito é aparelhos ligados numa residência, aumenta
série ou paralelo. o valor da potência elétrica total instalada
no circuito.
c) ( ) Os circuitos série e paralelo b) ( ) Nós são pontos de um circuito onde
constituem-se, respectivamente, em se unem 3 ou mais condutores havendo
circuito divisor de tensão e circuito neles uma divisão de corrente.
divisor de corrente. c) ( ) Sempre ligamos o fusível em paralelo
d) ( ) No circuito paralelo a resistência com o circuito, de modo que, se ele
total é sempre menor do que o queimar, o circuito ficará aberto.
menor valor das resistências d) ( ) Um circuito paralelo, formado por
associadas.
um resistor de 55 e uma lâmpada de
e) ( ) Num circuito paralelo de resistores
440W - 220V, poderia ser protegido por um
iguais, basta dividirmos o valor da
fusível de 5A quando a associação for
resistência de um deles pelo nº de
ligada em 220V.
resistores, para obtermos Re .
7.29. Um circuito paralelo é constituído de
7.25. Dispondo-se dos cinco terminais
Rl =12 e R2=8 sendo alimentado por
existentes no bloco abaixo, faça as ligações
uma tensão de 24V. Calcule a corrente total
necessárias de modo que as lâmpadas
do circuito, as correntes que circulam
funcionem corretamente. Considere que as
através de Rl e R2 e a potência em cada
lâmpadas são iguais, cujos valores nominais
resistor.
são 12 V – 5 W e que a tensão entre o
positivo e o negativo da fonte vale: 7.30. Três resistores (Rl = 9 , R2 = 6 , R3 =18
a) 24 V b) 12 V
são associados em paralelo, sendo que,
através de R2, circula uma corrente de l,5A.
3 L1 Determine a tensão da fonte, as correntes
1 através de Rl e R3 e as potências dissipadas
+ 4 nos resistores.
- 5
2 7.31. Três resistores de resistências elétricas
L2 iguais a Rl=10 , R2=15 e R3=30 estão
associados em paralelo e ligados a uma
fonte que fornece uma corrente total de
7.26. Tendo somente dois resistores, usando-
900mA. Determine o valor da:
os um por vez, ou em série, ou em
a) Corrente que percorre cada um dos
paralelo, podemos obter resistências de 3, 4,
resistores;
12 e 16 . As resistências dos resistores b) Potência dissipada em cada resistor;
são: c) Potência total dissipada pelo circuito;
a) 3 e 4 ; b) 4 e 8 ; c) 12 e 3 ; d) Potência total dissipada pelo circuito, se
d) 12 e 4 ; e) 8 e 16 Rl queimar (abrir).
Circuitos elétricos VII - 15
________________________________________________________________________________________________

7.32. Três aparelhos iguais, com resistência de fusível queimará ou não quando forem
480 cada um, estão ligados em paralelo ligados simultaneamente:
numa rede de 110V. Determine: a) O televisor, o aquecedor, o liquidificador
a) A corrente total do circuito; e vinte lâmpadas;
b) O valor de It, se introduzirmos em b) O chuveiro e o aquecedor;
paralelo com os aparelhos duas lâmpadas c) O chuveiro, cinco lâmpadas e o
iguais, com resistência de 220 cada uma. aquecedor.

7.33. Três aparelhos com resistências de 18 , 7.37. No circuito dado, considerando que It =
100 e 32 são ligados em paralelo em 250 mA, determine as correntes indicadas
220V. nos amperímetros 1, 2 e 3, e o valor de R3.
a) Para o funcionamento deste circuito, é
mais indicado utilizar-se um fusível de 5 A, A
15 A ou 30 A? Justifique. IT R1= R2= R3=?
b) Se, no lugar da resistência de 18 , 10V 100 150
I1 I2 I3
introduzirmos uma lâmpada de 100 , A1 A2 A3
0,25A
deveremos utilizar no circuito um fusível de
10 A, 15 A ou 30 A? Justifique. B A

7.34. Numa indústria onde a rede é 220 V, é


7.38. No circuito abaixo determine Rt e It nas
utilizado um fusível de 50 A para controlar
seguintes condições:
a entrada de corrente. Nessa indústria
a) Ch1, Ch2 e Ch3 fechadas.
existem 100 máquinas, todas ligadas em
b) Chl e Ch2 fechadas; Ch3 aberta.
paralelo. Se a resistência elétrica de cada
c) Chl e Ch3 fechadas; Ch2 aberta.
máquina é de 330 , qual é o número d) Ch2 e Ch3 fechadas; Chl aberta.
máximo de máquinas que podem funcionar
simultaneamente? A
IT
7.35. Temos um circuito paralelo formado 110V R1= R2= R3=
100 I1 220 55 I3
por dois resistores R1= 1 k e R2= 330 , ch1 ch2 I2 ch3
onde se aplica 15 V. Sabendo-se que as IT
potências máximas que podem ser B
dissipadas pelos resistores são,
respectivamente, ½ W e ¼ W, determine se
os resistores irão queimar ou não, 7.39. Admita que um galvanômetro tem
justificando sua resposta com cálculos. resistência elétrica 10 e a intensidade da
corrente de fundo de escala vale 20mA.
7.36. Em uma residência (circuito paralelo) Que modificação deve ser introduzida no
são usados eventualmente diversos galvanômetro para que possa medir uma
aparelhos elétricos, nos quais se encontra intensidade de corrente elétrica de até
especificada a potência nominal de cada 1020mA, ou seja, para que ele se transforme
um. São eles: televisor (220 W), lâmpadas num amperímetro de fundo de escala
(100 W cada uma), aquecedor (l kW), 1020mA?
liquidificador (300 W) e chuveiro (5000
W). A ddp nominal de todos os aparelhos é 7.40. A resistência de um galvanômetro é de
220 V e a ddp da rede elétrica da casa é 1 e a corrente máxima que ele pode medir
220V, sendo que existe um fusível geral de é 1mA. Em que condições ele poderia ser
25A. Diga e justifique com cálculos se o utilizado como amperímetro num circuito
em que passe uma corrente de 11mA?
VII - 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

7.4 - CIRCUITO MISTO Primeiramente determinamos a resistência


equivalente do paralelo de Rl e R2, que
Circuitos compostos de três ou mais
poderemos chamar de R4, pois não existe R4 no
resistores podem ser ligados num arranjo
circuito.
complexo, com partes em série e partes em
R .R 6 Ω.3 Ω
paralelo. Tal arranjo é denominado de circuito R12 = 1 2 2Ω
misto ou circuito série-paralelo. R1 + R 2 6 Ω 3 Ω
Nenhuma fórmula nova é necessária para
determinar a resistência total de uma associação Ficamos com o circuito equivalente
mista de resistores. Você divide o circuito abaixo.
complexo em partes compostas de elementos em A C B
série e em paralelo.
Nesse tipo de associação se verificam R12 = 2 R3 = 4
características do circuito série (corrente é a
mesma) e do paralelo (tensão é a mesma). Os
dois tipos básicos de circuitos mistos estão Basta agora somar R4 com R3 e encontrar
indicados na figura abaixo. Re, pois as duas estão em série.

R2 Re = R12 + R3; Re = 2 +4 Re=6


A R1 C I2 B
I3 b)
R3 R1 = 8
A B
It
R2 = 8 C R3 = 4

R1 C R2
Neste novo circuito, vamos primeiro
A I12 resolver a série de R2 com R3, que podemos
B
I3 chamar de R4.
R3

R4 = R2 + R3 = 8 +4 R4=12
It
Ficamos com um circuito equivalente
Fig.7.29 – Exemplos de circuitos série-paralelos ou abaixo.
mistos
A R1 = 8 B

Exemplo resolvido 7.3:


R4 = 12

Calcule a resistência total ou equivalente Para finalizar, utilizamos a fórmula para


nos circuitos abaixo. calcular Rt, para resistores em paralelo.

a) R1 . R 4 8 .12
Re = 4,8
A R1=6 C B R1 + R 4 8 12
R3=4
R2=3 Re = 4,8
A B
Circuitos elétricos VII - 17
________________________________________________________________________________________________

Exemplo resolvido 7.4: Comprovação Prática


Materiais Utilizados: Fonte CC (0 - 30V);
No circuito dado, calcule It, I2, I3 e VAC.
Multímetro; Resistores (10 ; 100 ; 150 ).
R2=150
Primeiramente, vamos esquematizar o
A C I2 B
circuito, introduzindo o multímetro utilizado
I3
R1=10 como miliamperímetro (em série), para
R3=100 comprovarmos a corrente total do circuito.
It 7V R2=150
R1 = 10
A C I2 B
I3
Como conhecemos todas as resistências
R3=100
do circuito, podemos calcular Rt. Antes, porém,
calculamos R4.
R .R 150 .100 It 7V + -
R4 = 2 3 = 60
R2 R3 150 100
Fig.7.30 – Medição da corrente total
Assim: Re = R1 + R4; Re = 10 + 60 = 70
Comprovaremos agora, as correntes I2 e
Pela relação I = V/R podemos calcular
I3, introduzindo o multímetro, utilizado como
as incógnitas.
amperímetro (em série), na escala de 250mA.
V V 7V
I= I t = AB 0,1A 100 mA R2=150
R Re 70
V = I.R VAC = It . R1 = 0,1 A.10 = 1 V R1 = 10
I2
A C B
Para calcularmos I2 e I3, primeiro
I3 R3=100
devemos determinar VCB, pois é a ddp existente
sobre R2 e R3.
VAB = VAC + VCB It + -
7V
VCB = VAB – VAC = 7 V -1 V = 6 V ou
VAB = It . R4 = 0,1 A . 60 = 6V Fig.7.31 – Medição das correntes parciais

Comprovaremos, a seguir, as quedas de


Teremos, então, para I2 e I3, os seguintes tensão utilizando o multímetro como voltímetro
valores: (em paralelo), na escala de 10V.
V 6V
I 2 = CB 0,04 A 40 mA
V R 2 150 VAC VCB
I=
R I = VCB 6V
0,06 A 60 mA
3 R2=150
R 3 100
R1 = 10
I2
Observamos, então, que a soma de I2 A C B
com I3 deu exatamente o valor de It. Isso I3 R3=100
prova que a corrente elétrica, ao chegar a um nó,
divide-se pelos resistores associados em
paralelo. It + -
VAB=7 V

Fig.7.32 – Medição das quedas parciais


VII - 18 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Questões e problemas: Circuito misto

7.41. Se as lâmpadas abaixo forem iguais diga: L2


a) Qual das lâmpadas tem o brilho maior.
b) O que acontecerá com o brilho de cada
uma das lâmpadas se queimar L3. S
L3
L1

L2

L1
7.44. Cada resistor da figura abaixo possui
L3 uma resistência R. O resistor equivalente à
associação da figura entre os pontos A e B é
igual a:

B
7.42. No circuito abaixo, quando se fecha a R
chave S, provoca-se:
a) Aumento da corrente em R2
b) Diminuição do valor de R3 R R
c) Aumento da corrente em R3
A R
d) Aumento de tensão em R2
e) Aumento da resistência total do circuito

a) R/4; b) R/2; c) R; d) 4R; e) 2R

S
7.45. No circuito abaixo, existem três
R1 R2 R3 lâmpadas iguais, três chaves, um fusível e
uma fonte. Sabendo-se que existem vários
tipos de circuitos (simples, série, paralelo e
misto), responda as seguintes perguntas:

7.43. Na figura, as lâmpadas 1, 2 e 3 são


idênticas e o circuito é alimentado por uma
fonte de tensão contínua. O que acontece ch2 L2
com o brilho das lâmpadas 1 e 2 ao se ch1
fechar o interruptor da lâmpada 3? ch3

L1
Lâmpada 1 Lâmpada 2
a) aumenta diminui L3
b) aumenta aumenta F
c) diminui não varia
d) não varia diminui
e) não varia aumenta
Circuitos elétricos VII - 19
________________________________________________________________________________________________

a) Com as três chaves abertas, qual o tipo estação 1 até o ponto x vale 260 , e que a
de circuito obtido? __________. resistência do fio B desde a mesma estação
b) Fechando-se apenas ch2, o circuito se até o mesmo ponto tem, praticamente, o
transforma? ________. Em caso afirmativo, mesmo valor. Admitindo-se que os fios
qual o novo circuito? _________________. estão em contato entre si na estação 1,
c) Se apenas ch1 e ch2 estiverem fechadas, determine o valor da resistência total entre
qual o circuito obtido? ________________. as estações 1 e 2.
d) Quais as chaves que devem ser fechadas
de modo que o fusível queime? _________. ESTAÇÃO 2

7.46. Determine a resistência total ou


equivalente das associações seguintes.

a)
x
R1=1 R2=5
ESTAÇÃO 1

A
B A
R3=2 R4=4

B
R5=4

b) 7.48. Determine o que se pede.


R1=30 Pl =? I2 = ? I3 = ? VAC = ? P4 = ?
R3=2
B R2=20
A R2=15
R4=7 I2
A C D B
R5=60
R1=3 I3 R4=8
R3=5
c) A
It VAB = 45 V
R1=3
B

R4=3 R2=6 R3=6

7.49. Calcule o que se pede.


d) A I1 = ? P2 = ? It = ? VCB = ?
R1=5 R2=4

R3=10 R4=3 R1=40


I1
R5=5 R6=3
B
A R2=60 R4=13 B
C
I2
7.47. O fio A de um circuito telefônico se It
R3=24
rompeu e caiu sobre um outro fio B, I3
fazendo contato com ele, conforme figura It
VAB =10 V
ao lado. Os dois fios A e B são iguais e cada
um tem uma resistência de 340 . Sabe-se
também que a resistência do fio A, desde a
VII - 20 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

7.50. Determine: 7.53. Determine:


Ix = ? Iy = ? R1 = ? P 4 = ? VCB = ?
VAB = ? Pt = ? Ix = ? R3 = ?
R1=5 R1=? C R2=25
I1= 0,6 A Ix
R2=7 C R3= ?
A B
A B
Ix
I4 R3=25 D R4=15
R4=20 IY
It = 1A
It = 1A
VAB V=24V

7.51. Calcule:
7.54. Calcule It e Pt, se:
Ix = ? VCD = ? P1 = ? R4 = ? P4=? a) Todas as lâmpadas estiverem em bom
estado;
b) Queimar apenas L2;
R2=100 c) Queimar apenas L5.
I2= 0,4 A Dados:
A
C
B RLl = 8 ; RL2 = 2  RL3 = 4
R1=10 RL4 = 3 RL5 = 15
Ix D
R3=20 R4=? L2 L3
It
L1
VAB = 60 V C I23
A I1 I4 B

L4
I5
It

7.52. Calcule: L5
It
I1 = ? P1 = ? R3 = ? P4 = ? Pt = ?
12V
R2=30

I2
R1=3
C
I1
7.55. No circuito abaixo, dispõe-se dos
A
R3=? B
seguintes elementos: dois resistores
I3
idênticos (100 cada um), uma fonte de
tensão (28V), um amperímetro, uma
I4 lâmpada (3V – 1,5W) e fios de ligação.
It = 0,5 A
R4=10 Pretende-se montar um circuito em que a
VAB = 3 V lâmpada funcione de acordo com as suas
especificações, e o amperímetro acuse a
corrente que passa por ela.
Circuitos elétricos VII - 21
________________________________________________________________________________________________

a) Qual é a corrente que o amperímetro 7.5 – FONTES ELÉTRICAS (Opcional)


indicará?
b) Monte o circuito, incluindo os elementos 7.5.1 - INTRODUÇÃO
necessários. O estudo de fontes é um bom exercício
de aplicação dos conhecimentos de circuito série
de modo que seu estudo é opcional.
Como vimos anteriormente, uma
corrente elétrica só atravessa um condutor se,
entre suas extremidades, for estabelecida uma
R1
diferença de potencial.
Vimos, também, que esta tensão Vab é
mantida por uma fonte elétrica ligada aos
R2 terminais do condutor. Essa fonte elétrica nada
mais é do que um dispositivo que possibilita a
- A +
transformação de uma energia qualquer em
energia elétrica. Também é chamada de gerador.

Receptor

7.56. Para o circuito de corrente contínua ao


lado, temos: V = 34 V, R1 = 4 , R2 = 4 ,
R3=3,2 , R4= 2 , R5 = 6 e R6 = 2 . + Fonte elétrica -
Determine o valor da queda de tensão
indicada pelo voltímetro V4. Fig.7.33 – Ação da fonte elétrica no circuito
elétrico simples sem interruptor

R1= 4
A função da fonte num circuito elétrico é
A fornecer energia suficiente às cargas de modo
C
que a corrente elétrica faça funcionar
I1
R2= 4 satisfatoriamente os aparelhos que ela percorre.
V4 Assim, a energia que as cargas recebem da fonte
R4=2 é transferida na forma de energia elétrica aos
VAB = 34 V D R6=2 aparelhos receptores.
Esses, por sua vez, transformam a
R5=6 energia elétrica recebida em outras formas de
R3=3,2 energia, como, por exemplo, energia térmica,
B E
energia luminosa, energia mecânica, etc.
Chamamos de polos da fonte os pontos
onde é ligado o circuito externo. O polo positivo
de uma bateria tem excesso de cargas positivas e
o polo negativo tem falta dessas cargas. As
cargas positivas que saem do polo positivo, ao
encontrarem um percurso externo (circuito
fechado), dirigem-se ao polo negativo, que tem
falta dessas cargas. Assim, haverá fornecimento
de energia a um dispositivo que esteja
intercalado em seu caminho.
VII - 22 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Gerador

Energia
Lâmpada

Chave
Energia

Na t

Bateria

Fig.7.36 – Circuito com uma bateria e um receptor

7.5.3 - GRANDEZAS TÍPICAS DE FONTES


Fig.7.34 – Fonte e receptores de energia num circuito
elétrico a) Força Eletromotriz ( )

É uma característica própria da fonte,


inosa
ia lum dependendo apenas dos elementos que
Energ
Aparelho ica constituem a mesma.
Energia Energia térm
Gerador ou
elétrica instrumento Energia
cinética
I
Outr
as fo
rma
B
-A
s de
energ
ia

r +
Fig.7.35 – Energias envolvidas num circuito elétrico

R I
7.5.2 - TIPOS DE FONTE
Fig. 5.37 – Modelo de uma fonte CC
Como energia não pode ser criada nem
ser destruída, mas apenas transformada É representada pela letra épsilon ( ) ou
(Princípio da Conservação da Energia), podemos por E. A força eletromotriz (f.e.m.) de uma fonte
obter fontes de d.d.p. através de transformações é a razão entre o trabalho realizado pelo agente
de outras formas de energia em energia elétrica. externo (W) e a carga elétrica (q), quando essa
Como já foi visto no Capítulo 1, existem carga é transportada entre seus terminais.
várias formas de transformar outras formas de
energia em energia elétrica. W
(7.13)
q
Vamos nos deter nas formas clássicas de
fontes, as quais são capazes de manter a d.d.p.
entre seus bornes enquanto fornece a corrente ao u ( ) = u(W) / u(q) = joule / coulomb = Volt
circuito externo (receptor). São as fontes
eletroquímicas (pilhas e baterias), geradores Uma pilha possui uma f.e.m. cujo valor é
eletromagnéticos girantes (dínamos e = 1,5 V, quer ela esteja nova ou usada, o que
alternadores) e células fotovoltaicas. significa que ela realiza um trabalho de 1,5 J
sobre cada Coulomb que se desloca entre seus
polos. Atribui-se também um sentido para a
f.e.m.: É no mesmo da corrente dentro da fonte,
isto é, do polo negativo para o polo positivo.
Circuitos elétricos VII - 23
________________________________________________________________________________________________

b) Resistência Interna (r)


VAB I.r (7.14)
Toda fonte tem uma resistência interna
que tende a reduzir a intensidade de corrente e Onde: = d.d.p. total gerada = d.d.p. a vazio.
também a d.d.p. nos polos, quando se liga a Vab = d.d.p. fornecida ao receptor.
estes um circuito externo. Essa resistência que I.r = d.d.p. perdida ou queda de tensão
está em série com a fonte é proveniente das na resistência interna.
placas e do eletrólito, quando se trata de
geradores eletroquímicos. A f.e.m. ( ) e a resistência interna (r)
Quando falarmos em dínamos e são características constantes da fonte, porém
alternadores, essa resistência interna é a intensidade de corrente (I) depende do
consequência da existência de enrolamentos receptor e vem a influenciar na ddp nos
internos que são constituídos de fios que bornes (VAB).
possuem uma certa resistência.

ideal Se multiplicarmos as tensões (em Volts)


pela corrente (em Ampères) obtemos potências
- + (em Watts).
r =0 . I = VAB . I + r . I2 (7.15)
real r
- + Onde: .I = Pg = potência total gerada;
r=0 r.I2 = Pd = potencia dissipada por efeito
joule na resistência interna.
VAB.I = Pu = potência utilizada pelo
Fig.7.38 – F.e.m e resistência interna das fontes
ideal e real
receptor.

Daí podemos escrever o balanço das


c)Equação da fonte
potências: Pg = Pu + Pd (7.16)
Devido à resistência interna da fonte há
O rendimento é obtido pela relação:
uma queda de tensão na mesma de modo que a
tensão fornecida nos bornes é menor do que a = Pu/Pg (7.17)
f.e.m. gerada.
Quando toda a potência gerada é
utilizada no circuito consumidor, podemos
I afirmar que o rendimento ( ) da fonte é de
G 100% (ou 1).
E ddp Se uma máquina geradora produz 1000W
gerada
R ddp
e, por exemplo, um aparelho receptor consegue
A fornecida receber apenas 900W, teríamos um rendimento
ddp
D perdida = 0,9 (ou 90%) para a fonte.
O
R I 7.5.4- CURVA CARACTERÍSTICA DA
FONTE

Fig.7.39 – Relação das tensões numa fonte Na Figura 7.40 temos a representação
De modo bem intuitivo podemos gráfica da relação Vab = - I.r, num diagrama
escrever a equação geral de uma fonte: tensão por corrente. Sendo tal relação linear, o
VII - 24 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

correspondente gráfico é uma reta, denominado Vab = - I.r; 0 = - Icc.r; Icc = / r (7.19)
curva característica da fonte.
Vamos analisar o significado físico dos
“A corrente elétrica nesta situação é
pontos onde a reta corta os eixos cartesianos.
denominada corrente de curto-circuito (Icc)”.
Vab Exemplo resolvido 7.5: Calcule a corrente de
curto-circuito de uma pilha onde a sua f.e.m.vale
= 1,5 V e a resistência interna é r = 0,3 .
1,5V
ICC 5A
0,3

0 Icc I 3º Ponto: ponto intermediário situado entre os


dois pontos anteriores.
Fig.7.40 – Curva característica de fonte

1º Ponto: onde a reta corta o eixo das tensões. B C A R B


r
(Vab). Neste ponto, temos I = 0 (zero), ou seja, o
circuito externo está aberto, de modo que a - + + I.r - I + VAB -
queda de tensão interna é nula. B
Como Vab= - I . r temos: V I.r

Vab = - 0 . r Logo, Vab = (7.18)


VAB

O ponto onde a reta corta o eixo das


d.d.ps. corresponde à força eletromotriz da Fig.7.42 – Elevação e queda de potencial ao
fonte. Fisicamente, isso significa que o circuito longo de um circuito
elétrico está aberto, portanto não haverá queda Neste caso haverá corrente circulando na
de tensão. fonte, pois teremos um circuito fechado. O valor
desta corrente dependerá do valor da resistência
a I= 0 do circuito externo que estará ligado à fonte.
Icc= /r Consequentemente, o valor da d.d.p.
entregue ao circuito dependerá do valor da
R 0
Vab = corrente que percorre a fonte. Então, teremos:

b
I (7.20)
Fig.7.41 – Obtenção dos pontos típicos da reta das r R
fontes
Relembrando a Eq. 7.14 e escrevendo-a
2º Ponto: onde a reta corta o eixo das correntes. novamente temos:
Neste ponto, Vab = 0 (zero). Fisicamente, isso
significa que os terminais da fonte são unidos Vab = -I.r (7.21)
por um fio de resistência elétrica desprezível,
provocando um curto-circuito e determinando Donde qualitativamente concluímos que:
um aquecimento exagerado da fonte. Teremos,
então, a máxima corrente atravessando a fonte. R menor I maior I.r maior Vab menor
R maior I menor I.r menor Vab maior
Circuitos elétricos VII - 25
________________________________________________________________________________________________

Exemplo resolvido 7.6: Para I = 2 A temos Vab =1,3 V e para I =


4 A temos Vab = 1,1V.
Uma pilha possui uma f.e.m. igual a 1,5V e
sua resistência interna vale 0,1 .
a) Qual a ddp entre os polos da pilha quando
1,5
ela se encontra em circuito aberto
1,1
Quando uma pilha se encontra em circuito
aberto, significa que a mesma não está sendo
percorrida por corrente elétrica. Portanto, não há
queda de tensão interna na pilha. Então,
I(A)
teremos:
0 2 4 15
Vab = - I . r; Vab = - 0 . r; Vab = = 1,5 V
Fig. 7.43 – Curva de tensão da pilha do Exemplo
b) Qual a ddp entre os polos da pilha, se ela Resolvido 7.6
estiver fornecendo uma corrente elétrica de 2 A
a uma lâmpada 7.5.5 - ASSOCIAÇÃO DE FONTES
Vab = - I . r = 1,5 V - 2 A. 0,1 = 1,3 V
A ligação de fontes (geradores) de
energia elétrica em série é muito comum, sendo
c) Ligando-se à pilha uma lâmpada de menor
usado este tipo de associação no caso de
resistência, ela passa a fornecer uma corrente de
lanternas e rádios.
4 A a esta lâmpada. Qual é, neste caso, a ddp
entre os polos da pilha? A B
1 r1 2 r2
Vab = - I . r = 1,5V – 4 A . 0,1 Vab = 1,1 V

d) Qual a corrente de curto-circuito da fonte? A


= 1+ 2 r=r1+r2 B

Como sabemos, a corrente de curto-circuito é a


máxima corrente que pode atravessar uma fonte. Fonte Equivalente
Isso ocorre quando o polo positivo da fonte é
Fig.7.44 – Fontes de f.e.m. em série
conectado, por um fio de resistência desprezível,
ao polo negativo. Então, teremos: Esta montagem proporciona uma tensão
maior do que se utilizarmos somente uma fonte
Icc = /r = 1,5 V / 0,1 = 15 A e é obtido se o terminal negativo de uma fonte é
conectado ao terminal positivo da seguinte.
e) Utilizando os valores obtidos no exercício, Os vários conjuntos de placas de uma
construa o gráfico Vab x I. bateria de automóvel também estão ligados em
série. Geralmente, cada um tem tensão de 2 V e
Como sabemos, o gráfico Vab x I de uma a tensão total fornecida pela bateria é 12 V.
fonte é uma linha reta. O ponto onde a reta corta Duas baterias de f.e.m. igual a 12 V e
o eixo da tensão nos dá o valor da f.e.m. (1,5 V) resistência interna de 1 , associadas em série, é
e o ponto onde a reta corta o eixo da corrente equivalente a uma única bateria de 24 V de
nos dá o valor da corrente de curto-circuito (15 f.e.m. e 2 de resistência interna.
A). Observe no gráfico que a tensão Vab vai Podemos também associar pilhas ou
diminuindo à medida que a corrente vai baterias em paralelo.
aumentando.
VII - 26 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Neste caso, costuma-se ligar qualquer Observe que na prática, tal como nas
número de pilhas iguais (mesma f.e.m. e mesma fontes, é impossível conseguir-se transformar
resistência interna) em paralelo para obter maior uma forma de energia em outra sem também
duração de funcionamento normal da fonte, mas produzir calor. Por esse motivo, para obtermos
a tensão total será a mesma que a fornecida por um modelo real do receptor ativo, devemos
uma só pilha. acrescentar, em série com a fcem, um resistor de
resistência r’, que representa a sua resistência
A 1 r1 B interna. Portanto, o modelo real de um receptor
ativo será de acordo com a Figura 7.46.

B C A D B

2 r2 r r´
- + + I + ´-
A = 1= 2 r = r1/n B VAB
Fonte Receptor
B -

Fonte Equivalente Fig.7.46 – Fonte alimentando um receptor


Fig.7.45 – Fontes de f.e.m. em paralelo ativo

A tensão entre os terminais de um motor,


Duas baterias de f.e.m. igual a 12 V e
por exemplo, será:
resistência interna de 1 , associadas em
paralelo, seria equivalente a uma única bateria
de 12 V de f.e.m. e 0,5 de resistência interna. VAB = ’ + I . r’ (7.22)

7.5.6 - RECEPTORES ATIVOS Onde: VAB: Tensão fornecida pela fonte


Os receptores ativos são aqueles ’: Tensão utilizada para transformar
dispositivos que transformam energia elétrica energia elétrica em mecânica
em outra modalidade que não seja I.r’: Queda de tensão interna no motor
exclusivamente térmica. Eles podem ser
modelados, a partir de uma força- Nessas condições, o rendimento,
contraeletromotriz (fcem) que se indica por ’, a considerando-se somente as perdas por efeito
qual representa um decréscimo de potencial Joule em um receptor ativo, será o inverso do
elétrico das cargas da corrente ao atravessarem o rendimento de uma fonte elétrica, ou seja:
receptor. Portanto, o sentido da corrente é
contrário em relação a esta fonte.
= ’/VAB (7.23)
A fcem é a responsável pela energia
elétrica cedida pelas cargas da corrente para ser
transformada em outra modalidade, exceto em
calor. A definição de fcem é dada pela mesma
+
expressão da f.e.m. ( ’=W/q ). Convém salientar
que W representa a energia retirada da carga q.
Um caso típico de receptor é o motor _
elétrico, o qual retira energia das cargas elétricas
e a transforma em energia mecânica. Então, um
motor elétrico é considerado um receptor ou um Fig.7.47 – Circuito simples para carregar bateria
gerador de fcem. Outro exemplo seria uma
bateria sendo carregada, onde a energia elétrica Ao lado, temos uma maneira simples de se
das cargas é transformada em energia química carregar uma bateria de um automóvel numa
que fica armazenada na bateria. emergência. Este procedimento pode ser
Circuitos elétricos VII - 27
________________________________________________________________________________________________

necessário se você ficar sem partida em sua casa qual o gerador que apresenta maior
num fim de semana ou em outras condições resistência interna. É o gerador 1 ou 2?
desfavoráveis. Justifique.
Um carregador é extremamente simples, VAB
pois usa apenas dois componentes: uma lâmpada
(60W ou 75W) e um diodo (1N4007 ou BY127).
A carga é lenta, mas com algumas horas de
aplicação já se pode ter energia suficiente para a 2
partida. 1
A lâmpada atua como limitador de
corrente de modo a se obter de 400 a 800mA de
I(A)
corrente de carga na bateria. A potência da
lâmpada determina a velocidade da carga, sendo
que o máximo recomendado em 220V é de 7.61- Se fôssemos escolher, entre duas fontes
200W. de mesma f.e.m., aquela que deveria ser
utilizada para nossas experiências,
Veja que esse carregador não é
escolheríamos a que tivesse menor
econômico, pois a lâmpada deverá ficar acesa
resistência interna, de modo a se obter
com aproximadamente metade da potência
menor queda de tensão interna (Vr =I.r).
durante a carga, devendo ser usado apenas nas
De acordo com os esquemas abaixo,
situações de emergência.
demonstre qual o mais recomendável.
Para usar esse esquema, a bateria deve
ser deve ser totalmente desconectada do carro e A + - B
as garras são conectadas aos polos conforme
mostra a Figura 7.47. O polo positivo do
r
carregador vai ao positivo da bateria e o 3V
1
negativo do carregador ao negativo da bateria.
Para se obter a partida do motor do carro, deve- 5A
se carregá-la de 3 a 5 horas.
A + - B
Questões e problemas: Fontes Elétricas r
3V
2
7.57- O que representa a resistência interna de 10A
uma fonte?

7.62- O rendimento elétrico ( ) de uma fonte


7.58- Quando você compra uma pilha, vem nela é a razão entre a ddp (VAB) entregue pela
gravado o valor 1,5V. Esse valor fonte a um circuito consumidor e a sua
representa a tensão entre seus terminais
f.e.m. ( ). Portanto, =VAB / . Assim,
(VAB) ou a sua f.e.m. ( )?
podemos dizer que uma fonte ideal e uma
real tem um rendimento, respectivamente:
7.59- Em que situações, numa fonte elétrica, a) Igual a 1 e maior do que 1.
teremos VAB = ? b) Menor do que 1 e igual a 1.
c) Igual a 1 e menor do que 1.
d) Maior do que 1 e menor do que 1.
7.60- De acordo com as curvas características e) Maior do que 1 e igual a 1.
dos geradores apresentadas ao lado, diga
VII - 28 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

7.63- Um gerador de f.e.m. igual a 200 V e 7.68- Abaixo temos um gerador de f.e.m. igual a
resistência interna de 5 está ligado a um 12 V e resistência interna de 1 .
resistor de 35 . Determinar: Determine:
a) A corrente no circuito. a) A corrente que percorre o gerador e a ddp
b) A queda de tensão na resistência interna. entregue ao resistor Rl, se o mesmo tiver
c) A tensão fornecida pelo gerador. 11 .
d) A corrente de curto-circuito do gerador. b) A corrente de curto-circuito do gerador.
e) A tensão entre seus terminais, estando o c) O valor da ddp entregue a Rl, se o mesmo
circuito externo aberto. tivesse 39 .
d) O valor de Rl e a ddp entregue a ele, se o
7.64- Um gerador possui = 30V e Icc=10 A. mesmo fosse percorrido por 3A.
Determine sua resistência interna e desenhe
sua curva característica.
A B
7.65- No circuito abaixo verifica-se que,
estando a chave ch aberta, a leitura do
I
voltímetro é 4,5V. Ligando-se a chave ch,
o amperímetro indica 1,5 A e o voltímetro
passa a indicar 4,2V. A partir destes dados,
determine a f.e.m. da bateria e sua R1
resistência interna da bateria.
7.69- De acorde com o gráfico dado determine:
a) F.e.m. do gerador.
V b) Resistência interna gerador.
A B c) Corrente que atravessa o gerador quando
ele está ligado a um resistor de 2,5
A Ch
d) Valor do resistor que deve ser ligado ao
gerador para que circule 4A.
e) Ddp entre os terminais do gerador
R quando ele é percorrido por 6A.

7.66 - Um gerador elétrico, em circuito VAB(V)


aberto, tem uma ddp de 120 V entre seus 6
terminais. Ligado a uma carga consumidora
que solicita 20 A, a ddp cai para 115V.
Determine:
a) Sua resistência interna.
b) A ddp entre seus terminais, supondo-o 12 I(A)
ligado a uma carga que solicita 40A.
7.70- De acordo com o gráfico dado, calcule:

7.67 - Sabendo-se que a queda de tensão VAB(V)


interna numa pilha é de 60 mV quando ela
fornece uma corrente de 0,1 A e que sua 12
corrente de curto-circuito vale 2,6A, 8
determinar a ddp entre seus polos quando a
corrente for 0,1 A.
8 I(A)
Circuitos elétricos VII - 29
________________________________________________________________________________________________

a) A f.e.m. do gerador. Respostas selecionadas


b) A resistência interna do gerador.
c) A corrente de curto-circuito do gerador. Circuito série
d) Corrente que percorre o gerador, quando
7.1 – A resistência diminui e a corrente aumenta
ele é ligado a um resistor de 3,5 .
e) Valor do resistor que deve ser ligado ao 7.2 – Todas apagam.
gerador para que o mesmo entregue uma
7.3 – Sim, pois a queda de tensão em cada uma
tensão de 8,25 V.
será 110 V.
7.71- Calcule a f.e.m., a resistência interna e a 7.4 – A lâmpada de menor potência nominal terá
corrente de curto-circuito de cada gerador, maior brilho, pois tem maior resistência.
cujo gráfico está representado abaixo. 7.5 - a) aumenta; b) diminui; c) diminui.
VAB (V)
7.6 – a) 40 mA; b) 6 V; c) menor.
50 Gerador 1
7.7 – V; F; V; V.
37,5
7.8- a) Rt = 6,5 b) I = 3A; c) VAC = 12V;
VCB = 7,5V; d) Pl =36W; P2 = 22,5W
0 5 I(A) 7.9- a) I = 2,5A; b) VAC = 5V; VCD =15V;
VAB (V) VDB = l5V; c) Pl = l2,5W; P2=25W; P3=37,5W
Gerador 2 7.10- VAB = 100V; Pt = 10W
7.11- a) VAC = l0V; VCD = 14V; VDB = 6V; b)
12 R3=3
7.12- a) I = 1,25A; P = 10,93W; b) I = 1,67A;
0 4 10 I(A) P=19,52W
7.13- a) I = 0,5A; b) Rl = 3,5
7.72- Ao lado, temos as curvas características
de um gerador e de um resistor. Pergunta- 7.14- a) I = 1,5A; b) VAC = 15V; VCD = 22,5V;
se: VDB = 7,5V; c) VAB = 45V; d) Pt = 67,5W
a) Qual é a resistência do resistor? 7.15- P1= 0,22W (queima); P2=0,68W (não
b) Quais os valores de f.e.m. e resistência queima);
interna do gerador?
7.16- R = 25 ; P=1W
c) Ligando-se o resistor aos terminais do
gerador, qual a corrente que percorrerá o 7.17- n = 37 lâmpadas
gerador e qual a ddp que será entregue ao
7.18- R = 640 ; P=40W
resistor?
7.19- R = 2990 em série com o galvanômetro.
VAB(V) 7.20- R = 499.999 em série com o
30 galvanômetro.
20 Circuito paralelo
7.24 – V; F; V; V; V. 7.26 – d)

5 15 I(A)
7.27 – a) 7.28 – F; V; F; F;
7.29 - a) It = 5A; b) I1 = 2A; I2 = 3A; c) Pl =
48W; P2 = 72W
VII - 30 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

7.30- a) VAB = 9V; b) I1 = lA; I3 = 0,5A; c) Pl = 7.53- Iy = 0,6A; Ix = 0,4A; Rl = 35 ; P4 = 5,4W;


9W; P2 = 13,5W; P3 = 4,5W VCB= 10V
7.31- a) I1 = 0,45A; I2 = 0,3A; I3 = 0,15A; 7.54- a) It = 2A; Pt = 24W b) It = 1,89A; Pt =
b) Pl = 2,025W; P2 = 1,35W; P3 = 0,675W 22,68W c) It = 1,2A; Pt = 14,4W
c) Pt = 4,05W; d) Pt = 2,025W
7.55- I = 0,5A
7.32- a) I = 0,6875A; b) I = 1,6875A
7.33- a) Fus ==> 30A, pois a corrente que R1

circula vale, aproximadamente, 21,3A.


R2
b) Fus ==> 15A, pois a corrente que circula
vale, aproximadamente, 11,3 A. A
- +
7.34- n =75 máquinas
7.35- P1 = 0,225W (não queima); P2 = 0,682W 7.56- V4 = 2 V
(queima); Fontes
7.36- a) Não; I = 16A; b) Sim; I = 27A; 7.57 – É a causa de queda de tensão e de efeito
c) Sim; I = 32,7A joule dentro da fonte.
7.37- I1 = 0,1A; I2 = 0,067A; I3 = 0,083A; 7.58 – f.e.m. 7.59 – Circuito aberto.
R3 = 120
7.60 – Ger. 1 pois produz mais queda de tensão.
7.38- a) Rt = 30,56 It = 3,6A; b) Rt =
68,75 It = 1,6A; c) Rt = 35,48 It = 7.61 – A fonte 2 tem menor resistência interna
3,1A; d) Rt = 44 It = 2,5A 7.62 – c)
7.39- R=0,2 em paralelo com o galvanômetro. 7.63- a) I =5A; b)Vr=25V; c)VAB=175V;
7.40- R=0,1 em paralelo com o galvanômetro. d)ICC=40A; e)VAB=200V

Circuito misto 7.64 – r = 3


7.41 – a) L1; b) L1 e L2 brilham igualmente. 7.65 - =4,5V; r = 0,2
7.42 – c) 7.43 – a) 7.44 – c) 7.66 – r = 0,25 ; VAB = 110V
7.45 – a) Série; b) sim, misto; c) simples; d)1 e 3 7.67 - VAB =1,5V
7.46- a) Rt = 2,4 b) Rt = 17 c) Rt = 7.68 - a) I = 1A; VAB = 11V; b)ICC = 12A;
9 d) Rt = 15 c) VAB = 11,7V; d)R1 = 3 ; VAB = 9V
7.47- Rt = 210
7.69 - a) =6V; b) r = 0,5 ; c) I =2A;
7.48- Pl = 27W; I2 = 0,6A; I3 = 2,4A; VAC= 9V;
P4 = 72W d) R = 1 ; e)VAB = 3V

7.49- I1 = 0,12A; P2 = 0,384W; It = 0,4A; 7.70 - a) =12V; b) r = 0,5 ; c) I = 24A;


VCB= 5,2V d) I = 3A; e) R =1,1
7.50- VAB= 3V; Pt = 3W; Ix = 0,25A; R3 = 5
7.71 – Gerador 1: =50V; r = 2,5 ; ICC = 20A
7.51- Ix = 1,6A; VCD = 32V; Pl = 40W; R4 =
5 P4 = 12,8W Gerador 2: =20V; r = 2 ; ICC = 10A

7.52- I1 = 0,2A; Pl = 0,12W; R3 = 20 P4 = 7.72 - a) R = 4 ; b) = 30V; r = 2 ;


0,9W; Pt = 1,5W c) I = 5A; VAB = 20V
Capítulo VIII – LEIS DE KIRCHHOFF

Gustav Robert Kirchhoff (1824 - 1887)


Nasceu em Königsberg (Prússia) em 12 de março de 1824
e faleceu em Berlim em 17 de outubro de 1887. Foi um físico
alemão, com contribuições científicas principalmente no campo dos
circuitos elétricos, na espectroscopia, na emissão de radiação dos
corpos negros e na teoria da elasticidade. Kirchhoff propôs o nome
de "radiação do corpo negro" em 1862. É o autor de duas leis
fundamentais da teoria clássica dos circuitos elétricos e da emissão
térmica. Graduou-se na Universidade de Königsberg em 1847, onde
participou dos seminários de física-matemática sob a direção de
Franz Ernst Neumann e Friedrich Julius Richelot.
Casou com Clara Richelot, filha de Richelot, um de seus professores de matemática. No
mesmo ano mudou-se para Berlim, recebendo o posto de catedrático em Breslau (atual Wrocław,
Polônia). Kirchhoff formulou as leis dos nós e das malhas na análise de circuitos elétricos (Leis de
Kirchhoff) em 1845, quando ainda era um estudante. Propôs a lei da emissão de radiação térmica
em 1859, comprovando-a em 1861. Em 1854 transferiu-se para a Universidade de Heidelberg, onde
colaborou em trabalhos sobre espectroscopia com Robert Bunsen, descobrindo juntamente com este
os elementos césio e rubídio em 1861, estudando a composição química do Sol através do seu
espectro. Posteriormente propôs as três leis que descrevem a emissão de luz por objetos
incandescentes. A existência dessas leis foi explicada mais tarde por Niels Bohr, contribuindo
decisivamente para o nascimento da mecânica quântica. Kirchhoff foi sepultado no Alter St.-
Matthäus-Kirchhof Berlin, em Berlim. Seu centenário livro Vorlesungen über mathematische Physik,
Mechanik, 1897, é ainda fonte básica de referência. [http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Kirchhoff]

8.1- DEFINIÇÕES OPERACIONAIS Ramo essencial: é um caminho que liga dois


nós essenciais consecutivos.
Quando
Seu quaseum circuito
centenário elétrico possui
livro Vorlesungen Laço: éPhysik,
über mathematische um caminho
Mechanik, cujos
1897, énós inicial e final
actualmente
fonte básica diluídos
fontes e receptores ao [longo do mesmo, coincidem.
de referência.
geralmente são necessárias outras leis, além da Malha: é um laço que não engloba outro laço.
lei de Ohm, para sua resolução.
Essas leis adicionais são as famosas leis Na Figura 8.1, por exemplo, temos:
de Kirchhoff, as quais propiciam uma maneira a) Sete nós: A, B, C, D, E, F e G.
geral e sistemática de análise de circuitos. Elas b) Oito ramos: BA, AE, EF, BD, DF, BC, CG e
são duas, a saber: GF.
Primeira lei de Kirchhoff ou lei das correntes c) Dois nós essenciais: B e F
Segunda lei de Kirchhoff ou lei das tensões d) Três ramos essenciais: BAEF, BDF e BCGF
e) Três laços: BDFEAB, BCGFDB e BCGFEAB
Devido a pequenas divergências entre f) Duas malhas: BDFEAB, BCGFDB.
autores, precisamos deixar bem claras algumas A R1 B
E3
C
definições antes de colocá-las em uso.
Nó: é um ponto do circuito onde se conectam E2
dois componentes. D
Nó essencial: é um ponto onde se encontram E1 R3
R2
três ou mais componentes.
Caminho: é um trecho de circuito que passa por
vários elementos sem repetir nenhum. E F G
R4 E4
Ramo: é um caminho que liga dois nós.
Fig. 8.1 - Circuito elétrico com dois nós essenciais
VIII - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

8.2 - PRIMEIRA LEI DE KIRCHHOFF Observa-se que as equações dos nós B


e F são, na realidade, as mesmas, ou seja, a
Uma boa introdução à Primeira Lei de aplicação da lei das correntes de Kirchhoff ao nó
Kirchhoff já foi vista no estudo de circuitos F não aumenta a informação sobre o circuito.
paralelos. Num dado nó entrava a corrente total Assim, o número de equações
do circuito e do mesmo nó saiam as correntes independentes que se pode obter com a
parciais para cada resistor. Como no nó não há aplicação da lei das correntes de Kirchhoff em
possibilidade de armazenamento de cargas ou um circuito elétrico é igual ao número de nós
vazamento das mesmas, tem-se que a quantidade essenciais menos um.
de cargas que chegam ao nó é exatamente igual
à quantidade de cargas que saem do nó. x = ne - 1 (8.3)
Desta constatação surge o enunciado da
primeira lei de Kirchhoff: Onde: x = número de equações independentes
obtidas com a aplicação da lei das nós;
"A soma algébrica das correntes em um nó é ne= número de nós essenciais do circuito.
sempre igual a zero."
n
8.3 - SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF
Ii 0 (8.1)
i 1 A lei de Kirchhoff das tensões é
aplicada nos laços. Usaremos a Figura 8.3 para
Por convenção, consideram-se as deduzir a segunda lei de Kirchhoff.
correntes que entram em um nó como positivas e
as que saem como negativas. Assim, a lei das A R1 B R2 C R3 D
correntes de Kirchhoff pode ser interpretada da
seguinte forma: I
E1 > E2
"A soma das correntes que chegam
em um nó é sempre igual à soma das
correntes que saem desse nó." E1 E E2
Fig. 8.3 - Circuito série para a aplicação da lei das
n m
tensões de Kirchhoff.
I ichegam I jsaem (8.2)
i 1 j 1
Esta abordagem já foi usada no estudo
Por exemplo, no circuito mostrado na dos circuitos de resistores em série, onde a soma
Figura 8.2, ao se aplicar a lei das correntes de das quedas de tensão nos resistores é igual à
Kirchhoff aos nós essenciais B e F, obtém-se: f.e.m. da fonte.
Nó B: I1 I 2 I 3
Et = VAB + VBC + VCD
Nó F: I3 I1 I 2
A R1 B
E3
C
Se no circuito existe mais de uma fonte
de f.e.m. deve-se determinar a resultante
E2
dasmesmas, ou seja, somá-las considerando os
D seus sentidos relativos.
E1 I3 R3
I1 I2
R2
E1- E2 = I.R1 + I.R2 + I.R3

E F G
Passando todos os termos para o mesmo
R4 E4
lado da equação obtemos:
Fig. 8.2 Circuito para aplicação da 1ª lei de Kirchhoff.
Leis de Kirchhoff VIII - 3
________________________________________________________________________________________________

+E2 - E1 + I.R1 + I.R2 + I.R3 = 0; R

V
Esta expressão mostra que a soma das I

tensões num caminho fechado é igual a zero. 4. Montar a equação percorrendo o laço e
Entenda-se que, na fonte de f.e.m., uma somando algebricamente as tensões. O sinal
forma de energia não-elétrica é convertida para da tensão corresponde à polaridade do
elétrica cedendo energia para as cargas, ou seja, terminal pelo qual ingressamos no
colocando as cargas em um potencial mais componente para percorrê-lo, sem observar o
elevado. Nas quedas de tensão as cargas se sentido da corrente elétrica.
dirigem para um potencial mais baixo, havendo
o consumo da energia das cargas convertendo-a De acordo com o circuito apresentado na
para uma forma de energia não-elétrica, como, Figura 8.4, ao se aplicar a lei das tensões de
por exemplo, calor, luz, etc. Kirchhoff às malhas ABDFEA e BCGFDB, no
Assim, ao percorrer uma malha fechada, sentido horário, obtém-se:
percebe-se que toda a energia entregue às cargas
num trecho do circuito elétrico é dissipada num Malha ABDFEA:
outro trecho. R1I1 E2 R2 I 2 R4 I1 E1 0
A tensão, por definição, está associada Malha BCGFDB:
à energia cedida às cargas ou retirada das
E3 R3 I3 E4 R2 I 2 E2 0
mesmas durante o seu movimento. Daí é obtido
o enunciado da Segunda Lei de Kirchhoff:
R1 E3
A B C
"A soma algébrica das tensões (f.e.m.s
e quedas de tensão) ao longo de uma malha E2
elétrica é igual a zero." D
I3
E1 I1 I2 R3
n R2
Vi 0 (8.4)
i 1
E R4 F G
E4
Para a aplicação da lei das tensões de Fig. 8.4 - Circuito para a aplicação da lei das
Kirchhoff, faz-se necessário adotar alguns tensões de Kirchhoff
procedimentos que são descritos a seguir:
No circuito da Figura 8.4, existe ainda
1. Atribuir sentidos arbitrários para as correntes mais um laço (o laço externo BCGFEAB). Nesse
em todos os ramos; laço poderíamos ainda aplicar a lei das tensões
2. Polarizar as fontes de f.e.m. com positivo de Kirchhoff. Entretanto, como no caso da lei
sempre na placa maior da fonte; das correntes, a equação resultante poderia ser
E
obtida por dedução a partir das duas já
existentes. Portanto, essa equação não seria
independente e, logo, não teria utilidade.
3. Polarizar as quedas de tensão nos resistores Supondo-se que, no circuito da Figura
usando a convenção de elemento passivo e 8.4, fossem conhecidos os valores de todas as
sentido convencional de corrente elétrica. f.e.m.s das fontes de tensão e todas as
Isso equivale a colocar a polaridade positiva resistências, restariam, como incógnitas, as três
da queda de tensão no terminal por onde a correntes.
corrente entra no resistor; Para resolver um sistema de equações
lineares com três incógnitas são necessárias três
equações.
VIII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Uma equação já foi obtida com a Exemplo resolvido 8.1: Calcule o sentido e
aplicação da lei das correntes de Kirchhoff. o módulo da corrente elétrica no circuito da
Portanto, são necessárias mais duas, que podem Figura 8.5.
ser obtidas pela aplicação da lei das tensões de
Kirchhoff. 1 4,7 3,3
Em síntese, pode-se concluir que, em um
circuito elétrico com be braços essenciais (ou
ramos essenciais) e ne nós essenciais, tem-se be
correntes, uma em cada ramo. A lei das
correntes de Kirchhoff fornece x = ne 1
equações e, portanto, a lei das tensões de 6V 15 V

Kirchhoff deve fornecer y = be ne 1 equações Fig. 8.5 - Circuito elétrico para o Exemplo 8.1.
para que o problema possa ser resolvido.
Por exemplo, no circuito da Figura 8.4,
tem-se be 3, ne 2. Se be 3 o número de Resolução:
correntes é 3. O número de equações fornecidas
pela lei das correntes é x = 2 1 1, e o a) Arbitra-se (escolhe-se) um sentido
número de equações fornecidas pela lei das para a corrente elétrica no circuito. Por exemplo,
tensões é y = 3 1 2, conforme discutido no sentido indicado na Figura 8.6.
anteriormente. b) Polarizam-se as quedas de tensão nos
A seguir, apresenta-se um resumo para resistores (polaridade positiva no terminal por
aplicação da LKC e LKT. onde a corrente entra) e as f.e.m.s das fontes (o
terminal maior é o positivo).
c) Percorrem-se as malhas, somando
8.4 – SOLUÇÃO DE CIRCUITOS BÁSICOS algebricamente as tensões (o sinal da tensão
corresponde ao sinal da polaridade da tensão
encontrada na entrada do componente).
Em resumo, para aplicar as Leis de Essas etapas estão mostradas na Figura
Kirchhoff na solução de circuitos, devemos: 8.6 e na equação abaixo.
1o) Identificar os nós essenciais, ramos
essenciais e malhas do circuito elétrico; 1 4,7 3,3
o
2 ) Atribuir, para cada ramo essencial do
circuito, um sentido para a corrente elétrica;
I
3o) Polarizar as fontes de f.e.m.;
4o) Polarizar as quedas de tensão nos resistores
6V 15 V
de acordo com o sentido adotado para a
corrente; Fig. 8.6 - Esquema de solução para o Exemplo 8.1.

5o) Havendo nós essenciais, aplicar a 1a Lei de 1I 4,7I 3,3I 15 6 0 ; 9 I 9; I 1A


Kirchhoff, obtendo-se x = ne – 1 equações.
6o) Se o número de equações ainda não for O sinal negativo que aparece para o
suficiente para resolver o circuito, aplicar a 2a valor da corrente I significa que o sentido
Lei de Kirchhoff, onde o número de equações escolhido para ela está invertido. Nesse
é dado por y = (be ne 1); exemplo, o sentido correto da corrente elétrica I
é para baixo na Figura 8.6 e não para cima como
7o) Escolher um ponto de partida e adotar um foi arbitrado no início da resolução.
sentido de percurso para percorrer a(s)
malha (s).
Leis de Kirchhoff VIII - 5
________________________________________________________________________________________________

Exemplo resolvido 8.2: Calcule os valores das e) Substituindo os valores numéricos


correntes I1, I2 e I3 a partir dos valores das disponíveis tem-se:
f.e.m.s e das resistências elétricas usando I3 = I1 + I2;
obrigatoriamente as leis de Kirchhoff. + I1.4 + 12 V – 36 V = 0
+ I2.3,3 + I2 . 2,7 - I1 .4 =0
A
R1 = 4 f) Colocando em forma de sistema de equações
E1 = 36 V tem-se:
R2 = 3,3 (1): I1 + I2 - I3 = 0;
(2): I1.4 = 24;
D E2 =12V C R3 = 2,7 B (3): - I1 .4 + I2.6 = 0;
g) Usando um método de resolução de sistema
Fig.8.7 - Circuito elétrico para o Exemplo 8.2
de equações chega-se na resposta. Nesse
caso foi usado o método da substituição.
Solução: De (2) obtém-se: I1 = 24V/4
(4) I1 = 6 A;
a) O circuito possui 2 nós essenciais, 3 ramos Substituindo I1 em (3) chega-se a:
essenciais, 3 laços e 2 malhas. - 24 + I2.6 = 0; I2 = 24/6 e (5) I2 = 4 A;
b) Os sentidos de corrente e polaridades foram Substituindo (4) e (5) em (1) chega-se a
arbitrados conforme Figura 8.8. 6 + 4 - I3 = 0; I3 = 10 A

Como os resultados foram todos


A I2 + R1 = 4 positivos, significa que os sentidos de corrente
I3 +
+ R2 = 3,3 arbitrados estavam corretos. Os mesmos
E1 I1 R1 R2 R3 = 2,7 resultados poderiam ser obtidos, neste caso mais
- - E2 + - - E1 = 36 V
- R3 + simples, usando a teoria dos circuitos em
D B E2 = 12 V
paralelo.
C
Fig.8.8 - Circuito elétrico para o Exemplo 8.2 com
sentidos de corrente e polarizações. Exemplo resolvido 8.3: Calcule os valores da
E2 e da resistência elétrica do resistor R2 no
c) Aplicando-se a lei das correntes de circuito da Figura 8.9. Sabe-se que as correntes
Kirchhoff tem-se apenas uma equação obtida que percorrem R1 e R2 valem, respectivamente,
em relação aos nós, pois (x = ne - 1). I1 8 A e I2 5 A.
I3 = I1 + I2;

d) Aplicando-se a lei das tensões de Kirchhoff, 60 V E2


tem-se duas equações obtidas pelas malhas, I1 I2
R2
pois [y = (be ne 1) = 3 - 2+1 = 2] 1 2

Malha ACDA: Começando pelo nó essencial A,


percorrendo a malha no sentido horário e
4
chegando novamente ao nó A, tem-se:
+ I1.R1 + E2 - E1 = 0 Fig. 8.9 - Circuito elétrico para o Exemplo 8.3.

Malha ABCA: Começando pelo nó essencial A, Resolução:


percorrendo a malha no sentido horário e
chegando novamente ao nó A, tem-se: a) Observa-se que o circuito possui 2 nós
+ I2.R2 + I2 .R3 - I1 .R1 = 0 essenciais, 3 ramos essenciais e 2 malhas.
VIII - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

b) Os sentidos de corrente e polaridades foram A


40 V
B 3 F
arbitrados conforme Figura 8.10.
A I3
I2 3
60 V E2 12 I1 51 V
C
E I3 B
I1 I2 20 V
R2
1 2
E D 2 G
50 V

D 4 C Fig. 8.12 - Esquema de solução para o Exemplo 8.4


Fig. 8.10 - Esquema de solução para o Exemplo 8.3.
Arbitrando-se os sentidos das correntes
c) Aplicando-se a lei das correntes de nos ramos como mostrado na Figura 8.12,
Kirchhoff tem-se apenas uma equação obtida aplicando-se a lei das correntes de Kirchhoff ao
em relação aos nós essenciais, pois (x = ne - nó B e a lei das tensões de Kirchhoff às malhas
1). BCDEAB e BFGDCB, obtém-se:
Nó A: I1 I 2 I 3 , como I1 8 A e I2 5 A,
I1 + I2 + I3 = 0; LKC: nó B
tem-se: 8 5 I 3 I3 3 A; 40 - 3I2 – 20 -50 +12 I1 = 0 LKT: BCDEAB
-3I3 - 51 - 2I3 + 20 +3I2 = 0 LKT: BFGDCB
d) Aplicando-se a lei das tensões de Kirchhoff,
tem-se duas equações obtidas pelas malhas,
pois [y = (be ne 1) = 3-2+1 = 2] Substituindo-se os valores numéricos dos
resistores e das fontes de tensão e rearranjando-
Malha ACDEA: se as correntes (incógnitas), obtém-se o seguinte
R2 I 2 4 I1 1I1 60 0 , como I1 8 A e sistema de equações lineares:
I2 5 A, tem-se:
I1 I2 I3 0
5R2 4 8 1 8 60 0 ; 5R2 20 ;
R2 4 12 I1 3I 2 30
3I 2 5I 3 31
Malha ABCA:
E2 2 I3 R2 I 2 0 E2 2 3 4 5 0 Os coeficientes das incógnitas formam a
matriz A, as incógnitas formam a matriz X e os
E2 14 V
termos independentes a matriz B.

1 1 1 I1 0
Exemplo resolvido 8.4: Calcule o valor e o
sentido correto das correntes em cada ramo do A = 12 3 0 X I2 B 30
circuito da Figura 8.11. 0 3 5 I3 31
40 V 3
O sistema de equações pode ser então
escrito como uma equação matricial da forma:
3
12 51 V
[A].[X]=[B]
20 V
Este sistema pode ser resolvido pelo
50 V 2 método de Cramer, que diz:
Fig. 8.11 - Circuito elétrico para o Exemplo 8.4.
Leis de Kirchhoff VIII - 7
________________________________________________________________________________________________

Os valores das incógnitas de um sistema Cálculo da corrente I1:


linear de n equações e n incógnitas são dados
por frações cujo denominador é o determinante I1 333
I1 I1 3A
dos coeficientes das incógnitas e o numerador 111
é o determinante xi onde a coluna da variável
xi é substituída pela coluna dos termos Cálculo da corrente I2:
independentes.
I2 222
I2 I2 2A
Para o cálculo do determinante principal, 111
de matriz de até terceira ordem, aumenta-se a
matriz repetindo as duas primeiras colunas. O Cálculo da corrente I3:
determinante é obtido somando-se os produtos Poderíamos usar o mesmo método
da diagonal principal e diminuindo-se a soma adotado acima para as outras correntes ou usar
dos produtos da diagonal secundária. outra relação como a obtida pela 1ª lei .

1 1 1 1 1 I1 I 2 I3 0
12 3 0 12 3 I3 I1 I 2 3 2 I3 5A
0 3 5 0 3
40 V 3

= [1x(-3)x(-5) + 1x0x0 + 1x12x3 ] –


[1x(-3)x0 + 1x0x3 +1x12x(-5)] 5A
2A 3
12 3A 51 V
15 0 36 [0 0 60] 111
20 V

Cálculo do determinante para a corrente I1:


50 V 2

0 1 1 0 1
Fig.8.13- Sentidos corretos para as correntes nos ramos no
I1 30 3 0 30 3
circuito do Exemplo 8.4.
31 3 5 31 3

I1= [0x(-3)x(-5) + 1x0x31 + 1x30x3 ] –


[1x(-3)x31 + 0x0x3 +1x30x(-5)]
I1 0 0 90 [ 93 0 150] 333

Cálculo do determinante para a corrente I2:

1 0 1 1 0
I2 12 30 0 12 30
0 31 5 0 31

I2= [1x30x(-5) + 0x0x0 +1x12x31 ] –


[1x30x0 + 1x0x31 +1x12x(-5)]
I2 150 0 372 [0 0 0] 222
VIII - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Questões e problemas 8.4. Calcule o valor da resistência do resistor R3


no circuito da Figura 8.17.
8.1. Determine os valores das correntes
desconhecidas no circuito da Figura 8.14.
30 V 0,5
X1

I1
10 A 4A 1

X2 X3

8A R3 40 V

X4 I2 X5 X6 Fig. 8.17
I3 9A

Fig. 8.14
8.5. Sabendo que a corrente através do resistor
R3 no circuito da Figura 8.18 vale 4 A,
8.2. Determine os valores das tensões calcule os valores e os sentidos corretos das
desconhecidas no circuito da Figura 8.15. outras correntes e o valor do resistor R3.

0,5 12 V

X2 X3

10 V V2

0,3 10 V
X1 V1 X4

8V

4A
X5 X6

V3 9V R3 1
Fig. 8.18

Fig. 8.15

8.6. Calcule os valores das correntes I2 e I3 e do


8.3. Calcule o valor da corrente I no circuito da resistor R2, no circuito da Figura 8.19,
Figura 8.16. sabendo que a intensidade da corrente I1
vale 0,2 A.
10 15

5
12 V I 5V

3V I1 I2 R2 5V
11 6
I3

8V 8 5
Fig. 8.19
Fig. 8.16
Leis de Kirchhoff VIII - 9
________________________________________________________________________________________________

8.7. Calcule o valor e o sentido correto das 8.10. No circuito da Figura 8.23, calcule os
correntes nos ramos essenciais no circuito valores da tensão Vs e da resistência R.
da Figura 8.20.

100 V 4
60 V Vs
R 5A

6 8A
1
2
24 102 V

40 V
80 V
Fig. 8.23
Fig. 8.20

8.8. Calcule os valores das correntes I1 e I2 no 8.11. Determine a potência dissipada em R1 e R2


circuito da Figura 8.21. do circuito da Figura 8.24.

25

20 V R2 10 k

I1 I2 5V
90 V 30 V
10

20 k R1 25 V
Fig. 8.21

Fig. 8.24

8.9. No circuito da Figura 8.22, calcule o valor 8.12. Qual deve ser o valor do resistor R para
da corrente I. que a corrente no ramo AB da Figura 8.25
seja nula?

