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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE

CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Belo Horizonte, 2018


INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Índice
1 – Valores Por Unidade...................................................................................................... 02
Principais vantagens do método PU......................................................................... 03
Exemplo de aplicação............................................................................................... 05
2 – Componentes Simétricas................................................................................... 07
3 – Cálculo Manual das Correntes de Curto-Circuito............................................ 10
Representação de Transformadores......................................................................... 10
Representação de Máquinas Síncronas................................................................... 12
Representação de Linhas de Transmissão............................................................... 14
Representação de Impedâncias de Aterramento...................................................... 14
Curto-circuito trifásico (3) simétrico equilibrado...................................................... 16
Curto-circuito monofásico T.................................................................................... 17
Curto-circuito bifásico ......................................................................................... 18
Curto-circuito bifásico à terra T............................................................................ 20
Curto-circuito através de impedâncias...................................................................... 21
Exemplo de aplicação............................................................................................... 26

4 – Cálculo de Curto-Circuito em Grandes Sistemas............................................ 28


Bibliografia................................................................................................................. 31
ANEXOS
Anexo 01: Diagrama unifilar simplificado da UHE Emborcação................................ 32
Anexo 02: Correntes de seqüência positiva.............................................................. 33
Anexo 03: Correntes de seqüência negativa............................................................. 34
Anexo 04: Correntes de seqüência zero................................................................... 35
Anexo 05: Listagem da simulação............................................................................. 36
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SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

1 – Valores Por Unidade (P.U.)

Definição:

Valor Dado
Valor PU = (1)
Valor Base

Observa-se que Valor (%) = Valor (pu) x 100.

As grandezas elétricas fundamentais do Sistema Elétrico de Potência, potência


aparente; tensão; corrente e impedância, se relacionam de tal forma que a escolha de
valores de base para duas delas define os valores de base para as outras duas.

A prática comum em sistemas elétricos de potência é usar a tensão nominal entre


fases do sistema como tensão base (em kV) e o valor 100 MVA como potência base.

Os valores de base para a impedância e corrente são calculados conforme segue:

2
S BASE VBASE
I BASE = 1000 [ A] Z BASE = []
3 V BASE (2) S BASE (3)

Onde:
VBASE = VB = tensão base entre fases, em [kV]
SBASE = SB = potência aparente base em [MVA]

As impedâncias de equipamentos tais como transformadores e geradores são


normalmente fornecidas pelos fabricantes em (%) com base nos valores nominais dos
equipamentos. De modo geral estes valores base não coincidem com os valores de

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base utilizados no sistema. A equação a seguir permite a necessária mudança de


base:

2
 V BVELHO  S BNOVO
Z PU NOVO = Z PU VELHO   
 VB  SB
(4)

 NOVO  VELHO

Principais vantagens do método PU:

1) A impedância equivalente de PU de qualquer transformador é a mesma, tanto


referida ao primário quanto ao secundário do transformador. Demonstração:

Seja:
ZS = impedância referida ao secundário []
ZP = impedância referida ao primário []
VS = tensão nominal do secundário [kV]
VP = tensão nominal do primário [kV]
S = potência aparente nominal do transformador [MVA]

Temos que:
2 (Para referir uma impedância [] a um dos
 VS 
Z S =    Z P lados de um transformador, temos que

 VP  multiplicá-la pela relação de transformação ao


quadrado).

Da equação (3) vem:

V S2 V P2
Z S BASE = e
Z PBASE =
S S
4
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Logo:
2
 VS 
 
=  P2  Z P = 2  Z P
ZS V S
Z S PU =
Z S BASE VS VP
S
Mas:

S 1 S ZP
2
=  2
 Z P = = Z PPU
V P Z PBASE V P Z PBASE

2) O método PU é independente das alterações de tensão introduzidas pelos


transformadores, desde que os valores de base sejam convenientemente
escolhidos.

3) Os valores de impedância em PU variam em uma faixa relativamente estreita,


permitindo uma boa aproximação com o uso de valores típicos.

4) O produto de duas quantidades expressas em PU é também um valor expresso em


PU. O produto de duas quantidades expressas em (%) tem que ser dividido por
100 para se obter o resultado em (%).

5) Normalmente, quando se usa o método PU, as tensões das fontes (geradores)


podem ser tomadas como 1,0 PU no cálculo de curto-circuito.

