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IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 16, NO. 2, FEB.

2018 305

A Review of Boost Converter Analysis and Design in


Aerospace Applications
E. Mattos, A. M. S. S. Andrade, G. V. Hollweg, J. R. Pinheiro and M. L. S. Martins

Abstract—  Often, for simplicity, it is adopted for boost con- rado aproximadamente 10% do valor da corrente de carga,
verter inductor and capacitor design the inductor current varia- mínima ou média, a escolha da corrente mínima ou média
tion (∆ IL), defining it as an output current percentage. However, depende da escolha do modo de operação do conversor, se
this kind of methodology does not guarantee the inductor and condução descontínua de corrente ou se condução contínua de
capacitor minimum values that assure the converter working on
continuous mode operation, discontinuous mode operation, or corrente, respectivamente [10], [11]. O projeto utilizando essa
when it is desired to operate the converter at the boundary be- regra muitas vezes é suficiente e funcional. Entretanto, quando
tween these modes. The aim of this paper is to present a theoretical se deseja o mínimo indutor possível para que o conversor
study of the no-losses boost converter. The principle of operation opere exclusivamente em um dos modos de operação, condu-
and static analysis are developed in detail for operation on the ção contínua, descontínua ou na fronteira, esse método não
following modes: continuous mode operation, discontinuous cur- pode ser aplicado diretamente [12], [13]. Para aplicações aero-
rent mode operation and at the boundary between these modes.
During this analysis, all four variables (input and output currents espaciais onde o volume do conversor é um dos critérios res-
and voltages) are considered as design choices for independent tritivos de projeto, determinar o menor indutor e o menor
variables that determine the boundary between continuous and capacitor possível que atendam as condições de funcionamen-
discontinuous modes. In addition, a design methodology is present- to é essencial [14], [15]. Com essa perspectiva, este trabalho
ed to illustrate the theoretical procedures, which guarantee the traz uma revisão da análise do funcionamento do conversor
inductor and capacitor minimum values according to the desired elevador e seu projeto elétrico para uso em aplicações aeroes-
operation mode. Finally, the simulation results proof the theoreti-
cal analysis. paciais.

Keywords— Boost, DC-DC Converter, Static Analysis, Opera- II. PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO: CCM E DCM
tion Modes
Nesta seção, serão apresentadas as etapas de operação do
I. INTRODUÇÃO conversor nos modos de condução contínua (CCM) e de con-
dução descontínua de corrente (DCM). Algumas restrições

D ENTRE, as estruturas básicas de conversores estáticos


não isolados de corrente contínua (CC-CC), destacam-se
três conversores principais: o conversor abaixador (Buck),
simplificadoras são impostas sem perda de generalidade. O
conversor opera em regime permanente, ou seja, a variação da
energia armazenada no indutor e da energia armazenada no
onde a tensão de saída é sempre menor que a tensão de entra- capacitor é nula para um período de operação (Ts). Portanto,
da; o conversor elevador (Boost), onde a tensão de saída é podem-se escrever as equações (1) e (2).
sempre maior que a tensão de entrada; e o conversor abaixa- T
(1)
 v ( ) d  0
s

L
dor-elevador (buck-boost) onde a tensão de saída pode ser 0
Ts
(2)
maior ou menor do que a tensão de entrada. As análises aqui 0
iC ( )d  0
apresentadas aplicam-se ao conversor boost. Entretanto, se- Além disso, os componentes do conversor não possuem
guindo a metodologia de análise proposta, pode-se também perdas; a ondulação da tensão de saída é desprezível (vo(t) =
realizá-la para os conversores buck e buck-boost, ou qualquer Vo); e, a fonte de entrada é considerada constante (vi(t) = Vi).
outro conversor CC-CC. São inúmeras as aplicações do con-
A Fig. 1(a) mostra o diagrama esquemático para o circuito
versor boost, dentre elas, pode-se citar: correção de fator de do conversor boost sem perdas. O circuito é composto por:
potência (PFC), regulador de tensão contínua (CC), carregador uma fonte CC de entrada (Vi); um indutor de entrada L; um
de baterias, rastreio do ponto de máxima potência (MPPT) em capacitor de saída C; um resistor de carga R; um diodo D e
painéis solares, etc. [1]-[7]. Comumente é considerado para
uma chave S. A Fig. 1(b) mostra o modelo com as restrições
projeto do indutor e do capacitor o valor da variação da cor-
simplificadoras mencionadas anteriormente.
rente no indutor (ΔIL) [8], [9]. Em geral, esse valor é conside-


E. Mattos, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos
Campos, São Paulo, Brasil, everson.mattos@inpe.br
A. M. S. S. Andrade, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, antoniom.spencer@gmail.com
G. V. Hollweg, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Ma-
ria, Rio Grande do Sul, Brasil, guilhermehollweg@gmail.com
J. R. Pinheiro, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Ma-
ria, Rio Grande do Sul, Brasil, jrenes@gepoc.ufsm.br
M. L. da S. Martins, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Figura 1. Conversor boost: (a) Circuito sem perdas; (b) Modelo para análise
Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, mariolsm@gmail.com estática.