20 25
6 k A R

3V
200 V
100 V I 5 k

3V 1 k 3 k
Fig. 8.22 B
12V

Fig. 8.25
VIII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Respostas selecionadas

8.1. I1 = 1A; I2=18A; I3=9A.

8.2. V1=11V; V2=2V; V3= -1V.

8.3. I = 0,3A.

8.4. R3=1Ω.

8.5. I1 = 4A; I2=0; R3 = 1,5Ω.

8.6. I2= 0,8A; I3 = 0,6A; R2= 2,5Ω.

8.7. I1 = 3A; I2=2A; I3 = 5A.

8.8. I1= 9A; I2 =1,5A.

8.9. I = 3A para cima.

8.10. Vs=14V; R = 4Ω.

8.11. P1=20mW; P2=22,5mW.

8.12. R =26 kΩ.


Capítulo IX – CAPACITORES

Michael Faraday (1791 - 1867)


Faraday foi um físico e químico inglês, sendo considerado
um dos cientistas mais influentes de todos os tempos. Suas
contribuições mais importantes foram nos intimamente conectados
fenômenos da eletricidade e do magnetismo, mas ele também fez
contribuições muito importantes em química. Faraday foi descrito
como o "melhor experimentalista na história da ciência", embora
não conhecesse matemática avançada, como cálculo infinitesimal.
O impacto de suas contribuições para a ciência são certamente
grandes tanto na física quanto na química, e a tecnologia
desenvolvida baseada em seu trabalho está ainda bem presente.
Suas descobertas em eletromagnetismo foram a base para os trabalhos de engenharia no fim do
século XIX por pessoas como Edison, Siemens, Tesla e Westinghouse, que tornaram possível a
eletrificação das sociedades industrializadas. Na física, foi um dos primeiros a estudar as conexões
entre eletricidade e magnetismo. Em 1821, logo após Oersted ser o primeiro a descobrir que a
eletricidade e o magnetismo eram associados entre si, Faraday publicou seu trabalho que chamou
de "rotação eletromagnética" (princípio do motor elétrico). Em 1831, Faraday descobriu a indução
eletromagnética, o princípio do gerador elétrico e do transformador. Suas ideias sobre os campos
elétricos e os magnéticos, e a natureza dos campos em geral, inspiraram trabalhos posteriores que
originaram as equações de Maxwell. Na química, descobriu o benzeno, produziu os primeiros
cloretos de carbono conhecidos, ajudou a estender as fundações da metalurgia e metalografia, além
de ter conseguido liquefazer gases nunca antes liquefeitos. Sua maior contribuição foi virtualmente
fundar a eletroquímica criando termos como eletrólito e íons.
[http://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Faraday]
9.1 – DEFINIÇÕES INICIAIS Antes de ser ligada uma fonte ao
capacitor, ambas as placas apresentam uma
a) Constituição mesma quantidade de elétrons e prótons e a
Todo capacitor é, basicamente, tensão é nula. Ao aplicar-se uma tensão
constituído de duas placas condutoras contínua, uma das placas do capacitor estará
(armaduras), isoladas entre si por uma fina ligada ao polo positivo e a outra ao polo
camada de isolante (dielétrico). negativo da bateria.
No instante da ligação, as cargas
positivas devem fluir do polo positivo da bateria
para a armadura ligada ao mesmo e esta irá
Armaduras
eletrizar-se positivamente; a outra armadura,
ligada ao polo negativo da bateria, irá eletrizar-
se negativamente, devido às cargas positivas que
se deslocarão da referida armadura para o polo
Dielétrico Símbolo negativo da fonte.
Assim sendo, sempre que uma das placas de
Fig.9.1 – Constituição e simbologia do capacitor
um capacitor eletrizar-se com uma carga +q, a
Os capacitores são classificados pela outra irá eletrizar-se com uma carga -q. No
forma de suas placas como capacitores planos, entanto, quando se fala em carga armazenada
cilíndricos e esféricos; e pela natureza de seu por um capacitor, estamos nos referindo à carga
dielétrico como capacitores de ar, papel, existente em apenas uma das armaduras, pois a
plásticos, eletrolíticos, etc. carga total poderia ser considerada nula.
IX - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Quantitativamente, capacitância é
+q -q definida como a relação entre a carga
C armazenada pelo capacitor e a ddp existente
entre suas placas.

C C
q 2q

Fig.9.2 – Carregamento de um capacitor V 2V


A tensão aplicável às armaduras de um
capacitor é limitada pelo seu dielétrico. Se essa C C
tensão for elevada demais, de modo a ultrapassar 3q 4q
o valor da rigidez dielétrica, o material isolante
será perfurado com uma descarga elétrica, curto-
circuitando-o e, geralmente, inutilizando o 3V 4V
capacitor.

Chama-se tensão de trabalho a tensão Fig.9.3 – Relação entre a carga armazenada num
máxima aplicada a um capacitor de modo que capacitor e a tensão entre as placas
este possa suportá-la por um longo período.
Realizando-se a divisão entre os diversos
No caso de um resistor, sabe-se que toda
valores da carga acumulada e da tensão entre as
a energia elétrica consumida por ele é dissipada
placas obtemos um valor constante que
sob forma de calor, mas quando se trata de um
corresponde ao valor da capacitância.
capacitor, a energia elétrica é simplesmente
acumulada no mesmo. Assim, um capacitor tem q
a finalidade de armazenar energia elétrica q/V = 2q/2V = 3q/3V = cte C (9.1)
através do armazenamento de cargas elétricas.
V

b) Capacitância: Plotando-se os pares de valores de q e V


num gráfico cartesiano obtemos a Figura 9.4.
Conforme é visto na Figura 9.3,
aumentando-se gradualmente a ddp sobre um
capacitor percebe-se que a quantidade de carga
armazenada em cada placa também aumenta q
proporcionalmente.
Quando a fonte é desligada do capacitor
ele permanece com a mesma carga e com a
mesma d.d.p. que tinha no momento anterior ao
desligamento.
Qualitativamente, capacitância é a
propriedade de um capacitor de armazenar
cargas elétricas.
V
Fig.9.4 – Gráfico q x V num capacitor
Capacitores IX - 3
________________________________________________________________________________________________

A unidade utilizada para a medida de Exemplo resolvido 9.1: Qual é a carga


capacitância no sistema internacional de recebida por um capacitor com uma capacitância
unidades é o Farad, em homenagem ao físico de 10 F, estando submetido a uma tensão de
Michael Faraday, conforme a seguinte relação: 300V?
Solução:
u(q) Coulomb
u (C) = = = Farad (F) C = 10 F = 10.10-6F; V = 300V
u(V) Volt q = C.V = 10.10-6 F . 300 V
1C q = 3000.10-6 C = 3.10-3 C = 3 mC
1F
1V

1F é a capacitância de um capacitor 9.2 –A INFLUÊNCIA DO DIELÉTRICO


que adquire, por exemplo, uma carga de 1C
quando submetido a tensão de 1V. Consideremos um capacitor plano tal que
o dielétrico existente entre as armaduras seja o
Como são raros os capacitores com vácuo (ou ar). Carregando-se o capacitor com
capacitância próxima da unidade (1 F), porque uma carga q, uma ddp Vab será estabelecida
esta é muito grande, na prática utilizam-se entre elas. Nessas condições, temos, no espaço
apenas subunidades. entre as armaduras, um campo elétrico uniforme
1 microfarad = 1 F = 1x10-6F Eo, criado pelas cargas +q e -q existentes nas
1 nanofarad = 1nF = 1xl0-9 F placas, como mostra a Figura 9.5.
1 picofarad = 1pF = 1x10-12F

Curiosidade: Para que um capacitor plano,


quadrado, com dielétrico de ar de espessura de + + + + + + + + + + + + +q
0,1 mm, tenha capacitância de 1,0 F os lados
deveriam ter 3361 m! Vab vácuo

Como a medição da carga é complexa, a Eo


capacitância é medida diretamente através do
instrumento chamado de capacímetro, por uma - - - - - - - - - - - - -q
ponte de medição de capacitância ou por
Fig.9.5 – Capacitor com dielétrico de vácuo
ponte RLC.
A tolerância indica a faixa na qual pode
estar o valor real da capacitância. Por exemplo,
num capacitor de 100 F com tolerância de 5%, Desligando-se o capacitor da fonte as
a capacitância estará compreendida entre 95 F e cargas se manterão inalteradas nas placas, pois
105 F. É conveniente observar a tolerância ao não têm para onde ir.
se substituir um capacitor, para evitar que o seu Agora, vamos analisar as consequências da
funcionamento fique alterado. introdução de um dielétrico entre as armaduras
A tolerância pode ser apresentada pelo de um capacitor. Sabe-se que dielétricos ideais
fabricante sendo escrita diretamente no corpo do são materiais que não conduzem corrente
capacitor, representada através de um código de elétrica, pois seus elétrons estão firmemente
cores ou através de letras (tabela ao lado). “ligados” aos respectivos átomos, isso é, esses
materiais não possuem elétrons livres.
Tabela 9.1 - Tolerância das capacitâncias

Código F H J K M
Tolerância 1% 2,5% 5% 10% 20%
IX - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Os materiais dielétricos, quando não estão Observando-se a equação de definição de


sob a ação de campo elétrico, possuem átomos capacitância (C = q / V), se q não varia e o valor
em que a eletrosfera está centrada no núcleo e o da ddp cai, a capacitância aumenta, isto é, a
átomo, externamente, é neutro. capacitância se torna K vezes maior. Atribui-se,
então, a cada dielétrico uma constante K,
chamada constante dielétrica, sendo a mesma
+ + + + + + + + + + + + +q característica de cada material.
Vab - - - + - - + - Essa constante mede o número de vezes
+ +
vácuo Ep dielétrico que aumenta a capacitância de um capacitor
- - - + - - + - quando um dielétrico for introduzido entre suas
Eo + +
armaduras. Pode-se também dizer que esta
- - - - - - - - - - - - -q constante traduz o grau de polarização do
dielétrico. Em outras palavras, um capacitor com
Fig.9.6 – Capacitor com dielétrico dielétrico entre as armaduras é melhor
genérico armazenador de carga do que sem ele.
Quando esse material é submetido a um
campo elétrico externo, seus átomos, apesar de
não conduzirem corrente, terão os seus elétrons
Co C
puxados em sentido contrário ao campo. Como
Vo
os elétrons são “ligados” (não são livres) há q V
q
apenas uma descentralização da eletrosfera em
sentido contrário ao campo tornando um lado do
átomo negativo e o outro positivo, formando um
dipolo elétrico. Fig.9.7 – Tensão nos capacitores sem e com
dielétrico
Este efeito, chamado de polarização, é
causado por um processo de indução C
K (9.2 a) C = K.Co (9.2 b)
eletrostática e fará um lado do dielétrico Co
eletrizar-se negativamente e o outro
positivamente. Onde:
Uma vez polarizado o dielétrico, o C: capacitância do capacitor com dielétrico
mesmo produzirá um campo elétrico Ep de Co: capacitância do capacitor sem dielétrico
mesma direção e de sentido contrário ao do
campo externo Eo (Figura 9.6). Nessas A Tabela 9.2 fornece os valores típicos
condições, podemos afirmar que surgirá um das características de alguns dielétricos.
campo elétrico resultante E = Eo – Ep, ou seja,
ao introduzirmos o dielétrico, a intensidade do
Tabela 9.2 – Características de alguns dielétricos
campo elétrico entre as placas do capacitor
diminuirá. Material Constante dielétrica (K)
Como V = E.d, conclui-se que a tensão Vácuo 1
Vab também irá decrescer e, como o capacitor Ar 1,00059
não está conectado a nenhum circuito, a carga q Mica 2,5 - 6,6
de suas placas permanecerá sempre a mesma. Óxido de alumínio 7
Utilizando-se um voltímetro, essa Óxido de tântalo 11
diminuição de ddp, na prática, seria facilmente Papel parafinado 2,3
percebida. Considerando o capacitor eletrizado Poliéster 3,2
com uma carga q, bastaria medir a ddp sobre o Vidro 5,4 - 9,9
capacitor com e sem dielétrico.
Capacitores IX - 5
________________________________________________________________________________________________

Na Figura 9.8 temos um capacitor que, podemos calcular o valor de sua capacitância
numa situação, a área frontal das placas é total e, utilizando a seguinte expressão:
na outra, a área frontal é um pouco menor. No
segundo caso, existe uma redução no espaço K . ε o .S
para o acúmulo de elétrons, ou seja, a indução C (9.3)
eletrostática ocorre em menor intensidade. d
Podemos deduzir, então, que a
capacitância é diretamente proporcional à área Onde:
frontal das armaduras. K = constante dielétrica ou permissividade
relativa do dielétrico ( R)
-12
o = permissividade do vácuo (8,85x10 F/m)
2
S = área das placas (m )
d = distância entre placas ( m )

A permissividade é a habilidade de um
material de polarizar-se em resposta a um campo
Fig.9.8 – Influência da área das elétrico aplicado e, dessa forma, cancelar
placas na capacitância parcialmente o campo dentro do material.

Vamos supor agora que variássemos a A expressão anterior pode ser escrita de
distância entre as armaduras. A ação mútua entre uma forma mais resumida, ou seja:
dois corpos com cargas elétricas depende da
distância entre eles. ε .S
C (9.4)
d

Onde: = permissividade do dielétrico (F/m)

O raciocínio anterior pode ser


Fig.9.9 – Influência da distância entre comparado ao estudo da resistência de um
placas na capacitância resistor, a qual é um valor característico de cada
resistor. Mudando o valor da tensão aplicada a
Como a capacitância reflete a capacidade um resistor, muda também o valor da corrente
que um capacitor tem de acumular cargas que o percorre, mas sua resistência continua a
elétricas, deduz-se que a capacitância depende mesma, pois ela depende unicamente das
da distância entre as armaduras. características do material de que é feito o
Quanto mais próximas estiverem as resistor (R = .  / S).
armaduras, maior será o efeito da carga de uma
das placas sobre a carga da outra placa.
Exemplo resolvido 9.2:
Podemos afirmar que a capacitância de
um capacitor é inversamente proporcional à Num capacitor plano sem dielétrico foi
distância entre as armaduras. aplicada uma tensão de 500 V. Devido a essa
Após esta série de deduções, concluímos tensão, o capacitor adquiriu uma carga de 200
que a capacitância de um capacitor depende, C e surgiu no seu interior um campo elétrico de
basicamente, de três fatores, ou seja, depende do 20 kV/m. Logo em seguida, desligou-se o
dielétrico, da área frontal das armaduras e da gerador que o carregou e introduziu-se um
distância entre as armaduras. dielétrico de constante K, de modo que a
capacitância do capacitor passou a ser 2,6 F.
Para um capacitor de placas paralelas, Determine:
IX - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

a) A capacitância do capacitor antes da b) q = V =220V


introdução do dielétrico; q = Co . V = 7,97x10-9 F. 220V q = 1,75 C
b) A distância entre as armaduras;
c) O valor da constante K; c) K=7,65; C =
d) A ddp depois da introdução do dielétrico; C = K.Co = 7,65x7,97x10-9 F C = 60,97nF
e) O campo elétrico após a introdução do
dielétrico.
9.3 – TRANSITÓRIOS DE CARGA E
DESCARGA DE CAPACITORES
Dados:
Vo = 500 V; q = 200 C = 200 x 10-6 C No circuito da Figura 9.10 temos uma
Eo = 20.000 V/m; C = 2,6 F = 2,6 x 10-6 F fonte de tensão contínua, um capacitor
Co = d = K= V= E= inicialmente descarregado, um resistor e uma
chave. Com a chave aberta (entre 1 e 2) não há
Solução: movimento de cargas e a tensão sobre o
q 200x10 6 C capacitor é nula.
Co ; C o 0,4x10-6 F
Vo 500V
Vo 500 V
d ; d 0,025m 25 mm R C
Eo 20.000 V/m
ch
C 2,6 x 10 6 F + vR - i + vC -
K 6,5
Co 0,4 x 10 6 F 1 0 2
q 200 x 10 C 6 Vs
V 76,9 V
C 2,6 x 10 6 F
V 76,9 V Fig.9.10 – Circuito para ensaio de carga e
E 3076 V/m descarga de capacitor
d 0,025 m

Exemplo resolvido 9.3: Quando a chave é fechada, (pos.1)


começa a existir um movimento intenso de
Para um capacitor de placas paralelas, cada
cargas, ou seja, a fonte fornece cargas positivas
uma com área de 0,09 m2 e distantes de 0,1 mm,
para armadura que está ligada ao seu terminal
sem dielétrico (vácuo), calcule:
positivo e retira cargas positivas da outra
a) A capacitância do capacitor.
armadura, ligada ao seu terminal negativo.
b) A carga armazenada quando o capacitor for
O desequilíbrio elétrico entre as duas
submetido a 220V.
placas vai aumentando à medida que as cargas
c) A capacitância do capacitor quando for usado
são retiradas de uma placa e colocadas na outra,
um dielétrico de K=7,65.
ou seja, a ddp entre as placas vai crescendo à
medida que o capacitor vai sendo carregado.
Dados: S = 0,09m2 ; d = 0,1mm; K = 1;
Enquanto a tensão no capacitor cresce,
a) Co = ? b) q = ? V = 220 V; c) C = ? K = 7,65
vai diminuindo a diferença de tensões entre o
capacitor e a fonte e, com isto, a corrente vai
Solução:
decrescendo até se anular completamente.
K . o .S
a) Co = Co = Pelo exposto anteriormente, conclui-se,
d então, que a corrente circula no resistor apenas o
1x8,85.10 12 F/m x 0,09m2 tempo suficiente para o capacitor carregar-se.
Co 7,97 x10 9 F
0,1x10 3 m Por isso ela é denominada “corrente de
Co = 7,97nF carga”. Assim sendo, pode-se afirmar que um
capacitor, após carregado, comporta-se como
Capacitores IX - 7
________________________________________________________________________________________________

“circuito aberto para CC”, pois mesmo havendo descrito anteriormente. Num dado momento a
tensão CC nos seus terminais não há corrente chave é comutada para a posição 2. Assim o
entrando ou saindo dele. capacitor ficará ligado a um circuito de descarga
Vc (V) e sua tensão desaparecerá num certo tempo.
Vcmax= Vs
Vmax Como a placa da esquerda está positiva,
a corrente sairá do capacitor por aquele lado
caracterizando uma corrente negativa, pois está
em sentido contrário àquele que tínhamos
tomado como positivo no caso anterior.
t (ms)
i (A) R C
Imax=V/R
Imax
ch
+ vR - i + vC -

1 0 2
Vs

t(ms
Fig.9.11 – Tensão e corrente durante o transitório Fig.9.12 – Capacitor em processo de descarga
de carregamento de um capacitor
Sabe-se que q = C.V. Então, para cada A tensão no capacitor (Vc) não irá
variação de V há uma variação proporcional na decrescer instantaneamente de VCmáx para zero.
carga acumulada q, logo: O processo de liberação da energia do
campo elétrico ao resistor (gerando efeito joule)
q = C. V, mas q = i. t ou i . t = C. V será de forma lenta, ou seja, a tensão no
capacitor decrescerá gradativamente conforme
V as características do circuito de descarga.
Portanto: i C. (9.5)
t
Vc (V) Vcmax
Esta equação mostra que a corrente num
capacitor é diretamente proporcional à
capacitância e à taxa de variação da tensão no
tempo (velocidade de variação da tensão).
Assim, só existe corrente num capacitor
quando a tensão nos seus terminais estiver t (ms)
variando. Quando a tensão ficar constante não t (ms)
há variação da mesma e, portanto, não há i (A)
corrente.
De acordo com os gráficos dados, nota-
se que a ddp sobre o capacitor cresce mais
rapidamente nos primeiros momentos após a
ligação, dando origem a uma corrente alta. Imax= - Vcmax/R
Quando a tensão do capacitor estiver
Fig.9.13 – Tensão e corrente durante a descarga
quase atingindo a tensão da fonte ela cresce de um capacitor
muito vagarosamente e a corrente no mesmo vai
diminuindo até desaparecer. Da mesma forma que, num sistema
mecânico, uma massa se opõe à variação
Suponhamos agora que o capacitor já instantânea de posição, a capacitância, no
esteja carregado com a tensão da fonte conforme
IX - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

sistema elétrico, se opõe à variação instantânea Assim, o trabalho realizado pela bateria,
da tensão. ao carregar o capacitor, e a energia elétrica
A capacitância age num circuito de armazenada no capacitor são obtidos pela
forma a impedir a variação instantânea da tensão expressão acima.
entre suas placas (e nos pontos onde o capacitor Como já sabemos que C = q/V, podemos
está ligado), porque isso significaria valores expressar a energia em função de C e V
elevados de corrente o que é impossível devido (substituindo q por C.V).
às resistências (sempre presentes) que limitam
os valores de corrente e consequentemente as W = ½ .C.V2 (9.6b)
variações da tensão.
Os capacitores são ligados nos circuitos
Exemplo resolvido 9.4: Calcular a corrente para muitos fins, sempre que suas propriedades
constante capaz de elevar a tensão de um especiais possam ser usadas.
capacitor na razão de 74640V/s (ou 74,64V/ms) Por exemplo, numa máquina fotográfica
sabendo-se que a sua capacitância é 10 F. a energia é armazenada num capacitor para
depois utilizá-la na hora de usar o flash.
Dados: Outro exemplo: Quando é necessário
V/ t = 74640V/s; C = 10x10-6F; I = ? estabelecer uma ligação entre dois pontos de um
circuito, de modo que uma corrente alternada
Solução: possa circular entre os mesmos, mas não uma
I = C. V/ t; I = 10x10-6 F. 74,64x10+3V/s; corrente contínua, a instalação de um capacitor
I = 746,4x10-3 A = 746,4 mA proporcionará a filtragem desejada.

9.4 – ENERGIA ARMAZENADA NO Exemplo resolvido 9.5: Calcular a capacitância


CAPACITOR necessária para armazenar uma energia de 36 mJ
sob uma tensão de 12 V.
Quando uma carga elétrica q (medida em
Coulomb) é transportada entre dois pontos, cuja Dados:
diferença de potencial V (medida em volt) é W = 36x10-3J; V = 12 V; C = ?
mantida constante, o trabalho realizado no Solução:
transporte é dado por W = q.V. Na descarga do W = ½. C.V2; 36x10-3 J = ½ .C.(12 V)2;
capacitor, porém, a diferença de potencial entre C = 36x10-3 J x 2 /(144 V2) = 0,5x10-3 F
as armaduras não se mantém constante. À
C = 500 F
medida que a carga é transportada de uma placa
para outra, a diferença de potencial vai
diminuindo, passando de um valor inicial V para 9.5 – TESTES EM CAPACITORES
um valor final nulo. Nesse caso, não podemos
usar a expressão citada para calcular o trabalho Para testar um capacitor podemos usar
no processo da descarga. Podemos, de uma um capacímetro ou a função ohmímetro de um
maneira simplificada, tomar a média da tensão multímetro analógico. Sabe-se que o ponteiro do
durante a descarga como sendo V/2 e calcular ohmímetro fica em repouso na posição
este trabalho por:1 correspondente a uma resistência de valor
infinito (circuito aberto), que equivale a uma
1 corrente nula circulando entre as ponteiras.
W .q.V (9.6a)
2 Quando se aplica a tensão contínua da
pilha do ohmímetro a um elemento de
resistência finita, temos a circulação de uma
corrente, fazendo com que o ponteiro do
1
Veja em Resnick, Halliday & Krane – Física III- p.84 medidor deflexione até certo valor.
Capacitores IX - 9
________________________________________________________________________________________________

No uso do ohmímetro em testes de d) Capacitor com fuga


capacitores é importante escolher uma escala Nesse caso, teríamos a deflexão do
adequada, pois, do contrário, o teste pode não ponteiro do ohmímetro, saindo do infinito, mas
funcionar. Para capacitâncias muito baixas estacionando num valor muito elevado de
utilizam-se escalas de alta resistência interna e resistência, ou seja, estaria circulando uma
para capacitâncias muito altas utilizam-se corrente muito baixa. Isso pode representar o
escalas de baixa resistência interna. Isso é feito início do processo de curto do capacitor, ou seja,
para ajustar o tempo de carga do capacitor, as características do dielétrico já sofreram
afetando, então, o tempo de movimento do alguma alteração, influindo na sua capacidade
ponteiro do medidor. Vamos, a seguir, analisar de isolação.
os diversos estados de funcionamento em que
um capacitor pode se encontrar.
9.6 – ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES
a) Capacitor inteiro
Conectando-se as pontas de prova de um É sempre possível substituir um conjunto
ohmímetro a um capacitor sem defeito, ele irá de capacitores, ligados de um modo qualquer,
carregar-se num certo intervalo de tempo, por um único capacitor cuja capacitância seja
consequência da circulação de uma corrente equivalente à do conjunto. Podemos também
contínua no referido tempo, corrente esta que em fazer o inverso, isto é, substituir um único
seguida desaparece. Assim sendo, o ponteiro do capacitor por vários capacitores ligados de modo
ohmímetro irá se deslocar do infinito (zero mA) que a capacitância do sistema seja equivalente à
até alguns ohms (alguns mA), retornando à do capacitor isolado.
posição infinito (bem à esquerda). A necessidade de associarmos
b) Capacitor aberto capacitores advém do fato de nem sempre
Se as pontas de prova de um ohmímetro encontrarmos, no comércio especializado,
forem conectadas a um capacitor comum e o capacitores com as capacitâncias que desejamos.
ponteiro do medidor não se deflexionar, é sinal Quando isso ocorre, associamos os
de que não houve circulação de corrente. Isto capacitores disponíveis a fim de obter a
seria consequência do circuito estar aberto, ou capacitância desejada. As associações de
seja, um dos terminais do capacitor pode estar capacitores mais utilizadas na prática são as
rompido. Esse tipo de teste é válido somente associações em série e em paralelo.
para capacitores de capacitâncias elevadas, pois
no caso de capacitância muito baixa teríamos a) Circuito Série
corrente de carga também muito reduzida e,
dependendo do ohmímetro utilizado, talvez não C1 C2 C3
fosse detectada pelo instrumento medidor. Nesse A + - C+ - D+ - B
caso, deveríamos usar um capacímetro para +q - +q- +q-
comprovar o valor nominal da capacitância.
c) Capacitor em curto
Os curtos nos capacitores podem ser
causados, por exemplo, pela ruptura do
dielétrico, fruto de superaquecimento ou por
aplicação de tensão de trabalho muito alta. Fig.9.14 – Circuito de capacitores em série
Utilizando-se um ohmímetro, teríamos a
deflexão total do ponteiro, sendo que o mesmo
estacionaria no valor relativo a uma resistência
nula (ou corrente máxima).
IX - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

A característica dessa associação é o fato CT = C1 / n (9.10)


de cada capacitor associado carregar-se com a
mesma carga, quando uma ddp é mantida entre Agrupam-se capacitores em série quando
os terminais da associação. se deseja uma capacitância menor do que aquela
que possui cada capacitor. Nesse tipo de
Na Figura 9.14, com a pilha ligada dessa agrupamento a capacitância total é sempre
maneira, a primeira armadura da direita eletriza- menor do que a menor capacitância parcial e,
se com uma carga -q. Isto fará com que cargas quanto mais capacitores forem associados,
positivas sejam atraídas para a segunda placa do menor será o valor da capacitância total.
capacitor da direita e a mesma irá eletrizar-se
positivamente. Se, nessa placa chegou uma Também se recorre ao circuito série
carga positiva, a outra armadura subsequente quando o capacitor não suporta uma tensão
(terceira, a partir da direita) acabou eletrizando- muito elevada, pois em série a tensão da fonte se
se com uma carga negativa. distribuirá em várias quedas de tensão nos
Através do processo de eletrização, capacitores.
chamado indução eletrostática, todas as
armaduras ficarão eletrizadas com carga de Exemplo resolvido 9.6:
mesmo valor absoluto, embora apenas as
armaduras extremas estejam ligadas aos Dois capacitores de capacitância C1=3 pF
terminais da pilha. e C2 = 6 pF estão ligados em série e a associação
é conectada a uma fonte de tensão de 1000V.
Vamos agora estabelecer a capacitância Determinar:
Ce equivalente ao circuito. Sejam C1, C2 e C3 as a) A capacitância total.
capacitâncias dos capacitores da associação. b) A carga em cada capacitor.
Pela definição de capacitância, temos: c) A ddp em cada capacitor.
VAC = q/C1; VCD= q/C2; VDB = q/C3; VAB = q/Ce;
C1 C2
A C B
Sabe-se que num circuito série:
VAB= VAC+VCD+VDB

De onde obtemos:
VAB = q/C1 + q/C2 + q/C3 = q.(1/C1+1/C2+1/C3) Vab

Observando que VAB = q/Ce chegamos a:


Dados:
1 1 1 1 C1 =3pF = 3. 10-12F; C2=6pF = 6. 10-12F;
(9.7) VAB = 1000V; Ce =?; q = ; VAC =? VCB =?
Ce C1 C2 C3
E finalmente:
Solução:
1 C1 . C2 3 pFx6 pF
Ce (9.8) Ce 2 pF
1 1 1
C1 C2 3 pF 6 pF
C1 C2 C3
q = VAB.Ce = l000V. 2x10-12F=2nC
Quando temos apenas dois capacitores q 2.10 9 C
VAC 667 V
pode ser usada a relação a seguir. C1 3.10 12 F
C1x C 2 q 2.10 9 C
Ce (9.9) VCB 333V
C1 C 2 C2 6.10 12 F
Quando são vários capacitores iguais
pode ser usada a relação abaixo.
Capacitores IX - 11
________________________________________________________________________________________________

b) Circuito Paralelo Se for n capacitores iguais tem-se:

Esta associação caracteriza-se pelo fato Ct = n. C1 (9.12)


da tensão entre as armaduras de cada capacitor
associado ser a mesma e esta ddp também é Quando tivermos um capacitor e ele não
igual a ddp aplicada aos terminais da associação. possuir capacitância suficiente, recorre-se ao
A figura 9.15 mostra uma associação em circuito paralelo, pois o mesmo nos permite
paralelo de três capacitores. aumentar a capacitância.
C1 Exemplo resolvido 9.7:
+ -
q1 Dois capacitores de capacitância Cl = 200
+ -
C2 pF e C2 = 600 pF são associados em paralelo e
q2+
- carregados através de uma ddp de 120V.
+ - C3
Determinar:
+ -
q3 + - a) A capacitância total da associação.
b) A carga que adquire cada um deles.
c) A carga total da associação.
C1
Fig.9.15 – Circuito de capacitores em paralelo

Observe que, ao fazermos a ligação


indicada na figura, todas as armaduras da
esquerda estarão ligadas ao terminal positivo da C2
pilha e todas as da direita ligadas ao negativo.
Assim, a ddp entre as placas de cada
Vab
capacitor é igual à ddp da fonte e,
consequentemente, cada capacitor armazenará
Dados: VAB = 120 V; C1 = 200 pF = 200x10-12 F
uma carga cujo valor irá depender de sua
C2 = 600pF = 600x10-12 F;
capacitância.
Ce =? q1 = q2 = qt =
Sejam q1, q2 e q3 as cargas armazenadas
pelos capacitores com capacitâncias Solução:
respectivamente iguais a C1, C2 e C3.
Podemos escrever que: C e = C1 + C2 Ce = 200pF + 600pF
q1 = VAB. C1; q2 = VAB. C2; q3 = VAB. C3;
Ce = 800pF
Sabe-se que: qt = q1 +q2 +q3
q 1 = V . C1 q1 = 120V. 200x10-12F
De onde obtemos:
qt =VAB.C1 +VAB. C2+VAB. C3 = q1 = 24nC
qt = VAB. (C1 +C2 +C3)
q2 = V . C 2 q2 = 120V. 600x10-12F
Observando que: qt =VAB. Ce,
q2 = 72nC
Chegamos finalmente a:
qt = q1 + q2 qt = 24nC+72 nC =
Ce = C1 +C2 +C3 (9.11)
qt = 96nC
IX - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

9.7 – TIPOS E TECNOLOGIAS DE de rádio, sendo que sua capacitância máxima é


CAPACITORES (Opcional) da ordem de 500 pF.
Os capacitores podem ser classificados,
quanto ao funcionamento, em três categorias:
capacitores fixos, ajustáveis e variáveis.
Os capacitores fixos apresentam uma
capacitância de valor bem determinado. Nos
ajustáveis, a capacitância possui um valor que
pode ser regulado uma vez, mas que permanece Fig.9.17 – Capacitores ajustáveis
constante durante o funcionamento normal do
Os capacitores ajustáveis, geralmente de
circuito no qual é empregado. Nos capacitores
mica, são aqueles em que se pode variar a
variáveis, ao contrário, a capacitância pode ser
capacitância através de um parafuso que
variada entre um valor mínimo e um valor
controla a distância entre as armaduras.
máximo. Os capacitores podem também ser
Geralmente são internos ao equipamento, de
classificados quanto ao seu dielétrico.
forma que o valor ajustado permanece por
longos períodos. As capacitâncias são da ordem
a) Capacitor variável e ajustável de picofarads e os tipos mais comuns são o
O capacitor variável que possui o ar como padder e o trimmer (Figura 9.17).
dielétrico é constituído de dois conjuntos de
placas planas, semicirculares e paralelas, sendo b) Capacitor de papel
um dos conjuntos fixo e o outro móvel. O capacitor fixo de papel é um
Os capacitores de cada conjunto estão componente de largo emprego, pois pode cobrir
ligados entre si por um condutor, formando uma uma grande escala de valores de capacitância.
associação de capacitores em paralelo. Quando Ele é constituído de duas finas fitas de alumínio
giramos o eixo, as placas móveis se deslocam ao (armaduras) enroladas e isoladas entre si por
longo do espaço entre as fixas, variando a área uma folha de papel muito fina (dielétrico)
(S) frontal entre cada par de armaduras, mas impregnada de substâncias especiais. Essas
mantendo a distância (d) entre elas. substâncias, como por exemplo, o óleo ou a
parafina, são utilizados para melhorar as
características dielétricas.

Papel parafinado
(dielétrico)

Fig.9.16 – Capacitores variáveis

Como a capacitância é diretamente Alumínio


(armadura)
proporcional à área frontal, conclui-se que a
capacitância também sofrerá variação. Se as Fig.9.18 – Capacitores de papel impregnado
armaduras móveis estiverem totalmente entre as
armaduras fixas, a área de indução mútua será Para o capacitor possuir capacitância
máxima e o capacitor terá o seu maior valor de elevada com pequeno volume, as fitas devem ser
capacitância; na posição inversa, a capacitância bastante longas (vários metros) de modo a
será praticamente nula. existir uma área frontal considerável. O papel
Tal variação permite que esse capacitor parafinado possui uma tensão de perfuração
seja utilizado no circuito de sintonia de estações variável de 1200V a 1800V para uma espessura
de 0,24 mm. Quando as tensões de
Capacitores IX - 13
________________________________________________________________________________________________

funcionamento são elevadas, aumenta-se o fabricados para baixas capacitâncias (até poucas
número de folhas isolantes interpostas entre as unidades de F).
armaduras. É importante, ainda, que não exista
A variação da capacitância com a
umidade no papel para não comprometer o
temperatura é grande, sendo que o coeficiente
isolamento.
de temperatura pode ser positivo ou negativo.
O capacitor de papel metalizado possui
como dielétrico um papel isolante, no qual é Na Figura 9.20, temos, à esquerda, um
feita, em apenas uma das faces, a vaporização do capacitor cerâmico de disco de 100.000pF
alumínio, evitando a formação de bolhas de ar (algarismos um e zero par 10; algarismo 4
entre o papel e a armadura. acrescentar quatro zeros) e, à direita, um
capacitor Plate (leia-se pleiti) de 0,18nF. É
Apresentam a vantagem de possuir projetado para baixas tensões de trabalho
pequenas dimensões e a ter possibilidade de (inferior a 50V) e particularmente utilizado em
autorregeneração (se o papel for perfurado, o microcircuitos.
alumínio depositado se aquece, criando óxido de
alumínio que volta a isolar, evitando o C = 0n18 F
n18
prosseguimento do curto-circuito). A tensão de 104K C= 0,18 nF
prova (máxima tensão em que ocorre curto-
circuito com autorregeneração) é de 1,5 vezes a C=10x104 pF 10%
tensão nominal e não deve ser aplicada por mais C=100.000pF 10%
de 1 minuto de cada vez. A tensão de centelha
(máxima tensão aplicada instantaneamente sem Fig.9.20 – Capacitores de disco e plate
destruir o capacitor) é de 1,75 vezes a tensão
nominal e não deve ser aplicada durante mais do
que alguns poucos segundos.
d) Capacitor de filme plástico
Seu formato é cilíndrico, onde fitas de
Nos capacitores com dielétrico de
papel isolante aluminizado são enroladas. Sua
plástico, o isolante é constituído por um fino
faixa de capacitância é entre 50.000 pF a 15 F e filme de material polímero sintético. Podem ser
sua faixa de tensão de trabalho é de até 5 kV. fabricados com o filme plástico não metalizado
(lâminas de alumínio isoladas por tiras de
plástico) ou metalizado.
c) Capacitores cerâmicos
Os capacitores cerâmicos utilizam algum
tipo de material cerâmico como dielétrico. As
armaduras podem ser placas metálicas ou uma
tinta condutora que é aplicada na cerâmica. O
conjunto recebe um revestimento isolante.

Fig.9.21 – Capacitores de filme plástico

Fig.9.19 – Capacitores cerâmicos Os capacitores metalizados são


constituídos por um filme plástico em cuja
São capacitores apolares, isto é, podem
superfície é depositada, por um processo de
trabalhar tanto em tensões contínuas como em
vaporização, uma finíssima camada de alumínio.
alternadas. As tensões nominais podem atingir
Eles têm a grande vantagem de serem
altos valores (poucas unidades de kV). Devido à
autorregenerativos e possuírem maior
permissividade relativamente baixa, são
capacitância em relação aos não-metalizados de
IX - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

mesmas dimensões. Eles são apolares e possuem Os capacitores de poliéster metalizado


baixíssima corrente de fuga, alta estabilidade da são construídos com dielétrico de poliéster. Em
capacitância e baixa sensibilidade à umidade. sua execução são utilizadas finíssimas fitas de
São fabricados com capacitâncias na faixa de poliéster sob as quais é depositada, sob vácuo,
1nF a 8 F com tensões nominais que podem uma camada metálica de 0,2 a 0,05 m de
chegar a 1600V. espessura. Construindo-os neste sistema obtém-
se a propriedade de autorregeneração.
Esses materiais possuem propriedades
dielétricas superiores às do papel, altamente
No caso de uma sobretensão perfurar o
homogêneas (sem as indesejáveis bolhas de ar),
dielétrico, a camada de alumínio existente ao
com uma tensão de ruptura de 200kV/mm.
redor de um furo interno é submetida a uma
Os principais capacitores de filme elevada temperatura, transformando-se em óxido
plástico são os de poliéster, de polipropileno, de de alumínio (material isolante), desfazendo,
poliestireno (styroflex) e de polistirol. então, o curto circuito. O tempo necessário para
São aplicados em qualquer circuito a autorregeneração é inferior a 10 s. A variação
elétrico e eletrônico, em especial em circuitos de da capacitância é menor do que 1 % após 1000
atraso, acoplamento entre estágios de baixa fenômenos ocorridos.
frequência, timmers, by-pass de baixa Os capacitores de poliéster metalizado
frequência e filtros RC para frequências até são identificados por cinco faixas coloridas, que
1MHz. São capacitores de tamanho reduzido. identificam não somente o valor da capacitância
do capacitor, mas também a tensão de trabalho e
a tolerância.
Na Figura 9.22, o valor da capacitância é
obtido em picofarads (pF).
e) Capacitores de poliéster metalizado

Código de cores Código Numérico

pF C X múltiplo

tensão X T %

Cores 1º dígito 2º dígito Múltiplo Tolerância Tensão No (x) Múltiplo Tensão


Preto 0 20 % 0
Marrom 1 1 x10 pF 1 x10 pF 100 V
Vermelho 2 2 x102 pF 250 V 2 x102 pF 25 V
Laranja 3 3 x103 pF 3 x103 pF
Amarelo 4 4 x104 pF 400 V 4 x104 pF
Verde 5 5 x105 pF 100 V 5 x105 pF 50 V
Azul 6 6 630 V 6 x106 pF
Violeta 7 7 7 x107 pF
Cinza 8 8 x10-2 pF 8 x10-2pF
Branco 9 9 x10-1 pF 10 % 9 x10-1pF

Fig. 9.22 – Capacitores de poliéster


Capacitores IX - 15
________________________________________________________________________________________________

f) Capacitores eletrolíticos O capacitor eletrolítico de alumínio só


funciona se polarizado corretamente (polo
Os capacitores eletrolíticos podem
positivo no anodo e polo negativo no catodo).
possuir o dielétrico de óxido de alumínio
(polarizado ou apolar) ou óxido de tântalo Os capacitores de papel e de filmes
(polarizado). Tanto o óxido de alumínio como o plásticos são do tipo apolar, ou seja, funcionam
de tântalo são, obviamente, materiais isolantes. tanto em C.C. como em C.A.
Se a polaridade de um capacitor
eletrolítico for invertida, violenta reação
f.1 - Capacitores eletrolíticos de óxido de
eletrolítica provoca o depósito de uma camada
alumínio
de óxido sobre a folha de alumínio (não oxidada
Capacitores fixos que possuem uma – catodo), desfazendo-se o óxido da folha de
particularidade que os diferencia dos outros alumínio oxidada (anodo).
tipos: eles são polarizados e ligados apenas onde
Isso significa uma corrente de grande
as tensões são contínuas. Sobre os terminais
intensidade e libera uma elevada quantidade de
desses capacitores estão sempre indicadas as
calor, o que levará o capacitor à destruição.
polaridades.
Antigamente, havia a possibilidade até de
explosão, mas atualmente, com o controle de
qualidade e a aplicação de normas de fabricação,
Símbolo apenas ocorre um inchamento do invólucro.
Fig.9.23 – Capacitores eletrolíticos polarizados Os capacitores eletrolíticos ainda
apresentam a característica de que sua
Quando se aplica uma tensão contínua capacitância depende da tensão aplicada nas
entre as placas de alumínio desse capacitor, armaduras. A polarização correta é que aumenta
forma-se, após certo tempo, uma oxidação a oxidação no anodo. A capacitância nominal só
superficial de chapa positiva, oxidação que será estabelecida se houver aplicação de, no
constitui o dielétrico do capacitor e impede a mínimo, uma tensão de, aproximadamente, 2/3
passagem da corrente, de modo que as placas da tensão nominal do capacitor.
permanecem isoladas. Os capacitores eletrolíticos de alumínio
A capacitância desse tipo de capacitor é são fabricados para tensões de até,
grande, porque o dielétrico é muito fino aproximadamente, 700V e o maior valor de
(capacitância inversamente proporcional à capacitância é da ordem de poucos Farads.
distância), sendo constituído de pequenas Nos capacitores eletrolíticos de alumínio
películas de óxido. Com os capacitores apolares, as duas armaduras são oxidadas, de
eletrolíticos consegue-se obter elevados valores forma que eles suportam correntes alternadas
de capacitâncias com pequenos volumes. por alguns segundos. São bastante utilizados
Teoricamente, um capacitor deveria para auxiliar na partida de motores de indução
apresentar uma oposição infinita à corrente monofásicos.
contínua, mas, já que não existe um dielétrico
perfeitamente isolante, a resistência à corrente f.2 - Capacitores eletrolíticos de óxido de
contínua é finita, ou seja, possui um valor alto, tântalo
porém não desprezível. Um bom capacitor São mais caros que os de óxido de
eletrolítico possui uma resistência à corrente alumínio e têm grande estabilidade de
contínua levemente superior a 1 M , muito capacitância com o tempo e com a temperatura.
baixa, portanto, em comparação com a mínima O anodo nesse tipo de capacitor é uma
de 200 M de um bom capacitor de papel. peça porosa de tântalo, coberta por uma fina
camada de óxido do manganês, carbono e ferro,
que forma o catodo.
IX - 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

9.5- Ao adquirir-se um resistor no comércio,


deve-se fornecer ao balconista os valores
nominais do resistor, ou seja, o valor de sua
resistência e da potência máxima que ele
pode dissipar. Se em vez de um resistor, o
Fig.9.24 – Capacitores de óxido de tântalo componente solicitado fosse um capacitor,
quais os valores que deveriam ser
fornecidos?
Enquanto que os eletrolíticos de alumínio
podem trabalhar em tensões de até 700V, os de
óxido de tântalo suportam apenas 125V. O valor
máximo de capacitância é na ordem de 100 F. 9.6- No circuito ao lado,
São usados em circuitos digitais e supondo que existe
timmers. uma fonte de C.C. C
Sua construção é de tântalo sólido (não conectada entre os
vazam). A temperatura de operação está na faixa L
pontos A e B, pode-se
de –55ºC a + 85°C. afirmar que L está
Devido ao fato da constante dielétrica ser apagada. Se a fonte
de valor 11, enquanto que o de óxido de A B
fosse de C.A. o
alumínio ser de valor 7, os primeiros apresentam capacitor estaria permanentemente
menor volume para a mesma capacitância e carregando-se e descarregando-se e,
mesma tensão. consequentemente existirá sempre corrente
na lâmpada, de modo que a mesma
permaneceria acesa. Complete as frases
abaixo com as palavras aberto ou fechado.
Questões e problemas Então, um capacitor comporta-se como
circuito ___________ para correntes
contínuas e como circuito ___________
9.1- Qual é a constituição de um capacitor e qual para correntes alternadas.
o conceito de capacitância?
9.7- Cite três grandezas que influenciam no
valor da capacitância de um capacitor e diga
9.2- Dobrando-se o valor da tensão sobre um se a influência é na razão direta ou na razão
capacitor, dizer o que ocorre com a sua inversa.
capacitância e a carga nas placas.
9.8- Um determinado capacitor variável possui
uma capacitância de 1 pF quando a área
9.3- Classifique os capacitores quanto a sua frontal das armaduras é S e a distância entre
forma e seu dielétrico. elas é d. Qual será o valor da capacitância se
alterarmos apenas a:
a) Distância para d/3?
b) Área para 2S?
9.4- Faça as conversões solicitadas a seguir.
a) 1mF=__________F
b) 0,00022F=__________ F
c) 68nF=__________ F
d) 22nF=__________pF
e) 0,82 F=__________nF
f) 1200pF=__________nF
Capacitores IX - 17
________________________________________________________________________________________________

9.9- Coloque, dentro dos parênteses, verdadeiro e) Dois cabos cilíndricos concêntricos,
(V) ou falso (F). isolados entre si.
a) ( ) A capacitância de um capacitor 9.13- Um determinado capacitor quando
independe da tensão aplicada sobre ele. submetido a uma tensão de 80 V adquire
b) ( ) Toda a energia elétrica fornecida a um
uma carga de 400 C. Determine o valor de
capacitor dissipa-se da mesma forma
sua capacitância.
que num resistor.
c) ( ) Antes de você agarrar os terminais de
um capacitor é conveniente que eles
sejam curto-circuitados. 9.14- Se o capacitor do exercício anterior fosse
d) ( ) Todo meio isolante jamais se submetido ao dobro de tensão, qual seria o
comportará como elemento condutor, novo valor da carga armazenada e da
mesmo que seja ultrapassada sua capacitância do capacitor?
rigidez dielétrica.

9.10- Assinale a afirmativa errada.


a) Dielétricos são elementos que possuem 9.15- Um capacitor plano tem capacitância 2 F
carência de elétrons livres. quando reina vácuo entre suas armaduras.
b) Condutores são elementos que possuem Introduzindo-se dióxido de titânio (K=100)
abundância de elétrons livres. entre as armaduras do capacitor, qual passa
c) Todo dielétrico é constituído de moléculas a ser o valor de sua capacitância?
permanentemente polarizadas.
d) A polarização do dielétrico consiste no 9.16- As placas paralelas de um capacitor imerso
alinhamento de suas moléculas polarizadas. no ar estão separadas pala distância de
e) O campo elétrico resultante entre as placas 1mm. Qual deve ser a área das mesmas para
de um capacitor depende da existência ou que sua capacitância seja igual a 1F?
não um dielétrico.

9.11- Um capacitor plano, carregado, tendo ar


9.17- Um capacitor plano de placas paralelas
como dielétrico, está desligado de qualquer
possui área S=20cm2 e a distância entre as
gerador. Introduzindo-se entre suas
placas vale d=1,5mm. O capacitor é ligado a
armaduras um isolante cuja constante é K,
uma bateria, cuja tensão é igual a 12V, e
dizer o que irá ocorrer com:
entre as placas do capacitor existe ar seco.
a) A capacitância do capacitor.
Determine:
b) A carga do capacitor.
a) A capacitância do capacitor.
c) A ddp entre as armaduras.
b) A quantidade de carga elétrica
d) O campo elétrico resultante entre as
armazenada no capacitor.
placas.
c) A capacitância e a carga, admitindo-se
9.12- Entre os casos citados abaixo, diga quais que foi introduzido papel parafinado
podem ser considerados como se fossem um como dielétrico (K=2,3).
capacitor.
9.18- Determinar a capacitância de um capacitor
a) Dois fios paralelos, isolados um do outro.
de placas paralelas se as dimensões de cada
b) Um fio condutor e um plano, isolados um
placa são 1cmx0,5cm, e se a distância entre
do outro.
as placas é de 0,1mm, tendo o ar como
c) Um fio condutor ligado a um
dielétrico. Calcular também a capacitância
plano(terra).
se o dielétrico for mica (k=5) ao invés do ar.
d) Uma nuvem e a terra.
IX - 18 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

9.19- Um capacitor de 10 F, com ar entre as mesmo capacitor é ligado a três pilhas de


placas, é ligado a uma fonte de 50V e 1,5V, numa associação em série, e o mesmo
depois desligado. aparelho mede um aumento de 10 C de
a) Qual é a carga no capacitor? carga acumulada. Determine o valor da
b) A região entre as placas é preenchida capacitância do capacitor.
com um isolante de constante dielétrica
igual a 2,1. Qual é a carga no capacitor, a
ddp entre suas armaduras e sua 9.24- Cite uma vantagem de um agrupamento
capacitância? série de capacitores e outra de um
agrupamento paralelo.
9.20- Num capacitor plano de capacitância
C=4 F, a distância entre as armaduras é
d=1,5mm e o campo elétrico entre elas vale 9.25- Assinale a afirmativa errada.
E = 2x105V/m. Determine os valores da ddp a) Quanto mais capacitores forem
e da carga no capacitor. associados em série, menor será a
capacitância total do circuito.
b) Quanto mais capacitores forem
associados em paralelo, maior será a
9.21- Uma nuvem eletrizada está situada a 200m capacitância total do circuito.
de altura, paralelamente à superfície da c) A carga armazenada nos capacitores em
terra, formando com essa superfície um série é a mesma.
capacitor plano de 0,5 F. Quando o campo d) A tensão existente sobre capacitores em
elétrico entre a nuvem e a terra atinge o paralelo é a mesma.
valor 3x106V/m (valor da rigidez dielétrica e) Num circuito misto de capacitores,
do ar), observa-se a ocorrência de um obtém-se a capacitância total através da
relâmpago. Calcule a quantidade de carga soma das capacitâncias parciais.
elétrica que se encontrava acumulada na
nuvem naquele instante.
9.26- Um circuito já está formado por um
9.22- Um capacitor plano com ar entre as placas capacitor, condutores e uma fonte. Abrindo
possui uma capacitância Co =2,5 F. Quando o circuito e, imediatamente, ligando-se um
a carga nas placas é q=4x10-4C, existe uma segundo capacitor descarregado em série,
ddp Vo=160V e um campo elétrico Eo = 40 podemos afirmar que a carga armazenada
kV/m. Supondo que o capacitor não esteja pelo primeiro capacitor irá:
ligado a nenhuma bateria e introduzindo-se ( ) Aumentar;
entre as armaduras um dielétrico de ( ) Diminuir;
constante dielétrica K=5, determinar os ( ) Permanecer a mesma.
novos valores: Faça um X na resposta certa e justifique-a.
a) Da capacitância do capacitor;
b) Da carga em suas armaduras;
c) Da tensão entre as placas; 9.27- Nos circuitos abaixo existe uma tensão
d) Do campo elétrico no interior do constante entre os pontos A e B. Sabendo-se
capacitor. que C1 > C2, determinar qual é o circuito
que armazena maior quantidade de carga
9.23- Um capacitor de placas planas e paralelas elétrica.
é ligado a uma pilha de 1,5V. Um aparelho
capaz de medir a carga elétrica acumulada
nessas placas fornece um valor Q. Depois o
Capacitores IX - 19
________________________________________________________________________________________________

9.30- Os capacitores da figura diferem apenas


a) C1 b) C2 quanto ao dielétrico (C1:possui dielétrico;
A B A B C2:possui vácuo).

C1 C2
C1
c) C1 C2 d)

A B A B
C2
Compare:
a) Suas capacitâncias.
9.28- Um capacitor A real (r 0) carregado é
b) As tensões entre seus terminais.
ligado em paralelo a um capacitor real B
c) Suas cargas.
descarregado. Sobre a associação resultante,
é verdadeira a afirmação: 9.31- Um ohmímetro contém no seu interior,
a) Depois de associados, os capacitores têm basicamente, uma pilha em série com um
cargas iguais. miliamperímetro, cujo circuito fechar-se-á
b) A energia da associação é igual à energia através de ligações externas. Ao testar-se
inicial de A. um capacitor, obtiveram-se os seguintes
c) A capacitância total é menor do que a resultados abaixo. Diga o estado do
soma das capacitâncias de A e B. capacitor quando:
d) A energia da associação é menor que a a) O ponteiro se deflexiona e retorna
energia inicial de A. lentamente ao início da escala.
e) Depois de associados, o capacitor de b) O ponteiro vai ao fundo da escala e assim
menor capacitância terá maior carga. permanece.
c) O ponteiro não se mexe.
9.29- No circuito abaixo existem três capacitores
iguais e duas chaves fechadas. 9.32- Verifica-se que um capacitor adquire uma
Ch1 carga de 3 C quando é ligado a certa
bateria. Suponha que dois capacitores,
A B idênticos a ele, sejam ligados a essa mesma
bateria. Dizer qual será a carga armazenada
na associação desses dois capacitores nos
Ch2 seguintes casos:
a) Eles foram associados em paralelo.
b) Eles foram associados em série.
Para reduzir ao mínimo a capacitância do
trecho AB, devemos:
9.33- Dois capacitores idênticos, com ar entre as
a) Conservar ch1 e ch2 como estão.
armaduras, estão ligados em paralelo,
b) Conservar fechada chl e abrir ch2.
apresentando uma capacitância total Co. Se
c) Abrir ch1 e conservar fechada ch2.
esses capacitores forem ligados em série e
d) Abrir ch1 e ch2.
mergulhados em um líquido isolante, de
e) Nenhuma das operações mencionadas
constante dielétrica K=4, qual será a
satisfaz.
capacitância final da associação?
IX - 20 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

9.34- Determine, nos circuitos abaixo, o valor da 9.38- Três capacitores de capacitâncias C1 =
capacitância total. 2 F, C2 = 3 F e C3 = 5 F estão associados
em paralelo. Sabendo-se que o primeiro
F capacitor armazena uma carga de 100 C,
a) 4 F
determine a ddp do circuito, a capacitância
F total e a carga armazenada nos outros
capacitores.
F

9.39- Três capacitores, C1=1 F, C2=1,5 F,


b)
C3=3 F foram fabricados para suportar uma
F ddp de até 200V sem “dar fuga”, isto é, sem
F que o dielétrico se torne condutor,
F F permitindo que o capacitor se descarregue
F através dele. Eles foram associados e essa
associação foi ligada a uma bateria de
c) 300V. Dizer quais os capacitores que “darão
F 4 F 4 F fuga” supondo que eles tenham sido
associados:
3 F 6 F 2 F a) Em paralelo; b) Em série.

4 F 12 F
d) Respostas selecionadas
9.2- Fica constante; dobra.
6 F 6 F 6 F 9.4- a) 0,001 F; b) 220 F; c) 0,068 F;
d) 22000pF; e) 820 nF; f) 1,2 nF.
3 F 9.5- Capacitância, tensão; tolerância e tipo.
9.6- aberto; fechado. 9.7 - , S (dir) e d (inv)
9.8- a) 3pF; b) 2pF. 9.9- V,F,V,F
9.35- Dois capacitores com capacitância C1=32 9.10- c) 9.11- aumenta; const.; diminui; diminui.
F e C2 de valor desconhecido são 9.12- a,b,d,e.
associados em série e ligados a uma fonte 9.13 - C = 5 F 9.14 - q =800 C; C=5 F
de 15 V. Sabendo-se que o segundo 9.15 - C = 200 F 9.16 - S =113 km2
capacitor armazena uma carga de 160 C, 9.17 - a) C = 11,8 pF; b) q = 141,6 pC;
determine o valor de C2 e da queda de c) C = 27,14pF; q =325,48pC
tensão sobre cada capacitor. 9.18- C = 4,425pF; C = 22pF
9.19- a) q = 500 C;
9.36- Três capacitores de capacitância C1= 6 F b) q = 500 C; V = 23,81V; C = 21 F
C2 = 3 F e C3 = 2 F são associados em 9.20 – V = 300V; q = 1,2mC 9.21 - q=300C
série. Sabendo-se que a ddp sobre o 9.22- C=12,5 F; q=4x10-4C; V=32V; E=8kV/m
primeiro capacitor é 2 V, determine a ddp 9.23 – C =10/3 F; 9.28 (d) 9.33 Ce= C0
sobre os outros capacitores e a capacitância 9.34- a) 4 F; b)5 F; c) 1,2 F; d) 8 F
total do circuito. 9.35- C2=16 F; V1=5V; V2=10V
9.36- a) V2=4V; b) V3=6V; c)Ct=1 F
9.37- Dois capacitores com capacitância C1 =0,3 9.37- q1 = 75 C; q2 = 125 C
F e C2 =0,5 F são associados em paralelo 9.38- a) V = 50V; b) Ct =10 F;
e posteriormente a associação recebe uma c) q2 = 150 C; q3 = 250 C.
carga total de 200 C. Determine a carga 9.39- a) Paralelo: Todos; b) Série: Nenhum
armazenada em cada capacitor.
Capítulo X – CAMPO MAGNÉTICO DA CORRENTE ELÉTRICA

Hans Christian Oersted (1777 - 1851)


Físico e químico dinamarquês nascido em Rudkjobing,
Langeland, que constatou que uma corrente elétrica produz a
distância um campo magnético (1819) iniciando o estudo do
eletromagnetismo. Formou-se em farmácia, doutorou-se em
filosofia (1799) e, após ter realizado uma longa viagem de estudo
pela Europa, foi nomeado (1804) professor de física da
Universidade de Copenhagen. Seus trabalhos incidiram
principalmente sobre problemas de eletromagnetismo, tendo
descoberto (1820) o efeito que tem o seu nome.
Pesquisou com competência a compressibilidade de gases e líquidos, e foi o primeiro a
decompor a alumina e mediu a compressibilidade dos sólidos (1822). Inventou o piezômetro,
aparelho que media a compressibilidade de líquidos à alta pressão, e construiu com Fourier a pilha
termelétrica. Oersted: unidade de medida de intensidade de campo magnético, criada no sistema
c.g.s. eletromagnético (1932), igual ao quociente de 1.000 por 4  ampère-espira por metro, ou a um
gilbert por centímetro. Foi nomeado diretor da Escola Politécnica de Copenhagen (1829), criada
por sugestão sua, e foi escolhido pela Academia de Ciências de Copenhagen para ser seu secretário
perpétuo. Foi eleito (1842) sócio estrangeiro da Academia de Ciências da França e fundou uma
associação para popularizar o saber científico que passou a premiar (1908) os físicos
dinamarqueses que mais se destacam. Oersted, professor e conferencista brilhante, despertou
grande interesse popular com seus artigos. Faleceu em Copenhagen.
[http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/HansChr2.html]

Este é o ímã natural que, no princípio,


10.1 – HISTÓRICO DO MAGNETISMO era apenas um objeto de curiosidade, deu origem
a esse importante ramo da Física: o
As primeiras manifestações do eletromagnetismo.
magnetismo foram observadas na Grécia Antiga, O funcionamento das máquinas elétricas,
na região chamada Magnésia (lugar das pedras transformadores e outros aparelhos, está baseado
mágicas), antes do nascimento de Cristo. Foram totalmente no conhecimento das leis do
encontradas pedras especiais que atraíam eletromagnetismo. Daí surge a grande
pedaços de ferro e se atraiam e repeliam importância deste assunto.
mutuamente. Tal pedra foi chamada de
magnetita e hoje se sabe que é uma espécie de
óxido de ferro (Fe3O4)1. 10.2 - ÍMÃS NATURAIS E ARTIFICIAIS

O único ímã natural é a magnetita. Foi


usada na construção de bússolas, porém hoje sua
utilidade é apenas histórica. Os ímãs usados
para qualquer utilidade prática são artificiais.
Eles são baseados na magnetização de
corpos através da corrente elétrica.
Dentro do grupo existem os ímãs
Fig.10.1 – Pedaço de magnetita permanentes e os ímãs temporários.
Os ímãs temporários (eletroímãs) só
produzem efeitos magnéticos enquanto for
mantido o campo indutor que os magnetiza, ou
1
http://www.jornallivre.com.br
X- 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

seja, enquanto houver corrente elétrica na 10.4 - MAGNETISMO TERRESTRE


bobina magnetizadora.
Os ímãs permanentes retêm sua Desde remotos tempos, navegadores se
magnetização por tempo praticamente orientavam pelo uso da bússola que é uma
ilimitado depois de cessado o campo agulha imantada suspensa pelo centro de
magnetizante que os imantou. Os materiais gravidade com o mínimo de atrito. Uma das
usados na fabricação dos mesmos são pontas sempre apontava para o polo norte
basicamente: aço, ferrite, alnico, neodímio- geográfico da Terra e por isso convencionou-
ferro-boro e samário-cobalto. se chamar aquela ponta da bússola de polo norte
e a outra de polo sul.
Daí surgiram as denominações norte e
10.3 - POLOS DE UM ÍMÃ. FORÇAS DE sul para os polos magnéticos.
ATRAÇÃO E REPULSÃO Com o avanço do conhecimento
percebeu-se, então, que o polo norte geográfico
Nota-se que os pedacinhos de ferro da Terra se comportava como um poderoso polo
são atraídos para determinadas regiões do ímã Sul magnético e o polo sul geográfico como
como se ali estivessem concentradas todas as um polo Norte magnético.
propriedades dos mesmos. Por esse motivo
tais regiões são chamadas de polos do ímã. Sul magnético
(nordeste do Canadá)
Norte geográfico

Cada uma dessas regiões possui


propriedades diferentes (inversas) da outra.
Equador magnético
Verifica-se que, ao serem aproximadas regiões
Equador geográfico
diferentes, há atração entre as mesmas e se as
regiões forem de mesma natureza há repulsão,
como mostrado na figura 10.2. Daí surge uma
das primeiras leis do magnetismo: Norte magnético
(costa do continente geográfico)
Sul geográfico

Polos magnéticos iguais se repelem e polos


contrários se atraem. Fig.10.3 – Campo magnético da Terra

A posição real dos polos magnéticos não


coincide perfeitamente com os polos geográficos
e muda de posição ao longo do ano. Existe muita
teoria sobre a origem do campo da Terra
F F disponível na Internet.

10.5 - REPRESENTAÇÃO DO CAMPO


F F MAGNÉTICO

O campo magnético é a região do espaço


F F onde se observam os efeitos magnéticos, isto é, a
atração e repulsão de ímãs e pedaços de ferro.
O campo magnético é invisível assim
como também são o campo gravitacional e o
F F
campo elétrico.
Fig. 10.2 - Interação entre os polos de ímãs
Para facilidade de estudo adotou-se o
conceito de linhas de indução ou linhas de
força magnéticas. Tais linhas são coincidentes
com as linhas formadas pela orientação das
Campo magnético da corrente elétrica X - 3
________________________________________________________________________________________________

limalhas de ferro quando espargidas sobre uma


folha de papel dentro de um campo magnético.
Conforme a distribuição do campo
magnético no espaço obtém-se um espectro
magnético característico. Foi convencionado
que o sentido das linhas de indução é tal que
elas saem do polo Norte e dirigem-se para o
polo Sul por fora do ímã. Bússolas colocadas
dentro do campo magnético apontam no sentido
das linhas de força.

Fig. 10.5 - Fracionamento de um ímã

10.6.2 - Teoria de Weber-Ewing

S N A constatação da inseparabilidade dos


polos de um ímã levou esses cientistas a
concluírem que um material magnetizável é
composto por ímãs elementares ou ímãs
moleculares.
Cada átomo contém elétrons circulando
em órbitas elípticas em torno do núcleo. A
N circulação dos elétrons nada mais é do que
microcorrentes elétricas. É sabido que os
fenômenos magnéticos são originados das
correntes elétricas. O fato de que este
S movimento de elétrons produz efeitos
magnéticos não implica em que todos os
Fig. 10.4 - Espectros magnéticos típicos de um ímã em materiais tenham propriedades magnéticas, pois
barra e um ímã em ferradura o efeito causado por um elétron girando na sua
órbita é totalmente cancelado pelos outros
10.6- TEORIA MOLECULAR DO elétrons devido as suas órbitas serem mais ou
MAGNETISMO menos aleatórias .
Os materiais magnéticos têm átomos
10.6.1 - Inseparabilidade dos polos de um ímã cujas órbitas dos elétrons são mais ou menos
coincidentes e produzem efeitos magnéticos
Se, por exemplo, um ímã em forma de não-nulos. Ferro, níquel e cobalto e suas ligas
barra for quebrado em dois, jamais será apresentam essas características.
conseguido separar um ímã com um polo sul e o Grupos desses átomos formam pequenos
outro com o polo norte; sempre se formarão dois domínios (regiões) que são os chamados ímãs
polos nos novos ímãs. elementares.
Os polos de um ímã são inseparáveis
porque as linhas de indução são fechadas. Enunciado da teoria de Weber-Ewing:
Portanto, para cada pedaço, o ponto de saída
das linhas de força será norte e o ponto de Os materiais magnéticos são compostos
entrada será sul (Figura 10.5). por ímãs ou domínios elementares. Quando o
material está desmagnetizado esses ímãs estão
orientados ao acaso e o seu efeito magnético
X- 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

externo é nulo. Submetendo-se esse material a de 10 a 100 micra que corresponde à dimensão
um campo magnético indutor externo há um dos domínios magnéticos.
processo de orientação dos ímãs elementares.
Assim, o material passa a apresentar seu próprio
campo magnético (campo induzido) e reforça o
campo naquela região [Schmidt, Materiais
Elétricos, v.2, p.139].