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Exemplo de aplicação
Dado o sistema abaixo, determinar as impedâncias em PU de seus componentes,
referidas a 20 [MVA] e 138 [kV] no circuito da LT:

Solução:
1) Cálculo de ZLT (pu):

VB2 138 2
Z BASE = = = 952 []
SB 20
Z LT 10 80
 Z LT ( pu ) = = +j = 0,01 + j 0,084 pu
ZB 952 952

2) Cálculo de XT1 (pu):


É necessária uma mudança de base, visto que a reatância fornecida está na base de
25 [MVA]. Aplicando-se então a equação (4) vem:

X T 1 ( pu ) = j 0,1 
20
= j 0,1 pu
20

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3) Cálculo de XG2 (pu):


A base de 138 [kV] na LT equivale a uma tensão base de 13,8 [kV] no circuito do
gerador 2. A potência base utilizada (20 [MVA]) é diferente da potência base à qual
está referida a reatância fornecida. Assim, do mesmo modo que no item anterior vem:

X G 2 ( pu ) = j 0,25 
20
= j 0,33 pu
15

4) Cálculo de XG1 (pu) e XT2 (pu):


Ambas as reatâncias já foram fornecidas nas bases adequadas, XG1 (pu) = j0,25 pu e
XT2 (pu) = j0,1 pu.

5) Diagrama equivalente:

2 – Componentes Simétricas

A teoria das componentes simétricas foi apresentada por C. L. Fortescue em 1918. De


acordo com o teorema de Fortescue, três fasores desequilibrados de um sistema
elétrico trifásico podem ser substituídos por três sistemas equilibrados de fasores.

Estes sistemas equilibrados são:

1. Componentes de seqüência positiva: Três fasores iguais em módulo, defasados


de 120 entre si, com a mesma seqüência de fase dos fasores desequilibrados
originais.

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2. Componentes de seqüência negativa: Três fasores iguais em módulo, defasados


de 120 entre si, com seqüência de fase oposta à dos fasores desequilibrados
originais.

3. Componentes de seqüência zero: Três fasores iguais em módulo e em fase entre


si.

Exemplo:

• Operador a (ou ):


Produz no fasor ao qual é aplicada uma rotação de 120º, ou seja:

a = 1120 = −0,5 + j 0,866 (5)

As seguintes propriedades podem ser destacadas:

a 2 = 1240 = −0,5 − j 0,866


a 3 = 1360 = 1 + j 0 = 1
a4 = a
1+ a + a 2 = 0
1 + a = −a 2
1 + a 2 = −a
a + a 2 = −1
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Relações Fundamentais em Componentes Simétricas:


Temos:

Vb1 = a 2  Va1 

Vc1 = a  Va1  V A = V a1 + V a 2 + Va 0

Vb 2 = a  Va 2   V = a 2 V + a V + V
 B a1 a2 a0
(6)
Vc 2 = a 2  Va 2  V = a V + a 2 V + V
C a1 a2 a0

Va 0 = Vb 0 = Vc 0 

V a 0 =  (V A + V B + VC )
1
3
1
(
V a1 =  V A + a V B + a 2 VC
3
) (7)
1
(
V a 2 =  V A + a 2  V B + a  VC
3
)

Obs: As equações (6) e (7) foram apresentadas para as tensões, mas são válidas
também para as correntes.

A grande vantagem do método das componentes simétricas é permitir o tratamento de


um sistema desequilibrado através de técnicas empregadas para sistemas
equilibrados, já que os três sistemas de componentes (seq. (+), seq. (–) e seq. zero)
são equilibrados.

Uma das mais importantes aplicações do método das componentes simétricas é no


cálculo de faltas desequilibradas. No cálculo de curto-circuito, próximo assunto a ser
visto, podemos verificar que:

• Em qualquer tipo de falta haverá circulação de componente de seqüência (+) de


corrente. Este fato é fácil de ser percebido levando-se em conta que as fontes
de tensão envolvidas (geradores, compensadores síncronos, etc) geram
apenas tensão de seqüência positiva. As tensões de seq. negativa e zero são
introduzidas pelo defeito e são, na realidade, quedas de tensão produzidas pela
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circulação das componentes de seq. negativa e zero de corrente, pelas


respectivas impedâncias.

• Em qualquer tipo de curto-circuito desequilibrado (T, , etc) haverá


circulação de componente de seqüência negativa de corrente. A seqüência
negativa é uma característica de sistemas desequilibrados.

