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Eletricidade,
magnetismo e
consequências
2011
Eletricidade,
magnetismo e
consequências
Alvacir Alves Tavares
CONSELHO EDITORIAL
Profa. Dra. Carla Rodrigues Prof. Dr. Carlos Eduardo Wayne Nogueira
Profa. Dra. Cristina Maria Rosa Prof. Dr. José Estevan Gaya
Profa. Dra. Flavia Fontana Fernandes Prof. Dr. Luiz Alberto Brettas
Profa. Dra. Francisca Ferreira Michelon Prof. Dr. Vitor Hugo Borba Manzke
Profa. Dra. Luciane Prado Kantorski Prof. Dr. Volmar Geraldo da Silva Nunes
Profa. Dra. Vera Lucia Bobrowsky Prof. Dr. William Silva Barros
Impresso no Brasil
Edição: 2011
ISBN : 978-85-7192-776-6
Tiragem: 300 exemplares
ISBN : 978-85-7192-776-6
CDD 664.07
PREFÁCIO
O objetivo desta obra é atender prioritariamente às pessoas que necessitam do conhecimento
de eletricidade e magnetismo, mas que ainda não têm a base de cálculo integral e de números
complexos. Esta clientela inclui alunos e profissionais de nível técnico assim como os alunos
ingressantes nos cursos superiores de Tecnologia e de Engenharia.
Os assuntos são apresentados a partir de seus princípios físicos, evoluindo no nível de
dificuldade até chegar a conclusões que sejam plenas e úteis para a atividade técnica.
A metodologia adotada é a exploração dos princípios teóricos, dedução das equações,
resolução de exemplos, mostra de aplicações e proposição de problemas com soluções.
Nos cursos, e na bibliografia em geral, esses conteúdos estão distribuídos em seções
chamadas comumente de Eletricidade Básica, Eletromagnetismo e Corrente Alternada.
A Eletricidade Básica será estudada em quatro etapas: Eletrostática, Eletrodinâmica,
Circuitos Elétricos de Corrente Contínua e Capacitores.
A Eletrostática trata de situações em que as cargas elétricas encontram-se tipicamente em
repouso, enquanto que a Eletrodinâmica estuda a corrente elétrica e seus efeitos.
A etapa de Circuitos Elétricos CC estuda apenas circuitos com resistores e fontes CC.
O estudo de Capacitores, ainda alimentados em CC, foi deixado para o final dessa seção
para facilitar a sua compreensão.
A seção de Eletromagnetismo começa com as definições das grandezas magnéticas e é
analisada a produção de campos magnéticos a partir da corrente elétrica. A seguir é vista a geração
de eletricidade através de campos magnéticos variantes e os fenômenos associados.
Na seção de Corrente Alternada, os diversos componentes elétricos, já estudados sob CC,
são agora alimentados por fonte de CA, tanto monofásica quanto trifásica. Essa seção é permeada de
exemplos de aplicações da energia elétrica no uso doméstico e industrial.
Expresso minha gratidão aos ex-colegas do Instituto Federal Sul-rio-grandense, professores
Mário Luiz Falkenberg Lamas, José Luiz Lopes Iturriet, Renato Neves Allemand e Paulo Eduardo
Mascarenhas Ugoski que, gentilmente, cederam arquivos que deram origem a vários capítulos desta
obra.
Reconheço também que os alunos de Eletromecânica e de Eletrotécnica do IFSul, usando as
apostilas anteriores por três décadas, foram essenciais para o aperfeiçoamento deste trabalho.
Grande esforço foi despendido no sentido de apontar a bibliografia consultada. No entanto,
algumas referências ficaram perdidas ao longo do tempo, por isso peço compreensão aos autores se
alguma informação não lhes foi corretamente creditada.
Por fim, agradeço a Deus, que me deu o dom para executar este trabalho, e a minha família,
que me apoiou em todos os momentos.
“Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra, e luz para os meus caminhos.” Sl 119.105
ELETRICIDADE, MAGNETISMO E
CONSEQUÊNCIAS
Sumário
1 - CARGA ELÉTRICA
1.1 – Eletromagnetismo: Um pouco de história I-1
1.2 – Cargas elétricas e forças de interação I-1
1.3 – Teoria eletrônica da matéria I-2
1.4 – Eletrização e ionização I-4
1.5 – Condutores e isolantes I-5
1.6 – Processos eletrostáticos de eletrização I-6
1.7 – Processos de separação de cargas - fontes elétricas I-9
1.8 – A carga é quantizada I - 13
4 - CORRENTE ELÉTRICA
4.1 – Conceito IV - 1
4.2 – Intensidade da corrente elétrica IV - 2
4.3 – Sentido da corrente elétrica IV - 3
4.4 – Tipos de corrente elétrica IV - 4
4.5 – Efeitos da corrente elétrica IV - 5
5 - RESISTÊNCIA ELÉTRICA E LEI DE OHM
5.1 – Resistência elétrica V-1
5.2 – Definição de resistência e métodos de medição V-2
5.3 – Resistência e resistividade V-3
5.4 – Supercondutividade V-6
5.5 – Resistores V-7
5.6 – Lei de Ohm V - 12
5.7 – Condutores ôhmicos ou lineares V - 13
5.8 – Condutores não-ôhmicos ou não-lineares V - 13
6 - POTÊNCIA ELÉTRICA
6.1 – Noções de potência elétrica VI - 1
6.2 – Definição de potência elétrica VI - 2
6.3 – Valores nominais VI - 5
6.4 – Equações de potência elétrica VI - 5
6.5 – Efeito Joule VI - 6
6.6 – Transmissão de energia elétrica em alta tensão VI - 8
7 - CIRCUITOS ELÉTRICOS
7.1 – Circuito elétrico simples VII - 1
7.2 – Circuito elétrico série VII - 3
7.3 – Circuito elétrico paralelo VII - 9
7.4 – Circuito elétrico misto VII - 15
7.5 – Fontes elétricas VII - 21
8 - LEIS DE KIRCHHOFF
8.1 – Definições operacionais VIII - 1
8.2 – Primeira Lei de Kirchhoff VIII - 2
8.3 – Segunda Lei de Kirchhoff VIII - 2
8.4 - Solução de circuitos básicos VIII - 4
9 - CAPACITORES
9.1 – Definições iniciais IX - 1
9.2 – A influência do dielétrico IX - 3
9.3 – Transitórios de carga e descarga de capacitores IX - 6
9.4 – Energia armazenada num capacitor IX - 8
9.5 – Testes em capacitores IX - 8
9.6 – Associação de capacitores IX - 9
9.7 – Tipos e tecnologias de capacitores IX - 12
Seção 2 – Eletromagnetismo
11 – CIRCUITOS MAGNÉTICOS
11.1 - Lei de Hopkinson XI - 1
11.2 - Analogia entre circuito magnético e circuito elétrico XI - 2
11.3 - Aplicação da lei de Ampère a circuitos magnéticos clássicos XI - 3
11.4 - Dispersão, empilhamento e espraiamento XI - 7
11.5 - Tipos básicos de eletroímãs XI - 9
11.6 - Força de atração dos eletroímãs XI - 10
12 – INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA
12.1 - Introdução histórica XII - 1
12.2 - Lei de Faraday XII - 1
12.3 - Lei de Lenz XII - 3
12.4 - Indução de f.e.m. por movimento de condutor em campo magnético XII - 4
12.5 - Equações da f.e.m. induzida por movimento de condutor XII - 5
12.6 - Indução de f.e.m. por variação de corrente XII - 9
Referências Bibliográficas
Créditos das imagens e textos
Apêndices
Capítulo I - CARGA ELÉTRICA
central e uma região que a circunda, sendo forças elétricas que variam de elétron para
ambas denominadas de, respectivamente, núcleo elétron, dependendo da posição destes.
e eletrosfera. A eletrosfera possui várias camadas. Em
No núcleo estão os prótons e os nêutrons cada camada existem alguns elétrons, sendo a
e na eletrosfera situam-se os elétrons. mais importante, para o estudo das propriedades
elétricas, a camada mais externa, chamada
Essas três partículas elementares,
“camada de valência”.
apesar de não serem as únicas, são as principais
para o estudo da eletricidade e magnetismo. O núcleo é o responsável pela
manutenção dos elétrons no átomo. Essa força
Ao elétron foi atribuída uma carga
de atração exercida pelo núcleo sobre os elétrons
negativa devido à descoberta de que o bastão de
depende muito da distância, pois, quanto mais
plástico, quando atritado com seda, ficava com
distante do núcleo estiverem os elétrons, menor
predominância destas partículas. No caso do
será a força de atração e mais facilmente eles
bastão de vidro atritado com a seda, as partículas
poderão deslocar-se para outro átomo.
elementares que predominam nele são os
prótons e, de acordo com a convenção feita, foi Os elétrons que estão situados na última
atribuída a essas partículas uma carga positiva. camada são mais fracamente ligados ao seu
Atribui-se a Benjamin Franklin a respectivo núcleo e poderão se tornar elétrons
livres ou de condução, dependendo do material.
denominação de positiva e negativa para as
cargas elétricas. Como os prótons são partículas que estão
fixas no núcleo e os elétrons podem se transferir
de um átomo para outro, no nosso estudo vamos
ELÉTRON CARGA NEGATIVA (-) nos preocupar sempre com “a falta ou o excesso
de elétrons” nos átomos ou nos corpos.
PRÓTON CARGA POSITIVA (+)
Nos experimentos mencionados
NÊUTRON CARGA NULA
anteriormente, a seda, inicialmente, estava
neutra, de modo que ela possuía o mesmo
Na Figura 1.3, está representado o número de prótons e elétrons. Ao ser atritada
modelo atômico. O núcleo, devido à presença com o vidro, este ficou com carga positiva,
dos prótons, possui uma carga positiva, a qual é devido ao número de elétrons ser inferior ao de
responsável pela força de atração que mantém os prótons. Estes elétrons cedidos pelo vidro foram
elétrons girando nas suas respectivas trajetórias. ganhos pela seda, na qual existe agora um
número de elétrons superior ao de prótons.
Elétrons
Após o atrito
Seda Seda
Núcleo
(Prótons e
nêutrons)
Vidro Plástico
Próton
F
Elétron
Elétrons se transferem
da seda para o bastão
1
Fig.1.11 – Eletrização clássica por atrito 1-Os elétrons são atraídos pela carga positiva
do bastão.
1
Disponível em: http://www.demar.eel.usp.br/eletrônica 2
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Termopar
/2010/ Sensores_atuadores_piezoeletricos.pdf 3
http://www.peltier.com.br/produtos.htm
Carga elétrica I - 11
_______________________________________________________________________________________________
Sabe-se que em módulo (valor sem sinal) Onde: q = quantidade de carga elétrica do corpo
a carga elétrica de um próton é igual à carga ou valor da carga elétrica (C);
elétrica de um elétron. Essa quantidade de carga n = nº de elétrons (ou prótons) que o
elétrica, por constituir-se na menor porção de corpo tem em falta ou em excesso;
eletricidade existente num corpo, é denominada e = carga elétrica elementar(1,6x10-19C).
“Carga elétrica elementar”, a qual será
representada pela letra e.
e 1,6x10-19C
Assim, todas as outras quantidades de
cargas elétricas serão múltiplos inteiros da
quantidade de carga elétrica elementar. Por isso, A B
dizemos que a carga elétrica é quantizada, isto
é, é formada por um número inteiro de cargas
elementares.
A partir do conhecimento da quantidade
Fig.1.25 – A carga elétrica é quantizada
de carga elétrica elementar, podemos determinar
a quantidade de carga elétrica de um corpo
qualquer. Na Figura 1.25, a barra superior tem 5 Devido às cargas elétricas e outras
elétrons e 2 prótons. No esquema inferior, a grandezas da eletricidade e do magnetismo
barra foi dividida em duas partes, A e B. Na serem representadas por números muito
parte A, o número de prótons é igual ao número pequenos ou muito grandes, é apresentada a
de elétrons, de modo que a quantidade de carga seguir uma tabela de múltiplos e submúltiplos
elétrica correspondente é nula. Na parte B, estão que será extremamente útil.
indicados apenas os elétrons restantes, os quais
I - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
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1.4 - Numere a coluna da direita de acordo com 1.8 - Na figura dada, os três bastões (A, B e C)
a da esquerda. estão eletrizados. O bastão B é repelido pelo
bastão A, enquanto o bastão C é atraído
1 – unidade de ( ) Cátion pelo mesmo bastão. O que acontecerá se
carga elétrica aproximarmos o bastão B do bastão C?
2 – íon positivo ( ) Ânion
3 – íon negativo ( ) Átomo neutro
Fio isolante
4 – nº de elétrons = ( ) Coulomb
nº de prótons B C
( ) 1,6 x10–19C
F
5 – carga elétrica
elementar -F
F
A A
1.5 - Assinale a afirmativa errada: -F
F
b) Intensidade de Campo Elétrico (E) E (2.4)
q
Sabemos que, se um pequeno corpo está
carregado com uma carga (+)Q, ele dá origem a
um campo elétrico nas suas proximidades. O resultado dessa divisão nos fornece a
Verifica-se experimentalmente que, se um outro força por unidade de carga colocada no ponto.
pequeno corpo com uma carga (+)q for colocado
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 5
________________________________________________________________________________________________
Solução:
+++++++++++++++++++
+ bloco
F isolante
elétron
P P P - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Fig.2.15 – Isolante sob campo elétrico
E E E
Nessas condições, uma força elétrica
E
atuará sobre seus elétrons, tendendo a arrancá-
Fig.2.13 – a) Campos produzidos por: a) carga los de seus respectivos átomos. Isso ocorrerá
positiva; b) carga negativa; c) uma carga positiva e
quando a intensidade do campo elétrico atingir
uma negativa
um valor elevado, o qual ocasionará uma força
de valor suficiente para arrancar alguns elétrons
Assim sendo, se colocarmos uma carga
dos átomos.
positiva no interior desse campo elétrico, ela
tenderá a deslocar-se para baixo, ou seja, ela +++++++++++++++++++
ficará submetida a uma força elétrica de direção +
VERTICAL e sentido PARA BAIXO. F Faísca através
do ar
Isso é lógico, pois esta carga positiva
será, ou repelida pela carga positiva de cima
(caso a) ou atraída pela carga negativa de baixo - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
(caso b), ou ainda repelida pela positiva de cima Fig.2.16 – Rigidez do ar e a faísca
e, simultaneamente, atraída pela negativa de
baixo (caso c). Então, o material possui agora um
Nos esquemas mostrados na Figura 2.14, número elevado de elétrons livres,
está indicada a representação da força em cada transformando-se, portanto, num bom condutor
caso. de eletricidade.
“Rigidez dielétrica é o maior valor do
campo elétrico que pode ser aplicado a um
isolante sem que ele se torne condutor.
P P P
O valor da rigidez dielétrica varia de um
material para outro. Vamos considerar, por
F F F exemplo, duas placas eletrizadas com cargas
E E E iguais, mas de sinais contrários, separadas por
uma camada de ar. As duas placas são paralelas
entre si e o campo elétrico entre elas é uniforme.
E Se o campo criado por estas placas for inferior a
Fig.2.14 – Determinação do sentido da força
elétrica 3x106N/C (valor da rigidez dielétrica do ar), o ar
permanecerá como isolante. Entretanto, se o
campo elétrico ultrapassar este valor, o ar se
II – 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
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Faíscas através
do ar
Raios
O poder das pontas encontra uma
Superfície da terra importante aplicação na construção dos para-
raios tipo Franklin. Esse dispositivo consiste
essencialmente numa ponta metálica que deve
Fig.2.17 – Descargas de origem atmosférica
ser colocada no ponto mais elevado do local a
Analisando a Figura 2.17, podemos ser protegido. O para-raios é ligado à Terra por
deduzir que entre as nuvens surge um campo meio de um cabo condutor.
elétrico. Além disso, estando a nuvem mais
baixa com carga positiva, ela irá induzir uma
carga negativa na superfície da Terra e, portanto,
entre esta nuvem e a Terra estabelece-se também
um campo elétrico. À medida que aumentam as
cargas elétricas nas nuvens, as intensidades dos
campos vão aumentando, acabando por
ultrapassar o valor da rigidez dielétrica do ar.
Quando isto acontece, o ar torna-se condutor,
ocasionando uma descarga elétrica, ou seja, um
raio.
Fig.2.19 – Para-raios tipo Franklin
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 9
________________________________________________________________________________________________
Quando uma nuvem elétrica passa sobre no seu redor ele uma caixa ou uma malha
o local, o campo elétrico estabelecido entre a condutora.
nuvem e a Terra torna-se muito intenso. Então, o Como, no interior dessa casca condutora
ar se ioniza, tornando-se condutor, fazendo com o campo elétrico é nulo, o aparelho A não será
que a descarga elétrica (raio) se processe através afetado por nenhum efeito elétrico externo.
da ponta do para-raios, e assim as cargas Isso se deve ao fato que o deslocamento
elétricas podem ser transferidas para a Terra ou de cargas na capa gera outro campo elétrico (E2)
para as nuvens sem causar danos. que cancela o campo elétrico no local onde está
Existe maior probabilidade do raio cair o objeto a ser protegido.
no para-raios do que em outro local da
vizinhança. + E1 -
Por norma a “região de proteção” de um + -
A
para-raios é um cone centrado no para-raios + -
dentro do qual deve estar o prédio a ser + E2 -
protegido2.
Fig. 2.20 – Blindagem eletrostática
Convém lembrar que em dias de
tempestade é preferível molhar-se do que ficar Em meados do século XIX, o físico
sob uma árvore ou qualquer outra cobertura que inglês Michael Faraday construiu uma grande
possa funcionar como um para-raios inoportuno. gaiola de metal que era isolada da Terra. Ficou
no seu interior com um eletroscópio e pediu que
2.6 - BLINDAGEM ELETROSTÁTICA a eletrizassem (Figura 2.21). Foi muito curioso,
pois saíam faíscas da gaiola mas Faraday nada
Nos corpos condutores carregados sofreu, nem o eletroscópio que levava consigo
eletricamente, percebe-se que as cargas elétricas detectou qualquer carga. Esse experimento
em excesso se repelem, ficando o mais distante arrojado deu origem à famosa “gaiola de
possível uma das outras. Por este motivo as Faraday”3.
cargas vão se depositar na superfície dos
condutores atingindo em seguida seu estado de
equilíbrio eletrostático que é o estado de repouso
das mesmas. Como as cargas estão paradas é
sinal de que a força resultante que atua sobre
eles é nula. Com isto pode-se afirmar o campo
elétrico no interior do condutor também será
nulo pois F = q.E.
2 3
NBR 5419/2001: Proteção de estruturas contra Disponível em: http://kawanamu.blogspot.com /2011/01/
descargas atmosféricas. como-fazer-uma-gaiola-de-faraday.html
II – 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
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porque a estrutura metálica do carro blinda o seu 2.3 - Duas cargas elétricas puntiformes, q1 e
interior de qualquer influência elétrica externa. q2, separadas por uma certa distância d,
interagem com força de intensidade F. Se
Hoje a gaiola de Faraday é utilizada
uma das cargas duplicar, a força F:
como uma roupa por eletricistas de linha viva
que trabalham ao potencial dos cabos. a) também duplica.
Outra aplicação prática desse fenômeno b) se reduz à quarta parte.
consiste no uso de sacos de blindagem contra c) se reduz à metade
eletricidade estática para transporte de
componentes eletrônicos sensíveis. Em redes de d) quadruplica.
TV a cabo, existe uma capa metálica externa,
que também tem a função de efetuar uma
blindagem, ou seja, ela isola os fios internos de 2.4 - A intensidade da força de interação entre
alguma influência elétrica que poderia perturbar duas cargas elétricas pontuais q1 e q2, é F,
a transmissão de informações. quando separadas por uma certa distância.
Se q1 duplicar e q2 se reduzir à metade, a
força passará a ser F2. Pode-se afirmar que:
Questões e problemas a)F2 = 2F
b) F2 =4F
2.1- A Lei de Coulomb afirma que a c) F2 =F
intensidade da força de interação entre duas d) F2 =F/2
cargas pontuais, q1 e q2, separadas por uma
determinada distância, é:
A força de interação entre duas cargas, q1
a) inversamente proporcional à distância.
e q2, quando separadas pela distância d, tem
b) diretamente proporcional à distância. intensidade F. (Este enunciado se refere às
c) inversamente proporcional ao quadrado questões 2.5 e 2.6)
da distância. 2.5 - Reduzindo a distância à metade de d, a
d) diretamente proporcional ao quadrado da intensidade da força será igual a:
distância. a) 2F
b) F/2
2.2 - A intensidade da forca elétrica entre duas c) 4F
cargas elétricas puntiformes, q1 e q2,
d) F/4
separadas por uma certa distância d,
depende:
a) somente da distância d e das cargas q1 e 2.6 - Triplicando a distância, a intensidade da
q2. força será igual a:
b) somente das cargas q1 e q2 . a) 3F
c) das cargas q1 e q2, da distância d e do b) F/3
meio onde elas se situam.
c) 9F
d) somente da distância e do meio onde elas
d) F/9
se situam.
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 11
________________________________________________________________________________________________
Duas cargas elétricas, q1 e q2, separadas C e q2 = 4x10-5C, para que elas se exerçam
pela distância de 9 cm, interagem com uma mutuamente uma força de 2 x102N?
força de intensidade 36 N. Mantendo q1 e q2
e o meio onde essas cargas se encontram,
responda as questões 2.7 e 2.8. 2.12 - Qual é o valor de duas cargas iguais que
se repelem com uma força de 3,5N
quando postas à distância de 0,5m?
2.7 - Duplicando a distância entre elas, a força
elétrica terá valor igual a:
2.13 - Duas cargas pontuais negativas,
a) 18 N
q1=4,3 C e q2=2,0 C, estão situadas no
b) 72 N ar, separadas por uma distância r=30cm
c) 9N (figura abaixo).
d) 144 N q1 q2
esse campo é causado por uma carga 2.19 - Responda as perguntas a seguir:
elétrica existente na Terra, qual é o sinal
dessa carga? a) Duplicando–se o valor da carga elétrica
que está imersa num campo elétrico, o que
irá acontecer com o valor da força sobre a
2.16 – Na figura ao referida carga?
lado, está a b
b) Qual é a unidade utilizada no Sistema
representado + - Internacional de Unidades, para a medição
um fio da intensidade de campo elétrico?
condutor onde existem três elétrons livres. c) Certo corpo eletrizado, quando colocado
As extremidades “a” e “b” desse fio foram num determinado campo elétrico, sofreu a
ligadas, respectivamente, aos polos positivo ação de uma força elétrica F. Se o mesmo
e negativo de uma bateria, de modo que irá corpo for colocado numa outra região e
surgir um campo elétrico no interior do ficar submetido a uma força elétrica cinco
condutor. Complete as lacunas a seguir: vezes menor, o que podemos afirmar sobre
a) Dentro do fio existe um campo elétrico a intensidade do campo elétrico nessa outra
cujo sentido é do polo _______________ região (compare os dois campos)?
para o polo _______________.
b) Em função do campo elétrico, surgirá
2.20 – Assinale, dentro dos parênteses,
um(a) _______________ que atuará sobre
verdadeiro (V) ou falso (F).
os elétrons livres, os quais tenderão a se
deslocar do polo _______________ para o
polo _______________. a) ( ) Quando um isolante se comportar
como elemento condutor é sinal de
que sua rigidez dielétrica foi
2.17 - Se na questão anterior, a polaridade da ultrapassada.
bateria fosse invertida, o que iria acontecer b) ( ) No caso de existir um campo
com o sentido: elétrico superior a 3x106N/C entre
a) do campo elétrico? duas nuvens com cargas de sinais
b) da força elétrica sobre os elétrons? contrários, deverá surgir uma
faísca.
c) ( ) O poder das pontas refere-se ao
2.18 - Assinale a afirmativa errada. fenômeno da concentração das
cargas elétricas que ocorre nas
a) O campo elétrico é uniforme quando E regiões mais planas do material.
tem o mesmo módulo, mesma direção e d) ( ) A extremidade superior de um
mesmo sentido em todos os pontos. para-raios sempre eletriza-se
b) Quando os elétrons de um fio se positivamente, independente do
deslocam é sinal que existe um campo tipo de carga que possui a nuvem
elétrico entre suas extremidades. mais próxima.
c) Quando uma carga é colocada no interior
de um campo elétrico, ela sofre a ação de
uma força elétrica, cujo sentido depende do
sinal desta carga.
d) As linhas de força de um campo elétrico 2.21 - Um feixe de ânions incide
qualquer são sempre representadas por retas horizontalmente no centro de um anteparo
paralelas e equidistantes entre si. vertical, como mostra a figura deste
problema. Se for aplicado ao feixe apenas
um campo elétrico E, como aquele
Lei de Coulomb e campo elétrico - II - 13
________________________________________________________________________________________________
mostrado na figura, para onde seria 2.25 - Uma pessoa verificou que no ponto P da
desviado o feixe? figura ao lado existe um campo elétrico E,
horizontal, para a direita, criado pelo corpo
A eletrizado positivamente. Desejando medir a
intensidade de campo em P, a pessoa
E colocou nesse ponto uma carga q=2x10–7C
C
e verificou que sobre ela atuava uma força
D
F=5x10–2N. Qual o valor da intensidade do
campo elétrico em P?
B
2.11 - d = 0,232 m
E 2.12 - q = 9,86 C
2.14 - a) F = 12 N; b) F = 15 N
2.27 - a) Negativa; b) q = 4 C
2.28 - q = (-) 16 C
Capítulo III – DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO
Assim sendo podemos definir energia: Onde: = ângulo entre o sentido da força e o
sentido do deslocamento.
Energia é a capacidade de realizar trabalho.
Sua unidade é a mesma do trabalho, ou 3.2 - DIFERENÇA DE POTENCIAL
seja, Joule.
a) Definição
Não esqueça que a energia não pode ser
criada nem destruída e sim apenas transformada Vamos supor que um conjunto de corpos
ou transferida. O processo de transferência ou de eletrizados está criando um campo elétrico
transformação da energia está, em geral, vertical para baixo, no vácuo ou dentro de um
associado à troca de forças entre os corpos e ao condutor. Consideremos dois pontos a e b neste
deslocamento dos mesmos. campo elétrico de acordo com a Figura 3.2.
No caso em questão o corpo que foi
levantado e ficou dotado de uma energia ++++++++++++
chamada de energia potencial que é exatamente q a
igual ao trabalho realizado pelo homem.