N N S S N N S
Fig.10.8 - Figuras de Akulov
S S N N S N S
S
N S S N S N
N 10.7 - PROCESSOS DE MAGNETIZAÇÃO E
DESMAGNETIZAÇÃO
N S N N
N S S Para magnetizar um material
S
N N
N S
S N S S magnetizável é suficiente submetê-lo a um
S
N
S N S N S campo magnético externo suficientemente
N
forte, geralmente criado à base de corrente
Fig.10.6 - Material magnético: a) desmagnetizado; elétrica ou por um ímã pré-existente. Quando
b) magnetizado o campo magnético indutor for muito forte ele é
capaz de orientar todos os domínios magnéticos
Quando é aproximado um pedaço de (ímãs elementares). Quando isso acontece não
ferro de um ímã, seus ímãs elementares se há mais possibilidade do campo induzido crescer
orientam e o pedaço de ferro se transforma num mais por mais que o campo magnetizante seja
ímã temporário com polaridades tais que aumentado.
sempre há atração. Se for aproximado outro Nessa situação diz-se que o material está
pedaço de ferro desse primeiro, este último saturado.
também será imantado de forma a haver atração. S N S S S
N N N

N S N S N S N S
N N S
S N S N S N S N S
N S
N S N S N S N S
N
Fig.10.9 - Material totalmente magnetizado (saturado)
Fig. 10.7 – Um prego, uma vez
magnetizado, atrai outros pregos S Por outro lado, quando quisermos
desmagnetizar um objeto pode-se submetê-lo a:
a) Um campo contrário a sua magnetização.
10.6.3 - Comprovação da teoria de Weber- Esse campo deve ter intensidade e sentido bem
Ewing controlados para não magnetizar o material
em outro sentido;
Polindo-se um material magnético a ponto b) Um campo magnético alternado e
de espelhamento e espargindo-se microlimalhas decrescente;
de ferro na sua superfície formam-se c) Uma temperatura elevada, superior à
microrregiões visíveis a microscópio. temperatura de Curie. Nessa temperatura o
Essas regiões formam as chamadas material perde todas as suas propriedades
figuras de Akulov. Cada uma tem uma dimensão magnéticas devido à agitação molecular.
Campo magnético da corrente elétrica X - 5
________________________________________________________________________________________________

d) Vibrações ou choques mecânicos intensos. experiência das limalhas de ferro. O sentido das
Nesse caso também a agitação molecular é a linhas de força depende do sentido da corrente
responsável pela desorganização dos ímãs no condutor.
elementares. Estabeleceu-se uma regra para descobrir
o sentido das mesmas.

N S Regra da mão direita para condutores

Agarra-se o condutor com a mão direita


N S de forma que o polegar fique apontando no
sentido da corrente. Assim os outros quatro
dedos indicarão o sentido das linhas de força no
Fig.10.10 - Material sendo desmagnetizado redor do condutor. Essa regra também é
aplicada a pequenos trechos de um condutor
10.8 – INÍCIO DO ELETROMAGNETISMO curvo.

Até 1820, a eletricidade e o magnetismo


eram considerados e estudados como se fossem
fenômenos completamente independentes.
Nesse ano o físico dinamarquês Hans
Christian Oersted notou que uma bússola
deflexionava quando havia corrente em
condutores próximos. Havia descoberto, então,
a primeira relação entre a eletricidade e o
magnetismo, ou seja, que a corrente elétrica é
capaz de criar campo magnético. A partir
daquele momento, o magnetismo passou a Fig. 10.11 – Regra da mão direita para condutor retilíneo
ser considerado como um dos efeitos da corrente com corrente elétrica
elétrica. Observação: Em todas as análises desse
trabalho só será usado o sentido convencional da
10.9 – DISPOSITIVOS CLÁSSICOS DE corrente. O aluno deve estar atento, porque uma
CRIAÇÃO DE CAMPOS MAGNÉTICOS pequena parte da bibliografia indicada usa o
sentido eletrônico.
Serão vistas, a seguir, as diversas
relações qualitativas entre a corrente elétrica e o 10.9.2 - Espira única com corrente
campo magnético que ela produz nas suas
proximidades. Para as diversas configurações do Nota-se que um fio retilíneo produz um
condutor que conduz a corrente há uma análise campo magnético muito fraco em comparação
particular. [Cavalcanti, Arnold, Kasatkin: com a quantidade de corrente circulante. Para
Eletrotécnica; Ference Jr: Física- aumentar o efeito magnético é necessário
Eletromagnetismo] concentrá-lo em pequena região do espaço. A
primeira providência é formar uma volta com
10.9.1- Fio retilíneo o condutor formando a chamada espira.
Aplicando-se a regra da mão direita a
Um fio retilíneo, que é atravessado por cada pequeno pedaço da mesma verifica-se que
corrente elétrica, produz no seu redor um os sentidos das linhas de força criados por
campo magnético com linhas de força circulares cada trecho são coincidentes no interior da
e concêntricas com o condutor. Isso pode ser espira, tornando o campo mais intenso nessa
observado com uma bússola ou com a região.
X- 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

S N

Fig.10.13 - Campo magnético criado por solenóide

10.9.4 - Toróide

Nesse caso o núcleo é fechado em forma


de anel (forma toroidal). Aplicando-se a regra
Fig.10.12 - Espira com corrente
da mão direita para condutores a cada trecho do
fio, verifica-se que os mesmos produzem fluxo
10.9.3 - Solenóide sempre no mesmo sentido dentro do solenóide.
Mais tarde será provado que o campo
Essa forma tubular de acomodação das magnético fica totalmente confinado dentro do
espiras é muito comum e é capaz de produzir núcleo, não havendo linhas de força nem pela
campos magnéticos moderados, dependendo do parte interna nem pela parte externa do núcleo.
número de espiras enroladas. Aplicando-se a Trata-se do circuito magnético mais
regra da mão direita a cada trecho de condutor, perfeito.
percebe-se que entre as espiras vizinhas há Pode também ser aplicada a regra da
anulação do campo, porém, no interior do mão direita para bobinas para descobrir o
solenóide há concordância dos campos sentido das linhas de força.
magnéticos criados por todos os trechos de
condutor.
Observando-se o sentido do campo
resultante do solenóide pode-se estabelecer
outra regra da mão direita aplicável a
solenóides e bobinas de um modo geral.

Regra da mão direita para bobinas I

Agarra-se a bobina com a mão direita com


os quatro dedos indicando o sentido da corrente
na mesma. Com isso, o polegar dará o sentido
das linhas de força no interior da bobina.
Fig.10.14 – Bobina com núcleo toroidal
Campo magnético da corrente elétrica X - 7
________________________________________________________________________________________________

10.10 - COMPARAÇÃO ENTRE ÍMÃS Essa hipótese é apenas ilustrativa, pois o


PERMANENTES E ELETROÍMÃS fluxo é uma grandeza contínua e o seu valor só
pode ser obtido por cálculos ou pelo uso de um
Um campo magnético produz o mesmo instrumento raro chamado de fluxímetro.
efeito, não importando se sua origem é um
eletroímã ou um ímã permanente. No entanto,
existem certas vantagens de usar um ou outro S
em determinadas aplicações.
A ou S
Características dos eletroímãs:

1. Possibilidade de variação da intensidade do N


campo magnético;
2. Possibilidade de inversão da polaridade;
Fig.10.15 - Definição de fluxo magnético
3. Facilidade de obtenção de campo muito
intenso; Um Weber é uma unidade bastante
4. Possibilidade de anulação do campo grande e representa uma quantidade de 108
magnético. linhas de força, por isso geralmente são usadas
subunidades.
Características dos ímãs permanentes: 1 mWb = 10-3 Wb; 1 Wb = 10-6 Wb

1. Nenhum consumo de energia elétrica; A relação existente entre as unidades de


2. Facilidade de construção de peças pequenas e fluxo é:
detalhadas. 1 Weber = 108 Maxwell = 108 linhas

10.11 - FLUXO MAGNÉTICO E INDUÇÃO 10.11.2 - Indução magnética ou densidade de


MAGNÉTICA fluxo magnético

Fluxo magnético e indução magnética Observando-se a Figura 10.16 percebe-


são duas grandezas importantes e de interesse se que as linhas de força estão mais juntas
imediato no estudo do eletromagnetismo. próximas ao polo. Por exemplo, uma área
Portanto, as suas interpretações devem ficar bem unitária (1cm2, 1 pol2, 1m2) colocada próxima
claras. ao polo será atravessada por maior número de
linhas do que uma área colocada mais
10.11.1 - Fluxo magnético afastada.
Intuitivamente sabe-se que onde as linhas
Fluxo magnético() é a quantidade de estão mais concentradas o “poder” do ímã é
linhas de força (ou de indução) que atravessa mais intenso. A indução ou densidade de fluxo
certa superfície. O fluxo é, portanto, uma magnético é a grandeza que mede a
grandeza associada a uma certa área. concentração das linhas de força em cada ponto
Sua unidade, no Sistema CGS, é a uma do campo magnético.
linha ou um Maxwell; porém, no Sistema
Internacional de Unidades (SI ou MKS), é um Definição: Indução magnética (B) é o
Weber (Wb). vetor cujo módulo é a razão entre o fluxo
Se pudéssemos contar uma a uma magnético que passa numa área, colocada
(discretamente) as linhas através da área A (ou perpendicularmente às linhas de força, e o valor
S) da Figura 10.15 teríamos um fluxo magnético dessa área e cujo sentido é o mesmo da reta
de quatro linhas de força. tangente à linha de força no ponto considerado.
X- 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

máxima vale 1,6 T. A figura correspondente à


seção transversal do seu núcleo é um retângulo
1 cm2 de 12 cm x 10 cm. Calcule a indução máxima
1 cm2 em Gauss e o seu fluxo magnético máximo em
1 cm2 Maxwell e em Weber.
N

Solução:

Sn = 12 cm x10 cm = 120 cm2; 1cm2 = 1x10-4 m2


 Sn = 120 x10-4 m2 = 0,0120 m2
Fig.10.16 - Definição de indução magnética

Bmax = 1,6 T; 1 T = 10000 Gauss


Assim, o módulo da indução é obtido de: Bmax = 1,6 T  Bmax = 16000 Gauss

B (10.1)
Sn max = Bmax.Sn = 1,6 T x 120 x10-4 m2 =
max = 0,0192 Wb = 19,2 mWb
Onde:  = Fluxo magnético através da área;
Sn = Área normal à direção das linhas; 1 Wb = 1x108 Maxwell  max =19,2 mWb =
= 19,2x10-3x108Maxwell =1,920x106 Maxwell
______________________________________
Da equação acima se obtém a unidade da
densidade de fluxo magnético.
Na maioria dos casos práticos a seção
(ou corte) é transversal à direção das linhas de
u ()SI 1 Wb
u (B)SI    1Tesla força mas em alguns casos é oblíqua.
u (Sn )SI 1 m 2 Para ajudar nas definições, usamos na
Figura 10.17 o vetor normal n, cujo módulo é 1
Observação: No sistema CGS a unidade de e cuja direção é perpendicular à superfície.
indução é obtida por: Quando o vetor indução (B) não for
perpendicular à seção pode-se decompô-la em
u ()CGS 1 Maxwell duas componentes ortogonais: Componente
u (B)CGS    1 Gauss
u (Sn )CGS 1 cm2 normal e a componente tangencial.

A relação entre os sistemas é:


n Bn
4  
1 Tesla = 10 Gauss  B B 
n
=0 Bt
A indução pode ser medida diretamente
por gaussímetro (ou teslâmetro) enquanto que o
fluxo, quando a secção for perpendicular à Fig.10.17 - Posição relativa entre seção e o vetor
indução, pode ser calculado pelo produto da indução
indução pela área da seção.
A componente Bn é normal à superfície
enquanto que Bt é tangencial à mesma.
 = B. Sn (10.2) Evidentemente, é a componente normal
que determina a passagem do fluxo através da
superfície S. Assim, supondo que indução B
Exemplo resolvido 10.1: Um transformador de seja constante ao longo da área S, temos:
distribuição trabalha com um campo magnético
variável senoidalmente no tempo cuja indução  = Bn. S mas Bn = B. cos  daí:
Campo magnético da corrente elétrica X - 9
________________________________________________________________________________________________

 = B. S. cos  (10.3) Nas pesquisas realizadas percebeu-se


que a força que age sobre uma carga lançada
onde:  = ângulo entre a normal e a indução dentro de um campo magnético é sempre
perpendicular ao plano que contém a
Exemplo resolvido 10.2: Uma bobina velocidade e a indução. Verificou-se também
retangular de uma máquina girante, em um dado que o módulo da força é proporcional à indução
momento, tem o seu eixo magnético (direção da magnética, à velocidade da carga, ao valor da
normal) formando um ângulo de 36,87º com a carga e ao seno do ângulo entre a velocidade da
direção do vetor indução B. Sabe-se que o carga e as linhas de indução ().
campo magnético é uniforme, que a sua indução
vale 0,5 T e que os lados da bobina valem 8 cm +Q +q
e 4 cm. Pede-se calcular o valor do fluxo através
F E
da bobina naquele momento e no momento em
que estiver no seu máximo valor. a) Campo elétrico age sobre carga elétrica parada
ou em movimento
Solução: A área da bobina vale: B +q
S = 8 cm x 4 cm = 32 cm2 S N F=0
Como a direção da indução não é b) Campo magnético não age sobre carga em
perpendicular à superfície deve-se considerar o repouso
ângulo entre a normal e a indução que, no caso,
+Q
é 36,87º. Assim temos: E
 = B.S.cos  = 0,5 T x 32 x10-4 m2 x cos 36,87º F=0
= 0,5 T x 32 x10-4 m2 x 0,8 = 1,28 x10-3 Wb c) Campo elétrico não age sobre ímãs parados
O fluxo máximo ocorrerá quando a
indução e a normal forem paralelas. +++++++++++++++++++ B
 = B.S.cos  = 0,5 T x 32 x10-4 m2 x cos 0º = +++++++++++++++++++++
1,6 x10-3 Wb +++++++++++++++++++++
++++++++ F0 ++++ v0++
10.12 - FORÇA SOBRE CARGA ELÉTRICA +++++++++++++++++++++
EM MOVIMENTO +++++++++++++++++++++
+++++++++++++++++++++
Apesar da eletricidade e do magnetismo d) Campo magnético só age sobre cargas
serem praticamente duas faces de um mesmo elétricas em movimento
fenômeno, a interação entre eletricidade e
Fig.10.18 – Algumas interações possíveis entre
magnetismo não acontece de forma universal, só eletricidade e magnetismo
em determinadas circunstâncias.
Na figura 10.18 são apresentadas
Transformando a proporcionalidade em
algumas situações em que isso é analisado.
equação tem-se no SI:
O campo elétrico sempre age sobre
cargas elétricas independentemente se elas
estiverem paradas ou em movimento. No F = B.v.q.sen  (10.4)
entanto, a interação entre campo elétrico e ímã e
entre campo magnético e carga elétrica só ocorre Onde: F = Força magnética (N);
na presença de movimento relativo entre eles. B = Indução magnética (T);
A interação mais útil neste momento do v = Velocidade da carga (m/s);
estudo é a ação de um campo magnético q = Valor da carga (C).
estático sobre uma carga pontual elétrica em  = Ângulo entre v e B.
movimento.
X - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

O sentido da força é dado por uma regra Num pequeno volume V, contido no
prática chamada de regra dos três dedos da mão trecho l do condutor, teremos uma carga q em
esquerda. Dispõe-se inicialmente os três dedos movimento que pode ser calculada por:
da mão esquerda a 90o entre si. O indicador [Ference Jr., p.128]
deve ficar no sentido de B, o médio no sentido
de v e o polegar dá o sentido da força F sobre a q = .V = .l.S (10.5)
carga elétrica positiva em movimento.
F
Onde: q = Carga contida no volume V (C);
 = Densidade volumétrica de cargas
livres no material condutor (C/ m3)
B
+q V = Volume que contém as cargas (m3)
S = Seção transversal do condutor (m2)

v
l = Comprimento do trecho do condutor
(m);
B

S l
i S
N
Fig.10.19 - Regra dos três dedos da mão esquerda

Caso a carga esteja em repouso ou se q


desloque na mesma direção das linhas de i
v
força, nenhuma força aparecerá sobre ela. l
Alguns autores2 definem o sentido do vetor B t1
como sendo um dos sentidos de movimento em l, q
que a força magnética é nula. i
v
Esse fenômeno eletromagnético é o l t2 = t1 + t
princípio de muitos outros cuja utilidade é
indiscutível na ciência e na tecnologia. Citam- Fig. 10.20 – Cálculo da força sobre condutor percorrido
por corrente
se, por exemplo, a força mecânica sobre
condutor percorrido por corrente em campo Desejamos calcular a velocidade de
magnético, a f.e.m. induzida em condutor em arrastamento (v) dessa carga em função do valor
movimento dentro de campo magnético, o da intensidade da corrente elétrica, que é uma
efeito Hall, etc. grandeza mais fácil de ser medida.
Por definição, a intensidade da corrente
10.13 – FORÇA SOBRE CONDUTOR RETO
(I) é a razão entre a carga elétrica que passa
PERCORRIDO POR CORRENTE
numa dada seção S e o intervalo de tempo
transcorrido.
Sabemos que um material condutor tem
cargas livres ao longo de todo o seu volume e q .S. 
I  mas v
que a corrente elétrica é o deslocamento dessas t t t
cargas, de forma ordenada, num dado sentido.
I
log o I  .S.v e por tan to v 
.S
2
Resnick - Física 3, p134.
Campo magnético da corrente elétrica X - 11
________________________________________________________________________________________________

A força que age sobre a carga q é: e de muitos outros equipamentos eletro-


magnético-mecânicos.
 I 
F  B.v.q.sen  B. (.S.).sen
 .S 
log o F  B.I..sen
Supondo a indução constante ao longo
do comprimento do condutor, a força magnética
que atua sobre todo o condutor será:
Campo do ímã
F = B.l.I.sen  (10.6)
Onde: F = Força magnética no condutor (N);
B = Indução magnética do campo (T);
l = Comprimento do condutor imerso no
campo magnético (m);
I = Intensidade da corrente (A); Campo do condutor
 = Ângulo entre a indução B e direção
da corrente no condutor. F

O sentido da força pode ser achado


aplicando-se a regra dos três dedos da mão
esquerda a cada carga, o que dará também o
sentido da força sobre o condutor como um
Campo resultante
todo. Esta regra é, agora, estendida ao
Fig. 10.21 – Comprovação visual da regra de Fleming da
condutor percorrido por corrente passando a ser mão esquerda
chamada de regra de Fleming da mão esquerda.
O indicador é colocado no sentido da
indução (B), o médio no sentido da corrente (I) Exemplo resolvido 10.3: Calcular a força que
e o polegar fornece o sentido da força sobre o age sobre um condutor retilíneo de 0,45 m de
condutor (F). comprimento que está imerso em um campo
Uma forma para memorizar esse magnético e perpendicular às linhas de força do
fenômeno é analisá-lo como interação entre as mesmo. Sabe-se que o campo pode ser
linhas de força do campo magnético indutor e o considerado uniforme, que possui uma indução
campo magnético do condutor. de 0,32 T e que a corrente no mesmo vale 50 A.
Na Figura 10.21 temos o campo do ímã e
do condutor individuais e depois combinados. Solução: F = B.l.I.sen 
Percebe-se que na parte superior do F= 0,32 T x 0,45 m x 50 A x sen 90o = 7,2 N
condutor há um enfraquecimento do campo e
que na parte inferior há um reforço do campo. Exemplo resolvido 10.4: Calcular a indução
Fazendo-se a soma vetorial desses necessária para que um condutor retilíneo de
campos percebe-se que há uma deformação das 25,4 cm de comprimento, percorrido por uma
linhas de força em relação ao original e elas corrente de 3,8 A, estando a 30o com as linhas
agem como se fossem “elásticos distendidos” de força, produza uma força de 0,25 N.
empurrando o condutor do lado mais forte para o
lado mais fraco do campo. Solução:
Vê-se que coincide com a regra acima. F = B.l.I.sen  => B = F/(l.I.sen ) =
Essa força mecânica de origem 0,25 N/(0,254 m x 3,8A x sen 30o) = 0,51T
eletromagnética é a responsável pelo torque
dos motores elétricos, pela força dos altofalantes
X - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

10.14 - INTENSIDADE DE CAMPO


MAGNÉTICO E PERMEABILIDADE
MAGNÉTICA

Os fenômenos magnéticos são, de um


modo geral, proporcionais à indução magnética H H
B
(B), grandeza já definida em item anterior. B
O conhecimento do valor da indução H
B
é, portanto, indispensável na maioria dos
problemas. As formas de obtenção de uma
indução magnética são: através de ímã Fig. 10.22 – Intensidade de campo magnético e indução
permanente e através da corrente elétrica. nas proximidades de um fio percorrido por corrente
Por questões didáticas, o estudo
Em pontos mais afastados do condutor,
quantitativo será restringido apenas ao caso de
onde as linhas de força são mais compridas,
produção de indução magnética por corrente
há uma intensidade de campo magnetizante
elétrica, uma vez que o estudo quantitativo
menor, a ponto de serem necessários
dos ímãs permanentes não é de interesse
instrumentos sensíveis para perceber a sua
imediato.
existência. Já em pontos próximos do condutor
A indução magnética depende
o poder magnetizante da corrente é muito maior,
basicamente de duas grandezas a serem
porque a mesma quantidade de Ampères é usada
definidas nos itens seguintes:
para magnetizar um caminho mais curto.
a) Intensidade de campo magnético (H);
b) Permeabilidade magnética ().
Com o intuito de concentrar o campo
magnético numa pequena região do espaço para
Antecipamos que a relação entre elas é:
fortalecê-lo e dar-lhe utilidade foram concebidas
as bobinas.
B = .H

10.14.1 - Intensidade de campo magnético


l1
Modernamente, sabe-se que todo
fenômeno magnético é criado por movimentos
de cargas elétricas, seja por corrente elétrica H1
através de fios, seja pela translação dos
elétrons em torno dos núcleos. Um simples
fio esticado produz um campo magnético no seu N,I
redor que é capaz de magnetizar limalhas de
ferro e deflexionar bússolas na sua vizinhança. l2
Percebe-se, no entanto, que o fenômeno
resulta distribuído ao longo do seu comprimento
e perpendicularmente ao mesmo. Seu poder H2
magnetizante resulta fraco e só é perceptível
quando altas correntes são impostas ao
condutor. N,I
A Figura 10.22 foi construída aplicando-
se a regra da mão direita para condutores e um Fig. 10.23 – Intensidades de campo magnético criadas
pouco de imaginação. por solenóides percorridos por corrente
As bobinas, encontradas em diversas
formas, são constituídas de muitas espiras de fio
Campo magnético da corrente elétrica X - 13
________________________________________________________________________________________________

isolado enroladas no mesmo sentido. A bobina Resumindo, pode-se dizer que a


com formato helicoidal (tubular) é chamada de intensidade de campo magnético (H) é uma
solenóide. grandeza que:
Nos dois solenóides mostrados na Figura - É vetorial e tem a mesma direção e sentido
10.23 percebe-se que a corrente e o número de das linhas de força;
espiras são os mesmos. No entanto, o - Depende da corrente elétrica;
comprimento das linhas de força em cada caso é - Depende da geometria do circuito elétrico;
diferente, ou seja, o comprimento do circuito - Depende da concentração da corrente
magnético é diferente. No solenóide mais magnetizadora ao longo do circuito magnético;
curto obtém-se maior intensidade de campo - Não depende do meio onde se
magnético, porque há maior concentração de desenvolverá o campo magnético.
corrente e espiras por unidade de comprimento
do circuito magnético. 10.14.2 - Permeabilidade magnética
Sabe-se que o campo magnético é
oriundo da corrente elétrica. Entretanto, a Sejam três solenóides de mesmas
geometria do condutor vai determinar se o dimensões, mesmo número de espiras e mesma
poder de magnetização que esta corrente produz corrente, porém com núcleos de materiais
será mais ou menos intenso. diferentes.
A fim de levar em conta o grau de
concentração da corrente, para efeitos de
magnetização, foi criada a grandeza intensidade Núcleo de vácuo
H 1
B1
de campo magnético (H).
Essa grandeza é, às vezes, chamada de
N, I, l
força magnetizante, intensidade de campo
indutor ou simplesmente campo indutor.

Núcleo de ferro
H 2
Definição: Intensidade de campo magnético é B2
um vetor cujo módulo é a razão entre as ampère-
espiras magnetizantes e o comprimento do N, I, l
caminho a ser magnetizado e cujo sentido é o
mesmo das linhas de força. Núcleo de liga
magnética
H 3
B3
Observações: especial
1. O sentido da intensidade de campo magnético
N, I, l
(H) pode ser determinado pelas regras da mão
direita já vistas.
Fig.10.24 – Influência do material dos núcleos
2. O comprimento do circuito magnético a ser
considerado depende da geometria do mesmo.
Como se pode ver, a ação de uma mesma
A unidade de intensidade de campo intensidade de campo magnético (H) produz
magnético, no Sistema Internacional, é 1 diferentes induções (e fluxos) em função do
Ampère-espira/metro ou 1 Ampère/metro, já que material onde se estabelece o campo magnético.
espira é um adimensional (número puro). A grandeza que caracteriza a qualidade
u (H)SI = 1 Ae/m ou 1 A/m magnética do material é a permeabilidade
São também usados os múltiplos e magnética (), sendo, portanto, análoga à
submúltiplos da unidade: condutividade para os materiais elétricos.
1 kAe/m = 1000 Ae/m; 1 Ae/cm = 100 Ae/m Permeabilidade magnética absoluta
(ou simplesmente permeabilidade) é a constante
de proporcionalidade que relaciona a
X - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

intensidade do campo magnético (causa) com a Daí tem-se que:


indução produzida (efeito).
μ mat  μ r mat .μ 0 (10.11)
B = . H (10.7)
Exemplo resolvido 10.5: Um ferro apresenta
Pode ser considerada como sendo a uma permeabilidade de 12,57x10-4H/m. Calcular
facilidade com que o material do meio é a permeabilidade relativa do mesmo.
atravessado pelas linhas de indução.
Colocando-se  em evidência temos: Solução:
μ mat 12,57 x 10 4 H /m
B μ r mat    1000
 (10.8) μ0 4 πx 10 7 H /m
H
10.14.3-Classificação magnética dos materiais
Da relação 10.8 obtemos sua unidade:
1 - Materiais não-magnéticos: são os materiais
u(B) T T.m T.m
u()     cujas permeabilidades são iguais às do vácuo
u(H) Ae/m Ae A (ou aproximadamente iguais). Dentro dessa
classificação estão, praticamente, todos os
A unidade de permeabilidade magnética materiais da natureza e industrializados.
no SI é Henry/metro (H/m) que é equivalente a
Tesla.metro/Ampère mat = 0 (10.12a) r mat = 1 (10.12b)
No caso da eletricidade tem-se
condutividade nula nos materiais isolantes. No Como exemplos clássicos, temos o ar,
entanto, no magnetismo, não existe a cobre, alumínio, água, verniz, plásticos,
permeabilidade nula e nem isolante magnético. borracha, madeira, etc.
Um dos piores meios de condução do
campo magnético é vácuo e tem Uma característica importante é que a
permeabilidade absoluta com um valor bem permeabilidade desses materiais, apesar de
definido: pequena, não depende do valor da intensidade
do campo magnético ( H ).
0 = 4..10-7 T.m/A ou H/m (10.9)
2 - Materiais magnéticos ou ferromagnéticos:
Esse meio é tomado como referência na Nesses materiais a permeabilidade
comparação entre os materiais magnéticos. Em magnética é notadamente muito maior do que a
função disso, define-se como permeabilidade do vácuo.
relativa (r) a razão entre a permeabilidade mat >> 0 (10.13a) r mat >> 1 (10.13b)
absoluta de um dado material e a
permeabilidade do vácuo. Os elementos químicos magnéticos são
μ mat apenas o ferro, o níquel e o cobalto; porém
μ r mat  (10.10) existem várias ligas dos mesmos que são
μ0 também magnéticos. (Ver Tabela 10.1).
Nesses materiais a permeabilidade é alta,
Tm/A o que é desejável para a maioria das aplicações.
u(μ r )  [adimensional] Como a permeabilidade é variável com a
Tm/A
A permeabilidade relativa simplesmente variação da intensidade do campo magnético,
diz quantas vezes o material é mais permeável poderá haver limitações de uso quando a
que o vácuo. linearidade for uma característica necessária.
Campo magnético da corrente elétrica X - 15
________________________________________________________________________________________________

Tabela 10.1 – Permeabilidades relativas de alguns m


materiais magnéticos  H .
j1
j j  I env (10.14)
Materiais Ferromagnéticos r max
Níquel 50 Expandindo o somatório temos:
Cobalto 60
Ferro Fundido 30 a 800 H1.l1 + H2.l2 + ... + Hm.lm = Ienv (10.15)
Aço 500 a 5.000
Chapa para dínamo 4.000 a 6.000
Na Figura 10.25 as correntes envolvidas
Chapa para transformador 5.500 a 8.000
são I1, I2, I3 e I4, enquanto que I5 não está
Ferro muito puro 8.000
envolvida pela linha de força.
Liga Metal MU 100.000
(76 Ni + 1,5 Cr + 4 Cu + Fe) Para que seja possível a aplicação da lei
Liga Permalloy c/ molibdênio 100.000 a 200.000 de Ampère temos as seguintes condições:
(78,5 Ni + 3,8 Mo + 17,7 Fe) 1. A trajetória da linha de força deve ser
Liga Supermalloy 800.000 perfeitamente bem conhecida.
(79 Ni + 5 Mo + 16 Fe) 2. O valor do campo magnético (H) deve
ser constante ao longo de cada trecho.
10.15 - RELAÇÕES ENTRE A CORRENTE E 3. As unidades devem estar no sistema SI
A INTENSIDADE DE CAMPO MAGNÉTICO para que H(Ae/m).l(m) = Ae ou A.

10.15.1 – As leis básicas Podemos fazer uma analogia entre a Lei


de Ampère e a segunda lei de Kirchhoff. O lado
As relações entre corrente elétrica (I) e a esquerdo da equação é análogo à soma das
intensidade de campo magnético(H) dependem quedas de tensão numa malha enquanto que o
da geometria do condutor e são expressas pela lado direito equivale à soma das f.e.m.s atuando
lei de Biot-Savart e pela lei de Ampère. na malha. A lei de Ampère só ficará mais bem
A lei de Biot-Savart é geral, mas usa o entendida após algumas aplicações.
cálculo diferencial e vetorial. Uma lei menos
geral, porém mais didática e que utiliza menos 10.15.2 - Fio retilíneo infinito ou muito longo
matemática, é devida a Andre Marie Ampère.
Sua dedução é muito difícil; portanto
será apenas enunciada e aplicada em alguns H3 l3
exemplos clássicos. I
H2 l2
H1
l1
Lei de Ampère (simplificada): dividindo-se r
uma linha de força magnética em trechos, tem- Fig. 10.26 – L.A. aplicada a condutor retilíneo
se que o somatório dos produtos da intensidade
do campo magnético (H) pelo comprimento de
cada trecho (l) é igual à corrente total (Ienv) Considere-se um fio reto, comprido, em
envolvida pela linha. que a corrente está saindo do plano do papel.
Sabe-se que, neste caso, as linhas de força
l3 são circulares concêntricas como o condutor.
H3 l2 O sentido de H e de B é tangente à
I1 H2 l1
circunferência e pode ser descoberto pela regra
I4 H1
da mão direita para condutores. Divide-se uma
Linha de força I3
dividida em I2 linha de força genérica (circunferência de
I5
trechos raio r) em m partes.
Sabe-se que a intensidade de campo,
Fig. 10.25 – Lei de Ampère simplificada
além de ser tangente à circunferência em todos
X - 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

os pontos, tem módulo constante em todos os 10.15.3 - Solenóide com núcleo de ar


trechos que se considerar.
Aplicando a lei de Ampère temos: O solenóide assemelha-se a uma mola
m helicoidal com seu comprimento sendo bem
 H .Δ 
j1
j j  I env ou maior que a sua dimensão transversal. Dessa
forma, as linhas de indução são concentradas em
H1.l1 + H2.l2 + ...+ Hm.lm = I todo seu interior; porém, na sua parte externa,
como há grande área para o fluxo se distribuir,
Por simetria sabe-se que o módulo de Hj há pequena concentração das linhas.
é constante em todos os trechos ( Hj = H= cte ), A linha de força será então dividida em
logo podemos colocá-lo em evidência: apenas dois trechos:
H(l1 + l2 + l3 + ...) = Ienv = I O trecho interno, de comprimento L,
onde a intensidade do campo magnético é
Como a soma de todos os trechos fornece considerada constante e de valor muito maior
a circunferência temos H.(2..r) = I, o que nos que a de fora.
leva finalmente a: O trecho externo, de comprimento
I desconhecido, porém com campo muito mais
H (10.16) fraco a ponto de poder ser desprezado.
2 r
Onde: H = Intensidade de campo magnético a I
(A/m);
I = Corrente no condutor (A);
r = Distância do ponto ao centro do
condutor (m). l
N
Como se pode ver, a intensidade do
campo magnético é diretamente proporcional à
corrente e inversamente proporcional à distância
do ponto ao centro do fio.
A indução nesse local será: B = .H
N
Exemplo resolvido 10.6: Calcular a intensidade
de campo magnético e a indução, no ar, a uma
distância de 12 mm do centro de um fio
retilíneo com uma corrente de 500 A. Hext0 Hext0

Solução: Hint
H = I/(2..r) =
500 A/(2..12.10-3 m) = 6631 A/m

B = o.H = 4x10-7 Tm/A x 6631 A/m = S


0,00833 T = 8,33 mT
Fig. 10.27 - Solenóide longo e fino

Observe-se que, mesmo com uma Escolhendo-se uma dada linha de força,
corrente enorme no condutor, consegue-se uma tem-se que a corrente total envolvida por ela é N
indução muito baixa, devido à permeabilidade vezes a corrente da bobina.
do ar ser muito pequena. Hint. l int + Hext. l ext = N.I mas Hext  0 então
Hint. l int = N.I ou H.l = N.I logo:
Campo magnético da corrente elétrica X - 17
________________________________________________________________________________________________

N.I
H (10.17) Sn

Onde: H = Intensidade de campo no interior do N lm


solenóide (Ae/m); Rm
l = Comprimento do solenóide (m);
Re
N = Número de espiras do solenóide; I
I = Corrente no solenóide (A). Ri

Para calcular a indução usa-se B = 0.H


e para obter o fluxo no interior do solenóide
aplica-se:  = B.S
Fig. 10.28 - Toróide
Exemplo resolvido 10.7: Calcular a indução e o m
fluxo dentro de um solenóide de secção circular,
com núcleo de ar, cujo comprimento é 10 cm, o
 H .
j1
j j  I env ou

diâmetro interno é 2 cm, o número de espiras é H1. l1 + H2. l 2 +...+ Hm. l m= N.I
1000 e a corrente é 10 A. Como H = cte tem-se: H.(2..Rm) = N.I
N .I
H (10.18)
d=2 cm 2. .Rm
Como já foi visto: B = . H e  = B.S
l =10 cm
Escolhendo-se uma linha de força circular
Solução:
hipotética na sua parte interior ou na exterior do
núcleo, a corrente total envolvida é nula e a
n . I 1000 e .10 A
H   100.000 Ae/m intensidade de campo (H) também. Isso mostra
 0,10 m que o campo magnético existe apenas dentro do
B  μ 0 . H  4 π .107 H/mx 100.000 Ae/m núcleo do toróide.
B  4 π .102 T  0,1257 T
Exemplo resolvido 10.8: Um toróide de secção
π . d 2
π .(0,02 m) 2
transversal quadrada tem 2000 espiras e um
S  π.r2    3,1416.104 m 2
4 4 núcleo de ferro com permeabilidade relativa r =
4
  B .S  0,1257 Tx 3,1416.10 m  39,49 μWb 1000. O raio interno vale 10 cm e o externo 15
2

cm. Qual deve ser a corrente para produzir a


indução de 1,0 T na linha média do núcleo?
10.15.4 – Bobina toroidal
Solução: B = .H = r.0.H
Numa bobina de forma toroidal as linhas
H = B /(r.0) = 1,0 T / (1000. 4.10-7 H/m)
de força são circulares e encerradas dentro do
H = 795,8 Ae/m
núcleo. O valor do campo é constante em toda a
Rm = (Rext+Rint)/2 = (15 cm+10 cm)/2 = 12,5cm
extensão das linhas de força e é mais ou
N.I 2. π . R m . H
menos constante em toda a secção H logo I 
transversal. Para a aplicação da lei de Ampère, 2. π . R m N
escolhe-se a linha de força média e obtém-se o 2. π .0,125m.795,8Ae / m
I  0,313 A
valor médio da intensidade de campo 2000e
magnético. S = (15cm-10cm)2 = 25 cm2 = 25x10-4 m2;
 = B.S = 1,0 T x 25x10-4 m2 = 25x10-4 Wb
X - 18 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

10.16 - FORÇA ENTRE CONDUTORES A força sobre o condutor 2 é dada


PARALELOS NO AR por:
F2 = B12 . l 2 .I2 portanto tem-se:
O cálculo da força existente entre dois
condutores paralelos percorridos por corrente I1
tem especial significado no dimensionamento de F2   0  2 .I 2 (10.19)
2..r
barramentos de painéis de distribuição nas
subestações assim como em outras situações,
Onde todas as grandezas estão no
como em linhas aéreas.
sistema internacional.
Um dos condutores cria certa indução B
à qual fica submetido o outro condutor
Exemplo resolvido 10.9: Calcular a corrente
percorrido por corrente e vice-versa.
que, circulando em dois barramentos paralelos
Cada condutor gera uma força por estar
distanciados de 10 cm, tendo cada um 2,0 m de
submetido ao campo magnético do outro.
comprimento, é capaz de produzir 500 N (50
kgf) de força entre os mesmos.

r Solução:
I1 I2
f2 As duas correntes são iguais logo,
H12 pondo-se I em evidência, tem-se:
I
B12 F2   0 1  2 .I1
2..r
2..r.F2 2..0,10m.500 N
I1    11180A
0 . 2 4.107 H / m.2,0m

Exemplo resolvido 10.10:


A unidade Ampère do SI é definida
Fig.10.29 - Força em condutores retos e paralelos como a corrente capaz de gerar certa força F
para condutores retos de 1,0 m de comprimento
Observando-se os sentidos das correntes afastados de 1,0 m no vácuo.
e os sentidos dos campos e aplicando as regras Qual é o valor da força mencionado na
das mãos podemos identificar que as forças são definição do Ampère?
de atração quando as correntes são no mesmo
sentido, e de repulsão para correntes contrárias. Solução:
O mesmo pode ser observado pela
análise da conformação das linhas de força ao I I
2

compor os campos dos dois condutores. F  0 1  2 .I 2  0 1  2 


2..r 2..r
A intensidade de campo magnético 2
1,0 A
criado pela corrente I1 na posição do condutor 2, F  4x10 7 H / m 1,0 m  2x10 7 N
a uma distância r do centro do condutor 1, é 2..1,0 m
dada por:
I
H12  1
2..r

Então a indução produzida é: B12 = 0.H12.


Campo magnético da corrente elétrica X - 19
________________________________________________________________________________________________

10.17 - CURVAS DE MAGNETIZAÇÃO DOS Em cada ensaio é variada a corrente de 0


MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS até um valor máximo, fazendo com que a
intensidade de campo magnético (H) cresça de 0
10.17.1 - Obtenção das curvas até um valor máximo (Hm).
Durante o ensaio, para cada valor de H, é
Seja um toróide enrolado com N espiras feita a medição do valor da indução B
alimentado com uma corrente I. correspondente e colocado no gráfico.
O núcleo é feito do material cuja curva Se o núcleo fosse vácuo, ar ou outro
de magnetização será levantada. material não magnético, ter-se-ia uma relação
O comprimento médio do circuito linear (constante) entre a intensidade de campo
magnético é lm. magnético H e a indução B, porém a inclinação
Uma fonte de corrente, um amperímetro da linha é muito baixa.
e um instrumento para medir a indução no
núcleo são necessários. Bo = 0 . H (10.20)

Tomemos um ponto P sobre a curva dada


pela Figura 10.31. Nota-se que B é o cateto
Sn oposto e H é o cateto adjacente ao ângulo 
N entre a reta que une a origem ao ponto
I lm
considerado.
Assim a permeabilidade absoluta
A (=B/H) é a tangente do ângulo de inclinação
da reta que passa pela origem e pelo ponto P
considerado na curva. A Tabela 10.2 contém os
pontos da Figura 10.31.

Fig.10.30 - Toróide para ensaio de curva B-H

2,0
1,9 B (T)
1,8
1,7
1,6
1,5 1.Ferro Forjado
1,4 e Aço Fundido
1,3 4.Ferro Silício
1,2
1,1 1. Ferro Forjado e Aço Fundido
1,0 2. Ferro Fundido
0,9 3.Ferro Normal 3. Lâminas de Ferro Normal
0,8 4. Lâminas de Ferro Silício
0,7
0,6
0,5 2.Ferro Fundido
0,4
0,3
0,2
0,1 H(Ae/m)x102
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Fig. 10.31 - Curvas B-H parciais de alguns materiais ferromagnéticos
X - 20 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________

Tabela 10.2 - Curvas de magnetização típicas de alguns materiais

Ferro forjado e aço fundido Ferro fundido Lâminas de ferro normal Lâminas de ferro-silício
B(T) H ( Ae/m ) H ( Ae/m ) H ( Ae/m ) H ( Ae/m )
0,0 0 0 0 0
0,1 70 200 45 80
0,2 90 450 50 100
0,3 100 800 60 125
0,4 120 1.300 70 145
0,5 140 2.000 90 160
0,6 170 2.800 130 180
0,7 220 4.000 170 200
0,8 270 5.500 230 250
0,9 320 8.000 330 310
1,0 400 11.000 470 400
1,1 500 15.000 630 500
1,2 620 20.000 800 700
1,3 850 1.050 1.200
1,4 1.200 1.350 2.300
1,5 2.000 1.800 4.000
1,6 3.500 3.100 7.500
1,7 6.000 5.200 14.000
1,8 10.000 9.000 24.000
1,9 16.000 14.800
2,0 25.000 30.000
2,1 40.000 46.000
2,2 75.000 67.000
2,3 90.000
2,4 120.000
2,5 153.000
2,6 190.000
2,7 230.000
Fonte: Alfonso Martignoni, Eletrotécnica

5000
r 1. Ferro Forjado e Aço Fundido
4500
2. Ferro Fundido
4000 3. Lâminas de Ferro Normal
4. Lâminas de Ferro Silício
3500

3000

2500

2000

1500
3-Ferro normal H (Ae/m) x102
1000

500

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40

Fig. 10.32 - Curva de permeabilidade relativa r x H


Campo magnético da corrente elétrica X - 21
________________________________________________________________________________________________

No caso dos materiais ferromagnéticos, 10.17.3- Variação da permeabilidade com a


quando a intensidade de campo magnético (H) é temperatura
aumentada, a indução (B) cresce. Uma parte
dessa indução se deve à ação do campo H A permeabilidade dos materiais varia
atuando no vácuo (espaço ocupado pelo núcleo) também com a temperatura. Quanto mais alta
e a maior parte é devida aos ímãs elementares é a temperatura, maior é o nível de agitação das
que se orientam sob a ação do campo H e moléculas e, portanto, maior é a dificuldade de
ajudam decisivamente na produção da indução. orientar ou manter orientados os ímãs
elementares do material. Numa determinada
Chega um determinado valor de campo
temperatura os ímãs elementares perdem
magnético (H) em que os ímãs elementares já
totalmente a sua orientação, ou seja, o material
estão praticamente todos orientados e a sua
passa a ser não magnético. Essa temperatura em
contribuição não cresce mais. Chegou-se então
que a permeabilidade relativa chega a 1 é
à saturação magnética.
chamada de temperatura de Curie (pronuncia-se
A partir desse ponto um aumento do campo
kirrí).
H causa um aumento muito pequeno da
indução B, como se o campo magnético atuasse Tabela 10.3 - Temperaturas de Curie
no vácuo. Trata-se da primeira parcela já
referida. A inclinação da curva B-H fica, Material Temperatura de Curie
então, igual à do campo H atuando no vácuo. Níquel-cromo 300ºC
Níquel 358ºC
10.17.2 – Variação da permeabilidade com a Magnetita 585ºC
intensidade do campo Aço 600 a 700oC
Ferro 770oC
Como se pode ver, esses materiais Cobalto 1140°C
não apresentam um crescimento linear de B em
relação a H, ou seja, a razão  = B/H não é
constante, depende de H. 10.18 - HISTERESE MAGNÉTICA
Como exemplo, no caso de ferro normal,
para H = 70 Ae/m tem-se: 10.18.1- O laço de histerese
 = 0,4 T / 70 Ae/m = 5,714x10-3 H/m logo Considere-se o mesmo toróide que foi
r =  / 0 = 5,714x10-3H/m/4x10-7H/m= 4547 usado para levantar a curva de magnetização no
item anterior. A fonte de corrente permite variar
Quando o ferro estiver com alta indução, o valor da corrente e inverter o seu sentido.
por exemplo, B = 1,6 T e H = 3100 Ae/m, fica: Neste ensaio supõe-se que o material é
magneticamente virgem, ou seja, nunca tenha
 = 1,6 T/ 3100 Ae/m = 0,5161x10-3 H/m logo sido magnetizado antes.
r = 0,5161x10-3H/m / 4x10-7H/m = 410,7 Inicialmente aumenta-se a excitação da
bobina aumentando a intensidade do campo
Procedendo-se de modo semelhante indutor (H = N.I / l).
para outros valores obtém-se uma curva de A indução vai crescendo segundo a curva
permeabilidade relativa em função da 0 - 1 da Figura 10.33 até que seja atingida a
intensidade do campo magnético para o ferro saturação magnética quando todos os
normal. (Figura 10.32). É deixado para o domínios estão orientados.
estudante fazer a curva de permeabilidade para Reduz-se o campo H e a indução B
os outros materiais. decresce, porém o retorno não acontece sobre a
linha original e sim segundo a linha 1-2.
X - 22 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Quando o campo magnético H se anula ainda não chegou, H atinge valores negativos
ainda resta certa indução, ou seja, mesmo sem antes dos valores de B atingirem.
campo indutor externo H os ímãs elementares Daí surgiu o nome histeresis que, em
se mantêm parcialmente orientados. grego, significa atraso (Atraso de B em relação a
Define-se como Indução Residual ou H).
Remanente como sendo a indução que se
mantém quando o campo H é anulado.
Para anular a indução residual deve-se 10.18.2 - Perdas por histerese
inverter a corrente (aplicar um campo
magnético ao contrário) e ir aumentando No trabalho de orientação e
gradativamente até que a indução se anule desorientação há perda de energia devido ao
(ponto 3; B = O). atrito entre os ímãs elementares.
A intensidade de H capaz de levar a Quanto maior a força coercitiva mais
indução residual a zero é chamado de difícil se torna a desmagnetização do material
campo coercitivo ou força coercitiva ( Hc ). e, portanto, mais perdas ocorrem.
Aumentando-se a intensidade de campo Pode-se provar matematicamente que a
(H) no sentido negativo chega-se à saturação área dentro do laço de histerese é proporcional
do material em sentido contrário (ponto 4). às perdas histeréticas. Assim, para o trabalho
Reduzindo-se a excitação da bobina com corrente variável (ou alternada), é
magnetizadora a densidade magnética B diminui necessário que o laço seja o mais estreito
até chegar ao ponto 5 (H = 0), sobrando uma possível para que as perdas sejam o menor
indução residual Br negativa. possível.
Para anular essa indução residual deve-se
inverter o campo magnético H e aumentá-lo até B
alcançar Hc . Br
B (T)
BM 1

Br Hc
2
Hc H
Hc H (Ae/m)
0 6

-HM 3 Br
Hc HM

5 Br Fig.10.34 – Área do laço e as perdas

4 - BM

Fig. 10.33 – Curva típica do laço de histerese 10.19 - CARACTERÍSTICAS DE MATERIAIS


PARA ÍMÃS E ELETROÍMÃS
Continuando-se a aumentar a intensidade
As curvas B-H dos materiais é que
de campo H chega-se novamente à saturação no
diferenciam as suas propriedades para
sentido positivo.
fabricação de ímãs e de eletroímãs.
Continuando o procedimento anterior a
Os ímãs permanentes ideais devem ter
partir desse ponto a nova curva irá
alta coercitividade para que sejam difíceis de
aproximadamente se superpor à anterior,
serem desmagnetizados, e alta remanência
repetindo-se a cada novo ciclo de corrente.
para que apresentem uma boa indução de
Como se percebeu, o valor da indução
trabalho. Os ímãs reais dificilmente apresentam
segue o valor do campo magnético H com um
as duas características completas juntas.
certo atraso, ou seja, quando H chega a zero B
Campo magnético da corrente elétrica X - 23
________________________________________________________________________________________________

Os materiais mais usados em ímãs são: Questões e problemas


aço com alto teor de carbono, ferrite, alnico,
samário-cobalto e neodímio-ferro-boro. 10.1 - Caracterize o ímã natural e os ímãs
Para fabricar eletroímãs o importante é artificiais (permanentes e temporários).
que a indução seja alta para pequenos valores de
H (alta permeabilidade) e que a coercitividade e 10.2 - O que é polo de um ímã? Como se dá a
remanência sejam pequenas para que, quando a interação magnética entre dois ímãs?
corrente seja extinta, a indução residual anule-se
facilmente. 10.3 - Comente as denominações polos sul e
O material ideal para eletroímãs deveria norte magnético, comparando-os com os
ter o laço de histerese representando uma reta polos geográficos.
que passa pela origem e tenha grande inclinação
(grande permeabilidade). 10.4 - Diga o que é basicamente o campo
Na prática, para fabricação de magnético.
eletroímãs são usados normalmente aço-doce
e o aço-silício. Estes materiais têm alta 10.5 - Faça um desenho representando as linhas
permeabilidade e pequena força coercitiva, de força magnéticas e seu sentido para cada
porém tem alta indução residual o que não um dos casos abaixo.
chega a ser problema, pois é facilmente
apagada já que a força coercitiva é muito
baixa.
S N
Eletroímã
B real
Eletroímã
ideal

Ímã per-
manente N
H

10.6 - Indique a polaridade do ímã abaixo, em


função do sentido das linhas de força
Fig.10.35 - Laços de histerese de ímãs e eletroímãs magnéticas, justificando-a.
X - 24 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

10.7 - Explique a teoria de Weber-Ewing, 10.17 - Calcule o fluxo que atravessa as espiras
inclusive usando desenhos adequados para a seguir.
tal.
a) B = 1,2 T
10.8 - Para a situação abaixo, explique o motivo
da atração dos parafusos de aço pelo ímã 10 cm
permanente e indique nestes as polaridades
5 cm
magnéticas induzidas.

S b)
N
n B = 1,2 T
60o
10 cm

10.9 - Como se pode experimentalmente 5 cm


visualizar alguns domínios magnéticos?
c)
10.10 - Cite os processos de magnetização e B = 1,2 T
desmagnetização de materiais.
5 cm
30o
10.11 - Explique o que é e como se pode
provocar a saturação magnética.

N 10 cm S
10.12 - Descreva a regra usada para determinar
o sentido das linhas de força magnéticas
criadas por um condutor retilíneo
percorrido por corrente. Idem para bobina 10.18 - Ache o módulo e o sentido da força que
percorrida por corrente. age sobre a carga elétrica positiva em
movimento sabendo que a carga q = 10 mC,
10.13 - Compare as características dos ímãs a velocidade é 200 m/s e que a indução vale
permanentes e dos eletroímãs. 0,6 T.

10.14 - Defina fluxo magnético e indução


magnética e cite as suas unidades no
sistema MKS. 60o v
N S
10.15 – Um transformador possui, num instante 30o
de tempo, numa das suas colunas, uma q
indução de 1,5 T. Sabendo-se que a coluna B
possui uma seção transversal com 144 cm2 ,
pede-se calcular o valor do fluxo magnético
nesse instante. 10.19 - Faça três desenhos de modo que cada um
mostre, respectivamente, o sentido do
10.16 – Um reator de uma lâmpada fluorescente campo do ímã, o sentido do campo criado
possui um fluxo de 0,36 mWb e este passa por uma corrente e o sentido do campo
por uma seção transversal retangular de resultante. Use-os para mostrar o sentido da
ferro de 1,6 cm x 1,5cm. Calcular a indução força sobre o condutor.
nesse ponto do núcleo.
Campo magnético da corrente elétrica X - 25
________________________________________________________________________________________________

10.20 - Descreva a regra usada para determinar 10.28 - Calcule a intensidade de corrente que
o sentido da força mecânica de origem deve circular num fio retilíneo colocado
eletromagnética criada sobre um condutor no ar para produzir uma indução de 0,5 T
percorrido por corrente dentro de um a uma distância de 5 cm do centro do fio.
campo magnético.
10.29 – Uma corrente num condutor esticado
10.21 – Calcule a corrente que deve ser aplicada produz a 5 cm de distância do mesmo uma
num condutor retilíneo de 12,7 cm, intensidade de campo de 7500 Ae/m.
colocado perpendicularmente às linhas de Calcular a corrente no fio e a indução no
força de um campo magnético de indução ponto mencionado.
de 0,5 T, para que produza uma força de
0,4N. 10.30 - Um solenóide com núcleo de ar, com 2
cm de diâmetro por 10 cm de comprimento,
10.22 - Descubra o sentido e o módulo da força tem 1000 espiras enroladas bem juntas.
sobre o condutor percorrido por corrente. Calcule a corrente para ser obtido um fluxo
Use a regra para carga em movimento e a de 0,1 mWb.
regra de Fleming adequada.
B = 0,3 T, l = 50 cm, i = 5 A. 10.31 – Deseja-se construir um solenóide com
núcleo de ar, de 1,5 cm de raio e 7,0 cm de
comprimento de modo que, percorrido por
B uma corrente de 600 mA produza, no seu
interior, um fluxo de 23 Wb. Calcule o
número de espiras necessárias.

i 10.32 - A bobina toroidal clássica da figura


N abaixo tem secção transversal quadrada e
S 750 espiras uniformemente distribuídas.
Sabe-se que o núcleo de ferro tem
permeabilidade relativa 1000. Calcule a
indução e o fluxo produzido no mesmo
10.23 - Caracterize a grandeza intensidade de para uma corrente de 0,5 A.
campo magnético e cite sua unidade no O raio interno vale Ri = 4 cm e o externo
Sistema MKS. vale Re = 6 cm.

10.24 - Defina permeabilidade absoluta e Re


permeabilidade relativa e dê as suas Ri Rm

unidades no Sistema MKS.


sn
I Ri = 4 cm
10.25 - Classifique os materiais quanto às Re = 6 cm
propriedades magnéticas usando para isso o
conceito de permeabilidade.

10.26 - Enuncie a lei de Ampère.


10.33 - Refaça o problema 10.32 considerando
10.27 - Deduza, pela lei de Ampère, a equação que a qualidade do ferro é lâmina de
que fornece o valor da intensidade de ferro normal. Calcule, inicialmente, a
campo produzido, próximo de um condutor permeabilidade absoluta e relativa para essa
retilíneo com corrente. situação.
X - 26 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

10.34 - Considere o toróide da figura da questão 10.45 - Cite as características dos materiais
10.32. O material do núcleo é agora ferro tecnicamente adequados para a construção
fundido e deseja-se saber a corrente de ímãs permanentes e eletroímãs.
necessária para produzir a indução de 1,0
T. Calcule também H,  e r.

10.35 - Prove, usando as regras adequadas, Respostas selecionadas


que as forças entre dois condutores
paralelos, percorridos por corrente de 10.15-  = 21,6 mWb
mesmo sentido, tendem a aproximá-los.
10.16 – B = 1,5 T.
10.36 - Dois fios paralelos percorridos por
uma corrente de 5000 A produzem uma 10.17 - a) 6,0 mWb; b) 5,196 mWb; c) 3 mWb
força de 50 kgf por cada metro de
comprimento do conjunto. Calcule a 10.18 - F = 0,6 N entrando no plano do papel
distância que os separa.
10.21 – I = 6,30 A.
10.37 - Justifique por que a mesma intensidade
de campo produz indução maior no ferro 10.22 - F = 0,75 N para baixo.
do que no ar. Use os resultados da teoria de
Weber-Ewing. 10.28 - I = 125.000 A

10.38 - Tome valores da curva de magnetização 10.29 - I = 2356 A; B = 9,425 mT.


e prove que a permeabilidade relativa dos
materiais magnéticos é variável com a 10.30 - I = 25,34 A
intensidade de campo indutor.
10.31 - 3021 espiras.
10.39 - Defina temperatura de Curie para
materiais magnéticos. 10.32 - H = 1194 Ae/m; B = 1,5 T;  = 0,6 mWb

10.40 - Justifique porque, a partir de certo valor 10.33-  r = 898,7; B = 1,348 T;  = 539 Wb
de intensidade de campo, a indução num
material magnético cresce muito 10.34 - H = 11.000 Ae/m; I = 4,61 A;
lentamente.  = 90,91x10-6 H/m,  r = 72,34
10.41 - Defina indução residual e força 10.36 - d = 1,0 cm
coercitiva.

10.42 - Desenhe os laços de histerese de


materiais próprios para a construção de ímãs
permanentes e eletroímãs e justifique.

10.43 - Cite a origem das perdas por histerese


num material magnético.

10.44 - Porque um material magnético com


força coercitiva alta é ruim para trabalho em
um eletroímã alimentado com corrente
alternada?
Capítulo XI – CIRCUITOS MAGNÉTICOS

Carl Friedrich Gauss (1777- 1855)


Carl Friedrich Gauss era filho de camponeses alemães
pobres, mas se tornou um dos casos precoces registrados na
história da matemática, pois já aos três anos de idade era capaz de
efetuar algumas operações aritméticas. Aos dez anos, Gauss
iniciou seus estudos de aritmética, espantando ao seu mestre,
Buttner, pela facilidade com que completava complicadas
operações. Buttner tinha um jovem assistente, Johann Martin
Bartels, apaixonado pela matemática, a quem entregou a tarefa de
ensinar ao precoce Gauss. Tendo amigos influentes, Bartels fez com
que Gauss se tornasse conhecido do duque de Braunschweig, Carl
Wilhelm Ferdinand, que financiou seus estudos até sua morte.
Em 1792, Gauss ingressou no Collegium Carolinum onde estudou as obras de Leonhard
Euler, Joseph-Louis de Lagrange e Isaac Newton. É nesse período que Gauss principia suas
investigações sobre aritmética superior, que lhe dariam o título de "príncipe da matemática". Gauss
deixou o Collegium Carolinum para entrar na Universidade de Göttingen. Em 1796 decide-se
dedicar-se à matemática. Nesse ano Gauss começa a redigir um diário científico, anotando as suas
descobertas. Esse diário só foi divulgado 43 anos após a morte de Gauss, quando, para isso, a
Sociedade Real de Göttingen obteve a permissão do neto de Gauss. O diário contém 146 anotações,
breves exposições dos descobrimentos feitos pelo seu autor no período de 1796 a 1814. Em 1811 foi
observado um cometa e Gauss teve a satisfação de constatar que o astro seguia exatamente a
trajetória por ele calculada. Estudou também eletricidade e magnetismo motivo pelo qual a unidade
de indução magnética no sistema CGS recebeu o nome Gauss em sua homenagem .
[http://educacao.uol.com.br/biografias/carl-friedrich-gauss.jhtm]

11.1 - LEI DE HOPKINSON Isso fará que o fluxo fique totalmente


confinado dentro do núcleo, impedindo que
Considere-se um circuito magnético tal existam linhas de indução passando por
como o da Figura 11.1. Para obter-se um fluxo caminhos indeterminados.
constante ao longo do circuito magnético Aplicando-se a lei de Ampère à linha de
deve-se usar maior número de Ampère-espiras força média da Figura 11.1 tem-se:
por metro (maior intensidade de campo - H) m

nos trechos onde a permeabilidade seja menor. H j . j It


j 1

1 > 2 Expandindo do somatório chega-se a:

H1. l 1 + H2. l 2 = N1.I + N2.I

l1 No entanto: H1 = B1/ 1 e H2 = B2/


I I 2
S2 l2 Logo:
N1 N2 2
S1
1 B1 B2
1  2 N.I onde: N = N1 + N2
1 2

1 2
Mas: B1 e B2
S1 S2
Devido ao modo de construção referido
Fig. 11.1 - Posição ideal das bobinas no circuito acima tem-se o mesmo fluxo em todo o circuito.
magnético
1= 2=
XI - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Assim: 1  2 N.I (11.4) ou = . (11.5)


1 .S1 2 .S2
1 2
ou N.I Na prática é geralmente impossível fazer
1.S1 2 .S2
uma distribuição de espiras como a mostrada na
Figura 11.1. A bobina geralmente é colocada
O produto N.I, que é a corrente total em apenas um ou dois locais, de forma a ser
envolvida na lei de Ampère, passa agora a ser possível a sua construção de maneira simples.
chamado de força magnetomotriz por ser (Ver Figura 11.2)
responsável pela criação do fluxo no núcleo.
Seu símbolo mais comum é e a sua
unidade é o Ampère-espira (A.e) ou
simplesmente Ampère (A).

= N.I (11.1)

As variáveis que caracterizam os trechos


do circuito magnético são agrupadas e passam a
serem chamadas de relutâncias por se
comportarem como oposições à passagem do
fluxo magnético através do circuito magnético.

 Fig. 11.2 - Bobina de magnetização concentrada num


(11.2) local (não distribuída)
.S
Esse procedimento traz como
A unidade de relutância no sistema SI é resultado um fenômeno indesejável, que é a
Ampère-espira por Weber (A.e/Wb) para ser dispersão magnética, ou seja, certa quantia de
dimensionalmente coerente com as outras linhas de força sai (vaza) do caminho
variáveis. limitado pelo núcleo fechando seu circuito
Agrupando as variáveis apropriadamente através do ar (linhas tracejadas).
chega-se a: . 1+ . 2= Na abordagem simplificadora será
desprezada a dispersão magnética e o fluxo será
Pondo-se o fluxo em evidência tem-se: tomado como constante ao longo do circuito
magnético.
(11.3)
1 2
11.2 - ANALOGIA ENTRE CIRCUITO
MAGNÉTICO E CIRCUITO ELÉTRICO
Com essas definições pode-se expressar
a lei de Hopkinson que também é conhecida Estes novos conceitos não existem por
como lei de Ohm do Eletromagnetismo. acaso. Eles foram criados justamente por
analogia com o circuito elétrico a fim de
melhorar a compreensão dos circuitos
Enunciado: O fluxo magnético num circuito
magnéticos.
é diretamente proporcional à f.m.m. aplicada e
No exemplo mostrado na Figura 11.3,
inversamente proporcional à sua relutância. para o circuito elétrico e para o circuito
magnético, tem-se respectivamente:
Esta equação aparece de diversas formas:
Circuitos Magnéticos XI - 3
________________________________________________________________________________________________

E 11.3 - APLICAÇÃO DA LEI DE AMPÈRE A


I (11.6) CIRCUITOS MAGNÉTICOS CLÁSSICOS
R1 R2 R3
11.3.1 - Circuito magnético homogêneo
(11.7)
1 2 3 Será suposto, inicialmente, que o circuito
magnético seja homogêneo, isto é, que as seções
transversais sejam constantes e que os materiais
R1 sejam os mesmos em toda a extensão do
I circuito.
Isso implica na ausência de entreferros
E R2 (frestas de ar) no caminho do fluxo. Outra
suposição simplificadora é que o fluxo fica
R3 totalmente confinado no núcleo sem que haja
dispersão de fluxo pelo ar. Como o fluxo é
constante ao longo do circuito, isto fará que a
indução (B) e a intensidade de campo (H) sejam
constantes.
1
Olhando-se o circuito magnético da
Figura 11.4 verifica-se ser razoável dividi-lo
2
em quatro partes para aplicação da lei de
Ampère, como é mostrado a seguir.