• A circulação da componente de seqüência zero de corrente pode ocorrer nas


faltas envolvendo terra e vai depender principalmente do fato do sistema ser ou
não aterrado e do tipo de ligação dos transformadores envolvidos (a ligação ,
por exemplo, bloqueia a circulação de corrente de seqüência zero). A existência
ou não de componente de corrente de seqüência zero depende, em última
análise, da existência de caminho de retorno pela terra.

Resumo:

• Seqüência positiva – Qualquer tipo de falta.


• Seqüência negativa – Curto-circuito desequilibrado.
• Seqüência zero – Faltas envolvendo terra, se o sistema for aterrado.

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3 – Cálculo manual das correntes de curto-circuito


O cálculo manual das correntes de curto-circuito é efetuado com o sistema
representado monofasicamente (unifilarmente), através de diagramas representativos
de cada uma das seqüências envolvidas, sendo as fontes de tensão representadas
apenas no diagrama de seqüência positiva. Os componentes do sistema elétrico
(geradores, transformadores, linhas, etc) são representados em cada uma das malhas
seqüenciais (diagramas) pelas suas respectivas impedâncias de seqüências positiva,
negativa e zero.

Estes diagramas de impedância, também chamados malhas seqüenciais, são


interconectados de maneira adequada a cada tipo de falta e o circuito resultante é
então resolvido para se determinar as correntes de falta.

O seguinte roteiro deve ser seguido:

1 passo – Montagem dos diagramas de impedância


Os diagramas de impedância são montados representando-se cada um dos
componentes do sistema pela sua impedância equivalente, em PU referida às bases
do sistema.

O diagrama de seqüência negativa é, normalmente, igual ao de seqüência positiva,


exceto pelas fontes de tensão que são representadas apenas no diagrama de
seqüência positiva, por uma única fonte de valor igual à tensão existente no ponto de
falta, no instante em que a mesma ocorreu (tensão de Thévenin). Geralmente adota-
se o valor de 1,0 PU para esta tensão.

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Representação de Transformadores

As impedâncias de seqüência positiva e negativa dos transformadores são idênticas.


São obtidas através dos testes de curto-circuito e fornecidas pelos fabricantes ou por
tabelas de valores típicos. Em geral as resistências são desprezadas.

Temos:
ZHL = Impedância medida do lado H, com o lado L em curto e o terciário aberto.
ZHT = Impedância medida do lado H, com o lado T em curto e o lado L aberto.
ZLT = Impedância medida do lado L, com o lado T em curto e o lado H aberto.

Com as impedâncias em PU referidas a uma mesma base, vem:

Figura 1 - Diagrama do transformador de 3 enrolamentos.

 (Z HL + Z HT − Z LT )
1
 (Z PS + Z PT − Z ST )
1
ZH = ZP =
2 2
Z L =  (Z HL + Z LT − Z HT )
1
Z S =  (Z PS + Z ST − Z PT )
1
2 ou 2 (8)

Z T =  (Z HT + Z LT − Z HL ) Z T =  (Z ST + Z PT − Z PS )
1 1
2 2
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Para transformadores de dois enrolamentos, obviamente, o fabricante fornece apenas


a impedância ZHL que, em PU, é igual a ZLH. Pelas equações (8), pode-se verificar que
ZHL = ZLH = ZH + ZL.

No caso dos transformadores de três enrolamentos (e autotransformadores), o


fabricante fornece as três impedâncias de dispersão: Z HL, ZHT, ZLT. Neste caso as
impedâncias ZH, ZL e ZT que vão aparecer nos diagramas seqüenciais, são obtidas das
equações (8).

Quanto à impedância de seqüência zero, esta é idêntica à de seqüência positiva ou


então infinita, exceto para os transformadores trifásicos do tipo núcleo envolvido (core
type), onde X0 varia de 0,85 a 0,9 X1.

A representação da impedância de seqüência zero de um transformador vai depender


do seu tipo de ligação. A tabela 01 mostra os circuitos equivalentes para as ligações
mais usuais.

Representação de Máquinas Síncronas

São especificados três valores de reatância para seqüência positiva:

Xd” = Reatância subtransitória de eixo direto


Xd’ = Reatância transitória de eixo direto
Xd = Reatância síncrona de eixo direto

Obs: Normalmente X1 = Xd” ou X1 = Xd’ (usado na CEMIG).