Através do exemplo mencionado acima,
E Fe d
vemos que a noção de energia pode estar
relacionada com movimento. Um sistema possui
energia se está em movimento ou se é possível q b
obter movimento a partir da situação em que ele
se encontra. Fe
O trabalho de uma força é uma grandeza
escalar (número+unidade) que corresponde à Fig.3.2 – Realização de um trabalho elétrico no
deslocamento de uma carga
medida de uma quantidade de energia
transferida ou transformada entre os sistemas.
Se o campo elétrico deslocar uma carga
O trabalho, na definição física da
de prova (+)q do ponto a para o ponto b, haverá
palavra, não corresponde ao uso vulgar do
a realização de um trabalho Wab sobre a carga
termo. Um atleta parado, que segura um grande
porque, durante todo o trajeto, o campo elétrico
peso no alto, pode dizer que está realizando um
está aplicando uma força Fe sobre a carga.
trabalho duro (no sentido fisiológico), mas, do
ponto de vista da Física, ele não está produzindo Noutras palavras, Wab representa uma
nenhum trabalho uma vez que a sua força não certa quantidade de “energia” que a força
está provocando deslocamento. elétrica Fe transfere para a carga (+)q em seu
deslocamento de a para b.
Da mesma forma, se o atleta
transportasse os halteres horizontalmente Se for transportada uma carga com o
também não realizaria trabalho, pois a sua força dobro do valor haverá o dobro da força agindo
é vertical e o deslocamento é horizontal logo não sobre a mesma, logo o trabalho realizado será o
há nenhuma componente da força na direção do dobro e assim sucessivamente.
deslocamento. Portanto, a força e o trabalho realizado
Assim a Equação 3.1 deve ser serão proporcionais à carga. Na verdade, para
modificada para 3.2 para contemplar a qualquer valor de carga transportada entre estes
componente da força na direção do mesmos dois pontos, teremos sempre a mesma
Diferença de potencial elétrico III - 3
________________________________________________________________________________________________
No caso de campo uniforme, o cálculo Outra comparação que pode ser feita
do Wab pode ser efetuado facilmente, pois a com a ddp elétrica é o desnível entre dois
força elétrica F que atua em q permanece tanques que se comunicam através de canos.
constante enquanto esta carga se desloca. Nessas
condições, como a força F tem a mesma direção
a
e o mesmo sentido do deslocamento, temos:
Wab = F.d mas F = q.E logo Wab = q.E.d
h
Aplicando a equação de definição de
tensão temos:
b
Wab q.E.d
Vab Vab E.d (3.4)
q q
ou E = Vab /d (3.5) bomba
uma vazão que dependerá da ddp entre os esquerdo da Figura 3.6) o campo elétrico é
mesmos, ou seja, do desnível elétrico entre eles. vertical e aponta de cima para baixo.
A pressão hidráulica é proporcional ao Se o agente externo levar uma carga
desnível dos tanques assim como a ddp é positiva q lentamente (movimento quase-
proporcional ao desequilíbrio elétrico entre dois estático) do ponto B até o ponto A então a sua
pontos. força Fext vai realizar um trabalho positivo sobre
a carga, ou seja, ela vai adquirir um aumento da
d) A convenção dos índices da tensão energia potencial igual ao trabalho realizado
pela fonte externa.
A tensão entre dois pontos geralmente é
designada através de um índice duplo onde o A razão entre o trabalho da fonte externa
primeiro significa o lado mais positivo e o WBA e a carga transportada é q nos fornece a ddp
segundo o lado mais negativo. Por exemplo, se entre os pontos A e B (VAB).
uma tensão é expressa por VAB = 6 V significa
WBA
que o ponto A está 6 V mais positivo que B. Se VAB (3.6)
a ddp VCD = -1,5 V significa que o ponto C está q
negativo em relação a D em 1,5 V. Neste exemplo a tensão VAB é positiva,
ou seja, o ponto A está num potencial mais alto
que B. Esta ddp, obtida nas fontes, é geralmente
A A
chamada de força eletromotriz.
1
HAYT-Eletromagnetismo, ULABY- Eletromagnetismo
para Engenheiros
2
RESNICK – Física III,
III - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
3.3 - TIPOS DE TENSÃO E MEDIÇÕES mesmo valor, porém com polaridades invertidas,
de modo que o movimento de cargas no instante
a) Tensão contínua
t1 possui um sentido contrário ao movimento de
A tensão ou ddp contínua origina um cargas no instante t3.
movimento unidirecional de cargas elétricas, isto
é, a mesma quantidade de carga se movimenta a + Cargas
sempre com o mesmo sentido. Este tipo de ddp é
Vab R
fornecido por pilhas ou baterias, portanto o fio 1
ligado ao polo positivo é denominado de “fio b -
2V
positivo”, enquanto que o fio ligado ao polo Vab
negativo da fonte é denominado de “fio
negativo”. Vmax
t0 t1 t2 t3 t4 t(ms)
Cargas
+
R -Vmax
12 V
V Fig.3.8 – Circuito e forma de onda de tensão CA.
ab -
A ddp alternada representada no mesmo
gráfico é chamada de senoidal, sendo que entre
Vab os instantes t0 e t4 existe um ciclo completo, ao
longo do qual a grandeza elétrica atinge todos os
valores instantâneos possíveis. Nos terminais
das tomadas de nossas casas temos uma ddp
t0 t1 t2 t3 t4 t(ms) alternada de frequência igual a 60Hz. (60 Hertz
= 60 ciclos/segundo).
Fig.3.7 – Circuito e forma de onda de tensão CC.
220 V
7967 V
N c
a b
Gerador CA
outro lado ligado a Terra, portanto a ddp sobre isso ocorra, devemos fazer o “aterramento” dos
ela é zero volts. aparelhos elétricos em geral.
A identificação anterior pode ser feita Tabela 3.1-Rigidez dielétrica de alguns isolantes
também através de uma chave teste, onde existe
uma lâmpada de gás neon. Tocando-se com a MATERIAL Rigidez
ponta metálica da chave no fio fase, a lâmpada Dielétrica
(kV/mm)
irá acender desde que estejamos com os pés
Ar 3
conectados com a terra, possibilitando que
Papel p/capacitor 35
circule pelo nosso corpo uma pequena
Papel parafinado 50
quantidade de carga elétrica. Se tocássemos no
Óleo p/transformador (impuro) 4,5
neutro com a lâmpada da chave teste, a mesma
Óleo p/transformador (puro) 25
não iria acender.
Vidro 30
O fio terra (fio de proteção elétrica - PE) Mica 160
tem grande importância para evitar “choques”
desnecessários e perigosos.
3.7 - TENSÕES ELETROSTÁTICAS
Lorenzet
Os componentes eletrônicos têm vários
níveis de sensibilidade sendo que os mais fracos
Fioterra são os circuitos integrados do tipo MOS. Nos
semicondutores (discretos ou integrados) as
conexões dos componentes entre si ou com os
Fig.3.19 – Aterramento dos aparelhos elétricos terminais de saída, acham-se isoladas da área
ativa de silício por finas camadas de SiO2 e a
Alguns aparelhos elétricos (em especial o rigidez dielétrica varia de 400V/ m a 100V/ m.
chuveiro) podem apresentar fugas de cargas para
a sua estrutura metálica. Ao tocarmos nesses Dependendo da espessura da camada
aparelhos, se não estivermos bem isolados da isolante (muito fina nos dispositivos MOS:
Terra, faremos o papel de um condutor Metal Oxido Semiconductor, onde é
descarregando estas cargas para a terra. tipicamente de 0,1 m) tensões acima de 70V já
Todavia, o transporte de cargas através podem provocar uma ruptura dielétrica, levando
de nosso corpo provoca uma sensação tão a destruição do componente.
desagradável quanto perigosa. Para evitar que No caso de descargas eletrostáticas
superiores a 3.500V nós a sentimos; superiores a
III - 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
c
Questões e problemas
a
3.1 - Complete as lacunas a seguir:
b
a) Se uma carga elétrica sofreu a ação de
uma força elétrica, de modo a deslocá-la
entre dois pontos, significa que foi realizado
um ______________ . d
b) As unidades de carga, ddp e trabalho são,
respectivamente, _________, ___________
e ______________.
3.4 - a) 12 V; b) 9 V; c) 1,5V; d) 3 V
+Q . . . .
Va Vb Vc Vd
3.5 - a) -15 V; b) -25 V; c) +15V; d) -20 V
Este sentido foi adotado há mais de um Se uma lâmpada for alimentada por uma
século, antes que o elétron fosse descoberto, e ddp alternada, por exemplo, de uma tomada
continua firmemente estabelecido na literatura residencial, ela será percorrida por uma corrente
de Eletricidade. Na verdade, não faz diferença alternada, a qual muda periodicamente sua
alguma considerar cargas positivas hipotéticas intensidade e seu sentido.
movendo-se em um sentido ou cargas negativas Conforme a Figura 4.7, de t0 a t2 temos o
reais movendo-se em sentido oposto. semiciclo positivo, onde a corrente circula de a
para b, e de t2 a t4, o semiciclo negativo, onde a
No nosso estudo será adotado o sentido
corrente circula em sentido oposto ao anterior.
convencional da corrente por ele ser o mais
Logo de t0 a t4 temos um ciclo completo
utilizado na bibliografia existente.
de corrente.
4.4 - TIPOS DE CORRENTE ELÉTRICA
c) Medição de corrente elétrica com um
a) Corrente Contínua (CC ou DC) multímetro
Se uma lâmpada for alimentada por uma 1o) Os cabos devem ser colocados nos
ddp contínua, por exemplo de uma pilha, ela bornes A e Com (dependendo do instrumento,
será percorrida por uma corrente contínua, a pode ser VA e Com).
qual é unidirecional, tendo sempre o mesmo 2º) Seleciona-se a escala A-DC acima do
sentido e mesmo módulo em todos os instantes maior valor esperado da corrente.
de tempo, conforme gráfico abaixo.
I
+ a
Vab R
b - VA Com
I(A)
de cobre (CuSO4), uma placa de cobre e o objeto tenderiam a deslocar-se no mesmo sentido do
a ser recoberto (chave) que, no caso, deve estar campo elétrico.
desengordurada e bem limpa. Esses cátions e ânions provêm da
Associamos duas ou três pilhas e ligamos ionização das moléculas do gás. Essas
o polo positivo da associação à placa de cobre, e moléculas, porém, não se ionizam sozinhas,
o polo negativo ao objeto (chave). como no caso dos condutores líquidos. A
ionização começa, em geral, com o movimento
de elétrons livres que se chocam com as
+ - moléculas do gás e, arrancam elétrons delas,
ionizando-as. Os íons formados, por sua vez,
encontram novas moléculas, que são ionizadas
pelo choque entre elas. Esses novos íons
+
participam do movimento de cargas, e assim por
+
+ +
diante.
Lâmpada Fluorescente
Solução de CuSO4
Uma lâmpada fluorescente constitui-se
Fig.4.11 – Banho de cobre de um tubo de vidro cujo comprimento é
determinado pela potência da mesma e, em cada
Como o sulfato de cobre, na solução, extremidade, possui um filamento de tungstênio,
encontra-se dissociado em íons Cu++ e SO4--, em forma de espiral e recoberto com uma
estes íons se movimentam nos sentidos camada de óxidos emissores de elétrons. O
indicados no desenho anterior; os íons Cu++ interior do tubo de vidro é revestido com uma
dirigem-se para o objeto (chave) e depositam-se camada de pó fluorescente, cuja natureza
sobre ele, enquanto os íons SO4-- deslocam-se influencia o espectro do fluxo luminoso
para a placa de cobre e, reagindo com ela, produzido. Também no interior da lâmpada
regeneram o CuSO4. Assim, o cobre da placa existe um gás raro (argônio) e certa quantidade
passa para a solução e, portanto, através desse de mercúrio que, no momento da partida, será
processo, vai sendo transferido para o objeto. vaporizado.
Depois de um certo tempo, em que o circuito
ficou ligado, verificaremos que se depositou
Pinos Filamento Interior do tubo revestido
uma camada de cobre sobre a chave. de contato de pó fluorescente
d) Efeito Luminoso
Este efeito baseia-se no fato de gases Tubo de
vidro Espaço dentro do tubo cheio
ionizados emitirem luz quando atravessados por de gás argônio
uma corrente elétrica. Como exemplo, temos as e vapor de mercúrio
4.10 - Um fio condutor de cobre é percorrido por 4.15 - A intensidade da corrente que foi
uma corrente elétrica devido a uma ddp de estabelecida em um fio metálico vale 400
220 V existente entre seus extremos. A mA. Supondo que esta corrente foi mantida,
corrente circula durante 10 s e o trabalho no fio, durante 1 minuto, calcule:
realizado vale 5,5 J. Determine o valor da a) A quantidade total de carga que passou
corrente que percorre o condutor. através de uma seção do fio.
b) O número de elétrons que passou através
desta seção.
Respostas selecionadas
4.5 – V,V,F,V,V
4.6 – 5,3,1,4,2
4.9 - I = 4mA
4.10 - I = 2,5mA
a) Comprimento de um condutor (l )
Fig.5.3 – Medição de resistência com ohmímetro
ou ponte Em condutores feitos do mesmo material
e com mesma área de seção transversal,
e) Medição da resistência de um resistor pelo mantidos a mesma temperatura, a resistência
método indireto elétrica é diretamente proporcional ao
comprimento (l), ou seja, será verificada maior
A medida de uma resistência poderá resistência no condutor de maior comprimento.
também ser feita usando-se um voltímetro e um (R l, símbolo de proporcionalidade).
amperímetro. Nesse caso, os aparelhos devem
ser ligados da maneira mostrada na Figura 5.4.
O voltímetro nos fornece o valor da Comprimento menor
Cobre
d.d.p. (VAB) entre os extremos do resistor (R) e menor resistência
o amperímetro indica o valor da corrente (I) que
Cobre Comprimento maior
passa neste resistor.
maior resistência
Solução: 5
R = ? l = 40m; S = 0,25mm2;
= 20º C; = 1,7x10-2 mm2/m;
0 t1 t2 t(ºC)
. 1,7x10-2 .mm2 /m.40m
R = 2,72 Fig.5.5 - Coeficiente de temperatura positivo
S 0,25mm2
1
Compilado de Resnick, Halliday &Krane, Física 3
V–6 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________
5.5 - RESISTORES
Resistor é um componente físico que
possui a propriedade denominada de resistência
elétrica e que se destina a limitar a corrente em
certas partes de um circuito elétrico.
Considera-se um componente como
resistor quando ele transforma a energia elétrica
consumida integralmente em calor.
Tabela 5.2 – Código de cores para resistores marrom, teríamos, então, um resistor de 348 -
1%.
COR 1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa 4ª faixa
preto -- 0 x1 --
marrom 1 1 x101 1%
vermelho 2 2 x102 2%
3
laranja 3 3 x10 --
1º anel 5º anel
amarelo 4 4 x104 -- (1º algarismo)
verde 5 5 x105 -- (tolerância)
2º anel
azul 6 6 x106 --
7 (2º algarismo)
violeta 7 7 x10 -- 4º anel
3º anel
cinza 8 8 -- -- (3º algarismo) (multiplicador)
branco 9 9 --- --
-2
prata -- -- x10 10% Fig.5.12 – Identificação dos cinco anéis
ouro -- -- x10-1 5%
2
http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/resistor/resistor.htm
Resistência e lei de Ohm V- 9
_________________________________________________________________________________________________
2º) ajustáveis
+ -
I
Aparelho
I
A B C
Fig.5.17 – Uso de resistor variável/ajustável
Fig.5.16 – Circuito com reostato como divisor de tensão
- De carvão (trim-pot): São resistores
Não há corrente passando no trecho BC, que possuem um cursor, e este pode ser movido
pois estando o circuito interrompido em C, a por meio de um botão plástico, ou ainda por
corrente não poderá prosseguir através deste meio de uma chave de fenda introduzida numa
trecho. abertura que tem a finalidade de ajustar a
resistência desejada. Nos trim-pot o terminal
central corresponde ao cursor. Esse cursor se
Exemplo resolvido 5.3: movimenta sobre uma trilha de grafite.
A bateria do circuito anterior estabelece
entre os pontos A e B uma tensão constante de Com botão Eixo de
12V. Suponha que o resistor AC do reostato seja plástico fenda
constituído por um fio uniforme, cuja resistência
total é RAC = 100 . Determine a corrente no
circuito para as seguintes posições do cursor:
d.2. TERMISTOR
Os termistores são resistores não-lineares
em que a sua resistência varia com a variação da
temperatura. Em muitos circuitos eletrônicos de
funcionamento crítico é exigido um controle
apurado de parâmetros como a temperatura. Para
Fig.5.19 –Potenciômetro: Aparência real isso é necessário detectar as variações térmicas o
que pode ser feito pelos termistores.
Os potenciômetros são usados quando Esses resistores são classificados
precisamos alterar o valor da resistência a conforme o seu comportamento como
qualquer momento de maneira acessível. termistores NTC (Negative Temperature
Existem potenciômetros miniatura, para Coefficient) ou PTC (Positive Temperature
aparelhos de pequeno porte (rádios portáteis, Coefficient).
etc.), e também potenciômetros maiores, que
possuem uma trilha de fio de nicromo enrolado * NTC - Os termistores NTC são resistores de
em espiral, permitindo assim trabalhar com coeficiente térmico altamente negativo, o que
correntes maiores. significa que sua resistência diminui quando
aumenta a temperatura. São feitos a partir de
óxidos metálicos de elementos como o ferro,
Terminal do cursor cromo, manganês, cobalto e níquel.
Terminais Dentre as aplicações práticas dos NTC
extremos citamos sua utilização como elemento básico
Película resistiva ou dos termômetros eletrônicos, na estabilização do
Cursor enrolamento de fio
funcionamento de determinados circuitos
móvel
Eixo
sensíveis a temperatura, etc.
d) Resistores não-lineares - to + to
d.1. LUMISTOR: (LDR - light dependent
resistor) Fig.5.21 – Símbolos do NTC e do PTC
Os resistores LDR, também chamados de
fotoresistores, têm seu comportamento * PTC - São termistores que possuem um
condicionado pela luz incidente sobre eles. coeficiente térmico de resistência altamente
Apresentam uma resistência elevada no positivo, o que significa que sua resistência
escuro e, quando expostos à luz, têm sua aumenta quando aumenta a temperatura. Eles
condutividade aumentada, isto é, oferecem baixa diferem dos NTC em dois aspectos
resistência elétrica sob iluminação. fundamentais: o coeficiente de temperatura de
um PTC é positivo apenas dentro de certas
4
faixas de temperatura, fora dessa limitação o
http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/resistor/resistor.htm
V – 12 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________
Variando o valor da ddp aplicada a cada A relação seguinte já era conhecida com
condutor, verificou que a corrente que passava a equação de definição de resistência elétrica:
por ele também se modificava. Assim:
R = VAB/I (5.6)
- Uma ddp VABl provocava uma corrente I1;
- Uma ddp VAB2 provocava uma corrente I2; Pondo em evidência a tensão na equação
- Uma ddp VAB3 provocava uma corrente I3... acima chega-se a:
15
Por definição, sabemos que a razão entre
10
a tensão e a corrente é igual à resistência e que
essa é constante para toda faixa de valores, 5
suficiente para as aplicações práticas, de
maneira que podemos considerá-los como sendo 0
0 0,1 0,2 0,3 I(A)
lineares. Como exemplo, temos os condutores
metálicos em geral. Fig. 5.26 – Curva tensão x corrente de um
condutor
V – 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________
5.4 - A resistência elétrica de um fio condutor 5.8 – Abaixo temos um circuito denominado de
metálico de comprimento l e área de seção “lâmpada série”, que serve para identificar a
transversal S é: continuidade de um componente.
a) Diretamente proporcional a S e l.
b) Independe de S e l.
c) Diretamente proporcional a l e
inversamente proporcional a S.
d) Diretamente proporcional a S e
inversamente proporcional a l.
Qual a diferença no funcionamento da
5.5 - Complete as igualdades abaixo: lâmpada, quando fizermos a conexão na
a) mA x k = _____; b) µA x k =_____; tomada, considerando que o fusível do
c) kV/M =_____ ; d) mV / A = _____. circuito esteja inteiro ou interrompido?
5.6 - Num chuveiro elétrico, tem-se uma chave 5.9 – Um valor elevado de resistividade de um
que indica as posições verão e inverno. material indica que este material é bom ou
Sabendo-se que a tensão aplicada ao mau condutor de eletricidade? Que valor de
chuveiro é constante, responda: resistividade teria um condutor perfeito? E
a) Circula maior corrente no resistor do um isolante perfeito?
chuveiro quando a chave está na posição
verão ou inverno? 5.10 - Consultando a tabela de resistividades do
b) Com a chave na posição inverno, a livro, responda:
resistência do chuveiro deve ser maior ou a) Considerando o cobre e o tungstênio,
menor? E o comprimento do fio que qual deles é melhor condutor de
constitui a mesma resistência? eletricidade? Por que?
b) Suponha que o único critério para a
5.7 - A figura mostra um cabo telefônico escolha do material a ser usado na
formado por dois fios, sendo que esse cabo confecção dos fios de ligação fosse o fato de
tem comprimento de 5 km. Constatou-se ele ser bom condutor. Neste caso, qual seria
que, em algum ponto ao longo do o material da fiação elétrica em nossas
comprimento desse cabo, os fios fizeram residências?
contato elétrico entre si, ocasionando um
V – 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
_________________________________________________________________________________________________
5.11 - Uma bateria mantém uma tensão voltímetro (V), ligado em paralelo com o
constante em um fio de cobre no qual é resistor R, indica 1,5V. Calcule o valor da
estabelecida uma corrente de 2A. Esse fio é resistência R.
substituído por outro, também de cobre, de
mesmo comprimento, mas de diâmetro duas R
vezes maior que o primeiro. Pergunta-se: +
+ V -
a) A resistência do segundo fio é maior ou A
menor do que do primeiro? Quantas vezes? -
b) Qual a intensidade de corrente que + -
passará pelo segundo fio?
5.12 – No circuito mostrado na figura dada, 5.16 - Para um receptor de rádio é necessário
estando ligado entre os pontos M e N um fio construir um resistor de 30 , usando-se um
de níquel-cromo, a leitura do amperímetro é fio de constantan de 2,45 mm2 de seção.
de 1,5 A. Diga se a indicação desse Calcule o comprimento do fio para tal ( =
amperímetro será maior, menor ou igual a 49xl0-8 m).
1,5 A se o fio de níquel-cromo for
substituído por outro:
a) De mesmo material, de mesma área da 5.17 - Um fio de cobre de resistência igual a 4
seção reta e de maior comprimento; tem comprimento de 120m e resistividade
b) De mesmo material, de mesmo de 1,7x10-8 m. Calcule a área do condutor.
comprimento e mais grosso que o primeiro;
c) De mesmo comprimento e de mesmo
diâmetro que o primeiro, mas feito de 5.18 - Considerando a resistividade do ferro
alumínio. igual a 10x10-8 m, determine a resistência
de um fio de ferro que tem raio de 2 mm e
A comprimento de 62,8m.
40 12
30 9
20 6
10 3
0 2 4 6 8 I(A) 0 5 10 15 20 I(A)
VAB(V)
200
120
5.33 - Observando a tabela abaixo, determine 70
quais são os resistores ôhmicos e quais são 30
os não-ôhmicos e construa os gráficos (VAB 0 10 20 30 40 I(A)
x I) para cada resistor.
Capítulo VI – POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA
I R
Quando são necessários resistores de dissipação
A B
V
A
P = V. I (6.4)
Resumindo temos:
A potência dissipada num circuito
elétrico é obtida pelo produto da tensão pela
intensidade da corrente.
Método Direto
No Sistema Internacional de Unidades a 220V
potência é medida em WATT, sendo que o
mesmo é obtido pelo produto entre o VOLT e o A
AMPÈRE.
1W é a potência de um elemento,
quando, por exemplo, ele é submetido a uma V
transformada em energia térmica (calor). corrente à metade e, como ela está elevada ao
Quando a corrente elétrica produz calor, diz-se quadrado (I2), esse fator diminuirá a um quarto,
que estamos na presença do efeito Joule. fazendo com que a potência diminua à metade.
elétrica do resistor quando a lâmpada está potência dissipada nesses fios sob a forma de
ligada, isto é, muito aquecida ( 2200°C). calor será Pd=R.I2 . Assim, a potência utilizada
na residência, que estaria conectada no final da
Este resultado nos mostra que a
rede, será: Pu = PF - Pd.
resistência elétrica do filamento de tungstênio
aumenta com sua temperatura. Aliás, a maioria
dos materiais tem esse comportamento. I
S
Tabela 6.1 – Potências típicas de alguns aparelhos
elétricos
Aparelho Potência
(Watts) R
Ar condicionado 900 a 3600 V
N
Aspirador de pó 500 a 1000
Barbeador 8 a 12 Fig.6.12 – Geração de energia na tensão de
Cafeteira 1000 distribuição
com os quais ela é distribuída aos consumidores modo que ela possa ser utilizada, sem riscos,
industriais e pelas ruas das cidades. pelo consumidor residencial. (Ver Figura 6.13)
Finalmente, nas proximidades das
residências, existem transformadores que
reduzem ainda mais a tensão (por ex. 220V), de
Geração Transmissão
Elevação
Rebaixamento Distribuição
6.26- Um chuveiro elétrico projetado para 220V 6.20 - a) E = 2,0 kWh; 7,2 MJ;
possui um resistor cuja resistência elétrica
pode assumir dois valores: 11 e 22 . b) E = 1,06 kWh; 3,808 MJ
Sabe-se que o chuveiro está ligado em uma
6.21- Custo = R$ 31,68; 6.22- Custo = R$ 0,79;
rede de 220V e que funciona durante 20
minutos por dia. Considerando que 1kWh 6.23- P= 6,0 kW;
custa R$0,48, determine o custo mensal (30
dias) relativo a cada uma das posições do 6.24- Vmáx= 7,07 V; Imáx= 0,707A;
resistor e identifique a posição de banho
morno (verão) e a posição onde o banho é 6.25- Não, ele dissiparia 0,53W que é maior do
quente (inverno). que ele suporta que é 0,25W ou 1/4W
6.26- a) Custo = R$ 21,12 (inverno);
b) Custo = R$ 10,56 (verão)
Capítulo VII – CIRCUITOS ELÉTRICOS
I Lâmpada
Condutor t
a
N
ta
N
I circuito aberto
+ -
V L V
- + L
Ch
-
+ I L
Fig.7.3 – Circuito
com fusível
Fig.7.5 – Curto-circuito nos bornes de uma bateria
Curto-circuito
Na Figura 7.4 a corrente sai por um dos
Com o aumento da intensidade da
terminais da fonte, percorre o fio condutor de
corrente, ocorre também o aumento da
resistência elétrica desprezível e penetra pelo
temperatura (efeito Joule). Assim, o circuito em
outro terminal.