3
B C

Fig. 11.3 - Circuito magnético e seu análogo elétrico N.I

Os outros equacionamentos usados em


circuitos elétricos também podem ser usados
com algumas restrições. Deve-se salientar, no A D
entanto, que o fluxo magnético não contém
Fig.11.4 - Circuito magnético de material homogêneo
nenhum movimento físico de partículas ou algo
semelhante. O fluxo é, na verdade, o produto
da indução pela área da seção transversal e tem 4

uma orientação dada pelo sentido das linhas de H j.  j It N.I


j 1
força.
HAB.lAB + HBC. lBC + HCD. lCD +HDA. lDA = N.I
Como a permeabilidade dos materiais
magnéticos depende da indução, a relutância
é variável com a variação do fluxo. O Mas HAB = HBC = HCD = HDA = cte = Hn
conceito de relutância, portanto, é mais útil Assim: Hn (lAB + lBC + lCD + lDA) = N.I
qualitativamente do que quantitativamente.
Para o cálculo de circuitos magnéticos Hn. ln = N.I e, por fim, tem-se:
práticos, a lei de Ampère é mais rápida. Ela é
análoga à segunda lei de Kirchhoff, onde o lado Hn = N.I / ln (11.8)
esquerdo representa as quedas de tensão e o lado
direito a soma das f.e.m.s existentes. Onde: ln = comprimento médio no núcleo (m).
XI - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

A solução de um problema assim se Com o valor da intensidade de campo


assemelha ao cálculo de um toróide. Tanto se (H) entra-se na curva (ou tabela) do ferro
pode fornecer a f.m.m. e buscar o fluxo forjado e obtém-se, por interpolação linear, o
produzido como se pode procurar a f.m.m. valor da indução B.
necessária para a produção de um dado fluxo.
Em ambos os casos se deve calcular a B (T)
indução (B) ou a intensidade de campo (H) e
entrar na curva B-H (ou tabela B-H) a fim de 1,758
encontrar o valor do outro. Caso a tabela não
contenha exatamente os valores que se deseja,
deve-se fazer uma interpolação.
H (Ae/m)
Exemplo resolvido 11.1: O circuito magnético
8333
abaixo tem 1000 espiras e é feito de ferro
forjado. Calcular a intensidade do campo, a
indução e o fluxo para uma corrente de 10 A. B (T) H (Ae/m)
1,7 6.000
B 8.333
10
Sn 1,8 10.000
B C 10
B 1,7 8.333 6.000
1,8 1,7 10.000 6.000
NI 2.333
20 B .0,1 1,7 B 1,758 T
4.000
Para calcular o fluxo deve-se conhecer a
área da seção transversal que, neste caso, é um
10
A D quadrado com 10 cm de lado.

10 20 10
S = lado2=10cm x10cm = 100cm2 = 100x10-4m2
Todas as dimensões estão em centímetros.
= B.S = 1,758 T x 100 x 10-4 m2 =
=175,8 x10-4 = 17,58x10-3 Wb = 17,58 mWb
Solução: Aplicando-se a lei de Ampère tem-se:
Exemplo resolvido 11.2: Calcular o fluxo no
caso anterior com a lei de Hopkinson.
N.I = HAB .lAB + HBC. lBC + HCD. lCD + HDA. lDA
Solução: Deve-se, obrigatoriamente, entrar na
Como o fluxo e as seções são constantes
curva BH para obter B ou H, um em função do
tem-se B = cte.
outro, e com isto conhecer a permeabilidade
Como a indução e o material são
absoluta do ferro forjado. Para a intensidade de
constantes tem-se H = cte= Hn; logo se pode por
campo H criado pela corrente de 10 A tem-se:
Hn em evidência.
= B/H=1,758 T/8.333 Ae/m = 0,211x10-3H/m
N.I = Hn (lAB + lBC + lCD + lDA) N.I = Hn . ln -3 -7
r = 0,211x10 H/m / 4 x10 H/m = 167,9

Hn = N.I / ln = 10 A.1000 e / (0,30 m . 4) =


Agora se pode calcular a relutância do
Hn = 8.333 Ae/m
circuito magnético.
Circuitos Magnéticos XI - 5
________________________________________________________________________________________________

 1,20m Solução: Aproveitando alguns valores já


.S 0,211x10 H / m.100x10 4 m2
3 calculados tem-se:
568.700 Ae/Wb = B/H = 1,66 T/5000 Ae/m = 0,332x10-3 H/m

Aplicando a lei de Hopkinson tem-se:  1,20m


1000e x10A .S 0,332x10 H / m.100x10 4 m 2
3

17,58x10-3 Wb
568.700Ae / Wb = 361.400 Ae/Wb
17,58 mWb
= . =16,6 x 10-3 Wb. 361.400 Ae/Wb
Exemplo resolvido 11.3: Seja o mesmo = 6000 Ae
circuito magnético do exemplo anterior.
Calcular a corrente necessária para a I= / N = 6000 Ae/ 1000e I = 6,0 A
produção de um fluxo de 16,6 mWb.

Solução: Para entrar na curva de magnetização, 11.3.2 - Circuito magnético não-homogêneo


deve-se conhecer B ou H e, assim, se pode
calcular a indução B a partir do fluxo e da Quando o circuito magnético contém
área da seção transversal. entreferros, seções variáveis e/ou mesmo
materiais diferentes, o valor da intensidade de
B = /S= 16,6 x10-3 Wb/100 x10-4 m2 = 1,66 T campo H é variável ao longo do circuito.
Dessa forma não se pode,
B (T) analiticamente, calcular o valor do campo H a
partir de um valor dado de corrente, porque a
1,66 lei de Ampère apresentaria vários valores
incógnitos (H1, H2, H3, etc).
Nesse caso, pode-se apenas calcular o
valor da corrente (ou da f.m.m.) necessária à
produção de uma dada indução (ou de um
H (Ae/m)
dado fluxo). Pela consideração de que não há
Hn
dispersão, todo o fluxo é confinado no núcleo
sendo, portanto, constante ao longo do
circuito magnético.
B (T) H (Ae/m) Através das seções transversais de cada
1,6 3.500 trecho obtêm-se as induções respectivas. No
1,66 Hn caso do trecho ser de material ferromagnético
1,7 6.000 entra-se com a indução (B) na curva B-H do
mesmo e encontra-se a intensidade de campo
H 3500 1,66 1,6 (H) correspondente.
6000 3500 1,7 1,6 Se o material for não-magnético a
0,06 relação entre indução e a intensidade de campo é
H .2500 3500 H 5000 Ae / m dada pela permeabilidade absoluta do vácuo e,
0,10 portanto, nenhuma curva é consultada. Tem-se
assim:
N.I = Hn . ln = 5000Ae/m . 1,2 m = 6000 Ae
I = 6000Ae / 1000e I = 6,0 A H=B/ = B / (4 x 10-7H/m) (11.9)
0

Exemplo resolvido 11.4: Calcular a corrente


do caso acima usando a lei de Hopkinson.
XI - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Agora é só aplicar a lei de Ampère, B = 1,44 T => Tabela B-H H = 1520 Ae/m
considerando o comprimento de cada trecho do
circuito e obtém-se a f.m.m. No trecho CD tem-se ar, logo:

Exemplo resolvido 11.5: Seja um circuito H = 1,44 T / 4 x10-7 H/m= 1,146x106 Ae/m
magnético com as dimensões do exemplo
anterior com exceção de que tenha um entreferro Aplicando-se a lei de Ampère tem-se:
numa perna com 2 mm. Calcular a corrente
necessária para produzir um fluxo de 14,4 mWb. = N.I = HAB. lAB + HBC. lBC + HCD. lCD + HDE.
lDE + HEF. lEF + HFA. lFA
10
10
A Sn B = 1520 Ae/m.(0,30+ 0,149+ 0,149+ 0,30+
0,30)m + 1,146x106 Ae/m.0,002m
9,9

0,2 =1520Ae/m(1,198)m+1,146x106Ae/mx0,002m
NI C
9,9
D = 1821 Ae + 2292 Ae = 4113 Ae
10
i= / N = 4113 Ae / 1000 e = 4,113 A
F E
Observando cada parcela da lei de
10 20 10 Ampère fazemos uma analogia entre as quedas
Todas as dimensões estão em centímetros.
de tensão num circuito elétrico série e o
consumo de f.m.m. num circuito magnético
série. A f.m.m. da bobina no circuito magnético
Solução: Já tínhamos calculado: é análoga à f.e.m. no circuito elétrico.
Pode-se observar que o entreferro,
S =100 x 10-4 m2 e B = 1,44 T apesar de muito pequeno, consome a maior
parte da f.m.m. produzida pela bobina. Por isso,
Pelo exemplo anterior o material do os entreferros, em quase todos os equipamentos
núcleo é ferro forjado. eletromagnéticos, são feitos com o menor
tamanho possível.
Entrando com a indução B = 1,44 T na Um método bastante utilizado para
curva de ferro forjado obtém-se a intensidade de aplicar a lei de Ampère é o preenchimento do
campo H que será válido para todos os trechos quadro abaixo. Este quadro não envolve novos
do circuito com exceção do entreferro. cálculos, mas organiza os resultados e dá uma
boa visão do problema.

Trecho Material (Wb) S (m2) B (T) H (Ae/m) l (m) H.l (A.e)


AB Fe forjado 14,4 x10-3 100 x 10-4 1,44 1520 0,30 456
BC Fe forjado 14,4 x10-3 100 x 10-4 1,44 1520 0,149 226,5
CD Ar 14,4 x10-3 100 x 10-4 1,44 1.146.000 0,002 2292
DE Fe forjado 14,4 x10-3 100 x 10-4 1,44 1520 0,149 226,5
EF Fe forjado 14,4 x10-3 100 x 10-4 1,44 1520 0,30 456
FA Fe forjado 14,4 x10-3 100 x 10-4 1,44 1520 0,30 456
= 4113
Circuitos Magnéticos XI - 7
________________________________________________________________________________________________

11.4 - DISPERSÃO, EMPILHAMENTO E particulares, onde já haja grande experiência


ESPRAIAMENTO (Opcional) anterior. Dependendo do grau de saturação do
ferro, pode acarretar em forte saturação do
Os métodos de cálculo que foram trecho onde está a bobina levando a grandes
utilizados desprezavam certos fenômenos os erros de cálculo. Na prática, deve-se
quais serão agora examinados com maior multiplicar o fluxo útil (a princípio, o fluxo do
cuidado. entreferro) por um coeficiente entre 1,10 e 1,25
para obter o fluxo no trecho de circuito onde
11.4.1 - Dispersão magnética está a bobina magnetizadora.

Até o presente momento supunha-se que 11.4.2 - Fator de empilhamento


todo o fluxo ficava confinado dentro do núcleo
de material ferromagnético e, portanto, todo o Quando é usado núcleo laminado, a
fluxo gerado pela bobina atingia a região de isolação entre as lâminas e o empilhamento não-
interesse. Isso é uma realidade nos circuitos perfeito do pacote de lâminas faz com que a
toroidais, porém é uma aproximação nos seção geométrica do núcleo seja ligeiramente
circuitos reais. A região de interesse pode ser o superior à seção líquida de ferro ou seção
entreferro ou o local onde está um segundo magnética. A relação entre a seção magnética
enrolamento, como nos transformadores. e a seção geométrica do núcleo é chamada de
fator de empilhamento.
O fator de empilhamento é fornecido
pelo fabricante de aço para uso magnético e
sempre recai no entorno de 0,90 a 0,95.
Na prática, multiplica-se a seção
u
geométrica do núcleo por um fator entre 0,90 e
b
d Se
0,95 para obter a área real de ferro.

Sm = Sg . ke , Sm = (0,90 a 0,95) Sg (11.11)

11.4.3 - Espraiamento
Fig.11.5 - Circuito magnético com dispersão
magnética A seção real do entreferro é um pouco
maior do que a seção das faces de ferro que o
Na realidade, parte do fluxo gerado pela limitam. Isso se deve ao fato de o fluxo
bobina fecha-se pelo ar, enlaçando apenas a procurar um caminho de menor relutância, o
bobina que lhe deu origem e, portanto, não que é obtido pelo alargamento das linhas de
alcançando a região de interesse. força ao passar no entreferro. Quanto maior o
Considerando-se que o fluxo na região entreferro maior é o espraiamento.
de interesse (fluxo útil) seja tomado como
referência (100%), a bobina deverá produzir
núcleo
um pouco mais de fluxo para suprir o fluxo
disperso.
entreferro le
Se
b = u + d; b = (1,10 a 1,25) u (11.10)
núcleo
Tem-se, então, uma dispersão magnética
numa faixa de 10% a 25%, sendo que o valor Fig. 11.6 - Fenômeno do espraiamento
preciso só é obtido para casos bastante
XI - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Tal fato vem reduzir a relutância do No resto do circuito magnético será


entreferro e deve ser levado em conta. Se o considerado o fluxo aproximadamente igual ao
entreferro for pequeno, descobre-se a sua área fluxo do entreferro. Isso é uma aproximação,
efetiva acrescentando o comprimento do pois o fluxo vai diminuindo desde a bobina
entreferro (nas mesmas unidades) nos lados do até o entreferro.
retângulo que o delimita. [ROBINS & MILLER – A seção efetiva do entreferro será
Análise de Circuitos. FITZGERALD, KINGSLEY & calculada por:
UMANS – Máquinas Elétricas]
Se = (10,0 + 0,2)cm .(10,0 + 0,2)cm =
Se = (a + le ) . (b + le) (11.12) Se = 104,0 cm2 = 104,0 x 10-4 m2

Se o entreferro for grande (alguns poucos A seção magnética do ferro é


centímetros) não há nenhum equacionamento calculada pela seção geométrica e pelo fator
confiável. Nesses casos devem ser usados de empilhamento.
métodos computacionais de cálculo de campo.
Sm = 100 x 10-4 m2 x 0,90 = 90 x10-4 m2
Exemplo resolvido 11.6: Seja o mesmo circuito
magnético do Exemplo Resolvido 11.5. Deseja- Dividindo-se os fluxos pelas áreas das
se calcular a corrente na bobina para obter um seções transversais, obtêm-se as densidades
fluxo de 14,4 mWb no entreferro. Considerar o magnéticas nos diversos trechos.
espraiamento que o fluxo disperso é 15% do Com as induções no ferro entra-se na
fluxo útil (do entreferro) e que o fator de tabela B-H do ferro normal e obtêm-se os
empilhamento é 0,90. valores das intensidades de campo.
A B
B = 1,6 T =>Tabela => H = 3.100 Ae/m
B = 1,84 T =>Tabela => H = 11.320 Ae/m
C
b d u Conhecidos os comprimentos de cada
D trecho pode-se montar a tabela abaixo, a qual é
muito própria para circuitos mais complexos.
No Exemplo 11.5, com material
F E semelhante, sem estas considerações, a f.m.m.
seria 4113 Ae o que corresponde a uma enorme
Solução: O fluxo no núcleo sob a bobina será: diferença. Neste caso foi mostrada uma
situação bastante extrema, pois o fluxo disperso
b = u .1,15 = 14,4x10-3 Wb x 1,15 = elevou a indução no trecho dentro da bobina
-3 a ponto de saturá-lo acentuadamente.
b = 16,56x10 Wb
Trecho Material (Wb) S (m2) B (T) H (Ae/m) l (m) H.l (A.e)
AB Fe normal 14,4 x10-3 90 x 10-4 1,6 3100 0,30 930
BC Fe normal 14,4 x10-3 90 x 10-4 1,6 3100 0,149 461,9
CD ar 14,4 x10-3 104 x 10-4 1,38 1.098.000 0,002 2196
DE Fe normal 14,4 x10-3 90 x 10-4 1,6 3100 0,149 461,9
EF Fe normal 14,4 x10-3 90 x 10-4 1,6 3100 0,30 930
FA Fe normal 16,56x10-3 90 x 10-4 1,84 11320 0,30 3396
= 8375,8
Circuitos Magnéticos XI - 9
________________________________________________________________________________________________

11.5 - TIPOS BÁSICOS DE ELETROÍMÃS 11.5.3 - Separador magnético

11.5.1 - Campainha O separador magnético é usado em


esteiras transportadoras para separar materiais
A campainha ou cigarra contém uma ferrosos de não-ferrosos num processo contínuo.
lâmina de ferro, que é atraída quando circula Uma polia sobre a qual se apóia a correia
corrente na bobina. A mais comum usa transportadora, possui ímãs ou eletroímãs que
corrente alternada para que haja vibração atraem pedaços de ferro para junto da correia
naturalmente. As campainhas de C.C. devem ter que os arrastam e os largam em outro local.
um contato automático para produzir o ruído.

Chapa de
ferro flexível
Bobina
com
núcleo de ferro

Ferrosos Não-ferrosos
Fig.11.7 – Campainha ou cigarra
Fig.11.9 - Separador magnético

11.5.2 - Chaves magnéticas 11.5.4 - Guindaste magnético

As chaves magnéticas (contatores e O guindaste magnético é muito usado


relés) são dispositivos que são comandados à nas usinas siderúrgicas para transportar sucatas
distância através da alimentação de sua bobina de ferro dentro do seu pátio de estocagem.
com corrente elétrica. Enquanto houver corrente Consta de um poderoso eletroímã cujo circuito
na bobina existe força de atração sobre a âncora, magnético completa-se através do núcleo do
vencendo as molas e fechando os contatos eletroímã e dos pedaços de ferro a serem
elétricos. Quando a corrente cessa, as molas transportados1.
afastam imediatamente a âncora do núcleo,
desligando o circuito elétrico que estava sendo
comandado pelo dispositivo magnético.

Contato móvel

Contato fixo

Âncora de ferro

Bobina com
núcleo de ferro

Fig.11.9 - Guindaste magnético para sucatas


Núcleo de ferro

Fig.11.8 – Contator ou relé


1
http://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-guindaste-
magn-eacutetico-da-sucata-image12895954
XI - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

11.6 - FORÇA DE ATRAÇÃO DOS Exemplo resolvido 11.7:


ELETROÍMÃS Desprezando espraiamento, dispersão
magnética e a relutância do ferro, calcular a
Apesar dos eletroímãs serem força de atração sobre a âncora do eletroímã:
equipamentos muito comuns e com as mais a) devido a cada uma das pernas;
diversas formas, seu equacionamento analítico b) devido às duas pernas.
é bastante limitado. As equações disponíveis
sempre fazem uma série de restrições para que
permaneçam confiáveis.
A seguir será apresentada uma equação
de força de atração cuja dedução é baseada na Bobina com 1000 espiras
variação da energia magnética armazenada em e corrente de 1 A
função da variação do comprimento do
entreferro. [RESENDE, Materiais usados em
Eletrotécnica, FITZGERALD, Máquinas Elétricas;
MARTIGNONI, Eletrotécnica]

B2 .S 0,5
F (11.13) 2
2. 0
2 ? 2
Onde: F = Força numa face polar com área S e Todas as medidas em cm. Profundidade = 2cm
indução B ( N );
S = Área de uma face polar ( m2 ); Solução: S = 2x10-2 m x 2x10-2 m = 4x10-4 m2
B = Indução no entreferro ( T ).

Esta equação foi deduzida levando em Como a relutância do ferro é desprezível


conta as seguintes simplificações: basta calcular o comprimento do caminho
a) A relutância do ferro é considerada magnético nos entreferros:
desprezível em comparação com a do ar, ou seja, le = 0,5x10-2m x 2 = 1x10-2 m
após a atração, a equação deixa de ser precisa.
b) A indução deve ser constante em toda a área
do entreferro, ou seja, o entreferro não deve  1x10 2 m
exceder alguns milímetros a fim de que o 0. S 4 x10 7 H / m x 4x10 4 m 2
espraiamento e a dispersão magnética sejam 1,99 x10 7 Ae/Wb
desprezíveis. 1000 e.1A
50,25 Wb
1,99x10 7 Ae / Wb
50,25x10 6 Wb
B 125,6 mT
S 4x10 4 m2
a)
B2 .S (125,6 x10 3 T) 2 x 4 x10 4 m 2
F 2,51 N
2. 0 2 x 4 x10 7 H / m
b) F t = 2x F = 5,02 N = 0,502 kgf
Circuitos Magnéticos XI - 11
________________________________________________________________________________________________

Questões e problemas
a) Calcular a intensidade de campo, a indução e
11.1. Deduza a lei de Hopkinson a partir da lei o fluxo quando o núcleo for de ferro
de Ampère. forjado com uma corrente de 11 A na
bobina.
11.2. Uma bobina de 1000 espiras está enrolada b) Calcular a corrente necessária para a
sobre um núcleo toroidal de seção produção de um fluxo de 4.7 mWb.
transversal circular e cujo raio interno é c) Refaça o item b) usando a lei de Hopkinson.
10 cm e o externo é 14 cm. O material
do núcleo é ferro-silício. Calcule a
corrente necessária à produção de uma 11.5. Calcular a corrente necessária à produção
indução de 0,8 T no raio médio. de 1,65 mWb sabendo que existe um
entreferro de 2 mm com ar. O núcleo tem
N=1000 as mesmas dimensões daquele do
problema 11.4, porém o material é lâmina
Ri = 10 cm de ferro-silício.

Rm
I 11.6. Calcule a f.m.m. necessária para produzir
um fluxo de 0,77 mWb nos entreferros.
Calcule também a força sobre a âncora.
Re=14 cm Mat. 1 = Ferro forjado; Mat. 5 = Ar
Profund: 4 cm.

11.3. Recalcule o problema 11.2 usando


obrigatoriamente a lei de Hopkinson, ou
G F 4
seja, use o conceito de relutância magnética
e de f.m.m.
N=1500
11.4. O circuito magnético abaixo tem 800 mat 1 10
espiras e pode-se considerar que o fluxo
fica totalmente confinado dentro do núcleo H E
mat 5
de ferro forjado. A D
0,5 mat 1
B 4
C
8
B Sn C 5 4 10 4
Todas as medidas estão em cm.

NI 11.7. A figura abaixo mostra um núcleo de


10
chapas padronizadas E-I. Calcule a f.m.m.
necessária à produção de 1 mWb na perna
central. Calcule também a força sobre a
5
âncora.
A D Mat. 3 = Lâmina de ferro normal
Profundidade = 2 cm
5 10 5 Dica: Divida o circuito ao meio no sentido
Todas as dimensões estão em centímetros. vertical e calcule numa parte como se a
outra não existisse.
XI - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

11.9. Refaça o problema 11.6 considerando o


G
2 F fator de empilhamento de 90%, dispersão
magnética de 15% e o espraiamento nos
entreferros. Para o problema abaixo faça
4 uma tabela conforme exemplo 11.6.
E
Material: Lâminas de Ferro Silício;
0,5 H Profundidade. = 4 cm
A D

2 B C
G F
4

2 2 4 2 2 N=1500
mat 1 10
11.8. O eletroímã abaixo se assemelha a um
automático de motor de arranque de H E
veículos automotores. Seu êmbolo tem mat 5
A D
seção transversal circular com raio ( r ) de 0,5 mat 1 4
B C
1,0 cm. Calcule a força de atração para um
entreferro de 10 mm. Desprezar dispersão 4 10 4
magnética, relutância do ferro e
espraiamento.
Respostas selecionadas:
Bobina 11.2- i = 0,188 A
com 500
espiras 11.3- = 187.505 Ae/Wb,
I = 10 A = 188 Ae, i = 0,188A
le 11.4- a) l = 0,60 m, H = 14.667 Ae/m,
êmbolo
r
B = 1,88 T, = 7,52 mWb
Se b) B = 1,175T, H = 590Ae/m, i = 0,443A
c) r = 1584,8, = 75.320 Ae/Wb,
= 354 Ae, i = 0,443 A
11.5- i = 0,935 A
11.6 - = 3854 Ae, F = 294,9 N
11.7- = 10132 Ae, F = 994,7 N
11.8 - B = 0,625 T, F = 48,8 N
11.9- = 3129 Ae, F = 233 N

Tabela auxiliar para a questão 11.9

Trecho Material (Wb) S (m2) B (T) H (Ae/m) l (m) H.l (A.e)


ABCD
DE
EF
FG
GH
HA
=
Capítulo XII – INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

James Clerk Maxwell (1831 -1879)


Maxwell foi um físico e matemático britânico. Ele é mais
conhecido por ter dado a sua forma final à teoria moderna do
eletromagnetismo, que une a eletricidade, o magnetismo e a óptica.
Esta é a teoria que surge das equações de Maxwell, assim
chamadas em sua honra e porque ele foi o primeiro a escrevê-las
juntando a lei de Ampère, por ele próprio modificada, a lei de
Gauss, e a lei da indução de Faraday. Maxwell demonstrou que os
campos elétricos e magnéticos se propagam com a velocidade da
luz. Em 1860 foi nomeado professor no King's College de Londres e
em 1861 foi eleito membro da Royal Society.
Ele apresentou uma teoria detalhada da luz como um efeito eletromagnético, isto é, que a
luz corresponde à propagação de ondas elétricas e magnéticas, hipótese que tinha sido posta por
Faraday. Demonstrou em 1864 que as forças elétricas e magnéticas têm a mesma natureza: uma
força elétrica em determinado referencial pode tornar-se magnética se analisada noutro, e vice-
versa. Ele também desenvolveu um trabalho importante em mecânica estatística, tendo estudado a
teoria cinética dos gases e descoberto a chamada distribuição de Maxwell-Boltzmann. Maxwell é
considerado por muitos o mais importante físico do séc. XIX, o seu trabalho em eletromagnetismo foi
a base da relatividade restrita de Einstein e o seu trabalho em teoria cinética de gases fundamental
ao desenvolvimento posterior da mecânica quântica. Em 1873 ele publicou o Tratado sobre
Eletricidade e Magnetismo, livro que continha todas as suas ideias sobre esse tema e que condensa
todo o seu trabalho ao longo dos anos. A unidade de fluxo magnético no sistema CGS recebeu o seu
nome em merecida homenagem. [ http://www.fotodicas.com/biografias/James_Clerk_Maxwell.html]

ponteiro do instrumento. A experiência, apesar


12.1 - INTRODUÇÃO HISTÓRICA de simples, foi decisiva para o desenvolvimento
de diversos equipamentos eletromagnéticos hoje
Até 1820 pensava-se que eletricidade e bem conhecidos, como o gerador elétrico, por
magnetismo eram dois fenômenos totalmente exemplo.
independentes. Nesse ano Hans Christian As conclusões obtidas por Faraday, a
Oersted demonstrou que uma corrente partir dessas experiências, foram:
produzia uma deflexão numa bússola
colocada nas proximidades. Isso mostrou que a 1. O instrumento deflexiona o ponteiro apenas
corrente elétrica produz campo magnético. quando existe movimento relativo entre o ímã e
Desde então, houve pesquisas para a bobina, como nos seguintes casos:
tentar obter a eletricidade a partir do
magnetismo. Dentre os pesquisadores se Ímã em movimento e bobina parada;
destacaram Henry, Faraday, Lenz e Maxwell. Bobina em movimento e ímã parado;
Ímã e bobina em movimento relativo.
12.2 - LEI DE FARADAY
Quando o movimento cessa, mesmo
Em 1831, Michael Faraday publicou seu que exista um grande fluxo magnético dentro
trabalho enunciando o Princípio da Indução da bobina, não é gerada nenhuma força
Eletromagnética a partir das experiências que eletromotriz (e).
serão descritas a seguir. Faraday aproximava e Faraday então concluiu que a causa da
afastava um ímã de uma bobina ligada a um f.e.m. é a variação de fluxo magnético dentro
galvanômetro (espécie de voltímetro muito da bobina e não a existência do fluxo magnético
sensível) e observava o comportamento do dentro da mesma.
XII - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

v v

S N S N

o o

v v

V V
V=0 Vrel= 0

S N S N

o o
Fig. 12.1 – A
experiência de
v Faraday v

2. A deflexão do ponteiro, ou valor da f.e.m., é No Sistema de Unidades esta constante é


diretamente proporcional à velocidade com que 1, portanto a equação da f.e.m. induzida fica:
ocorre a variação de fluxo dentro da bobina, ou
e N. (12.1)
seja, é proporcional à taxa de variação de fluxo. t
e
t Onde: |e| = módulo da f.e.m. induzida (Volt);
N = número de espiras da bobina;
3. Substituindo-se a bobina por outra de maior / t = taxa de variação de fluxo (Wb/s)
número de espiras resulta também num
proporcional aumento da indicação no O sentido da deflexão do ponteiro do
instrumento, ou seja, numa maior f.e.m. galvanômetro depende do sentido de
induzida. deslocamento do ímã ou da bobina, ou seja, da
e N aproximação ou do afastamento, assim como
das polaridades do ímã.
Então, se a f.e.m. é proporcional às duas
grandezas, pode-se dizer que: Enunciado da lei de Faraday

e N. Um circuito elétrico fechado, sujeito a


t
uma variação de fluxo magnético no seu
Essa proporcionalidade pode se interior, gera uma f.e.m. cujo valor é
transformar em igualdade pela adoção de uma proporcional ao número de espiras e à taxa da
constante de proporcionalidade adequada. variação do fluxo.
Indução eletromagnética XII - 3
________________________________________________________________________________________________

Examinemos alguns termos comuns aos presença de energia elétrica. Para surgir tal
estudos de indução eletromagnética. Sempre que forma de energia, outra forma de energia deve
uma f.e.m. é gerada por ação de um campo ser obrigatoriamente consumida.
magnético ela será chamada de f.e.m. Para obedecer a esse princípio físico, o
induzida. A expressão indução tem significado fluxo criado pela corrente induzida deve, então,
semelhante à influência, interação ou ação à se opor à variação do fluxo indutor, que é a
distância. A corrente produzida pela f.e.m. causa da f.e.m. induzida.
induzida num circuito fechado é chamada, Assim sendo, para manter a geração de
portanto, de corrente induzida. energia elétrica, fica necessário o consumo de
O campo magnético que deu origem outra forma de energia para vencer essa
a esses fenômenos é chamado de campo indutor oposição e continuar a geração de energia
(causa) e o campo magnético criado pela elétrica.
corrente induzida é chamado de campo induzido Se o fluxo criado pela corrente induzida
(efeito). viesse a acelerar a variação do fluxo original,
haveria uma espécie de “reação em cadeia” onde
Exemplo resolvido 12.1: A bobina do seria gerada energia elétrica gratuitamente, o
secundário de um transformador possui 500 que fere o princípio da conservação da energia.
espiras e está submetida a um fluxo magnético
que varia senoidalmente no tempo. Num Enunciado da lei de Lenz
pequeno intervalo de tempo de 1,2 ms ocorreu
uma variação de fluxo de 48 Wb. Calcule a O fluxo criado pela corrente induzida
taxa de variação do fluxo no tempo e o valor da tem sempre sentido tal a se opor à variação do
f.e.m. induzida nesse intervalo. fluxo original do circuito, ou seja, tende a
manter o fluxo constante.
Solução:
A taxa de variação do fluxo é dada por: Assim sendo, quando o fluxo indutor
48x10 6 Wb está crescendo no circuito, o fluxo induzido
40x10 3 Wb / s
t 3
1,2x10 s tem sentido contrário ao mesmo.
O valor da f.e.m induzida é obtido por: Quando o fluxo indutor estiver
diminuindo no circuito, o fluxo induzido terá o
| e | N. 500 x 40 x10 3Wb / s 20V mesmo sentido do fluxo indutor.
t
Num circuito ideal, sem resistência
nenhuma, o fluxo induzido teria intensidade tal
que impediria totalmente a variação do fluxo;
12.3 - LEI DE LENZ
nos circuitos reais, o fluxo induzido apenas
tenta impedir a variação do fluxo sem, no
O físico russo, Emil Lenz, publicou em
entanto, consegui-lo integralmente.
1834 um trabalho que veio a complementar a
Como exemplo de aplicação da lei de
Lei de Faraday. A lei de Lenz, como passou a
Lenz, considere o ímã e a bobina da Figura 12.2.
ser conhecida, estabeleceu, de forma universal, o
Para aplicar corretamente a lei de Lenz
sentido da f.e.m. gerada por indução
devemos fazer cinco perguntas:
eletromagnética.
a) Qual o sentido do fluxo original dentro da
O Princípio da Conservação da Energia
bobina? O fluxo indutor aponta para a direita.
diz que a energia não pode ser criada, nem
b) O fluxo indutor está variando de que
destruída, mas apenas transformada de uma
forma? Quando o ímã é aproximado, o fluxo
forma para outra.
indutor aumenta no interior da bobina.
Quando o fluxo varia dentro de um
c) Qual é o sentido do fluxo induzido? Pela lei
circuito elétrico, gera-se f.e.m. e corrente
de Lenz, é em sentido oposto ao indutor,
induzida no circuito fechado, o que significa a
tentando impedir a sua variação.
XII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

d) Qual é o sentido da corrente induzida? Pela decréscimo do fluxo, produzindo dessa vez um
regra da mão direita, a corrente entra pelo lado fluxo no mesmo sentido do original.
de cima da bobina para o seu fluxo ser para a
esquerda, ou seja, contrário ao original. Novamente, pelos polos gerados na
e) Qual é o sentido da f.e.m. induzida? Terá o bobina, verifica-se que as forças são de atração e
mesmo sentido da corrente que ela criou, ou se opõem ao movimento, exigindo o gasto de
seja, entrando na parte superior da bobina. energia mecânica para manter a geração de
energia elétrica devido à variação de fluxo na
v i2,e2 bobina.

Conclusão: Quando a variação de


S N 1 N 2 S fluxo é positiva (acréscimo) a f.e.m. produz
corrente que produz fluxo em sentido
contrário ao anterior. Quando a variação de
fluxo é negativa (decréscimo) a f.e.m. produz
v corrente que produz fluxo no mesmo sentido
N N do anterior.
S f f NS
Com relação a efeitos mecânicos, o fluxo
Campo indutor (ímã) Campo induzido (bobina) induzido tem sempre sentido tal a causar uma
Fig. 12.2 – Exemplo de aplicação da Lei de Lenz oposição ao movimento mecânico que deu
origem à f.e.m.
Veja que os polos magnéticos gerados
Matematicamente, esse fenômeno físico
pela bobina tendem a impedir que o ímã se
deve ser expresso pelo sinal ( - ) na equação de
aproxime, para não aumentar o fluxo.
Faraday:
Aí está claro o princípio da conservação
da energia. Para obter a corrente induzida e,
portanto, a energia elétrica, é obrigatório o e N. (12.2)
consumo de energia mecânica para vencer essa t
força de repulsão oposta ao movimento do ímã.
A oposição à variação do fluxo, no O uso da equação com sinal negativo só
caso, produz um freio ao movimento do ímã. será importante nos casos em que há a aplicação
Considere, agora, o ímã afastando-se da da segunda Lei de Kirchhoff em circuitos
bobina na Figura 12.3. indutivos com corrente variável. Nos casos mais
comuns o sentido da f.e.m. é obtido de forma
v i2,e2 qualitativa, pela observação se o fluxo está
crescendo ou diminuindo dentro do circuito
elétrico.
S N 1 S 2 N
12.4 – INDUÇÃO DE F.E.M. POR
v MOVIMENTO DE CONDUTOR EM CAMPO
MAGNÉTICO
N S
S N SN Na Figura 12.4 tem-se uma espira
f f imersa dentro de um campo magnético
Campo indutor (ímã) Campo induzido (bobina)
invariável no tempo e distribuído
Fig. 12.3 – A Lei de Lenz é coerente com o princípio da uniformemente no espaço.
conservação da energia
Suponha-se que um dos lados da espira
Quando o fluxo na bobina diminui, a retangular desliza com velocidade constante
f.e.m. induzida produz uma corrente que sobre os trilhos condutores laterais.
produz um outro fluxo que tenta impedir o
Indução eletromagnética XII - 5
________________________________________________________________________________________________

Supondo que o movimento do condutor é


para a esquerda dentro do campo, tem-se uma
redução do fluxo dentro da espira.
Assim o sentido da f.e.m. é o que lança
Ímã uma corrente que produza um fluxo que tente
impedir a redução do fluxo na espira. Como o
Lado móvel
S da espira fluxo indutor está diminuindo, o fluxo induzido
B terá o mesmo sentido do campo indutor dentro
da bobina.
v Trilhos condutores O fluxo induzido está representado pelos
pontos, saindo do plano do papel próximo ao
B
R condutor pelo lado interno da espira. Esse
sentido é coerente com a regra da mão direita.
N O sentido da corrente induzida é tal que
produz uma força eletromagnética (f) em
Fig. 12.4 – Condutor em movimento dentro de campo sentido contrário ao movimento do condutor,
magnético não-variante e uniforme
que é a causa da f.e.m. O sentido da força
mecânica de origem eletromagnética é dado pela
À medida que o condutor se desloca regra de Fleming da mão esquerda.
dentro do campo magnético, a área da bobina Para manter o movimento em velocidade
varia e o fluxo contido nela também varia, constante, a fonte de movimento mecânico
gerando f.e.m. na espira. deverá produzir uma força mecânica externa
Pode-se atribuir a causa da geração de (fext) que iguale a força eletromagnética (f).
f.e.m. ao movimento do condutor entre as Para conseguir equilibrar a força
linhas de indução, ou seja, ao corte de linhas eletromagnética (f), a fonte mecânica gastará
de indução pelo condutor. Essa forma de tanta energia mecânica quanto está sendo gerada
interpretação da Lei de Faraday é muito útil em em forma de energia elétrica. Mais uma vez fica
máquinas elétricas, onde há movimento de claro que a lei de Lenz respeita a lei da
condutores dentro de campo magnético indutor Conservação da Energia nos casos de indução
fixo. eletromagnética.
Se fosse invertido o sentido de
i
+ + + + + + + + + + . movimento, o fluxo aumentaria dentro da
. . . . . . . . .
+ + + . +. . . . . . . . . . + . . . . espira conforme mostra a Figura 12.6. Portanto,
. . +
+ . . . fext . + . f. . .
agora o sentido da f.e.m., da corrente e do
Fluxo indutor
+ . . . . . . . . . . . . fluxo induzido se inverteriam para tentar
+ . . . . . . . . . v. . e,i + . . v. . impedir o crescimento do fluxo dentro da
. . . . . .
+ . . . B. . . . . . . . . + . . . . espira.
+ . Fluxo induzido +
. . . . . . . . . . +. . . . . . . . i. . .
+ . . . . . . . . i .+ . + . . . .
. . +.+ + + + + + + + + .
.
+ + + . +. + + . . . .
+Fig.+ 12.5
+ + + + . +++ . . . . . . . . . . + . . . . .
. –. Geração
. . . . de. f.e.m.
. . . em condutor
. . .retilíneo
. . + . . Fluxo indutor f + . .fext. . .
. . . . . . . + . . . . . . . . . . + . . .v . . v
. . . . . . . . . . . . . . e, i
A Figura 12.5 mostra a espira da Figura . + . . B. . . . . . . . . +. . . . .
. . . . . . . + . . . . . . . . . . +. . . . .
12.4 vista de cima. As linhas de força do campo Fluxo induzido
. . . .
do ímã estão representadas por pontos ao longo . + +. .+ + + + + + + . . .
. . . .
da figura. + . +.. i. . . .. .. . . . .. .. . . . . . . .
. . . . . . . . . . .
. . . . Fig. 12.6 – Invertendo o movimento a f.e.m. inverte
. . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . .
. . . .
. . . .
. . . .
XII - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Novamente, com a regra de Fleming 12.5 – EQUAÇÕES DA F.E.M. INDUZIDA


da mão esquerda, descobre-se que a força POR MOVIMENTO DE CONDUTOR
eletromagnética (criada pela corrente
induzida) se opõe ao movimento do condutor, Considere a espira abaixo, inserida em
obrigando a fonte mecânica a gastar energia campo magnético B, onde um dos lados é
mecânica para manter a conversão de energia. móvel.
x
Regra de Fleming da mão direita

Quando se trata de indução de f.e.m. por . . . . . . . . . . . . . . . .


movimento relativo entre condutor e campo . . . . B. . . . v. . . . . .v . .
l
magnético, a Lei de Lenz pode ser substituída R . . . . . . . . . . . . . . . .
e
pela “Regra de Fleming da mão direita”. . . . . . . . . . . . . . . S. . .
Os três dedos são colocados a 90o entre . . . . . . . . . . . . . . . .
si, de modo que fiquem nos seguintes sentidos: . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . .
Indicador: indução magnética (B) . . .
Fig. 12.8 – Determinação do valor da f.e.m. induzida
Polegar: velocidade do condutor (v) . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . .
Médio: f.e.m. induzida (e) Nesse
. . . . . . . . . . . . .fluxo dentro
caso, a variação do
da bobina . ocorre devido à variação . . . da. . área da
Vejam-se os exemplos abaixo: espira porque um dos seus lados. é. .móvel. Isso
. .
pode ser interpretado também. . como se o
S condutor “cortasse” as linhas de .indução.
. . . .
A dedução da expressão . da . .f.e.m.
. . para
B esse caso é simples. A f.e.m. na . . espira (ee) é
obtida diretamente pela lei de Faraday.
V e

ee N.
t
N
Nesse caso o número de espiras é N =1,
B
logo tem-se: ee
N e S t

Como a espira tem uma única parte


v
móvel considera-se que a f.e.m. está sendo
gerada apenas nessa parte.
S Agora passaremos do conceito de
+ e - variação de fluxo dentro da espira para o
V conceito de corte de linhas de indução pelo
deslocamento do condutor dentro do campo
magnético.
N Fazendo algumas substituições simples
chega-se à f.e.m. induzida no condutor (ec):
Fig. 12.7 – Usando a regra de Fleming da mão direita
B. S B. x.
ec ec B..v (12.3)
t t t
Indução eletromagnética XII - 7
________________________________________________________________________________________________

Onde: ec = F.e.m. induzida num condutor (V); Caso 1: O movimento é perpendicular ao campo
B = Indução do campo (T); ( = 90o ou 270o) e a f.e.m. induzida é máxima.
l = Comprimento do condutor sob a ação ec = B.l.v
do campo (m); Caso 2: O movimento do condutor é paralelo ao
v = Velocidade do condutor em relação campo ( = 0o ou 180o) e a f.e.m. induzida é
ao campo (m/s). nula. ec = 0 V

A expressão fornece o valor da f.e.m. Caso 3: Existe um ângulo entre os vetores B e


(ec) num único condutor que se move v, diferente de 90o ou 270o. Nesse caso deve-se
perpendicularmente em relação ao campo considerar a componente normal vn que é dada
magnético tomado como uniforme em toda a por: vn = v.sen , chegando-se ao caso geral.
extensão do condutor.
ec = B.l.v.sen (12.4)
Exemplo resolvido 12.2: Calcular a f.e.m.
induzida nas asas de um avião com 79,8 m de
Na situação real, para obtenção
envergadura supondo que elas cortem
ininterrupta de energia, o movimento dos
perpendicularmente o campo magnético da terra
condutores deve ser circular, mesmo porque as
com valor médio de 50 T no local. O avião
máquinas primárias só fornecem esse tipo de
viaja na velocidade de 970 km/h.
movimento.
Por esse motivo só são usadas espiras ou
Solução: A velocidade no SI vale:
bobinas rotativas. Quando um dos condutores
v = 970x103 m / 3600 s = 269,4 m/s
da espira estiver passando sob um polo sul para
A f.e.m. gerada será:
um lado, o outro condutor passa sob o polo norte
ec = B.l.v = 50x10-6Tx79,8mx269,4m/s =
em sentido contrário, o que faz com que as
ec = 1,075 V f.e.m. dos condutores sob polos de nomes
______________________________________ contrários somem-se. Isso é facilmente
percebido aplicando a regra de Fleming da mão
No caso da velocidade do condutor não direita aos dois lados ativos da espira.
ser perpendicular à direção das linhas de No caso de geração de f.e.m. em uma
indução, deve-se considerar apenas a espira retangular, a f.e.m. gerada na espira é o
componente da velocidade normal a B (vn), dobro da f.e.m. gerada em cada lado da espira,
pois a componente tangencial (vt) não contribui ou seja, o dobro da f.e.m. de um condutor.
para gerar f.e.m.
ec = B.l.v. sen , mas ee = 2. ec então:

S ee = 2. B.l.v. sen (12.5)

v Numa bobina de N espiras tem-se N


vt
vezes a f.e.m. de uma espira portanto:

vn v
3 eb = N.ee logo: eb = N.2.B.l.v.sen (12.6)

1 v 2
N

Fig. 12.9 – Direções típicas de movimento do condutor


XII - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

S Bobina
S girante
Espira com N
Eixo de girante espiras
rotação R

N N

Fig. 12.11 – Gerador elementar de C.A.

A geração de f.e.m. para uso geral


Bobina acontece em máquinas rotativas chamadas de
S girante
Geradores de Corrente Alternada ou
com N
espiras Alternadores.
A Figura 12.11 mostra um alternador do
tipo induzido rotativo e polos fixos. Nesse caso,
a geração de f.e.m. dá-se por meio do
movimento dos condutores do induzido dentro
do campo magnético do indutor, causando o
N
corte de linhas de forças do mesmo.
Fig. 12.10 – Espira e bobina rotativa
e
b

No caso de movimento rotativo, a 0o 90o 180o 270o 360o


velocidade do movimento é geralmente
expressa em rotações por segundo (n´) ou por
minuto (n). No entanto, para utilização na
equação deve-se ter a velocidade (v) em metros Fig. 12.12 – Geração de f.e. m. em alternador
por segundo. Como a trajetória do condutor é
A f.e.m. inverte seu sentido ciclicamente
uma circunferência de raio r, a cada rotação
porque os condutores, ao girarem, deslocam-se
completa o condutor percorre uma distância
ora para um lado ora para outro em relação
igual ao comprimento da circunferência, ou
ao campo magnético.
seja, 2. .r (m). Multiplicando-se essa distância
pelo número de rotações por segundo (n’) tem- Os terminais da bobina girante são
se o número de metros percorrido por segundo, ligados a anéis coletores em cuja superfície são
que é a velocidade linear (v). apoiadas escovas para a retirada da sua energia.
A cada inversão da f.e.m. há uma inversão da
v = 2. . n’.r (12.7) polaridade das escovas e a inversão do sentido
da corrente da carga Z. Esse tipo de máquina
onde: v = velocidade linear (m/s); gera, portanto, f.e.m. e corrente alternada.
n´= velocidade angular de giro (rps);
r = raio do rotor (m).
Indução eletromagnética XII - 9
________________________________________________________________________________________________

Exemplo resolvido 12.3: Calcular a f.e.m. No instante em que a chave é ligada, a


induzida máxima no induzido de um gerador de corrente cresce i1 e o fluxo indutor 1 também.
corrente alternada. Ele possui uma bobina de 50 Segundo Lenz, a f.e.m. induzida produzirá uma
espiras que gira a 60 rps dentro de um campo corrente induzida i2 cujo fluxo 2 será no
magnético uniforme de indução 0,825 T. O sentido contrário ao original para não deixá-lo
comprimento de cada condutor no sentido axial crescer.
é 20,0 cm e o raio do rotor é 5,0 cm. No desligamento da chave, a corrente i1
diminui. Então, a f.e.m. e2, a corrente i2 e o
Solução: fluxo induzido 2 serão no mesmo sentido dos
originais, para não deixar a corrente e o fluxo
v = 2 r n’= 2 0,05 m x 60 rot/s = 18,85 m/s caírem.
eb = 2.N.B.l.v.sen = Esse assunto será mais bem estudado no
eb = 2 x 50 x 0,825 T x 0,20 m x 18,85m/s sen capítulo seguinte com o nome de autoindução.
eb = 311 V sen .
Para = 90o tem-se que: eb = Ebmax = 311 V

12.6 – INDUÇÃO DE F.E.M. POR


VARIAÇÃO DE CORRENTE

Suponha-se uma bobina sendo ligada e


desligada de uma fonte de corrente contínua
conforme a Figura 12.13.

e2, i2
i1
2 1

corrente crescendo
i1

+ -

e2, i2
i1

2 1

corrente diminuindo
i1

+ -

Fig. 12.13 – Geração de f.e. m. por variação de corrente


XII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Questões e Problemas Calcule o módulo e o sentido da f.e.m.


gerada na bobina no crescimento e no
12.1. Enuncie a lei de Faraday. decrescimento da corrente.

12.8. Para cada um dos casos abaixo ache o


12.2. Calcule a f.e.m. induzida numa bobina de sentido da f.e.m. induzida usando o
1000 espiras quando o fluxo no seu raciocínio embutido na lei de Lenz.
interior varia na razão de 1,0 mWb por Suponha o circuito fechado e mostre
segundo. também o sentido da corrente e do fluxo
induzido.

12.3. Uma bobina de ignição de automóvel a)


tinha suas 5000 espiras enlaçando certo
fluxo magnético. Quando o platinado abria, N S v
esse fluxo inicial era extinto no tempo de
1,2 s gerando uma f.e.m. média de
18.000 V. Calcule o fluxo magnético
inicial? v

12.4. Comente os termos indutor e induzido para b) N S


as grandezas elétricas e magnéticas
envolvidas no fenômeno da indução
eletromagnética. v
Espira girante vista de frente

12.5. Enuncie a lei de Lenz.


S
12.6. Examine a figura ao lado e a polaridade
induzida no solenóide fechado e justifique-a v
segundo a Lei de Lenz.
c)

v N

N S N S
12.9. Descreva a regra de Fleming da mão
direita e mostre através de um desenho que
ela é coerente com a lei de Lenz.

12.7. Um toróide tem 1000 espiras e uma


relutância de 500.000 Ae/Wb. Por meio de
uma fonte de corrente ajustável foi injetada 12.10. Usando a regra de Fleming da mão direita
uma corrente que crescia na razão de 1 A descubra o sentido da f.e.m. induzida nos
por segundo até atingir a corrente de 10 A. seguintes casos:
Nesse momento a corrente é cortada e cai
bruscamente durante o tempo de 2 ms.
Indução eletromagnética XII - 11
________________________________________________________________________________________________

12.15. Em quais condições existe geração de


v f.e.m. induzida máxima e nula para a espira
a) da questão anterior?
N S
12.16. A figura a seguir mostra uma espira
retangular que gira em torno de um eixo.
v Só os lados da espira paralelos ao eixo
Espira girante vista de frente cortam linhas de força, os outros servem
apenas para a ligação entre os lados ativos.
Os dados são os seguintes: B=0,2 T, n’=
S 20 rps.
a) Calcule a f.e.m. induzida num condutor e
b) v na espira a cada 300 de 00 a 3600.
b) Represente num gráfico cartesiano a
f.e.m. na espira.
c) Calcule o número de espiras para
N induzir 220 V de pico.

++++++++++++
+ + + + + + + + +B+ + +
S
++++++++++++
c) ++++++++++++ 10 cm
++++++++++++ 30 cm
++++++++++++
+ + + + + + + + + v+ + +
++++++++++++
++++++++++++
N
S
12.11. Deduza a equação da f.e.m. induzida por
corte de linhas de indução por um condutor,
a partir da equação da f.e.m. gerada por
variação de fluxo dentro da espira.

12.12. Calcule a velocidade com que deve se


mover um condutor de 2,54 cm N
perpendicularmente a um campo de um ímã,
cuja indução de 0,05 T para produzir uma
f.e.m. de 0,5 V. e
b
12.13. Mostre através de um desenho e usando a
0o 90o 180o 270o 360o
regra de Fleming da mão direita que as
f.e.m.s induzidas nos lados ativos de uma
espira somam-se.

12.14. Explique o motivo pelo qual uma espira


giratória dentro de um campo magnético
gera f.e.m. alternada senoidal.
XII - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

12.17. A f.e.m. máxima numa bobina de 100 Respostas selecionadas


espiras é 235,5 V. O eixo da bobina é
perpendicular a um campo com B = 0,125 12.2- e = 1,0 V
T. A velocidade tangencial dos condutores é
62,8 m/s e o eixo é paralelo ao lado de 12.3 - = 4,32 Wb
maior dimensão da bobina. Sabendo que a
área da mesma é 0,04 m2 determine a sua 12.7- a) 2 V contrária à corrente e b) 10.000 V
velocidade em RPS. no sentido da corrente.

12.8-
a) Fluxo induzido para a direita no interior da
S
bobina; f.e.m. e corrente induzida entrando em
baixo e saindo em cima.
r b) Fluxo induzido da direita para a esquerda no
interior da bobina (perpendicular ao plano da
espira); f.e.m. e corrente induzidas entrando no
l lado ativo de cima e saindo no de baixo.
c) Fluxo induzido de baixo para cima na frente
N do condutor e de cima para baixo atrás do
mesmo; f.e.m. e corrente induzida apontando de
trás para frente no condutor móvel.
12.18. Usando a lei de Lenz determine o sentido
da f.e.m. nas bobinas: 12.10 -
a) No fechamento do circuito, a) F.e.m.s induzidas entrando no lado ativo de
b) Na abertura do circuito. cima e saindo no de baixo.
b) F.e.m. induzida apontando de trás para frente
no condutor móvel.
c) F.e.m. de baixo para cima no condutor móvel.

12.12- v = 393,7 m/s

12.16-
a) a) ee = Ee max .sen ; Ee max = 0,754 V
b) Senóide com valor máximo de 0,754 V.
c) N = 291,8 espiras

12.17- Resposta: n’= 75,15 rps

12.18-
a) De cima para baixo na parte da frente;
b) De baixo para cima na parte da frente;
b)
Capítulo XIII – AUTOINDUÇÃO E INDUÇÃO MÚTUA

Joseph Henry (1797 - 1878)


Henry nasceu em Albany, NY. Os seus pais eram pobres e o
seu pai faleceu enquanto ele ainda era criança. Frequentou uma
escola que mais tarde veio a ser nomeada “Joseph Henry
Elementary School”. Aos treze anos, trabalhou como aprendiz de
relojoeiro. Em 1819, entrou na Academia de Albany, beneficiado
por uma bolsa escolar. Henry primou tanto nos seus estudos que era
requisitado como assistente pelos professores de ciências. Em 1826
é nomeado professor de matemática e filosofia na Academia de
Albany. Em 1829 construiu o primeiro motor elétrico, enquanto
estudava um eletroímã. Inventou também um aparelho telegráfico.
Em 1830 transmitiu o primeiro sinal elétrico prático.
Em 1831 criou uma das primeiras máquinas a utilizar o eletromagnetismo para se mover.
Descobre a indução eletromagnética simultaneamente com Michael Faraday , no entanto Faraday
publicou meses antes. Em 1832 torna-se professor de física na Universidade de Princeton. Em 1837
conhece Faraday, Wheatstone e outros cientistas britânicos, aos quais explicou as suas ideias acerca
de “quantidade” e “intensidade” nos circuitos elétricos. Em 1840 produz oscilações de alta
frequência e comprova que a carga de um condensador é oscilante. Em 1842 descobre que uma
faísca elétrica é capaz de induzir magnetismo em agulhas, sendo detectado a uma distância de 30
metros. Em 1846 torna-se diretor do Instituto Smithsonian. Em 1863 é um dos cofundadores da
National Academy of Science e torna-se seu subdiretor. Em 1876 é júri na categoria de exibições
elétricas na Centennial Exhibition em Filadélfia, na qual Alexander Graham Bell mostrou uma fase
incial do telefone. Em 1893 a unidade de indutância no SI é batizada de Henry.
[http://joaoleites.blogspot.com/2009/06/joseph-henry-biografia-de-um-cientista.html]

Vamos supor, inicialmente, que, não


13.1 – FLUXO CONCATENADO havendo dispersão magnética, todas as espiras
da bobina enlacem todas as linhas do fluxo.
Em termos qualitativos a indutância é a O fluxo concatenado, numa primeira
propriedade de um circuito elétrico de produzir aproximação, é o produto do fluxo magnético de
fluxo magnético a partir de uma dada corrente. um circuito pelo número de vezes que as espiras
Para defini-la, necessita-se, no entanto, enlaçam esse fluxo.
do conhecimento de fluxo concatenado.
= N. (13.1)

Onde: = Fluxo concatenado (Wb.e);


I N = Número de espira;
= Fluxo magnético da bobina (Wb).
N
Por exemplo, na Figura 13.1 temos 12
I espiras que enlaçam um fluxo de 3 Wb. Assim
o fluxo concatenado com a bobina será 36 Wb.e.
Poderíamos também dizer 36 Wb, já que
espira não é uma unidade e, sim, o indicativo de
Fig.13.1 – Circuito magnético sem dispersão para que houve um produto.
definição de fluxo concatenado e indutância Uma definição mais apurada de fluxo
concatenado será apresentada logo a seguir.
XIII - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

No caso mais genérico de circuitos entre o fluxo concatenado com um circuito


magnéticos, como na Figura 13.2, há alguma elétrico e a corrente que o produziu.
dispersão magnética, ou seja, nem todas as
espiras de uma bobina enlaçam o mesmo fluxo L (13.3)
I
magnético.
Essa definição é aplicável a circuitos
magnéticos lineares, ou seja, onde o fluxo é
proporcional à corrente elétrica no condutor, o
i
I que sempre ocorre em circuitos magnéticos com
núcleo de ar.
Em circuitos magnéticos com núcleo de
N material ferro-magnético essa equação deve ser
I aplicada com cautela (devido a não linearidade
desse material) e somente quando não é exigida
grande precisão.
A unidade de indutância é o Wb.e/A,
Fig.13.2 – Fluxo concatenado em circuito magnético conhecida como Henry.
com dispersão
Exemplo resolvido 13.1: Um toróide de raio
Nesse caso que é mais geral, porém mais médio Rm, com N espiras, uniformemente
complexo, o fluxo concatenado ( ) é definido distribuídas, tem uma seção transversal S e é
como a soma dos fluxos que atravessam cada alimentado por uma corrente I. Supondo um
espira de uma bobina. núcleo de características lineares, calcule a sua
... indutância em função de suas dimensões.
1 2 3 4 N
N

i (13.2)
i 1

Onde: i = Fluxo que atravessa cada espira i.

Devido à dificuldade de medir o fluxo


concatenado em muitos casos práticos, apesar de
haver alguma dispersão, podemos admitir que
todas as espiras enlaçam todas a linhas de força Fig.13.3 – Cálculo da indutância de um enrolamento
com o fim de simplificar os cálculos apesar de toroidal
introduzir um erro.
Solução: A intensidade do campo magnético no
O fluxo concatenado, como definido por
N.I
(13.2), é o valor obtido quando usamos um raio médio vale: H
medidor de indutância. 2. π . R m
μ . N.I
A indução é, portanto: B
2. π . R m
13.2 - INDUTÂNCIA μ . N . I .S
Daí o fluxo é: B .S
2. π . R m
Qualitativamente podemos entender a
indutância como a propriedade de um circuito de Como todas as espiras enlaçam todo o
produzir fluxo magnético. fluxo conclui-se que o fluxo concatenado fica:
Quantitativamente a indutância (ou μ . N 2 . I .S
λ N.
indutância própria) é definida como a relação 2. π . R m
Autoindução e indução mútua XIII - 3
________________________________________________________________________________________________

Pela definição a indutância é obtida por: espiras, nas quais circula uma corrente de 0,15A.
λ N. μ . N 2 .S Os diâmetros externo e interno valem,
L (Henry) respectivamente, 0,40m e 0,30m.
I I 2. π . R m
Daí chega-se a:
λ N2 N2 N2
L De= 40 cm
I 2. π . R m 
Rm
μ .S μ .S
N2
L (13.4)
Onde: L = Indutância (Henry);
Di= 30 cm h
N = Número de espiras;
= Relutância do circuito (Ae/Wb).

Esta última equação, apesar de ter sido Fig.13.4 – Toróide não-linear


deduzida através de um toróide, é genérica e
Calcular, para as condições estabelecidas:
mostra que a indutância depende só da
a) a relutância do núcleo;
geometria do circuito magnético e da
b) a indutância da bobina.
permeabilidade do meio que, no caso, é tomada
como constante devido à linearidade suposta no
Solução:
enunciado do problema.
Sn= h2=(20cm-15cm)2 = 25cm2=25x10-4m2
Concluindo, a indutância, de um modo
1 D e D i (0,40 0,30) m
geral, pode ser considerada uma constante do Rm 0,175 m
circuito. Ela depende diretamente do quadrado 2 2 2x2
do número de espiras da bobina e inversamente N.I N.I 950 e .0,15 A 142,5 Ae
Hn
da relutância do circuito magnético. m 2. π . R m 2 π .0,175 m 1,10 m
Hn 129,6 Ae/m
Como o circuito magnético de ferro não
Exemplo resolvido 13.2: Calcule a indutância
é linear, a permeabilidade do ferro depende da
de uma bobina cilíndrica (solenóide) com 10,0
indução atual. B(T) H(Ae/m)
cm de comprimento, com 4,0 cm de diâmetro,
Entrando-se na 0,4 T 120
tendo 500 espiras uniformemente distribuídas.
tabela B-H do ferro B 129,6
Considerar que o fluxo é constante em n
forjado obtém-se:
todas as espiras e que o núcleo é de ar. 0,5 T 140
Bn 0,4 129,6 120
Solução: ar = o = 4 x 10-7 H/m; S = .d2/4 0,5 0,4 140 120
= x ( 4,0cm)2/4 = 12,57 cm2 = 12,57x10-4m2; 9,6
Bn 0,4 .0,10 Bn 0,448 T
 0,10 m 20
μ .S 4 πx 10 H/mx 12,57 x 10 4 m 2
7 Bn 0,448 T
μn 0,00346 H/m
63,31x10 6 Ae/Wb H n 129,6 Ae/m
N2 500 2 n 1,10 m
L 3,949 x10 3 H n
μ n .Sn 0,00346 H/m .25 x 10 4 m 2
63,31x106 Ae/Wb
L 3,949 mH n 127,2 x 10 3 Ae/Wb
N2 950 e 2
L 7,10 H
Exemplo resolvido 13.3: Sobre um toróide de n 127,2 x 103 Ae/Wb
ferro forjado com seção transversal quadrada
encontram-se enroladas uniformemente 950
XIII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

13.3 – INDUTÂNCIA MÚTUA Solução: Calculemos a indutância mútua de 1


para 2, através de uma sequência lógica de
Suponhamos que dois circuitos elétricos, cálculos.
isolados entre si, estão próximos suficientemente N1 . I1
H1 (0 R R 1 ); H1 0 (R R 1 )
de modo que parte do fluxo magnético de um 
atravesse o outro circuito. μ o . N1 . I1 μ o . N1 . I1.S1
Existem várias situações práticas em que B1 ; 12
 
isso acontece como, por exemplo, nos N2 . N 2 . μ o . N1 . I1.S1
12
transformadores. M12
I1 . I1
Para simplificar, vamos supor que o
μ o . N1 . N 2 .S1
fluxo atravessa de forma igual todas as espiras M12 (Henry)
do segundo enrolamento. 