Estas reatâncias são necessárias para cálculo da corrente de curto-circuito em


diferentes tempos após a ocorrência da falta.

Normalmente Xd” é utilizada como impedância da seqüência positiva para máquinas


síncronas, quando se calcula curto-circuito para aplicação em proteção. Na prática, em
sistemas de potência, o uso de Xd” ou Xd’ altera pouco o resultado do cálculo.
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A impedância de seqüência negativa é, geralmente, assumida como sendo igual à


seqüência positiva, embora para máquinas de pólos salientes elas sejam ligeiramente
diferentes.

Figura 2 - Máquinas Síncronas de polos Salientes e polos lisos.

A impedância de seqüência zero das máquinas síncronas pode atingir valores


bem menores que a de seqüência positiva. No entanto, estas máquinas geralmente
são aterradas através de uma alta impedância (resistência), o que aumenta em muito
o valor da impedância equivalente de seqüência zero.

Estas impedâncias são fornecidas pelo fabricante ou obtidas através de valores


típicos.

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Modelo mnemônico para 2 enrolamentos:

Modelo mnemônico para 3 enrolamentos:

Quando todas as chaves estão abertas nos pontos 1,2 e 3


considera-se estrela sem aterramento:

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Símbolos Diagramas de Ligação Equivalentes de seq. zero

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Circuitos Equivalentes para seqüência Positiva e seqüência Negativa


Transformadores de 2 enrolamentos Transformadores de 3 enrolamentos

Tabela 01: Circuitos Equivalentes para Transformadores


Obs: Os circuitos equivalentes para seqüência positiva e seqüência negativa
independem do tipo de conexão.

* altíssima impedância que corresponde à impedância de magnetização do


transformador.

• Representação de Linhas de Transmissão

Em LTs as impedâncias de seqüência positiva e negativa são iguais. A impedância de


seqüência zero é sempre diferente das de seqüência positiva e negativa, devido ao
retorno pela terra e/ou cabo terra.

A impedância de seqüência zero pode variar em uma faixa de 2 a 6 vezes a de


seqüência positiva.

Estas impedâncias são fornecidas pelo projetista da LT, podendo ser obtidas também
de tabelas de valores típicos ou calculadas através de programas computacionais
disponíveis.

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SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Representação de Impedâncias de Aterramento

Alguns equipamentos tais como geradores e transformadores podem ter o neutro


aterrado através de uma impedância. Neste caso a impedância de aterramento (Z N)
será representada, apenas no diagrama de seqüência zero, com seu valor multiplicado
por três e em série com a impedância de seqüência zero própria do equipamento.

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Exemplos:

1)

2)

2 passo – Redução das malhas seqüenciais

Nesta etapa cada uma das malhas seqüenciais é reduzida a uma impedância
equivalente. Esta impedância equivalente é a impedância “vista” do ponto de falta,
com as fontes de tensão curto-circuitadas (impedância Thévenin).

Esta impedância equivalente terá, é claro, um valor diferente para cada ponto de falta.
As malhas seqüenciais reduzidas são mostradas a seguir:

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SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Estas malhas reduzidas são utilizadas para o cálculo da corrente total no ponto de
falta, conforme será mostrado na próxima etapa.

3 passo – Cálculo das correntes seqüenciais no ponto de falta

A conexão das malhas seqüenciais vai depender do tipo de falta. Basta calcular as
componentes simétricas relativas a uma das fases para determinar as demais, de
acordo com as equações (6) e (7). A seguir serão mostrados as conexões das malhas
e os cálculos das correntes seqüenciais para os diversos tipos de curto-circuito.

• Curto-circuito trifásico (3) simétrico equilibrado

Condições impostas pela falta:

Ib = a2  Ia
Ic = aIa

Levando estas condições nas equações (7), vem:

1
( ) 1
(
I a 0 =  I a + a 2 I a + aI a =  I a  1 + a + a 2 = 0
3 3
)
1
( ) 1
(
I a2 =  I a + a 4 I a + a 2 I a =  I a  1 + a + a 2 = 0
3 3
)
1
3
( )
I a1 =  I a + a 3 I a + a 3 I a =  (I a + I a + I a ) = I a
1
3

Logo, das equações acima, verifica-se que somente a malha de seqüência positiva
entra no cálculo do curto-circuito 3 equilibrado:

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Vf
I a = I a1 = (9)
Z1

• Curto-circuito monofásico (T):

Condições impostas pela falta:

Va = 0 (no ponto de falta)

Ib = Ic = 0

Levando estas condições nas equações (6) e (7) vem:

1
I a1 = I a 2 = I a 0 =  I a
3
(10)
V a = V a1 + V a 2 + V a 0 = 0

As equações (10) mostram que, no curto T as malhas seqüenciais devem ser ligadas
em série:

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Vf
I a1 = I a 2 = I a 0 =
Z1 + Z 2 + Z 0 (11)

I a = 3  I a0 (12)

• Curto-circuito Bifásico ()

Condições impostas pela falta:


Ia = 0
Ib = - Ic
Vb = Vc

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Levando-se estas condições nas equações (6) e (7) vem:

I a 0 =  (I a + I b + I c ) =  (I b − I b ) = 0 (não existe sequência zero)


1 1
3 3
1
( ) 1
(
I a1 =  I a + a  I b + a 2  I c =  I b  a − a 2
3 3
)
1
( ) 1
(
I a2 =  I a + a 2  I b + a  I c =  I b  a 2 − a
3 3
)

 I a1 = − I a 2 (13)

1
( )1
(
Va1 =  Va + a  Vb + a 2  Vc =  Va + a  Vb + a 2  Vb
3 3
)
1
( )1
(
Va 2 =  Va + a 2  Vb + a  Vc =  Va + a 2  Vb + a  Vb
3 3
)

 Va1 = Va 2 (14)

Para satisfazer as condições expressas nas equações (13) e (14), as malhas de


seqüência positiva e negativa devem ser conectadas em paralelo. A malha de
seqüência zero não existe para este tipo de curto.

Vf
I a1 = − I a 2 =
Z1 + Z 2 (15)

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• Curto-circuito bifásico a terra(-T):

Condições impostas pela falta:

Vb = Vc = 0

Ia = 0

Levando-se estas condições na equação (7) temos:

1
Va 0 = Va1 = Va 2 =  Va
3
I a1 = −(I a 2 + I a 0 )
(16)

Para satisfazer as condições impostas pelas equações (16), as três malhas


seqüenciais sevem ser ligadas em paralelo:

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Vf Z0 Z2
I a1 = I a 2 = − I a1  I a 0 = − I a1 
Z Z Z2 + Z0 Z2 + Z0 (17)
Z1 + 2 0
(Z 2 + Z 0 )
A partir do cálculo das componentes seqüenciais da corrente total de falta, as
correntes de contribuição das diversas barras adjacentes à falta podem ser facilmente
calculadas utilizando-se fatores de distribuição, como podemos verificar no exemplo
aplicativo.

• Curto-circuito através de impedâncias

O desenvolvimento mostrado até aqui considera o curto-circuito rígido, ou seja, sem


impedância de falta. No entanto, a falta através de impedâncias pode ser facilmente
calculada conforme segue:

Curto-circuito 3 Substituir na equação (9) a impedância Z1 por (Z1 + Zf),


onde Zf é a impedância de falta entre cada fase e o
ponto comum.

Curto-circuito T Substituir na equação (11) Z0 por (Z0 + 3Zfg), onde Zfg é


a impedância para a terra.

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SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Curto-circuito T Substituir na equação (15) Z1 por (Z1 + Zf/2) e Z2 por


(Z2 + Zf/2).

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Exemplo de aplicação

Dado o sistema abaixo, calcular a corrente para curto-circuito T na barra A, bem


como as correntes de seqüência zero de contribuição da barra B e do transformador
elevador do gerador G.

Solução:

1 Passo: Montagem dos diagramas de impedância

Utilizando os valores base SB = 100 MVA e VB = 230 kV no sistema equivalente vem:

• Gerador e transformador elevador


Aplicando-se a equação (4):
100
X 1TG = j 0,16  = j 0,2 pu
80
100
X 1G = 0,11  = j 0,1375 pu
80

• Transformador de três enrolamentos

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SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

100
X HL = j 0,055  = j 0,0367 pu
150
100
X HT = j 0,36  = j 0,24 pu
150
100
X LT = j 0,28  = j 0,1867 pu
150

Aplicando-se as equações (8) vem:

 (0,0367 + 0,24 − 0,1867 ) = j 0,045 pu


1
 ( X HL + X HT − X LT )
1
XH = XH =
2 2

-> X L =  (0,0367 + 0,1867 − 0,24 ) = − j 0,0083 pu


1
X L =  ( X HL + X LT − X HT )
1
2 2
X T =  (0,24 + 0,1867 − 0,0367 ) = j 0,1950 pu
1
X T =  ( X LT + X HT − X HL )
1
2 2

• Linha de transmissão

Aplicando-se as equações (1) e (3) vem:

24 82
X 1L = = j 0,1815 pu X 0L = = j 0,62 pu
115 2 115 2
100 100

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SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Malhas seqüenciais
• Malha de seqüência positiva:

• Malha de seqüência negativa:

• Malha de seqüência zero:

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SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

2 Passo: Redução das malhas seqüenciais

• Malhas de seqüência positiva e negativa:

Para uma falta na barra A, a impedância equivalente (Thévenin) é a impedância vista


entre o ponto de falta (F1) e a barra de referência (N1), com a fonte curto-circuitada,
ou seja:

( X 1G + X 1TG ) // ( X 1L + X L + X H + X 1S )

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Malha de seqüência zero:

De modo análogo ao descrito para seqüência positiva a impedância equivalente para


seqüência zero, vista da barra A, é obtida conforme segue:

X TG // X L 
+ X L + (X T //(X H + X S ))

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

3 Passo: Cálculo das correntes seqüenciais

Para o cálculo do curto-circuito T, as malhas seqüenciais devem ser ligadas em série,
conforme já visto:
Da equação (11) vem:
Vf 1
I = = = − j 2,2722 pu
Z1 + Z 2 + Z 0 j 0,4401
A corrente de falta é:

I f = I 1 + I 2 + I 0 = 3  I 0 = − j 6,8166 pu
Em apères vem:
100
I BASE = 1000 = 502 [ A]
3 115

 I f = − j (502 6,8166) = 3421,9 [ A]

4 Passo: Cálculo das contribuições de seqüência zero da barra B e transformador


elevador

Contribuição do transformador elevador do


gerador:

Z 0" j 0,6709
I = I0 
'
= − j 2,27 
Z 0' + Z 0" j (0,2 + 0,6709 )
0

I 0' = − j1,7487 pu

32
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Contribuição da barra B:
Z 0' j 0,2
I = I0 
"
= − j 2,27 
Z +Z j (0,2 + 0,6709 )
0 ' "
0 0

I 0" = − j 0,5213 pu

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

4 – Cálculo de Curto-circuito em Grandes Sistemas

O cálculo de curto-circuito em grandes sistemas elétricos de potência é efetuado


através de programas computacionais, utilizando-se a matriz Z BUS ou Z N .

Matriz Z N (ou Z BUS ):

 Z11 Z12  Z1k  Z1n 


Z Z 22  Z 2k  Z 2 n 
 21
     
ZN = 
 Z k1 Z k 2  Z kk  Z kn 
     
 
 Z n1 Z n 2  Z nk  Z nn 

• A matriz Z N é simétrica, ou seja, Zki = Zik ;


• Os elementos pertencentes à diagonal principal (genericamente Z kk) são
denominados impedâncias próprias, impedâncias no ponto ou impedâncias de
falta. Assim, Zkk é a impedância própria da barra k. Esta impedância é a
impedância equivalente Thévenin, entre a barra e a referência.
• Os elementos fora da diagonal principal (genericamente Zki com i  k), são
denominados impedâncias de transferência. Assim Zki = Zik (com i  k) é a
impedância de transferência entre as barras i e k.

A impedância de transferência entre duas barras expressa o efeito em uma delas,


causado por uma injeção de corrente na outra.

Cumpre observar que o elemento Zik não é a impedância de um componente físico


(LT, transformador, etc) que interliga duas barras. Mesmo duas barras não interligadas
diretamente apresentam impedância de transferência entre si.

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

A impedância de um elemento físico, como uma linha de transmissão ou um


transformador, que interliga diretamente duas barras, é denominada impedância de
ramo e é representada genericamente por zik.

Cálculo das correntes de curto-circuito através dos elementos de Z N

O cálculo de correntes de curto-circuito através de Z N é executado através de


operações bastante simples.
Exemplificando, para o cálculo do curto-circuito 3Φ, considerando-se a fonte de tensão
Thévenin (Vf) igual a 1,0 PU vem:

1
I kk = (18)
Z kk

Onde:
Ikk = corrente de falta total, para curto-circuito 3Φ na barra k.
Zkk = impedância própria da barra k (elemento da diagonal de Z N , referente à barra k).