“curto” pode-se aquecer exageradamente e dar
Icc início a um incêndio. Para evitar que isso
aconteça, os fusíveis do circuito devem estar em
boas condições para que, tão logo a temperatura
do trecho “em curto” se eleve, o fusível se funda
R 0 e interrompa a passagem da corrente.
Na primeira montagem da Figura 7.6 a
lâmpada tem um dado brilho. Mas, ao
Fig.7.4 – Curto-circuito nos terminais de uma pilha conectarmos com o resistor um fio de resistência
desprezível, como se verifica no segundo
Ela percorre o circuito sem passar por desenho, a corrente elétrica se desvia por ele.
nenhum aparelho ou instrumento que tenha
alguma resistência considerável. Quando isso i I
ocorre, dizemos que há um curto-circuito. O
mesmo acontece, por exemplo, quando os polos
de uma bateria são unidos por uma chave de
fenda, ou quando dois fios desencapados se
i
tocam, conforme a Figura 7.5.
Quando ocorre um curto-circuito, a
resistência elétrica do trecho percorrido pela R 0 I
corrente é muito pequena (lembre-se de que a Fig.7.6 – Curto-circuito num componente
resistência elétrica dos fios de ligação é
praticamente desprezível). Nesse caso, o resistor está em curto e,
consequentemente, a resistência do circuito
Circuitos elétricos VII - 3
________________________________________________________________________________________________
Fig.7.7 – Circuito elétrico série com três componentes 4ª) No circuito série a tensão aplicada ao
circuito é igual à soma das tensões parciais,
Um circuito série de resistores apresenta sendo que estas são proporcionais às
as seguintes características: resistências dos componentes.
Costuma-se chamar a tensão em cada
1ª) Num circuito série, os componentes componente de um circuito série de “queda de
são dependentes entre si, ou seja, para que o tensão”.
circuito funcione perfeitamente, todos os
elementos devem estar em boas condições de Vt = V1 + V2 + …+ Vn (7.3)
funcionamento. No caso de lâmpadas, se uma Onde: V1= I.R1; V2 = I.R2; Vn = I.Rn
queima (o filamento rompe) as outras irão
apagar, pois o circuito ficará aberto.
Pela lei de Ohm verificamos que o valor
C D
da intensidade da corrente que percorre o
A B
circuito dependerá da tensão aplicada ao mesmo
L1 L2 L3 e da resistência total que o circuito oferece.
VAB 9 V
I 1A
Re 9
I Os dois resistores do circuito são
220V percorridos pela mesma corrente e, como têm
Fig.7.8 – Circuito série com lâmpadas resistências diferentes, aparecerão sobre eles
quedas de tensão diferentes.
2ª) O circuito série possui uma única
malha fechada (trajetória elétrica) e por esse VAC = I . Rl = 1 A . 4 V;
motivo a intensidade da corrente é a mesma em VCB = I . R2 = 1 A . 5 V;
todos os pontos do circuito.
VAB= VAC + VCB = 4 V + 5 V = V
I1 = I2 = … = In = I (7.1)
3ª) Num circuito série, a resistência total Assim sendo, a tensão aplicada ao
ou equivalente (Re) é igual à soma das circuito divide-se sobre os resistores associados,
resistências do circuito.
VII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
Re = Rl + R2 = 47 + 33 = 80
Circuitos elétricos VII - 5
________________________________________________________________________________________________
R1 = 47 R2=33
Logo após, verificaremos os valores das
quedas de tensão, utilizando o multitester como
A C B voltímetro (em paralelo), na escala de 10 V. O
voltímetro V1 deverá indicar 4,7 V e o V2
indicar 3,3 V. Observe a polaridade correta dos
instrumentos. Compare a medição de V1 com
I + -
VAB= 8 V V2 e justifique.
Fig.7.12 – Circuito série com fonte CC eletrônica
VAC VCB
Montagem
Executa-se a montagem conforme figura
acima e aplica-se, através da fonte, uma tensão R1 = 47 R2=33
de 8 V. Comprovaremos primeiro o valor da
corrente através do circuito que é a mesma ao A C B
longo do mesmo.
Para medirmos a corrente, utilizaremos o
multitester como miliamperímetro, selecionando
I=0,1A + -
a escala de 250 mA. Em qualquer ponto que se VAB= 8 V
introduza o medidor de corrente (em série), o
mesmo deverá indicar o valor de 100 mA Fig.7.14 – Medição das quedas de tensão
calculado.
GALVANÔMETRO – VOLTÍMETRO (opcional)
7.4. Duas lâmpadas foram fabricadas para 7.8. Um resistor de 4 e um de 2,5 são
funcionarem, individualmente, numa rede associados em série e, à associação, aplica-
de 220V, sendo que a primeira teria uma se uma tensão de 19,5 V.
potência maior do que a segunda. a) Qual a resistência total da associação?
Considerando que elas foram ligadas em b) Qual a corrente que percorre o circuito?
série e que existe uma tensão de 220 V entre c) Qual a queda de tensão existente sobre
as extremidades da associação, explique o cada resistor?
que ocorrerá com cada uma das lâmpadas. d) Qual a potência dissipada em cada
resistor?
7.7. Analise as afirmativas a seguir e coloque 7.12. No circuito elétrico ilustrado abaixo, a
“V” se verdadeiras ou “F” se falsas. tensão da fonte vale 25 V, enquanto que as
a) ( ) Para diminuirmos a corrente que resistências elétricas valem:
percorre um circuito podemos ligar em série
A C
com ele um resistor. I D
7.13. No circuito abaixo os voltímetros V1 e 7.17. Para uma fileira de lâmpadas de Natal
V2 medem 5 V e 3 V, respectivamente. foram escolhidas lâmpadas de 20 . Tal
Determine: fileira está dimensionada para uma
a) A corrente no circuito; intensidade de corrente igual a 300 mA.
b) O valor da resistência Rl. Quantas lâmpadas deste tipo devem ser
ligadas em série para que seja possível fazer
a conexão à uma rede de 220 V ?
V1
V2
B
Por exemplo, como R1 < R2 , temos I1 >
Fig.7.19 –Lâmpadas em paralelo I2.
2ª) No circuito paralelo, como os
resistores estão ligados nos mesmos pontos, No circuito paralelo, a corrente total do
(nós) eles recebem a mesma tensão. circuito é igual à soma das correntes que
V1 = V2 = V3 = ... Vn = VAB (7.4) percorrem os resistores, portanto, no exemplo
acima, temos:
3ª) A corrente total do circuito é a soma
das correntes parciais, as quais, por sua vez, são It = I1 + I2 = 3 A + 2 A ==> It = 5 A
inversamente proporcionais às respectivas
resistências.
VII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
VAB 1 1 1
VAB . ..
Re R1 R2 Rn 5ª) Como no circuito paralelo a tensão é
Simplificando VAB nos dois lados temos: a mesma sobre todos os resistores, e sabendo-se
que P = V2/R, podemos concluir que o resistor
de maior resistência irá dissipar menor potência.
1 1 1 1 1
..... (7.9) Como P = V2/R e R1< R2 logo P1 > P2.
Re R1 R2 R3 Rn
2
1 VAB (6 V ) 2
ou Re (7.10) P1 = 18 W
1 1 1 1 R1 2
..... 2
R1 R2 R3 Rn V (6 V ) 2
P2 = AB 12 W
R2 3
No caso de apenas dois resistores
observamos a seguinte relação: Exemplo resolvido 7.2:
1 1
Re Como conhecemos os valores dos
1 1 1 1 1 1
... ... resistores, podemos calcular a resistência
R1 R2 Rn R1 R1 R1
equivalente Re.
Circuitos elétricos VII - 11
________________________________________________________________________________________________
R1=150 A1
A I1 B
I2 A2
A
A3 R2=100
It + -
VAB=12 V
Fig.7.27 – Descrição do galvanômetro
Fig.7.26 – Medição das correntes
Na Figura 7.26 verificaremos os valores
das correntes que percorrem o circuito (It, I1 e Vamos supor que desejamos transformar
I2) utilizando o multímetro como amperímetro o nosso galvanômetro num amperímetro de 10
(em série), na escala de 250mA. O medidor 3 mA, ou seja, com fundo de escala de 10 mA em
deve indicar 200 mA, que é a corrente total do vez de 500 A. Isso é possível através da
circuito. Os medidores 1 e 2 indicarão 80 mA e introdução de um resistor em paralelo (resistor
120 mA que correspondem às correntes I1 e I2. shunt Rs). Tal resistor tem que desviar uma
Interprete porque I1 é menor do que I2. corrente de 9,5 mA, pois a bobina do
instrumento admite, no máximo, 0,5mA. Como
GALVANÔMETRO – AMPERÍMETRO (opcional) a tensão máxima na bobina é de 1mV (mesma
tensão no resistor), podemos determinar o valor
No galvanômetro analisado no circuito da resistência que deverá ter esse resistor (Rs
série, tínhamos admitido que sua resistência =1mV/9,5mA= 0,105 ). Com um resistor de
interna fosse de 2 , que a corrente máxima que 0,105 em paralelo com a bobina do
sua bobina suporta seja de 500 A e que a tensão galvanômetro, cada vez que o ponteiro do
máxima que pode ser aplicada no instrumento medidor se deslocar até o fundo da escala
vale 1mV. (limite máximo), significa que está circulando
Esse instrumento, de ponteiras A e B, pelo circuito externo, onde está se efetuando a
pode ser usado como microamperímetro com medição, uma corrente de 10 mA.
fundo de escala de até 500 A. (0,5mA).
Circuitos elétricos VII - 13
________________________________________________________________________________________________
7.24. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F). 7.27. Quando ligamos em paralelo dois
resistores, cada um com resistência igual a
a) ( ) No circuito paralelo, teremos uma R, o resistor equivalente da associação é:
maior dissipação de potência no a) R/2 b) R/4 c) 2 R
resistor de menor resistência. d) 4 R e)NDR
b) ( ) Num circuito com dois resistores,
sempre teremos uma maior 7.28. Analise as afirmativas a seguir e coloque
dissipação de potência no resistor “V” se verdadeiras ou “F” se falsas.
de maior resistência, a) ( ) Conforme aumentamos o número de
independentemente se o circuito é aparelhos ligados numa residência, aumenta
série ou paralelo. o valor da potência elétrica total instalada
no circuito.
c) ( ) Os circuitos série e paralelo b) ( ) Nós são pontos de um circuito onde
constituem-se, respectivamente, em se unem 3 ou mais condutores havendo
circuito divisor de tensão e circuito neles uma divisão de corrente.
divisor de corrente. c) ( ) Sempre ligamos o fusível em paralelo
d) ( ) No circuito paralelo a resistência com o circuito, de modo que, se ele
total é sempre menor do que o queimar, o circuito ficará aberto.
menor valor das resistências d) ( ) Um circuito paralelo, formado por
associadas.
um resistor de 55 e uma lâmpada de
e) ( ) Num circuito paralelo de resistores
440W - 220V, poderia ser protegido por um
iguais, basta dividirmos o valor da
fusível de 5A quando a associação for
resistência de um deles pelo nº de
ligada em 220V.
resistores, para obtermos Re .
7.29. Um circuito paralelo é constituído de
7.25. Dispondo-se dos cinco terminais
Rl =12 e R2=8 sendo alimentado por
existentes no bloco abaixo, faça as ligações
uma tensão de 24V. Calcule a corrente total
necessárias de modo que as lâmpadas
do circuito, as correntes que circulam
funcionem corretamente. Considere que as
através de Rl e R2 e a potência em cada
lâmpadas são iguais, cujos valores nominais
resistor.
são 12 V – 5 W e que a tensão entre o
positivo e o negativo da fonte vale: 7.30. Três resistores (Rl = 9 , R2 = 6 , R3 =18
a) 24 V b) 12 V
são associados em paralelo, sendo que,
através de R2, circula uma corrente de l,5A.
3 L1 Determine a tensão da fonte, as correntes
1 através de Rl e R3 e as potências dissipadas
+ 4 nos resistores.
- 5
2 7.31. Três resistores de resistências elétricas
L2 iguais a Rl=10 , R2=15 e R3=30 estão
associados em paralelo e ligados a uma
fonte que fornece uma corrente total de
7.26. Tendo somente dois resistores, usando-
900mA. Determine o valor da:
os um por vez, ou em série, ou em
a) Corrente que percorre cada um dos
paralelo, podemos obter resistências de 3, 4,
resistores;
12 e 16 . As resistências dos resistores b) Potência dissipada em cada resistor;
são: c) Potência total dissipada pelo circuito;
a) 3 e 4 ; b) 4 e 8 ; c) 12 e 3 ; d) Potência total dissipada pelo circuito, se
d) 12 e 4 ; e) 8 e 16 Rl queimar (abrir).
Circuitos elétricos VII - 15
________________________________________________________________________________________________
7.32. Três aparelhos iguais, com resistência de fusível queimará ou não quando forem
480 cada um, estão ligados em paralelo ligados simultaneamente:
numa rede de 110V. Determine: a) O televisor, o aquecedor, o liquidificador
a) A corrente total do circuito; e vinte lâmpadas;
b) O valor de It, se introduzirmos em b) O chuveiro e o aquecedor;
paralelo com os aparelhos duas lâmpadas c) O chuveiro, cinco lâmpadas e o
iguais, com resistência de 220 cada uma. aquecedor.
7.33. Três aparelhos com resistências de 18 , 7.37. No circuito dado, considerando que It =
100 e 32 são ligados em paralelo em 250 mA, determine as correntes indicadas
220V. nos amperímetros 1, 2 e 3, e o valor de R3.
a) Para o funcionamento deste circuito, é
mais indicado utilizar-se um fusível de 5 A, A
15 A ou 30 A? Justifique. IT R1= R2= R3=?
b) Se, no lugar da resistência de 18 , 10V 100 150
I1 I2 I3
introduzirmos uma lâmpada de 100 , A1 A2 A3
0,25A
deveremos utilizar no circuito um fusível de
10 A, 15 A ou 30 A? Justifique. B A
R1 C R2
Neste novo circuito, vamos primeiro
A I12 resolver a série de R2 com R3, que podemos
B
I3 chamar de R4.
R3
R4 = R2 + R3 = 8 +4 R4=12
It
Ficamos com um circuito equivalente
Fig.7.29 – Exemplos de circuitos série-paralelos ou abaixo.
mistos
A R1 = 8 B
a) R1 . R 4 8 .12
Re = 4,8
A R1=6 C B R1 + R 4 8 12
R3=4
R2=3 Re = 4,8
A B
Circuitos elétricos VII - 17
________________________________________________________________________________________________
L2
L1
7.44. Cada resistor da figura abaixo possui
L3 uma resistência R. O resistor equivalente à
associação da figura entre os pontos A e B é
igual a:
B
7.42. No circuito abaixo, quando se fecha a R
chave S, provoca-se:
a) Aumento da corrente em R2
b) Diminuição do valor de R3 R R
c) Aumento da corrente em R3
A R
d) Aumento de tensão em R2
e) Aumento da resistência total do circuito
S
7.45. No circuito abaixo, existem três
R1 R2 R3 lâmpadas iguais, três chaves, um fusível e
uma fonte. Sabendo-se que existem vários
tipos de circuitos (simples, série, paralelo e
misto), responda as seguintes perguntas:
L1
Lâmpada 1 Lâmpada 2
a) aumenta diminui L3
b) aumenta aumenta F
c) diminui não varia
d) não varia diminui
e) não varia aumenta
Circuitos elétricos VII - 19
________________________________________________________________________________________________
a) Com as três chaves abertas, qual o tipo estação 1 até o ponto x vale 260 , e que a
de circuito obtido? __________. resistência do fio B desde a mesma estação
b) Fechando-se apenas ch2, o circuito se até o mesmo ponto tem, praticamente, o
transforma? ________. Em caso afirmativo, mesmo valor. Admitindo-se que os fios
qual o novo circuito? _________________. estão em contato entre si na estação 1,
c) Se apenas ch1 e ch2 estiverem fechadas, determine o valor da resistência total entre
qual o circuito obtido? ________________. as estações 1 e 2.
d) Quais as chaves que devem ser fechadas
de modo que o fusível queime? _________. ESTAÇÃO 2
a)
x
R1=1 R2=5
ESTAÇÃO 1
A
B A
R3=2 R4=4
B
R5=4
7.51. Calcule:
7.54. Calcule It e Pt, se:
Ix = ? VCD = ? P1 = ? R4 = ? P4=? a) Todas as lâmpadas estiverem em bom
estado;
b) Queimar apenas L2;
R2=100 c) Queimar apenas L5.
I2= 0,4 A Dados:
A
C
B RLl = 8 ; RL2 = 2 RL3 = 4
R1=10 RL4 = 3 RL5 = 15
Ix D
R3=20 R4=? L2 L3
It
L1
VAB = 60 V C I23
A I1 I4 B
L4
I5
It
7.52. Calcule: L5
It
I1 = ? P1 = ? R3 = ? P4 = ? Pt = ?
12V
R2=30
I2
R1=3
C
I1
7.55. No circuito abaixo, dispõe-se dos
A
R3=? B
seguintes elementos: dois resistores
I3
idênticos (100 cada um), uma fonte de
tensão (28V), um amperímetro, uma
I4 lâmpada (3V – 1,5W) e fios de ligação.
It = 0,5 A
R4=10 Pretende-se montar um circuito em que a
VAB = 3 V lâmpada funcione de acordo com as suas
especificações, e o amperímetro acuse a
corrente que passa por ela.
Circuitos elétricos VII - 21
________________________________________________________________________________________________
Receptor
R1= 4
A função da fonte num circuito elétrico é
A fornecer energia suficiente às cargas de modo
C
que a corrente elétrica faça funcionar
I1
R2= 4 satisfatoriamente os aparelhos que ela percorre.
V4 Assim, a energia que as cargas recebem da fonte
R4=2 é transferida na forma de energia elétrica aos
VAB = 34 V D R6=2 aparelhos receptores.
Esses, por sua vez, transformam a
R5=6 energia elétrica recebida em outras formas de
R3=3,2 energia, como, por exemplo, energia térmica,
B E
energia luminosa, energia mecânica, etc.
Chamamos de polos da fonte os pontos
onde é ligado o circuito externo. O polo positivo
de uma bateria tem excesso de cargas positivas e
o polo negativo tem falta dessas cargas. As
cargas positivas que saem do polo positivo, ao
encontrarem um percurso externo (circuito
fechado), dirigem-se ao polo negativo, que tem
falta dessas cargas. Assim, haverá fornecimento
de energia a um dispositivo que esteja
intercalado em seu caminho.
VII - 22 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
Gerador
Energia
Lâmpada
Chave
Energia
Na t
Bateria
r +
Fig.7.35 – Energias envolvidas num circuito elétrico
R I
7.5.2 - TIPOS DE FONTE
Fig. 5.37 – Modelo de uma fonte CC
Como energia não pode ser criada nem
ser destruída, mas apenas transformada É representada pela letra épsilon ( ) ou
(Princípio da Conservação da Energia), podemos por E. A força eletromotriz (f.e.m.) de uma fonte
obter fontes de d.d.p. através de transformações é a razão entre o trabalho realizado pelo agente
de outras formas de energia em energia elétrica. externo (W) e a carga elétrica (q), quando essa
Como já foi visto no Capítulo 1, existem carga é transportada entre seus terminais.
várias formas de transformar outras formas de
energia em energia elétrica. W
(7.13)
q
Vamos nos deter nas formas clássicas de
fontes, as quais são capazes de manter a d.d.p.
entre seus bornes enquanto fornece a corrente ao u ( ) = u(W) / u(q) = joule / coulomb = Volt
circuito externo (receptor). São as fontes
eletroquímicas (pilhas e baterias), geradores Uma pilha possui uma f.e.m. cujo valor é
eletromagnéticos girantes (dínamos e = 1,5 V, quer ela esteja nova ou usada, o que
alternadores) e células fotovoltaicas. significa que ela realiza um trabalho de 1,5 J
sobre cada Coulomb que se desloca entre seus
polos. Atribui-se também um sentido para a
f.e.m.: É no mesmo da corrente dentro da fonte,
isto é, do polo negativo para o polo positivo.
Circuitos elétricos VII - 23
________________________________________________________________________________________________
Fig.7.39 – Relação das tensões numa fonte Na Figura 7.40 temos a representação
De modo bem intuitivo podemos gráfica da relação Vab = - I.r, num diagrama
escrever a equação geral de uma fonte: tensão por corrente. Sendo tal relação linear, o
VII - 24 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
correspondente gráfico é uma reta, denominado Vab = - I.r; 0 = - Icc.r; Icc = / r (7.19)
curva característica da fonte.
Vamos analisar o significado físico dos
“A corrente elétrica nesta situação é
pontos onde a reta corta os eixos cartesianos.
denominada corrente de curto-circuito (Icc)”.
Vab Exemplo resolvido 7.5: Calcule a corrente de
curto-circuito de uma pilha onde a sua f.e.m.vale
= 1,5 V e a resistência interna é r = 0,3 .
1,5V
ICC 5A
0,3
b
I (7.20)
Fig.7.41 – Obtenção dos pontos típicos da reta das r R
fontes
Relembrando a Eq. 7.14 e escrevendo-a
2º Ponto: onde a reta corta o eixo das correntes. novamente temos:
Neste ponto, Vab = 0 (zero). Fisicamente, isso
significa que os terminais da fonte são unidos Vab = -I.r (7.21)
por um fio de resistência elétrica desprezível,
provocando um curto-circuito e determinando Donde qualitativamente concluímos que:
um aquecimento exagerado da fonte. Teremos,
então, a máxima corrente atravessando a fonte. R menor I maior I.r maior Vab menor
R maior I menor I.r menor Vab maior
Circuitos elétricos VII - 25
________________________________________________________________________________________________
Neste caso, costuma-se ligar qualquer Observe que na prática, tal como nas
número de pilhas iguais (mesma f.e.m. e mesma fontes, é impossível conseguir-se transformar
resistência interna) em paralelo para obter maior uma forma de energia em outra sem também
duração de funcionamento normal da fonte, mas produzir calor. Por esse motivo, para obtermos
a tensão total será a mesma que a fornecida por um modelo real do receptor ativo, devemos
uma só pilha. acrescentar, em série com a fcem, um resistor de
resistência r’, que representa a sua resistência
A 1 r1 B interna. Portanto, o modelo real de um receptor
ativo será de acordo com a Figura 7.46.
B C A D B
2 r2 r r´
- + + I + ´-
A = 1= 2 r = r1/n B VAB
Fonte Receptor
B -
necessário se você ficar sem partida em sua casa qual o gerador que apresenta maior
num fim de semana ou em outras condições resistência interna. É o gerador 1 ou 2?
desfavoráveis. Justifique.
Um carregador é extremamente simples, VAB
pois usa apenas dois componentes: uma lâmpada
(60W ou 75W) e um diodo (1N4007 ou BY127).
A carga é lenta, mas com algumas horas de
aplicação já se pode ter energia suficiente para a 2
partida. 1
A lâmpada atua como limitador de
corrente de modo a se obter de 400 a 800mA de
I(A)
corrente de carga na bateria. A potência da
lâmpada determina a velocidade da carga, sendo
que o máximo recomendado em 220V é de 7.61- Se fôssemos escolher, entre duas fontes
200W. de mesma f.e.m., aquela que deveria ser
utilizada para nossas experiências,
Veja que esse carregador não é
escolheríamos a que tivesse menor
econômico, pois a lâmpada deverá ficar acesa
resistência interna, de modo a se obter
com aproximadamente metade da potência
menor queda de tensão interna (Vr =I.r).
durante a carga, devendo ser usado apenas nas
De acordo com os esquemas abaixo,
situações de emergência.
demonstre qual o mais recomendável.
Para usar esse esquema, a bateria deve
ser deve ser totalmente desconectada do carro e A + - B
as garras são conectadas aos polos conforme
mostra a Figura 7.47. O polo positivo do
r
carregador vai ao positivo da bateria e o 3V
1
negativo do carregador ao negativo da bateria.
Para se obter a partida do motor do carro, deve- 5A
se carregá-la de 3 a 5 horas.
A + - B
Questões e problemas: Fontes Elétricas r
3V
2
7.57- O que representa a resistência interna de 10A
uma fonte?
7.63- Um gerador de f.e.m. igual a 200 V e 7.68- Abaixo temos um gerador de f.e.m. igual a
resistência interna de 5 está ligado a um 12 V e resistência interna de 1 .
resistor de 35 . Determinar: Determine:
a) A corrente no circuito. a) A corrente que percorre o gerador e a ddp
b) A queda de tensão na resistência interna. entregue ao resistor Rl, se o mesmo tiver
c) A tensão fornecida pelo gerador. 11 .
d) A corrente de curto-circuito do gerador. b) A corrente de curto-circuito do gerador.
e) A tensão entre seus terminais, estando o c) O valor da ddp entregue a Rl, se o mesmo
circuito externo aberto. tivesse 39 .
d) O valor de Rl e a ddp entregue a ele, se o
7.64- Um gerador possui = 30V e Icc=10 A. mesmo fosse percorrido por 3A.
Determine sua resistência interna e desenhe
sua curva característica.
A B
7.65- No circuito abaixo verifica-se que,
estando a chave ch aberta, a leitura do
I
voltímetro é 4,5V. Ligando-se a chave ch,
o amperímetro indica 1,5 A e o voltímetro
passa a indicar 4,2V. A partir destes dados,
determine a f.e.m. da bateria e sua R1
resistência interna da bateria.
7.69- De acorde com o gráfico dado determine:
a) F.e.m. do gerador.
V b) Resistência interna gerador.
A B c) Corrente que atravessa o gerador quando
ele está ligado a um resistor de 2,5
A Ch
d) Valor do resistor que deve ser ligado ao
gerador para que circule 4A.
e) Ddp entre os terminais do gerador
R quando ele é percorrido por 6A.