Define-se indutância mútua como a Calculemos agora a indutância de 2 para


relação entre o fluxo concatenado com um 1 usando raciocínio semelhante.
circuito ( 12) devido à corrente em outro e o N 2 . I2
H2 (0 R R 2 ); H 2 0 (R R 2 )
valor dessa corrente (I1). 
μ o . N 2I2 μ o . N 2 . I 2.S1
B2 ; ;
λ12 N2 . 12 
21

M12 (13.5)
I1 I1 Note-se que no cálculo de M21 foi usada
a área S1, pois só interessa o fluxo no interior da
bobina 1 e não todo o fluxo produzido pela
Onde: M12= Indutância mútua do circuito 1 para
bobina 2.
o circuito 2 (Henry);
N1 . 21 N1 . μ o . N 2 . I 2S1
12 =Fluxo da corrente I1 que atravessa M 21 )
I2 . I 2
as espiras do outro enrolamento (Wb).
N2 = Número de espiras do circuito 2. μ o . N1 . N 2 .S1
M 21 (Henry)

Pode-se provar que as indutâncias Pode-se ver que as indutâncias mútuas
mútuas entre um par de enrolamentos são iguais, são iguais, comprovando (13.6).
independente do sentido em que forem Substituindo-se pelos valores fornecidos
consideradas: pelo problema tem-se:
M12 = M21 (13.6) μ o . N1 . N 2 .S1
M12 M 21 ;

Exemplo resolvido 13.4: Calcular a indutância 4 π10 7 H/mx 500 x 1000. π .(0,02m)2
própria e mútua de dois solenóides com núcleo M12
0,10 m
de ar, concêntricos com R1 = 2 cm e R2 = 3 cm,
comprimento 10 cm e números de espiras N1 = M12 7,896 x 10 3 H
500 esp. e N2 = 1000 esp. onde fluem as
correntes I1 e I2. As indutâncias próprias de cada bobina,
para l = 0,10m, serão respectivamente:
N1 . 1 N1 .μ o . N1 . I1.S1
R2 L1
N2 I1 . I1
R1
I2 2 2
N1 μ o .(N1 ) 2 .S1 N1 N1
I1 L1 (Henr y)
  1
μ oS1
Fig.13.5 – Mútua indução entre solenóides  0,10 m
concêntricos 1
μ o .S1 4 π10 H/mxπ .(0,02m)2
7
Autoindução e indução mútua XIII - 5
________________________________________________________________________________________________

63,33 x 106 Ae/Wb 10A, o fluxo varia de 18,0 mWb para 20,0
mWb. Calcule:
(500 e) 2
L1 3,948 mH a) A indutância da bobina. b) O valor da f.e.m.
63,33 x 10 6 Ae/Wb se esta variação de corrente ocorrer dentro de
2,0 ms? c) O sentido da f.e.m.
N2 . 2 N 2 . μ o . N 2 . I 2.S2 μ o .(N2 ) 2 .S2
L2
I2 . I 2  Solução: a) L = N. /I = N. . / I = 800.(20-
2 2 18)mWb/(10-9)A =800x2x10-3Wb/1A = 1,6 H
N2 N2 b) e = - L. i/ t = - 1,6H. 1A/2x10-3s = - 800 V;
(Henr y)
2
 2 c) F.e.m no sentido contrário à corrente.
μ o S2 ______________________________________
 0,10 m
2
μ o . S2 4 π 10 7 H/mxπ .(0,03m) 2 Os transitórios de ligação e de
desligamento de bobinas em circuitos de
2 28,14 x 106 Ae/Wb
corrente contínua são situações importantes para
(1000 e) 2 análise. Quando a chave é movida da posição 0
L2 35,53 mH
28,14 x 10 6 Ae/Wb para a posição 1 a bobina, com sua resistência e
indutância mostradas à parte, começará a ser
percorrida por corrente no sentido indicado.
13.4 - AUTOINDUÇÃO RB LB

i(t) + vR - - eL +
Já foi visto que a variação do fluxo
magnético no interior de uma bobina gera uma RRL
f.e.m. na mesma. 1 0 2 ch
Se a variação do fluxo for causada pela
Vs
variação da corrente da própria bobina o
fenômeno é chamado de autoindução. A f.e.m.
Fig.13.6 – Sentidos de referência da autoindução
autoinduzida tem o seu sentido regido pela lei de durante a ligação de uma bobina
Lenz e o seu valor pode ser calculado pela
seguinte equação: A corrente, no entanto, não atinge
imediatamente o valor final, pois surgirá uma
Δ f.e.m. induzida na indutância da bobina que terá
e N. mas N .Δ L . Δi logo
Δt sentido contrário à corrente, tentando impedir o
Δi seu crescimento. Então o aumento da corrente
e L. (13.7)
Δt será lento, segundo uma função exponencial.
A f.e.m. autoinduzida tem sentido
Esta é a equação típica da f.e.m. negativo (se opõe à corrente), por isso o sinal
autoinduzida. Nela se percebe que a f.e.m. tem real apresentado pela mesma é positivo no lado
sempre sentido tal que tende a impedir a da bobina onde a corrente entra.
variação da corrente na bobina. A f.e.m. induzida é máxima (igual à
Quando a corrente está crescendo a tensão da fonte) nos momentos iniciais, onde a
f.e.m. autoinduzida é negativa, isto é, se opõe à corrente tem a maior velocidade de variação, e
corrente, tentando impedir o seu crescimento e, vai decrescendo até se anular, no momento em
no caso da corrente estar diminuindo, a f.e.m. é que a corrente atinge o valor final e fica
positiva (no sentido da corrente), tentando constante.
impedir a sua variação. A partir daí a indutância pura comporta-
se como um curtocircuito e o valor da corrente
Exemplo resolvido 13.5: Numa bobina de 800 é calculado pela lei de Ohm (IF = VS/R).
espiras, quando a corrente varia de 9 A para
XIII - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Nota: Dependendo da resistência de


i(t)
8 IF =VS/R descarga (RRL), esta f.e.m. pode ser muito maior
7 do que a tensão nominal da fonte de
6 alimentação, podendo, inclusive, perfurar o
5 isolamento de algum componente do circuito.
4
Em seguida a f.e.m. vai desaparecendo à
3
2 medida que a corrente vai estabilizando o seu
1 valor em zero.
00 1 2 3 4 5
t(ms)
i(t) I0 =VS/R
e(t) 0 1 2 3 4 5
8
0 t(ms) EF = 0 7
-2 6
-4 5
-6 4
-8 3
-10 2
-12 1 If =0
-14 E0= -VS 0
0 1 2 3 4 5
-
Fig.13.7 – Comportamento da corrente e da f.e.m.
16 autoinduzida na ligação de uma bobina t(ms)
e(t)
80
Supondo agora que a chave seja 70 eL = - L. i t
comutada da posição 1 para a posição 2, tem-se 60
50
o desligamento da fonte e a ligação da bobina ao 40
circuito de descarga (circuito de roda livre). 30
20
10 ELf = 0
RB LB
0
0 1 2 3 4 5
i(t) + vR - - eL + t(ms) – Comportamento da corrente e f.e.m.
Fig.13.9
RRL autoinduzida no desligamento de uma bobina

1 0 2 ch Circuito de roda livre Concluindo, a indutância impede a


Vs variação brusca da corrente através dela e se
comporta como um curtocircuito sob corrente
Fig.13.8 – Autoindução no desligamento de uma (constante) contínua.
bobina
13.5 – AGRUPAMENTO DE INDUTORES
No instante em que a fonte é desligada a
corrente tenderia a baixar para zero As bobinas, também chamadas de
instantaneamente, porém, nesse momento, é indutores ou reatores, são encontradas no
gerada na bobina uma f.e.m. autoinduzida no comércio para diversas finalidades com uma
mesmo sentido da corrente, tentando impedir a ampla faixa de valores de indutância e outras
sua variação. Durante o decréscimo da corrente características.
a f.e.m. tem sinal positivo no lado em que a Os indutores são agrupados, por vários
corrente sai da bobina ajudando a corrente a não motivos, em série, em paralelo ou até formando
cair de valor. circuitos mistos, à semelhança do que é visto
Esta f.e.m. autoinduzida inicial tem um com resistores e capacitores.
valor muito elevado devido ao decréscimo
rápido da corrente no início.
Autoindução e indução mútua XIII - 7
________________________________________________________________________________________________

13.5.2 - Associação em paralelo

i1
i L1
i2 L
2

i Leq
Fig.13.12 – Indutores agrupados em paralelo
Fig.13.10 – Indutores comerciais:
a) De carretel b) Toroidal No circuito paralelo tem-se:
i = i1 + i2 + i3 + ... logo:
A seguir serão deduzidas as fórmulas da i/ t = i1/ t + i2/ t + i3/ t ... (13.10)
indutância equivalente para cada caso de Já sabemos que:
associação. Leq . Δi L1 . Δi1
et , e1 ,
Δt Δt
13.5.1 - Associação em série L 2 . Δi 2 L3 . Δi 3
e2 , e3
Δt Δt
A Figura 13.11 mostra indutores puros
Reorganizando tem-se:
ligados em série.
Δi et Δi1 e1
, ,
Δt Leq Δt L1
i L1 L2
Δi 2 e2 Δi3 e3
,
i Leq Δt L2 Δt L3
Fig.13.11 – Indutores agrupados em série Usando (13.10) chega-se a:
et e1 e 2 e 3
...
L eq L1 L 2 L 3
No circuito em série a corrente total é a
mesma corrente de cada um dos indutores; logo Sabe-se que nos circuitos em paralelo as
as taxas de variação de todas as correntes tensões são iguais. Logo, por comparação, as
também serão iguais: f.e.ms. induzidas também são iguais (e = e1 = e2
= e3 = ... ) o que conduz a:
i/ t = i1/ t = i2/ t = ... (13.8)
e e e e
...
As f.e.m. são calculadas por: L eq L1 L 2 L3
Simplificando a expressão obtém-se:
LeqΔi L1Δi1 L2Δi 2 1 1 1 1
et , e1 , e2 , e3 ... ...
Δt Δt Δt Leq L1 L 2 L3
Finalmente chega-se à expressão final da
Mas, no circuito em série tem-se: indutância equivalente de indutores em paralelo.
1
et = e1 + e2 + e3 + ... L eq (13.11a)
1 1 1
...
Fazendo as substituições, a indutância L1 L 2 L 3
equivalente do circuito série fica: Observa-se assim que as equações das
LeqΔi L Δi L 2Δi 2 L3Δi3 associações de indutores são respectivamente
( 1 1 ...) semelhantes às da associação de resistores.
Δt Δt Δt Δt
Dois indutores: (13.11b)
Leq L1 L 2 L3 ... (13.9) N indutores iguais: (13.11c)
XIII - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Exemplo resolvido 13.6: Calcular a indutância intervalo de tempo a fonte elétrica fornece uma
equivalente do circuito de indutores mostrado na
parte de sua energia ao resistor e outra parte à
figura. indutância.
A diferença entre os dois destinos da
energia é que a parcela aplicada no resistor é
L =2mH
1
dissipada em forma de calor, não podendo mais
L =2,4mH
ser revertida em energia elétrica; enquanto que a
3
parcela cedida à indutância é armazenada no
L =8mH
2
campo magnético do indutor, podendo ser
Solução: No trecho em paralelo tem-se: recuperada mais tarde.
Usando a segunda lei de Kirchhoff
1 obtém-se uma expressão em Volts:
L12 1,6x10 3 H 1,6 mH v = i.R - eL (13.12a)
1 1
Como a variação da corrente é positiva
2 x 10 3 H 8 x 10 3 H
( i=+) a f.e.m. será negativa (eL= - L i/ t) logo
a corrente entra na indutância pelo terminal
Agrupando o indutor L12 em série com o
positivo. (Fig.13.13b).
indutor L3 tem-se:
Multiplicando tudo por q = i. t obtêm-
L123= Leq = L12+L3 = 1,6 mH+2,4 mH = 4,0 mH se energias (em Joules) no intervalo t.

13.6 – ENERGIA ARMAZENADA NO v.i. t = i2.R. t - eL.i. t (13.12b)


CAMPO MAGNÉTICO onde: v.i. t = Energia fornecida pela fonte ;
i2.R. t = Energia dissipada em calor;
Com a finalidade de analisar o destino da - eL.i. t = Wcmp = Acréscimo de energia
energia que a fonte elétrica entrega a um circuito no campo magnético.
indutivo considerá-lo-emos como composto de
uma resistência pura em série com uma O acréscimo Wcmp é positivo porque o
indutância pura. sinal da f.e.m. compensa o sinal da equação.
R L Os acréscimos de energia em cada
a)
i eL intervalo tj, ao serem somados, fornecem a
) + vR -
+ v - energia armazenada no campo magnético Wcmp.
n n

b) Wcmp ΔWcmp j e L j . i j . Δt j (13.12c)


+ vR - i eL j 1 j 1
+ v - i(t), eL(t) I
Fig.13.13 – Circuito RL com corrente crescente:
Polaridades: a) de referência; b) reais.
i(t)
Será suposto inicialmente que a corrente,
|eL(t)| = cte
num certo intervalo de tempo, cresce desde um
valor inicial nulo até atingir o valor final (I). ij
A corrente vence a resistência pura do
circuito causando ali uma transformação de
energia elétrica em calor (efeito Joule). Durante
o crescimento da corrente na bobina, as cargas
movem-se em sentido contrário à f.e.m. induzida
(localizada no indutor puro) que está negativa. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t
Fig.13.14 – Cálculo da energia armazenada
Neste caso há o vencimento de outra
oposição: a f.e.m. induzida. Durante esse
Autoindução e indução mútua XIII - 9
________________________________________________________________________________________________

Tomar-se-á, por facilidade didática, Solução:


intervalos de tempo t constantes e um 1 1
Wcmp . L . I2 .200 x 10 3 H .(30 A) 2 90 J
crescimento linear da corrente de forma que a 2 2
f.e.m. (eL = - L. i/ t) será constante para cada
intervalo de tempo. 13.7 – INDUÇÃO MÚTUA
Como a f.e.m. eL é constante ela pode ser
posta em evidência, multiplicando o somatório. Quando há variação de corrente num
n
Wcmp eL . i j . Δt j circuito, e o seu fluxo está concatenado com
j 1 outro circuito, surgirá uma f.e.m. induzida nesse
Por inspeção da Figura 13.14, tomando- outro, caracterizando a indução mútua.
se ij como a altura média do trapézio de índice j, O seu valor é calculado por:
tem-se que ij. tj corresponde, em módulo, à área Δ
e2 N 2 . 12
do trapézio genérico j. Δt
Como o somatório de todos os trapézios mas N 2 . Δ 12 M12 . Δi1
corresponde à área do triângulo de base t e altura Δi
I tem-se: logo e2 M12 . 1 (13.14)
n
Δt
t .I
Wcmp e L . i j . Δt j e L .S e L .( )
j 1 2 Onde: e2 = F.e.m. de mútua indução gerada no
Como a curva da corrente é uma reta circuito 2 (Volts)
inclinada, por semelhança de triângulos, pode-se N2 = Número de espiras do circuito 2
tomar i/ t = I/t e obter eL = - L. i/ t = -L.i/t 12 = Variação do fluxo do circuito 1 no
e substituir na equação acima chegando a: interior do circuito 2 (Weber)
I t .I M12 = Indutância mútua entre o circuito 1
Wcmp L . . e, finalmente , obter :
t 2 e o circuito 2.
1 2 i1 = Variação de corrente no circuito 1.
Wcmp LI (13.13)
2
O melhor exemplo de aplicação da
onde: Wcmp = Energia armazenada no campo indução mútua ocorre nos transformadores onde
magnético (J); existem dois enrolamentos eletricamente
L = Indutância do circuito elétrico (H); isolados, com número de espiras diferentes,
I = Intensidade da corrente circulando no montados sobre um núcleo de ferro em comum.
circuito (A).

Essa energia armazenada no campo I1 I2


magnético será devolvida ao circuito elétrico
quando a corrente diminuir. Isso ocorrerá N1=5000 N2=500
V1=120V V2=12V
através da geração de uma f.e.m. no mesmo
sentido da corrente, ajudando, portanto, a fonte a I1 I2
manter a corrente no circuito ou mesmo se
dissipando, em forma de calor, em um arco
elétrico, se houver a interrupção do circuito.
Fig.13.15 – Transformador básico: circuitos
Exemplo resolvido 13.7: Calcule a energia elétricos isolados com mútua indução
armazenada no campo magnético de uma No enrolamento primário é aplicada uma
bobina, cuja indutância vale 200 mH, se a tensão alternada que causa a circulação de uma
intensidade da corrente for de 30 A. corrente primária que produz um fluxo que se
concatena com o enrolamento secundário.
XIII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

O fluxo mútuo, sendo variável no tempo, 13.8.2 - Perdas por histerese magnética
induz f.e.m. no enrolamento secundário onde
está ligada uma carga. De acordo com a teoria de Weber-
Prova-se facilmente que as tensões Ewing, a estrutura dos materiais magnéticos é
primária e secundária são proporcionais ao formada por domínios magnéticos (ímãs
número de espiras do seu próprio enrolamento. elementares).
A indução mútua nem sempre ocorre de Quando esse material é submetido a
maneira desejável e previsível. Há, por exemplo, um campo magnetizante, os ímãs elementares
indução mútua entre um circuito elétrico de orientam-se com certa dificuldade, devido ao
potência e um circuito de dados ou telefonia atrito interno que existe entre os mesmos.
causando interferência entre eles. Tal atrito também existe quando o
Por esse motivo, circuitos mais sensíveis material é submetido a um campo
devem ser mantidos bem afastados de circuitos desmagnetizante.
de maior corrente. Quanto maior for a dificuldade de
magnetizar e desmagnetizar um material, maior
Exemplo resolvido 13.8: Num transformador é esse atrito e maior é a energia dissipada em
com núcleo de ar, onde a indutância mútua M12 forma de calor, ou seja, maior é a perda por
é de 40,0 mH, N1 = 1000e N2 = 500e, a corrente histerese magnética.
cresceu no primário na razão de 8000 A/s. Uma medida dessas dificuldades de
Qual é a f.e.m. induzida no secundário? magnetização e desmagnetização é o campo
coercitivo.
Solução: Os materiais duros, os que têm alto
e2 = - M12. I1/ t = campo coercitivo, apresentam muitas perdas
por histerese magnética.
e2 = - 40x10-3H x 8000A/s = - 320 V A maioria dos autores expressa as perdas
histeréticas por uma equação com coeficientes
empíricos. [Martignoni, Eletrotécnica ]

13.8 - PERDAS NOS CIRCUITOS Ph kh.BM2.f (13.15)


MAGNÉTICOS
onde:
13.8.1 – Introdução Ph = Perdas histeréticas (Watts / kg);
kh = Coeficiente de cada material;
Assim como os enrolamentos dos BM = Indução máxima (T);
indutores e outros equipamentos estão sujeitos a f = Frequência (Hz).
campos variantes no tempo, também os núcleos
ferromagnéticos são frequentemente submetidos Para diminuir essas perdas pode-se:
a essa condição e, por isso, apresentam as a) Usar material de baixa força coercitiva;
chamadas perdas no ferro. b) Trabalhar com indução magnética baixa
Perda é definida como a parcela de (material não saturado);
energia que é transformada numa outra forma c) Reduzir a frequência da variação do fluxo
que não tem interesse para a aplicação em (quando for possível).
questão.
Geralmente esta outra forma de energia é
o calor.
As perdas no ferro são devidas à
histerese magnética e às correntes parasitas.
Autoindução e indução mútua XIII - 11
________________________________________________________________________________________________

13.8.3 - Perdas por correntes parasitas O sentido dessas correntes é tal que o seu
(correntes de Foucault) campo magnético opõe-se à variação do campo
magnético indutor
Um circuito elétrico, quando submetido a As correntes estão, portanto, num plano
uma variação de fluxo magnético no seu perpendicular à direção do campo magnético.
interior, sofre a indução de uma f.e.m. Os Na Figura 13.16 tem-se, por exemplo, o
circuitos são formados por espiras fluxo crescendo dentro do núcleo com o sentido
convenientemente isoladas, de forma que a indicado.
f.e.m. e a corrente induzidas são canalizadas a As correntes parasitas farão
um circuito consumidor. [Martignoni, aproximadamente o percurso mostrado, a fim
Eletrotécnica, p.271 e p.403] de criar um campo induzido em sentido
Os circuitos elétricos, muitas vezes, são contrário ao do indutor.
enrolados sobre um núcleo de material ferro- Essas correntes causam uma grande
magnético, a fim de diminuir a relutância do dissipação de calor, que geralmente não tem uso
circuito magnético e favorecer a criação de nenhum, mas consomem energia.
grandes induções. Um procedimento tradicionalmente feito
Como um material ferro-magnético para reduzir as correntes de Foucault
também é um condutor elétrico, se houver (pronuncia-se fucô) é fazer o circuito
variações de fluxo haverá indução de f.e.m. na magnético de finas chapas isoladas em vez de
massa metálica. ser maciço.
Esse núcleo comporta-se como um A isolação pode ser feita por fina camada
circuito elétrico fechado de baixíssima de verniz, oxidação natural da chapa e outros
resistência (um curto-circuito). Logo, as materiais mais evoluídos.
f.e.ms. darão origem a fortes correntes dentro do
núcleo magnético.

corrente
parasita

i Linhas i
de fluxo
isolante

chapa de ferro
C.A. C.A.

Fig.13.16 – Núcleo maciço com fortes correntes


parasitas Fig.13.17 – Núcleo laminado reduz as perdas por
correntes parasitas
XIII - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

A laminação deve ser no sentido do 1000Hz), induz-lhe correntes parasitas, que o


fluxo, para não aumentar a relutância e também aquece até a temperatura desejada.
para que o isolante fique transversal ao
sentido da corrente e, com isso, dificultar a Ex: a) Fornos de indução usados para fundição
sua circulação. de materiais com baixo teor de
As correntes de Foucault não têm um impurezas.
caminho bem definido; portanto o seu b) Aparelhos de aquecimento para
equacionamento é bastante difícil. montagem de rolamentos.
Resultados experimentais têm mostrado
que as perdas por correntes parasitas podem 2. Freios de indução: quando um condutor é
ser expressas pela seguinte equação. movido dentro de um campo magnético, gera-
se uma f.e.m. e uma corrente (se o circuito
Pp = kp.BM2.f2.t2 (13.16) estiver fechado).
O sentido dessa corrente induzida é
Onde: tal que se geram forças em sentido contrário ao
Pp=Perdas por correntes parasitas deslocamento do condutor.
(W/kg); Em vários aparelhos ou instrumentos
kp = Constante que depende da esse princípio é aproveitado para que a sua
condutividade do material; parte móvel tenha um movimento amortecido.
BM = Indução magnética máxima (T);
f = Frequência (Hz); Ex: a) Os medidores de energia elétrica
t = Espessura das lâminas (mm). residencial ou industrial têm o seu movimento
limitado, porque o seu disco passa pelo interior
As perdas Foucault podem ser reduzidas do campo magnético de um ímã permanente
das seguintes maneiras: onde ocorre o controle da frenagem.
a) Usando chapas isoladas de pequena b) Os freios de indução (freio de
espessura (0,27 a 0,50 mm); Foucault ou de correntes parasitas), que são
b) Aumentando a resistividade do material usados para aplicação de carga durante os
pelo acréscimo de pequenos percentuais de ensaios de motores elétricos, utilizam o mesmo
silício ao aço (1 a 5%); princípio acima sendo, no caso, para altas
c) Trabalhando com indução relativamente potências.
baixa; c) As bobinas de instrumentos de
d) Usando frequência baixa (quando for medição magneto-elétricos possuem um carretel
possível). de alumínio para servir de amortecedor para as
Como se pode ver, não é possível oscilações bruscas do ponteiro.
eliminar as correntes parasitas e sim reduzi-las
a ponto de serem suportáveis.

13.8.4 - Aproveitamento das correntes parasitas

As correntes parasitas geram calor e


forças contrárias ao movimento, sendo que, em
certas circunstâncias, podem ser benéficas tal
como acontecem nas seguintes aplicações.

1. Aquecimento indutivo: Nessas aplicações, o


material a ser aquecido é colocado dentro do
aparelho, onde um campo magnético
variável, de frequência geralmente alta (400 a
Autoindução e indução mútua XIII - 13
________________________________________________________________________________________________

Questões e problemas 13.9. Sobre um toróide de lâminas de ferro


normal, com secção retangular, encontram-
13.1. Defina fluxo concatenado para um se enroladas 950 espiras nas quais circula
enrolamento em que o fluxo é igual no uma corrente de 0,10 A. Os raios interno e
interior de todas as suas espiras. externo valem 8 cm e 12 cm e a espessura
do pacote de lâminas é 3 cm. Qual é a
13.2. Defina quantitativamente indutância e diga indutância nessa condição?
sua unidade no sistema internacional.
13.10. Um toróide de ferro forjado com seção
13.3. Calcule a indutância de um solenóide transversal quadrada possui 1000 espiras,
cilíndrico com 10 cm de comprimento nas quais circula uma corrente (I) que
por 3 cm de diâmetro. Ele tem núcleo de ar produz um fluxo de 2,5x10-3 Wb. Os
com 500 espiras uniformemente diâmetros externo e interno valem,
distribuídas. respectivamente, 0,30 m e 0,20 m.

13.4. Qual é a indução que teremos dentro de


um solenóide de ar com uma indutância Rm
de 8 mH, sabendo-se que o mesmo é
atravessado por uma corrente de 10 A? De= 30 cm
Sabe-se que o mesmo tem 500 espiras e sua Di= 20 cm
seção transversal vale 10 cm2.
h
13.5. Determine a indutância própria de um
enrolamento toroidal com um núcleo de
madeira, enrolado com 608 espiras, tendo
uma seção reta de 2x2 cm e com raio Calcular:
interno de 2,5 cm. a) A corrente da bobina para produzir esse
fluxo.
13.6. Um toróide com núcleo de ferrite de b) A indutância da bobina nessas condições.
permeabilidade relativa igual a 100 é
enrolado uniformente com 470 espiras. A 13.11. Explique o que é autoindução e comente
secção transversal é 4,0 cm2 e o o sentido da f.e.m. à luz da lei de Lenz.
comprimento da linha de força média é 10
cm. Qual é a indutância? 13.12. Numa bobina houve uma redução de
corrente de 100 A para 90 A, num intervalo
13.7. Numa bobina de 10 espiras, quando a de tempo de 0,001 s e, com isso, gerou-se
corrente varia de 90 A para 100A, o uma f.e.m. de 10 V.
fluxo varia de 9,0 mWb para 10,0 mWb. a) Qual é a indutância da bobina?
Qual é a indutância da bobina? Qual é o b) Qual é o sentido da f.e.m. induzida?
sentido da f.e.m.?

13.8. Calcule a indutância de um toróide de 13.13. Diga quais são os fatores que influenciam
lâmina de ferro silício com secção na f.e.m. autoinduzida.
transversal circular que tem 1000
espiras. A condição desejada é que a 13.14. Quatro indutâncias iguais são ligadas em
indução seja 0,8 T. O raio interno vale 10 série. Calcule a indutância equivalente.
cm e o externo 14 cm.
XIII - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

13.15. Duas bobinas de indutâncias iguais são Respostas selecionadas


ligadas em paralelo. Qual é o valor da
indutância equivalente? 13.3. L = 2,22 mH

13.16. Calcule a indutância equivalente de dois 13.4. B = 0,16 T


indutores de 3 mH e 5mH:
a) Quando estiverem ligados em série; 13.5. L = 846 H;
b) Quando estiverem ligados em paralelo.
13.6. L = 111,0 mH

13.17. Uma bobina deve armazenar uma 13.7. L = 1,0 mH; Sentido da f.e.m.: No
quantidade de energia de 80 mJ ao ser sentido contrário ao da corrente.
atravessada por uma corrente de 5 A. Qual
deve ser a sua indutância? 13.8. L = 5,347 H

13.18. Defina f.e.m. de indução mútua e 13.9. L = 7,44 H


indutância mútua.
13.10. I = 0,314 A; L = 7,962 H.
13.19. Explique o funcionamento de um
transformador. 13.12. a) L = 1,0 mH;
b) f.e.m. no sentido da corrente
13.20. Num transformador, onde a indutância
mútua é de 5,0 mH, a corrente variou no 13.16. a) 8mH; b) 1,875 mH
primário na razão de 10 A/ms. Qual é a
f.e.m. induzida no secundário? 13.17. 6,4 mH

13.21. Explique o que é perda por histerese 13.20. 50 V


magnética respondendo o que se pede:
a) Quais as causas?
b) Quais as consequências?

13.22. Cite as três formas possíveis de reduzir


as perdas por histerese magnética.

13.23. Descreva o fenômeno das perdas por


correntes parasitas abordando:
a) Causas de sua existência;
b) Consequências do fenômeno.

13.24. Cite as quatro maneiras possíveis de


reduzirem-se as perdas por correntes
parasitas.

13.25. Cite dois equipamentos que baseiam seu


princípio de funcionamento nas correntes
parasitas.
Capítulo XIV – PRINCÍPIOS DA CORRENTE ALTERNADA

Wilhelm Eduard Weber (1804 - 1891)


Weber foi um físico alemão e, com Gauss, inventor do
primeiro telégrafo eletromagnético. Weber nasceu em Wittenberg,
onde seu pai era professor de teologia. William era o segundo de
três irmãos, todos com alguma aptidão em ciências. Após a
dissolução da Universidade de Wittenberg, o seu pai foi transferido
em 1815 para Halle. As primeiras lições de William foram dadas
pelo seu pai, mas fora então enviado para o Orphan Asylum and
Grammar School em Halle. Estudou na Universidade de Göttingen
e na Universidade de Halle, onde se distinguiu em filosofia. No ano
de 1837 foi expulso de Göttingen, junto com outros professores, por
ter protestado contra a suspensão da Constituição de Hanover,
por ato do Rei Ernest Augustus. Durante esse período viajou pela Inglaterra e outros países. Em
1843, Weber passou a ser professor de física na Universidade de Leipzig e no ano de 1849, voltou a
lecionar em Göttingen. Um dos seus mais importantes trabalhos foi o Atlas des Erdmagnetismus
("Atlas do Geomagnetismo"). Weber demonstrou que um sistema absoluto de medidas elétricas
poderia ser definido por via de comprimento, de tempo e de massa.Tendo em vista a sentença de
Fechner, segundo a qual as cargas elétricas negativa e positiva se movem, em um fio condutor, com
velocidades iguais opostas, ele desenvolveu a lei das forças existentes entre as cargas. Em
colaboração com Gauss, concebeu e construiu um sistema de telegrafia eletromagnética que chegou
a funcionar até a distância de mais de 3.000m. Foi também membro da Royal Swedish Academy of
Sciences em 1855. Em sua homenagem foi dado o nome de weber (Wb) à unidade de medida do
fluxo magnético (SI). [http://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Eduard_Weber]

O movimento circular caracteriza-se pela


14.1 - INTRODUÇÃO rotação de um objeto em torno de um eixo
mantido a uma distância constante do eixo.
14.1.1 – Revisão do movimento circular Define-se radiano como o ângulo plano
que subentende um arco sobre a circunferência
O movimento circular é, em geral, a igual ao raio da mesma. Seu valor equivale a
origem da geração de f.e.m. alternada senoidal, 57,3o.
por isso é necessária uma pequena revisão deste A relação entre o ângulo mecânico
assunto. descrito pelo objeto e o arco percorrido pelo
mesmo sobre a curva da circunferência é dada
v por:
m s= m. r (14.1)
s
v
Onde: s = arco percorrido (m);
m = ângulo mecânico descrito (rad);
m
r r = raio de giro (m).

Por exemplo, se o ângulo percorrido for


2 rad e se o raio for 1,0 m, o arco percorrido
será o próprio comprimento da circuferência.
Fig.14.1 – Definições do movimento circular (c = 2. .r = 2. rad.1,0 m = 6,28 m)
XIV - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Velocidade linear ou tangencial é a razão entre Quando os condutores ativos a e b


a distância linear percorrida e o tempo gasto no passam pela zona neutra, em 0º e 180º, não há
percurso. produção de f.e.m., porém quando os mesmos
s passam sob os polos suas velocidades são
v (14.2) perpendiculares às linhas de força (90º e 270º) e
t
Onde: v = velocidade linear (m/s); a f.e.m. tem valor máximo.
Toda vez que os condutores passam pela
s= distância percorrida sobre o arco(m);
zona neutra há a inversão da f.e.m. induzida e as
t = intervalo de tempo (s).
cargas são impulsionadas no sentido oposto ao
sentido anterior caracterizando a f.e.m.
Velocidade angular mecânica é a razão entre o
alternada. Os sentidos podem ser verificados
ângulo mecânico percorrido e o tempo gasto em
pela aplicação da regra de Fleming da mão
percorrê-lo.
direita.
m (14.3) m Tomemos, por convenção, como positiva
t a f.e.m. quando ela entra em a e sai em b e
Onde: m=velocidade angular mecânica (rad/s); negativa quando tiver sentido contrário. Assim,
m= ângulo percorrido (rad). enquanto o lado a estiver passando sob o polo
sul e o lado b passando sob o polo norte teremos
Dividindo-se os dois membros de (14.1) o semiciclo positivo da f.e.m.(0o a 180º) e
por t obtém-se a relação entre a velocidade quando o lado a passar sob o polo norte teremos
tangencial e a velocidade angular: o semiciclo negativo. (180º a 360º).
Para exemplificar a afirmação acima será
s m
resolvido um exercício numérico, onde serão
.r v m .r (14.4) vistas as relações entre o movimento mecânico
t t
do eixo de um gerador elementar e a f.e.m.
gerada.
14.1.2 - Geração de f.e.m. alternada
senoidal Exemplo resolvido 14.1: Calcular a f.e.m.
gerada a cada instante de tempo numa bobina de
A explicação clássica da origem da f.e.m. 50 espiras com 0,20 m de comprimento axial
alternada está em uma bobina retangular girando que gira a 60 rps numa trajetória circular de raio
dentro de um campo magnético uniforme, criado 0,05 m dentro de um campo magnético uniforme
por um ímã permanente, com uma velocidade de 0,825 T.
angular constante.

S
v e
i
m
+a EM
a
m

0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º
r m(º)

b . -EM

v
N
Fig.14.2 – Geração de f.e.m. alternada senoidal
Princípios da corrente alternada XIV - 3
________________________________________________________________________________________________

Solução: Intuitivamente, ao observar a Figura


m = 2. .n' = 2. .60 rps =120 rad/s = 377,0 14.3, conclui-se que frequência é o inverso do
rad/s período.
1
f (14.6)
v= m.r = 377 rad/s . 0,05 m = 18,85 m/s T

e = 2.N.B.l.v.sen =
e = 2 . 50 . 0,825 T . 0,20 m . 18,85 m/s . sen = 1 2 3 4 5 57 58 59 60
311,0. sen V

Quando = 90 tem-se sen = 1 logo e = T T T T T T T T T


EM , portanto: e = EM . sen mas = .t então: t = 1s

e = EM . sen .t (14.5) Fig. 14.3 – Relação período x freqüência

Os valores instantâneos são Exemplo resolvido 14.2: Calcular o período da


proporcionais ao seno do ângulo, logo se tem corrente alternada fornecida pelas
uma f.e.m alternada senoidal. Caso o circuito concessionárias brasileiras (cuja frequência é 60
esteja fechado haverá circulação de corrente que Hz).
será alternada senoidal também. Então as cargas Solução:
circulam num dado sentido (positivo) com uma Se a frequência é 60 Hz existe 60 ciclos
intensidade variável, param e se movem em completos em cada segundo; logo o tempo em
sentido contrário (negativo) e param novamente que ocorre um ciclo será:
e assim sucessivamente. T = 1/60 Hz = 16,7 x 10-3s = 16,7 ms.
Resumindo, a característica da C.A. é ter ______________________________________
módulo e sentido variável.
Só serão estudados os efeitos sobre Ângulo elétrico: as grandezas elétricas (tensão,
circuitos causados por corrente alternada corrente, etc) são variáveis no tempo, porém,
senoidal, porque outra forma de onda foge às como elas são originadas no movimento
possibilidades do técnico de nível médio. circular, atribui-se ao tempo a dimensão de
ângulo. Assim, ao tempo de um período é
14.2 – MEDIDAS DA VELOCIDADE associado o ângulo de 360oE. Logo, cada fração
DE VARIAÇÃO DAS GRANDEZAS do período tem correspondência a um ângulo
ALTERNADAS elétrico (em graus ou radianos elétricos).

Ciclo - é um conjunto dos valores que se


repetem periodicamente que, no caso, são os e
i
valores contidos entre 0o e 360o. EM
E
0 T/4 M T/2 3/4T T (s)
Período (T) - é o tempo de duração de um ciclo.
0 /2 3 /2 2 E(radE)
u(T) = s
0º 90º 180º 270º 360º E(ºE)

Frequência (f) - é o número de ciclos que -EM


ocorrem na unidade de tempo, ou seja, num
segundo. Fig.14.4 - Definição de ângulo elétrico
u(f) = ciclos/segundo = Hertz (Hz).
XIV - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Velocidade angular elétrica - é a razão entre o durante a leitura de valores em osciloscópios.


ângulo elétrico percorrido e o tempo gasto. Nas correntes simétricas seu valor é o
E
dobro do valor máximo.
(14.7)
t
Onde: = velocidade angular elétrica (rad/s); Ipp = 2.IM (14.9a) e Vpp = 2.VM (14.9b)
E= ângulo elétrico percorrido (rad).
Valor médio da corrente alternada
Considerando que o ângulo percorrido
É o valor de uma corrente constante
corresponde a um ciclo, ou seja, 2 radE, o
(contínua) que transporta a mesma carga elétrica
intervalo de tempo corresponde a um período.
durante o mesmo intervalo de tempo, que é
Assim tem-se:
tomado com um semiciclo.
E 2
mas f = 1/T logo:
t T Não se pode tomar o ciclo inteiro porque
2 .f (14.8) daria resultado nulo para qualquer onda
alternada e o conceito perderia a sua utilidade.
Onde: = velocidade angular elétrica (rad/s); Q1
+ i
f = frequência elétrica ( Hz).
t = T/2 R
Exemplo resolvido 14.3: Calcular a velocidade -
angular elétrica de uma corrente alternada cuja Q1 = Q2
freqüência seja 60 Hz. Q2
+ Im
t = T/2 R
Solução:
-
Se f = 60 Hz, T = 1/60Hz = 16,7 x10-3s logo:
= 2. . f = 2. .60 Hz = 377 radE/s ou
Fig. 14.5 – Comparação entre cargas transportadas
= 2. / T = 2. / 16,7 x10-3s = 377 radE/s pela CC e pela CA num semiciclo.
Calcula-se o valor médio tomando-se
uma série de intervalos e tomando-se o valor da
14.3 – MEDIDAS DE INTENSIDADE corrente no meio de cada um. A seguir
DAS GRANDEZAS ALTERNADAS somam-se os valores e divide-se o resultado pelo
número de pontos. Quanto maior for o número
No texto abaixo será usada, por de intervalos mais preciso é o valor obtido. Pela
comodidade, a expressão corrente alternada, curva ser senoidal ela é simétrica, logo pode-se
porém os conceitos apresentados são extensíveis calcular a média num quarto de período, pois
à tensão alternada. dará o mesmo resultado que no semiperíodo.
No exemplo serão usados seis valores
Valor máximo da corrente alternada num quarto de ciclo.
É o maior valor que a corrente assume ij = IM.sen
durante o ciclo. Também é chamado de valor de
pico. i1 = IM.sen 7,5o = 0,1305 IM
i2 = IM.sen 22,5o= 0,3827 IM
Valor pico a pico da corrente alternada i3 = IM.sen 37,5o= 0,6088 IM
i4 = IM.sen 52,5o= 0,7933 IM
É a soma do valor máximo positivo com i5 = IM.sen 67,5o= 0,9239 IM
o valor máximo negativo (em valores absolutos) i6 = IM.sen 82,5o= 0,9914 IM
da corrente alternada. Seu maior uso ocorre
Princípios da corrente alternada XIV - 5
________________________________________________________________________________________________

IM mesmo intervalo de tempo, considerado agora


i
como um período completo.
Im
+ Icc = Ief Pm1
Efeito
t=T R Joule
-
0º 15o 30o 45o 60o 75o 90º Pm1 = Pm2
E(ºE)
Fig.14.6 – Cálculo do valor médio da corrente + i Pm2
alternada t=T R Efeito
Joule
6 -
ij
j 1 3,8307.IM
Im 0,6384.IM (14.10) Fig. 14.7 – Comparação entre o calor gerado pela CC
6 6 e pela CA num ciclo completo.

Fazendo-se a média com um grande Sabe-se que o efeito joule é diretamente


número de pontos, ou usando cálculo integral, proporcional ao quadrado da corrente e não à
chega-se ao valor matematicamente exato para o corrente. Por isso, no caso de corrente variável,
valor médio da C.A. senoidal que é: para calcular a potência média deve-se utilizar
a média dos quadrados das correntes e não a
2
Im .I M 0,637.I M (14.11) média das correntes.
Será utilizado um processo semelhante
ao que foi usado no cálculo do valor médio. De
O valor médio tem a sua utilidade uma maneira geral dever-se-ia dividir o ciclo
basicamente para o cálculo da tensão e da inteiro em várias partes e tomar o valor da
corrente contínua na saída dos retificadores, no corrente no ponto central de cada intervalo como
cálculo de carga de capacitores e baterias, no foi feito na Figura 14.8.
cálculo do torque dos instrumentos elétricos de No caso de uma corrente senoidal um
ímãs permanentes, etc., sendo que, no trabalho semiciclo é igual ao outro (em módulo) e, além
com corrente alternada, tem pouca utilidade, disso, o primeiro ciclo é simétrico em relação a
pois não favorece o cálculo do consumo de uma reta que passa por 90oE. Por isso, por
energia. economia de cálculo, será considerado apenas
O valor médio é o valor indicado pelos um quarto de ciclo.
instrumentos de corrente contínua. Foram tomados os mesmos ângulos do
caso anterior e os valores das correntes foram
Exemplo resolvido 14.4: Supondo uma elevados ao quadrado antes de realizar o
corrente alternada senoidal, cujo valor somatório.
máximo é 100 A, calcule o valor da corrente
contínua que transporta a mesma carga elétrica ij = IM.sen ij2 = IM2.(sen )2
no mesmo intervalo de tempo (meio-período).
i1 = IM.sen 7,5o = IM.0,1305 i12 = IM2.0,0170
Solução: i2 = IM.sen 22,5o = IM. 0,3827 i22 = IM2.0,1465
Im = IM . 0,637 = 100 A . 0,637 = 63,7 A. i3 = IM.sen 37,5o = IM.0,6088 i32 = IM2.0,3706
i4 = IM.sen 52,5o = IM.0,7933 i42 = IM2.0,6294
i5 = IM.sen 67,5o = IM.0,9239 i52 = IM2.0,8536
Valor eficaz da corrente alternada i6 = IM.sen 82,5o = IM.0,9914 i62 = IM2.0,9829

É o valor de uma corrente contínua ij2 = IM2.3,0000


que, aplicada num resistor puro, produz a
mesma potência média, por efeito joule, no
XIV - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

IM2 IM2

IM i2 i2

i Ief2 = IM2/2

0º 15o 30o 45o 60o 75o 90º E(ºE)

Fig.14.8 – Cálculo ponto a ponto do valor eficaz da corrente alternada -IM

A média dos quadrados das correntes Como p = i2.R, a curva de potência


instantâneas é igual ao quadrado da corrente instantânea é semelhante à curva do quadrado da
eficaz. Logo, para ondas senoidais, tem-se: corrente instantânea. Portanto a potência média
(Pm), observada a simetria da curva, é a metade
2 i2 2
I M x3,0 IM
2 da potência máxima.
Ief
6 6 2
PM
IM Pm P (14.13)
Ief 0,707.I M (14.12) 2
2
Os valores eficazes de corrente e tensão
Essas relações valem também para são muito mais usados do que os valores médio
tensão senoidal. Para outras formas de onda o e máximo, porque se pode calcular a potência
procedimento de cálculo é o mesmo, porém a média por meio deles.
relação com o valor máximo será diferente, Usando-se 14.13 ( Pm = PM/2) e sabendo-
como será visto nos problemas propostos. se que PM = IM2.R tem-se:
Voltímetros e amperímetros de C.A.
indicam os valores eficazes das suas grandezas.

PM= IM2.R PM= IM2.R

IM p = i2.R p = i2.R
i
Pm = P = PM/2

0º 15o 30o 45o 60o 75o 90º E(ºE)

i
Fig.14.9 – Potência instantânea máxima e média num
resistor puro em C.A. -IM
Princípios da corrente alternada XIV - 7
________________________________________________________________________________________________

PM I M .R
2
IM . IM O valor de uma corrente contínua que
Pm .R I ef .I ef .R produz o mesmo aquecimento é, por definição,
2 2 2. 2 o valor eficaz da corrente alternada.
2 2
Pm P Ief .R ou P I .R (14.14)
Icc = Ief = 20 A.
Exemplo resolvido 14.5: Suponha que uma
fonte de tensão alternada com tensão máxima A diferença entre alimentar o resistor
311,1 V, frequência 60 Hz, é ligada a um puro com C.C. e com C.A. está apenas na
resistor de 11 . Calcular: potência instantânea. Na alimentação com CA a
a) O valor máximo da corrente; potência instantânea é variável sem, no entanto,
b) O valor eficaz e médio da tensão e da ser negativa e, na alimentação com CC, a
corrente; potência instantânea é positiva e invariável no
c) A potência máxima dissipada neste tempo.
resistor;
d) O valor de uma corrente CC que produz
o mesmo efeito joule. 14.4 - REPRESENTAÇÃO FASORIAL
DAS GRANDEZAS SENOIDAIS
Solução:
VM 311,1.V As grandezas senoidais são normalmente
IM 28,28A ;
R 11 representadas por vetores girantes (fasores) que
V = Vef = 0,707.VM = 0,707 x 311,1 V giram com a mesma velocidade angular da
Vef = 219,95 V 220 V; grandeza em questão. Por convenção, o sentido
Ief = I = 0,707. IM = de rotação dos fasores é anti-horário e o módulo
Ief = 0,707 x 28,28 A = 19,99 A 20 A; do vetor é igual ao valor máximo da grandeza.
Vm = 0,637.VM = 0,637 x 311,1 V = 198,2 V; A cada instante de tempo (ou ângulo)
Im = 0,637. IM = 0,637 x 28,28 A = 18,0 A; considerado, o valor da grandeza é igual à
PM = IM2 .R = 28,28 A . 11 = 8797 W; projeção oy do vetor girante sobre o eixo
P = Pm = PM /2 = 8797W/2 = 4398,5 W vertical y.
O fasor é desenhado na posição em que
Também se pode calcular a potência ele se encontra no instante inicial da contagem
média do seguinte modo: de tempo, ou seja, quando t = 0 ou = 0. Na
fig.14.10a foi considerado que a posição inicial
P = (20 A)2.11 = 4400 W do fasor era horizontal para a direita, porém já

a) y
IM
y i IM
i i
= .t
o
0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º (º)

IM y

b) IM ref.

Fig.14.10 – a) Representação fasorial e temporal de uma corrente b) Representação fasorial simplificada


XIV - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

havia transcorrido algum tempo desde a sua diferente de zero conforme mostra a Figura
posição inicial. À medida que o tempo 14.11.
transcorre o vetor vai mudando de posição e a Em outras palavras, duas grandezas estão
sua projeção sobre o eixo vertical vai assumindo defasadas entre si quando elas, tendo a mesma
valores iguais ao da grandeza senoidal. frequência, não atingem os pontos notáveis
Note-se que a projeção oy é igual ao (valor máximo positivo, por exemplo)
cateto oposto ao ângulo ; portanto o seu valor é simultaneamente.
dado por: Ângulo de defasagem é o ângulo que
oy = IM. sen (14.15) decorre entre os instantes em que as grandezas
atingem os seus valores máximos positivos.
i = IM. sen (14.16) A soma de duas grandezas senoidais
defasadas pode ser feita instante a instante de
Observando a equação da projeção oy tempo ou pela soma dos fasores
percebe-se que ele é matematicamente igual à correspondentes.
equação da corrente senoidal que desejávamos Como se pode ver na Figura. 14.12, a
representar. soma fasorial (ou vetorial) é muito mais simples
e fornece as mesmas informações que a soma
Grandeza de referência é uma grandeza ponto a ponto sobre as senóides.
senoidal com mesma velocidade angular cujo As operações com fasores serão
valor é nulo no instante t = 0, ou seja, o seu extremamente úteis no trabalho com corrente
fasor está na horizontal apontando para a direita alternada. Observe-se que esses conceitos e
propriedades só são válidos para corrente
quando = 0.
alternada senoidal.
Na prática do trabalho com fasores
Na Figura 14.12 foi tomada uma corrente
representa-se a grandeza em questão
I2M = 3A adiantada de 90ºE de I1M = 4A. Pela
simplesmente por um vetor desenhado na sua
soma fasorial, usando o teorema de Pitágoras,
posição inicial com certo ângulo em relação à
descobre-se rapidamente que IRM = 5A e que o
horizontal, ou seja, em relação à referência. A
fig.14.10 b mostra a corrente i superposta com a ângulo de defasagem entre IR e I1 é que = arc
referência. tan(3A/4A) = 36,87ºE.
Uma grandeza que não tenha valor nulo Esses cálculos seriam bem demorados se
quando t = 0 está defasada em relação à fôssemos somando as duas ondas ponto a ponto,
referência, ou seja, possui um ângulo de fase ou seja, instante a instante de tempo.

I1M
i1
I2
I2M

I1 0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º (º)

I2
I1 ref.

Fig.14.11 - Defasagem entre grandezas senoidais


Princípios da corrente alternada XIV - 9
________________________________________________________________________________________________

As figuras foram feitas usando os valores eficazes das grandezas, o que nos permite obter
máximos das correntes, consequentemente a como resultado o valor eficaz da corrente
soma corresponde ao valor máximo da corrente resultante, que é o que desejamos na quase
resultante. totalidade dos casos. Isto equivale a desenhar
O procedimento mais usado é montar noutra escala o diagrama fasorial.
todo o diagrama fasorial com os valores

y
IR =

IR
I2 I2
I1

I1 0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º (º)

Fig.14.12 – a) Soma fasorial b) Soma ponto a ponto de grandezas senoidais

Questões e problemas e) Calcule o valor instantâneo da f.e.m. para


10 ms supondo que em t = 0s a f.e.m. é
14.1 - Uma bobina de 500 espiras com 20 cm de nula.
comprimento axial e 10cm de lado (r =5cm) f) Calcule o valor instantâneo para 150ºE.
gira a 60 rps dentro de um campo de 82,5
mT. 14.2 - Suponha que essa bobina é ligada a um
resistor de 22 . Calcular:
a) Calcule a velocidade angular e a a) O valor máximo da corrente;
velocidade linear dos condutores. b) O valor eficaz e médio da f.e.m. e da
b) Calcule a f.e.m. máxima na bobina. corrente;
c) Calcule a frequência, período e c) A potência média dissipada nesse
velocidade angular elétrica. resistor;
d) Represente graficamente a f.e.m. em d) A potência máxima dissipada nesse
função do ângulo elétrico e em função do resistor;
tempo. e) O valor de uma tensão CC que produz o
mesmo efeito joule médio.
500

14.3 - Um voltímetro CA, ligado em paralelo


250
com uma carga resistiva, indicou 110 V e
0 90 180 270 360 (oE)
um amperímetro CA, ligado em série com a
0
0 T/4 T/2 3T/4 T t(ms)
mesma, indicou 5 A. Calcular:
a) Os valores eficazes, médios e de pico da
-250 tensão e da corrente;
b) A potência consumida média;
-500 c) A potência instantânea máxima;
XIV - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

d) Representar graficamente, em função do 100


tempo (supondo f=50Hz) ou do ângulo
elétrico, os valores de tensão, corrente e 50
potência.
0
14.4 - Cite a diferença entre alimentar um 0 1 2 3 4 t(ms)
circuito resistivo puro com C.A. com 110 V
eficazes (60 Hz) e alimentar com 110 Vcc. -50

Responda em termos de potência média e de


potência instantânea. -100

14.5 - Um gerador para uso especial gera 240


Hz. Calcule:
Respostas selecionadas
a) O tempo para transcorrer um ciclo
inteiro; 14.1 a) m = 377 rad/s, v = 18,85 m/s;
b) O tempo para ir de um valor máximo b) EM = 311 V, c) f = 60 Hz, T = 16,7 ms,
positivo a um valor máximo negativo; = 377 rad/s, d) e = -182,8 V ; f) e = 155,5 V
c) A velocidade angular elétrica.
14.2 a) IM = 14,14 A, b) V = 220 V,
14.6 - Quantos segundos correspondem a 90ºE Vm = 198,2 V, I = 10A, Im= 9,01 A;
numa corrente alternada cuja frequência é c) Pm= 2200 W, d) PM = 4400 W, e) Vcc= 220 V
de 60 Hz?
14.3 a) E = 110 V, Em = 99,0 V, EM = 155,6 V,
14.7 - Represente com fasores e com senóides I = 5 A, Im = 4,50A; IM = 7,07 A.
duas tensões cujos valores b) Pm = P = 550 W c) PM = 1100 W,
máximos são 300 V e 400 V, sendo que a
primeira está adiantada de 30ºE da segunda. 14.4 Ver definição de valor eficaz.
Se a frequência for 60 Hz, qual é o tempo
correspondente a essa defasagem? 14.5 a) T = 4,17 ms; b) T/2 = 2,08 ms;
c) = 1508 rad/s
500

250
14.6 = 90º E = 4,17 ms

0 0 90 180 270 360 (oE) 14.7 30ºE = 1,39 ms


0 T/4 T/2 3T/4 T t(ms)
14.8 VM = 676,6 V
-250

14.9 f = 500 Hz, Um = 50 V, Uef = 57,67 V


-500

14.8 - Calcule o valor de pico da soma dessas


tensões usando fasores.

14.9 - Uma tensão alternada especial chamada


dente de serra é mostrada na figura abaixo.
a) Calcule o seu período e sua frequência;
b) Utilizando os métodos vistos no item
14.3 calcule o valor médio e o eficaz (Item
opcional).
Capítulo XV – SISTEMAS MONOFÁSICOS E POLIFÁSICOS

Heinrich Rudolf Hertz (1857 - 1894)


Hertz foi um físico alemão que demonstrou a existência da
radiação eletromagnética criando aparelhos emissores e detectores
de ondas de rádio. Hertz pôs em evidência em 1888 a existência
das ondas eletromagnéticas imaginadas por James Maxwell em
1873. Interessou-se desde muito cedo pela construção de
mecanismos, tema que sempre o atraiu, levando-o a optar pela
física, tendo ingressado na Universidade Humboldt de Berlim em
1878. Obteve, em 1880, num trabalho proposto por Hermann von
Helmholtz, seu professor, intitulado Sobre a Energia Cinética da
Eletricidade, um resultado excepcional pela sua originalidade.
Tornou-se assistente de von Helmholtz vindo a estudar a
elasticidade dos gases e a propagação de descargas elétricas através deles. Torna-se professor na
Universidade de Kiel, onde inicia investigações sobre a eletrodinâmica de Maxwell, a qual se
opunha à eletrodinâmica mecanicista e a anteriores teorias sobre a natureza da ação a distância. A
partir de 1883, descobre a produção e propagação das ondas eletromagnéticas, bem como formas
de controlar a frequência das ondas. Essas experiências permitiram-lhe demonstrar a existência de
radiação eletromagnética, tal como previsto teoricamente por Maxwell. A respeito das propriedades
das ondas eletromagnéticas, que Hertz passa a estudar, descobriu que a sua velocidade de
propagação é igual à velocidade da luz no vácuo, que tem comportamento semelhante ao da luz, e
que oscilam num plano que contém a direção de propagação. Demonstrou também a refração,
reflexão e a polarização das ondas Em 1888, apresentou os resultados das suas experiências à
comunidade científica com muito sucesso. Morreu com menos de 37 anos. A unidade de frequência
no SI foi colocada em sua homenagem. [ http://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Hertz]

15.1 – SISTEMA MONOFÁSICO onde se geram n f.e.m. defasadas, de um modo


geral, de um n-avos de período.
Neste capítulo serão estudados os Um sistema é, portanto, monofásico
sistemas de corrente alternada monofásicos e quando o gerador só tem um circuito para
polifásicos. geração de f.e.m.
Um sistema tem n fases quando é
originado em um gerador que tenha n circuitos 15.1.1 – Origem do sistema monofásico

N
v
m
. I EM e = EM.sen t

m 0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º (º)

-EM

+ F

v
S
Fig.15.1 – Geração de f.e.m. alternada senoidal monofásica
XV - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Conforme já foi visto anteriormente, um 15.2 - SISTEMA TRIFÁSICO


gerador de CA monofásico é composto
basicamente de uma bobina que gira dentro de Dentre os sistemas polifásicos o que é
um campo magnético fixo. universalmente utilizado é o trifásico, se bem
Os terminais da bobina são ligados a dois que também existem os sistemas bifásicos,
anéis coletores para que, através de um contato hexafásicos e dodecafásicos para aplicações
deslizante com as escovas, permita a saída da muito específicas. Será dada atenção apenas ao
energia gerada para a alimentação da carga. trifásico.
Supondo que a máquina tenha dois polos,
a cada rotação completa da bobina é gerado um 15.2.1 - Alternador trifásico bipolar elementar
ciclo de f.e.m. (e de corrente) conforme mostra a
Figura 15.1. O gerador elementar monofásico tem
Usando-se a regra de Fleming da mão apenas uma bobina no induzido onde se induz
direita determina-se o sentido da f.e.m. em cada apenas uma f.e.m. Se, em vez de uma bobina,
instante de tempo. forem usadas três bobinas, deslocadas
Será convencionado que a f.e.m. é (defasadas) espacialmente de 120°E umas das
positiva quando apontar do fim da bobina para o outras, ter-se-á uma distribuição simétrica das
seu início. bobinas no induzido.
O valor da f.e.m. numa bobina rotativa, As f.e.m.s induzidas dependem do
conforme já foi visto no capítulo 12, é dado por: ângulo de corte das linhas de força ( ); logo as
f.e.m.s geradas nas três bobinas estarão
e = N.2.B.l.v.sen (15.1) defasadas no tempo de um ângulo igual ao
ou ângulo de defasagem no espaço entre as bobinas.
e = N.2.B.l.v.sen t (15.2) Como já foi visto, a f.e.m. máxima
ocorre quando o condutor passa bem defronte o
centro do polo e, usando-se a regra de Fleming
15.1.2 – Representação do sistema monofásico da mão direita e a convenção de sentido, vê-se
que, no caso abaixo, a f.e.m. é positiva quando o
Um sistema monofásico pode ser início passa defronte o polo Norte.
representado de diversas maneiras conforme a Analisando dessa maneira, vê-se que o
necessidade como mostra a Figura 15. 2. início da fase l é o primeiro a passar sob o polo
Norte. Um terço de rotação (120°), depois vem o
início da fase 2 e finalmente vem o início da fase
e = EM.sen t 3, outro terço de rotação atrasado.
Uma dica prática para desenhar as
senóides é dividir o ciclo completo em
0º 90º 180º 270º 360º (º) intervalos de 60º e traçar uma linha na metade
do valor máximo.
Descobre-se inicialmente o momento em
E que a f.e.m. da fase é máxima e, a partir daí, a
F I
E cada 90°, a f.e.m. vai de máximo a zero e depois
de zero a máximo (positivo ou negativo) e assim
Fig.15.2 – Representações de um sistema monofásico
a) senóide única; b) bobina única; c) f.e.m. única.
sucessivamente.
Para f.e.m.s senoidais, quando uma
f.e.m. é máxima numa fase, as f.e.m.s nas outras
fases têm a metade do valor máximo, com sinal
contrário.
Observando-se as curvas, tem-se as
seguintes equações:
Sistemas monofásicos e polifásicos XV - 3
________________________________________________________________________________________________

I3 . F2 . e
i
E2M
E1M E3M
m, m

0 /2 3 /2 2 m(rad)
F1 I1
0º 90º 180º 270º 360º m(º)

I2 F3
+ +
S Fig.15.3 – Geração de f.e.m. alternada senoidal trifásica

e1 = EM .sen (15.3a) coletores para a retirada da energia das bobinas


e2 = EM .sen ( -120º) (15.3b) do induzido. O número de anéis é função do tipo
de conexão que for feito entre as fases.
e3 = EM .sen ( -240º) (15.3c)

Fica, então, demonstrado que, para se 15.2.2 - Representações do sistema trifásico


obter uma defasagem de um terço de ciclo entre
as f.e.m.s, deve-se ter uma defasagem espacial A Figura 15.4 mostra as formas mais
entre as bobinas do induzido de um terço de comuns de representação do sistema trifásico.
rotação. Apesar das duas representações
Isso é válido para as máquinas bipolares; parecerem ser diferentes, na verdade, mostram
relações semelhantes serão obtidas para outros exatamente a mesma coisa, ou seja, que as
números de polos nos estudos de máquinas defasagens das f.e.m.s entre quaisquer duas
elétricas. fases é sempre 120° elétricos.
Novamente são necessários anéis

I3
E3
F2 I3
E1 E2 E3
F3
F1 I1
F2 I2 F3
E2 E1

I2 F1 I1

E3
120º E3
120º

120º
120º E1 E2
120º
120º E1

E2
Fig. 15.4 - Representações do sistema trifásico
XV - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

15.3 – USOS DOS SISTEMAS Nos circuitos trifásicos pode-se utilizar


MONOFÁSICOS E TRIFÁSICOS cada uma das fases para alimentar circuitos
totalmente independentes, conforme mostra a
Os sistemas monofásicos, obtidos em Figura 15.5. Na verdade, pela quantidade de fios
geral a partir dos sistemas trifásicos, pela sua necessários, essa opção não é prática, porém,
simplicidade, têm uso tipicamente residencial, didaticamente, é muito útil.
como na alimentação de lâmpadas, aquecedores, Percebe-se na Figura 15.5 que, se forem
aparelhos eletrônicos e pequenos motores. juntados os três fios que correspondem aos fins
Os sistemas trifásicos são usados para das três fases, pode-se fazer o retorno da
alimentação de cargas maiores, pois apresentam corrente das três fases por um único condutor. O
as seguintes vantagens: circuito fica então simplificado, tendo quatro
1. As máquinas trifásicas têm, idealmente, 48% fios em vez de seis fios. Este fio comum as três
mais potência que as monofásicas de mesmo fases é chamado de neutro.
volume. Com isso está formada a conexão Y ou
2. O motor de indução trifásico, pelas estrela.
características de baixo custo e robustez, é uma Nas conexões de um circuito trifásico passam a
das melhores opções para a produção de força ser importantes os conceitos de grandezas "de
motriz. linha" e "de fase".
3. A potência total no sistema trifásico não é Como se pode ver, as correntes que
pulsante como no monofásico. passam nas fases do gerador são
4. Usando-se a mesma tensão nominal, para obrigatoriamente as mesmas que passam nas
transportar uma dada potência, é usado menos linhas respectivas.
material condutor se for usado circuito trifásico. Essa é a primeira relação para a ligação
estrela.
15.4 - AGRUPAMENTO DAS FASES EM
ESTRELA IL = IF (15.4)

1
IF1 1
Fonte Carga
EF1,IF1 IF1

4 IF1 4
6 IF3
5 IF2 5
EF3,IF3 IF2
EF2,IF2 6
IF2 IF3 2
3
2 3
IF3
Fig.15.5 - Alimentação de três cargas isoladas

1
IL1 1
EF1,IF1 VF1 IF1
EF
EL
4 4
IN= IL1+ IL2+ IL3
6 5 6 5
EF3,IF3 EF2,IF2 VF3 VF2
IL2 3 IF2 2
IF3
3 2
IL3
Fig. 15.6 - Fonte e carga conectadas em estrela
Sistemas monofásicos e polifásicos XV - 5
________________________________________________________________________________________________

Por outro lado, a corrente no neutro, pela redistribuir entre as fases, causando um
primeira lei de Kirchhoff, é igual à soma das desequilíbrio das tensões de fase, isso é, alguma
correntes das três linhas. fase apresentará sobretensão e outra subtensão, o
que poderá danificar alguns aparelhos.
IN = IL1 + IL2 + IL3 (15.5) Nesse caso, o neutro apresenta d.d.p. em
relação a terra podendo dar choques numa
IN = IF1 + IF2 + IF3 (15.6) pessoa que fizer contato com o mesmo.
A distribuição de energia pública se
Considerando-se que as cargas instaladas caracteriza como um circuito desequilibrado,
em cada fase sejam iguais em módulo e ângulo, pois cada consumidor pode ser monofásico,
tem-se correntes de mesmo módulo e defasadas bifásico ou trifásico.
de 120°E. Conforme mostra a Figura 15.7a, o Para que o circuito fique o mais
somatório dessas correntes dá zero, ou seja, a equilibrado possível nas fases, deve-se fazer o
corrente no neutro é nula. Nesses casos de seguinte:
circuito trifásico equilibrado, como não há a) Distribuir os consumidores monofásicos
corrente de neutro, este fio é dispensável. vizinhos entre as fases.
b) Evitar a ligação de grandes cargas na rede
monofásica (transformador de solda, motores
EF1 monofásicos grandes, grandes residências, etc).
c) Aterrar o neutro ao longo da linha de
IF1
distribuição e em cada medidor para garantir a
IN=IF3+IF1+IF = 0 IF1+IF2 continuidade do mesmo até o transformador pela
IF3 terra.
EF2 Deduziremos agora a relação entre as
tensões de fase e de linha da ligação estrela.
EF3 IF2
1

a) circuito estrela equilibrado EF1

EF1 4
6 5
IN=IF3+IF1+IF2
EF3 EF2
IF1 IF1+IF2
IF3
3 2
IF2
EL23

EF3 EF2 Fig.15.8a – F.e.m.s de fase envolvidas na formação


da f.e.m. de linha

EF1
b) circuito estrela desequilibrado
-EF3
Fig. 15.7 - Soma das correntes de fase para
obter a corrente de neutro 30o EL23=EF2+(-EF3)
No caso de circuitos trifásicos 30o
desequilibrados, a corrente no neutro não é nula
podendo, em casos raros, ser igual ou maior que EF2
a corrente de uma das fases. Nesses casos o uso EF3
do neutro é obrigatório. Se o neutro, num
circuito trifásico desequilibrado, for Fig.15.8b – Soma fasorial das f.e.m.s da fase para
interrompido, a corrente no neutro terá que se obtenção da f.e.m. de linha
XV - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Para achar a f.e.m. entre linhas EL E F . 3 ou VL VF . 3 (15.7)


(comumente chamada de f.e.m. de linha) deve-
se somar as f.e.m.s das duas fases, por exemplo,
Finalmente pode-se dizer que a tensão
EF2 e EF3 considerando o ângulo de defasagem
(ou f.e.m.) de linha na ligação estrela é igual à
entre elas.
tensão (ou f.e.m.) de fase multiplicada por raiz
Nota-se, no entanto, que a f.e.m. da fase
de três.
3 (EF3) está sendo tomada invertida em relação à
f.e.m. da fase 2 (EF2).
15.5 - AGRUPAMENTO DAS FASES EM
Para que fosse tomada positivamente
TRIÂNGULO
teria que ser ligado o fim de uma fase com o
início da outra fase. Deve-se, então, somar EF2
Como já foi dito, pode-se usar cada fase
com Ef3 invertida, ou seja, com –EF3.
independentemente uma da outra para alimentar
Como se pode ver, a f.e.m. entre as fases
cargas isoladas. Nesse caso, será dada uma nova
2 e 3 (EL23) é obtida pela soma das projeções de
configuração no circuito conforme a Figura
(-EF3) e de EF2 sobre a linha horizontal.
15.9.
Esta nova disposição sugere usar apenas
EL23 = -EF3. cos 30° + EF2. cos 30° mas
três fios em vez de seis, conforme a Figura
| EF3| = |EF2| = EF assim tem-se:
15.10, formando a ligação delta ( ) ou triângulo.
3 Na conexão triângulo liga-se o início de
EL 23 2. EF . cos 30o 2.EF . EF . 3
2 uma fase com o fim da seguinte até fechar o
circuito, ou seja, liga-se 1 com 6, 3 com 5 e 2
Generalizando, para quaisquer fases temos: com 4.