A corrente entre duas barras quaisquer, durante um curto-circuito 3Φ na barra k, pode


ser calculada conforme segue:

Z ik − Z jk 1
I ij =  (19)
z ij Z kk

Onde:

Iij = corrente que vai da barra i para a barra j, para um curto-circuito 3Φ na barra k.
Zik = impedância de transferência entre as barras i e k.
Zjk = impedância de transferência entre as barras j e k.
zij = impedância de ramo entre as barras i e j.

35
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Os demais tipos de curto-circuito são calculados de maneira similar, com a utilização


das matrizes Z N de seqüências positiva, negativa e zero.

Obtenção da Matriz Z N

A matriz Z N pode ser obtida pela inversão da matriz Y N (matriz de admitância nodal),
pela seguinte relação:
−1
Y N =ZN

Este processo é de concepção simples, já que a formação da matriz Y N é direta. No


entanto, exige um esforço computacional muito grande, já que as matrizes Y N e Z N
são de ordem elevada.

Sabe-se que o tempo de computação necessário à inversão de uma matriz de ordem n


é proporcional a n3.

O processo normalmente utilizado para obtenção da matriz Z N é o da montagem

direta, no qual Z N é montada barra a barra, a partir da lista de impedâncias de ramo,


utilizando-se o método de redução de Kron, que exige um esforço computacional bem

menor que a inversão de Y N .

Os anexos (1), (2), (3), (4) e (5) mostram diagramas seqüenciais e a saída do
programa de cálculo de curto-circuito ASPEN OneLiner, para uma simulação de falta
fase-terra na barra de 500 kV da UHE Emborcação.

36
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Figura 3 - Representação dos enrolamentos e do circuito magnético de um transformador monofásico com


núcleo envolvido.

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Figura 4 - Representação dos enrolamentos e do circuito magnético de um transformador monofásico com


núcleo envolvente.

Figura 5 - Esquema de ligação para seqüência zero do transformador de três enrolamentos.

38
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Exemplo de aplicação: Transformadores Geminados de


Usinas

Dado o sistema abaixo, calcular a corrente para curto-circuito T na barra A, bem


como as correntes de sequência zero de contribuição da barra B e dos transformador
elevadores dos geradores G.

Solução:

1 Passo: Montagem dos diagramas de impedância

Utilizando os valores base SB = 100 MVA e VB = 230 kV no sistema equivalente vem:

• Geradores
Aplicando-se a equação (4):

• Transformador de três enrolamentos DDY

39
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

 ( X HL + X HT − X LT )
1
XH =
2
X L =  ( X HL + X LT − X HT )
1
2
X T =  ( X LT + X HT − X HL )
1
2

• Transformador de três enrolamentos YDY

100
X HL = j 0,055  = j 0,0367 pu
150
100
X HT = j 0,36  = j 0,24 pu
150
100
X LT = j 0,28  = j 0,1867 pu
150

Aplicando-se as equações (8) vem:

 (0,0367 + 0,24 − 0,1867 ) = j 0,045 pu


1
 ( X HL + X HT − X LT )
1
XH = XH =
2 2

-> X L =  (0,0367 + 0,1867 − 0,24 ) = − j 0,0083 pu


1
X L =  ( X HL + X LT − X HT )
1
2 2
X T =  (0,24 + 0,1867 − 0,0367 ) = j 0,1950 pu
1
X T =  ( X LT + X HT − X HL )
1
2 2

40
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Linha de transmissão

Aplicando-se as equações (1) e (3) vem:

24 82
X 1L = = j 0,1815 pu X 0L = = j 0,62 pu
115 2 115 2
100 100

41
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Malhas seqüenciais
• Malha de sequência positiva:

• Malha de seqüência negativa:

42
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Malha de seqüência zero:

43
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

2 Passo: Redução das malhas seqüenciais

• Malhas de seqüência positiva e negativa:

Para uma falta na barra A, a impedância equivalente (Thévenin) é a impedância vista


entre o ponto de falta (F1) e a barra de referência (N1), com a fonte curto-circuitada,
ou seja:

44
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Malha de seqüência zero:

De modo análogo ao descrito para seqüência positiva a impedância equivalente para


seqüência zero, vista da barra A, é obtida conforme segue:

3 Passo: Cálculo das correntes seqüenciais

Para o cálculo do curto-circuito T, as malhas seqüenciais devem ser ligadas em série,
conforme já visto:

45
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Da equação (11) vem:

A corrente de falta é:

Em apères vem:
100
I BASE = 1000 = 502 [ A]
3 115

4 Passo: Cálculo das contribuições de sequência zero da barra B e transformador


elevador

Contribuição do transformador elevador do gerador:

Contribuição da barra B:

IA+= 4,25pu IA-=4,25pu IA0=5,6pu 90o


IA= 14,10pu IB-=1,36pu IC=1,36pu 90o

46
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

DESAFIO:

Calcular as correntes de fase do lado de baixa , lado dos geradores (13,8 kV), para a falta
acima para a configuração YD1.

Resposta: IA=3,68/-90o, IB= 3,68/90o , IC=0 /0o

47
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Exemplo de aplicação

Dado o sistema abaixo, calcular a corrente para curto-circuito T na barra A, bem


como as correntes de sequência zero de contribuição da barra B e dos transformador
elevadores estando os geradores G desligados.

Solução:

1 Passo: Montagem dos diagramas de impedância

Utilizando os valores base SB = 100 MVA e VB = 230 kV no sistema equivalente vem:

• Transformador de três enrolamentos DDY

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

 ( X HL + X HT − X LT )
1
XH =
2
X L =  ( X HL + X LT − X HT )
1
2
X T =  ( X LT + X HT − X HL )
1
2

• Transformador de três enrolamentos YDY

100
X HL = j 0,055  = j 0,0367 pu
150
100
X HT = j 0,36  = j 0,24 pu
150
100
X LT = j 0,28  = j 0,1867 pu
150

Aplicando-se as equações (8) vem:

 (0,0367 + 0,24 − 0,1867 ) = j 0,045 pu


1
 ( X HL + X HT − X LT )
1
XH = XH =
2 2

-> X L =  (0,0367 + 0,1867 − 0,24 ) = − j 0,0083 pu


1
X L =  ( X HL + X LT − X HT )
1
2 2
X T =  (0,24 + 0,1867 − 0,0367 ) = j 0,1950 pu
1
X T =  ( X LT + X HT − X HL )
1
2 2

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Linha de transmissão

Aplicando-se as equações (1) e (3) vem:

24 82
X 1L = = j 0,1815 pu X 0L = = j 0,62 pu
115 2 115 2
100 100

• Malhas sequenciais
• Malha de sequência positiva:

50
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

• Malha de seqüência negativa:

• Malha de seqüência zero:

51
INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

2 Passo: Redução das malhas sequenciais

• Malhas de seqüência positiva e negativa:

Para uma falta na barra A, a impedância equivalente (Thévenin) é a impedância vista


entre o ponto de falta (F1) e a barra de referência (N1), com a fonte curto-circuitada,
ou seja:

• Malha de seqüência zero:

De modo análogo ao descrito para seqüência positiva a impedância equivalente para


seqüência zero, vista da barra A, é obtida conforme segue:

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

3 Passo: Cálculo das correntes seqüenciais

Para o cálculo do curto-circuito T, as malhas sequenciais devem ser ligadas em série,
conforme já visto:
Da equação (11) vem:

A corrente de falta é:

Em apères vem:
100
I BASE = 1000 = 502 [ A]
3 115

4 Passo: Cálculo das contribuições de sequência zero da barra B e transformador


elevador

Contribuição do transformador elevador do gerador


nas fases A, B e C:

Contribuição da barra B:

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

IA+= 0 pu IA-=0 pu IA0= 1,8 pu 90o


IA= 1,8 pu IB=1,8 pu IC=1,8 pu 90o

Bibliografia

1) Blackburn, J. Lewis - Protective Relaying: Principles na Aplications;


2) Westinghouse Eletrric Corp. - Applied Protective Relaying;
3) Nevenswander, John R. - Modern Power Systems;
4) Stevenson Jr., William D. - Elementos de Análise de Sistemas de Potência.

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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Preparado por: Marco Paulo Delboni, OP/EG2


19/11/1989
Revisado por: Gabriel Marcos Duarte Marques dos Santos, PO/PL
12/07/2018

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