5 15 I(A)
7.27 – a) 7.28 – F; V; F; F;
7.29 - a) It = 5A; b) I1 = 2A; I2 = 3A; c) Pl =
48W; P2 = 72W
VII - 30 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
E F G
Passando todos os termos para o mesmo
R4 E4
lado da equação obtemos:
Fig. 8.2 Circuito para aplicação da 1ª lei de Kirchhoff.
Leis de Kirchhoff VIII - 3
________________________________________________________________________________________________
V
Esta expressão mostra que a soma das I
tensões num caminho fechado é igual a zero. 4. Montar a equação percorrendo o laço e
Entenda-se que, na fonte de f.e.m., uma somando algebricamente as tensões. O sinal
forma de energia não-elétrica é convertida para da tensão corresponde à polaridade do
elétrica cedendo energia para as cargas, ou seja, terminal pelo qual ingressamos no
colocando as cargas em um potencial mais componente para percorrê-lo, sem observar o
elevado. Nas quedas de tensão as cargas se sentido da corrente elétrica.
dirigem para um potencial mais baixo, havendo
o consumo da energia das cargas convertendo-a De acordo com o circuito apresentado na
para uma forma de energia não-elétrica, como, Figura 8.4, ao se aplicar a lei das tensões de
por exemplo, calor, luz, etc. Kirchhoff às malhas ABDFEA e BCGFDB, no
Assim, ao percorrer uma malha fechada, sentido horário, obtém-se:
percebe-se que toda a energia entregue às cargas
num trecho do circuito elétrico é dissipada num Malha ABDFEA:
outro trecho. R1I1 E2 R2 I 2 R4 I1 E1 0
A tensão, por definição, está associada Malha BCGFDB:
à energia cedida às cargas ou retirada das
E3 R3 I3 E4 R2 I 2 E2 0
mesmas durante o seu movimento. Daí é obtido
o enunciado da Segunda Lei de Kirchhoff:
R1 E3
A B C
"A soma algébrica das tensões (f.e.m.s
e quedas de tensão) ao longo de uma malha E2
elétrica é igual a zero." D
I3
E1 I1 I2 R3
n R2
Vi 0 (8.4)
i 1
E R4 F G
E4
Para a aplicação da lei das tensões de Fig. 8.4 - Circuito para a aplicação da lei das
Kirchhoff, faz-se necessário adotar alguns tensões de Kirchhoff
procedimentos que são descritos a seguir:
No circuito da Figura 8.4, existe ainda
1. Atribuir sentidos arbitrários para as correntes mais um laço (o laço externo BCGFEAB). Nesse
em todos os ramos; laço poderíamos ainda aplicar a lei das tensões
2. Polarizar as fontes de f.e.m. com positivo de Kirchhoff. Entretanto, como no caso da lei
sempre na placa maior da fonte; das correntes, a equação resultante poderia ser
E
obtida por dedução a partir das duas já
existentes. Portanto, essa equação não seria
independente e, logo, não teria utilidade.
3. Polarizar as quedas de tensão nos resistores Supondo-se que, no circuito da Figura
usando a convenção de elemento passivo e 8.4, fossem conhecidos os valores de todas as
sentido convencional de corrente elétrica. f.e.m.s das fontes de tensão e todas as
Isso equivale a colocar a polaridade positiva resistências, restariam, como incógnitas, as três
da queda de tensão no terminal por onde a correntes.
corrente entra no resistor; Para resolver um sistema de equações
lineares com três incógnitas são necessárias três
equações.
VIII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
Uma equação já foi obtida com a Exemplo resolvido 8.1: Calcule o sentido e
aplicação da lei das correntes de Kirchhoff. o módulo da corrente elétrica no circuito da
Portanto, são necessárias mais duas, que podem Figura 8.5.
ser obtidas pela aplicação da lei das tensões de
Kirchhoff. 1 4,7 3,3
Em síntese, pode-se concluir que, em um
circuito elétrico com be braços essenciais (ou
ramos essenciais) e ne nós essenciais, tem-se be
correntes, uma em cada ramo. A lei das
correntes de Kirchhoff fornece x = ne 1
equações e, portanto, a lei das tensões de 6V 15 V
Kirchhoff deve fornecer y = be ne 1 equações Fig. 8.5 - Circuito elétrico para o Exemplo 8.1.
para que o problema possa ser resolvido.
Por exemplo, no circuito da Figura 8.4,
tem-se be 3, ne 2. Se be 3 o número de Resolução:
correntes é 3. O número de equações fornecidas
pela lei das correntes é x = 2 1 1, e o a) Arbitra-se (escolhe-se) um sentido
número de equações fornecidas pela lei das para a corrente elétrica no circuito. Por exemplo,
tensões é y = 3 1 2, conforme discutido no sentido indicado na Figura 8.6.
anteriormente. b) Polarizam-se as quedas de tensão nos
A seguir, apresenta-se um resumo para resistores (polaridade positiva no terminal por
aplicação da LKC e LKT. onde a corrente entra) e as f.e.m.s das fontes (o
terminal maior é o positivo).
c) Percorrem-se as malhas, somando
8.4 – SOLUÇÃO DE CIRCUITOS BÁSICOS algebricamente as tensões (o sinal da tensão
corresponde ao sinal da polaridade da tensão
encontrada na entrada do componente).
Em resumo, para aplicar as Leis de Essas etapas estão mostradas na Figura
Kirchhoff na solução de circuitos, devemos: 8.6 e na equação abaixo.
1o) Identificar os nós essenciais, ramos
essenciais e malhas do circuito elétrico; 1 4,7 3,3
o
2 ) Atribuir, para cada ramo essencial do
circuito, um sentido para a corrente elétrica;
I
3o) Polarizar as fontes de f.e.m.;
4o) Polarizar as quedas de tensão nos resistores
6V 15 V
de acordo com o sentido adotado para a
corrente; Fig. 8.6 - Esquema de solução para o Exemplo 8.1.
1 1 1 I1 0
Exemplo resolvido 8.4: Calcule o valor e o
sentido correto das correntes em cada ramo do A = 12 3 0 X I2 B 30
circuito da Figura 8.11. 0 3 5 I3 31
40 V 3
O sistema de equações pode ser então
escrito como uma equação matricial da forma:
3
12 51 V
[A].[X]=[B]
20 V
Este sistema pode ser resolvido pelo
50 V 2 método de Cramer, que diz:
Fig. 8.11 - Circuito elétrico para o Exemplo 8.4.
Leis de Kirchhoff VIII - 7
________________________________________________________________________________________________
1 1 1 1 1 I1 I 2 I3 0
12 3 0 12 3 I3 I1 I 2 3 2 I3 5A
0 3 5 0 3
40 V 3
0 1 1 0 1
Fig.8.13- Sentidos corretos para as correntes nos ramos no
I1 30 3 0 30 3
circuito do Exemplo 8.4.
31 3 5 31 3
1 0 1 1 0
I2 12 30 0 12 30
0 31 5 0 31
I1
10 A 4A 1
X2 X3
8A R3 40 V
X4 I2 X5 X6 Fig. 8.17
I3 9A
Fig. 8.14
8.5. Sabendo que a corrente através do resistor
R3 no circuito da Figura 8.18 vale 4 A,
8.2. Determine os valores das tensões calcule os valores e os sentidos corretos das
desconhecidas no circuito da Figura 8.15. outras correntes e o valor do resistor R3.
0,5 12 V
X2 X3
10 V V2
0,3 10 V
X1 V1 X4
8V
4A
X5 X6
V3 9V R3 1
Fig. 8.18
Fig. 8.15
5
12 V I 5V
3V I1 I2 R2 5V
11 6
I3
8V 8 5
Fig. 8.19
Fig. 8.16
Leis de Kirchhoff VIII - 9
________________________________________________________________________________________________
8.7. Calcule o valor e o sentido correto das 8.10. No circuito da Figura 8.23, calcule os
correntes nos ramos essenciais no circuito valores da tensão Vs e da resistência R.
da Figura 8.20.
100 V 4
60 V Vs
R 5A
6 8A
1
2
24 102 V
40 V
80 V
Fig. 8.23
Fig. 8.20
25
20 V R2 10 k
I1 I2 5V
90 V 30 V
10
20 k R1 25 V
Fig. 8.21
Fig. 8.24
8.9. No circuito da Figura 8.22, calcule o valor 8.12. Qual deve ser o valor do resistor R para
da corrente I. que a corrente no ramo AB da Figura 8.25
seja nula?
20 25
6 k A R
3V
200 V
100 V I 5 k
3V 1 k 3 k
Fig. 8.22 B
12V
Fig. 8.25
VIII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
Respostas selecionadas
8.3. I = 0,3A.
8.4. R3=1Ω.
Quantitativamente, capacitância é
+q -q definida como a relação entre a carga
C armazenada pelo capacitor e a ddp existente
entre suas placas.
C C
q 2q
Chama-se tensão de trabalho a tensão Fig.9.3 – Relação entre a carga armazenada num
máxima aplicada a um capacitor de modo que capacitor e a tensão entre as placas
este possa suportá-la por um longo período.
Realizando-se a divisão entre os diversos
No caso de um resistor, sabe-se que toda
valores da carga acumulada e da tensão entre as
a energia elétrica consumida por ele é dissipada
placas obtemos um valor constante que
sob forma de calor, mas quando se trata de um
corresponde ao valor da capacitância.
capacitor, a energia elétrica é simplesmente
acumulada no mesmo. Assim, um capacitor tem q
a finalidade de armazenar energia elétrica q/V = 2q/2V = 3q/3V = cte C (9.1)
através do armazenamento de cargas elétricas.
V
Código F H J K M
Tolerância 1% 2,5% 5% 10% 20%
IX - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
Na Figura 9.8 temos um capacitor que, podemos calcular o valor de sua capacitância
numa situação, a área frontal das placas é total e, utilizando a seguinte expressão:
na outra, a área frontal é um pouco menor. No
segundo caso, existe uma redução no espaço K . ε o .S
para o acúmulo de elétrons, ou seja, a indução C (9.3)
eletrostática ocorre em menor intensidade. d
Podemos deduzir, então, que a
capacitância é diretamente proporcional à área Onde:
frontal das armaduras. K = constante dielétrica ou permissividade
relativa do dielétrico ( R)
-12
o = permissividade do vácuo (8,85x10 F/m)
2
S = área das placas (m )
d = distância entre placas ( m )
A permissividade é a habilidade de um
material de polarizar-se em resposta a um campo
Fig.9.8 – Influência da área das elétrico aplicado e, dessa forma, cancelar
placas na capacitância parcialmente o campo dentro do material.
Vamos supor agora que variássemos a A expressão anterior pode ser escrita de
distância entre as armaduras. A ação mútua entre uma forma mais resumida, ou seja:
dois corpos com cargas elétricas depende da
distância entre eles. ε .S
C (9.4)
d
“circuito aberto para CC”, pois mesmo havendo descrito anteriormente. Num dado momento a
tensão CC nos seus terminais não há corrente chave é comutada para a posição 2. Assim o
entrando ou saindo dele. capacitor ficará ligado a um circuito de descarga
Vc (V) e sua tensão desaparecerá num certo tempo.
Vcmax= Vs
Vmax Como a placa da esquerda está positiva,
a corrente sairá do capacitor por aquele lado
caracterizando uma corrente negativa, pois está
em sentido contrário àquele que tínhamos
tomado como positivo no caso anterior.
t (ms)
i (A) R C
Imax=V/R
Imax
ch
+ vR - i + vC -
1 0 2
Vs
t(ms
Fig.9.11 – Tensão e corrente durante o transitório Fig.9.12 – Capacitor em processo de descarga
de carregamento de um capacitor
Sabe-se que q = C.V. Então, para cada A tensão no capacitor (Vc) não irá
variação de V há uma variação proporcional na decrescer instantaneamente de VCmáx para zero.
carga acumulada q, logo: O processo de liberação da energia do
campo elétrico ao resistor (gerando efeito joule)
q = C. V, mas q = i. t ou i . t = C. V será de forma lenta, ou seja, a tensão no
capacitor decrescerá gradativamente conforme
V as características do circuito de descarga.
Portanto: i C. (9.5)
t
Vc (V) Vcmax
Esta equação mostra que a corrente num
capacitor é diretamente proporcional à
capacitância e à taxa de variação da tensão no
tempo (velocidade de variação da tensão).
Assim, só existe corrente num capacitor
quando a tensão nos seus terminais estiver t (ms)
variando. Quando a tensão ficar constante não t (ms)
há variação da mesma e, portanto, não há i (A)
corrente.
De acordo com os gráficos dados, nota-
se que a ddp sobre o capacitor cresce mais
rapidamente nos primeiros momentos após a
ligação, dando origem a uma corrente alta. Imax= - Vcmax/R
Quando a tensão do capacitor estiver
Fig.9.13 – Tensão e corrente durante a descarga
quase atingindo a tensão da fonte ela cresce de um capacitor
muito vagarosamente e a corrente no mesmo vai
diminuindo até desaparecer. Da mesma forma que, num sistema
mecânico, uma massa se opõe à variação
Suponhamos agora que o capacitor já instantânea de posição, a capacitância, no
esteja carregado com a tensão da fonte conforme
IX - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
sistema elétrico, se opõe à variação instantânea Assim, o trabalho realizado pela bateria,
da tensão. ao carregar o capacitor, e a energia elétrica
A capacitância age num circuito de armazenada no capacitor são obtidos pela
forma a impedir a variação instantânea da tensão expressão acima.
entre suas placas (e nos pontos onde o capacitor Como já sabemos que C = q/V, podemos
está ligado), porque isso significaria valores expressar a energia em função de C e V
elevados de corrente o que é impossível devido (substituindo q por C.V).
às resistências (sempre presentes) que limitam
os valores de corrente e consequentemente as W = ½ .C.V2 (9.6b)
variações da tensão.
Os capacitores são ligados nos circuitos
Exemplo resolvido 9.4: Calcular a corrente para muitos fins, sempre que suas propriedades
constante capaz de elevar a tensão de um especiais possam ser usadas.
capacitor na razão de 74640V/s (ou 74,64V/ms) Por exemplo, numa máquina fotográfica
sabendo-se que a sua capacitância é 10 F. a energia é armazenada num capacitor para
depois utilizá-la na hora de usar o flash.
Dados: Outro exemplo: Quando é necessário
V/ t = 74640V/s; C = 10x10-6F; I = ? estabelecer uma ligação entre dois pontos de um
circuito, de modo que uma corrente alternada
Solução: possa circular entre os mesmos, mas não uma
I = C. V/ t; I = 10x10-6 F. 74,64x10+3V/s; corrente contínua, a instalação de um capacitor
I = 746,4x10-3 A = 746,4 mA proporcionará a filtragem desejada.
De onde obtemos:
VAB = q/C1 + q/C2 + q/C3 = q.(1/C1+1/C2+1/C3) Vab
Papel parafinado
(dielétrico)
funcionamento são elevadas, aumenta-se o fabricados para baixas capacitâncias (até poucas
número de folhas isolantes interpostas entre as unidades de F).
armaduras. É importante, ainda, que não exista
A variação da capacitância com a
umidade no papel para não comprometer o
temperatura é grande, sendo que o coeficiente
isolamento.
de temperatura pode ser positivo ou negativo.
O capacitor de papel metalizado possui
como dielétrico um papel isolante, no qual é Na Figura 9.20, temos, à esquerda, um
feita, em apenas uma das faces, a vaporização do capacitor cerâmico de disco de 100.000pF
alumínio, evitando a formação de bolhas de ar (algarismos um e zero par 10; algarismo 4
entre o papel e a armadura. acrescentar quatro zeros) e, à direita, um
capacitor Plate (leia-se pleiti) de 0,18nF. É
Apresentam a vantagem de possuir projetado para baixas tensões de trabalho
pequenas dimensões e a ter possibilidade de (inferior a 50V) e particularmente utilizado em
autorregeneração (se o papel for perfurado, o microcircuitos.
alumínio depositado se aquece, criando óxido de
alumínio que volta a isolar, evitando o C = 0n18 F
n18
prosseguimento do curto-circuito). A tensão de 104K C= 0,18 nF
prova (máxima tensão em que ocorre curto-
circuito com autorregeneração) é de 1,5 vezes a C=10x104 pF 10%
tensão nominal e não deve ser aplicada por mais C=100.000pF 10%
de 1 minuto de cada vez. A tensão de centelha
(máxima tensão aplicada instantaneamente sem Fig.9.20 – Capacitores de disco e plate
destruir o capacitor) é de 1,75 vezes a tensão
nominal e não deve ser aplicada durante mais do
que alguns poucos segundos.
d) Capacitor de filme plástico
Seu formato é cilíndrico, onde fitas de
Nos capacitores com dielétrico de
papel isolante aluminizado são enroladas. Sua
plástico, o isolante é constituído por um fino
faixa de capacitância é entre 50.000 pF a 15 F e filme de material polímero sintético. Podem ser
sua faixa de tensão de trabalho é de até 5 kV. fabricados com o filme plástico não metalizado
(lâminas de alumínio isoladas por tiras de
plástico) ou metalizado.
c) Capacitores cerâmicos
Os capacitores cerâmicos utilizam algum
tipo de material cerâmico como dielétrico. As
armaduras podem ser placas metálicas ou uma
tinta condutora que é aplicada na cerâmica. O
conjunto recebe um revestimento isolante.
pF C X múltiplo
tensão X T %
9.9- Coloque, dentro dos parênteses, verdadeiro e) Dois cabos cilíndricos concêntricos,
(V) ou falso (F). isolados entre si.
a) ( ) A capacitância de um capacitor 9.13- Um determinado capacitor quando
independe da tensão aplicada sobre ele. submetido a uma tensão de 80 V adquire
b) ( ) Toda a energia elétrica fornecida a um
uma carga de 400 C. Determine o valor de
capacitor dissipa-se da mesma forma
sua capacitância.
que num resistor.
c) ( ) Antes de você agarrar os terminais de
um capacitor é conveniente que eles
sejam curto-circuitados. 9.14- Se o capacitor do exercício anterior fosse
d) ( ) Todo meio isolante jamais se submetido ao dobro de tensão, qual seria o
comportará como elemento condutor, novo valor da carga armazenada e da
mesmo que seja ultrapassada sua capacitância do capacitor?
rigidez dielétrica.
C1 C2
C1
c) C1 C2 d)
A B A B
C2
Compare:
a) Suas capacitâncias.
9.28- Um capacitor A real (r 0) carregado é
b) As tensões entre seus terminais.
ligado em paralelo a um capacitor real B
c) Suas cargas.
descarregado. Sobre a associação resultante,
é verdadeira a afirmação: 9.31- Um ohmímetro contém no seu interior,
a) Depois de associados, os capacitores têm basicamente, uma pilha em série com um
cargas iguais. miliamperímetro, cujo circuito fechar-se-á
b) A energia da associação é igual à energia através de ligações externas. Ao testar-se
inicial de A. um capacitor, obtiveram-se os seguintes
c) A capacitância total é menor do que a resultados abaixo. Diga o estado do
soma das capacitâncias de A e B. capacitor quando:
d) A energia da associação é menor que a a) O ponteiro se deflexiona e retorna
energia inicial de A. lentamente ao início da escala.
e) Depois de associados, o capacitor de b) O ponteiro vai ao fundo da escala e assim
menor capacitância terá maior carga. permanece.
c) O ponteiro não se mexe.
9.29- No circuito abaixo existem três capacitores
iguais e duas chaves fechadas. 9.32- Verifica-se que um capacitor adquire uma
Ch1 carga de 3 C quando é ligado a certa
bateria. Suponha que dois capacitores,
A B idênticos a ele, sejam ligados a essa mesma
bateria. Dizer qual será a carga armazenada
na associação desses dois capacitores nos
Ch2 seguintes casos:
a) Eles foram associados em paralelo.
b) Eles foram associados em série.
Para reduzir ao mínimo a capacitância do
trecho AB, devemos:
9.33- Dois capacitores idênticos, com ar entre as
a) Conservar ch1 e ch2 como estão.
armaduras, estão ligados em paralelo,
b) Conservar fechada chl e abrir ch2.
apresentando uma capacitância total Co. Se
c) Abrir ch1 e conservar fechada ch2.
esses capacitores forem ligados em série e
d) Abrir ch1 e ch2.
mergulhados em um líquido isolante, de
e) Nenhuma das operações mencionadas
constante dielétrica K=4, qual será a
satisfaz.
capacitância final da associação?
IX - 20 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
9.34- Determine, nos circuitos abaixo, o valor da 9.38- Três capacitores de capacitâncias C1 =
capacitância total. 2 F, C2 = 3 F e C3 = 5 F estão associados
em paralelo. Sabendo-se que o primeiro
F capacitor armazena uma carga de 100 C,
a) 4 F
determine a ddp do circuito, a capacitância
F total e a carga armazenada nos outros
capacitores.
F
4 F 12 F
d) Respostas selecionadas
9.2- Fica constante; dobra.
6 F 6 F 6 F 9.4- a) 0,001 F; b) 220 F; c) 0,068 F;
d) 22000pF; e) 820 nF; f) 1,2 nF.
3 F 9.5- Capacitância, tensão; tolerância e tipo.
9.6- aberto; fechado. 9.7 - , S (dir) e d (inv)
9.8- a) 3pF; b) 2pF. 9.9- V,F,V,F
9.35- Dois capacitores com capacitância C1=32 9.10- c) 9.11- aumenta; const.; diminui; diminui.
F e C2 de valor desconhecido são 9.12- a,b,d,e.
associados em série e ligados a uma fonte 9.13 - C = 5 F 9.14 - q =800 C; C=5 F
de 15 V. Sabendo-se que o segundo 9.15 - C = 200 F 9.16 - S =113 km2
capacitor armazena uma carga de 160 C, 9.17 - a) C = 11,8 pF; b) q = 141,6 pC;
determine o valor de C2 e da queda de c) C = 27,14pF; q =325,48pC
tensão sobre cada capacitor. 9.18- C = 4,425pF; C = 22pF
9.19- a) q = 500 C;
9.36- Três capacitores de capacitância C1= 6 F b) q = 500 C; V = 23,81V; C = 21 F
C2 = 3 F e C3 = 2 F são associados em 9.20 – V = 300V; q = 1,2mC 9.21 - q=300C
série. Sabendo-se que a ddp sobre o 9.22- C=12,5 F; q=4x10-4C; V=32V; E=8kV/m
primeiro capacitor é 2 V, determine a ddp 9.23 – C =10/3 F; 9.28 (d) 9.33 Ce= C0
sobre os outros capacitores e a capacitância 9.34- a) 4 F; b)5 F; c) 1,2 F; d) 8 F
total do circuito. 9.35- C2=16 F; V1=5V; V2=10V
9.36- a) V2=4V; b) V3=6V; c)Ct=1 F
9.37- Dois capacitores com capacitância C1 =0,3 9.37- q1 = 75 C; q2 = 125 C
F e C2 =0,5 F são associados em paralelo 9.38- a) V = 50V; b) Ct =10 F;
e posteriormente a associação recebe uma c) q2 = 150 C; q3 = 250 C.
carga total de 200 C. Determine a carga 9.39- a) Paralelo: Todos; b) Série: Nenhum
armazenada em cada capacitor.
Capítulo X – CAMPO MAGNÉTICO DA CORRENTE ELÉTRICA
externo é nulo. Submetendo-se esse material a de 10 a 100 micra que corresponde à dimensão
um campo magnético indutor externo há um dos domínios magnéticos.
processo de orientação dos ímãs elementares.
Assim, o material passa a apresentar seu próprio
campo magnético (campo induzido) e reforça o
campo naquela região [Schmidt, Materiais
Elétricos, v.2, p.139].
N N S S N N S
Fig.10.8 - Figuras de Akulov
S S N N S N S
S
N S S N S N
N 10.7 - PROCESSOS DE MAGNETIZAÇÃO E
DESMAGNETIZAÇÃO
N S N N
N S S Para magnetizar um material
S
N N
N S
S N S S magnetizável é suficiente submetê-lo a um
S
N
S N S N S campo magnético externo suficientemente
N
forte, geralmente criado à base de corrente
Fig.10.6 - Material magnético: a) desmagnetizado; elétrica ou por um ímã pré-existente. Quando
b) magnetizado o campo magnético indutor for muito forte ele é
capaz de orientar todos os domínios magnéticos
Quando é aproximado um pedaço de (ímãs elementares). Quando isso acontece não
ferro de um ímã, seus ímãs elementares se há mais possibilidade do campo induzido crescer
orientam e o pedaço de ferro se transforma num mais por mais que o campo magnetizante seja
ímã temporário com polaridades tais que aumentado.
sempre há atração. Se for aproximado outro Nessa situação diz-se que o material está
pedaço de ferro desse primeiro, este último saturado.
também será imantado de forma a haver atração. S N S S S
N N N
N S N S N S N S
N N S
S N S N S N S N S
N S
N S N S N S N S
N
Fig.10.9 - Material totalmente magnetizado (saturado)
Fig. 10.7 – Um prego, uma vez
magnetizado, atrai outros pregos S Por outro lado, quando quisermos
desmagnetizar um objeto pode-se submetê-lo a:
a) Um campo contrário a sua magnetização.
10.6.3 - Comprovação da teoria de Weber- Esse campo deve ter intensidade e sentido bem
Ewing controlados para não magnetizar o material
em outro sentido;
Polindo-se um material magnético a ponto b) Um campo magnético alternado e
de espelhamento e espargindo-se microlimalhas decrescente;
de ferro na sua superfície formam-se c) Uma temperatura elevada, superior à
microrregiões visíveis a microscópio. temperatura de Curie. Nessa temperatura o
Essas regiões formam as chamadas material perde todas as suas propriedades
figuras de Akulov. Cada uma tem uma dimensão magnéticas devido à agitação molecular.
Campo magnético da corrente elétrica X - 5
________________________________________________________________________________________________
d) Vibrações ou choques mecânicos intensos. experiência das limalhas de ferro. O sentido das
Nesse caso também a agitação molecular é a linhas de força depende do sentido da corrente
responsável pela desorganização dos ímãs no condutor.
elementares. Estabeleceu-se uma regra para descobrir
o sentido das mesmas.
S N
10.9.4 - Toróide
Solução:
O sentido da força é dado por uma regra Num pequeno volume V, contido no
prática chamada de regra dos três dedos da mão trecho l do condutor, teremos uma carga q em
esquerda. Dispõe-se inicialmente os três dedos movimento que pode ser calculada por:
da mão esquerda a 90o entre si. O indicador [Ference Jr., p.128]
deve ficar no sentido de B, o médio no sentido
de v e o polegar dá o sentido da força F sobre a q = .V = .l.S (10.5)
carga elétrica positiva em movimento.