IF3

IF2 5 3
5 3
VF2,IF2
VF3,IF3 VF2 VF3
IF2 IF3

2 6 IF3 2 IF1 6
4 1
IF1 4 VF1 1
VF1,IF1 IF1

IF2
Fig.15.9 - Alimentação de três cargas isoladas com gerador trifásico

IL3 = IF3 +(- IF2) 3


5
5 3
VF2,IF2
VF3,IF3 VF2 VF3
IF2 IF3
6
2 2 IF1
IL1 = IF1 +(- IF3) 6
4 1
4 VF1 1
VF1,IF1
IL2 = IF2 +(- IF1)

Fig. 15.10 - Conexão triângulo


Sistemas monofásicos e polifásicos XV - 7
________________________________________________________________________________________________

Antes de obtermos as relações entre as


IF3
grandezas de linha e de fase vamos analisar
malha fechada produzida pela ligação triângulo.
Essa malha fechada, de baixa resistência
interna, contendo f.e.m.s poderia ser percorrida IF1
por uma corrente elétrica. Essa ligação só é 30º
possível se a soma das três f.e.m.s for nula. 30º
Caso contrário haveria fortes correntes IL1 = IF1+(-IF3)
IF2 -IF3
de desequilíbrio entre as fases (dentro do
triângulo) mesmo com a carga ainda não
Fig.15.12b – Soma das correntes de fase para
conectada ao gerador. obtenção da corrente de linha
Essas correntes de circulação interna
correspondem a uma perda de energia com Pela semelhança com a dedução já feita
aquecimento demasiado do gerador. anteriormente, tem-se que a corrente de linha é a
Observando-se a Figura 15.11, verifica- soma das projeções das correntes de fase IF1 e
se que essa condição é satisfeita no caso da –IF3 em relação ao eixo horizontal.
ligação triângulo estar bem feita porque:

E E F1 E F2 E F3 0 (15.8) I L1 I F1 .cos30o ( I F3 .cos30o ) mas

EF1 | I F1 | | I F3 | I F logo tem-se:


3
EF3 I L1 2.I F . cos 30o 2.I F .
IF . 3
2
Para quaisquer fases pode-se então dizer:
EF2
Fig. 15.11 - Soma das f.e.m.s dentro do triângulo IL IF . 3 (15.9)
A corrente de linha (IL), como se pode
Com relação à f.e.m. (ou tensão) entre
ver, é uma composição das correntes de fase, por
linhas, pode-se afirmar que igual à f.e.m. (ou
exemplo, a corrente da linha três é obtida pela
tensão) da fase existente entre estas linhas como
soma da corrente da fase 3 com o inverso da
está evidente nas Figuras 15.9 e 15.10. Assim a
corrente na fase 2.
relação fica:
Veja-se simultaneamente as Figuras
15.10 e 15.12. EL = EF ou VL = VF (15.10)

Exemplo resolvido 15.1: Sabendo-se que um


gerador trifásico é capaz de fornecer uma
5 3 corrente de fase de 100 A e uma tensão por fase
VF2,IF2 VF3,IF3 de 220 V pede-se calcular a corrente de linha e a
tensão de linha quando o mesmo estiver ligado:
2 6 a) Em estrela;
b) Em triângulo.
Solução:
4 VF1,IF1 1
Ligação estrela:
IL1 = IF1 + (- IF3)
I L I F 100A; VL VF 3 220V 3 381,1 V
Fig.15.12a – Correntes de fase envolvidas na
formação da corrente de linha Ligação triângulo:
I L I F 3 100A 3 173,2A; VL VF 220V
XV - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

15.6 - COMPARAÇÃO ENTRE A LIGAÇÃO é requerido um comando independente para cada


ESTRELA E TRIÂNGULO um das cargas. Nesse caso, a ligação correta é a
estrela com neutro (a quatro fios) onde se tem as
Supondo que dois geradores semelhantes cargas ligadas entre cada fase e o neutro.
tenham o mesmo número de espiras por fase e a Dessa forma, pode-se interromper uma
mesma secção de fio, conclui-se que eles das cargas sem interferir nas outras e, além
produzirão as mesmas f.e.m.s por fase e terão a disto, têm-se dois valores de tensão disponíveis
mesma capacidade de fornecimento de corrente o que é uma vantagem em termos de
por fase. flexibilidade de utilização.
De acordo com a ligação ser estrela ou Por esses motivos a distribuição de
triângulo o que vai se modificar será a tensão de energia pública é sempre proveniente de uma
linha e a corrente de linha. fonte ligada em estrela com neutro.
Na ligação estrela ter-se-á mais tensão de
linha e menor corrente de linha; e na ligação 15.8 – TRANSFORMAÇÃO ESTRELA-
triângulo menor tensão de linha e maior corrente TRIÂNGULO
de linha. Com isso, vê-se que a potência do
gerador não se altera com o tipo de conexão. Na análise de circuitos trifásicos
Se for necessário que a tensão de linha e equilibrados, muitas vezes torna-se necessário
a corrente de linha devem ser iguais nas duas usar um circuito equivalente ligado em estrela
conexões, serão modificadas a tensão e a em lugar do circuito real ligado em triângulo ou
corrente de fase conforme a ligação. vice-versa.
O gerador ligado em estrela necessita de O estudo da transformação estrela-
menos espiras em cada fase, porém os fios triângulo começa pela Figura 15.13. onde se
devem ter maior seção transversal enquanto que, veem dois circuitos que são equivalentes sob o
no triângulo, deve-se ter mais espiras por fase e ponto de vista da linha.
fios com menor seção transversal.
Essas relações aplicam-se também a
A IL
motores, transformadores e outros aparelhos
trifásicos. VL
Resumindo, o projetista, a princípio, VF
pode escolher qualquer uma das conexões para B RF
um dado aparelho trifásico desde que use o IF
número de espiras e secção de fio adequada.

15.7 - USOS DO SISTEMA ESTRELA E C


TRIÂNGULO
A IL
O fornecimento de energia através de VL
sistemas trifásicos serve para alimentar cargas VFY
trifásicas e também cargas monofásicas. B RFY
As cargas trifásicas propriamente ditas, IFY
tais como motores, aquecedores trifásicos, etc.,
são equilibradas e podem ser agrupadas em
estrela ou em triângulo, desde que obedeçam à C
tensão da linha. Nesses casos, a ligação e o Fig. 15.13 - Circuitos triângulo e estrela equivalentes
desligamento das três fases são simultâneos.
Em se tratando de cargas monofásicas Faremos agora a dedução dos parâmetros
alimentadas por linhas trifásicas tem-se um do circuito equivalente estrela e do equivalente
natural desequilíbrio entre as três fases e sempre triângulo para circuitos trifásicos equilibrados.
Sistemas monofásicos e polifásicos XV - 9
________________________________________________________________________________________________

Para a ligação triângulo e estrela tem-se Questões e problemas


respectivamente:
VF 15.1. Calcule o número de rotações que um
IF ; I L I F . 3; VF VL ;
RF gerador de CA monofásico bipolar necessita
VFY girar para produzir 60 ciclos de f.e.m. no
I FY ; I LY I FY ; VLY VFY 3 ; seu induzido.
R FY
A transformação de uma ligação em 15.2. Compare o induzido de um gerador
outra deve ocorrer de forma que as grandezas monofásico com o induzido de um gerador
vistas por um observador externo não sofra trifásico.
alteração, isto é, as grandezas de linha não
devem ser alteradas. Assim tem-se: 15.3. Calcule o valor instantâneo da f.e.m. de
cada uma das fases para .t = 150°,
I LY IL IL VLY VL VL ; supondo que, quando .t = 0o, e1 = 0V. O
valor eficaz das f.e.m.s por fase é 220V.
Logo:
IFY ILY IL IL I FY IF . 3 (15.11) 15.4. Calcule o tempo que passa entre a
ocorrência do máximo de f.e.m. na fase l e
Para as tensões tem-se: na fase 2 supondo a frequência de 60 Hz.
VLY VL VL VF
VFY VFY (15.12) 15.5. Cite as vantagens do sistema trifásico
3 3 3 3 sobre o sistema monofásico.

Quanto às resistências tem-se: 15.6. Calcule a corrente no neutro de um sistema


VFY VF / 3 VF trifásico ligado em estrela que tenha as
R FY seguintes correntes e ângulos de defasagem
I FY IF . 3 I F .3
em relação às respectivas f.e.m.s das fases:
RF I1 = 10A; 1 = 0°,
R FY (15.13)
3 I2 = 10A; 2 = - 60°,
I3 = 15 A; 3 = 60°.
As três equações obtidas permitem a
conversão direta de um circuito em triângulo 15.7. Cite as providências que devem ser
para um circuito equivalente em estrela. tomadas na distribuição urbana para tentar
Caso se queira o contrário, fazem-se manter o circuito o mais equilibrado
transposições algébricas tradicionais. possível.

I FY 15.8. Mostre que numa ligação estrela, a tensão


IF (15.14) de linha é igual à tensão de fase
3
multiplicada por raiz de três.
VF VFY . 3 (15.15)
RF R FY .3 (15.16) 15.9. Um motor trifásico é ligado em estrela
numa fonte de 440 V de linha e absorve
Tanto as potências de cada fase quanto a uma corrente de linha de 215 A. Calcule a
total não se alteram com a transformação. tensão que age nos extremos de cada fase e
Nesse momento foram tomados circuitos a corrente que percorre cada fase do motor.
resistivos puros, porém as relações acima serão
válidas para circuitos compostos de indutores e 15.10. Cite a condição necessária para a
capacitores também. realização de uma conexão triângulo num
gerador.
XV - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

15.11. Um eletricista possuía três lâmpadas Respostas selecionadas


incandescentes iguais de 127 V, cujas
resistências normais de operação eram de 15.1. 60 rotações.
440 . Ele as ligou em estrela numa rede
trifásica sem neutro cuja tensão de linha era 15.2. Ver texto.
220 V.
a) Diga se a ligação está correta. 15.3. e1 = e2 = 155,5 V; e3 = - 311 V.
b) Calcule a corrente em cada lâmpada.
c) Calcule a corrente de linha. 15.4. Resposta: 5,55 ms;

15.12. Três capacitores cujos valores nominais 15.5. Ver texto.


25 F, 380 V, necessitam ser ligados numa
indústria de Pelotas onde a rede possui 380 15.6. IN =15 A adiantada de 60° de EF3.
V de linha. Qual deve ser a conexão usada?
15.7. Ver texto.
15.13. Um transformador de distribuição tem o
seu primário ligado em triângulo numa rede 15.8. Ver texto.
de 13200 V de linha e absorve, à plena
carga, 13,12 A de linha. Calcule a tensão 15.9. 254,0 V; 215 A
entre os terminais de cada fase do primário
e a corrente em cada fase do enrolamento 15.10. A soma das três f.e.m.s na malha deve ser
primário. nula.

15.14. O mesmo transformador acima possui o 15.11. Sim. IF = IL= 0,289 A


secundário ligado em estrela. Sabendo-se
que cada fase produz uma f.e.m. de 127 V e 15.12. Triângulo.
é capaz de fornecer 787,4 A, calcule a
tensão de linha e a corrente de linha que ele 15.13. 13200 V; 7,58 A
é capaz de fornecer se for ligado em estrela.
15.14. 220,0 V; 787,4 A
15.15. Um conjunto de resistores de 60 , 380
V cada um, formam um aquecedor trifásico 15.15. 20 ; 10 A; 346,4 V; 5,77 A
que é ligado em triângulo numa rede
trifásica que possui 380 V de linha no seu
início. A linha possui uma resistência de
1,94 por fase. Calcule:
a) A resistência do equivalente estrela do
aquecedor;
b) A corrente circulante na linha;
c) A tensão de linha que chega à carga;
d) A corrente em cada resistor.
Capítulo XVI – CIRCUITOS DE C.A. MONOFÁSICOS

Ernst Werner von Siemens (1816 – 1892)


Werner von Siemens vivenciou o processo de
industrialização durante a sua juventude. A Alemanha tornou-se
uma das nações industriais líderes do mundo. O progresso da época
permitiu o crescimento da Siemens & Halske e também foi
decisivamente influenciado pela atividade econômica de Werner von
Siemens. Em 1834, Siemens deixou o "ginásio" para se juntar ao
exército prussiano e assim estudar engenharia. Em 1847, Werner
von Siemens construiu o telégrafo pointer que era muito seguro.
Isso foi a base para criação da Siemens & Halske Telegraph
Construction Company, que Siemens fundou junto com seu
mecânico chefe, Johann Georg Halske.
Em poucas décadas, a Siemens & Halske saltou de uma pequena oficina de engenharia
para uma das empresas eletrônicas líderes no mundo. Em 1848, a Siemens & Halske fechou seu
primeiro grande contrato para a construção de uma linha de telégrafo de 500 km, entre Berlim e
Frankfurt. Em 1851, a Siemens & Halske construiu a rede de telégrafo russa, do mar Báltico ao Mar
Negro. Em paralelo às suas atividades empresariais, Siemens dedicou-se à pesquisa científica. Em
1866, ele deu grande contribuição à engenharia elétrica ao descobrir o princípio dínamo-elétrico,
abrindo caminho para que a eletricidade fosse usada como fonte de energia. Em 1867, ele enviou um
artigo à Academia de Ciências de Berlim, intitulado "Na conversão da energia mecânica em
corrente elétrica sem o uso de ímãs permanentes". Nele, Siemens se mostra não apenas como um
cientista, mas também como engenheiro e empresário de visão. Durante sua vida, Siemens recebeu
numerosas homenagens pelos serviços prestados à ciência e à sociedade. A unidade de condutância
recebeu o nome Siemens, sendo o inverso do Ohm. [http://www.siemens.com.br/templates]

16.1 - CIRCUITO RESISTIVO PURO Nesse caso pode-se aplicar a lei de Ohm
aos valores instantâneos das grandezas e obter a
equação da corrente.
16.1.1 – Relações para valores v VM .sen t logo:
instantâneos v VM .sen t VM
i .sen t
R R R
Embora não tenhamos, em geral, i I M .sen t (16.1)
circuitos que sejam totalmente puros há um
grande grupo de componentes que tem Nesta equação pode-se notar que quando
comportamento como se assim fossem. Nesse a tensão aplicada v for nula ( t = 0º; t =180º) a
grupo se destacam chuveiros, estufas, lâmpadas
incandescentes, resistores de uso em eletrônica, i
etc. v = VM.sen t
Na maioria dos casos tem-se um circuito + v -
composto de componentes reais (não-puros) que -
são modelados como dois ou três componentes
puros em série. Nesse item consideraremos
somente circuitos compostos de resistores puros 0º 90º 180º 270º 360º
apenas. Suponhamos então uma tensão i = IM.sen t
alternada senoidal aplicada sobre um resistor
puro.
Fig.16.1 – Tensão e corrente num circuito resistivo
puro
XVI - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Y v,i v = VM.sen t

IM VM 0º 90º 180º 270º 360º (º)

i = IM.sen t

Fig. 16.2 - Representação fasorial e senoidal no circuito R puro

corrente o será e que quando a tensão for Dividindo-se (16.2) por raiz de 2 obtêm-
máxima ( t = 90º, t = 270º) a corrente será se os valores eficazes.
máxima também como era de esperar. IM VM
logo:
Observa-se na Figura 16.1 que as duas 2 2.R
grandezas estão em fase, isto é, seus valores
Vef V
respectivos ocorrem simultaneamente, ou seja, I ef I (16.3)
os valores máximos e nulos ocorrem no mesmo R R
instante.
Essas grandezas senoidais podem ser Assim temos a lei de Ohm para circuitos
representadas por vetores girantes (fasores). resistivos puros ligados em corrente alternada
O valor algébrico das projeções dos utilizando valores eficazes para as grandezas.
vetores sobre o eixo vertical (y) fornece os Quando trabalhamos só com fasores, não
valores instantâneos das grandezas. há problema nenhum em representá-los pelo
Se no instante t = 0 (início da valor eficaz da grandeza, em vez do valor
observação), os valores das grandezas são nulos, máximo (que não é quase usado). Isto equivale
os vetores são desenhados sobre o eixo a desenhar os fasores em escala, mais curtos.
horizontal ou de referência (x). Apesar de A vantagem é que o resultado de uma
sabermos que os vetores são girantes, na prática soma (operação muito comum neste assunto) já
de resolução de problemas abrevia-se a figura é valor eficaz da grandeza requerida e não o seu
acima desenhando-se apenas os fasores na sua máximo.
posição para o tempo t = 0.
I V Ref

IM VM Ref Fig. 16.4 Representação fasorial no circuito puro R


IM valores
com VM eficazes
Fig. 16.3 - Representação fasorial no circuito puro R Exemplo resolvido 16.1: Calcular a corrente
IM VM eficaz IM
numVcircuito constituído de uma estufa
M
16.1.2 - Relações para valores eficazes com um filamento de níquel-cromo cuja
IM VM resistência, na temperatura de operação, vale
Usando-se as relações a seguir, já 42,0 sabendo-se que cada um dos condutores
abordadas anteriormente, tem-se: que a alimenta possui uma resistência de 1,0 .
A tensão eficaz na tomada vale 220 Vef.
VM Solução: Rt = Rc1+ Rest +Rc2
v VM .sen t log o i .sen t
R Rt = (1,0+42,0+1,0) = 44,0
VM V 220 V
IM (16.2) I 5A
R R 44
Circuitos de CA monofásicos XVI - 3
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PM

p(t)

Pméd=PM/2 Pméd=PM/2

VM
v(t)

IM i(t)
i(t)

0 90º 180º 270º 360º t

Fig. 16.5 – Grandezas instantâneas no circuito R puro

16.1.3 - Fluxo de energia. Potência VM .I M VM .I M


Pmed P Vef .Ief
instantânea e média 2 2. 2
P V.I (16.4)
A potência instantânea é obtida pelo
produto dos valores instantâneos da tensão e da Onde: P = Potência média (Watt);
corrente e é mostrada na figura 16.5. V = Tensão eficaz (V);
Calculemos a potência instantânea num I = Corrente eficaz (A).
circuito R puro. Sabe-se, de antemão, que a
tensão e a corrente são senoidais e estão em fase. Observa-se que, ao longo de um ciclo
completo, a potência instantânea nunca fica
p v.i VM .sen t. I M .sen t VM .I M .sen 2 t negativa, ou seja, toda a potência que flui da
fonte para o resistor é transformada noutra forma
Utilizando-se conhecimentos de de potência (Ex: potência calorífica ou
trigonometria associados ao cosseno do arco luminosa) e nenhuma é devolvida à fonte,
duplo, ou buscando em tabelas de identidades mesmo quando a corrente se inverte (de a 2 ).
trigonométricas, chega-se a: Usa-se chamá-la de potência ativa ou
1 1 VM .I M potência real. Quando estivermos falando de
p VM .I M .( . cos 2 t ) (1 cos 2 t ) energia usamos o termo energia ativa.
2 2 2
VM .I M VM .I M Um resistor puro alimentado em C.C. e
p cos 2 t em C.A. (com uma tensão eficaz igual ao valor
2 2
da tensão C.C.) tem a mesma potência média
Ao calcularmos o valor médio da
embora as potências instantâneas sejam
potência (Pmed) ao longo de um ciclo,
diferentes, porque a corrente alternada tem
percebemos que apenas a primeira parcela
valores variáveis. Em termos médios, um
produz um valor não nulo uma vez que o valor
chuveiro, por exemplo, aquece a água de mesmo
médio da parcela cossenoidal é nulo. Assim a
modo se for alimentado em CC ou em CA
potência média num circuito resistivo puro é
porque a corrente aquece o filamento num dado
dada por:
sentido e também no outro sentido.
XVI - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Em ambos os casos, a única oposição à Na Figura 16.6 o sentido de corrente


passagem de corrente é a resistência, ou seja, a mostrado é o sentido de referência (sentido
relação entre tensão e corrente permanece sendo positivo) e as polaridades das quedas de tensão
dada pela conhecida lei de Ohm. são aquelas produzidas pela passagem de
corrente no sentido de referência. O sentido
Exemplo resolvido 16.2: Calcular a potência positivo da f.e.m. da fonte (e), assim como o
média e potência máxima dissipada na estufa do sentido da f.e.m. autoinduzida (eL), são tais que
exemplo anterior. produziriam corrente no sentido de referência.
Aplicando-se a segunda lei de Kirchhoff
Solução: Vest = Rest.I = 42 .5 A = 210 V na malha da Figura 16.1a obtém-se:
Pméd = P = Vest.I = 210 V.5 A = 1050 W
Pmax = 2.Pméd = 2100 W - e + i.R1 + i.R2 - eL = 0 (16.1)
ou
16.2 - CIRCUITO INDUTIVO PURO e + eL = i.R1 + i.R2 (16.2)

Onde se tem, na esquerda, as f.e.m.s


16.2.1 – Relações para valores atuantes na malha e, na direita, as quedas de
instantâneos tensão.
Usando as leis de Faraday e Lenz obtém-
Para estudarmos os circuitos indutivos se a f.e.m. autoinduzida por:
puros em corrente alternada tomemos
inicialmente uma bobina representada por uma eL = - L. i/ t (16.3)
indutância em série com resistência.
O elemento mais importante será a
Assim:
indutância da bobina enquanto que a resistência
e - L. i/ t = i.R1 + i.R2 (16.4)
será pequena, tal como a sua resistência própria
e a dos fios que a alimenta. A corrente circulante
Suponhamos um dado instante de tempo,
é alternada. Portanto, está constantemente
como mostrado na Figura 16.7, onde a corrente
variando no tempo e, com isso, a indutância está
é positiva e está crescendo. Nesse momento o
sempre produzindo f.e.m. e a resistência queda
sentido da f.e.m. autoinduzida eL, pela lei de
de tensão.
Lenz, tem sentido oposto à corrente e as
polaridades de eL serão (+) na entrada da
corrente e (-) na saída.
+ i.R1 - i + i.R2 -
- Com essas polaridades, a f.e.m. eL passa
i
a ter as mesmas polaridades das outras quedas de
e eL tensão, ou seja, positivo na entrada da corrente e
negativo na saída. Isso sugere que, em vez de
+
considerarmos os “Volts” gerados na indutância
como uma f.e.m., passemos a interpretá-los
como se fossem uma queda de tensão na
+ i.R1 - i + i.R2 - indutância. Essa troca de significado exige que a
i + convenção de sentido seja invertida. Como
queda de tensão, agora simbolizada por vL, a
e vL
polaridade de referência é (+) na entrada da
- corrente de referência. Assim a equação da
queda passa a ser:
vL = + L. i/ t (16.5)
Fig.16.6 - Interpretações dos “volts” numa indutância
Circuitos de CA monofásicos XVI - 5
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Matematicamente, isso equivale a trocar Δi Δi


Assim: ω. (16.11)
o termo L. i/ t da esquerda para a direita do Δt Δθ
sinal de igual de (16.4). A queda de tensão (ou tensão) no indutor
e = + L. i/ t + i.R1 + i.R2 (16.6) ficará então:
i i
Assim passamos a ter apenas uma única v L L. L. . (16.12)
t
f.e.m. (a da fonte) e três quedas de tensão: duas Para calcularmos o valor da queda de
nas resistências e uma na indutância. tensão num dado instante de tempo, ou melhor,
Talvez possa ser estranha essa troca, num dado ângulo elétrico, tomemos um pequeno
porém, em todo o estudo de corrente alternada, intervalo no entorno do ponto, por exemplo, 0,01
sempre estaremos considerando a queda de rad para cada lado, e calculemos a variação da
tensão na indutância e não a f.e.m. autoinduzida corrente entre estes dois pontos.
na indutância. A tensão máxima ocorrerá na passagem
O estudo mais simples é determinar da corrente por zero e o seu valor será dado por:
quando a queda de tensão é máxima e quando é
nula por observação da Figura 16.3. i i
Na passagem da corrente pelo zero (em VL M L. L. .
t
= 0º e 180º) tem-se a maior inclinação da curva
e a maior queda de tensão enquanto que a queda I .sen (0,01rad ( 0,01rad ))
VLM L. . M .
nula será justamente quando a corrente está no 0,01 ( 0,01)
máximo, momento em que ela não diminui nem VLM L. .I M VL M L. .I M (16.13)
aumenta.
Faremos uma dedução gráfica do valor
Quando a corrente for máxima percebe-
da queda de tensão nos terminais do indutor
se que ela não varia nem para mais nem para
puro.
menos. Logo, a variação da corrente é nula e a
Sabemos que a corrente é expressa por:
tensão é nula sobre o indutor.
i = IM. sen (16.7) Quando a corrente passar por zero no
que vL = + L. i/ t (16.8) sentido decrescente teremos novamente a
e que: = . t (16.9) máxima tensão, porém no sentido negativo.
Na Figura 16.3 a declividade da curva é Concluindo, observando-se os valores da
dada por: tensão percebe-se que ela é descrita pela função
tan = cat.op./cat.adj. = i/ (16.10) cosseno (vL=VLM.cos ); enquanto que a
Δi Δi corrente é descrita pela função seno.
Portanto: tan α
Δθ ω.Δt (i = IM.sen )

i
i
i/ =0

/2 3 /2 2 (rad)
i/ =máx
i/ = -máx

i/ =0

Fig.16.7 – Análise das velocidades de variação da corrente senoidal


XVI - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
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VLM
. i = IM.sen vL = VLM.cos
VLM
i/ =0
.
i/ = -máx

IM /2 3 /2 2 (rad)
i/ =máx

i/ =0

Fig.16.8 – Curvas de tensão e corrente num circuito indutivo puro

Na Figura 16.8 já estão desenhados os 16.2.2 - Relações para valores eficazes.


fasores que representam a tensão e a corrente
num circuito indutivo puro. Percebe-se que o
Reatância indutiva.
fasor da tensão está adiantado (mais à frente no
No circuito indutivo puro podemos
sentido trigonométrico) de 90ºE em relação à
afirmar que:
corrente.
Para frequência de 60 Hz tem-se: i I M .sen t e v .L.I M . cos t
e, quando cos t = 1, temos:
90ºE = T/4 = 16,6ms/4= 4,15 ms . VM ω.L.IM
portanto, se dividirmos por 2, teremos
Assim a tensão atinge seu valor máximo valores eficazes.
positivo e, só depois de transcorridos 4,15 ms, a VM I
corrente atingirá o seu valor máximo positivo. ω.L. M logo:
2 2
A Figura 16.9a mostra a representação
VEF ω.L.IEF ou V ω.L.I então:
fasorial quando a corrente é tomada como
referência e a Figura 16.9b quando a tensão é a V V
I ou I (16.14)
referência. ω.L XL
A expressão anterior mostra-se
semelhante à lei de Ohm para circuitos resistivos
VM puros.
Nesse caso a oposição à passagem da
= 90ºE corrente, em vez de ser chamada de resistência, é
IM Ref chamada de reatância indutiva (XL).
Ela é definida como a relação entre os
valores eficazes de tensão e corrente num
IM VMVM Ref circuito indutivo puro. Sua unidade é o Ohm.
= 90ºE V
XL onde X L .L
I
IM
XL 2. .f .L (16.15)
Fig. 16.9 - Representação fasorial no circuito L
puro Icom VM máximos
M valores Onde: XL = Reatância indutiva ( );
f = Frequência da corrente (Hz);
L = Indutância do circuito (H).
IM VM
Circuitos de CA monofásicos XVI - 7
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A equação 16.15 mostra que a reatância Exemplo resolvido 16.3: Um indutor puro
indutiva (XL) depende das características do possuidor de resistência nula e uma indutância
circuito (representada pela indutância), mas de 40mH foi conectado direto a uma tomada de
também depende de uma característica da fonte 220 Vef e foi mantido ligado durante 24 h.
de alimentação (a sua frequência). Sabendo-se que a frequência da tensão é
Assim a reatância indutiva é diretamente 60 Hz pede-se calcular:
proporcional à frequência. Para frequências a) A reatância indutiva do indutor;
muito altas (f ) um indutor é considerado um b) A corrente eficaz através do indutor.
circuito aberto, porém para tensão contínua (f =
0) comporta-se como um curto-circuito. Solução:
Observar que um circuito RL, em a) XL = 2. .f.L = 2. .60Hz.40x10-3H = 15,08
corrente contínua, apresenta indutância. No
entanto, como f = 0, não há reatância (XL= 0) e a b) I = V/XL = 220 V/ 15,08 = 14,59 A
única oposição existente é a sua resistência.
O diagrama fasorial pode ser feito com 16.2.3 - Fluxo de energia. Potência
valores eficazes, em vez de valores máximos. instantânea e média

A potência instantânea em qualquer tipo


V
de circuito é obtida pela multiplicação dos
valores instantâneos da tensão e da corrente.
= 90ºE A potência instantânea é obtida pelo
I Ref produto dos valores instantâneos da tensão e da
corrente e é mostrada na figura 16.11.
p v.i VM . cos t. I M .sen t
IM VMV Ref
= 90ºE
p VM .I M . cos t.sen t (16.16)
I
Por simples observação vê-se que, nos
Fig. 16.10 - Representação fasorial no circuito L pontos onde a corrente ou a tensão for nula,
puroIcom
M VM eficazes
valores teremos pontos de potência nula e que, por
IM VM simetria, obtemos os pontos de máxima potência

PM

IM p(t)

VM
v(t) i(t)

Pméd= 0
0 90º 180º 270º 360º t

Fig. 16.11 – Grandezas instantâneas no circuito L puro


XVI - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
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no meio dos intervalos entre as potências nulas. Exemplo resolvido 16.4: Para o indutor do
Nos quartos de ciclo onde a tensão e a exemplo anterior deseja-se calcular:
corrente forem positivas ou negativas teremos a) A potência média dissipada num ciclo;
potência positiva e quando tiverem sinais b) A energia elétrica consumida nas 24 h;
opostos temos potência negativa. b) A potência máxima trocada entre a fonte e o
Utilizando-se conhecimentos de campo magnético.
trigonometria associados ao seno do arco duplo
temos: Solução:
sen 2 t 2.sen t. cos t logo: a) Pméd = 0; (Todo indutor puro tem
sen 2 t potência média nula)
sen t. cos t assim: b) E = Pméd. t = 0 (Todo indutor puro não
2
consome energia, mas sim a troca com a
sen 2 t VM .I M
p VM .I M . p .sen 2 t fonte)
2 2 c) PM = VEF.IEF = V.I = 220V.14,59A =
Tomando-se, por exemplo, t = 45º 3209,8 W
temos sen 2 t =1 e, portanto, p = PM logo:
VM .I M VM .I M
PM ou PM VEF .I EF
2 2. 2 16.3 - CIRCUITO CAPACITIVO PURO
e finalmente:
PM VEF .I EF ou PM V.I (16.17) 16.3.1 - Relações para valores
instantâneos
A potência média é nula, porque a
potência instantânea é função senoidal e Consideremos o circuito a seguir, dotado
significa que não existe transformação de um capacitor apolar, alimentado com corrente
irreversível de energia, ou seja, não há produção alternada.
de calor.
Pmed = 0 (16.18) + i +q
v C vc
Quando a corrente está crescendo (0º a - -q
90º e 180º a 270º) há fornecimento de energia
para o campo magnético (Wcmp = ½.L.i2). Fig.16.12 – Circuito capacitivo puro em CA
Quando a corrente fica constante ou nula,
o gerador não fornece energia ao campo A dedução das equações para capacitores
magnético. em CA parte da definição de intensidade de
Quando a corrente está decrescendo (90º corrente e da definição de capacitância.
a 180º e 270º a 360º) o gerador recebe de volta A intensidade da corrente num terminal
a energia que estava armazenada no campo de um capacitor é a razão entre a carga que passa
magnético. por ali em direção à placa positiva e o intervalo
Nos circuitos indutivos puros existe uma de tempo transcorrido. Essa carga é exatamente
constante troca de energia entre o gerador e o a que se acumulará na placa positiva do
campo magnético do indutor. Essa energia capacitor. Portanto:
denomina-se energia reativa, e no caso de
q
potência, é chamada de potência reativa. O i (16.19a) ou q i. t (16.19b)
assunto relacionado à potência em circuitos CA t
será analisado em capítulo específico no final
deste trabalho. Pela definição de capacitância temos a
relação entre a carga acumulada e a tensão entre
as placas.
Circuitos de CA monofásicos XVI - 9
________________________________________________________________________________________________

q capacitor o que caracteriza grande intensidade de


C (16.20a) ou q C.v (16.20b) corrente elétrica.
v
No caso de trabalho em tensão alternada
Qualquer variação da tensão entre as senoidal a taxas de variação da tensão muda
placas causa uma variação proporcional da carga conforme o momento em que está o ciclo.
acumulada, ou vice-versa, qualquer variação da Usaremos o mesmo raciocínio do item 16.2.1.
carga entre as placas causa uma mudança Sabemos que a tensão é expressa por:
proporcional na d.d.p. entre as placas, logo:
v = VM. sen (16.23)
q C. v (16.21) que i = C. v/ t (16.24)
e que: = . t (16.25)
Dividindo-se essa variação de carga pelo
intervalo de tempo tem-se a intensidade da Na Figura 16.13 a declividade da curva é
corrente no capacitor ligado em fonte de tensão dada por:
variável. tan = cat.op./cat.adj. = v/ (16.26)

q C. v v Δv Δv
i i C. (16.22) Portanto: tan α
t t t Δθω.Δt
Δv Δv
Assim: ω. (16.27)
Essa equação mostra claramente que só Δt Δθ
haverá corrente num capacitor quando houver A corrente no capacitor ficará então:
mudança do valor da tensão entre as placas e o v v
i C. C. . (16.28)
valor da corrente dependerá diretamente da t
velocidade de variação da tensão ou taxa de
variação da tensão ( v/ t). Para calcularmos a intensidade da
Assim, quando a tensão está constante corrente num dado instante de tempo, ou melhor,
entre as placas ( v = 0), é sinal que as cargas num dado ângulo elétrico, tomemos um pequeno
estão imóveis nas placas, ou seja, não há entrada intervalo no entorno do ponto, por exemplo,
nem saída de corrente no capacitor. 0,01rd para cada lado, e calculemos a variação
Quando há mudanças rápidas na tensão da tensão entre esses dois pontos.
há uma mudança rápida da quantidade de cargas A corrente máxima ocorrerá na passagem
acumuladas nas placas, ou seja, grande da tensão por zero e o seu valor será dado por:
velocidade de saída ou entrada de cargas no

v
v
v/ =0

/2 3 /2 2 (rd)
v/ =máx
v/ =-máx

v/ =0

Fig.16.13 - Velocidades de variação da tensão senoidal


XVI - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
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IM.
IM v = VM.sen i = IM.cos
v/ =0

v/ = -
máx
VM /2 3 /2 2 (rad)
v/ =máx

v/ =0

Fig.16.14 – Curvas de tensão e corrente num circuito capacitivo puro

v v Observação: Apesar de a corrente entrar por


IM C. C. .
t um terminal do capacitor e sair pelo outro, as
cargas elétricas não atravessam o dielétrico.
VM..sen(0,01rd ( 0,01rd)) As que entram se acumulam na placa
IM C. . C. .VM positiva e as que saem deixam buracos da placa
0,01 ( 0,01)
negativa, mas nenhuma atravessa o isolante
Finalmente: I M C. .VM (16.29) entre as placas.
A representação fasorial fica, então,
Quando a tensão for máxima percebe-se ilustrada pela figura 16.15.
que ela não varia, nem para mais nem para Os vetores girantes são desenhados na
menos. Logo, a variação da tensão é nula e a posição em que estão para t = 0. Geralmente,
corrente é nula no capacitor. usam-se os valores eficazes.
Quando a tensão passar por zero no
sentido decrescente, teremos novamente a I
máxima corrente, porém no sentido de descarga
(negativo). = 90ºE
Observando-se os valores da corrente no V Ref
capacitor, mostrados na Figura 16.14, percebe-se
que ela é descrita pela função cosseno (i =
IM.cos ), enquanto que a tensão é equacionada IM VMI Ref
pela função seno (v = VM.sen ). = 90ºE
Concluindo, a corrente está avançada de
90ºE em relação à tensão, ou seja, quando a V
tensão está crescendo positivamente, há corrente
positiva carregando o capacitor. Fig. 16.15 - Representação fasorial no circuito C
Quando a tensão fica constante, a IM valores
puro com VM eficazes
corrente se anula, e quando a tensão cai, a IM VM
corrente se inverte, descarregando o capacitor.
Em 180°E o capacitor está descarregado 16.3.2 - Relações para valores eficazes.
e começa a se carregar com polaridade contrária. Reatância capacitiva.
Tomando-se a Eq.16.29 e dividindo os
dois membros por raiz de 2 obtemos valores
eficazes.
Circuitos de CA monofásicos XVI - 11
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IM VM Assim, o capacitor é considerado um


IM .C.VM [: 2 ] .C.
2 2 curto-circuito para frequências altas (f ) e um
I EF .C. VEF I .C. V ou
circuito aberto (oposição infinita) para
alimentação em CC (f = 0).
V
I (16.30)
1 Exemplo resolvido 16.5: Um capacitor de filme
.C plástico metalizado de 25 F/350V é conectado a
Novamente as equações são manipuladas uma fonte de 127 V/60 Hz. Calcular:
para tomarem a forma da lei de Ohm usada nos a) A reatância capacitiva;
circuitos resistivos puros. b) A corrente eficaz.
Nesse caso a oposição (o que está no Solução:
denominador) é chamada de reatância 1 1
capacitiva. a ) Xc 106,1
2. .f .C 2. .60Hz .25 F
1
XC mas 2. .f V 127V
.C b) I 1,197A
X c 106,1
1
logo: XC (16.31)
2. .f .C
16.3.3 – Fluxo de energia. Potência
Reatância capacitiva é, então, a relação instantânea e média
entre a tensão eficaz e a corrente eficaz num
circuito capacitivo puro. Igualmente, para o circuito capacitivo
Essa grandeza se apresenta com puro, obtém-se a potência instantânea por meio
característica de oposição à passagem de do produto dos valores instantâneos da tensão e
corrente senoidal num capacitor puro e é medida da corrente.
em Ohms. p v. i VM .sen t. I M . cos t
A reatância capacitiva depende p VM .I M .sen t. cos t (16.32)
inversamente da característica do capacitor (da
sua capacitância), mas depende também da Por simples observação vê-se que, nos
característica da fonte (sua frequência). pontos onde a corrente ou a tensão for nula,
A reatância capacitiva diminui com a teremos pontos de potência nula e que, por
frequência; logo, a corrente no capacitor será simetria, obtemos os pontos de máxima potência
tanto maior quanto maior for a frequência. no meio dos intervalos entre as potências nulas.

p(t) PM
VM
v(t)

IM
i(t)
i(t)
Pméd= 0
0 90º 180º 270º 360º t

Fig.16.16 – Grandezas instantâneas num circuito C puro


XVI - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
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Nos quartos de ciclo onde a tensão e a tensão num capacitor (VC) está atrasada da
corrente forem positivas ou negativas teremos corrente de 90°E. Sob quase todos os aspectos, o
potência positiva; e quando tiverem sinais capacitor se comporta de maneira contrária ao
opostos teremos potência negativa. indutor.
Utilizando-se conhecimentos de
trigonometria associados ao seno do arco duplo Exemplo resolvido 16.6: Para o capacitor do
temos: exemplo anterior deseja-se calcular:
sen 2 t 2.sen t. cos t Logo: a) A potência média dissipada num ciclo;
sen 2 t b) A potência máxima trocada entre a
sen t. cos t fonte e o campo magnético.
2
Solução:
sen 2 t
p VM .I M . a) Pméd = 0 (Todo capacitor puro tem
2 potência média nula) ;
VM .I M b) PM = VEF.IEF = V.I =
p .sen 2 t
2 PM = 127 V.1,197 A = 152,02 W.
Tomando-se, por exemplo, t = 45º
temos sen 2 t =1 e, portanto, p = PM, logo:
VM .I M VM .I M 16.4 - CIRCUITO RLC SÉRIE
PM ou PM VEF .I EF
2 2. 2
Chegando-se finalmente a: 16.4.1 - Quedas de tensão resistiva e
reativa
PM VEF .I EF ou PM V.I (16.33)
Os circuitos de C.A. podem conter
A potência média é nula, porque a componentes puros ou podem ter, como é
potência instantânea é função senoidal e normal, combinação de componentes puros em
significa que não existe transformação série ou até em paralelo. Geralmente um único
irreversível de energia, ou seja, não há produção componente real é desdobrado em um resistor
de calor. puro em série com um indutor puro e/ou em
Pmed = 0 (16.34) série com um capacitor puro, cujos
comportamentos já são conhecidos.
Quando a tensão está crescendo (0º a 90º Vejamos, por exemplo, um circuito-série
e 180º a 270º) há fornecimento de energia para composto por um resistor puro, um indutor puro
o campo elétrico do capacitor (Wcmp = ½.C.v2). e um capacitor puro.
Quando a tensão fica constante ou nula, a R I L C
fonte não fornece energia ao campo elétrico.
Quando a tensão está decrescendo (90º a + VR - + VL - + VC -
180º e 270º a 360º), o gerador recebe de volta
a energia que estava armazenada no campo
E
elétrico.
Nos capacitores puros existe uma
constante troca de energia entre o gerador e o Fig. 16.17 - Circuito RLC série
campo elétrico do capacitor. Essa energia
A corrente determina quedas de tensão
denomina-se energia reativa capacitiva, e no
em cada um desses componentes. Para cada um,
caso de potência é chamada de potência reativa
individualmente, já foram obtidas relações nos
capacitiva, de forma análoga ao que foi dito
itens anteriores. Como a corrente é comum a
para indutores puros.
todos os componentes, esta grandeza será usada
A queda de tensão num indutor (VL) está
adiantada da corrente de 90°E e a queda de
Circuitos de CA monofásicos XVI - 13
________________________________________________________________________________________________

VL
E ou V
VC
VR E ou V
I VX
VX

0 90 180 270 360 (oE) VR I

Fig.16.18 – Representação do circuito RLC série: a) senoidal; b) fasorial.

como referência para o traçado dos diagramas No caso da soma fasorial, deve-se
senoidais e fasoriais. colocar o início de um fasor na extremidade do
No resistor puro, a queda de tensão (VR) anterior e assim sucessivamente até o último.
está em fase com a corrente e seus valores A f.e.m. da fonte (ou a tensão total) será
eficazes estão relacionados por: obtida unindo-se o início do primeiro fasor ao
VR = I.R (16.35) fim do último. Como esse método é muito mais
fácil, só será usada a soma fasorial na análise de
No indutor puro, a queda de tensão (VL) circuitos elétricos de CA.
está avançada da corrente de 90°E e a relação
entre seus valores eficazes é: 16.4.3 - Lei de Kirchhoff para valores
VL = I. XL (16.36) eficazes. Impedância.
No capacitor puro, a queda de tensão A Figura 16.18b é conhecida como
(VC) está atrasada da corrente de 90°E e a triângulo das tensões e é muito útil para analisar
equação para o mesmo é: esses circuitos. Aplicando-se a 2a lei de
VC = I. XC (16.37) Kirchhoff sob forma fasorial, temos uma soma
de fasores:
16.4.2 - Representação senoidal e E V R V L VC (16.38)
fasorial das tensões
Ferramentas muito úteis na análise de
circuitos CA são a Trigonometria e o Teorema
Conforme a 2a lei de Kirchhoff, para de Pitágoras, uma vez que sempre
achar a f.e.m. da fonte (E) ou a tensão total (V), conseguiremos formar um triângulo retângulo
devemos somar todas as quedas de tensão. com os fasores. No exemplo temos, como um
Na Figura 16.18a temos cada queda de dos catetos, a queda resistiva (VR) e, como outro
tensão representada por uma senóide defasada da cateto, a resultante das quedas reativas UL e UC.
corrente, conforme a característica daquele tipo A hipotenusa (E) é obtida por Pitágoras.
de componente.
A queda Vx é a queda de tensão reativa E2 = VR2 + VX2 (16.39a)
(Vx = VL-VC). Para obter a resultante (E)
ou
devemos somar os valores instantâneos de cada
E = VR + (VL - VC)2
2 2
(16.39b)
curva. Notamos que o desenho deve ser feito em
escala com extremo cuidado.
XVI - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Podemos substituir o valor das quedas primeiro que é chamado de triângulo da


pelas suas equações em função da corrente: impedância.
A reatância total é a soma fasorial da
E2 = (I. R)2 + (I.XL - I.XC)2 (16.40a) reatância indutiva e capacitiva. Em outras
palavras, é o módulo da diferença das duas
Pondo-se em evidência a corrente, temos: reatâncias, com o sentido da maior.
E2 = I2. [ R2 + (XL - XC)2 ] (16.40b)
X = |XL - XC| (16.44)
Extraindo-se a raiz, chega-se a:
E I. R 2 (X L XC )2 (16.41) Por Pitágoras temos então:
Z R 2 X2 (16.45)
Na expressão acima, temos um termo,
formado por oposições, que é multiplicado pela A esse triângulo, como também ao das
corrente para achar a f.e.m. (E) ou tensão total tensões, devem ser aplicados os conhecimentos
(V). Este termo é a Impedância (Z). de trigonometria. O ângulo ( ) existente entre a
Z R2 (X L XC )2 (16.42) componente resistiva e a resultante é muito
importante.
Ele é chamado de ângulo de defasagem
Impedância é, por definição, a relação entre corrente e tensão ou ângulo de fator de
entre os valores eficazes da tensão e da corrente potência.
num circuito de C.A. senoidal genérico. Essa Define-se fator de potência como o
grandeza é a oposição total oferecida à passagem cosseno do ângulo de defasagem ( ) entre a
de corrente alternada senoidal. Sua unidade tensão e a corrente.
também é o Ohm ( ). Dos triângulos obtemos:
A lei de Ohm para circuitos CA com cat.adj. R VR VR
corrente senoidal fica então: cos = fp (16.46)
hipot . Z V E
E I.Z ou V I.Z (16.43a)
cat.op. X VX VX
sen (16.47)
E V hipot . Z V E
I ou I (16.43b) cat.op. X VX
Z Z tan (16.48)
cat.adj. R VR
16.4.4 - Representação fasorial da O cos é uma das grandezas que
Impedância. Fator de potência interessa diretamente às concessionárias de
energia e aos consumidores, a fim de medir a
defasagem entre a corrente e a tensão na
instalação.
XC
Z V
X

R I (Ref.)
I

Fig. 16.19 - Triângulo da impedância


V (Ref.)
O gráfico da Figura 16.18b mostra o
triângulo das tensões.
Dividindo-se cada fasor tensão pela I
corrente obtém-se fasores com dimensão de Fig.16.20 - Ângulo de fator de potência: a) referência
na corrente b) referência na tensão
oposição, gerando um triângulo semelhante ao
Circuitos de CA monofásicos XVI - 15
________________________________________________________________________________________________

A seguir, serão apresentados alguns exceção de que a tensão fica atrasada da


casos particulares de circuitos RLC série, onde corrente, assim temos:
alguns dos componentes não estão presentes ou
R I C
apresentam especial característica.
+ VR - + VC -
R I L

+ VR - + VL - E

E Fig.16.23 - Circuito RC série

2 2
Fig.16.21 - Circuito RL série V VR VC
cat.adj. VR VR
cos (16.51)
Circuito Resistivo-Indutivo: O circuito não hipot . V E
contém nenhum capacitor e o equacionamento 2
torna-se mais simples. Z R2 XC
cat.adj. R
cos (16.52)
VL hipot . Z
E ou V

VR VR I (Ref.)
I (Ref.)

Z XL E ou V VC

R I (Ref.)
R I (Ref.)

Fig.16.22 - Gráficos do circuito RL série: a) da Z


tensão b) da impedância XC

Fig.16.24 - Gráficos do circuito RC série: a) da


Por inspeção dos triângulos temos: tensão b) da impedância
2 2
V VR VL
Circuito RLC série com teor indutivo: Um
e
circuito RLC série tem teor indutivo quando a
cat.adj. VR VR
cos (16.49) reatância indutiva é maior do que a reatância
hipot . V E capacitiva (XL > XC).
2
Z R 2 XL R I L C
e
cat.adj. R + VR - + VL - + VC -
cos (16.50)
hipot . Z
E
Circuito RC série: Tem-se apenas
resistor e capacitor sendo que o efeito indutivo é Fig.16.25 - Circuito RLC série com teor indutivo
desprezível.
Por analogia ao caso anterior vemos que
o triângulo é semelhante ao do caso RL com
XVI - 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

O fasor que representa a tensão no Z R 2 X2


indutor fica adiantado da corrente e é desenhado
e
maior do que o fasor que representa a tensão no
capacitor. Logo, obtemos os seguintes gráficos: cat.adj. R
cos (16.56)
hipot . Z
VL

VC VR I (Ref.)
V ou E
Vx
V ou E Vx
VR VL

VC
XL
R I (Ref.)
XC
Z
X
Z X
XL
R I
XC
Fig. 16.26 – Circuito com teor indutivo: a) Triângulo
da tensão b) Triângulo da impedância Fig. 16.27 – Circuito com teor capacitivo: a)
Triângulo da tensão b) Triângulo da impedância
Por análise dos triângulos retângulos,
usando Pitágoras e trigonometria, obtemos: Como predomina o teor capacitivo, a
V
2
VR VX
2 corrente (I) fica adiantada de um ângulo ( ) da
tensão (V), onde temos (0° < < 90°).
e Devido a essas duas possibilidades,
cat.adj. VR VR quando se informa o fator de potência deve-se
cos (16.53)
hipot . V E dizer se o mesmo é indutivo ou capacitivo.
Z R 2 X2 Geralmente, quando nada é dito, supõe-se que o
mesmo é indutivo.
e
cat.adj. R
cos (16.54) 16.4.5 - Circuito RLC série ressonante
hipot . Z
Como predomina o teor indutivo, a
VL
corrente (I) fica atrasada de um certo ângulo ( )
da tensão (V) de modo que (0° < < 90°).

Circuito RLC série com teor


capacitivo: Um circuito RLC série, como o da = 0 V ou E VC
I
Figura 16.25, tem teor capacitivo quando VR
predomina a reatância capacitiva sobre a XL
indutiva (XC > XL).
Por análise dos triângulos retângulos,
como de costume, temos:
2 2 =0 Z XC
V VR VX I
e R
Fig. 16.28 – Circuito série ressonante: a) Triângulo da
cat.adj. VR VR tensão b) Triângulo da impedância
cos (16.55)
hipot . V E
Circuitos de CA monofásicos XVI - 17
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Este circuito RLC série particular, porém 1


de grande interesse na análise de circuitos, é fR (16.58)
2. . L.C
aquele que apresenta a igualdade das reatâncias
onde: fR= frequência de ressonância série (Hz);
indutiva e capacitiva (XL = XC). Veja Figura
L = indutância do circuito (H);
16.28.
C = capacitância do circuito (F).
A expressão ressonante (ou oscilante) é
usada para caracterizar que há uma coincidência
Exemplo resolvido 16.7: Para o circuito RLC
entre a frequência aplicada a um sistema físico e
série abaixo calcule:
a frequência própria de oscilação do mesmo.
Nesse caso há uma transferência cíclica a) XL1; XC2; Z1; Z2; cos 1; cos 2
de energia entre o campo magnético do indutor e b) Z; I; cos
o campo elétrico do capacitor. c) VR1; VR2; VL1; VC2; V1; V2
Como se pode ver, a corrente e a tensão d) fR
estão em fase como se o circuito fosse resistivo
puro. Matematicamente, tem-se: Solução: Em primeiro lugar deve-se observar o
cat.adj. VR circuito para identificar o que é solicitado.
VR V; log o cos 1 Em segundo lugar deve-se desenhar o
hipot . V diagrama fasorial das impedâncias na ordem
ou exata em que elas aparecem no circuito, de
R preferência em escala aproximada.
R Z; log o cos 1 (16.57)
Z Finalmente fazer os cálculos solicitados.
Pode-se determinar a frequência na qual
há a igualdade das duas reatâncias opostas. Tal a) Cálculos dos valores parciais
frequência é chamada de frequência de X L1 2. .f .L1 2. .60Hz .20x10 3 H 7,540
ressonância e pode ser calculada da seguinte 1 1
maneira: XC2 12,06
2. .f .C2 2. .60Hz .220 x10 6 F
1
XL XC 2. .f .L logo: Observa-se que o circuito RLC em
2. .f .C
questão tem teor capacitivo, pois XL < XC .

R1 = 10 L1 = 20mH R2 =15 C2=220 F

+ VR1 - + VL1 - + VR2 - + VC 2 -


+ V1 - + V2 -

I E =220V/60Hz

Circuito elétrico para o exemplo resolvido 16.7

R2
Z1 XL1 2

R1 I (Ref.)
Z2
V ou E XC2

Diagrama fasorial das impedâncias para o exemplo resolvido 16.7


XVI - 18 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Z1 R1
2
X L1
2
10 2
7,540 2
12,52 VL1 = XL1.I = 7,540 . 8,658A = 65,28 V;
VC2 = XC2.I = 12,06 . 8,658A = 104,4 V;
2 2 2 2
Z2 R2 X C2 15 12,06 19,25
cat.adj. R1 10 V1 = Z1.I = 12,52 . 8,658A = 108,4 V;
cos 1 0,7987 ind V2 = Z2 .I = 19,25 . 8,658A = 166,7 V;
hipot . Z1 12,52
cat.adj. R2 15 d) Obtenção da frequência de ressonância série
cos 2 0,7792 cap
hipot . Z2 19,25 1 1
fR
b) Obtenção dos valores totais 2 LC 2 20x10 3 H.220 x10 6 F
Z (R1 R 2 ) 2 (X C 2 X L1 ) 2 f R 75,87Hz
Z (10 15)2 (12,06 7,540)2 25,41 ;
V 220V
I 8,658A; 16.4.6 - Fluxo de energia. Potência
Z 25,41 instantânea e média.
R1 R 2 10 15
cos 0,9839 cap
Z 25,41 Para obter a potência instantânea num
circuito RLC, multiplicam-se os valores
c) Cálculo das quedas de tensão parciais instantâneos da corrente e da tensão.
VR1 = R1 .I = 10 . 8,658A = 86,58 V; p = v. i = VM. sen t. IM. sen( t - )
VR2 = R2 .I = 15 . 8,658A = 129,9 V; p = VM. IM. sen t. sen( t - ) (16.59)

p1 PM1

P1med=V.I.cos

0º 90º 180º 270º 360º (º)

p2
PM2
V.I.sen
0 P2med=0
0º 90º 180º 270º 360º (º)

p
v
i
Pmed = V.I.cos
VM IM
i

0º 90º 80º 270º 360º (º)

Fig.16.29 – Potência instantânea e média num circuito RLC


Circuitos de CA monofásicos XVI - 19
________________________________________________________________________________________________

Usando conhecimento do seno da campo magnético do indutor ou com o campo


diferença de dois arcos temos: elétrico do capacitor.
p = VM. IM. sen t. sen( t - ) = A amplitude dessa parcela de potência é
p = VM.IM.sen t.(sen t.cos - sen .cos t) = VIsen e é definida como potência reativa ou
VM.IM. sen2 t.cos - VM.IM.sen t.cos t.sen potência em quadratura (Q).

Usando conhecimentos de seno e cosseno Q = V.I.sen (16.63)


de arco duplo, já utilizados anteriormente,
temos:
E ou V VX
1 1
p VM .I M . cos 2 t . cos
2 2 VR I (Ref.)
1
VM .I M . sen 2 t . cos
2 Fig.16.30 - Gráfico da tensão
VM I M VM I M Examinando-se a representação das
[1 cos 2 t ] cos [sen2 t ] cos
2 2 tensões na Figura 16.30, notam-se as seguintes
relações:
Existem, então, duas parcelas na potência
instantânea que serão analisadas separadamente V. cos = VR e V. sen = VX (16.64)
na figura 16.29.
Desdobrando o denominador 2 em 2 Por conseguinte, temos:
vezes 2 obtemos valores eficazes.
P =UR.I (16.65a) e Q = VL.I (16.65b)
VM I M VM I M
p [1 cos 2 t ] cos sen2 t. cos
2 2 2 2
(16.60) Resumo:
1. A energia realmente consumida é
p VEF I EF [1 cos 2 t ] cos VEF I EF [sen2 t ] cos
proporcional à queda de tensão VR.
(16.61) 2. A energia trocada entre o gerador e campo
Na primeira parcela o termo cos 2 t tem magnético do indutor (ou campo elétrico do
valor médio igual a zero; logo, o valor médio da capacitor) é proporcional à queda de tensão VX.
mesma fica:
Pmed = VEFIEF cos ou P = VI cos (16.62) Quando o circuito é RL há troca de
energia entre o gerador e o campo magnético do
Essa potência média está associada à indutor a cada quarto de ciclo. Se o circuito for
energia que é transformada irreversivelmente RC o mesmo acontece entre a fonte e o campo
noutra forma de energia (calor, luz ou energia, elétrico do capacitor.
mecânica), ou seja, essa energia é consumida no Analisando-se as curvas de potência
circuito. Tal parcela de potência é chamada de instantânea num indutor puro e num capacitor
potência real ou potência ativa (P). puro, tornando-se a corrente como referência,
Nota-se que a potência realmente vê-se que, no quarto de ciclo em que um está
consumida é proporcional ao cos , motivo pelo absorvendo, o outro está devolvendo energia.
qual o cos é chamado de fator de potência. Isso faz que o indutor e o capacitor
A segunda parcela tem valor médio nulo, tenham papéis contrários num circuito de
porque a média de sen t é nula num ciclo. corrente alternada.
Isso significa que a potência é trocada Se o circuito for RLC há troca de energia
ciclicamente (acumulada e devolvida) com o entre o gerador, o campo magnético do indutor e
XVI - 20 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

o campo elétrico do capacitor. Nesse caso a 16.5. Para o caso do indutor puro da questão
contribuição do gerador será apenas a diferença 16.3, ligado em 60Hz, determine:
entre as energias destinadas ao indutor e ao a) O valor da potência instantânea máxima;
capacitor. b) O valor da potência média;
No caso de circuito RLC ressonante, a c) Os destinos da energia nos diversos
energia só é trocada entre o campo magnético do intervalos de tempo.
indutor e o campo elétrico do capacitor, porque a
quantidade de energia fornecida ao capacitor
num certo intervalo de tempo é igual à 16.6. Descreva como estão relacionadas a tensão
quantidade de energia liberada pelo indutor. e a corrente num capacitor puro (em módulo
Para o gerador, tudo se passa como se a e fase). Mostre através de gráfico senoidal e
carga fosse resistiva pura, ou seja, toda energia através de fasores.
que o gerador fornece é realmente consumida.

16.7. Um capacitor de papel impregnado em


Questões e problemas: óleo, capacitância de 10 F, tensão de
Circuitos R, L e C puros trabalho 350V, é submetido a uma tensão de
220 VEF /60 Hz. Determine:
16.1. Descreva as relações entre tensão e a) A reatância capacitiva;
corrente num circuito resistivo puro em b) A corrente eficaz que circulará através do
módulo e fase. Mostre isto com gráficos capacitor;
senoidais e com fasores. c) O que acontece com a corrente se a
frequência for elevada para 6 kHz, com a
tensão constante.
16.2. Um resistor não-indutivo de 5 é
alimentado por uma tensão senoidal cujo
valor máximo é 537,4 V/ 60 Hz. Calcule o 16.8. Um eletricista queria saber a capacitância
valor: de um capacitor velho, considerado como
a) Da potência instantânea máxima; puro, e ligou-o direto numa tomada de
b) Da potência média; 127VEF/60 Hz. Sabendo-se que a corrente
c) De uma tensão contínua que produziria eficaz medida foi de 0,10A calcule a sua
essa mesma potência média. capacitância.

16.3. Uma bobina pura de indutância L= 0,10 H


recebe uma tensão senoidal com VM = 16.9. Tome um circuito composto por um
311V/60 Hz. capacitor e um indutor em série. Usando a
a) Calcule a reatância da bobina; corrente como referência, mostre o
b) Calcule o valor eficaz da corrente; comportamento contrário desses dois
c) Diga o que acontecerá com a corrente se componentes. Use diagramas fasoriais e
a frequência for aumentada para 240 Hz e senoidais.
se o valor da tensão for o mesmo.

16.4. Descreva como estão relacionadas a tensão


e a corrente num indutor puro (em módulo e
fase).
Mostre através de gráfico senoidal e através
de fasores.
Circuitos de CA monofásicos XVI - 21
________________________________________________________________________________________________

Questões e problemas:
R1 = 5 L1 = 10,7mH R2 =20 L2= 500mH
Circuitos RLC série
+ VR1 - + VL1 - + VR2 - + VL 2 -
Faça sempre a representação fasorial, + V1 - + V2 -
mesmo que não seja explicitamente pedido.
I = 10A E =? /60Hz
16.10. Uma bobina possui R = 3 e XL = 9,42
na frequência em questão. A tensão Circuito elétrico para o problema 16.14
aplicada é V=40 V eficazes. Calcule a
impedância, a corrente eficaz e o ângulo a) As impedâncias parciais e a total;
de defasagem. b) As quedas de tensão parciais;
c) Os fatores de potência parciais e a total;
16.11. Um circuito possui R = 20,0 e L= 0,05 d) A corrente e a capacitância equivalente
H e é percorrido por uma corrente eficaz aos dois capacitores.
de 0,6 A /60Hz. Determine a impedância,
tensão aplicada e o fator de potência.
R1 = 5 C1 = 250 F R2 = 8 C2= 100 F
16.12. Um técnico de manutenção desejava
ensaiar um reator convencional de + VR1 - + VC1 - + VR2 - + VC 2 -
+ V1 - + V2 -
lâmpada fluorescente para obter os seus
dados. Pegou uma bateria que dispunha e I E =220V/60Hz
aplicou no mesmo uma tensão contínua de
12,0 V, percebendo que a corrente era de
3,0 A. Depois ligou o reator rapidamente Circuito elétrico para o problema 16.15
numa tomada de 120 VEF/60 Hz e anotou a
corrente, que foi de 4,0 AEF. Calcule a 16.16 – Calcule as impedâncias, quedas de
resistência e a indutância do reator tensão, fatores de potência e ângulos de
descoberta pelo técnico. defasagem parciais conforme indicado na
figura abaixo. Obs: Desenhe o diagrama
16.13. Uma lâmpada incandescente de 127 V fasorial na ordem exata em que os
absorve uma corrente de 0,0635 A. Para componentes aparecem no circuito.
alimentá-la com uma rede de 220V/50 Hz
ligou-se um capacitor em série com a
mesma. Calcule a capacitância do XL1 = 15 R2 =10 XL2 = 25 R3 =20
capacitor, o ângulo de defasagem do + V1 - + V2 - + V3 -
conjunto e a queda de tensão nos bornes
do capacitor.
I = 10A E =? /60Hz

16.14. A corrente nas duas bobinas não-puras


ligadas em série é 10A/60 Hz. Usando os Circuito elétrico para o problema 16.16
dados da figura abaixo calcule:
a) A impedância da primeira bobina, da 16.17 - Dado o circuito RLC série abaixo calcule
segunda e das duas juntas; as reatâncias, a impedância, as quedas de
b) A tensão nos terminais da primeira tensão sobre cada um dos componentes, a
bobina, da segunda e das duas juntas; queda de tensão reativa, o fator de potência
c) Os fatores de potência individuais e do e a corrente.
conjunto.
16.15. Para o circuito abaixo calcule:
XVI - 22 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

convencional de lâmpada fluorescente e um


R=4 L = 23,87 mH C =442,0 F capacitor de papel impregnado em óleo.
+ VR - + VL - + VC -
Num ensaio prévio, com um ohmímetro
+ Vx - digital de boa qualidade, ele mediu a
resistência do reator e obteve 88,72 .
I E =110V/60Hz Montou o circuito nessa ordem, aplicou 220
V/60 Hz no conjunto e mediu a corrente e as
quedas de tensão em cada componente
Circuito elétrico para o problema 16.17 conforme a figura abaixo. Com base nestes
16.18. Qual é a capacitância que torna o circuito dados e na figura calcule:
acima ressonante? a) A resistência da lâmpada (na
temperatura de funcionamento);
16.19 - Mantido o capacitor anterior, com que b) A indutância do reator;
frequência o circuito se tornaria ressonante? c) A capacitância do capacitor;
d) O fator de potência do conjunto.
16.20 - Suponha que um circuito RLC série está
R1 = ? R2 = 88,72 L2 = ? C3 = ?
ressonante numa dada frequência. Qual será
o teor se for aumentada a frequência? + VR1 =165 V - + V2 = 160 V - + V3=62V-
Justifique.

16.21 - Um alimentador monofásico tem uma I =380 mA E =110V/60Hz


resistência de l,0 , uma reatância de l,0
e alimenta uma carga cuja impedância é Circuito elétrico para o problema 16.23
composta por R= 9,0 e XL = 6,0 .
Calcule a corrente para uma tensão de 220
V no início do alimentador. Calcule a tensão 16.24 - Uma Organização Não-Governamental
no final do alimentador enquanto a carga esteve proporcionando um Seminário sobre
estiver ligada. Calcule a variação percentual “Educação Ambiental” numa praia deserta.
da tensão quando a carga for retirada, Tendo em vista que no local do evento não
tomando 220 V como 100%. se tinha disponível energia elétrica
proveniente da rede pública de distribuição,
16.22 - Uma rede monofásica, com resistência e que haveria distribuição de alimentos
de 5,0 e reatância indutiva de 20,0 , é perecíveis, os quais deviam ser mantidos
alimentada com 7967 V na sua origem. Um refrigerados, fez-se necessário a instalação
transformador monofásico de duas buchas, de uma câmara frigorífica com motor de 10
de 50 kVA, é ligado no final da linha e cv/220V/1760 rpm.
absorve uma corrente de 5,0A com fator de Para tanto, foi instalado, a 160 metros da
potência 0,75 ind (medido no início da câmara frigorífica, um gerador elétrico
linha) quando está com determinada carga. monofásico cujo motor Diesel consumia
Calcular a resistência e a reatância óleo vegetal derivado da mamona. A
equivalentes do primário do transformador potência máxima que podia ser fornecida
nesta situação. Calcular a tensão no por esse gerador era de 100 kW e sua
primário do transformador nesta situação. tensão, com frequência de 60 Hz, podia ser
ajustada entre 200V e 240V.
16.23 – Um professor, numa experiência de aula Em função da situação exposta, determine:
montou um circuito RLC série com alguns a) A corrente absorvida pelo motor em
componentes que dispunha no laboratório: regime permanente, considerando que ele
uma lâmpada incandescente, um reator recebia a tensão nominal e que estava com
Circuitos de CA monofásicos XVI - 23
________________________________________________________________________________________________

75% de carga. Veja folha de dados do motor Tabela 16.2 - Características de desempenho do motor da
na Tabela 16.2. Use a seguinte equação: câmara frigorífica.
Rendimento Fator de
I = Pmcv*736/(V. .cos ) onde todos os (%) potência (%)
valores se referem a 75% de carga; Carregamento 50 75 100 50 75 100
b) Entre os condutores apresentados na (%)
Pot. 10 75 79 81 67 75 86
Tabela 16.1, aquele possível de ser utilizado (cv)
para ligar o gerador elétrico à câmara
frigorífica de modo que o condutor
suportasse a corrente do motor e o mesmo
recebesse 220 V em seus terminais de
ligação;
c) O valor da tensão a ser ajustada no
gerador elétrico a fim de que a câmara
frigorífica fosse alimentada com 220 V.