F
Onde: q = Carga contida no volume V (C);
= Densidade volumétrica de cargas
livres no material condutor (C/ m3)
B
+q V = Volume que contém as cargas (m3)
S = Seção transversal do condutor (m2)
v
l = Comprimento do trecho do condutor
(m);
B
S l
i S
N
Fig.10.19 - Regra dos três dedos da mão esquerda
Núcleo de ferro
H 2
Definição: Intensidade de campo magnético é B2
um vetor cujo módulo é a razão entre as ampère-
espiras magnetizantes e o comprimento do N, I, l
caminho a ser magnetizado e cujo sentido é o
mesmo das linhas de força. Núcleo de liga
magnética
H 3
B3
Observações: especial
1. O sentido da intensidade de campo magnético
N, I, l
(H) pode ser determinado pelas regras da mão
direita já vistas.
Fig.10.24 – Influência do material dos núcleos
2. O comprimento do circuito magnético a ser
considerado depende da geometria do mesmo.
Como se pode ver, a ação de uma mesma
A unidade de intensidade de campo intensidade de campo magnético (H) produz
magnético, no Sistema Internacional, é 1 diferentes induções (e fluxos) em função do
Ampère-espira/metro ou 1 Ampère/metro, já que material onde se estabelece o campo magnético.
espira é um adimensional (número puro). A grandeza que caracteriza a qualidade
u (H)SI = 1 Ae/m ou 1 A/m magnética do material é a permeabilidade
São também usados os múltiplos e magnética (), sendo, portanto, análoga à
submúltiplos da unidade: condutividade para os materiais elétricos.
1 kAe/m = 1000 Ae/m; 1 Ae/cm = 100 Ae/m Permeabilidade magnética absoluta
(ou simplesmente permeabilidade) é a constante
de proporcionalidade que relaciona a
X - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________
Solução: Hint
H = I/(2..r) =
500 A/(2..12.10-3 m) = 6631 A/m
Observe-se que, mesmo com uma Escolhendo-se uma dada linha de força,
corrente enorme no condutor, consegue-se uma tem-se que a corrente total envolvida por ela é N
indução muito baixa, devido à permeabilidade vezes a corrente da bobina.
do ar ser muito pequena. Hint. l int + Hext. l ext = N.I mas Hext 0 então
Hint. l int = N.I ou H.l = N.I logo:
Campo magnético da corrente elétrica X - 17
________________________________________________________________________________________________
N.I
H (10.17) Sn
diâmetro interno é 2 cm, o número de espiras é H1. l1 + H2. l 2 +...+ Hm. l m= N.I
1000 e a corrente é 10 A. Como H = cte tem-se: H.(2..Rm) = N.I
N .I
H (10.18)
d=2 cm 2. .Rm
Como já foi visto: B = . H e = B.S
l =10 cm
Escolhendo-se uma linha de força circular
Solução:
hipotética na sua parte interior ou na exterior do
núcleo, a corrente total envolvida é nula e a
n . I 1000 e .10 A
H 100.000 Ae/m intensidade de campo (H) também. Isso mostra
0,10 m que o campo magnético existe apenas dentro do
B μ 0 . H 4 π .107 H/mx 100.000 Ae/m núcleo do toróide.
B 4 π .102 T 0,1257 T
Exemplo resolvido 10.8: Um toróide de secção
π . d 2
π .(0,02 m) 2
transversal quadrada tem 2000 espiras e um
S π.r2 3,1416.104 m 2
4 4 núcleo de ferro com permeabilidade relativa r =
4
B .S 0,1257 Tx 3,1416.10 m 39,49 μWb 1000. O raio interno vale 10 cm e o externo 15
2
r Solução:
I1 I2
f2 As duas correntes são iguais logo,
H12 pondo-se I em evidência, tem-se:
I
B12 F2 0 1 2 .I1
2..r
2..r.F2 2..0,10m.500 N
I1 11180A
0 . 2 4.107 H / m.2,0m
2,0
1,9 B (T)
1,8
1,7
1,6
1,5 1.Ferro Forjado
1,4 e Aço Fundido
1,3 4.Ferro Silício
1,2
1,1 1. Ferro Forjado e Aço Fundido
1,0 2. Ferro Fundido
0,9 3.Ferro Normal 3. Lâminas de Ferro Normal
0,8 4. Lâminas de Ferro Silício
0,7
0,6
0,5 2.Ferro Fundido
0,4
0,3
0,2
0,1 H(Ae/m)x102
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Fig. 10.31 - Curvas B-H parciais de alguns materiais ferromagnéticos
X - 20 Eletricidade, magnetismo e consequências
__________________________________________________________________________________________________________
Ferro forjado e aço fundido Ferro fundido Lâminas de ferro normal Lâminas de ferro-silício
B(T) H ( Ae/m ) H ( Ae/m ) H ( Ae/m ) H ( Ae/m )
0,0 0 0 0 0
0,1 70 200 45 80
0,2 90 450 50 100
0,3 100 800 60 125
0,4 120 1.300 70 145
0,5 140 2.000 90 160
0,6 170 2.800 130 180
0,7 220 4.000 170 200
0,8 270 5.500 230 250
0,9 320 8.000 330 310
1,0 400 11.000 470 400
1,1 500 15.000 630 500
1,2 620 20.000 800 700
1,3 850 1.050 1.200
1,4 1.200 1.350 2.300
1,5 2.000 1.800 4.000
1,6 3.500 3.100 7.500
1,7 6.000 5.200 14.000
1,8 10.000 9.000 24.000
1,9 16.000 14.800
2,0 25.000 30.000
2,1 40.000 46.000
2,2 75.000 67.000
2,3 90.000
2,4 120.000
2,5 153.000
2,6 190.000
2,7 230.000
Fonte: Alfonso Martignoni, Eletrotécnica
5000
r 1. Ferro Forjado e Aço Fundido
4500
2. Ferro Fundido
4000 3. Lâminas de Ferro Normal
4. Lâminas de Ferro Silício
3500
3000
2500
2000
1500
3-Ferro normal H (Ae/m) x102
1000
500
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Quando o campo magnético H se anula ainda não chegou, H atinge valores negativos
ainda resta certa indução, ou seja, mesmo sem antes dos valores de B atingirem.
campo indutor externo H os ímãs elementares Daí surgiu o nome histeresis que, em
se mantêm parcialmente orientados. grego, significa atraso (Atraso de B em relação a
Define-se como Indução Residual ou H).
Remanente como sendo a indução que se
mantém quando o campo H é anulado.
Para anular a indução residual deve-se 10.18.2 - Perdas por histerese
inverter a corrente (aplicar um campo
magnético ao contrário) e ir aumentando No trabalho de orientação e
gradativamente até que a indução se anule desorientação há perda de energia devido ao
(ponto 3; B = O). atrito entre os ímãs elementares.
A intensidade de H capaz de levar a Quanto maior a força coercitiva mais
indução residual a zero é chamado de difícil se torna a desmagnetização do material
campo coercitivo ou força coercitiva ( Hc ). e, portanto, mais perdas ocorrem.
Aumentando-se a intensidade de campo Pode-se provar matematicamente que a
(H) no sentido negativo chega-se à saturação área dentro do laço de histerese é proporcional
do material em sentido contrário (ponto 4). às perdas histeréticas. Assim, para o trabalho
Reduzindo-se a excitação da bobina com corrente variável (ou alternada), é
magnetizadora a densidade magnética B diminui necessário que o laço seja o mais estreito
até chegar ao ponto 5 (H = 0), sobrando uma possível para que as perdas sejam o menor
indução residual Br negativa. possível.
Para anular essa indução residual deve-se
inverter o campo magnético H e aumentá-lo até B
alcançar Hc . Br
B (T)
BM 1
Br Hc
2
Hc H
Hc H (Ae/m)
0 6
-HM 3 Br
Hc HM
4 - BM
Ímã per-
manente N
H
10.7 - Explique a teoria de Weber-Ewing, 10.17 - Calcule o fluxo que atravessa as espiras
inclusive usando desenhos adequados para a seguir.
tal.
a) B = 1,2 T
10.8 - Para a situação abaixo, explique o motivo
da atração dos parafusos de aço pelo ímã 10 cm
permanente e indique nestes as polaridades
5 cm
magnéticas induzidas.
S b)
N
n B = 1,2 T
60o
10 cm
N 10 cm S
10.12 - Descreva a regra usada para determinar
o sentido das linhas de força magnéticas
criadas por um condutor retilíneo
percorrido por corrente. Idem para bobina 10.18 - Ache o módulo e o sentido da força que
percorrida por corrente. age sobre a carga elétrica positiva em
movimento sabendo que a carga q = 10 mC,
10.13 - Compare as características dos ímãs a velocidade é 200 m/s e que a indução vale
permanentes e dos eletroímãs. 0,6 T.
10.20 - Descreva a regra usada para determinar 10.28 - Calcule a intensidade de corrente que
o sentido da força mecânica de origem deve circular num fio retilíneo colocado
eletromagnética criada sobre um condutor no ar para produzir uma indução de 0,5 T
percorrido por corrente dentro de um a uma distância de 5 cm do centro do fio.
campo magnético.
10.29 – Uma corrente num condutor esticado
10.21 – Calcule a corrente que deve ser aplicada produz a 5 cm de distância do mesmo uma
num condutor retilíneo de 12,7 cm, intensidade de campo de 7500 Ae/m.
colocado perpendicularmente às linhas de Calcular a corrente no fio e a indução no
força de um campo magnético de indução ponto mencionado.
de 0,5 T, para que produza uma força de
0,4N. 10.30 - Um solenóide com núcleo de ar, com 2
cm de diâmetro por 10 cm de comprimento,
10.22 - Descubra o sentido e o módulo da força tem 1000 espiras enroladas bem juntas.
sobre o condutor percorrido por corrente. Calcule a corrente para ser obtido um fluxo
Use a regra para carga em movimento e a de 0,1 mWb.
regra de Fleming adequada.
B = 0,3 T, l = 50 cm, i = 5 A. 10.31 – Deseja-se construir um solenóide com
núcleo de ar, de 1,5 cm de raio e 7,0 cm de
comprimento de modo que, percorrido por
B uma corrente de 600 mA produza, no seu
interior, um fluxo de 23 Wb. Calcule o
número de espiras necessárias.
10.34 - Considere o toróide da figura da questão 10.45 - Cite as características dos materiais
10.32. O material do núcleo é agora ferro tecnicamente adequados para a construção
fundido e deseja-se saber a corrente de ímãs permanentes e eletroímãs.
necessária para produzir a indução de 1,0
T. Calcule também H, e r.
10.40 - Justifique porque, a partir de certo valor 10.33- r = 898,7; B = 1,348 T; = 539 Wb
de intensidade de campo, a indução num
material magnético cresce muito 10.34 - H = 11.000 Ae/m; I = 4,61 A;
lentamente. = 90,91x10-6 H/m, r = 72,34
10.41 - Defina indução residual e força 10.36 - d = 1,0 cm
coercitiva.
1 2
Mas: B1 e B2
S1 S2
Devido ao modo de construção referido
Fig. 11.1 - Posição ideal das bobinas no circuito acima tem-se o mesmo fluxo em todo o circuito.
magnético
1= 2=
XI - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
= N.I (11.1)
3
B C
10 20 10
S = lado2=10cm x10cm = 100cm2 = 100x10-4m2
Todas as dimensões estão em centímetros.
= B.S = 1,758 T x 100 x 10-4 m2 =
=175,8 x10-4 = 17,58x10-3 Wb = 17,58 mWb
Solução: Aplicando-se a lei de Ampère tem-se:
Exemplo resolvido 11.2: Calcular o fluxo no
caso anterior com a lei de Hopkinson.
N.I = HAB .lAB + HBC. lBC + HCD. lCD + HDA. lDA
Solução: Deve-se, obrigatoriamente, entrar na
Como o fluxo e as seções são constantes
curva BH para obter B ou H, um em função do
tem-se B = cte.
outro, e com isto conhecer a permeabilidade
Como a indução e o material são
absoluta do ferro forjado. Para a intensidade de
constantes tem-se H = cte= Hn; logo se pode por
campo H criado pela corrente de 10 A tem-se:
Hn em evidência.
= B/H=1,758 T/8.333 Ae/m = 0,211x10-3H/m
N.I = Hn (lAB + lBC + lCD + lDA) N.I = Hn . ln -3 -7
r = 0,211x10 H/m / 4 x10 H/m = 167,9
17,58x10-3 Wb
568.700Ae / Wb = 361.400 Ae/Wb
17,58 mWb
= . =16,6 x 10-3 Wb. 361.400 Ae/Wb
Exemplo resolvido 11.3: Seja o mesmo = 6000 Ae
circuito magnético do exemplo anterior.
Calcular a corrente necessária para a I= / N = 6000 Ae/ 1000e I = 6,0 A
produção de um fluxo de 16,6 mWb.
Agora é só aplicar a lei de Ampère, B = 1,44 T => Tabela B-H H = 1520 Ae/m
considerando o comprimento de cada trecho do
circuito e obtém-se a f.m.m. No trecho CD tem-se ar, logo:
Exemplo resolvido 11.5: Seja um circuito H = 1,44 T / 4 x10-7 H/m= 1,146x106 Ae/m
magnético com as dimensões do exemplo
anterior com exceção de que tenha um entreferro Aplicando-se a lei de Ampère tem-se:
numa perna com 2 mm. Calcular a corrente
necessária para produzir um fluxo de 14,4 mWb. = N.I = HAB. lAB + HBC. lBC + HCD. lCD + HDE.
lDE + HEF. lEF + HFA. lFA
10
10
A Sn B = 1520 Ae/m.(0,30+ 0,149+ 0,149+ 0,30+
0,30)m + 1,146x106 Ae/m.0,002m
9,9
0,2 =1520Ae/m(1,198)m+1,146x106Ae/mx0,002m
NI C
9,9
D = 1821 Ae + 2292 Ae = 4113 Ae
10
i= / N = 4113 Ae / 1000 e = 4,113 A
F E
Observando cada parcela da lei de
10 20 10 Ampère fazemos uma analogia entre as quedas
Todas as dimensões estão em centímetros.
de tensão num circuito elétrico série e o
consumo de f.m.m. num circuito magnético
série. A f.m.m. da bobina no circuito magnético
Solução: Já tínhamos calculado: é análoga à f.e.m. no circuito elétrico.
Pode-se observar que o entreferro,
S =100 x 10-4 m2 e B = 1,44 T apesar de muito pequeno, consome a maior
parte da f.m.m. produzida pela bobina. Por isso,
Pelo exemplo anterior o material do os entreferros, em quase todos os equipamentos
núcleo é ferro forjado. eletromagnéticos, são feitos com o menor
tamanho possível.
Entrando com a indução B = 1,44 T na Um método bastante utilizado para
curva de ferro forjado obtém-se a intensidade de aplicar a lei de Ampère é o preenchimento do
campo H que será válido para todos os trechos quadro abaixo. Este quadro não envolve novos
do circuito com exceção do entreferro. cálculos, mas organiza os resultados e dá uma
boa visão do problema.
11.4.3 - Espraiamento
Fig.11.5 - Circuito magnético com dispersão
magnética A seção real do entreferro é um pouco
maior do que a seção das faces de ferro que o
Na realidade, parte do fluxo gerado pela limitam. Isso se deve ao fato de o fluxo
bobina fecha-se pelo ar, enlaçando apenas a procurar um caminho de menor relutância, o
bobina que lhe deu origem e, portanto, não que é obtido pelo alargamento das linhas de
alcançando a região de interesse. força ao passar no entreferro. Quanto maior o
Considerando-se que o fluxo na região entreferro maior é o espraiamento.
de interesse (fluxo útil) seja tomado como
referência (100%), a bobina deverá produzir
núcleo
um pouco mais de fluxo para suprir o fluxo
disperso.
entreferro le
Se
b = u + d; b = (1,10 a 1,25) u (11.10)
núcleo
Tem-se, então, uma dispersão magnética
numa faixa de 10% a 25%, sendo que o valor Fig. 11.6 - Fenômeno do espraiamento
preciso só é obtido para casos bastante
XI - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
Chapa de
ferro flexível
Bobina
com
núcleo de ferro
Ferrosos Não-ferrosos
Fig.11.7 – Campainha ou cigarra
Fig.11.9 - Separador magnético
Contato móvel
Contato fixo
Âncora de ferro
Bobina com
núcleo de ferro
B2 .S 0,5
F (11.13) 2
2. 0
2 ? 2
Onde: F = Força numa face polar com área S e Todas as medidas em cm. Profundidade = 2cm
indução B ( N );
S = Área de uma face polar ( m2 ); Solução: S = 2x10-2 m x 2x10-2 m = 4x10-4 m2
B = Indução no entreferro ( T ).
Questões e problemas
a) Calcular a intensidade de campo, a indução e
11.1. Deduza a lei de Hopkinson a partir da lei o fluxo quando o núcleo for de ferro
de Ampère. forjado com uma corrente de 11 A na
bobina.
11.2. Uma bobina de 1000 espiras está enrolada b) Calcular a corrente necessária para a
sobre um núcleo toroidal de seção produção de um fluxo de 4.7 mWb.
transversal circular e cujo raio interno é c) Refaça o item b) usando a lei de Hopkinson.
10 cm e o externo é 14 cm. O material
do núcleo é ferro-silício. Calcule a
corrente necessária à produção de uma 11.5. Calcular a corrente necessária à produção
indução de 0,8 T no raio médio. de 1,65 mWb sabendo que existe um
entreferro de 2 mm com ar. O núcleo tem
N=1000 as mesmas dimensões daquele do
problema 11.4, porém o material é lâmina
Ri = 10 cm de ferro-silício.
Rm
I 11.6. Calcule a f.m.m. necessária para produzir
um fluxo de 0,77 mWb nos entreferros.
Calcule também a força sobre a âncora.
Re=14 cm Mat. 1 = Ferro forjado; Mat. 5 = Ar
Profund: 4 cm.
2 B C
G F
4
2 2 4 2 2 N=1500
mat 1 10
11.8. O eletroímã abaixo se assemelha a um
automático de motor de arranque de H E
veículos automotores. Seu êmbolo tem mat 5
A D
seção transversal circular com raio ( r ) de 0,5 mat 1 4
B C
1,0 cm. Calcule a força de atração para um
entreferro de 10 mm. Desprezar dispersão 4 10 4
magnética, relutância do ferro e
espraiamento.
Respostas selecionadas:
Bobina 11.2- i = 0,188 A
com 500
espiras 11.3- = 187.505 Ae/Wb,
I = 10 A = 188 Ae, i = 0,188A
le 11.4- a) l = 0,60 m, H = 14.667 Ae/m,
êmbolo
r
B = 1,88 T, = 7,52 mWb
Se b) B = 1,175T, H = 590Ae/m, i = 0,443A
c) r = 1584,8, = 75.320 Ae/Wb,
= 354 Ae, i = 0,443 A
11.5- i = 0,935 A
11.6 - = 3854 Ae, F = 294,9 N
11.7- = 10132 Ae, F = 994,7 N
11.8 - B = 0,625 T, F = 48,8 N
11.9- = 3129 Ae, F = 233 N
v v
S N S N
o o
v v
V V
V=0 Vrel= 0
S N S N
o o
Fig. 12.1 – A
experiência de
v Faraday v
Examinemos alguns termos comuns aos presença de energia elétrica. Para surgir tal
estudos de indução eletromagnética. Sempre que forma de energia, outra forma de energia deve
uma f.e.m. é gerada por ação de um campo ser obrigatoriamente consumida.
magnético ela será chamada de f.e.m. Para obedecer a esse princípio físico, o
induzida. A expressão indução tem significado fluxo criado pela corrente induzida deve, então,
semelhante à influência, interação ou ação à se opor à variação do fluxo indutor, que é a
distância. A corrente produzida pela f.e.m. causa da f.e.m. induzida.
induzida num circuito fechado é chamada, Assim sendo, para manter a geração de
portanto, de corrente induzida. energia elétrica, fica necessário o consumo de
O campo magnético que deu origem outra forma de energia para vencer essa
a esses fenômenos é chamado de campo indutor oposição e continuar a geração de energia
(causa) e o campo magnético criado pela elétrica.
corrente induzida é chamado de campo induzido Se o fluxo criado pela corrente induzida
(efeito). viesse a acelerar a variação do fluxo original,
haveria uma espécie de “reação em cadeia” onde
Exemplo resolvido 12.1: A bobina do seria gerada energia elétrica gratuitamente, o
secundário de um transformador possui 500 que fere o princípio da conservação da energia.
espiras e está submetida a um fluxo magnético
que varia senoidalmente no tempo. Num Enunciado da lei de Lenz
pequeno intervalo de tempo de 1,2 ms ocorreu
uma variação de fluxo de 48 Wb. Calcule a O fluxo criado pela corrente induzida
taxa de variação do fluxo no tempo e o valor da tem sempre sentido tal a se opor à variação do
f.e.m. induzida nesse intervalo. fluxo original do circuito, ou seja, tende a
manter o fluxo constante.
Solução:
A taxa de variação do fluxo é dada por: Assim sendo, quando o fluxo indutor
48x10 6 Wb está crescendo no circuito, o fluxo induzido
40x10 3 Wb / s
t 3
1,2x10 s tem sentido contrário ao mesmo.
O valor da f.e.m induzida é obtido por: Quando o fluxo indutor estiver
diminuindo no circuito, o fluxo induzido terá o
| e | N. 500 x 40 x10 3Wb / s 20V mesmo sentido do fluxo indutor.
t
Num circuito ideal, sem resistência
nenhuma, o fluxo induzido teria intensidade tal
que impediria totalmente a variação do fluxo;
12.3 - LEI DE LENZ
nos circuitos reais, o fluxo induzido apenas
tenta impedir a variação do fluxo sem, no
O físico russo, Emil Lenz, publicou em
entanto, consegui-lo integralmente.
1834 um trabalho que veio a complementar a
Como exemplo de aplicação da lei de
Lei de Faraday. A lei de Lenz, como passou a
Lenz, considere o ímã e a bobina da Figura 12.2.
ser conhecida, estabeleceu, de forma universal, o
Para aplicar corretamente a lei de Lenz
sentido da f.e.m. gerada por indução
devemos fazer cinco perguntas:
eletromagnética.
a) Qual o sentido do fluxo original dentro da
O Princípio da Conservação da Energia
bobina? O fluxo indutor aponta para a direita.
diz que a energia não pode ser criada, nem
b) O fluxo indutor está variando de que
destruída, mas apenas transformada de uma
forma? Quando o ímã é aproximado, o fluxo
forma para outra.
indutor aumenta no interior da bobina.
Quando o fluxo varia dentro de um
c) Qual é o sentido do fluxo induzido? Pela lei
circuito elétrico, gera-se f.e.m. e corrente
de Lenz, é em sentido oposto ao indutor,
induzida no circuito fechado, o que significa a
tentando impedir a sua variação.
XII - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
d) Qual é o sentido da corrente induzida? Pela decréscimo do fluxo, produzindo dessa vez um
regra da mão direita, a corrente entra pelo lado fluxo no mesmo sentido do original.
de cima da bobina para o seu fluxo ser para a
esquerda, ou seja, contrário ao original. Novamente, pelos polos gerados na
e) Qual é o sentido da f.e.m. induzida? Terá o bobina, verifica-se que as forças são de atração e
mesmo sentido da corrente que ela criou, ou se opõem ao movimento, exigindo o gasto de
seja, entrando na parte superior da bobina. energia mecânica para manter a geração de
energia elétrica devido à variação de fluxo na
v i2,e2 bobina.
ee N.
t
N
Nesse caso o número de espiras é N =1,
B
logo tem-se: ee
N e S t
Onde: ec = F.e.m. induzida num condutor (V); Caso 1: O movimento é perpendicular ao campo
B = Indução do campo (T); ( = 90o ou 270o) e a f.e.m. induzida é máxima.
l = Comprimento do condutor sob a ação ec = B.l.v
do campo (m); Caso 2: O movimento do condutor é paralelo ao
v = Velocidade do condutor em relação campo ( = 0o ou 180o) e a f.e.m. induzida é
ao campo (m/s). nula. ec = 0 V
vn v
3 eb = N.ee logo: eb = N.2.B.l.v.sen (12.6)
1 v 2
N
S Bobina
S girante
Espira com N
Eixo de girante espiras
rotação R
N N
e2, i2
i1
2 1
corrente crescendo
i1
+ -
e2, i2
i1
2 1
corrente diminuindo
i1
+ -
v N
N S N S
12.9. Descreva a regra de Fleming da mão
direita e mostre através de um desenho que
ela é coerente com a lei de Lenz.
++++++++++++
+ + + + + + + + +B+ + +
S
++++++++++++
c) ++++++++++++ 10 cm
++++++++++++ 30 cm
++++++++++++
+ + + + + + + + + v+ + +
++++++++++++
++++++++++++
N
S
12.11. Deduza a equação da f.e.m. induzida por
corte de linhas de indução por um condutor,
a partir da equação da f.e.m. gerada por
variação de fluxo dentro da espira.
12.8-
a) Fluxo induzido para a direita no interior da
S
bobina; f.e.m. e corrente induzida entrando em
baixo e saindo em cima.
r b) Fluxo induzido da direita para a esquerda no
interior da bobina (perpendicular ao plano da
espira); f.e.m. e corrente induzidas entrando no
l lado ativo de cima e saindo no de baixo.
c) Fluxo induzido de baixo para cima na frente
N do condutor e de cima para baixo atrás do
mesmo; f.e.m. e corrente induzida apontando de
trás para frente no condutor móvel.
12.18. Usando a lei de Lenz determine o sentido
da f.e.m. nas bobinas: 12.10 -
a) No fechamento do circuito, a) F.e.m.s induzidas entrando no lado ativo de
b) Na abertura do circuito. cima e saindo no de baixo.
b) F.e.m. induzida apontando de trás para frente
no condutor móvel.
c) F.e.m. de baixo para cima no condutor móvel.
12.16-
a) a) ee = Ee max .sen ; Ee max = 0,754 V
b) Senóide com valor máximo de 0,754 V.
c) N = 291,8 espiras
12.18-
a) De cima para baixo na parte da frente;
b) De baixo para cima na parte da frente;
b)
Capítulo XIII – AUTOINDUÇÃO E INDUÇÃO MÚTUA
i (13.2)
i 1
Pela definição a indutância é obtida por: espiras, nas quais circula uma corrente de 0,15A.
λ N. μ . N 2 .S Os diâmetros externo e interno valem,
L (Henry) respectivamente, 0,40m e 0,30m.
I I 2. π . R m
Daí chega-se a:
λ N2 N2 N2
L De= 40 cm
I 2. π . R m
Rm
μ .S μ .S
N2
L (13.4)
Onde: L = Indutância (Henry);
Di= 30 cm h
N = Número de espiras;
= Relutância do circuito (Ae/Wb).
63,33 x 106 Ae/Wb 10A, o fluxo varia de 18,0 mWb para 20,0
mWb. Calcule:
(500 e) 2
L1 3,948 mH a) A indutância da bobina. b) O valor da f.e.m.
63,33 x 10 6 Ae/Wb se esta variação de corrente ocorrer dentro de
2,0 ms? c) O sentido da f.e.m.
N2 . 2 N 2 . μ o . N 2 . I 2.S2 μ o .(N2 ) 2 .S2
L2
I2 . I 2 Solução: a) L = N. /I = N. . / I = 800.(20-
2 2 18)mWb/(10-9)A =800x2x10-3Wb/1A = 1,6 H
N2 N2 b) e = - L. i/ t = - 1,6H. 1A/2x10-3s = - 800 V;
(Henr y)
2
2 c) F.e.m no sentido contrário à corrente.
μ o S2 ______________________________________
0,10 m
2
μ o . S2 4 π 10 7 H/mxπ .(0,03m) 2 Os transitórios de ligação e de
desligamento de bobinas em circuitos de
2 28,14 x 106 Ae/Wb
corrente contínua são situações importantes para
(1000 e) 2 análise. Quando a chave é movida da posição 0
L2 35,53 mH
28,14 x 10 6 Ae/Wb para a posição 1 a bobina, com sua resistência e
indutância mostradas à parte, começará a ser
percorrida por corrente no sentido indicado.
13.4 - AUTOINDUÇÃO RB LB
i(t) + vR - - eL +
Já foi visto que a variação do fluxo
magnético no interior de uma bobina gera uma RRL
f.e.m. na mesma. 1 0 2 ch
Se a variação do fluxo for causada pela
Vs
variação da corrente da própria bobina o
fenômeno é chamado de autoindução. A f.e.m.
Fig.13.6 – Sentidos de referência da autoindução
autoinduzida tem o seu sentido regido pela lei de durante a ligação de uma bobina
Lenz e o seu valor pode ser calculado pela
seguinte equação: A corrente, no entanto, não atinge
imediatamente o valor final, pois surgirá uma
Δ f.e.m. induzida na indutância da bobina que terá
e N. mas N .Δ L . Δi logo
Δt sentido contrário à corrente, tentando impedir o
Δi seu crescimento. Então o aumento da corrente
e L. (13.7)
Δt será lento, segundo uma função exponencial.
A f.e.m. autoinduzida tem sentido
Esta é a equação típica da f.e.m. negativo (se opõe à corrente), por isso o sinal
autoinduzida. Nela se percebe que a f.e.m. tem real apresentado pela mesma é positivo no lado
sempre sentido tal que tende a impedir a da bobina onde a corrente entra.
variação da corrente na bobina. A f.e.m. induzida é máxima (igual à
Quando a corrente está crescendo a tensão da fonte) nos momentos iniciais, onde a
f.e.m. autoinduzida é negativa, isto é, se opõe à corrente tem a maior velocidade de variação, e
corrente, tentando impedir o seu crescimento e, vai decrescendo até se anular, no momento em
no caso da corrente estar diminuindo, a f.e.m. é que a corrente atinge o valor final e fica
positiva (no sentido da corrente), tentando constante.
impedir a sua variação. A partir daí a indutância pura comporta-
se como um curtocircuito e o valor da corrente
Exemplo resolvido 13.5: Numa bobina de 800 é calculado pela lei de Ohm (IF = VS/R).
espiras, quando a corrente varia de 9 A para
XIII - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
i1
i L1
i2 L
2
i Leq
Fig.13.12 – Indutores agrupados em paralelo
Fig.13.10 – Indutores comerciais:
a) De carretel b) Toroidal No circuito paralelo tem-se:
i = i1 + i2 + i3 + ... logo:
A seguir serão deduzidas as fórmulas da i/ t = i1/ t + i2/ t + i3/ t ... (13.10)
indutância equivalente para cada caso de Já sabemos que:
associação. Leq . Δi L1 . Δi1
et , e1 ,
Δt Δt
13.5.1 - Associação em série L 2 . Δi 2 L3 . Δi 3
e2 , e3
Δt Δt
A Figura 13.11 mostra indutores puros
Reorganizando tem-se:
ligados em série.
Δi et Δi1 e1
, ,
Δt Leq Δt L1
i L1 L2
Δi 2 e2 Δi3 e3
,
i Leq Δt L2 Δt L3
Fig.13.11 – Indutores agrupados em série Usando (13.10) chega-se a:
et e1 e 2 e 3
...
L eq L1 L 2 L 3
No circuito em série a corrente total é a
mesma corrente de cada um dos indutores; logo Sabe-se que nos circuitos em paralelo as
as taxas de variação de todas as correntes tensões são iguais. Logo, por comparação, as
também serão iguais: f.e.ms. induzidas também são iguais (e = e1 = e2
= e3 = ... ) o que conduz a:
i/ t = i1/ t = i2/ t = ... (13.8)
e e e e
...
As f.e.m. são calculadas por: L eq L1 L 2 L3
Simplificando a expressão obtém-se:
LeqΔi L1Δi1 L2Δi 2 1 1 1 1
et , e1 , e2 , e3 ... ...
Δt Δt Δt Leq L1 L 2 L3
Finalmente chega-se à expressão final da
Mas, no circuito em série tem-se: indutância equivalente de indutores em paralelo.
1
et = e1 + e2 + e3 + ... L eq (13.11a)
1 1 1
...
Fazendo as substituições, a indutância L1 L 2 L 3
equivalente do circuito série fica: Observa-se assim que as equações das
LeqΔi L Δi L 2Δi 2 L3Δi3 associações de indutores são respectivamente
( 1 1 ...) semelhantes às da associação de resistores.
Δt Δt Δt Δt
Dois indutores: (13.11b)
Leq L1 L 2 L3 ... (13.9) N indutores iguais: (13.11c)
XIII - 8 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
Exemplo resolvido 13.6: Calcular a indutância intervalo de tempo a fonte elétrica fornece uma
equivalente do circuito de indutores mostrado na
parte de sua energia ao resistor e outra parte à
figura. indutância.
A diferença entre os dois destinos da
energia é que a parcela aplicada no resistor é
L =2mH
1
dissipada em forma de calor, não podendo mais
L =2,4mH
ser revertida em energia elétrica; enquanto que a
3
parcela cedida à indutância é armazenada no
L =8mH
2
campo magnético do indutor, podendo ser
Solução: No trecho em paralelo tem-se: recuperada mais tarde.
Usando a segunda lei de Kirchhoff
1 obtém-se uma expressão em Volts:
L12 1,6x10 3 H 1,6 mH v = i.R - eL (13.12a)
1 1
Como a variação da corrente é positiva
2 x 10 3 H 8 x 10 3 H
( i=+) a f.e.m. será negativa (eL= - L i/ t) logo
a corrente entra na indutância pelo terminal
Agrupando o indutor L12 em série com o
positivo. (Fig.13.13b).
indutor L3 tem-se:
Multiplicando tudo por q = i. t obtêm-
L123= Leq = L12+L3 = 1,6 mH+2,4 mH = 4,0 mH se energias (em Joules) no intervalo t.
O fluxo mútuo, sendo variável no tempo, 13.8.2 - Perdas por histerese magnética
induz f.e.m. no enrolamento secundário onde
está ligada uma carga. De acordo com a teoria de Weber-
Prova-se facilmente que as tensões Ewing, a estrutura dos materiais magnéticos é
primária e secundária são proporcionais ao formada por domínios magnéticos (ímãs
número de espiras do seu próprio enrolamento. elementares).
A indução mútua nem sempre ocorre de Quando esse material é submetido a
maneira desejável e previsível. Há, por exemplo, um campo magnetizante, os ímãs elementares
indução mútua entre um circuito elétrico de orientam-se com certa dificuldade, devido ao
potência e um circuito de dados ou telefonia atrito interno que existe entre os mesmos.
causando interferência entre eles. Tal atrito também existe quando o
Por esse motivo, circuitos mais sensíveis material é submetido a um campo
devem ser mantidos bem afastados de circuitos desmagnetizante.
de maior corrente. Quanto maior for a dificuldade de
magnetizar e desmagnetizar um material, maior
Exemplo resolvido 13.8: Num transformador é esse atrito e maior é a energia dissipada em
com núcleo de ar, onde a indutância mútua M12 forma de calor, ou seja, maior é a perda por
é de 40,0 mH, N1 = 1000e N2 = 500e, a corrente histerese magnética.
cresceu no primário na razão de 8000 A/s. Uma medida dessas dificuldades de
Qual é a f.e.m. induzida no secundário? magnetização e desmagnetização é o campo
coercitivo.
Solução: Os materiais duros, os que têm alto
e2 = - M12. I1/ t = campo coercitivo, apresentam muitas perdas
por histerese magnética.
e2 = - 40x10-3H x 8000A/s = - 320 V A maioria dos autores expressa as perdas
histeréticas por uma equação com coeficientes
empíricos. [Martignoni, Eletrotécnica ]
13.8.3 - Perdas por correntes parasitas O sentido dessas correntes é tal que o seu
(correntes de Foucault) campo magnético opõe-se à variação do campo
magnético indutor
Um circuito elétrico, quando submetido a As correntes estão, portanto, num plano
uma variação de fluxo magnético no seu perpendicular à direção do campo magnético.
interior, sofre a indução de uma f.e.m. Os Na Figura 13.16 tem-se, por exemplo, o
circuitos são formados por espiras fluxo crescendo dentro do núcleo com o sentido
convenientemente isoladas, de forma que a indicado.
f.e.m. e a corrente induzidas são canalizadas a As correntes parasitas farão
um circuito consumidor. [Martignoni, aproximadamente o percurso mostrado, a fim
Eletrotécnica, p.271 e p.403] de criar um campo induzido em sentido
Os circuitos elétricos, muitas vezes, são contrário ao do indutor.
enrolados sobre um núcleo de material ferro- Essas correntes causam uma grande
magnético, a fim de diminuir a relutância do dissipação de calor, que geralmente não tem uso
circuito magnético e favorecer a criação de nenhum, mas consomem energia.
grandes induções. Um procedimento tradicionalmente feito
Como um material ferro-magnético para reduzir as correntes de Foucault
também é um condutor elétrico, se houver (pronuncia-se fucô) é fazer o circuito
variações de fluxo haverá indução de f.e.m. na magnético de finas chapas isoladas em vez de
massa metálica. ser maciço.
Esse núcleo comporta-se como um A isolação pode ser feita por fina camada
circuito elétrico fechado de baixíssima de verniz, oxidação natural da chapa e outros
resistência (um curto-circuito). Logo, as materiais mais evoluídos.
f.e.ms. darão origem a fortes correntes dentro do
núcleo magnético.
corrente
parasita
i Linhas i
de fluxo
isolante
chapa de ferro
C.A. C.A.
13.8. Calcule a indutância de um toróide de 13.13. Diga quais são os fatores que influenciam
lâmina de ferro silício com secção na f.e.m. autoinduzida.
transversal circular que tem 1000
espiras. A condição desejada é que a 13.14. Quatro indutâncias iguais são ligadas em
indução seja 0,8 T. O raio interno vale 10 série. Calcule a indutância equivalente.
cm e o externo 14 cm.
XIII - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
13.17. Uma bobina deve armazenar uma 13.7. L = 1,0 mH; Sentido da f.e.m.: No
quantidade de energia de 80 mJ ao ser sentido contrário ao da corrente.
atravessada por uma corrente de 5 A. Qual
deve ser a sua indutância? 13.8. L = 5,347 H
S
v e
i
m
+a EM
a
m
0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º
r m(º)
b . -EM
v
N
Fig.14.2 – Geração de f.e.m. alternada senoidal
Princípios da corrente alternada XIV - 3
________________________________________________________________________________________________
e = 2.N.B.l.v.sen =
e = 2 . 50 . 0,825 T . 0,20 m . 18,85 m/s . sen = 1 2 3 4 5 57 58 59 60
311,0. sen V
IM2 IM2
IM i2 i2
i Ief2 = IM2/2
IM p = i2.R p = i2.R
i
Pm = P = PM/2
i
Fig.14.9 – Potência instantânea máxima e média num
resistor puro em C.A. -IM
Princípios da corrente alternada XIV - 7
________________________________________________________________________________________________
PM I M .R
2
IM . IM O valor de uma corrente contínua que
Pm .R I ef .I ef .R produz o mesmo aquecimento é, por definição,
2 2 2. 2 o valor eficaz da corrente alternada.
2 2
Pm P Ief .R ou P I .R (14.14)
Icc = Ief = 20 A.
Exemplo resolvido 14.5: Suponha que uma
fonte de tensão alternada com tensão máxima A diferença entre alimentar o resistor
311,1 V, frequência 60 Hz, é ligada a um puro com C.C. e com C.A. está apenas na
resistor de 11 . Calcular: potência instantânea. Na alimentação com CA a
a) O valor máximo da corrente; potência instantânea é variável sem, no entanto,
b) O valor eficaz e médio da tensão e da ser negativa e, na alimentação com CC, a
corrente; potência instantânea é positiva e invariável no
c) A potência máxima dissipada neste tempo.
resistor;
d) O valor de uma corrente CC que produz
o mesmo efeito joule. 14.4 - REPRESENTAÇÃO FASORIAL
DAS GRANDEZAS SENOIDAIS
Solução:
VM 311,1.V As grandezas senoidais são normalmente
IM 28,28A ;
R 11 representadas por vetores girantes (fasores) que
V = Vef = 0,707.VM = 0,707 x 311,1 V giram com a mesma velocidade angular da
Vef = 219,95 V 220 V; grandeza em questão. Por convenção, o sentido
Ief = I = 0,707. IM = de rotação dos fasores é anti-horário e o módulo
Ief = 0,707 x 28,28 A = 19,99 A 20 A; do vetor é igual ao valor máximo da grandeza.
Vm = 0,637.VM = 0,637 x 311,1 V = 198,2 V; A cada instante de tempo (ou ângulo)
Im = 0,637. IM = 0,637 x 28,28 A = 18,0 A; considerado, o valor da grandeza é igual à
PM = IM2 .R = 28,28 A . 11 = 8797 W; projeção oy do vetor girante sobre o eixo
P = Pm = PM /2 = 8797W/2 = 4398,5 W vertical y.
O fasor é desenhado na posição em que
Também se pode calcular a potência ele se encontra no instante inicial da contagem
média do seguinte modo: de tempo, ou seja, quando t = 0 ou = 0. Na
fig.14.10a foi considerado que a posição inicial
P = (20 A)2.11 = 4400 W do fasor era horizontal para a direita, porém já
a) y
IM
y i IM
i i
= .t
o
0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º (º)
IM y
b) IM ref.
havia transcorrido algum tempo desde a sua diferente de zero conforme mostra a Figura
posição inicial. À medida que o tempo 14.11.
transcorre o vetor vai mudando de posição e a Em outras palavras, duas grandezas estão
sua projeção sobre o eixo vertical vai assumindo defasadas entre si quando elas, tendo a mesma
valores iguais ao da grandeza senoidal. frequência, não atingem os pontos notáveis
Note-se que a projeção oy é igual ao (valor máximo positivo, por exemplo)
cateto oposto ao ângulo ; portanto o seu valor é simultaneamente.
dado por: Ângulo de defasagem é o ângulo que
oy = IM. sen (14.15) decorre entre os instantes em que as grandezas
atingem os seus valores máximos positivos.
i = IM. sen (14.16) A soma de duas grandezas senoidais
defasadas pode ser feita instante a instante de
Observando a equação da projeção oy tempo ou pela soma dos fasores
percebe-se que ele é matematicamente igual à correspondentes.
equação da corrente senoidal que desejávamos Como se pode ver na Figura. 14.12, a
representar. soma fasorial (ou vetorial) é muito mais simples
e fornece as mesmas informações que a soma
Grandeza de referência é uma grandeza ponto a ponto sobre as senóides.
senoidal com mesma velocidade angular cujo As operações com fasores serão
valor é nulo no instante t = 0, ou seja, o seu extremamente úteis no trabalho com corrente
fasor está na horizontal apontando para a direita alternada. Observe-se que esses conceitos e
propriedades só são válidos para corrente
quando = 0.
alternada senoidal.
Na prática do trabalho com fasores
Na Figura 14.12 foi tomada uma corrente
representa-se a grandeza em questão
I2M = 3A adiantada de 90ºE de I1M = 4A. Pela
simplesmente por um vetor desenhado na sua
soma fasorial, usando o teorema de Pitágoras,
posição inicial com certo ângulo em relação à
descobre-se rapidamente que IRM = 5A e que o
horizontal, ou seja, em relação à referência. A
fig.14.10 b mostra a corrente i superposta com a ângulo de defasagem entre IR e I1 é que = arc
referência. tan(3A/4A) = 36,87ºE.
Uma grandeza que não tenha valor nulo Esses cálculos seriam bem demorados se
quando t = 0 está defasada em relação à fôssemos somando as duas ondas ponto a ponto,
referência, ou seja, possui um ângulo de fase ou seja, instante a instante de tempo.
I1M
i1
I2
I2M
I1 0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º (º)
I2
I1 ref.
As figuras foram feitas usando os valores eficazes das grandezas, o que nos permite obter
máximos das correntes, consequentemente a como resultado o valor eficaz da corrente
soma corresponde ao valor máximo da corrente resultante, que é o que desejamos na quase
resultante. totalidade dos casos. Isto equivale a desenhar
O procedimento mais usado é montar noutra escala o diagrama fasorial.
todo o diagrama fasorial com os valores
y
IR =
IR
I2 I2
I1
I1 0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º (º)
250
14.6 = 90º E = 4,17 ms
N
v
m
. I EM e = EM.sen t
m 0 /2 3 /2 2 (rad)
0º 90º 180º 270º 360º (º)
-EM
+ F
v
S
Fig.15.1 – Geração de f.e.m. alternada senoidal monofásica
XV - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
I3 . F2 . e
i
E2M
E1M E3M
m, m
0 /2 3 /2 2 m(rad)
F1 I1
0º 90º 180º 270º 360º m(º)
I2 F3
+ +
S Fig.15.3 – Geração de f.e.m. alternada senoidal trifásica
I3
E3
F2 I3
E1 E2 E3
F3
F1 I1
F2 I2 F3
E2 E1
I2 F1 I1
E3
120º E3
120º
120º
120º E1 E2
120º
120º E1
E2
Fig. 15.4 - Representações do sistema trifásico
XV - 4 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
1
IF1 1
Fonte Carga
EF1,IF1 IF1
4 IF1 4
6 IF3
5 IF2 5
EF3,IF3 IF2
EF2,IF2 6
IF2 IF3 2
3
2 3
IF3
Fig.15.5 - Alimentação de três cargas isoladas
1
IL1 1
EF1,IF1 VF1 IF1
EF
EL
4 4
IN= IL1+ IL2+ IL3
6 5 6 5
EF3,IF3 EF2,IF2 VF3 VF2
IL2 3 IF2 2
IF3
3 2
IL3
Fig. 15.6 - Fonte e carga conectadas em estrela
Sistemas monofásicos e polifásicos XV - 5
________________________________________________________________________________________________
Por outro lado, a corrente no neutro, pela redistribuir entre as fases, causando um
primeira lei de Kirchhoff, é igual à soma das desequilíbrio das tensões de fase, isso é, alguma
correntes das três linhas. fase apresentará sobretensão e outra subtensão, o
que poderá danificar alguns aparelhos.
IN = IL1 + IL2 + IL3 (15.5) Nesse caso, o neutro apresenta d.d.p. em
relação a terra podendo dar choques numa
IN = IF1 + IF2 + IF3 (15.6) pessoa que fizer contato com o mesmo.
A distribuição de energia pública se
Considerando-se que as cargas instaladas caracteriza como um circuito desequilibrado,
em cada fase sejam iguais em módulo e ângulo, pois cada consumidor pode ser monofásico,
tem-se correntes de mesmo módulo e defasadas bifásico ou trifásico.
de 120°E. Conforme mostra a Figura 15.7a, o Para que o circuito fique o mais
somatório dessas correntes dá zero, ou seja, a equilibrado possível nas fases, deve-se fazer o
corrente no neutro é nula. Nesses casos de seguinte:
circuito trifásico equilibrado, como não há a) Distribuir os consumidores monofásicos
corrente de neutro, este fio é dispensável. vizinhos entre as fases.
b) Evitar a ligação de grandes cargas na rede
monofásica (transformador de solda, motores
EF1 monofásicos grandes, grandes residências, etc).
c) Aterrar o neutro ao longo da linha de
IF1
distribuição e em cada medidor para garantir a
IN=IF3+IF1+IF = 0 IF1+IF2 continuidade do mesmo até o transformador pela
IF3 terra.
EF2 Deduziremos agora a relação entre as
tensões de fase e de linha da ligação estrela.
EF3 IF2
1
EF1 4
6 5
IN=IF3+IF1+IF2
EF3 EF2
IF1 IF1+IF2
IF3
3 2
IF2
EL23
EF1
b) circuito estrela desequilibrado
-EF3
Fig. 15.7 - Soma das correntes de fase para
obter a corrente de neutro 30o EL23=EF2+(-EF3)
No caso de circuitos trifásicos 30o
desequilibrados, a corrente no neutro não é nula
podendo, em casos raros, ser igual ou maior que EF2
a corrente de uma das fases. Nesses casos o uso EF3
do neutro é obrigatório. Se o neutro, num
circuito trifásico desequilibrado, for Fig.15.8b – Soma fasorial das f.e.m.s da fase para
interrompido, a corrente no neutro terá que se obtenção da f.e.m. de linha
XV - 6 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
IF3
IF2 5 3
5 3
VF2,IF2
VF3,IF3 VF2 VF3
IF2 IF3
2 6 IF3 2 IF1 6
4 1
IF1 4 VF1 1
VF1,IF1 IF1
IF2
Fig.15.9 - Alimentação de três cargas isoladas com gerador trifásico
16.1 - CIRCUITO RESISTIVO PURO Nesse caso pode-se aplicar a lei de Ohm
aos valores instantâneos das grandezas e obter a
equação da corrente.
16.1.1 – Relações para valores v VM .sen t logo:
instantâneos v VM .sen t VM
i .sen t
R R R
Embora não tenhamos, em geral, i I M .sen t (16.1)
circuitos que sejam totalmente puros há um
grande grupo de componentes que tem Nesta equação pode-se notar que quando
comportamento como se assim fossem. Nesse a tensão aplicada v for nula ( t = 0º; t =180º) a
grupo se destacam chuveiros, estufas, lâmpadas
incandescentes, resistores de uso em eletrônica, i
etc. v = VM.sen t
Na maioria dos casos tem-se um circuito + v -
composto de componentes reais (não-puros) que -
são modelados como dois ou três componentes
puros em série. Nesse item consideraremos
somente circuitos compostos de resistores puros 0º 90º 180º 270º 360º
apenas. Suponhamos então uma tensão i = IM.sen t
alternada senoidal aplicada sobre um resistor
puro.
Fig.16.1 – Tensão e corrente num circuito resistivo
puro
XVI - 2 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
Y v,i v = VM.sen t
i = IM.sen t
corrente o será e que quando a tensão for Dividindo-se (16.2) por raiz de 2 obtêm-
máxima ( t = 90º, t = 270º) a corrente será se os valores eficazes.
máxima também como era de esperar. IM VM
logo:
Observa-se na Figura 16.1 que as duas 2 2.R
grandezas estão em fase, isto é, seus valores
Vef V
respectivos ocorrem simultaneamente, ou seja, I ef I (16.3)
os valores máximos e nulos ocorrem no mesmo R R
instante.
Essas grandezas senoidais podem ser Assim temos a lei de Ohm para circuitos
representadas por vetores girantes (fasores). resistivos puros ligados em corrente alternada
O valor algébrico das projeções dos utilizando valores eficazes para as grandezas.
vetores sobre o eixo vertical (y) fornece os Quando trabalhamos só com fasores, não
valores instantâneos das grandezas. há problema nenhum em representá-los pelo
Se no instante t = 0 (início da valor eficaz da grandeza, em vez do valor
observação), os valores das grandezas são nulos, máximo (que não é quase usado). Isto equivale
os vetores são desenhados sobre o eixo a desenhar os fasores em escala, mais curtos.
horizontal ou de referência (x). Apesar de A vantagem é que o resultado de uma
sabermos que os vetores são girantes, na prática soma (operação muito comum neste assunto) já
de resolução de problemas abrevia-se a figura é valor eficaz da grandeza requerida e não o seu
acima desenhando-se apenas os fasores na sua máximo.
posição para o tempo t = 0.
I V Ref
PM
p(t)
Pméd=PM/2 Pméd=PM/2
VM
v(t)
IM i(t)
i(t)
i
i
i/ =0
/2 3 /2 2 (rad)
i/ =máx
i/ = -máx
i/ =0
VLM
. i = IM.sen vL = VLM.cos
VLM
i/ =0
.
i/ = -máx
IM /2 3 /2 2 (rad)
i/ =máx
i/ =0
A equação 16.15 mostra que a reatância Exemplo resolvido 16.3: Um indutor puro
indutiva (XL) depende das características do possuidor de resistência nula e uma indutância
circuito (representada pela indutância), mas de 40mH foi conectado direto a uma tomada de
também depende de uma característica da fonte 220 Vef e foi mantido ligado durante 24 h.
de alimentação (a sua frequência). Sabendo-se que a frequência da tensão é
Assim a reatância indutiva é diretamente 60 Hz pede-se calcular:
proporcional à frequência. Para frequências a) A reatância indutiva do indutor;
muito altas (f ) um indutor é considerado um b) A corrente eficaz através do indutor.
circuito aberto, porém para tensão contínua (f =
0) comporta-se como um curto-circuito. Solução:
Observar que um circuito RL, em a) XL = 2. .f.L = 2. .60Hz.40x10-3H = 15,08
corrente contínua, apresenta indutância. No
entanto, como f = 0, não há reatância (XL= 0) e a b) I = V/XL = 220 V/ 15,08 = 14,59 A
única oposição existente é a sua resistência.