Considerações importantes: Circuito equivalente da instalação do Prob.16.24.

- A energia elétrica fornecida à câmara


frigorífica é destinada apenas a um motor 16.5 – CIRCUITO RLC PARALELO E
elétrico que está acoplado a um compressor MISTO
mecânico.
- O motor elétrico monofásico (10 CV / 220
V) da câmara frigorífica, quando alimentado 16.5.1 – Componentes de corrente ativa
com uma tensão de 220 V, funcionava e reativa
apenas com 75% de sua capacidade nominal
e tinha algumas de suas características de Seja o circuito a seguir, composto de dois
desempenho mostradas na Tabela 16.1. circuitos em paralelo. Um deles tem teor
- Considere que os circuitos equivalentes do indutivo e o outro tem teor capacitivo. Os
motor e condutor elétricos sejam conhecimentos daqui obtidos serão
constituídos por um resistor ligado em série generalizados para qualquer tipo de circuito
com um indutor e que o circuito ligado em paralelo.
equivalente de toda a instalação (gerador, O cálculo da corrente total nesse circuito
condutores e motor) seja o mostrado na tradicionalmente passaria pelo cálculo da
figura do problema. impedância do mesmo e pelo uso da lei de Ohm.

Tabela 16.1 – Características elétricas de condutores para V


serem utilizados em instalações com eletrodutos I (16.66)
diretamente enterrados no solo. Z

Seção (mm2) Imáx (A) R ( /km) XL ( /km) Para o circuito paralelo, no entanto, o
6 34 3.69 0.13 cálculo direto da impedância é extremamente
10 46 2.19 0.13 difícil e utiliza, na maioria dos casos, o
16 61 1.38 0.12 conhecimento dos números complexos.
25 80 0.87 0.12 Nos casos de circuitos em paralelo
35 99 0.63 0.11
50 119 0.47 0.11
alimentados em CA, deve-se lançar mão de
70 151 0.32 0.10 novos conceitos como será visto a seguir.
95 182 0.23 0.10 No circuito da Figura 16.31, temos duas
120 210 0.19 0.10 correntes parciais, uma em cada ramo. A
150 240 0.15 0.10 corrente, no ramo indutivo, está atrasada da
tensão de um ângulo 1 em relação à tensão.
XVI - 24 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

corrente atrasadas de 90° em relação à tensão


R1 L1
(componentes reativas indutivas – IBL) e as
I1 componentes avançadas da tensão de 90°
R2 C2 (componentes reativas capacitivas – IBC). A
corrente total é fasorial das correntes parciais
I2
(componentes ativas e reativas).
I V ou E
16.5.2 - Representação senoidal e
Fig. 16.31 - Circuito RLC paralelo fasorial das correntes
Como se trata de um circuito paralelo, a
No ramo capacitivo, a corrente está grandeza comum a todos os ramos é a tensão
avançada de um ângulo 2 em relação à mesma. (V), portanto ela será tomada como referência
Nota-se que, num circuito paralelo, a para as outras grandezas. As Figuras 16.32 e
tensão é tomada como referência por ser comum 16.33 mostram os gráficos senoidais e fasoriais
a todos os ramos. Para o ramo l temos: das correntes num circuito paralelo.
IG1 V (Ref)
2 2 R1 V
Z1 R1 X L1 ; cos 1 ; I1 (16.67)
Z1 Z1 1

I IB
Para o ramo 2, por semelhança, IBL1 I2 IBC2
observamos o seguinte: I1 2 IG2
IG V(Ref)
2 2 R2 V
Z2 R2 X C 2 ; cos 2 ; I2 (16.68)
Z2 Z2
IB
I
As correntes nos dois ramos não podem
ser somadas aritmeticamente devido à Fig. 16.33 - Gráfico fasorial das correntes
defasagem entre as mesmas e a tensão serem
diferentes. No ramo indutivo, as componentes de
No entanto, podem-se achar as corrente em fase com a tensão (IG) e defasadas
componentes de corrente em fase com a tensão da tensão (IB) são calculados por trigonometria.
(componentes ativas - IG), as componentes de

E ou V
IG2
IBC2 IBL1
IG1

0 90 180 270 360 (oE)

Fig.16.32 – Representação senoidal das correntes num circuito RLC paralelo


Circuitos de CA monofásicos XVI - 25
________________________________________________________________________________________________

IG1 = I1 . cos 1; IBL1 = I1 . sen 1 (16.69) componente ativa da corrente no circuito. Ela
expressa a facilidade que o circuito oferece à
No ramo capacitivo, por semelhança, passagem da corrente ativa. Ela é calculada
temos: assim:
IG2 = I2 . cos 2; IBC2 = I2 . sen 2 (16.70)
R1 R2
g1 2 (16.75a) e g2 2 (16.75b)
A corrente total é obtida por Pitágoras. Z1 Z2
I (I G1 I G 2 ) 2 (I BL1 I BC 2 ) 2 (16.71)
Sua unidade é o Siemens (S) ou mho ( )
(Ohm invertido).
O fator de potência total é obtido do
triângulo das correntes.
A componente reativa da corrente
(componente atrasada ou avançada de 90°da
Cat . adj. a I G1 I G 2 IG tensão) é obtida pelo mesmo raciocínio.
cos (16.72)
Hipot . I I Para o ramo indutivo temos:
X L1 V
I BL1 I1. sen 1; sen 1 e I1
De modo análogo ao circuito série, o Z1 Z1
fator de potência relaciona a componente
V X L1
resistiva da corrente com a corrente total. I BL1 . ou melhor:
Z1 Z1
16.5.3 - Condutância, susceptância e X
I BL1 V. L21 e I BL1 V.bL1 (16.76)
admitância Z1

A obtenção da componente ativa da Para o ramo capacitivo temos:


corrente e das componentes reativas da corrente XC2 V
I BC 2 I 2 . sen 2 ; sen 2 e I2
pode ser feita através do uso de novas grandezas Z2 Z2
que serão definidas agora. Portanto:
Por simples raciocínio temos: V XC2
R1 V I BC 2 . ou melhor:
IG1 I1. cos 1; cos 1 e I1 Z2 Z2
Z1 Z1
Substituindo as últimas expressões na XC2
primeira temos: I BC 2 V. 2
e I BC 2 V.bC 2 (16.77)
V R1 Z2
I G1 . ou melhor:
Z1 Z1
Por definição, susceptância (b) é o fator
R que, multiplicado pela tensão aplicada, fornece a
I G1 V. 12 IG1 V.g1 (16.73)
Z1 componente reativa da corrente no circuito.
A susceptância pode ser indutiva, quando
De forma igual: fornece a componente de corrente atrasada da
V R2 tensão, e capacitiva, quando fornece a
IG 2 . ou melhor: componente da corrente adiantada.
Z2 Z2
A susceptância significa a facilidade que
R o circuito oferece à passagem da componente
I G 2 V. 22 IG 2 V.g 2 (16.74)
Z2 reativa de corrente. A unidade é o Siemens.
Considere a equação obtida do triângulo
Por definição, condutância (g) é o fator das correntes.
que, multiplicado pela tensão aplicada, fornece a I (I G1 I G 2 ) 2 (I BL1 I BC 2 ) 2
XVI - 26 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Substituindo-se as componentes de 16.5.4 - Representação fasorial da


correntes pelas suas respectivas equações admitância. Fator de potência
temos:
I (V.g1 V.g 2 ) 2 (V.b L1 V.b C 2 ) 2 (16.78) Tomando-se o gráfico fasorial das
correntes da Figura 16.33, e dividindo pela
tensão, obtém-se o gráfico das admitâncias.
Pondo-se a tensão ao quadrado em
evidência e depois extraindo da raiz fica: g1 V (Ref)

1
I V. (g1 g 2 ) 2 (b L1 bC 2 ) 2
Y b
bL1 Y2 bC2
I V.Y (16.79) Y1 2 g2

O fator que, multiplicado pela tensão g V(Ref)


aplicada, fornece a corrente total do circuito é
definido como admitância (Y). Expressa,
b
portanto, a facilidade total que o circuito oferece Y
à passagem de corrente. Sua unidade é o Fig. 16.34 - Gráfico fasorial das admitâncias
Siemens.
Y (g1 g 2 ) 2 (b L1 bC 2 ) 2 (16.80) Praticamente todas as informações do
circuito podem ser tiradas deste gráfico (ou do
gráfico das correntes) usando as relações
A corrente também pode ser calculada trigonométricas ou usando o Teorema de
pela impedância do circuito, usando-se a lei de Pitágoras.
Ohm.
V g g1 g 2 ; b bL1 bC2 ; y g 2 b2 (16.83)
I (16.81)
Z
Observando estas equações, verifica-se g b b 1
cos ; sen ; tan ; Z (16.84)
que: Y Y g Y
1
Z (16.82)
Y
16.5.5 – Equivalente paralelo do circuito
A admitância é, portanto, o inverso de série
impedância e o Siemens (ou mho) é,
dimensionalmente, o inverso do Ohm. Observando-se cada ramo percebe-se que
Então o cálculo da impedância no mesmo há duas correntes. Isso nos induz a
equivalente de um circuito RLC em paralelo é pensar que dentro de cada ramo exista um nó, a
muito mais difícil do que num circuito série, partir do qual a corrente de ramo se subdivide
onde somávamos as resistências e as reatâncias e em duas correntes, que são as componentes
usávamos Pitágoras. Agora temos que passar ativas e reativas já vistas. Com os valores das
primeiro pelo cálculo de todas as facilidades do facilidades já calculados, pode-se traçar o
circuito (condutâncias, susceptâncias e circuito paralelo equivalente ao circuito série
admitâncias) ou trabalhar com números existente em cada ramo.
complexos.
Circuitos de CA monofásicos XVI - 27
________________________________________________________________________________________________

A impedância equivalente, ou total, é


R1 XL1
igual ao inverso da admitância.
I1 1
R2 XC2 Zeq Z (16.85)
Y
I2
Pelo triângulo da impedância e usando
I V trigonometria chegamos a:
Req = Zeq. cos (16.86a)

I1 IG1 g1 Xeq = Zeq. sen (16.86b)


IBL1 bL1
Como já foi visto, por inspeção do
triângulo da admitância, teremos:
I2 IG21 g2 g b b
IBC2 bC2 cos ; sen ; tan (16.87)
Y Y g

I V Fazendo substituições de uma equação na


outra obtemos:
Fig.16.35 - Circuitos paralelos equivalentes aos 1 g g
R eq Zeq . cos . R eq (16.88a)
circuitos séries Y Y Y2

16.5.6 - Equivalente série do circuito 1 b b


X eq Z eq . sen . X eq (16.88b)
paralelo Y Y Y2

Esses conceitos novos só são práticos


I IG g quando forem usados para resolver circuitos
IB b paralelos e mistos, caso contrário o
conhecimento de resistência, reatância e
impedância são suficientes.
V
16.5.7 - Ressonância em circuitos
Req XLeq paralelos (opcional)

I V Um circuito RLC paralelo é ressonante


quando os efeitos indutivos e capacitivos se
cancelam. Para isso acontecer as componentes
Fig.16.36 - Circuito série equivalente aos
circuitos paralelos de corrente reativa indutiva e reativa capacitiva
devem se cancelar, o que exige que as
Quando se tem um circuito paralelo com susceptâncias sejam iguais.
suas grandezas expressas em termos de
facilidades (condutância, susceptância e bL = bC (16.89)
admitância, como na Figura 16.35), pode-se
obter o circuito série equivalente com grandezas Nesse caso, o fator de potência é unitário
dadas em termos de oposições como resistência, e o circuito se comporta, para a fonte, como se
reatância e impedância. fosse resistivo puro.
Isso significa obter o equivalente série do
circuito paralelo.
XVI - 28 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Observação: a frequência de ressonância R L .C L


2

em paralelo não é um assunto primordial para a f RP 2 2


continuidade dos estudos de circuitos de CA, (2. ) [L.C.(R C .C L)]
portanto este assunto pode ser deixado em 2
1 R L .C L
segundo plano até que haja uma real necessidade f RP 2 (16.90)
deste conhecimento. 2. [L.C.(R C .C L)]
A frequência de ressonância paralela
pode ser calculada segundo o raciocínio abaixo Onde: fRP = frequência de ressonância para
onde os valores das susceptâncias são circuito RLC paralelo (Hz).
substituídos por expressões que contêm
reatâncias: Nota-se que se as resistências dos dois
ramos forem iguais tem-se a mesma frequência
XL XC 2 2 de ressonância do circuito RLC série.
bL bC 2 2
X L .ZC X C .ZL
ZL ZC
Exemplo resolvido 16.8: Calcular as
onde: ZL= impedância do ramo que contém o
admitâncias, correntes, fatores de potência
indutor;
parciais e totais no circuito RLC paralelo abaixo,
ZC = Impedância do ramo que contém o
onde temos:
capacitor;
R1 = 3,0 Ω; L1 = 10,61mH; R2 = 8,0 Ω;
RL = Resistência do ramo que contém o
C2 = 442,0 µF; V = 100,0 V; f = 60,0 Hz.
indutor;
RC = Resistência do ramo que contém o R1 L1
capacitor.
I1
Realizando outras substituições R2 C2
autoexplicativas vamos obtendo o seguinte:
2 1 1 2 2 2 I2
.L.( R C 2 2
) .(R L .L )
.C .C I V
2 2 2
2 .L RL .L
.L. R C 2 2
Circuito para o exemplo 16.8
.C .C .C
Simplificando e depois multiplicando por Solução:
2
.C chegamos em: 1. Traçado dos diagramas fasoriais das correntes
2 e ou das admitâncias.
2 L RL .L2
.L. R C
.C 2 .C C IG1 V (Ref)
2 2 2
.C2 .L. R C L R L .C 2
.C.L2 1
Trocando alguns temos de lado e pondo I IB
em evidência 2 obtemos: IBL1 I2 IBC2
2 2 2
(C2 .L. R C C.L2 ) R L .C L I1 2 IG2
2 2 2
[L.C.(C. R C L)] R L .C L; g1 V (Ref)
2
2R L .C L
1
2
L.C.(C. R C L) Y b
Substituindo = 2. .f e extraindo a raiz bL1 Y2 bC2
chegamos a: Y1 2 g2
2
2 R L .C L
(2. .f ) 2 Gráficos para o exemplo 16.8
L.C.(R C .C L)
Circuitos de CA monofásicos XVI - 29
________________________________________________________________________________________________

2. Cálculo das reatâncias e impedâncias 5. Cálculo das correntes parciais.


parciais.
IG1 = V.g1 = 100V x 0,120 S = 12 A
XL1 = 2.π.f.L1 = IBL1 = V. bL2 = 100V x 0,160 S = 16 A
2 x 3,1416 x 60 Hz x 10,61x10-3H = 4,0 Ω I1 I G1
2
I BL1
2
12,0 A 2 16,0 A 2 20,0A;
1 1
XC 2 6,0 Ω cos 0,60 ind ;
2 πfC2 2 π 60 Hz .442,0 x 10-6 F 1

2 2 2 2
Z1 R1 X L1 3,0 4,0 5,0 ; IG2 = V. g2 = 100 V. 0,080 S = 8,0 A
2 2 2 2 IBC2 = V. bC2 = 100 V. 0,060 S = 6,0 A
Z2 R2 XC2 8,0 6,0 10,0 2 2
I2 IG 2 I BC 2 8,0 A 2 6,0 A 2 10,0 A
3. Cálculo dos fatores de potências parciais. cos 2 0,80 cap;
I (IG1 IG 2 ) 2 (I BL1 I BC 2 ) 2
R1 3,0 Ω
cos 0,60 ind ;
1
Z1 5,0 Ω I (12,0A 8,0A) 2 (16,0A 6,0A)2 22,36 A
1 arc cos(0,60) 53,13o
5.1 - Outra maneira: Cálculo das correntes pelas
R2 8,0 Ω admitâncias
cos 2 0,80 cap;
Z2 10,0 Ω
arc cos(0,80) 36,87o I1 = V.Y1 = 100Vx0,200 S = 20 A;
2
I2 = V.Y2 = 100Vx0,100S = 10A;
I = V.Y = 100Vx0,2236 S = 22,23 A
4. Cálculo das condutâncias, susceptâncias e
admitâncias.
6. Cálculo do fator de potência total.
R1 3,0 Ω
g1 0,120 S; g g1 g 2 0,120 S 0,080 S
Z1
2
(5,0 Ω) 2 cos
Y Y 0,2236 S
X L1 4,0 Ω
b L1 0,160 S; 0,200 S
Z1
2
(5,0Ω) 2 cos 0,894 ind ;
0,2236 S
2 2
Y1 g1 bL1 0,120 S 2 0,160 S 2 0,200S ; IG IG1 IG 2 12,0 A 8,0 A
cos
I I 22,36 A
R2 8,0 Ω 20,0 A
g2 0,080 S; cos 0,894 ind ;
Z2
2
(10,0 Ω) 2 22,36 A
X C2 6,0 Ω 7. Equivalente série do circuito paralelo.
bC2 0,060 S;
Z2
2
(10,0 Ω) 2 1 1
Zeq Z 4,472 ;
2 2 Y 0,2236 S
Y2 g2 bC 2 0,080 S2 0,060 S2 0,100S
g 0,200 S
R eq 2
4,000
g = g1 + g2 = 0,120 S + 0,080 S = 0,200 S Y (0,2236 S) 2
b = bL1 + bC2 = 0,160 S - 0,060 S = 0,100 S
b 0,100 S
X eq 2,000
Y (g1 g 2 ) 2 (b L1 bC 2 ) 2 Y2 (0,2236 S) 2
R eq 4,000 ;
Y (0,120S 0,080S)2 (0,160S 0,60S)2 cos eq 0,894 ind
Zeq 4,472
Y 0,2236 S
XVI - 30 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

16.29. Dado o circuito abaixo, alimentado com


I =22,26 A IG g = 0,200 S uma tensão eficaz de 100V, frequência de
IBL bL= 0,100 S 60Hz, calcule:
a) A corrente e fator de potência em cada
ramo;
V b) A corrente e fator de potência total.
Req= 4,000Ω XLeq= 2,000Ω
R1 = 3 L1 =10,61mH
I =22,36 A
I1
V R2 = 2,4 C2 = 884,0 F

Circuitos equivalentes ao circuito misto do ex.16.8: I2


a) equivalente paralelo b) equivalente série
I V
Circuito para o exemplo 16.29
Questões e problemas:
Circuito RLC paralelo e misto
16.30. Calcular as admitâncias, correntes, fatores
Faça sempre a representação fasorial, mesmo de potência parciais e totais no circuito RL
que não seja pedido. paralelo abaixo. Ache também o circuito
série equivalente.
16.25. Prove que a corrente ativa de um ramo (IG
= I.cos ) é dada por IG = V.R/Z2. R1 = 4,0 XL1 = 3,0

16.26. Dois circuitos indutivos são ligados em I1


paralelo. Em que circunstância suas R2 = 6,0 XL2 = 8,0
admitâncias podem ser somadas
aritmeticamente? Justifique através de I2
gráficos fasoriais. I 100V/60Hz
-
16.27. Dois circuitos capacitivos são ligados em Circuito para o exemplo 16.30
paralelo. Em que circunstância suas
impedâncias podem ser somadas 16.31. Um circuito de iluminação, ligado em
fasorialmente? Justifique. 220Vef/60Hz, é composto de um reator
convencional com RR = 2,75 e uma
16.28. Uma vez que Y=1/Z há uma tendência indutância de LR = 0,125H ligado em série
dos estudantes em generalizar que g = 1/R e com uma lâmpada de vapor de mercúrio
que b = 1/X. Para desfazer este erro prove com RL= 25,0 . Calcule:
que: a) A corrente e o fator de potência do
a) A condutância é o inverso da resistência conjunto.
somente quando o ramo do circuito for b) O equivalente paralelo deste circuito.
resistivo puro.
b) A susceptância é o inverso da reatância 16.32. Com o objetivo de corrigir o fator de
somente quando o ramo do circuito for potência, o conjunto acima recebeu um
reativo puro. capacitor de 35,0 F em paralelo. Calcule:
a) A admitância do conjunto;
b) O fator de potência do conjunto;
c) A corrente do conjunto.
Circuitos de CA monofásicos XVI - 31
________________________________________________________________________________________________

16.33. Um motor de indução monofásico de d) A impedância, a resistência e a reatância


capacitor permanente possui dois equivalentes.
enrolamentos em paralelo ligados em 220
R1 = 8,48 XL1 = 1,51
Vef/60Hz. O seu enrolamento principal
possui um circuito equivalente para regime I1
permanente que possui RP = 30 e XP = g2 = 25,0 mS
30 . O enrolamento auxiliar é igual ao I2
principal, porém possui um capacitor
bL3 = 75,0 mS
plástico de 45 F em série com o mesmo. I3
Calcular:
a) A corrente e o fator de potência em cada
I 127V/60Hz
enrolamento; -
b) A corrente total e o fator de potência
Circuito para o exemplo 16.35
total;
c) O ângulo entre as correntes dos dois 16.36. O circuito abaixo é um circuito misto
enrolamentos. genérico de CA que poderia ser, por
exemplo, um motor com correção individual
16.34. O circuito abaixo é um bom exemplo para de fator de potência.
mostrar o efeito da correção de fator de Faça o diagrama fasorial das admitâncias e
potência de, por exemplo, um motor calcule:
monofásico. a) Os fatores de potência de cada ramo e o
a) Calcule a corrente e o fator de potência total;
do circuito com a chave S aberta. b) As admitâncias de cada ramo e a total;
b) Calcule o valor de C que torna o circuito c) As correntes em cada ramo e a total;
ressonante ao ligar a chave S. d) A impedância, a resistência e a reatância
c) Calcular a corrente e o fator de potência equivalentes.
total com a chave fechada.
R1 = 3,0 XL1 = 4,0
R1 = 3 L1 =10,61mH
I1
XL2 = 5,0
I1
S C2 I2
R3 = 8,0
I2
I 100V/60Hz I3
XC4 = 4,0
I4
Circuito para o exemplo 16.34
I 220V/60Hz
16.35. O circuito abaixo é semelhante ao
modelo simplificado, por fase, de motores
de indução e de transformadores. No ramo 1 Circuito para o exemplo 16.36
circula a chamada corrente de carga, no
ramo 2 a corrente de perdas no ferro e no 16.37. Um circuito composto apenas de um
ramo 3 a corrente de magnetização. Faça o capacitor e um indutor em paralelo estava
diagrama fasorial das admitâncias e calcule: ressonante numa certa frequência. Com que
a) Os fatores de potência de cada ramo e o teor ficará o circuito se for aumentada a
total; frequência? Justifique.
b) As admitâncias de cada ramo e a total;
c) as correntes em cada ramo e a total;
XVI - 32 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

16.38. Uma instalação monofásica provisória de c) O fator de potência desta corrente visto
um levante para irrigação necessita pelo transformador;
alimentar um grupo de máquinas de solda, d) A tensão nos terminais do banco de
esmerilhadeiras, lâmpadas, etc. O local dista capacitores.
250m do transformador de uma granja de
onde vem uma linha aérea composta de fase
e neutro com condutores de 150mm2
(Método de referência F/2 condutores
carregados). Como as máquinas solicitavam
da linha uma corrente de 580 A, os
condutores aqueciam muito e produziam
muita queda de tensão. Como não havia
condutores mais grossos, um eletricista
prático colocou um condutor de 50 mm2 em
paralelo com cada condutor de 150 mm2.
Supondo a tensão de 220 V no
transformador e observando os dados da
tabela abaixo faça o que se pede:
a) Calcule a admitância de cada condutor e a
total.
b) Calcule a queda de tensão entre o início e
o fim da linha, em Volts e porcento da
tensão inicial.
c) Calcule a corrente em cada condutor e
verifique se algum deles será
sobrecarregado.
d) Justifique porque a soma aritmética das
correntes dos condutores é maior do que a
total.

Tabela 16.3- Características parciais de condutores de


cobre, isolação em PVC /70º C, Mét.Ref. F.

Seção Corrente Resistência Reatância


2 admissível
(mm ) ( /km) ( /km)
(A)
50 196 0,4450 0,1127
150 406 0,1502 0,1074

16.39. Na mesma instalação, ao final do serviço,


foram desligadas todas as máquinas, mas foi
esquecido ligado um banco de capacitores
com 900µF. Usando os mesmos dados da
questão acima e supondo que a tensão nos
bornes do transformador seja mantida
constante em 220V, calcule:
a) A impedância equivalente da linha;
b) A corrente que circulará no circuito após
o final do expediente;
Circuitos de CA monofásicos XVI - 33
________________________________________________________________________________________________

Respostas selecionadas: V1 = 66 V, V2 = 118,5 V, V3 = 88,0 V;


Circuitos R, L e C puros I = 4,40 A

16.2 - PM = 57759 W, Pmed = 28879 W, Vcc = 16.17 - XL = 9 , Xc = 6 , Z = 5 ,


380 V VR = 88 V, VL = 198 V, Vx = 66 V,
cos = 0,8 ind, = 36,87°, I = 22 A
16.3 - a) XL= 37,7 ; b) I = 5,84 A; c)
Reduzir-se-á a 1,46 A. 16.18 - C = 295 F

16.5 - a) PM =1284 W; b) Pmed = 0; c) Quando a 16.19 - 48,96 Hz


corrente cresce a energia vai para o campo
magnético do indutor, e quando diminui retorna 18:20 - O circuito fica indutivo porque aumenta
para a fonte. XL e diminui Xc.

16.7 - a) XC = 265,3 ; b) I = 0,8292 A; 16.21 - I = 18,02 A; Vcarga = 194,98 V, =


c) Aumentará para 82,92 A 11,37%

16.8 - C = 2,09 F 16.22 - Req = 1.190,1 ; Xeq = 1031,6 V;


Vcarga = 7.874,8 V
Circuito RLC série
16.23 - R1=434,2 ; L2=1,092 H; C3=16,25 F;
16.10 - Z = 9,89 , IEF = 4,04 A , = 72,33° ind cos 2 =0,2107 ind; cos = 0,9032 ind

16.11 – Z = 27,48 , V = 16,49 VEF, cos = 16.24 - I = 42,34 A;


0,728 ind. Usando 10mm2 (46A; 2,19 /km; 0,13 /km);
Vg=244,1V > 240V: Fora da faixa do gerador.
16.12 – R = 4,0 , Z = 30,0 ; XL = 29,73 ; Usando 16mm2 (61A; 1,38 /km; 0,12 /km);
L = 78,9 mH. Vg=235,5V < 240V: Dentro da faixa o gerador.

16.13 – C = 1,125 F, = 54,74°, Vc = 179,6V.


Circuito RLC paralelo e misto
16.14 - Z1 = 6,424 , Z2 =189,6 , Z=194,15 ,
V1 = 64,24 V, V2 = 1896 V; V = 1942 V,
cos 1 = 0,779 ind; cos 2 = 0,106 ind; 16.25: I = V/Z e cos = R/Z logo
cos = 0,129 ind IG= I. cos = V/Z x R/Z = V.R/Z2 = V.g

16.15 - Xc1 = 10,61 , Xc2 = 26,53 , 16.26: Somente quando tiverem o mesmo fator
Z1 = 11,73 , Z2 = 27,71 , de potência, pois assim a soma aritmética é igual
à soma fasorial. Faça os gráficos e verá.
Z = 39, 35 , cos 1 = 0, 426 cap,
cos 2 = 0,289 cap, cos = 0,330 cap,
16.27: Nunca. Em circuitos em paralelo nunca
I = 5,591 A, Ceq = 71,42 F, V1 = 65,58 V, somamos impedâncias como fazemos no circuito
V2 = 154,92 V série. Isso é um erro comum entre os estudantes.
O certo é que quanto mais componentes houver
16.16 - Z1 = 15 ; Z2 = 26,93 , Z3 = 20 , em paralelo, menor será a impedância.
Z = 50 , cos = 0,6 ind (53,13º)
cos 1 = 0 ind (90°), cos 2 = 0,371 ind (68,22°), 16.28: a) g = R/Z2 mas no circuito resistivo puro
cos 3 = l (0°) Z = R logo g = R/R2 assim, neste caso, g = 1/R.
XVI - 34 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

b) b = X/Z2, mas no circuito reativo puro


Z = X logo b = X/X2 assim, neste caso, b = 1/X. 16.37: O aumento da frequência aumentará a
reatância do ramo indutivo e consequentemente
16.29: reduzirá a susceptância indutiva. No ramo
cos 1 = 0,600 ind; Y1 = 0,200 S; I1 = 20,0 A; capacitivo diminuirá a reatância capacitiva e
cos 2 = 0,625 cap; Y2 = 0,260 S; I2 = 26,0 A; com isto aumentará a susceptância capacitiva.
cos = 0, 989 cap; Y = 0,286 S; I = 28,6 A Assim bC ficará maior que bL e o circuito terá
Z eq=3,496 ; Req = 3,460 ; Xeq=0,5257 fator de potência capacitivo.

16.38:
16.30: a) Y1 = 4,357 S; Y2 = 10,832 S; Y = 14,974 S;
cos 1 = 0,80 ind; cos 2 = 0,60 ind; b) V = 38,73 V; 17,60% > 7% (Queda ainda
cos = 0,741 ind muito alta!)
Y1 = 0,200 S; Y2 = 0,100 S; Y = 0,297 S; c) I1 = 168,7A < 196 A (Ok!);
I1 = 20,0 A; I2 = 10,0 A; I = 29,7 A; I2 = 419,5A > 406 A (Sobrecarrega!)
Zeq = 3,367 ; Req = 2,494 ; Xeq = 2,267 ; d) I = 580A; |I1|+|I2| = 168,7 A +419,5 A =
588,2 A I1 está defasada de I2;
16.31: a) I = 4,023 A; cos = 0,507 ind;
b) g = 9,28 mS; bL = 15,76 mS 16.39: a) REQL = 0,06678 ; XEQL = 0,03287 ;
b) I = 75,468 A;
18.32: Y = 9,627 mS; cos = 0,9640 ind; c) cos TR = 0,0229 cap;
I = 2,118 A. d) Vc = 222,4 V.

16.33: IP = 5,185 A; cos P = 0,7071 ind;


IA = 5,277 A; cos A = 0,7196 cap;
I = 7,463 A; cos 1,00; A- P =88,97º

16.34 a) I = 20 A, cos = 0,6 ind,


b) C2 = 424,4 µF; c) I =12 A, cos = 1,0

16.35:
cos 1 = 0,9844 i; cos 2 = 1,0; cos 3 = 0 i;
cos = 0,8252 i
Y1 = 116,1 mS; Y2 = 25,0 mS; Y3 = 75,0 mS;
Y = 168,8 mS;
I1 = 14,74 A; I2 = 3,175 A; I3 = 9,525 A;
I = 21,44 A;
Zeq = 5,923 ; Req = 4,889 ; Xeq = 3,346 ;

16.36:
cos 1 = 0,60 i; cos 2 = 0 i; cos 3 = 1;
cos 4 = 0 c;
Y1 = 200,0 mS; Y2 = 200,0 mS; Y3 = 125,0 mS;
Y4 = 250,0 mS;
I1 = 44,0 A; I2 = 44,0 A; I3 = 27,5 A;
I4 = 55,0 A;
cos = 0,912 i; Y = 269,0 mS; I = 59,18 A;
Zeq = 3,717 ; Req = 3,390 ; Xeq = 1,525 ;
Capítulo XVII – POTÊNCIA E ENERGIA EM CA

Nikola Tesla (1856-1943)


Tesla foi um inventor nos campos da engenharia mecânica
e eletrotécnica, de etnia sérvia nascido na aldeia de Smiljan, Vojna
Krajina (atual Croácia). Era súdito do Império Austríaco por
nascimento e mais tarde tornou-se um cidadão estadounidense.
Tesla foi um importante cientista e inventor da idade moderna, um
homem que "espalhou luz sobre a face da Terra". É mais conhecido
pela suas muitas contribuições revolucionárias no campo do
eletromagnetismo no fim do século XIX e início do século XX. As
patentes de Tesla e o seu trabalho teórico originaram os atuais
sistemas de potência elétrica em CA multifásico e o motor CA, com
os quais ajudou na Segunda Revolução Industrial.
Depois da sua demonstração de transmissão sem fios em 1894 e após ser o vencedor da
"Guerra das Correntes", tornou-se respeitado como um dos maiores engenheiros eletrotécnicos nos
EUA. Nesse período, nos Estados Unidos, a fama de Tesla rivalizou com a de qualquer outro
inventor ou cientista da história, mas devido a sua personalidade excêntrica foi olhado como um
cientista louco. Nunca tendo dado atenção as suas finanças, morreu pobre aos 86 anos. A unidade
de SI para a indução magnética, o tesla, foi nomeada em sua honra em 1960, assim como o efeito
Tesla da transmissão sem-fio de energia para aparelhos eletrônicos, que Tesla demonstrou numa
escala menor (lâmpadas elétricas) já em 1893. Aparte os seus trabalhos em eletromagnetismo e
engenharia eletromecânica, Tesla contribuiu para a robótica, controle remoto, radar e ciência
computacional, e para a expansão da balística, física nuclear e física teórica. Em 1943 o Supremo
Tribunal dos Estados Unidos creditou-o como sendo o inventor da rádio. Tesla recebeu da
Checoslováquia a mais alta ordem do Leão Branco. [http://pt.wikipedia.org/wiki/Nikola_Tesla]

17.1 - POTÊNCIA ATIVA, REATIVA E


APARENTE E ou V VL

No capítulo 16 verificou-se como se


comporta a potência instantânea e média nos VR I (Ref.)
circuitos resistivos puros, indutivos puros e
capacitivos puros, bem como nas associações Fig.17.1b - Gráfico das tensões do circuito RL série
destes.
Z XL
A fim de retomar aqueles
conhecimentos, será considerado um circuito
RLC série de teor indutivo ou mesmo um R I (Ref.)
circuito RL série conforme mostrado na Figura
17.1. Fig.17.1c - Gráfico das impedâncias do circuito RL
R L série

+ VR - + VL -
Pode-se multiplicar o gráfico das tensões
pela corrente e obtém-se um triângulo
I semelhante, porém com dimensão de potência,
E ou V como mostra a Figura 17.2.

Fig.17.1a - Circuito RL série típico


XVII - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

pequenos consumidores residenciais e


comerciais) ou por medidores digitais (para os
E ou V VL consumidores maiores).

VR EA = P. t (17.3)
I (Ref.)

Onde: EA = Consumo de energia ativa (J,Wh);


V.I = S VL.I = QL P = Potência ativa da carga (W);
t = Duração do funcionamento (s,h).
VR.I = P I (Ref.) No caso de haver N aparelhos
consumidores ligados, o consumo é calculado
Fig.17.2 - Gráficos do circuito RL série: a) das por:
tensões b) das potências
E A P1. t1 P2 . t 2 ... PN . t N (17.4)
O cateto adjacente ao ângulo
corresponde a uma parcela da potência de um O cateto oposto ao ângulo corresponde
circuito C. A. que é chamada de potência ativa à parcela de potência chamada de potência
ou real. reativa ou potência em quadratura.
P = VR . I (17.1)
Q =VL.I (17.5)
Mas VR = V. cos logo se tem que :
Mas VL = V. sen logo temos:
P = V. I. cos (17.2)
QL = V.sen . I ou QL = V.I.sen (17.6)
Como já foi visto no item 16.4.6, essa
parcela de potência corresponde à potência No item 16.4.6 foi provado que esse
média que realmente é consumida, ou seja, valor corresponde à potência instantânea
transformada irreversivelmente noutra forma de máxima que o gerador fornece ao campo
potência, por exemplo, potência calorífica, magnético do indutor num quarto de ciclo e
mecânica e luminosa. recebe integralmente de volta no outro quarto de
Essa componente de potência é ciclo.
proporcional à parcela resistiva do circuito e tem Essa potência não influi na leitura
como unidade o Watt (W), porém são muito fornecida pelo medidor de energia ativa, porque
usados os seus múltiplos kW e MW. ela entra no circuito e logo é devolvida.
A potência ativa instantânea é indicada A fim de diferençá-la da potência ativa
por um instrumento (analógico ou digital) sua unidade não é o Watt e sim o Volt-Ampère
chamado de Wattímetro. reativo (VAr), por isso o instrumento que mede
Uma carga de certa potência ativa, a potência reativa instantânea chama-se
funcionando durante um determinado intervalo varímetro.
de tempo, determina um consumo de energia Um aparelho consumidor de certa
ativa que tem como unidade o Joule (Watt- potência reativa, funcionando durante um
segundo) ou o Watt-hora, sendo também tempo, causa um consumo de energia reativa
extremamente usados os seus múltiplos (kWh e que tem como unidade o VARh sendo,
MWh). comercialmente, mais usados os seus múltiplos
O consumo de energia ativa é medido (kVArh e MVArh).
pelo instrumento chamado de medidor de O consumo de energia reativa é medido
energia ativa (Watt-hora-metro), composto por por medidores de energia reativa (VAr-hora-
um conjunto eletromecânico a disco (caso de metro) a disco de indução (caso de pequenos
Potência e energia em CA XVII - 3
________________________________________________________________________________________________

consumidores residenciais e comerciais) ou por Para o circuito RLC série o diagrama


medidores digitais (para os consumidores fasorial das potências fica, então, com a forma
maiores). da Figura 17.3.
ER = QL. t (17.7) Quando se tratar de um circuito paralelo
tem-se um conjunto de componentes de corrente
Onde:ER= Consumo de energia reativa (kVArh); e a tensão é tomada como fasor de referência.
QL = Potência reativa da carga (kVAr); Tais componentes podem estar em fase
t = Duração do funcionamento (h). ou defasadas da tensão de 90° conforme já foi
visto no item 18.5.
No caso de haver N aparelhos
consumidores ligados, o consumo reativo é I IG g
calculado por: IB b

ER QL1. t1 QL 2 . t 2 ... QLN . t N (17.8) V

Por sua vez, a hipotenusa do triângulo IG V (Ref.)


representa o produto da tensão pela corrente no
circuito o que seria, aparentemente, a potência
real do circuito, como o é nos circuitos resistivos
puros e nos circuitos CC. Assim, ela é chamada IBL
I
de potência aparente (Seeming Power, em
inglês) e sua unidade é o Volt-Ampère (VA) Fig.17.4 – Componentes das correntes num
circuito RL paralelo
sendo comuns os seus múltiplos kVA e MVA.
Na verdade, a potência aparente contém Multiplicando o triângulo das correntes
uma soma fasorial da potência ativa (real) e pela tensão (V) obtém-se um triângulo
reativa sem, no entanto, especificar quanto vale semelhante, porém com dimensão de potência.
cada uma delas individualmente.

S = Pap = V.I (17.9) P = V.IG V (Ref.)

Em virtude destas afirmações, temos:

P = S. cos = Pap . cos (17.10) S =V.I QL=V.IBL

Fig.17.5 – Triângulo das potências num


Q = S. sen = Pap. sen (17.11) circuito RL paralelo
A hipotenusa representa o produto da
V.I VL.I tensão pela corrente sem considerar o seu ângulo
de defasagem. Ela representa, portanto, a
potência aparente do circuito.
VR.I I (Ref.)
S = P ap = V.I (17.12)
S = Pap QL
O cateto adjacente a representa o
produto da tensão pela componente ativa da
P I (Ref.) corrente sendo, portanto, a potência ativa.
Fig.17.3 - Triângulos das potências para o circuito
RL série P = V.IG (17.13)
XVII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Mas IG = I.cos portanto: características físicas dos equipamentos


P = V.I. cos = Pap. cos logo: (resistência, reatância e impedância) e pode ser
obtida por cálculo ou por medição através de
P = S. cos (17.14) indicador de fator de potência ou
cossefímetro.
O cateto oposto ao ângulo representa o EA = P. t
produto da tensão pela componente de corrente V (Ref.)
defasada de 90° da tensão (em avanço ou em
atraso). Como se pode ver, esta é a potência
reativa. EAP= S . t ER= QL. t
Q = V.IBL (17.15)
Fig.17.6 – Triângulo das energias num circuito
RL genérico
Mas IBL = I. sen logo temos:
Q = V.I. sen = Pap. sen portanto: Quando multiplicamos o triângulo das
potências por um intervalo de tempo passamos a
Q = S. sen (17.16) ter cada lado proporcional à energia ativa,
reativa e aparente (esta última de uso não
Nota-se que o triângulo das potências é o consagrado).
mesmo, tanto para o circuito série quanto para o O fator de potência, sob o ponto de vista
circuito paralelo. Tanto isto é verdade que pode comercial, é medido a partir da energia ativa e
ser obtido um circuito série equivalente ao reativa consumida num certo intervalo de tempo,
circuito paralelo e vice-versa. por exemplo, uma hora ou um mês.
O fato de o triângulo ter ficado invertido Quando o fator de potência de um
(para o mesmo teor de circuito) deve-se ao fato circuito for unitário (cos = l ou 100%) toda a
de ter-se partido do triângulo das tensões e do potência aparente absorvida pelo circuito é
triângulo das correntes para obter o triângulo das consumida, ou seja, transformada
potências. irreversivelmente noutra forma de potência
Na verdade a potência não é um fasor (térmica, luminosa ou mecânica).
(grandeza fasorial ou vetorial), é sim uma Quando o fator de potência for menor do
grandeza escalar. Essa representação por que l (cos < 100%) há duas parcelas de
fasores, no entanto, é muito útil, pois nos dá, potência: uma parcela representa a potência que
visualmente, as relações que necessitamos e não realmente é consumida e outra que não é
tem contraindicações no ensino técnico de nível consumida e sim trocada entre o campo
médio. magnético dos indutores e o gerador.
Esta potência reativa é necessária para a
17.2 - FATOR DE POTÊNCIA magnetização dos aparelhos (cargas indutivas
em geral), porém o seu transporte desde a
Como se pode perceber, não é suficiente geração até o consumidor (passando pela
multiplicar a tensão pela corrente para obter a transmissão, distribuição em média e baixa
potência ativa ou real do circuito, como é feito tensão) é indesejável, porque acarreta num
nos circuitos resistivos puros ou circuitos CC. aumento da corrente circulante nos trechos
Nos circuitos CA a potência ativa é mencionados. No caso ideal o consumidor deve
obtida pela potência aparente e por um fator que ter fator de potência bem próximo da unidade.
depende das características do circuito: o fator Veremos em seguida que a potência
de potência. reativa indutiva pode também ser obtida através
O fator de potência, como já foi visto, é o de capacitores instalados por conta do
cosseno do ângulo de defasagem entre a tensão e consumidor sem ter que buscá-la nas usinas
a corrente. Essa grandeza é determinada pelas geradoras.
Potência e energia em CA XVII - 5
________________________________________________________________________________________________

Exemplo resolvido 17.1: Um motor de indução 17.3 – DEMANDA ATIVA E


monofásico de 2 polos, 60 Hz, 3440 rpm, 220 V, DEMANDA REATIVA
tipo Split-phase, pode ser modelado, em regime
permanente nominal, como uma resistência de Demanda é a potência média num
21,47 em série com uma reatância de 33,75 intervalo de tempo especificado, ou seja, é a
. Calcular: relação entre a energia consumida e o intervalo
a) A sua corrente nominal, as três potências e o de tempo considerado que, geralmente, é de 15
fator de potência; minutos. As unidades adotadas são as mesmas
b) A potência mecânica no eixo considerando-se unidades de potência, ou seja, o kW e o kVAr.
que o rendimento é 0,85 e que 1cv = 736W; Na determinação comercial de demanda
c) A energia ativa e reativa consumida no são lidas 4 demandas por hora, 96 por dia e
funcionamento de um turno de 8 horas e 30 aproximadamente 2880 por mês. O maior valor
minutos. de demanda ativa, ocorrido ao longo do mês,
entra como um elemento de faturamento na
Solução: Desenho dos diagramas fasoriais. conta de energia dos consumidores de AT.
Não deve ser confundida com a potência
Z
instantânea máxima, como acontece, por
XL
exemplo, na partida de um motor ou durante um
curto-circuito. O “instantâneo”, para a
R demanda, dura, na verdade, 15 minutos.
I (Ref.)
Existe também o conceito de demanda
média horária ou diária, onde o intervalo de
S QL tempo pode ser de uma hora ou de um dia.
Maiores detalhes serão vistos no capítulo
seguinte.
P I (Ref.)
Exemplo resolvido 17.2: Um eletricista, às 8h
Triângulos das impedâncias e das potências para o
motor monofásico da manhã, foi no posto de medição de uma
pequena oficina rural, com alimentação
Cálculo do triângulo das impedâncias: monofásica em 220V/60Hz, e fez as leituras dos
Z R 2 XL
2
21,47 2 33,75 2 40,00 medidores de energia ativa e reativa, que foram
Cálculo da corrente e do fator de potência: respectivamente 17760 kWh e 23520 kVARh.
Às 18h voltou ao local e anotou
V 220V
I 5,5A; novamente as leituras: 17960kWh e 23670
Z 40,00 kVArh. Supondo que a constante dos dois
R 21,47 medidores é 1,0 calcule, no período trabalhado,
cos 0,5368 i
Z 40,00 o valor:
Cálculo das potências: a) Da energia ativa e a energia reativa
S V.I 220V.5,5A 1210VA 1,21kVA; consumida;
P S. cos 1210VA.0,5368 649,5W ; b) Do fator de potência médio;
c) Da demanda ativa e da demanda reativa
arc cos 0,5368 57,53o ; sen 57,53o 0,8437 média;
QL S. sen 1210VA . 0,8437 1021 VAr d) Dos parâmetros do circuito elétrico paralelo
Pm = P. = 649,5 W. 0,85 = 552,1 W; equivalente desse consumidor.
Pm = 552,1 W/ 736W/cv = 0,75 cv = ¾ cv Solução:
Cálculo das energias consumidas: a) EA = (Leit.atual – Leit. Ant.) x Cte kWh =
EA = P . t = 0,6495kW .8,5h = 5,521 kWh (17960 - 17760) kWh x 1,0 = 200kWh
ER = QL. t = 1,021kVAr.8,5h = 8,679 kVArh ER = (Leit.atual – Leit. Ant.) x Cte kVArh =
(23670 -23520) kVArh x 1,0 = 150kVArh
XVII - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

ER 150kVArh S1 = V.I1 = 220 V.44 A = 9680 VA= 9,680 kVA


b) m arc tan arc tan
EA 200 kWh P1 = V. I1 . cos 1 = S1 . cos 1 =
P1 = 9680 VA . 0,60 = 5808 W = 5,808 kW
m arc tan 0,75 36,87 o
QL1 = V.I1. sen 1 = S1. sen 1 = 9680 VA.0,80
fpm cos m cos 36,87o 0,80 i QL1 = 7744 VAr = 7,744 kVAr ind.
E A 200kWh
c) DA m Pm 20,0kW
Δt 10h Z1 XL1
E R 150kWh
DR m Q Lm 15,0kVAr
Δt 10h
2 2 1 R1 I1
Sm Pm QLm 25,0kVA
Sm 25.000VA
d) I m 113,6A; I m V.Ym V1 VL1
V 220V
I m 113,6A
Ym 516,4mS
V 220V 1 VR1 I1
gm = Ym . cos m = 516,4 mS.0,80 = 413,1mS;
bLm = Ym . sen m = 516,4 mS.0,60 = 309,8mS S1 QL1

Exemplo resolvido 17.3: Para o circuito abaixo,


calcular a impedância, fator de potência, 1 P1 I1
corrente, potência aparente, potência ativa e
reativa para cada ramo do circuito e para o Gráficos para o exemplo 17.3
circuito inteiro. Desenhe o triângulo das
Ramo 2: Também, por observação, o ramo 2 é
impedâncias, das tensões e das potências.
tratado individualmente como um circuito série.
R2
R1 =3,0 XL1 = 4,0 2
I2

I1 Z2 XC2
R2 = 8,0 XC2 = 6,0
VR2
I2 I2
2
I V=220V/60Hz
V2 VC2
Circuito para o exemplo 17.3
P2
Solução: Tratando o ramo 1 como um circuito
I2
série temos: 2

2 2 2 2 S2 QC2
Z1 R1 X L1 3,0 4,0 5,0
V 220V Gráficos para o exemplo 17.3
I1 44 A
Z1 5,0 2 2 2 2
R1 3,0 Z2 R2 XC2 8,0 6,0 10,0 ;
cos 1 0,60 i; V 220V
Z1 5,0 I2 22 A
arc cos(0,60) 53,13o Z2 10,0
1
X L1 4,0 R 2 8,0
sen 0,80 i; ou sen 1 0,80 i cos 2 0,80 c
1
Z1 5,0 Z2 10,0
Potência e energia em CA XVII - 7
________________________________________________________________________________________________

2 arc cos(0,80) 36,87 o Exemplo resolvido 17.4: Recalcular o problema


XC2 6,0 anterior usando os conceitos de admitância,
sen 2 0,60 c ou sen 2 0,60 c componentes de corrente, etc.
Z2 10,0
S2 =V.I2 =220 V.22 A = 4840 VA = 4,840 kVA Solução: Ramo1: Agora o ramo l será tomado
como composto de duas facilidades em paralelo.
P2 = V. I2 . cos 2 = S2 . cos 2 = g1
P2 = 4840 VA . 0,80 = 3872 W = 3,872 kW V
1

QC2 = V. I2 . sen 2 = S2 . sen 2 =


QC2 = 4840 VA.0,60 = 2904VAr = 2,904 kVAr Y1 bL1
IG1
Totais: V
1
Pode-se somar as potências ativas entre
si, as reativas entre si (considerando o teor),
porém as potências aparentes não podem ser I1 IBL1
somadas algebricamente, porque os seus ângulos P1
de defasagem no caso genérico, são diferentes. V
1

2 P2 S1 QL1
S1 QL1 QC2
Gráficos para o ramo 1 do exemplo 17.4

2 2
Z1 R 1 X L1 3,0 2 4,0 2
5,0 ;
1
P1 I (Ref)
R1 3,0 Ω
cos 1 0,60 ind ;
Z1 5,0 Ω
Gráfico para o exemplo 17.3
1 arc cos(0,60) 53,13o
Pt = P1 + P2 = 5808 W + 3872 W = 9680 W
Pt = 9,680 kW R1 3,0 Ω
g1 0,120 S;
Z1
2
(5,0 Ω) 2
QT = QL1 - QC2 = 7744VAr -2904VAr =
X L1 4,0 Ω
4840VAri b L1 0,160 S;
Z1
2
(5,0 Ω) 2
QT = 4,840 kVAri Y1 g1
2 2
bL1 0,120 S 2 0,160 S 2 0,200S ;

2 2
ST PT QT 9680 W 2 4840VAr 2 IG1 = V.g1 = 220V x 0,120 S = 26,4 A
IBL1 = V. bL1 = 220V x 0,160 S = 35,2 A
ST 10.822 VA 10,822 kVA
I1 = V.Y1 = 220V x 0,200 S = 44,0 A;
PT 9680 W
cos T 0,8945 ind S1=V.I1= 220V.44,0 A = 9680 VA = 9,680 kVA
ST 10.822VA
P1 = V. I1 .cos 1 = V.IG1 = 220 V x 26,4 A
P1 = 5808 W = 5,808 kW

QL1 = V. I1 .sen 1 = V.IBL1 = 220 V x 35,2 A


QL1 = 7744 VAr = 7,744 kVArind
XVII - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
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Ramo 2: Tomando o ramo 2 como formado por Totais:


facilidades em paralelo tem-se:
P1 PT
Y2 bC2 1

ST QT
2 g2 V S2
S1 QL1 QC2
2
I2 IBC2 P2

Gráfico para o exemplo 17.4


2 IG2 V P1 I (Ref)
IG = IG1 + IG2 = 36,4 A + 17,6 A = 44,0 A
S2 QC2 PT = V. IG = 220 V. 44,0 A = 9680 W

IB = IBL1 - IBC2 = 35,2 A - 13,2 A = 22,0 A


2 P2 V
QT = V.IB = 220 V. 22 A = 4840 VArind
Gráficos para o ramo 2 do exemplo 17.4

Em outras palavras, pode-se somar as


potências ativas entre si e as potências reativas
2 2 2 2
Z2 R2 XC2 8,0 6,0 10,0 entre si (a indutiva tem sinal trocado em relação
R2 8,0 Ω à capacitiva).
cos 2 0,80 cap As potências aparentes não podem ser
Z2 10,0 Ω
somadas algebricamente a não ser no caso
2 arc cos(0,80) 36,87o particular em que seus fatores de potência sejam
R2 8,0 Ω iguais.
g2 0,080S; PT = P1 + P2 = 5808 W + 3872 W
Z2
2
(10,0 Ω) 2
PT = 9680 W = 9,680 kW
X C2 6,0 Ω
bC2 0,060 S
Z2
2
(10,0 Ω) 2 QT = QL1 - QC2 = 7744 VAr - 2904 VAr
2 2 QT = 4840 VAr ind = 4,840 kVArind
Y2 g2 bC 2 0,080 S2 0,060 S2 0,100S
2 2
IG2 = V. g2 = 220 V.0,080 S = 17,6 A; ST PT QT 9680W 2 4840VAr 2
ST 10.822VA 10,822 kVA
IBC2 = V. bC2 = 220 V. 0,060 S = 13,2 A
PT 9680 W
2 2 2 2
cos T 0,8945 ind
I2 IG 2 I BC 2 17,6 A 13,2 A 22,0 A ST 10.822VA
S2=V.I2= 220Vx22,0 A = 4840 VA= 4,840 kVA g g1 g 2 0,120S 0,080S
cos T 0,8945ind
Y Y 0,2236S
P2 = V.I2.cos 2 = V. IG2 = 220 V x 17,6 A = Como se vê, os resultados são
P2 = 3872 W = 3,872 kW exatamente os mesmos usando os dois métodos
de cálculo, apenas os triângulos das potências
QC2 = V. I2. sen 2 = V. IBC2 = 220 V x 13,2 A ficaram virados porque as grandezas de
QC2 = 2904 VArcap = 2,904 kVArcap referência foram mudadas.
Potência e energia em CA XVII - 9
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17.4 - POTÊNCIA DOS CIRCUITOS VL


ST 3.VF .I F 3. .I L
TRIFÁSICOS 3
ST 3.VL .I L (17.22)
17.4.1 - Sistema trifásico genérico
Em qualquer tipo de circuito, a potência 17.4.3 - Sistema triângulo
ativa total é igual à soma aritmética das
potências ativas individuais dos componentes do Na ligação triângulo, considerada como
circuito e isso é válido para as fases dos circuito equilibrado, temos VF= VL e IF = IL / 3.
circuitos trifásicos, mesmo desequilibrados. Portanto, a potência aparente resulta :
I
ST 3.VF .I F 3.VL L
PT = PF1 + PF2 + PF3 (W) (17.17) 3
ST 3.VL .I L (17.23)
Da mesma forma, podemos nos referir às
Observamos então que a potência
potências reativas, lembrando-se de que as
aparente de um circuito trifásico pode ser
reativas indutivas e reativas capacitivas têm
calculada pelas grandezas de linha sem conhecer
sinais contrários.
o seu tipo de agrupamento. Isto é bom porque os
valores nominais de tensão e corrente dos
QT = QF1 + QF2 + QF3 (VAr) (17.18) aparelhos trifásicos são sempre valores de linha
uma vez que é mais fácil de fazer leituras na
Para obtermos a potência aparente total linha do que no interior dos equipamentos.
devemos fazer, como sempre, a soma fasorial Permanecem válidas as relações entre as
entre a ativa total e a reativa total. Usando potências ativa, reativa e aparente como já foi
Pitágoras temos: visto nos circuitos monofásicos, tanto para a
2 2
ST PT QT (VA) (17.19) ligação estrela quanto para a ligação triângulo.

O fator de potência total é calculado em PT = ST.cos T (17.24a)


função da potência ativa total e potência e QT = ST.sen T (17.24b)
aparente total.
cos T = PT / ST (17.20) A potência nos circuitos trifásicos pode
ser medida por um wattímetro monofásico, um
No caso particular, porém bastante wattímetro trifásico de um, dois ou três
comum, de cargas equilibradas, a potência ativa elementos, conforme o grau de desequilíbrio da
e reativa de cada fase são iguais. Assim, a carga e a precisão desejada. Há também a
potência aparente total é o triplo da potência possibilidade de usar dois wattímetros
aparente de cada fase monofásicos, mas não está no escopo desta
abordagem. [Gray-Wallace, p.99 - 414]
ST = 3 . SF = 3.VF.IF (17.21) As energias consumidas têm a mesma
formulação já apresentada para os circuitos
Onde: ST = potência aparente total (VA); monofásicos.
SF = potência aparente por fase (VA). EAT = PT. t (17.25a)
ERT = QLT. t (17.25b)
17.4.2 - Sistema estrela
Onde:EAT = Consumo ativo trifásico (kWh);
A ligação estrela será tomada como carga ERT = Consumo reativo trifásico (kVArh).
equilibrada onde IF = IL, e VF = VL / 3.
Assim a potência aparente total será:
XVII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
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Para o caso de medição de energia em PT = ST. cos = 66.000VAx0,80 = 52.800 W


circuitos trifásicos existem medidores a disco de PT = 52,8 kW
indução (para pequenas instalações) e medidores QLT = ST. sen = 66.000VAx0,60 = 39.600 VAr
de energia digitais (para uso em geral nas QLT = 39,6 kVAr ind.
instalações de baixa e alta tensão). A tendência é
estender a medição digital a todo o tipo de Generalizando, a potência do gerador
consumidor devido à flexibilidade que ela não se altera com o tipo de conexão, o que se
oferece e porque o seu custo está se tornando modifica é a tensão de linha e a corrente de
mais atrativo. linha.
Na ligação estrela, obtém-se maior
Exemplo resolvido 17.5: Um gerador tensão de linha e menor corrente de linha e, na
síncrono trifásico de 60Hz, movido por um ligação triângulo, menor tensão de linha e maior
motor diesel de 1800 rpm, será usado como corrente de linha.
gerador de emergência de uma pequena
indústria. Os condutores que compõem o Exemplo resolvido 17.6: Um motor de indução
bobinado de cada fase, devido a sua bitola, trifásico, ligado em triângulo, absorve uma
suportam uma corrente máxima, em regime corrente de linha de 10 A quando ligado a um
permanente, de IF = 100 A. A quantidade de ramal trifásico de 220 V entre fases (tensão de
espiras do enrolamento de cada fase causa uma linha). Sabendo-se que o fator de potência do
tensão por fase de VF = 220 V. Calcular os mesmo é 0,50 indutivo pede-se calcular:
valores máximos das três componentes do a) A corrente de fase e a tensão de fase;
triângulo das potências que o gerador pode b) A potência aparente, ativa e reativa total (nas
fornecer, sob fator de potência 0,80 indutivo, três fases);
considerando as duas ligações possíveis. c) O consumo de energia ativa e reativa num
mês (30 dias x 24h);
Solução: d) A tensão de linha da rede em que ele deveria
ser ligado em estrela sem alterar a sua potência;
a) Ligação em estrela: e) A nova corrente de linha.
IL = IF; IL = 100 A;
VL = 3.VF = 3 . 220V = 1,7321 . 220V Solução:
VL = 381,06V a) Ligação triângulo:
ST 3.VF .IF 3. 220V.100A 66.000 VA I L1 10,0A
I F1 5,77 A; VF1 VL1 220V
ST 66,0 kVA 3 3
ST 3.VL .I L 3. 381,03V.100A 66003 VA b) ST1 3.VL1.I L1 1,732 . 220 V.10,0 A
ST 66,0 kVA ST1 3810,4 VA
1= arc cos (0,5) = 60º; sen 1= 0,866;
b) Ligação em triângulo: tan 1= 1,732;
IL = IF. 3; IL = 100 A. 3 = 173,21A;
VL = VF = 220V PT1 = ST1. cos 1 = 3810,4 VA x 0,50
ST 3.VF .IF 3. 220V.100A 66.000 VA PT1 =1905,2 W = 1,905 kW
ST 66,0 kVA QLT1 = ST1. sen 1 = 3810,4 VA x 0,866
QLT1 = 3300,0 VAr = 3,30 kVAr ind.
ST 3.VL .I L 3. 220V.173,21A 66003 VA
ST 66,0 kVA c) EA = PT. t = 1,905 kWx30x24h
EA = 1371,6 kWh
Como as potências aparentes, nas duas ER = QLT. t = 3,30 kVAr.30x24h
ligações, são iguais, temos: ER = 2376,0 kVArh
Potência e energia em CA XVII - 11
________________________________________________________________________________________________

Ao mudar a conexão para estrela deve-se b) Calor;


preservar: VF2 = VF1 = 220V e IF2 = IF1= 5,77 A c) Força motriz.
e consequentemente ST2 = ST1 = 3180,4 VA. Neste tópico serão analisadas as cargas
típicas quanto aos seus fatores de potência
d) VL2 = 3.VF2 = 1,732 x 220 V = 381,0 V; médios.
ST 3180,4VA Na iluminação usam-se lâmpadas a
e) I L 2 5,77 A filamento e lâmpadas a gás. As lâmpadas
3.VL 2 3.381,0V
incandescentes funcionam pelo aquecimento do
filamento por efeito Joule. Logo, são cargas
Exemplo resolvido 17.7: Três lâmpadas puramente resistivas e têm fator de potência
incandescentes, de 600 cada uma, estão unitário.
ligadas em triângulo numa rede de 220 V entre As lâmpadas a gás (fluorescentes, vapor
fases. Calcular as correntes e tensões de linha e de mercúrio e vapor de sódio) necessitam, para o
de fase, assim como as potências por fase e total. seu funcionamento, de um reator colocado em
Determinar os valores de novas resistências que, série com o tubo de gás. Isto faz que o seu fator
ligadas em estrela, produzem o mesmo efeito de potência seja baixo, em torno de 0,5 indutivo.
que as anteriores. Exceção é feita às lâmpadas com fator de
potência corrigido nos quais este se situa em
Solução: torno de 0,9 indutivo.
VF VL 220 V; Os aparelhos de aquecimento são, de
VF 220V um modo geral, do tipo resistivo tais como
IF 0,3667 A chuveiros, torneiras elétricas, estufas,
ZF 600
torradeiras, caldeiras de água quente (boylers) e
IL I F . 3 0,3667 A. 3 0,6351 A muitos outros equipamentos semelhantes tendo,
SF = VF .IF = 220 V.0,3667 A = 80,67 VA portanto, fator de potência unitário.
ST = 3.VL .IL = 3.220V.0,6351A =242,0VA; Para a produção de força motriz o
cos = 1,0; PT = ST . cos = 242,0 W motor mais comum é o chamado motor de
indução seja trifásico seja monofásico. Estes
Equivalente em estrela: motores têm o fator de potência variável com a
ZF 600 carga. À plena carga o fator de potência está em
ZFY 200 ; torno de 0,8 a 0,85 indutivo, porém com pouca
3 3
VF 220 V carga pode cair para 0,5 a 0,6 indutivo.
VFY 127,0 V O baixo fator de potência, para um
3 3 equipamento genérico, dá-se devido à absorção
VFY 127,0 V significativa de potência reativa junto com a
I FY 0,6350A;
ZFY 200 potência ativa representando uma maior
ILY IFY 0,6350A; potência aparente e uma maior corrente
absorvida da fonte.
STY= 3.VLY.ILY = 3.220V.0,6350A=242,0 VA
Esta maior corrente origina perdas de
cos =1,0; PTY = STY.cos = 242,0 W
energia por efeito joule e maior queda de tensão
por onde ela passa. Por isto, as concessionárias,
17.5 - CLASSIFICAÇÃO DOS USOS embasadas em leis e resoluções, cobram multas
DA ENERGIA ELÉTRICA ao consumidor cujo fator de potência for inferior
a 0,92 indutivo, na parte nobre do dia onde o
A energia elétrica, como se sabe, é sistema elétrico fica mais sobrecarregado (6h às
consumida nas atividades residenciais, 24 h).
comerciais e industriais para, principalmente, a Na madrugada (0h às 6h) o sistema
obtenção de: elétrico fica muito aliviado e as cargas
a) Luz; capacitivas passam a ser prejudiciais porque
XVII - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

causam aumento espontâneo da tensão. Neste potência reativa que será a diferença entre elas,
caso a multa ocorre para fatores de potência prevalecendo a maior.
inferiores a 0,92 capacitivo. A potência ativa consumida pela
O faturamento da energia reativa instalação não é alterada porque os capacitores
excedente (multa por baixo fator de potência) comerciais comportam-se praticamente como
será mais bem abordado no capítulo seguinte, capacitores ideais. No entanto, a potência
mas, para consumidores de BT, pode ser aparente fica reduzida e, em consequência, a
calculado por: corrente fornecida pela rede fica
proporcionalmente menor.
0,92 Algumas pessoas leigas chamam, e com
FER ( 1). E A .TER (17.25c) razão, os capacitores de compensação reativa de
fpm
"economizadores de corrente”, porque é isto
que eles acabam fazendo.
Onde: FER = Faturamento de energia reativa Tomemos uma carga com teor indutivo
excedente para fpm < 0,92 (R$); como a da Figura 17.7.
EA = Consumo de energia ativa (kWh);
TER = Tarifa de energia reativa
(R$/kWh); I IG g
fpm = Fator de potência medido. IB b
Este valor é somado ao faturamento da
energia ativa. V
Como se pode ver, quanto mais baixo for
o fator de potência, maior será o preço a ser IG V
pago para a mesma energia ativa consumida.
Isso força os consumidores a corrigir o
seu fator de potência para, no mínimo, 0,92 ind
das 6h às 24h e para 0,92 cap das 0h às 6h.
I IbL

17.6 - CORREÇÃO DO FATOR DE Fig.17.7 – Componentes de correntes numa carga


resistiva indutiva não corrigida
POTÊNCIA
Para aumentar o fator de potência de uma Multiplicando o triângulo das correntes
instalação, cujo fator de potência esteja muito pela tensão V (se monofásico ) ou por 3.VL (se
indutivo, a solução universal é instalar trifásico) obtém-se um triângulo semelhante
capacitores em paralelo com as cargas. com dimensão de potência.
Não são instalados em série porque P=V.IG V
causariam quedas de tensão variáveis, alterando
a tensão na carga.
As cargas indutivas (teor resistivo-
indutivo) absorvem potência ativa (P) e,
também, potência reativa indutiva (QL). S=V.I Q = V.IbL
Instalando-se capacitores em paralelo
Fig.17.8 – Potências em uma carga resistiva
com a carga, estes vão absorver somente
indutiva não corrigida
potência reativa capacitiva (QC) da rede.
Como a potência reativa capacitiva é Instalando-se um capacitor em paralelo
contrária à potência reativa indutiva, resulta que tem-se uma nova corrente reativa, neste caso,
o gerador da concessionária deverá fornecer uma avançada da corrente de 90° ficando, portanto, a
Potência e energia em CA XVII - 13
________________________________________________________________________________________________

180° da corrente reativa indutiva da carga, Onde: QC = Potência reativa do capacitor


anulando-a parcialmente. (VAr/kVAr);
Os capacitores para compensação reativa P = Potência ativa (W/kW);
são do tipo apolar (para uso em CA), geralmente 1/ 2 = Ângulo de defasagem atual /
feitos de polipropileno metalizado. desejado.
Nota: Os capacitores eletrolíticos
apolares, usados em motores monofásicos, são A P1=P2=P B V
impróprios para este fim, pois os mesmos só
2
suportam CA por alguns segundos. C QL2
1 S2 QC

I1 IG1 g
IBL1 bL S1 QL1
D

IBC bC Fig. 17.10 - Diagrama das potências com capacitor

I2 V Na correção de fator de potência,


geralmente, é suficiente especificar um capacitor
IG1=IG2 V pela sua potência reativa nominal, número de
fases, tensão nominal e freqüência. No entanto, é
2
IBL2 interessante conhecer a sua capacitância.
1 I2 IBC Se o capacitor é monofásico pode-se
obter a capacitância em função da potência
I1 IbL1 reativa por:
QC = V.IBC = V.V.bC = V2/XC = V2.2. .f.C
Fig.17.9 – Circuito RL com capacitor de
compensação reativa C = QC/ (V2.2. .f) (17.28)
Multiplicando o triângulo das correntes,
Onde: QC = Potência reativa do capacitor (VAr);
já modificado pela presença do capacitor, pela
V = Tensão (V);
tensão V (se monofásico) ou por 3.VL (se f = Frequência (Hz);
trifásico) obtém-se o triângulo das potências. C = Capacitância (F).
Observando os triângulos ABC e ABD obtém-se
a relação entre as potências antes e depois da
instalação do capacitor. Exemplo resolvido 17.8: Uma lâmpada a vapor
de mercúrio de 220V/60Hz consome 550W
QL1 = P. tan 1 (17.26a) (incluindo as perdas no reator) sob fator de
QL2 = P. tan 2 (17.26b) potência 0,5 ind. Deseja-se corrigir o fator de
potência para 0,92 ind. com o uso de um
Observando-se a Figura 17.10 percebe-se capacitor em paralelo com o conjunto reator-
que a potência reativa do capacitor é a diferença lâmpada. Calcule:
entre a potência reativa indutiva antes e depois a) A potência aparente inicial;
da instalação do mesmo. Portanto: b) A corrente inicial;
c) A potência reativa inicial;
QC = QL1 – QL2 = P.tan 1 - P.tan 2 d) A potência reativa final;
e) A potência reativa do capacitor;
QC = P. (tan 1 - tan 2) (17.27) f) A potência aparente final;
g) A corrente final;
h) A capacitância do capacitor.
XVII - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Solução: Olhando-se para a Figura 17.9 obtém- monofásicos com a ligação realizada
se: externamente.
P 550 W Para especificar capacitores para
a) S1 1100 VA 1,10 kVA correção de fator de potência geralmente é
cos 1 0,50
suficiente fornecer o número de fases, a tensão
S1 1100 VA
b) I1 5,0 A de linha, potência reativa total e frequência.
V 220 V Nesse caso a capacitância dos
c) 1 = arc cos (0,5) = 60º ind; capacitores de cada fase só será conhecida se
sen 1 = 0,866; tan 1 = 1,732 tivermos conhecimento das conexões internas
QL1 = S1 . sen 1 = 1100 VA x 0,866 = dos mesmos. Sabendo-se a potência reativa
QL1 = 952,6 VAr ind. capacitiva de cada fase do capacitor trifásico e a
tensão por fase (que depende do tipo de
d) = arc cos (0,92) = 23,07º ind;
2
agrupamento) pode-se chegar à capacitância
sen 2 = 0,3919; tan 2 = 0,4259 equivalente dos capacitores de uma fase
QL2 = P . tan 2 = 550 W x 0,4259 = adequando a eq.17.28 para uma fase.
QL2 = 234,2 VAr ind. QCF = VF2.2. .f.CF

e) QC = QL1 - QL2 = 952,6 VAr – 234,2 VAr = CF = QCF/( VF2.2. .f) (17.30)
QC = 718,4 VAr cap
QC = P.(tan 1 - tan 2) = Onde: QCF = Potência reativa de uma fase
QC = 550 W.(1,732 - 0,4259) = (VAr) (QCF = QCT/3);
QC = 550 W.(1,3061) = 718,4 VAr cap CF = Capacitância por fase (F);
P 550 W VF = Tensão por fase do grupo de
f) S2 597,8 VA; capacitores (V) (depende do tipo de
cos 2 0,92
conexão).
S2 597,8 VA I2 2,72 A
g) I 2 2,72 A; 0,543
V 220 V I1 5,00 A Uma alternativa para correção do fator de
h) C = QC/ (V2.2. .f) = potência, ou reduzir o ângulo de defasagem
C = 718,4 VAr/(220V2. 2. . 60Hz) = entre e tensão e a corrente, é aumentar o
C = 39,37x10-6 F = 39,37 F consumo de potência ativa mantendo a potência
___________________________________ reativa constante.

A correção do fator de potência para P1 V


circuitos trifásicos obedece às mesmas regras já
vistas para correção monofásica. Calcula-se a 1

potência reativa do capacitor pela equação já


conhecida:
S1 QL1

QCT = PT . (tan - tan 1) (17.29) P1 P2 V

Onde: QCT = Potência do capacitor trifásico ou 1


<
2 1
do banco de capacitores monofásicos
(VAr/kVAr);
S2
PT = Potência ativa trifásica (W/kW); S1 QL1 QL2= QL1

Agora teremos capacitores trifásicos, Fig. 17.11 – Redução de defasagem por aumento de
ligados internamente em triângulo ou estrela potência ativa
(raramente), ou um banco de capacitores Em aplicações industriais esta opção não
Potência e energia em CA XVII - 15
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seria justificada nem técnica nem tan 1= 1,732;


economicamente, porém, em determinados PT1 = ST1. cos 1 = 38104 VA x 0,50
circuitos de máquinas elétricas, onde se deseja PT2 = PT1 = PT =19052 W = 19,05 kW
fazer a corrente ficar mais em fase com a tensão
ela é bastante usada. QLT1 = ST1. sen 1 = 38104 VA x 0,866
Como se pode ver, o aumento da QLT1 = 33000 VAr = 33,0 kVArind.
potência ativa, sem o aumento da potência
reativa reduz o ângulo de defasagem e, 2=
arc cos (0,9) = 25,84º; sen 2= 0,436;
consequentemente, aumenta o fator de potência tan 2 = 0,484;
geral.
QCT = QLT1 - QLT2 = PT.(tan 1 - tan 2) =
Exemplo resolvido 17.9: Um motor de indução 19052 W.(1,732 - 0,484) = 19052 W.(1,248) =
trifásico, ligado em triângulo, absorve uma QCT = 23770 VArcap
corrente de linha de 100 A quando ligado a um
ramal trifásico de 220 V entre fases (tensão de
VFC = VLC= 220V;
linha). Sabendo-se que o fator de potência do
mesmo é 0,50 indutivo pede-se calcular:
CF = QC / (VF2.2. .f) =
a) A corrente de fase e a tensão de fase;
b) A potência aparente, ativa e reativa total (nas CF = 23770 VAr/(220V2.2 .60Hz) =1300x10-6F
três fases); CF = 1300 F
c) A potência reativa de um capacitor trifásico
que eleve o seu fator de potência para 0,9 Especificação 1:
indutivo; Capacitor trifásico de 23,8 kVAr, 220V, 60 Hz;
d) A capacitância de cada capacitor se o banco Especificação 2:
for ligado em triângulo (ligação mais comum); Banco de 3 capacitores monofásicos de 7,93
d) A nova potência aparente e a nova corrente de kVAr, 1300 F, 220V, 60 Hz em triângulo.
linha.
P 19052 W
S2 21170 VA;
Solução: Ligação triângulo: cos 2 0,90
I L1 100A S2 21170 VA
I F1 57,7 A; VF1 VL1 220V IL2 55,6 A;
3 3 3. VL 3.220 V
ST1 3.VL1.I L1 1,732 . 220 V.100 A 38104 VA I L2 55,6 A
0,556
1= arc cos (0,5) = 60º; sen 1= 0,866; I L1 100 A

AT
TR
BT
Contro-
lador FP

C3 C1 C2
M C4
Cargas sem correção
Grupo com correção
Fig. 17.12 - Localizações dos capacitores
XVII - 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
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17.7 - LOCALIZAÇÃO DOS 17.7.2 - Compensação em grupo


CAPACITORES
Agora um banco de capacitores é usado
O capacitor absorve potência reativa para corrigir o fator de potência de um grupo de
capacitiva, a qual tem sentido contrário ao da cargas que trabalham juntas ou que pertencem a
potência reativa indutiva. Em função disso, em um dado quadro elétrico. Ex: Uma máquina
muitas análises, é útil pensar que o capacitor, em automática que tenha vários motores, um painel
vez de consumir potência reativa capacitiva, com vários pequenos motores ou um setor que
ele fornece potência reativa indutiva. tenha muitas lâmpadas fluorescentes. (C4)
Assim sendo, a localização ideal dos
capacitores é o mais próximo possível do 17.7.3 - Compensação global ou central
consumidor de potência reativa de forma que
esta não necessite circular pelas linhas É o sistema mais comum nas pequenas e
alimentadoras. É óbvio que os capacitores médias empresas, pois, geralmente, é o de
devem ser colocados depois do ponto de menor custo. Nesse caso o banco de capacitores
medição. Ver Figura 17.12. é colocado na subestação (ou nos centros de
No entanto, há fatores técnicos e distribuição) para compensar os reativos da
econômicos que influem na localização dos instalação inteira (C1). Em qualquer caso,
capacitores dentro de uma planta industrial. quando as cargas forem desligadas, os
[Aplicação de capacitores nos terminais de capacitores também deveriam ser desligados,
motores, Mundo Elétrico, Dez/83, pp.42-45, A para não tornar a instalação capacitiva gerando
compensação de potência reativa, Mundo outros problemas, tais como o aumento da
Elétrico, Jan/89, pp. 30-32]. tensão da rede. Isso nem sempre é feito por
economia de circuitos de automação.
17.7.1 - Compensação individual Na compensação global o ideal é o uso
de bancos de capacitores automáticos para
Neste caso, há um capacitor (ou banco de correção do fator de potência. Um aparelho
capacitores) para cada carga específica. Essa eletrônico mede constantemente o fator de
forma de compensação é usada para cargas que potência global e, conforme a necessidade, por
tenham grande consumo de potência reativa e meio de contatores, liga ou desliga grupos de
que trabalham por longos períodos sem capacitores(C3).
interrupção. Ex: Motores de indução grandes, Existem muitos fabricantes de
transformadores, lâmpadas de descarga gasosa. controladores automáticos de fator de potência
As cargas e os capacitores são comandados que podem ser rapidamente encontrados através
juntos, pela mesma chave. (C2) da Internet.
No caso de motor de indução a
compensação nunca deve ser total, pois o motor, 17.8 – ASPECTOS PRÁTICOS NA
ao ser desligado, antes de parar, funciona como ESPECIFICAÇÃO DE CAPACITORES
gerador e pode gerar tensões mais altas que a
nominal podendo danificar o motor e os As regras gerais para o cálculo da
capacitores. A potência reativa do capacitor potência reativa já foram apresentadas. As
deve ser, no máximo, 90% da potência reativa maiores dificuldades são encontradas quando a
que o motor necessita. A potência reativa do carga, ou o fator de potência, é variável ao longo
motor pode ser calculada como sendo do dia ou ao longo do ano.
aproximadamente a potência aparente a Nesse caso a regra básica é fazer médias
vazio.[MAMEDE Fo - Instalações Elétricas de consumo (média mensal, no turno de trabalho
Industriais] e horária) e análise do comportamento da carga
ao longo dos últimos anos.
Potência e energia em CA XVII - 17
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As contas de energia elétrica sempre capacitores para manter o fator de potência entre
trazem a energia ativa consumida (kWh), a o mínimo (0,92) e o máximo (de 0,97 a 1,0).
energia reativa (kVArh), fator de potência e a Numa instalação mais simples pode-se
demanda ativa máxima (kW). colocar um interruptor horário (timer) para
Nos consumidores de AT médios e desligar o banco, todo ou em parte, entre 0h e
grandes, o medidor da concessionária é digital e 6h, para evitar multa por f.p. capacitivo e para
podemos obter junto à mesma, por um pequeno evitar sobretensão.
custo, uma memória de massa de um mês (ou No caso de instalações de AT pequenas
mais meses, se quisermos), onde estão onde a medição é feita por medidores
registrados os consumos de 15 em 15 minutos eletromecânicos as contas de energia elétrica
ao longo do mês. trazem a energia ativa consumida (kWh), a
Procura-se a hora do mês onde houve o energia reativa (kVArh), fator de potência e a
maior consumo ativo e determina-se o fator de demanda de ativa máxima (kW) relativas a um
potência horário através de: mês.
Nesse caso o fator de potência é
ER h ER h calculado pela concessionária pela média
tan mh ; mh arc tan (17.31) mensal, e não horária, usando para tanto o
EAh EAh
consumo ativo e o consumo reativo mensal.
Onde: EAh = Energia ativa de uma hora
ER m ER m
(kWh); tan m ; m arc tan (17.34)
ERh = Energia reativa de uma hora EAm EAm
(kVArh).
Onde: EAm = Consumo de energia ativa de um
A potência média na hora em questão mês (kWh);
(demanda ativa horária) é obtida pela divisão do ERm = Consumo de energia reativa de um
consumo pelo intervalo de tempo que é de uma mês (kVArh).
(01) hora logo:
Nesse tipo de consumidores não há multa
E A (kWh ) E R (kVArh ) por fp capacitivo na madrugada, uma vez que
Pmh ; Qmh (17.32) não há condições para medição apropriada.
1h 1h
A média calculada ao longo do mês, ou
mesmo no período de operação da instalação,
Onde se percebe que a potência média é
pode levar a um valor relativamente pequeno de
numericamente igual ao consumo daquela hora.
potência, devido à dificuldade de identificar e
De posse da potência ativa média horária
descontar os períodos de não-operação. Deve-se,
e do cos h (atual) e do cos 2 (desejado) pode-se em termos de segurança, utilizar a demanda
obter a potência do capacitor. máxima medida no mês típico e projetar a
correção para o fator de potência mínimo (0,92
Qc = Pmh.(tan h - tan 2) (17.33) ind).
Qc = DAmáx.(tan m - tan 2) (17.35)
Esse capacitor fica correto para esse
estado de carga, porém quando a carga diminuir Nos meses e horários de menor consumo
o fator de potência irá para valores mais o capacitor será excessivo e levará o fator de
próximos da unidade ou mesmo ficar capacitivo. potência para próximo da unidade ou torná-lo
O ideal é fracionar esse banco de capacitivo.
capacitores em torno de seis unidades menores e O ideal é fracionar o banco em unidades
usar um controlador automático de fator de menores e usar um controlador automático de
potência que irá ligar a quantidade certa de fator de potência para gerenciar a quantidade
XVII - 18 Eletricidade, magnetismo e consequências
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certa de potência reativa capacitiva para manter Exemplo resolvido 17.10: Uma pequena
o fator de potência entre o mínimo (0,92) e o oficina, alimentada por uma rede trifásica em
máximo (de 0,97 a 1,0). 380V/60Hz, recebeu, na sua conta de energia,
Numa instalação mais barata pode-se mais um elemento: faturamento de energia
colocar um interruptor horário (timer) para reativa excedente.
desligar o banco, total ou parcialmente, nos Um técnico da área de eletricidade foi
horários de não operação para evitar chamado para analisar o problema e constatou
sobretensão. Se a sobretensão é pequena, pode- que era multa por baixo fator de potência. No
se manter o banco ligado permanentemente, uma outro dia, às 7h30min, foi na caixa de medição e
vez que não haverá multa. anotou a leitura dos medidores de energia ativa e
Nas instalações de BT não há medição reativa obtendo respectivamente: 17760 kWh e
de demanda. A avaliação mais fácil será a 23520 kVARh e anotou as constantes dos dois
medição da energia ativa e reativa no início e no medidores (que era 1,0). Às 17h30min voltou ao
final de um dia típico de trabalho conforme o local e anotou novamente as leituras: 17960kWh
Exemplo Resolvido 17.2 e 17.10. Usando o e 23670kVArh. Depois se certificou de que era
mesmo método, é interessante analisar também um dia normal de funcionamento e que, após o
o período fora de operação, para confirmar se os expediente, não ficava nenhuma carga ligada.
seus consumos podem ser desprezados ou não. Supondo que você era esse técnico, calcule, no
Com as equações abaixo obtemos o fator horário de operação diário da oficina, o valor:
de potência médio e a potência ativa média no a) Da energia ativa e da energia reativa
horário de operação. consumida;
E R op ER b) Do fator de potência médio;
tan op ; op arc tan op (17.36) c) Da demanda ativa e da demanda reativa
E A op E A op
média;
d) Da potência reativa de um capacitor para
E A op corrigir o fp para 0,92ind no horário de operação.
Pop (17.37)
t op
Solução:
a) EAop = (Leit.atual – Leit. Ant.) x Cte kWh =
Onde: EAop = Consumo de energia ativa de um (17960 - 17760) kWh x 1,0 = 200 kWh
intervalo de operação diário (kWh); ERop = (Leit.atual – Leit. Ant.) x Cte kVArh =
ERop = Consumo reativo de um intervalo (23670 -23520) kVArh x 1,0 = 150kVArh
de operação diário (kVArh); ER
Pop = Potência ativa média de um b) op arc tan op
intervalo de operação diário (kW); E A op
top = Tempo de operação (h). 150kVArh
op arc tan arc tan (0,75) 36,97o
200 kWh
Assim podemos calcular o capacitor para
corrigir o fator de potência para o período de fpop cos opcos(36,87o ) 0,80 i
operação com a equação já vista. E A 200kWh
c) DAm Pm 20,0kW;
Δt 10h
Qc = Pop.(tan op - tan 2) (17.38) E R 150kWh
DRm Q Lm 15,0kVAr;
Δt 10h
Para esse caso o mais comum é manter o arc cos(0,92) 23,07o tan 2 0,4260
2
banco sempre ligado o que torna o fator de
d) QC DA m (tanφ op tanφ 2 )
potência capacitivo no horário fora de operação.
Não haverá incidência de multa, mas Qc 20,0kW(0,75 0,426) 6,48kVAr
devemos verificar se não ocorrerá sobretensão Especificação: capacitor trifásico de 360V/60
em algum momento. Hz, 6,5 kVAr.
Potência e energia em CA XVII - 19
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Questões e problemas: g = 0,200 S

Faça os diagramas fasoriais sempre, mesmo que I1


não sejam solicitados. bL = 0,170 S

I2
17.1. Defina potência ativa, reativa, aparente e bC = 0,320S
fator de potência. I3

I 110V/60Hz
17.2. Classifique os usos da energia em C.A. e
cite os fatores de potência típicos dos Figura para o problema 17.6
equipamentos para cada uso.
17.8. Uma pequena indústria funciona na média
17.3. Numa instalação, medindo com um 8 h por dia e 24 dias por mês. Num mês
wattímetro, obteve-se 8,0 kW e com um típico, o medidor de energia ativa marcou
varímetro, 6,0 kVAr indutivo. Qual o fator 4000 kWh e o medidor de energia reativa
de potência e a potência aparente? marcou 3000kVArh. Calcular a potência
ativa, reativa e aparente e fator de potência
médios nos períodos em que funcionou.
17.4. Calcular o fator de potência e a potência
aparente de instalação monofásica em que
se mediu com um voltímetro, 380 V, com 17.9. Supondo que a indústria da questão 17.8
um amperímetro 100 A e com um possui alimentação monofásica de 220V /
wattímetro 35 kW. 60 Hz, calcular o valor médio da corrente
eficaz no período trabalhado.

17.5. Calcule a potência ativa, reativa (indutiva, 17.10. Um aquecedor resistivo trifásico para
capacitiva e resultante) e aparente e o fator piscina tem uma potência de 200 kW e é
de potência do circuito abaixo. alimentado por uma rede de 380 V de linha.
R = 4,0Ω XL=9,0Ω XC= 6,0Ω Calcule:
a) A potência ativa, reativa e aparente;
b) A corrente de linha;
I
c) A corrente de fase se a conexão for Y;
d) A corrente de fase se a conexão for .
110V/60Hz

Figura para o problema 17.5 17.11. Uma rede trifásica de 220 V de linha
alimenta um motor trifásico ligado em Y
que absorve 10,0 kW sob f p = 0,866 ind. e
17.6. Calcular as potências para o circuito um sistema de iluminação equilibrado com
abaixo onde as características do circuito lâmpadas incandescentes ligado em
são expressas em termos de facilidades. triângulo cuja potência total é 5,0 kW.
Calcule:
17.7. Calcular o fator de potência e a potência
aparente de uma instalação trifásica em que a) A corrente de fase do motor e das
se mediu com um wattímetro 850 kW e com lâmpadas;
um varímetro 300 kVAr.
XVII - 20 Eletricidade, magnetismo e consequências
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b) A corrente de linha do motor e das composta de RF = 9,0 Ω e XLF = 6,0 Ω.


lâmpadas; Calcule:
c) A corrente de linha e o fator de potência a) Os parâmetros do circuito equivalente
total. estrela da carga;
b) A corrente na linha supondo a tensão no
inicio do alimentador de 381,1V entre fases;
17.12. Um motor de indução trifásico solicita, à c) A tensão no fim do alimentador (na
plena carga, uma corrente de linha de 200 A carga);
numa linha de 380 V entre fases, ligado em d) A potência ativa, reativa e aparente na
estrela. carga;
a) Calcular a corrente de fase e a potência e) A variação da tensão no fim do
aparente; alimentador quando a carga é ligada.
b) Supondo que o fator de potência seja
0,83 e que o rendimento do motor seja 0,91,
calcular a potência ativa, reativa e a 17.16. Uma rede trifásica tem 13.800 V entre
potência mecânica disponível no eixo (W e linhas no início da mesma. Sua resistência é
cv). 50 Ω e sua reatância é 200 Ω. Quando é
ligada uma carga que absorve uma
corrente de linha 5,0 A, com fator de
17.13. Um banco trifásico é composto de três potência 0,75 indutivo (medido no inicio
capacitores monofásicos. Cada um é da linha). Calcule:
previsto para 10 kVAr, 220 V/60 Hz, são a) A impedância por fase equivalente da
ligados em triângulo e alimentados por uma carga (suposta ligada em estrela);
rede trifásica de 220 V de linha. Calcule: b) A impedância por fase se ela estivesse
a) A potência reativa do conjunto, a corrente ligada em triângulo;
de fase e a corrente de linha do banco; c) A tensão no final da linha;
b) A tensão de linha correta para a sua d) A potência ativa fornecida ao início do
alimentação e as novas correntes de fase e alimentador;
de linha, se os mesmos capacitores fossem e) A potência ativa que chega à carga;
ligados em estrela. f) A perda joule na linha.

17.14. Um motor ligado em triângulo tem uma 17.17. Calcular a potência reativa de um
resistência por fase de 20,0 Ω e uma capacitor para ser instalado em paralelo com
reatância indutiva por fase de 15,0 Ω. Esse o circuito da questão 17.5 para corrigir o
circuito é ligado a uma rede de 380 V entre fator de potência para 0,85 ind.
linhas. Calcule:
a) Os parâmetros do circuito equivalente em
estrela; 17.18. Calcular a potência reativa de um indutor
b) A corrente de linha; para ser instalado em paralelo com o
c) O fator de potência e as três potências do circuito da questão 17.6 para corrigir o f.p.
triângulo. para 1,00.

17.15. Um alimentador trifásico tem uma 17.19. Calcular a potência reativa de um


resistência de l,0 Ω e uma reatância indutiva capacitor para ser instalado em paralelo com
de l,0 Ω e deve alimentar uma carga o circuito da questão 17.3 para corrigir o
trifásica ligada em triângulo. Cada uma das fator de potência para 0,90 ind.
três fases da carga tem uma impedância
Potência e energia em CA XVII - 21
________________________________________________________________________________________________

17.20. Calcular a potência reativa de um 17.23. Comente a vantagem da correção do fator


capacitor para ser instalado em paralelo com de potência em termos de liberação de
a indústria da questão 17.8 para corrigir o capacidade de transformadores e linhas.
fator de potência para 0,92 ind. Calcule
também a capacitância supondo a tensão de
220 V e frequência de 60 Hz. 17.24. Especifique o capacitor para corrigir o
fator de potência do motor da questão 17.12
para 0,88 indutivo.
17.21. A indústria da questão 17.8 tem um
transformador de 30 kVA. Antes de corrigir
o fator de potência qual era máxima carga
ativa (fp = l,0) que poderia ser acrescida 17.25. Uma indústria é alimentada com uma
sem sobrecarregar o transformador? Qual é rede trifásica de 13800V/60 Hz. Ela
o novo fator de potência nessas condições? trabalha, em média, 8 horas por dia e 22
dias por mês. Das contas de energia
obtiveram-se os dados abaixo. Faça as
17.22. A indústria da questão 17.8 teve seu fator médias de demandas e de fator de potência
de potência corrigido para 0,92 indutivo. no período de operação. Especifique
Qual é o acréscimo máximo de potência capacitores para a correção do fator de
ativa (com fp = l,0) que pode ser feito à potência para 0,92 indutivo no pior caso.
indústria sem sobrecarregar o transformador
de 30 kVA? Qual é o novo fp nessas
condições?

Mês/ano Energia ativa Energia reativa Demanda Dem.ativa Dem. reativa cos méd
máx média média
(per.operação) (per.operação) (per.operação)
kWh kVArh kW kW kVAr
abr/06 17.760 23.520 120
mai/06 21.540 23.940 135
jun/06 18.433 23.647 148
jul/06 19.020 24.100 152
ago/06 17.050 23.047 111
set/06 17.450 23.001 112
out/06 18.500 23.700 125
nov/06 16.050 21.090 110
dez/06 17.550 22.100 114
jan/07 20.190 24.170 135
fev/07 20.700 25.710 140
mar/07 16.957 25.735 110
médias
XVII - 22 Eletricidade, magnetismo e consequências
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Respostas selecionadas c) VCF = 158,7 V, VCL = 274,9 V;


d) SC = 20948 VA; cos C = 0,8319;
17.1. Veja item 17.1 e 17.2. PC = 17427 W, QLC = 11625 VAr ind
e) V = 27,9 % (em relação à tensão no
17.2. Veja item 17.5 início do alimentador).

17.3. fp = 0,8 ind, S = 10 kVA 17.16. a) RCY = 1145 Ω; XLCY = 854 Ω;


ZCY = 1428 Ω; cos C = 0,8018;
17.4. f p = 0,921 ind, S =38 kVA b) RC = 3435 Ω; XLC = 2562 Ω;
c) VCF = 7140 V; VLC =12.367 V;
17.5. P =1936 W, QL =4356 VAr, d) PA = 89635 W;
QC = 2904 VAr, Q = 1452 VAr i; S = 2420VA; e) PC = 64050 W;
fp = 0,8 i f) PJA = 25575 W

17.6. P = 2420 W, QL = 2057 VAr, 17.17. Q = 251,68 VAr


QC =3872 VAr, Q =1815 VArc, S = 3025 VA,
fp = 0,80 c 17.18. QL =1815 VAr

17.7. f p = 0,943 ind, S = 901,39 kVA 17.19. QC = 2125 VAr

17.8. P = 20,83 kW, QL=15,62 kVAr, 17.20. QC = 6,75 kVAr, C = 370 F


S = 26,04 kVA, fp = 0,8 ind
17.21. P = 4,78 kW, fp = 0,854 ind
17.9. I =118,37 A
17.22. P = 7, 83 kW, fp = 0,955 ind
17.10. a) 200 kW; 0 kVAr; 200 kVA;
b) IL = 303,9 A; 17.23. A compensação reativa reduz a potência
c) IFY = 303,9 A; reativa através do transformador o que permite
d) IF = 175,4 A que o mesmo possa fornecer mais potência ativa
com a mesma potência aparente.
17.11. a) 30,3 A; 7,58 A;
b) 30,3 A; 13,12 A; 17.24. Capacitor trifásico: 10,44 kVAr, 380 V,
c) 42,2 A; 0,93 ind. 60 Hz

17.12. a) 200A; 131.636 VA; 17.25. Médias:


b)109.258 W; 73.422 VAr; EAmed.men = 18433,3 kWh,
99.424 W (135 cv) ERmed.men = 23646,7kVArh,
DAfat méd anual = 126kW, DAméd.anual =104,73 kW;
17.13. a) 30 kVAr c; 45,45 A; 78,73 A; DRméd.anual =134,4 kVAr, fp méd anual = 0,615;
b) 380 V; 45,45 A; 45,45 A DAmax = 152 kW / fp = 0,62 =>
Capacitor trifásico: 127,5 kVAr, 380 V, 60 Hz
17.14. a) RY=6,667Ω; XLY= 5,0Ω, ZY= 8,333Ω;
b) IL= 26,40 A;
c) cos =0,80 ind, 17.376 VA;
13901W; 10426 VAr

17.15. a) RCY=3,0 Ω, XLCY=2,0 Ω,Zcy=3,606 Ω;


ZT = 5,0 Ω, fpini = 0,80 ind,
b) IL = IFY = 44,0 A;
Capítulo XVIII – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

Thomas Alva Edison (1847 – 1931)


Nasceu em Milan, Ohio, 11 de Fevereiro de 1847 e faleceu
em West Orange, Nova Jérsei, 18 de Outubro de 1931. Foi um
inventor e empresário dos Estados Unidos que desenvolveu muitos
dispositivos importantes de grande interesse industrial. O Feiticeiro
de Menlo Park, como era conhecido, foi um dos primeiros
inventores a aplicar os princípios da produção maciça ao processo
da invenção. Em sua vida, Thomas Edison registou mais de 1000
patentes, sendo amplamente considerado o maior inventor de todos
os tempos. Não apenas mudou o mundo em que vivia, suas
invenções ajudaram a criar outro muito diferente: este em que
vivemos hoje.
O fonógrafo foi só uma de suas invenções. Outra foi o cinetógrafo, a primeira câmera
cinematográfica bem-sucedida, com o equipamento para mostrar os filmes que fazia. Edison também
transformou o telefone, inventado por Alexander Graham Bell, em um aparelho que funcionava
muito melhor.
Fez o mesmo com a máquina de escrever. Trabalhou em projetos variados, como alimentos
empacotados a vácuo, um aparelho de raios X e um sistema de construções mais baratas feitas de
concreto. Acima de tudo, foi ele quem ajudou a trazer a civilização da Era do Vapor para a Era da
Eletricidade. Entre as suas contribuições mais universais para o desenvolvimento tecnológico e
científico encontra-se a lâmpada elétrica incandescente, o gramofone, o cinescópio ou cinetoscópio,
o ditafone e o microfone de grânulos de carvão para o telefone. Edison é um dos precursores da
revolução tecnológica do século XX. Teve também um papel determinante na indústria do cinema.
[http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Edison]

18.1 - DEFINIÇÕES TÉCNICAS E


COMERCIAIS Demanda: média das potências elétricas ativas
(ou reativas) solicitadas ao sistema elétrico pela
carga instalada durante um intervalo de tempo
As condições de fornecimento e de
considerado (em geral 15 minutos).
tarifação da energia utilizam alguns termos que
serão agora definidos. Essas definições e suas
Demanda medida: maior demanda de potência
aplicações estão baseadas na Resolução
ativa, verificada por medição, durante o período
Normativa 4141, de 9 de setembro de 2010 e na
de faturamento, sendo expressa em kW.
Resolução Normativa 479, de 3 de abril de 2012,
da Agência Nacional de Energia Elétrica –
Demanda contratada: demanda de potência
ANEEL.
ativa (expressa em kW) a ser obrigatória e
continuamente disponibilizada pela
Período de faturamento: espaço de tempo
concessionária, fixada no contrato de
entre duas leituras, sendo geralmente um mês.
fornecimento, que deverá ser integralmente paga
seja ou não utilizada durante o período de
Consumo ativo: energia ativa consumida no
faturamento.
período de faturamento, expressa em kWh.
Demanda faturável: demanda usada para o
cálculo do valor líquido da fatura (expressa em
Consumo reativo: energia reativa consumida
kW).
no período de faturamento, expressa em kVArh.
Tarifa de ultrapassagem: tarifa aplicável sobre
1
[http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf] a diferença positiva entre a demanda medida e a
XVIII - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

demanda contratada, quando exceder os limites ps - Hora de ponta e período seco;


estabelecidos. É igual a duas vezes o valor da pu - Hora de ponta e período úmido;
tarifa de demanda normal. fs - Hora fora de ponta e período seco;
fu - Hora fora de ponta e período úmido.
Tarifa monômia: tarifa de fornecimento
constituída por preços aplicáveis apenas ao Consumidor grupo B: consumidor alimentado
consumo de energia ativa. pela rede secundária de distribuição com redes
mono, bi e trifásicas, com tensão inferior a 2,3
Tarifa binômia: conjunto de tarifas de kV, incluindo atividades residencial, comercial
fornecimento constituído por preços aplicáveis e industrial até a potência instalada de 75 kW.
ao consumo de energia ativa e à demanda
faturável. Consumidor grupo A: consumidor, com
subestação própria, alimentado em tensão igual
Energia reativa excedente: quantidade de ou superior a 2,3 kV (ou por sistema de
energia reativa que excede aos limites distribuição em BT subterrâneo).
estabelecidos pelo fator de potência de
referência. 18.2 - ESTRUTURAS TARIFÁRIAS
Horário de Ponta (p): período definido pela Conjunto de tarifas aplicáveis às
concessionária e composto por 3 (três) horas componentes de consumo de energia elétrica
diárias consecutivas, exceção feita aos sábados, e/ou demanda de potência ativa de acordo com a
domingos, terça-feira de carnaval, sexta-feira da modalidade de fornecimento.
Paixão, “Corpus Christi”, dia de finados e os
demais feriados definidos por lei federal,
considerando as características do seu sistema
18.2.1 - Consumidores do grupo B
elétrico. Esse horário costuma ser entre 18h e
Os consumidores do grupo B possuem
21h, momento em que ocorre a maior solicitação
estrutura tarifária monômia pagando, em geral,
ao sistema elétrico motivada, em geral, pelo
somente a energia ativa consumida (kWh). A
consumidor residencial.
concessionária pode medir também a energia
reativa de consumidores de BT mais expressivos
Horário fora de ponta (f): período composto
e tarifar a energia reativa excedente.
pelo conjunto das horas diárias consecutivas e
complementares àquelas definidas no horário de
ponta. 18.2.2 - Consumidores do grupo A

Posto horário: referência genérica a um dos Os consumidores do grupo A possuem


períodos do dia. estrutura tarifária binômia, isto é, pagam a
energia ativa consumida (kWh) e a demanda
Período seco (s): período de 7 (sete) meses faturável (kW), assim como a energia reativa
consecutivos, compreendendo os fornecimentos excedente e a demanda de potência reativa
abrangidos pelas leituras de maio e novembro. excedente. As tarifas têm valores diferenciados
conforme a estrutura tarifária.
Período úmido (u): período de 5 (cinco) meses
consecutivos compreendendo os faturamentos I - Tarifa convencional:
abrangidos pelas leituras de dezembro de um
ano a abril do ano seguinte. Caracterização:
- Demanda de potência ativa (kW): preço
Segmentos horossazonais: combinação dos único para ponta e fora de ponta (R$/kW).
postos horários e períodos anuais.
Tarifação da energia elétrica XVIII - 3
________________________________________________________________________________________________

- Consumo de energia ativa (kWh): preço a) Um preço para ponta, período úmido
único para ponta e fora de ponta (R$/kWh). (R$/kWh);
b) Um preço para fora de ponta, período
Aplicação: consumidores do grupo A com úmido (R$/kWh);
tensão menor do que 69 kV e demanda c) Um preço para ponta, período seco
contratada entre 30 e 150 kW que não tenham (R$/kWh);
optado pela tarifa horossazonal. d) Um preço para fora de ponta, período seco
Medição: medidor de energia microprocessado (R$/kWh).
e medidor de energia ativa a disco (como
retaguarda) ou medidor de energia ativa com Aplicação: é sempre opcional aos consumidores
disco e ponteiro de demanda máxima e medidor do grupo A, com tensão inferior a 69 kV e com
de energia reativa a disco (em extinção). demanda superior a 30 kW.

II - Tarifa horossazonal azul Medição: medidor eletrônico de energia e,


Caracterização: como retaguarda, um medidor de energia ativa a
- Demanda de potência ativa (kW) disco.
a) Um preço para ponta (R$/ kW);
b) Um preço para fora de ponta (R$/kW). 18.3- CONDIÇÕES DE CONTRATO
- Consumo de energia ativa (kWh) No fornecimento de energia em AT deve
a) Um preço para ponta, período úmido ser feito um contrato por um ano, prorrogável
(R$/kWh); automaticamente, havendo um período de teste
b) Um preço para fora de ponta, período de três meses para fixação das demandas. As
úmido (R$/kWh); demandas contratadas devem ser iguais ou
c) Um preço para ponta, período seco superiores a 30 kW. As alterações de valores de
(R$/kWh); demanda contratada só podem ser feitas, em
d) Um preço para fora de ponta, período seco geral, a cada seis meses com prévia solicitação.
(R$/kWh). Detalhes devem ser obtidos com a
concessionária local.
Aplicação: Consumidores do grupo A, segundo Abaixo da demanda limite, que
os critérios abaixo: corresponde a 105% da demanda contratada, é
a) Compulsória: tensão igual ou superior a 69 aplicada a tarifa normal da demanda.
kV ou tensão inferior a 69 kV e demanda maior As demandas medidas não devem
ou igual a 150 kW, que não optaram pela tarifa ultrapassar a demanda limite, pois assim será
verde; cobrada a tarifa de ultrapassagem (TU) que é 2
b) Opcional: tensão inferior a 69 kV e (duas) vezes o valor da tarifa de demanda
demanda entre 30 kW e 150 kW. normal.
Na figura abaixo foram adotadas as
Medição: medidor eletrônico de energia e, seguintes convenções:
como retaguarda, um medidor de energia ativa a DCfp = demanda contratada fora de ponta;
disco. DCp = demanda contratada de ponta;
DMfp = demanda medida fora de ponta;
III - Tarifa horossazonal verde DMp = demanda medida de ponta;
DC = demanda contratada (verde ou
Demanda de potência ativa (kW) convencional);
a) Preço único para ponta e fora de ponta DM = demanda medida (verde ou
(R$/kW). convencional);
Consumo de energia ativa (kWh): DL = demanda limite.
XVIII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

DLfp tarifado DL tarifado


isento isento
DCfp DMfp DC
DMp
DM
tarifado

DLp isento
DCp

Tarifa azul Tarifa verde ou convencional


Fig. 18.1 – Condições de aplicação ou não-aplicação da tarifa de ultrapassagem

Condição de sazonalidade 18.4 – FATURAMENTO DE ENERGIA


E DE DEMANDA ATIVA
O consumidor sazonal tem grandes
benefícios na tarifação de demanda, pois em
geral só paga a demanda lida, e não a
contratada, durante nove meses de entressafra.
18.4.1 - Faturamento de consumo de
A condição de sazonalidade pode ser energia ativa
reconhecida pela concessionária, mediante
solicitação do consumidor, desde que sejam Os critérios para definição do consumo
atendidos, a cada ciclo de 12 meses, as seguintes (kWh) a ser faturado são os seguintes:
condições:
Consumidor do grupo B
a) A energia se destinar à atividade que
utilize matéria prima advinda FEA = EA.TEA (18.1)
diretamente da agricultura, pecuária,
pesca ou ainda extração de sal ou Obs: O consumidor residencial com consumo
calcário para uso agrícola; inferior a 220 kWh tem descontos especiais
b) Seja verificado, nos doze ciclos de conforme o seu consumo e sua renda (Ver
faturamento (meses) anteriores ao da Resolução Normativa 414/2010-ANEEL).
análise, que a soma dos quatro menores
consumos seja inferior a 20% da soma Consumidor Grupo A
dos quatro maiores consumos.
Tarifa convencional:
Ao final do 12º mês do contrato é
verificado se foram alcançados (ou ultrapassados) FEA = EA .TEA (18.2)
pelo menos três valores das demandas contratadas,
caso contrário será cobrada a demanda onde: FEA = Faturamento de consumo de
complementar. Ela corresponde à soma das energia ativa (R$);
maiores diferenças positivas entre as demandas EA = Consumo de energia ativa (kWh);
contratadas e as respectivas demandas medidas TEA = Tarifa de consumo ativo
conforme o número de meses em que a demanda (R$/kWh).
contratada não foi alcançada.
Tarifação da energia elétrica XVIII - 5
________________________________________________________________________________________________

Tarifa azul: onde: DFp = Demanda faturável na ponta (kW);


TDAp = Tarifa de demanda ativa na ponta
FEA = EAp.TEAp + EAfp.TEAfp (18.3)
(R$/kW);
DFfp = Demanda faturável fora de ponta
onde: EAp = Consumo de energia ativa na (kW);
ponta (kWh); DAfp = Tarifa de demanda ativa fora de
TEAp = Tarifa de consumo ativo na ponta ponta (R$/kW).
(R$/kWh);
EAfp = Consumo de energia ativa fora
III - Tarifa verde:
de ponta (kWh); a) Demanda contratada (se não for rural ou
TEAfp = Tarifa de consumo ativo fora de sazonal);
ponta (R$/kWh). b) Demanda máxima medida no mês;
c) 10% da demanda contratada, para consumidor
Tarifa verde : rural ou sazonal.
FEA = EAp.TEAp + EAfp. TEAfp (18.4)
FD = DF . TDA (18.7)
Obs: Os valores das tarifas de consumo da THV
são muito diferentes da THA (ver figura 18.2). 18.4.3 - Aplicação das tarifas de
ultrapassagem
18.4.2 - Faturamento de demanda ativa
Será aplicada a tarifa de ultrapassagem
A demanda faturável, conforme a sobre o que exceder à demanda contratada.
tarifação, será o maior valor entre os abaixo
relacionados. I - Tarifa convencional (para DM > DL)

I - Tarifa convencional: FU = (DM-DC).TU (18.8)


a) Demanda contratada (exceto consumidor rural
ou sazonal); onde: FU = Faturamento de ultrapassagem
b) Demanda medida no mês; (R$);
d) 10% da máxima demanda medida nos últimos DC = Demanda contratada (kW);
11meses (para consumidores rurais ou sazonais). DM = Demanda máxima medida (kW);
DL = Demanda limite (kW);
FD = DF. TDA (18.5) TU = Tarifa de ultrapassagem (R$/kW).

onde: FD = Faturamento de demanda (R$); II -Tarifa azul:


DF = Demanda faturável (kW); FU = FUp + FUfp (18.9)
TDA = tarifa de demanda ativa (R$/kW).
a) ponta: (para DMp > DLp)
II - Tarifa azul:
a) Demanda contratada em cada segmento FUp= (DMp-DCp).TUp (18.10)
horossazonal (se não for rural ou sazonal);
b) A maior demanda medida em cada segmento onde: FUp = Faturamento de ultrapassagem na
horossazonal; ponta (R$);
c)10% da demanda contratada por segmento DCp = Demanda contratada na ponta
horossazonal, para consumidor rural ou sazonal. (kW);
DMp = Demanda máxima medida na
FD = DFp.TDAp + DFfp.TDAfp (18.6) ponta (kW);
XVIII - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

TUp = tarifa de ultrapassagem na ponta potência calculado a cada hora e considerando


(R$/kW). o posto horário.
b) fora de ponta: (para DMfp > DLfp) EATp , EATfp = Consumo de energia ativa a cada
hora, observando o posto horário.
FUfp=(DMfp-DCfp).TUfp (18.11) FPTp,FPTfp = Fator de potência médio em cada
hora calculado a partir da energia ativa e da
onde: FUfp = Faturamento de ultrapassagem energia reativa consumida a cada hora (indutiva
fora de ponta (R$); ou capacitiva).
DCfp = Demanda contratada fora de ponta TER = Tarifa de consumo de energia reativa.
(kW). T = Cada um dos intervalos de integração de
uma hora.
III -Tarifa verde: (para DM > DL) np, nfp = Número de intervalos de integração de
uma hora na ponta e fora de ponta .
FU = (DM - DC) . TU (18.12) A Unidade de Faturamento de Energia
Reativa Excedente, por posto horário (p), vem
Nota: Os valores das tarifas de demanda podem de:
ser totalmente diferentes conforme o tipo de n( p)
0,92
tarifação ser convencional, azul ou verde (Ver U FER ( p ) E AT ( p ) . 1 (18.14)
T 1 FPT ( p )
Figura 18.2).

18.5 – FATURAMENTO DE ENERGIA E 4. O faturamento de demanda de potência


DEMANDA REATIVA EXCEDENTE reativa excedente é calculado pela seguinte
equação:
Publicada em 9 de setembro de 2010, a np
0,92
Resolução 414 da ANEEL estabelece o seguinte: FDRp max DATp . DFp .TDR
1. O fator de potência de referência é 0,92
T 1 FPTp
capacitivo no segmento capacitivo (seis horas (18.15a)
consecutivas entre 23:30 e 6:30) e 0,92 indutivo
no segmento indutivo (horário complementar). nfp
0,92
2. O faturamento reativo considera a energia e a FDRfp max DATfp . DFfp .TDR
demanda de potência reativa indutiva fornecida T 1 FPTfp
pela concessionária no segmento indutivo e a (18.15b)
energia e a demanda de potência reativa
recebida pela mesma no segmento capacitivo. Onde: FDRp,FDRfp = Faturamento da demanda de
3. O faturamento de energia reativa excedente potência reativa excedente, verificada hora a
(FER) é calculado pelas seguintes equações para hora durante todo o período de faturamento,
os postos horários de ponta e fora de ponta: considerando os postos horários.
DATp,DATfp= Demanda de potência ativa
np
0,92 calculada no intervalo de uma hora, observados
FER p E ATp . 1 .TER (18.13a) os postos horários.
T 1 FPp
DFp,DFfp = Demanda de potência ativa faturável
(calculada a cada 15 minutos) por posto horário.
nfp
0,92 TDR = Tarifa de demanda reativa conforme a
FER fp E ATfp . 1 .TER (18.13b) estrutura tarifária em vigor.
T 1 FPfp Máx = Função que identifica a maior demanda
de potência ativa média horária corrigida pelo
Onde: FERp,FERfp = Faturamento total de energia fator de potência por cada posto horário.
reativa excedente em função do fator de
Tarifação da energia elétrica XVIII - 7
________________________________________________________________________________________________

Por posto horário, a Demanda Máxima Nota: a) Grupo A: estes cálculos só podem ser
Corrigida Reativa e a Unidade de Faturamento aplicados a estes consumidores se houver
de Demanda Reativa são definidas medição permanente do fator de potência;
respectivamente por: b) Grupo B: a concessionária, de forma
facultativa, pode medir o FPm desde que seja por
n( p)
0,92 medição permanente .
DMCR ( p ) max DAT ( p ) . (18.16a)
T 1 FPT ( p ) Considerações finais:

U FDR ( p ) DMCR ( p ) DF ( p ) (18.16b) Irrigação e aquicultura: Os consumidores que


usam energia só para irrigação de lavouras ou
aquicultura, no segmento horário das 21h30min
Nota: Para fins de faturamento só são
às 6h, têm desconto nas tarifas de consumo de
considerados os valores positivos de UFER e
70% para o grupo A e 60% para grupo B.
UFDR.
[Res.414 – Cap.VIII, Seção XI]
No caso de não haver condições para
Consumidores de baixa renda: devidamente
medição apropriada da energia reativa e de
caracterizados por legislações específicas, têm
demanda de potência reativa excedente usa-se
descontos de até 65% na tarifa de consumo, para
o processo simplificado abaixo:
consumos mensais inferiores a 220 kWh por
mês. [Res.414- Cap.VIII, Seção XII]
5. Faturamento de energia reativa excedente.
Tabela de tarifas: as tarifas de energia elétrica
são revisadas anualmente pela ANEEL. Os
0,92 valores da Tabela 18.1 e da Fig. 18.2 foram
FER EA. 1 .TER (18.17)
FPm obtidos de uma tabela de tarifas típica e será
usada apenas como exemplo e não contêm
nenhum imposto. Àqueles valores devem ser
Onde: EA = Consumo de energia ativa mensal; somados os percentuais correspondentes ao
FPm = Fator de potência médio mensal ICMS, COFINS e PIS que, juntos, são em torno
calculado a partir da energia ativa e de 28% dos valores apresentados.
reativa mensal. Os valores atualizados são obtidos nos
sites: [http://www.aneel.gov.br ou
6. Faturamento de demanda de potência reativa http://www.ceee.com.br]
excedente.

0,92
FDR DA . DF .TDR (18.18)
FPm

Tabela 18.1 – Tarifas típicas de demanda e de consumo (Subgrupo A4-industrial/comercial/poder público)

TDAp TDAf TUp TUf TDR TEAps TEApu TEAfs TEAfu TER
R$/kW R$/kW R$/kW R$/kW R$/kW R$/kWh R$/kWh R$/kWh R$/kWh R$/kWh
BT 0,28099 0,10325
AT-Convencional - 21,16 - 42,32 7,34 - - 0,13321 - 0,10325
AT-THS -Verde 7,34 14,68 7,34 0,69130 0,67374 0,11366 0,10325 0,10325
AT-THS - Azul 30,03 7,34 60,06 14,68 7,34 0,18651 0,16892 0,11366 0,10325 0,10325
Tarifas típicas de Consumo (R$/kWh) - Subgrupo A4 – Industrial

Grupo B Grupo A: Grupo A: Grupo A:


Conven Azul Verde
-cional

Industrial 0,691
0,674
BT
Residencial ps pu
comum

0,281 0,281

0,187
0,169
0,133 Energia
reativa
ps pu 0,114 0,103 0,114 0,103 0,103
fs fs fu TER
fu

Tarifas típicas de demanda (R$/kW ) - Subgrupo A4 – Industrial


60,06

Conven- TUp
cional

42,32 Azul Verde

TU

30,03

TDp
21,16

TD Demanda
14,68 14,68
reativa

TUfp TU
7,34 7,34 7,34

TDfp TD TDR

Fig.18.2 – Comparação gráfica aproximada entre as tarifas de: a) consumo; b) demanda


Tarifação da energia elétrica XVIII - 9
________________________________________________________________________________________________

Exemplo resolvido 18.1: Um consumidor de Questões e problemas


AT, THS-Verde, subgrupo A4, atividade
industrial, possui em consumo ativo mensal de 18.1. Defina demanda de potência ativa e
80300 kWh no horário fora de ponta e de 14171 descreva o princípio básico do
kWh no horário de ponta sob um fator de funcionamento do medidor de demanda de
potência médio de 0,82 ind. A demanda ativa potência ativa.
medida foi de 255 kW contra uma demanda
contratada de 190 kW. Supondo-se estar no 18.2. Uma instalação consumidora registrou os
período úmido, usando os valores das tarifas valores abaixo. Calcule a demanda de
apresentados na Tabela 18.1 (sem considerar os potência ativa (DA) para o período.
impostos), calcular os faturamentos de consumo, Watt-hora-metro às 8h45min: 167.260 kWh
demanda, ultrapassagem, energia reativa Watt-hora-metro às 9h: 168.460 kWh
excedente e demanda reativa excedente.
18.3. Diferencie tarifa monômia de tarifa
Solução: binômia.
FEAfp = EAfp. TEAfp
FEAfp=80.300kWh.0,10325R$/kWh= R$8290,98 18.4. Suponha dois consumidores A e B,
FEAp = EAp. TEAp representados na figura abaixo, que durante
FEAp=14.171kWh.0,67374 R$/kWh= R$9547,57 o mesmo intervalo de tempo de 24 horas
FEA = FEAfp+FEAp = R$ 17.838,55 consumiram a mesma quantidade de energia
FD = DF.TDA ativa com curvas de demanda diferentes.
FD =255 kW.7,34 R$/kW = R$ 1871,70 Baseados nas definições de DA e EA,
FU = (DM-DC).TU explique com detalhes porque o consumidor
FU = (255-190)kW. 14,68 R$/kW = R$ 954,20 A pagará um valor maior na conta da
0,92 concessionária.
U FER fp 1 .E A fp
FPfp
DA
0,92 (kW)
U FER fp 1 .80300 kWh 100
0,82
Curva A
U FER fp 0,1220 . 80300kWh 9792,68 kWh 80

FERfp = UFERfp.TER 60
FERfp=9792,68kWh.0,10325 R$/kWh = R$1011,09
40
0,92 0,92
U FER p 1 EA p 1 14.171kWh Curva B
FPp 0,82 20
U FER p 0,1220 . 14.171kWh 1728,86 kWh 0
FERp = UFERp.TER = 0 6 12 18 24 h
FERp=1728,86kWh.0,10325 R$/kWh= R$ 178,50 Figura para o problema 18.4
FER = FERfp+FERp =R$ 1907,36
0,92 18.5. Descreva o significado de período seco e
U FDR .D A D F período úmido, horário de ponta e fora de
FP ponta. Cite as razões pelas quais as
0,92 concessionárias necessitam adotar os
U FDR .255 255 . kW 31,11kW
0,82 segmentos horossazonais.
FDR U FDR .TDR 31,11kW.7,34R$ / kW
18.6. Trace no gráfico abaixo, uma curva de
FDR R$ 228,35 demanda em que ocorra a seguinte situação:
FT = FEA+FD+FU+FER+FDR = R$ 22.800,16 Ponta: 40 kW, Fora de ponta = 60 kW.
XVIII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

DA 18.14. Descreva como é calculado o faturamento


(kW) de energia reativa excedente e de demanda
100 de potência reativa para os casos em que
houver medição apropriada (tarifação azul e
80
verde).
60
18.15. Idem para quando não houver medição
40 apropriada (tarifa convencional).
20
18.16. Um consumidor de AT, subgrupo A4,
0 atividade industrial, já descrito no Exemplo
0 6 12 18 24 h Resolvido 18.1, possui em consumo ativo
Figura para o problema 18.6 mensal de 80300 kWh no horário fora de
ponta e de 14171 kWh no horário de ponta
18.7. Identifique, observando a tensão de sob um fator de potência médio suposto
alimentação e a demanda, quais dos constante de 0,82 ind. A demanda ativa
consumidores abaixo são tarifados, medida foi de 255 kW e a demanda
obrigatoriamente, por tarifa horossazonal. contratada de 190 kW. Supondo-se estar no
período úmido, usando os valores das tarifas
a) ( ) 23,0 kV, 140 kW apresentados na Tabela 18.1 (sem
b) ( ) 23,0 kV, 750 kW considerar os impostos), calcular o
c) ( ) 69,0 kV, 750 kW faturamento de consumo, de demanda, de
d) ( ) 34,5 kV, 120 kW ultrapassagem, de energia reativa excedente
e) ( ) 138 kV, 1800 kW e de demanda reativa excedente para tarifa
f) ( ) 13,8 kV, 130 kW convencional.

18.8. Diferencie tarifa horossazonal azul de 18.17. Certa unidade consumidora necessita
tarifas horossazonal verde quanto aos custos saber qual é a tarifação mais adequada ao
da energia e da demanda nos segmentos seu regime de funcionamento. Ela é
horossazonais. alimentada em média tensão por um
transformador próprio de 300 kVA,
18.9. Qual é a demanda mínima a ser contratada 13800V/380/220V, é classificada como
por um consumidor de alta tensão? unidade consumidora grupo A, subgrupo
A4, atividade industrial. Ela trabalha em
cada mês do ano, tipicamente, 21 dias úteis
18.10. Comente a ultrapassagem da demanda da semana e 9 dias não úteis (sábados,
contratada. domingos e feriados nacionais). Será
suposto, como exemplo, período seco,
18.11. Descreva os critérios para demanda contratada na ponta (caso de tarifa
estabelecimento da demanda faturável para azul) DCp=70 kW, demanda contratada fora
as tarifas convencional, azul e verde. de ponta (caso de tarifa azul) DCfp=220 kW
e, se a tarifa for verde ou convencional, a
18.12. Descreva como a concessionária cobra a demanda contratada será de DC=220 kW.
ultrapassagem para os consumidores azul e A unidade consumidora não consegue se
verde. enquadrar como sazonal nem como rural. A
curva de demanda de um dia típico é dada
18.13. Explique como é cobrado o consumo para pela figura abaixo.
consumidores urbanos do grupo B e A.
Tarifação da energia elétrica XVIII - 11
________________________________________________________________________________________________

P,QL

250 240kW
DCfp=220kW 240kW Potência
200 180kVAr Ativa
180kVAr

150 Potência
Reativa
100
80kW
50 DCp=70kW
40kVAr
60kVAr
0 30kW

0 6 12 18
24 t (h)
Figura para problema 18.17

Tabela 18.2 – Tabela auxiliar para cálculo de energias e demandas do problema 18.17

EA(kWh) ER(kVArh) DA(kW) Cos DMCR(kW) UFER(kWh)


0h - 8h 240 320 30 0,60 46 128
8h – 18h 2400 1800 240 0,80 276 360
18h – 21h 240 180 80 0,80 92 36
21h – 24 h 720 540 240 0,80 276 108
XVIII - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________

Respostas selecionadas
18.3 – 4800 kW;

18.4 – O consumidor A pagará mais devido a


sua demanda ser de 80 kW enquanto que a
demanda de B é 20 kW embora o consumo de
energia ativa seja o mesmo.

18.7 – Horossazonal: (b), (c) e (e).

18.16
FEAfp = R$ 10.696,76; FEAp = R$ 1.887,22
FEA = FEAfp + FEAp = R$ 12.583,98

FERfp = R$ 1011,50; FERp = R$ 178,50;


FER = FERfp + FERp = R$ 1190,00

FD = R$ 5395,80; FU = R$ 2750,80;

FDR = R$ 228,35

FT = FEA+FD+FU+FER+FDR = R$ 22.152,03

18.17 –
Tarifa Convencional:
FEA= R$ 14386,68; FD = R$ 5078,40;
FU =R$ 846,40; FER = R$ 1957,62;
FDR = R$ 264,24;
FT = R$ 22533.34;

Tarifa Horossazonal Verde:


FEAfp = R$ 11702,43; FERfp = R$ 1879,57;
FEAp = R$ 3484,15; FERp = R$ 78,06;
FD = R$ 1761,60; FU = R$ 293,60;
FDR = R$ 264,24;
FT = R$ 19463,65;

Tarifa Horossazonal Azul:


FEAfp = R$ 11.702,43; FDfp = R$ 1761,60;
FUfp = R$ 293,60;
FERfp = R$ 1879,56; FDRfp = R$ 264,24;

FEAp = R$ 940,01; FDp = R$ 2402,40;


FUp = R$ 600,60;
FERp = R$ 78,06; FDRp = R$ 88,08;

FT = R$ 20.010.58
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Créditos das imagens e textos

Capa: Dínamo de Gramme: Primeira fonte de energia comercial baseada na indução eletromagnética, criada por
Zénobe Théophile Gramme em 1870.
[http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/onde-o-virtual-e-o-eletrico-se-encontram/image_preview]

Benjamim Franklin – biografia: http://cienciac3m.blogspot.com/


Benjamim Franklin-foto: http://absurdoegenial.blogspot.com/2010/07/benjamin-franklin.html

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Michael_Faraday – biografia : http://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Faraday


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Hans Christian Oersted – biografia: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/HansChr2.html


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Carl Friedrich Gauss – Biografia e foto: http://educacao.uol.com.br/biografias/carl-friedrich-gauss.jhtm

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Wilhelm_Eduard_Weber-biografia e foto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Eduard_Weber

Heinrich_Hertz-Biografia e foto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Hertz

Ernst Werner von Siemens-biografia e foto:


http://www.siemens.com.br/templates/coluna1.aspx?channel=6424&channel_pri_nivel=6422

Nikola Tesla - biografia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nikola_Tesla


Nikola Tesla - foto: www.bohnen.com.br/Noticia.aspx?NoticiaID=69

Thomas Alva Edison – biografia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Edison


Thomas Alva Edison – foto: http://www.peoplequiz.com/biographies-32802-Thomas_Edison.html
Apêndices
Apêndice A – Múltiplos e Submúltiplos

Prefixo Símbolo Valor Prefixo Símbolo Valor


exa E 1018 deci d 10-1
peta P 1015 centi c 10-2
tera T 1012 mili m 10-3
giga G 109 micro 10-6
mega M 106 nano n 10-9
kilo k 103 pico p 10-12
hecto h 102 femto f 10-15
deca da 10 atto a 10-18

Fonte: Decreto-lei no 63.233 de 12 de setembro de 1968.

Apêndice B – Principais relações trigonométricas


sen A
sen A 2 cos A 2 1 ; sen A cos (90o A) ; tan A
cos A

A 0o 30º 45º 60º 90º


sen A 0 1 2 3 4
= 0,0 = 0,5 = 0,707 = 0,866 = 1,0
2 2 2 2 2
cos A 1,0 0,866 0,707 0,5 0,0
tan A 0 1 3 2 3 4
0 1 3
4 3 3 2 1 0

Teorema de Pitágoras
H2= CA2 + CO2
H CO

CA = H.cos
CO = H.sen
CA CO = CA.tan

sen(A B) = sen A. cos B sen B. cos A cos(A B) = cos A. cos B  sen A. sen B

sen 2A = 2.sen A. cos A cos 2A = cos2 A - sen2 A

1 1 1 1
sen 2 A ( . cos 2A ) cos2 A ( . cos 2A )
2 2 2 2
Apêndice C – Conversão de unidades

1 pol = 2,54 cm 1 Wh = 3600 J


1 pé = 30,48 cm 1 cal = 4,18 J
1 rd = 57,29º 1 cv = 736 W
1 kgf = 9,81 N 1 HP = 746 W
1 kgf.m = 9,81 N.m 1T = 104 G
1 lb = 0,454 kg 1 Wb =108 Mx
1 Ae/cm = 4. /10 Oe

Apêndice D - Perímetro e área de figuras geométricas planas

Nome Figura Perímetro Área

L
Quadrado L 2p = 4.L S = L2

Retângulo H 2p = 2.B + 2.H S = B.H


B

L2
Triângulo H L3 2p = L1+L2+L3 S = B.H/2
B = L1

r
Círculo 2p = 2. .r = .d S = .r2 = .d2/4

R
2p med 2. .
R r S .(R 2 r 2 )
Coroa circular 2
r

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