O diagrama fasorial pode ser feito com 16.2.3 - Fluxo de energia. Potência
valores eficazes, em vez de valores máximos. instantânea e média
PM
IM p(t)
VM
v(t) i(t)
Pméd= 0
0 90º 180º 270º 360º t
no meio dos intervalos entre as potências nulas. Exemplo resolvido 16.4: Para o indutor do
Nos quartos de ciclo onde a tensão e a exemplo anterior deseja-se calcular:
corrente forem positivas ou negativas teremos a) A potência média dissipada num ciclo;
potência positiva e quando tiverem sinais b) A energia elétrica consumida nas 24 h;
opostos temos potência negativa. b) A potência máxima trocada entre a fonte e o
Utilizando-se conhecimentos de campo magnético.
trigonometria associados ao seno do arco duplo
temos: Solução:
sen 2 t 2.sen t. cos t logo: a) Pméd = 0; (Todo indutor puro tem
sen 2 t potência média nula)
sen t. cos t assim: b) E = Pméd. t = 0 (Todo indutor puro não
2
consome energia, mas sim a troca com a
sen 2 t VM .I M
p VM .I M . p .sen 2 t fonte)
2 2 c) PM = VEF.IEF = V.I = 220V.14,59A =
Tomando-se, por exemplo, t = 45º 3209,8 W
temos sen 2 t =1 e, portanto, p = PM logo:
VM .I M VM .I M
PM ou PM VEF .I EF
2 2. 2 16.3 - CIRCUITO CAPACITIVO PURO
e finalmente:
PM VEF .I EF ou PM V.I (16.17) 16.3.1 - Relações para valores
instantâneos
A potência média é nula, porque a
potência instantânea é função senoidal e Consideremos o circuito a seguir, dotado
significa que não existe transformação de um capacitor apolar, alimentado com corrente
irreversível de energia, ou seja, não há produção alternada.
de calor.
Pmed = 0 (16.18) + i +q
v C vc
Quando a corrente está crescendo (0º a - -q
90º e 180º a 270º) há fornecimento de energia
para o campo magnético (Wcmp = ½.L.i2). Fig.16.12 – Circuito capacitivo puro em CA
Quando a corrente fica constante ou nula,
o gerador não fornece energia ao campo A dedução das equações para capacitores
magnético. em CA parte da definição de intensidade de
Quando a corrente está decrescendo (90º corrente e da definição de capacitância.
a 180º e 270º a 360º) o gerador recebe de volta A intensidade da corrente num terminal
a energia que estava armazenada no campo de um capacitor é a razão entre a carga que passa
magnético. por ali em direção à placa positiva e o intervalo
Nos circuitos indutivos puros existe uma de tempo transcorrido. Essa carga é exatamente
constante troca de energia entre o gerador e o a que se acumulará na placa positiva do
campo magnético do indutor. Essa energia capacitor. Portanto:
denomina-se energia reativa, e no caso de
q
potência, é chamada de potência reativa. O i (16.19a) ou q i. t (16.19b)
assunto relacionado à potência em circuitos CA t
será analisado em capítulo específico no final
deste trabalho. Pela definição de capacitância temos a
relação entre a carga acumulada e a tensão entre
as placas.
Circuitos de CA monofásicos XVI - 9
________________________________________________________________________________________________
q C. v v Δv Δv
i i C. (16.22) Portanto: tan α
t t t Δθω.Δt
Δv Δv
Assim: ω. (16.27)
Essa equação mostra claramente que só Δt Δθ
haverá corrente num capacitor quando houver A corrente no capacitor ficará então:
mudança do valor da tensão entre as placas e o v v
i C. C. . (16.28)
valor da corrente dependerá diretamente da t
velocidade de variação da tensão ou taxa de
variação da tensão ( v/ t). Para calcularmos a intensidade da
Assim, quando a tensão está constante corrente num dado instante de tempo, ou melhor,
entre as placas ( v = 0), é sinal que as cargas num dado ângulo elétrico, tomemos um pequeno
estão imóveis nas placas, ou seja, não há entrada intervalo no entorno do ponto, por exemplo,
nem saída de corrente no capacitor. 0,01rd para cada lado, e calculemos a variação
Quando há mudanças rápidas na tensão da tensão entre esses dois pontos.
há uma mudança rápida da quantidade de cargas A corrente máxima ocorrerá na passagem
acumuladas nas placas, ou seja, grande da tensão por zero e o seu valor será dado por:
velocidade de saída ou entrada de cargas no
v
v
v/ =0
/2 3 /2 2 (rd)
v/ =máx
v/ =-máx
v/ =0
IM.
IM v = VM.sen i = IM.cos
v/ =0
v/ = -
máx
VM /2 3 /2 2 (rad)
v/ =máx
v/ =0
p(t) PM
VM
v(t)
IM
i(t)
i(t)
Pméd= 0
0 90º 180º 270º 360º t
Nos quartos de ciclo onde a tensão e a tensão num capacitor (VC) está atrasada da
corrente forem positivas ou negativas teremos corrente de 90°E. Sob quase todos os aspectos, o
potência positiva; e quando tiverem sinais capacitor se comporta de maneira contrária ao
opostos teremos potência negativa. indutor.
Utilizando-se conhecimentos de
trigonometria associados ao seno do arco duplo Exemplo resolvido 16.6: Para o capacitor do
temos: exemplo anterior deseja-se calcular:
sen 2 t 2.sen t. cos t Logo: a) A potência média dissipada num ciclo;
sen 2 t b) A potência máxima trocada entre a
sen t. cos t fonte e o campo magnético.
2
Solução:
sen 2 t
p VM .I M . a) Pméd = 0 (Todo capacitor puro tem
2 potência média nula) ;
VM .I M b) PM = VEF.IEF = V.I =
p .sen 2 t
2 PM = 127 V.1,197 A = 152,02 W.
Tomando-se, por exemplo, t = 45º
temos sen 2 t =1 e, portanto, p = PM, logo:
VM .I M VM .I M 16.4 - CIRCUITO RLC SÉRIE
PM ou PM VEF .I EF
2 2. 2
Chegando-se finalmente a: 16.4.1 - Quedas de tensão resistiva e
reativa
PM VEF .I EF ou PM V.I (16.33)
Os circuitos de C.A. podem conter
A potência média é nula, porque a componentes puros ou podem ter, como é
potência instantânea é função senoidal e normal, combinação de componentes puros em
significa que não existe transformação série ou até em paralelo. Geralmente um único
irreversível de energia, ou seja, não há produção componente real é desdobrado em um resistor
de calor. puro em série com um indutor puro e/ou em
Pmed = 0 (16.34) série com um capacitor puro, cujos
comportamentos já são conhecidos.
Quando a tensão está crescendo (0º a 90º Vejamos, por exemplo, um circuito-série
e 180º a 270º) há fornecimento de energia para composto por um resistor puro, um indutor puro
o campo elétrico do capacitor (Wcmp = ½.C.v2). e um capacitor puro.
Quando a tensão fica constante ou nula, a R I L C
fonte não fornece energia ao campo elétrico.
Quando a tensão está decrescendo (90º a + VR - + VL - + VC -
180º e 270º a 360º), o gerador recebe de volta
a energia que estava armazenada no campo
E
elétrico.
Nos capacitores puros existe uma
constante troca de energia entre o gerador e o Fig. 16.17 - Circuito RLC série
campo elétrico do capacitor. Essa energia
A corrente determina quedas de tensão
denomina-se energia reativa capacitiva, e no
em cada um desses componentes. Para cada um,
caso de potência é chamada de potência reativa
individualmente, já foram obtidas relações nos
capacitiva, de forma análoga ao que foi dito
itens anteriores. Como a corrente é comum a
para indutores puros.
todos os componentes, esta grandeza será usada
A queda de tensão num indutor (VL) está
adiantada da corrente de 90°E e a queda de
Circuitos de CA monofásicos XVI - 13
________________________________________________________________________________________________
VL
E ou V
VC
VR E ou V
I VX
VX
como referência para o traçado dos diagramas No caso da soma fasorial, deve-se
senoidais e fasoriais. colocar o início de um fasor na extremidade do
No resistor puro, a queda de tensão (VR) anterior e assim sucessivamente até o último.
está em fase com a corrente e seus valores A f.e.m. da fonte (ou a tensão total) será
eficazes estão relacionados por: obtida unindo-se o início do primeiro fasor ao
VR = I.R (16.35) fim do último. Como esse método é muito mais
fácil, só será usada a soma fasorial na análise de
No indutor puro, a queda de tensão (VL) circuitos elétricos de CA.
está avançada da corrente de 90°E e a relação
entre seus valores eficazes é: 16.4.3 - Lei de Kirchhoff para valores
VL = I. XL (16.36) eficazes. Impedância.
No capacitor puro, a queda de tensão A Figura 16.18b é conhecida como
(VC) está atrasada da corrente de 90°E e a triângulo das tensões e é muito útil para analisar
equação para o mesmo é: esses circuitos. Aplicando-se a 2a lei de
VC = I. XC (16.37) Kirchhoff sob forma fasorial, temos uma soma
de fasores:
16.4.2 - Representação senoidal e E V R V L VC (16.38)
fasorial das tensões
Ferramentas muito úteis na análise de
circuitos CA são a Trigonometria e o Teorema
Conforme a 2a lei de Kirchhoff, para de Pitágoras, uma vez que sempre
achar a f.e.m. da fonte (E) ou a tensão total (V), conseguiremos formar um triângulo retângulo
devemos somar todas as quedas de tensão. com os fasores. No exemplo temos, como um
Na Figura 16.18a temos cada queda de dos catetos, a queda resistiva (VR) e, como outro
tensão representada por uma senóide defasada da cateto, a resultante das quedas reativas UL e UC.
corrente, conforme a característica daquele tipo A hipotenusa (E) é obtida por Pitágoras.
de componente.
A queda Vx é a queda de tensão reativa E2 = VR2 + VX2 (16.39a)
(Vx = VL-VC). Para obter a resultante (E)
ou
devemos somar os valores instantâneos de cada
E = VR + (VL - VC)2
2 2
(16.39b)
curva. Notamos que o desenho deve ser feito em
escala com extremo cuidado.
XVI - 14 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
R I (Ref.)
I
+ VR - + VL - E
2 2
Fig.16.21 - Circuito RL série V VR VC
cat.adj. VR VR
cos (16.51)
Circuito Resistivo-Indutivo: O circuito não hipot . V E
contém nenhum capacitor e o equacionamento 2
torna-se mais simples. Z R2 XC
cat.adj. R
cos (16.52)
VL hipot . Z
E ou V
VR VR I (Ref.)
I (Ref.)
Z XL E ou V VC
R I (Ref.)
R I (Ref.)
VC VR I (Ref.)
V ou E
Vx
V ou E Vx
VR VL
VC
XL
R I (Ref.)
XC
Z
X
Z X
XL
R I
XC
Fig. 16.26 – Circuito com teor indutivo: a) Triângulo
da tensão b) Triângulo da impedância Fig. 16.27 – Circuito com teor capacitivo: a)
Triângulo da tensão b) Triângulo da impedância
Por análise dos triângulos retângulos,
usando Pitágoras e trigonometria, obtemos: Como predomina o teor capacitivo, a
V
2
VR VX
2 corrente (I) fica adiantada de um ângulo ( ) da
tensão (V), onde temos (0° < < 90°).
e Devido a essas duas possibilidades,
cat.adj. VR VR quando se informa o fator de potência deve-se
cos (16.53)
hipot . V E dizer se o mesmo é indutivo ou capacitivo.
Z R 2 X2 Geralmente, quando nada é dito, supõe-se que o
mesmo é indutivo.
e
cat.adj. R
cos (16.54) 16.4.5 - Circuito RLC série ressonante
hipot . Z
Como predomina o teor indutivo, a
VL
corrente (I) fica atrasada de um certo ângulo ( )
da tensão (V) de modo que (0° < < 90°).
I E =220V/60Hz
R2
Z1 XL1 2
R1 I (Ref.)
Z2
V ou E XC2
Z1 R1
2
X L1
2
10 2
7,540 2
12,52 VL1 = XL1.I = 7,540 . 8,658A = 65,28 V;
VC2 = XC2.I = 12,06 . 8,658A = 104,4 V;
2 2 2 2
Z2 R2 X C2 15 12,06 19,25
cat.adj. R1 10 V1 = Z1.I = 12,52 . 8,658A = 108,4 V;
cos 1 0,7987 ind V2 = Z2 .I = 19,25 . 8,658A = 166,7 V;
hipot . Z1 12,52
cat.adj. R2 15 d) Obtenção da frequência de ressonância série
cos 2 0,7792 cap
hipot . Z2 19,25 1 1
fR
b) Obtenção dos valores totais 2 LC 2 20x10 3 H.220 x10 6 F
Z (R1 R 2 ) 2 (X C 2 X L1 ) 2 f R 75,87Hz
Z (10 15)2 (12,06 7,540)2 25,41 ;
V 220V
I 8,658A; 16.4.6 - Fluxo de energia. Potência
Z 25,41 instantânea e média.
R1 R 2 10 15
cos 0,9839 cap
Z 25,41 Para obter a potência instantânea num
circuito RLC, multiplicam-se os valores
c) Cálculo das quedas de tensão parciais instantâneos da corrente e da tensão.
VR1 = R1 .I = 10 . 8,658A = 86,58 V; p = v. i = VM. sen t. IM. sen( t - )
VR2 = R2 .I = 15 . 8,658A = 129,9 V; p = VM. IM. sen t. sen( t - ) (16.59)
p1 PM1
P1med=V.I.cos
p2
PM2
V.I.sen
0 P2med=0
0º 90º 180º 270º 360º (º)
p
v
i
Pmed = V.I.cos
VM IM
i
o campo elétrico do capacitor. Nesse caso a 16.5. Para o caso do indutor puro da questão
contribuição do gerador será apenas a diferença 16.3, ligado em 60Hz, determine:
entre as energias destinadas ao indutor e ao a) O valor da potência instantânea máxima;
capacitor. b) O valor da potência média;
No caso de circuito RLC ressonante, a c) Os destinos da energia nos diversos
energia só é trocada entre o campo magnético do intervalos de tempo.
indutor e o campo elétrico do capacitor, porque a
quantidade de energia fornecida ao capacitor
num certo intervalo de tempo é igual à 16.6. Descreva como estão relacionadas a tensão
quantidade de energia liberada pelo indutor. e a corrente num capacitor puro (em módulo
Para o gerador, tudo se passa como se a e fase). Mostre através de gráfico senoidal e
carga fosse resistiva pura, ou seja, toda energia através de fasores.
que o gerador fornece é realmente consumida.
Questões e problemas:
R1 = 5 L1 = 10,7mH R2 =20 L2= 500mH
Circuitos RLC série
+ VR1 - + VL1 - + VR2 - + VL 2 -
Faça sempre a representação fasorial, + V1 - + V2 -
mesmo que não seja explicitamente pedido.
I = 10A E =? /60Hz
16.10. Uma bobina possui R = 3 e XL = 9,42
na frequência em questão. A tensão Circuito elétrico para o problema 16.14
aplicada é V=40 V eficazes. Calcule a
impedância, a corrente eficaz e o ângulo a) As impedâncias parciais e a total;
de defasagem. b) As quedas de tensão parciais;
c) Os fatores de potência parciais e a total;
16.11. Um circuito possui R = 20,0 e L= 0,05 d) A corrente e a capacitância equivalente
H e é percorrido por uma corrente eficaz aos dois capacitores.
de 0,6 A /60Hz. Determine a impedância,
tensão aplicada e o fator de potência.
R1 = 5 C1 = 250 F R2 = 8 C2= 100 F
16.12. Um técnico de manutenção desejava
ensaiar um reator convencional de + VR1 - + VC1 - + VR2 - + VC 2 -
+ V1 - + V2 -
lâmpada fluorescente para obter os seus
dados. Pegou uma bateria que dispunha e I E =220V/60Hz
aplicou no mesmo uma tensão contínua de
12,0 V, percebendo que a corrente era de
3,0 A. Depois ligou o reator rapidamente Circuito elétrico para o problema 16.15
numa tomada de 120 VEF/60 Hz e anotou a
corrente, que foi de 4,0 AEF. Calcule a 16.16 – Calcule as impedâncias, quedas de
resistência e a indutância do reator tensão, fatores de potência e ângulos de
descoberta pelo técnico. defasagem parciais conforme indicado na
figura abaixo. Obs: Desenhe o diagrama
16.13. Uma lâmpada incandescente de 127 V fasorial na ordem exata em que os
absorve uma corrente de 0,0635 A. Para componentes aparecem no circuito.
alimentá-la com uma rede de 220V/50 Hz
ligou-se um capacitor em série com a
mesma. Calcule a capacitância do XL1 = 15 R2 =10 XL2 = 25 R3 =20
capacitor, o ângulo de defasagem do + V1 - + V2 - + V3 -
conjunto e a queda de tensão nos bornes
do capacitor.
I = 10A E =? /60Hz
75% de carga. Veja folha de dados do motor Tabela 16.2 - Características de desempenho do motor da
na Tabela 16.2. Use a seguinte equação: câmara frigorífica.
Rendimento Fator de
I = Pmcv*736/(V. .cos ) onde todos os (%) potência (%)
valores se referem a 75% de carga; Carregamento 50 75 100 50 75 100
b) Entre os condutores apresentados na (%)
Pot. 10 75 79 81 67 75 86
Tabela 16.1, aquele possível de ser utilizado (cv)
para ligar o gerador elétrico à câmara
frigorífica de modo que o condutor
suportasse a corrente do motor e o mesmo
recebesse 220 V em seus terminais de
ligação;
c) O valor da tensão a ser ajustada no
gerador elétrico a fim de que a câmara
frigorífica fosse alimentada com 220 V.
Seção (mm2) Imáx (A) R ( /km) XL ( /km) Para o circuito paralelo, no entanto, o
6 34 3.69 0.13 cálculo direto da impedância é extremamente
10 46 2.19 0.13 difícil e utiliza, na maioria dos casos, o
16 61 1.38 0.12 conhecimento dos números complexos.
25 80 0.87 0.12 Nos casos de circuitos em paralelo
35 99 0.63 0.11
50 119 0.47 0.11
alimentados em CA, deve-se lançar mão de
70 151 0.32 0.10 novos conceitos como será visto a seguir.
95 182 0.23 0.10 No circuito da Figura 16.31, temos duas
120 210 0.19 0.10 correntes parciais, uma em cada ramo. A
150 240 0.15 0.10 corrente, no ramo indutivo, está atrasada da
tensão de um ângulo 1 em relação à tensão.
XVI - 24 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
I IB
Para o ramo 2, por semelhança, IBL1 I2 IBC2
observamos o seguinte: I1 2 IG2
IG V(Ref)
2 2 R2 V
Z2 R2 X C 2 ; cos 2 ; I2 (16.68)
Z2 Z2
IB
I
As correntes nos dois ramos não podem
ser somadas aritmeticamente devido à Fig. 16.33 - Gráfico fasorial das correntes
defasagem entre as mesmas e a tensão serem
diferentes. No ramo indutivo, as componentes de
No entanto, podem-se achar as corrente em fase com a tensão (IG) e defasadas
componentes de corrente em fase com a tensão da tensão (IB) são calculados por trigonometria.
(componentes ativas - IG), as componentes de
E ou V
IG2
IBC2 IBL1
IG1
IG1 = I1 . cos 1; IBL1 = I1 . sen 1 (16.69) componente ativa da corrente no circuito. Ela
expressa a facilidade que o circuito oferece à
No ramo capacitivo, por semelhança, passagem da corrente ativa. Ela é calculada
temos: assim:
IG2 = I2 . cos 2; IBC2 = I2 . sen 2 (16.70)
R1 R2
g1 2 (16.75a) e g2 2 (16.75b)
A corrente total é obtida por Pitágoras. Z1 Z2
I (I G1 I G 2 ) 2 (I BL1 I BC 2 ) 2 (16.71)
Sua unidade é o Siemens (S) ou mho ( )
(Ohm invertido).
O fator de potência total é obtido do
triângulo das correntes.
A componente reativa da corrente
(componente atrasada ou avançada de 90°da
Cat . adj. a I G1 I G 2 IG tensão) é obtida pelo mesmo raciocínio.
cos (16.72)
Hipot . I I Para o ramo indutivo temos:
X L1 V
I BL1 I1. sen 1; sen 1 e I1
De modo análogo ao circuito série, o Z1 Z1
fator de potência relaciona a componente
V X L1
resistiva da corrente com a corrente total. I BL1 . ou melhor:
Z1 Z1
16.5.3 - Condutância, susceptância e X
I BL1 V. L21 e I BL1 V.bL1 (16.76)
admitância Z1
1
I V. (g1 g 2 ) 2 (b L1 bC 2 ) 2
Y b
bL1 Y2 bC2
I V.Y (16.79) Y1 2 g2
2 2 2 2
Z1 R1 X L1 3,0 4,0 5,0 ; IG2 = V. g2 = 100 V. 0,080 S = 8,0 A
2 2 2 2 IBC2 = V. bC2 = 100 V. 0,060 S = 6,0 A
Z2 R2 XC2 8,0 6,0 10,0 2 2
I2 IG 2 I BC 2 8,0 A 2 6,0 A 2 10,0 A
3. Cálculo dos fatores de potências parciais. cos 2 0,80 cap;
I (IG1 IG 2 ) 2 (I BL1 I BC 2 ) 2
R1 3,0 Ω
cos 0,60 ind ;
1
Z1 5,0 Ω I (12,0A 8,0A) 2 (16,0A 6,0A)2 22,36 A
1 arc cos(0,60) 53,13o
5.1 - Outra maneira: Cálculo das correntes pelas
R2 8,0 Ω admitâncias
cos 2 0,80 cap;
Z2 10,0 Ω
arc cos(0,80) 36,87o I1 = V.Y1 = 100Vx0,200 S = 20 A;
2
I2 = V.Y2 = 100Vx0,100S = 10A;
I = V.Y = 100Vx0,2236 S = 22,23 A
4. Cálculo das condutâncias, susceptâncias e
admitâncias.
6. Cálculo do fator de potência total.
R1 3,0 Ω
g1 0,120 S; g g1 g 2 0,120 S 0,080 S
Z1
2
(5,0 Ω) 2 cos
Y Y 0,2236 S
X L1 4,0 Ω
b L1 0,160 S; 0,200 S
Z1
2
(5,0Ω) 2 cos 0,894 ind ;
0,2236 S
2 2
Y1 g1 bL1 0,120 S 2 0,160 S 2 0,200S ; IG IG1 IG 2 12,0 A 8,0 A
cos
I I 22,36 A
R2 8,0 Ω 20,0 A
g2 0,080 S; cos 0,894 ind ;
Z2
2
(10,0 Ω) 2 22,36 A
X C2 6,0 Ω 7. Equivalente série do circuito paralelo.
bC2 0,060 S;
Z2
2
(10,0 Ω) 2 1 1
Zeq Z 4,472 ;
2 2 Y 0,2236 S
Y2 g2 bC 2 0,080 S2 0,060 S2 0,100S
g 0,200 S
R eq 2
4,000
g = g1 + g2 = 0,120 S + 0,080 S = 0,200 S Y (0,2236 S) 2
b = bL1 + bC2 = 0,160 S - 0,060 S = 0,100 S
b 0,100 S
X eq 2,000
Y (g1 g 2 ) 2 (b L1 bC 2 ) 2 Y2 (0,2236 S) 2
R eq 4,000 ;
Y (0,120S 0,080S)2 (0,160S 0,60S)2 cos eq 0,894 ind
Zeq 4,472
Y 0,2236 S
XVI - 30 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
16.38. Uma instalação monofásica provisória de c) O fator de potência desta corrente visto
um levante para irrigação necessita pelo transformador;
alimentar um grupo de máquinas de solda, d) A tensão nos terminais do banco de
esmerilhadeiras, lâmpadas, etc. O local dista capacitores.
250m do transformador de uma granja de
onde vem uma linha aérea composta de fase
e neutro com condutores de 150mm2
(Método de referência F/2 condutores
carregados). Como as máquinas solicitavam
da linha uma corrente de 580 A, os
condutores aqueciam muito e produziam
muita queda de tensão. Como não havia
condutores mais grossos, um eletricista
prático colocou um condutor de 50 mm2 em
paralelo com cada condutor de 150 mm2.
Supondo a tensão de 220 V no
transformador e observando os dados da
tabela abaixo faça o que se pede:
a) Calcule a admitância de cada condutor e a
total.
b) Calcule a queda de tensão entre o início e
o fim da linha, em Volts e porcento da
tensão inicial.
c) Calcule a corrente em cada condutor e
verifique se algum deles será
sobrecarregado.
d) Justifique porque a soma aritmética das
correntes dos condutores é maior do que a
total.
16.15 - Xc1 = 10,61 , Xc2 = 26,53 , 16.26: Somente quando tiverem o mesmo fator
Z1 = 11,73 , Z2 = 27,71 , de potência, pois assim a soma aritmética é igual
à soma fasorial. Faça os gráficos e verá.
Z = 39, 35 , cos 1 = 0, 426 cap,
cos 2 = 0,289 cap, cos = 0,330 cap,
16.27: Nunca. Em circuitos em paralelo nunca
I = 5,591 A, Ceq = 71,42 F, V1 = 65,58 V, somamos impedâncias como fazemos no circuito
V2 = 154,92 V série. Isso é um erro comum entre os estudantes.
O certo é que quanto mais componentes houver
16.16 - Z1 = 15 ; Z2 = 26,93 , Z3 = 20 , em paralelo, menor será a impedância.
Z = 50 , cos = 0,6 ind (53,13º)
cos 1 = 0 ind (90°), cos 2 = 0,371 ind (68,22°), 16.28: a) g = R/Z2 mas no circuito resistivo puro
cos 3 = l (0°) Z = R logo g = R/R2 assim, neste caso, g = 1/R.
XVI - 34 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
16.38:
16.30: a) Y1 = 4,357 S; Y2 = 10,832 S; Y = 14,974 S;
cos 1 = 0,80 ind; cos 2 = 0,60 ind; b) V = 38,73 V; 17,60% > 7% (Queda ainda
cos = 0,741 ind muito alta!)
Y1 = 0,200 S; Y2 = 0,100 S; Y = 0,297 S; c) I1 = 168,7A < 196 A (Ok!);
I1 = 20,0 A; I2 = 10,0 A; I = 29,7 A; I2 = 419,5A > 406 A (Sobrecarrega!)
Zeq = 3,367 ; Req = 2,494 ; Xeq = 2,267 ; d) I = 580A; |I1|+|I2| = 168,7 A +419,5 A =
588,2 A I1 está defasada de I2;
16.31: a) I = 4,023 A; cos = 0,507 ind;
b) g = 9,28 mS; bL = 15,76 mS 16.39: a) REQL = 0,06678 ; XEQL = 0,03287 ;
b) I = 75,468 A;
18.32: Y = 9,627 mS; cos = 0,9640 ind; c) cos TR = 0,0229 cap;
I = 2,118 A. d) Vc = 222,4 V.
16.35:
cos 1 = 0,9844 i; cos 2 = 1,0; cos 3 = 0 i;
cos = 0,8252 i
Y1 = 116,1 mS; Y2 = 25,0 mS; Y3 = 75,0 mS;
Y = 168,8 mS;
I1 = 14,74 A; I2 = 3,175 A; I3 = 9,525 A;
I = 21,44 A;
Zeq = 5,923 ; Req = 4,889 ; Xeq = 3,346 ;
16.36:
cos 1 = 0,60 i; cos 2 = 0 i; cos 3 = 1;
cos 4 = 0 c;
Y1 = 200,0 mS; Y2 = 200,0 mS; Y3 = 125,0 mS;
Y4 = 250,0 mS;
I1 = 44,0 A; I2 = 44,0 A; I3 = 27,5 A;
I4 = 55,0 A;
cos = 0,912 i; Y = 269,0 mS; I = 59,18 A;
Zeq = 3,717 ; Req = 3,390 ; Xeq = 1,525 ;
Capítulo XVII – POTÊNCIA E ENERGIA EM CA
+ VR - + VL -
Pode-se multiplicar o gráfico das tensões
pela corrente e obtém-se um triângulo
I semelhante, porém com dimensão de potência,
E ou V como mostra a Figura 17.2.
VR EA = P. t (17.3)
I (Ref.)
I1 Z2 XC2
R2 = 8,0 XC2 = 6,0
VR2
I2 I2
2
I V=220V/60Hz
V2 VC2
Circuito para o exemplo 17.3
P2
Solução: Tratando o ramo 1 como um circuito
I2
série temos: 2
2 2 2 2 S2 QC2
Z1 R1 X L1 3,0 4,0 5,0
V 220V Gráficos para o exemplo 17.3
I1 44 A
Z1 5,0 2 2 2 2
R1 3,0 Z2 R2 XC2 8,0 6,0 10,0 ;
cos 1 0,60 i; V 220V
Z1 5,0 I2 22 A
arc cos(0,60) 53,13o Z2 10,0
1
X L1 4,0 R 2 8,0
sen 0,80 i; ou sen 1 0,80 i cos 2 0,80 c
1
Z1 5,0 Z2 10,0
Potência e energia em CA XVII - 7
________________________________________________________________________________________________
2 P2 S1 QL1
S1 QL1 QC2
Gráficos para o ramo 1 do exemplo 17.4
2 2
Z1 R 1 X L1 3,0 2 4,0 2
5,0 ;
1
P1 I (Ref)
R1 3,0 Ω
cos 1 0,60 ind ;
Z1 5,0 Ω
Gráfico para o exemplo 17.3
1 arc cos(0,60) 53,13o
Pt = P1 + P2 = 5808 W + 3872 W = 9680 W
Pt = 9,680 kW R1 3,0 Ω
g1 0,120 S;
Z1
2
(5,0 Ω) 2
QT = QL1 - QC2 = 7744VAr -2904VAr =
X L1 4,0 Ω
4840VAri b L1 0,160 S;
Z1
2
(5,0 Ω) 2
QT = 4,840 kVAri Y1 g1
2 2
bL1 0,120 S 2 0,160 S 2 0,200S ;
2 2
ST PT QT 9680 W 2 4840VAr 2 IG1 = V.g1 = 220V x 0,120 S = 26,4 A
IBL1 = V. bL1 = 220V x 0,160 S = 35,2 A
ST 10.822 VA 10,822 kVA
I1 = V.Y1 = 220V x 0,200 S = 44,0 A;
PT 9680 W
cos T 0,8945 ind S1=V.I1= 220V.44,0 A = 9680 VA = 9,680 kVA
ST 10.822VA
P1 = V. I1 .cos 1 = V.IG1 = 220 V x 26,4 A
P1 = 5808 W = 5,808 kW
ST QT
2 g2 V S2
S1 QL1 QC2
2
I2 IBC2 P2
causam aumento espontâneo da tensão. Neste potência reativa que será a diferença entre elas,
caso a multa ocorre para fatores de potência prevalecendo a maior.
inferiores a 0,92 capacitivo. A potência ativa consumida pela
O faturamento da energia reativa instalação não é alterada porque os capacitores
excedente (multa por baixo fator de potência) comerciais comportam-se praticamente como
será mais bem abordado no capítulo seguinte, capacitores ideais. No entanto, a potência
mas, para consumidores de BT, pode ser aparente fica reduzida e, em consequência, a
calculado por: corrente fornecida pela rede fica
proporcionalmente menor.
0,92 Algumas pessoas leigas chamam, e com
FER ( 1). E A .TER (17.25c) razão, os capacitores de compensação reativa de
fpm
"economizadores de corrente”, porque é isto
que eles acabam fazendo.
Onde: FER = Faturamento de energia reativa Tomemos uma carga com teor indutivo
excedente para fpm < 0,92 (R$); como a da Figura 17.7.
EA = Consumo de energia ativa (kWh);
TER = Tarifa de energia reativa
(R$/kWh); I IG g
fpm = Fator de potência medido. IB b
Este valor é somado ao faturamento da
energia ativa. V
Como se pode ver, quanto mais baixo for
o fator de potência, maior será o preço a ser IG V
pago para a mesma energia ativa consumida.
Isso força os consumidores a corrigir o
seu fator de potência para, no mínimo, 0,92 ind
das 6h às 24h e para 0,92 cap das 0h às 6h.
I IbL
I1 IG1 g
IBL1 bL S1 QL1
D
Solução: Olhando-se para a Figura 17.9 obtém- monofásicos com a ligação realizada
se: externamente.
P 550 W Para especificar capacitores para
a) S1 1100 VA 1,10 kVA correção de fator de potência geralmente é
cos 1 0,50
suficiente fornecer o número de fases, a tensão
S1 1100 VA
b) I1 5,0 A de linha, potência reativa total e frequência.
V 220 V Nesse caso a capacitância dos
c) 1 = arc cos (0,5) = 60º ind; capacitores de cada fase só será conhecida se
sen 1 = 0,866; tan 1 = 1,732 tivermos conhecimento das conexões internas
QL1 = S1 . sen 1 = 1100 VA x 0,866 = dos mesmos. Sabendo-se a potência reativa
QL1 = 952,6 VAr ind. capacitiva de cada fase do capacitor trifásico e a
tensão por fase (que depende do tipo de
d) = arc cos (0,92) = 23,07º ind;
2
agrupamento) pode-se chegar à capacitância
sen 2 = 0,3919; tan 2 = 0,4259 equivalente dos capacitores de uma fase
QL2 = P . tan 2 = 550 W x 0,4259 = adequando a eq.17.28 para uma fase.
QL2 = 234,2 VAr ind. QCF = VF2.2. .f.CF
e) QC = QL1 - QL2 = 952,6 VAr – 234,2 VAr = CF = QCF/( VF2.2. .f) (17.30)
QC = 718,4 VAr cap
QC = P.(tan 1 - tan 2) = Onde: QCF = Potência reativa de uma fase
QC = 550 W.(1,732 - 0,4259) = (VAr) (QCF = QCT/3);
QC = 550 W.(1,3061) = 718,4 VAr cap CF = Capacitância por fase (F);
P 550 W VF = Tensão por fase do grupo de
f) S2 597,8 VA; capacitores (V) (depende do tipo de
cos 2 0,92
conexão).
S2 597,8 VA I2 2,72 A
g) I 2 2,72 A; 0,543
V 220 V I1 5,00 A Uma alternativa para correção do fator de
h) C = QC/ (V2.2. .f) = potência, ou reduzir o ângulo de defasagem
C = 718,4 VAr/(220V2. 2. . 60Hz) = entre e tensão e a corrente, é aumentar o
C = 39,37x10-6 F = 39,37 F consumo de potência ativa mantendo a potência
___________________________________ reativa constante.
Agora teremos capacitores trifásicos, Fig. 17.11 – Redução de defasagem por aumento de
ligados internamente em triângulo ou estrela potência ativa
(raramente), ou um banco de capacitores Em aplicações industriais esta opção não
Potência e energia em CA XVII - 15
________________________________________________________________________________________________
AT
TR
BT
Contro-
lador FP
C3 C1 C2
M C4
Cargas sem correção
Grupo com correção
Fig. 17.12 - Localizações dos capacitores
XVII - 16 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
As contas de energia elétrica sempre capacitores para manter o fator de potência entre
trazem a energia ativa consumida (kWh), a o mínimo (0,92) e o máximo (de 0,97 a 1,0).
energia reativa (kVArh), fator de potência e a Numa instalação mais simples pode-se
demanda ativa máxima (kW). colocar um interruptor horário (timer) para
Nos consumidores de AT médios e desligar o banco, todo ou em parte, entre 0h e
grandes, o medidor da concessionária é digital e 6h, para evitar multa por f.p. capacitivo e para
podemos obter junto à mesma, por um pequeno evitar sobretensão.
custo, uma memória de massa de um mês (ou No caso de instalações de AT pequenas
mais meses, se quisermos), onde estão onde a medição é feita por medidores
registrados os consumos de 15 em 15 minutos eletromecânicos as contas de energia elétrica
ao longo do mês. trazem a energia ativa consumida (kWh), a
Procura-se a hora do mês onde houve o energia reativa (kVArh), fator de potência e a
maior consumo ativo e determina-se o fator de demanda de ativa máxima (kW) relativas a um
potência horário através de: mês.
Nesse caso o fator de potência é
ER h ER h calculado pela concessionária pela média
tan mh ; mh arc tan (17.31) mensal, e não horária, usando para tanto o
EAh EAh
consumo ativo e o consumo reativo mensal.
Onde: EAh = Energia ativa de uma hora
ER m ER m
(kWh); tan m ; m arc tan (17.34)
ERh = Energia reativa de uma hora EAm EAm
(kVArh).
Onde: EAm = Consumo de energia ativa de um
A potência média na hora em questão mês (kWh);
(demanda ativa horária) é obtida pela divisão do ERm = Consumo de energia reativa de um
consumo pelo intervalo de tempo que é de uma mês (kVArh).
(01) hora logo:
Nesse tipo de consumidores não há multa
E A (kWh ) E R (kVArh ) por fp capacitivo na madrugada, uma vez que
Pmh ; Qmh (17.32) não há condições para medição apropriada.
1h 1h
A média calculada ao longo do mês, ou
mesmo no período de operação da instalação,
Onde se percebe que a potência média é
pode levar a um valor relativamente pequeno de
numericamente igual ao consumo daquela hora.
potência, devido à dificuldade de identificar e
De posse da potência ativa média horária
descontar os períodos de não-operação. Deve-se,
e do cos h (atual) e do cos 2 (desejado) pode-se em termos de segurança, utilizar a demanda
obter a potência do capacitor. máxima medida no mês típico e projetar a
correção para o fator de potência mínimo (0,92
Qc = Pmh.(tan h - tan 2) (17.33) ind).
Qc = DAmáx.(tan m - tan 2) (17.35)
Esse capacitor fica correto para esse
estado de carga, porém quando a carga diminuir Nos meses e horários de menor consumo
o fator de potência irá para valores mais o capacitor será excessivo e levará o fator de
próximos da unidade ou mesmo ficar capacitivo. potência para próximo da unidade ou torná-lo
O ideal é fracionar esse banco de capacitivo.
capacitores em torno de seis unidades menores e O ideal é fracionar o banco em unidades
usar um controlador automático de fator de menores e usar um controlador automático de
potência que irá ligar a quantidade certa de fator de potência para gerenciar a quantidade
XVII - 18 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
certa de potência reativa capacitiva para manter Exemplo resolvido 17.10: Uma pequena
o fator de potência entre o mínimo (0,92) e o oficina, alimentada por uma rede trifásica em
máximo (de 0,97 a 1,0). 380V/60Hz, recebeu, na sua conta de energia,
Numa instalação mais barata pode-se mais um elemento: faturamento de energia
colocar um interruptor horário (timer) para reativa excedente.
desligar o banco, total ou parcialmente, nos Um técnico da área de eletricidade foi
horários de não operação para evitar chamado para analisar o problema e constatou
sobretensão. Se a sobretensão é pequena, pode- que era multa por baixo fator de potência. No
se manter o banco ligado permanentemente, uma outro dia, às 7h30min, foi na caixa de medição e
vez que não haverá multa. anotou a leitura dos medidores de energia ativa e
Nas instalações de BT não há medição reativa obtendo respectivamente: 17760 kWh e
de demanda. A avaliação mais fácil será a 23520 kVARh e anotou as constantes dos dois
medição da energia ativa e reativa no início e no medidores (que era 1,0). Às 17h30min voltou ao
final de um dia típico de trabalho conforme o local e anotou novamente as leituras: 17960kWh
Exemplo Resolvido 17.2 e 17.10. Usando o e 23670kVArh. Depois se certificou de que era
mesmo método, é interessante analisar também um dia normal de funcionamento e que, após o
o período fora de operação, para confirmar se os expediente, não ficava nenhuma carga ligada.
seus consumos podem ser desprezados ou não. Supondo que você era esse técnico, calcule, no
Com as equações abaixo obtemos o fator horário de operação diário da oficina, o valor:
de potência médio e a potência ativa média no a) Da energia ativa e da energia reativa
horário de operação. consumida;
E R op ER b) Do fator de potência médio;
tan op ; op arc tan op (17.36) c) Da demanda ativa e da demanda reativa
E A op E A op
média;
d) Da potência reativa de um capacitor para
E A op corrigir o fp para 0,92ind no horário de operação.
Pop (17.37)
t op
Solução:
a) EAop = (Leit.atual – Leit. Ant.) x Cte kWh =
Onde: EAop = Consumo de energia ativa de um (17960 - 17760) kWh x 1,0 = 200 kWh
intervalo de operação diário (kWh); ERop = (Leit.atual – Leit. Ant.) x Cte kVArh =
ERop = Consumo reativo de um intervalo (23670 -23520) kVArh x 1,0 = 150kVArh
de operação diário (kVArh); ER
Pop = Potência ativa média de um b) op arc tan op
intervalo de operação diário (kW); E A op
top = Tempo de operação (h). 150kVArh
op arc tan arc tan (0,75) 36,97o
200 kWh
Assim podemos calcular o capacitor para
corrigir o fator de potência para o período de fpop cos opcos(36,87o ) 0,80 i
operação com a equação já vista. E A 200kWh
c) DAm Pm 20,0kW;
Δt 10h
Qc = Pop.(tan op - tan 2) (17.38) E R 150kWh
DRm Q Lm 15,0kVAr;
Δt 10h
Para esse caso o mais comum é manter o arc cos(0,92) 23,07o tan 2 0,4260
2
banco sempre ligado o que torna o fator de
d) QC DA m (tanφ op tanφ 2 )
potência capacitivo no horário fora de operação.
Não haverá incidência de multa, mas Qc 20,0kW(0,75 0,426) 6,48kVAr
devemos verificar se não ocorrerá sobretensão Especificação: capacitor trifásico de 360V/60
em algum momento. Hz, 6,5 kVAr.
Potência e energia em CA XVII - 19
________________________________________________________________________________________________
I2
17.1. Defina potência ativa, reativa, aparente e bC = 0,320S
fator de potência. I3
I 110V/60Hz
17.2. Classifique os usos da energia em C.A. e
cite os fatores de potência típicos dos Figura para o problema 17.6
equipamentos para cada uso.
17.8. Uma pequena indústria funciona na média
17.3. Numa instalação, medindo com um 8 h por dia e 24 dias por mês. Num mês
wattímetro, obteve-se 8,0 kW e com um típico, o medidor de energia ativa marcou
varímetro, 6,0 kVAr indutivo. Qual o fator 4000 kWh e o medidor de energia reativa
de potência e a potência aparente? marcou 3000kVArh. Calcular a potência
ativa, reativa e aparente e fator de potência
médios nos períodos em que funcionou.
17.4. Calcular o fator de potência e a potência
aparente de instalação monofásica em que
se mediu com um voltímetro, 380 V, com 17.9. Supondo que a indústria da questão 17.8
um amperímetro 100 A e com um possui alimentação monofásica de 220V /
wattímetro 35 kW. 60 Hz, calcular o valor médio da corrente
eficaz no período trabalhado.
17.5. Calcule a potência ativa, reativa (indutiva, 17.10. Um aquecedor resistivo trifásico para
capacitiva e resultante) e aparente e o fator piscina tem uma potência de 200 kW e é
de potência do circuito abaixo. alimentado por uma rede de 380 V de linha.
R = 4,0Ω XL=9,0Ω XC= 6,0Ω Calcule:
a) A potência ativa, reativa e aparente;
b) A corrente de linha;
I
c) A corrente de fase se a conexão for Y;
d) A corrente de fase se a conexão for .
110V/60Hz
Figura para o problema 17.5 17.11. Uma rede trifásica de 220 V de linha
alimenta um motor trifásico ligado em Y
que absorve 10,0 kW sob f p = 0,866 ind. e
17.6. Calcular as potências para o circuito um sistema de iluminação equilibrado com
abaixo onde as características do circuito lâmpadas incandescentes ligado em
são expressas em termos de facilidades. triângulo cuja potência total é 5,0 kW.
Calcule:
17.7. Calcular o fator de potência e a potência
aparente de uma instalação trifásica em que a) A corrente de fase do motor e das
se mediu com um wattímetro 850 kW e com lâmpadas;
um varímetro 300 kVAr.
XVII - 20 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
17.14. Um motor ligado em triângulo tem uma 17.17. Calcular a potência reativa de um
resistência por fase de 20,0 Ω e uma capacitor para ser instalado em paralelo com
reatância indutiva por fase de 15,0 Ω. Esse o circuito da questão 17.5 para corrigir o
circuito é ligado a uma rede de 380 V entre fator de potência para 0,85 ind.
linhas. Calcule:
a) Os parâmetros do circuito equivalente em
estrela; 17.18. Calcular a potência reativa de um indutor
b) A corrente de linha; para ser instalado em paralelo com o
c) O fator de potência e as três potências do circuito da questão 17.6 para corrigir o f.p.
triângulo. para 1,00.
Mês/ano Energia ativa Energia reativa Demanda Dem.ativa Dem. reativa cos méd
máx média média
(per.operação) (per.operação) (per.operação)
kWh kVArh kW kW kVAr
abr/06 17.760 23.520 120
mai/06 21.540 23.940 135
jun/06 18.433 23.647 148
jul/06 19.020 24.100 152
ago/06 17.050 23.047 111
set/06 17.450 23.001 112
out/06 18.500 23.700 125
nov/06 16.050 21.090 110
dez/06 17.550 22.100 114
jan/07 20.190 24.170 135
fev/07 20.700 25.710 140
mar/07 16.957 25.735 110
médias
XVII - 22 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
- Consumo de energia ativa (kWh): preço a) Um preço para ponta, período úmido
único para ponta e fora de ponta (R$/kWh). (R$/kWh);
b) Um preço para fora de ponta, período
Aplicação: consumidores do grupo A com úmido (R$/kWh);
tensão menor do que 69 kV e demanda c) Um preço para ponta, período seco
contratada entre 30 e 150 kW que não tenham (R$/kWh);
optado pela tarifa horossazonal. d) Um preço para fora de ponta, período seco
Medição: medidor de energia microprocessado (R$/kWh).
e medidor de energia ativa a disco (como
retaguarda) ou medidor de energia ativa com Aplicação: é sempre opcional aos consumidores
disco e ponteiro de demanda máxima e medidor do grupo A, com tensão inferior a 69 kV e com
de energia reativa a disco (em extinção). demanda superior a 30 kW.
DLp isento
DCp
Por posto horário, a Demanda Máxima Nota: a) Grupo A: estes cálculos só podem ser
Corrigida Reativa e a Unidade de Faturamento aplicados a estes consumidores se houver
de Demanda Reativa são definidas medição permanente do fator de potência;
respectivamente por: b) Grupo B: a concessionária, de forma
facultativa, pode medir o FPm desde que seja por
n( p)
0,92 medição permanente .
DMCR ( p ) max DAT ( p ) . (18.16a)
T 1 FPT ( p ) Considerações finais:
0,92
FDR DA . DF .TDR (18.18)
FPm
TDAp TDAf TUp TUf TDR TEAps TEApu TEAfs TEAfu TER
R$/kW R$/kW R$/kW R$/kW R$/kW R$/kWh R$/kWh R$/kWh R$/kWh R$/kWh
BT 0,28099 0,10325
AT-Convencional - 21,16 - 42,32 7,34 - - 0,13321 - 0,10325
AT-THS -Verde 7,34 14,68 7,34 0,69130 0,67374 0,11366 0,10325 0,10325
AT-THS - Azul 30,03 7,34 60,06 14,68 7,34 0,18651 0,16892 0,11366 0,10325 0,10325
Tarifas típicas de Consumo (R$/kWh) - Subgrupo A4 – Industrial
Industrial 0,691
0,674
BT
Residencial ps pu
comum
0,281 0,281
0,187
0,169
0,133 Energia
reativa
ps pu 0,114 0,103 0,114 0,103 0,103
fs fs fu TER
fu
Conven- TUp
cional
TU
30,03
TDp
21,16
TD Demanda
14,68 14,68
reativa
TUfp TU
7,34 7,34 7,34
TDfp TD TDR
FERfp = UFERfp.TER 60
FERfp=9792,68kWh.0,10325 R$/kWh = R$1011,09
40
0,92 0,92
U FER p 1 EA p 1 14.171kWh Curva B
FPp 0,82 20
U FER p 0,1220 . 14.171kWh 1728,86 kWh 0
FERp = UFERp.TER = 0 6 12 18 24 h
FERp=1728,86kWh.0,10325 R$/kWh= R$ 178,50 Figura para o problema 18.4
FER = FERfp+FERp =R$ 1907,36
0,92 18.5. Descreva o significado de período seco e
U FDR .D A D F período úmido, horário de ponta e fora de
FP ponta. Cite as razões pelas quais as
0,92 concessionárias necessitam adotar os
U FDR .255 255 . kW 31,11kW
0,82 segmentos horossazonais.
FDR U FDR .TDR 31,11kW.7,34R$ / kW
18.6. Trace no gráfico abaixo, uma curva de
FDR R$ 228,35 demanda em que ocorra a seguinte situação:
FT = FEA+FD+FU+FER+FDR = R$ 22.800,16 Ponta: 40 kW, Fora de ponta = 60 kW.
XVIII - 10 Eletricidade, magnetismo e consequências
___________________________________________________________________________________________________________
18.8. Diferencie tarifa horossazonal azul de 18.17. Certa unidade consumidora necessita
tarifas horossazonal verde quanto aos custos saber qual é a tarifação mais adequada ao
da energia e da demanda nos segmentos seu regime de funcionamento. Ela é
horossazonais. alimentada em média tensão por um
transformador próprio de 300 kVA,
18.9. Qual é a demanda mínima a ser contratada 13800V/380/220V, é classificada como
por um consumidor de alta tensão? unidade consumidora grupo A, subgrupo
A4, atividade industrial. Ela trabalha em
cada mês do ano, tipicamente, 21 dias úteis
18.10. Comente a ultrapassagem da demanda da semana e 9 dias não úteis (sábados,
contratada. domingos e feriados nacionais). Será
suposto, como exemplo, período seco,
18.11. Descreva os critérios para demanda contratada na ponta (caso de tarifa
estabelecimento da demanda faturável para azul) DCp=70 kW, demanda contratada fora
as tarifas convencional, azul e verde. de ponta (caso de tarifa azul) DCfp=220 kW
e, se a tarifa for verde ou convencional, a
18.12. Descreva como a concessionária cobra a demanda contratada será de DC=220 kW.
ultrapassagem para os consumidores azul e A unidade consumidora não consegue se
verde. enquadrar como sazonal nem como rural. A
curva de demanda de um dia típico é dada
18.13. Explique como é cobrado o consumo para pela figura abaixo.
consumidores urbanos do grupo B e A.
Tarifação da energia elétrica XVIII - 11
________________________________________________________________________________________________
P,QL
250 240kW
DCfp=220kW 240kW Potência
200 180kVAr Ativa
180kVAr
150 Potência
Reativa
100
80kW
50 DCp=70kW
40kVAr
60kVAr
0 30kW
0 6 12 18
24 t (h)
Figura para problema 18.17
Tabela 18.2 – Tabela auxiliar para cálculo de energias e demandas do problema 18.17
Respostas selecionadas
18.3 – 4800 kW;
18.16
FEAfp = R$ 10.696,76; FEAp = R$ 1.887,22
FEA = FEAfp + FEAp = R$ 12.583,98
FD = R$ 5395,80; FU = R$ 2750,80;
FDR = R$ 228,35
FT = FEA+FD+FU+FER+FDR = R$ 22.152,03
18.17 –
Tarifa Convencional:
FEA= R$ 14386,68; FD = R$ 5078,40;
FU =R$ 846,40; FER = R$ 1957,62;
FDR = R$ 264,24;
FT = R$ 22533.34;
FT = R$ 20.010.58
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Créditos das imagens e textos
Capa: Dínamo de Gramme: Primeira fonte de energia comercial baseada na indução eletromagnética, criada por
Zénobe Théophile Gramme em 1870.
[http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/onde-o-virtual-e-o-eletrico-se-encontram/image_preview]
Teorema de Pitágoras
H2= CA2 + CO2
H CO
CA = H.cos
CO = H.sen
CA CO = CA.tan
sen(A B) = sen A. cos B sen B. cos A cos(A B) = cos A. cos B sen A. sen B
1 1 1 1
sen 2 A ( . cos 2A ) cos2 A ( . cos 2A )
2 2 2 2
Apêndice C – Conversão de unidades
L
Quadrado L 2p = 4.L S = L2
L2
Triângulo H L3 2p = L1+L2+L3 S = B.H/2
B = L1
r
Círculo 2p = 2. .r = .d S = .r2 = .d2/4
R
2p med 2. .
R r S .(R 2 r 2 )
Coroa circular 2
r