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Figura 2. Formas de onda no indutor para o modo de operação CCM

Operação em CCM:

No modo CCM o conversor boost apresenta duas etapas de


operação: a Etapa 1 de magnetização do indutor L e a Etapa 2
de desmagnetização do indutor L. As principais formas de
onda que regem esse modo estão ilustradas na Fig. 2.

Etapa 1 [Fig. 3(a); 0 < t < t1]:


Figura 3. Diagrama do circuito do conversor boost. (a) Etapa 1; (b) Etapa
Nesta etapa a chave S encontra-se em condução, o diodo D 2; (c) Etapa 3.
encontra-se reversamente polarizado e a tensão de entrada Vi
é aplicada sobre o indutor L. A corrente no indutor é dada pela zar na Fig. 4, durante o intervalo de tempo (t1 < t < t2), as
Equação (3). formas de onda da tensão e da corrente no indutor. O tempo
diL (t ) (3) dessa etapa é definido conforme a Equação (11):
v L (t )  L
dt t2  t1  (1  d )Ts (11)
Neste intervalo, (0 < t < t1), também conhecido como de
magnetização, o indutor armazena energia a partir da fonte Vi. As equações que descrevem o funcionamento dessa etapa
As equações que definem o funcionamento dessa etapa são são obtidas pelas equações (13) e (17).
descritas a seguir e resultam na Equação (5). vi (t )  vL (t )  vo (t )  0 (12)
vi (t )  vL (t )  0 (4)
onde,
vL (t )  vi (t ) (5) vL (t )  vi (t )  vo (t ) (13)

Substituindo a Equação (3) em (5) obtém-se a ΔiL que é da- Substituindo a Equação (3) em (13) obtém-se a ΔiL que é
do pela Equação (9). dada pela Equação (17).
diL (t ) (6) diL (t ) (14)
vi (t )  L vi (t )  vo (t )  L
dt dt
Resolvendo a Equação (6) para o intervalo da etapa, obtém-se: resolvendo a Equação (14) para o intervalo da etapa, obtém-se
1 t (7) 1 t t (15)
L t1
iL ( t )  (vi ( )  vo ( )) d
2 1

L 0
iL ( t )  vL ( ) d
1

1 (8) 1 (16)
I L (t1 )  I L (0)  Vi t1 I L (t1 )  I L (t2  t1 )  (Vi  Vo )t 2
L L
1 (9) 1 (17)
 iL  Vi t1  iL  (Vi  Vo )t 2
L L
a duração dessa etapa é dada pela Equação (10).
t1  0  dTs (10) Operação em DCM:

Onde d é a razão cíclica e Ts é o período de chaveamento. Durante a operação em condução descontínua o conversor
boost apresenta três etapas de operação: Etapa 1, magnetiza-
Etapa 2 [ Fig. 3(b); t1 < t < t2]: ção do indutor L, Etapa 2, desmagnetização do indutor L, e
Etapa 3 de corrente constante iL(t) = 0. As descrições das
A chave S encontra-se aberta, o diodo D encontra-se dire- etapas de operação no modo DCM são feitas a seguir. As
tamente polarizado e, desse modo, a energia armazenada em L principais formas de onda que regem esse modo estão ilustra-
é fornecida à carga. Como a tensão aplicada nos terminais do das na Fig. 4. Para os modos CCM e DCM a Etapa 1 ocorre da
indutor L é negativa (Vi < Vo), diz-se que o indutor entrega a mesma forma, já previamente analisada. Na Etapa 2, a dife-
energia armazenada para o circuito, sendo definido como rença da análise ocorre devido ao tempo de duração dessa
intervalo de desmagnetização do indutor [1]. Pode-se visuali- etapa em DCM, dado pela Equação (18).

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seja, vL (t ) Ts
e iC (t ) Ts
, são iguais à zero [2]. Assim, a
equação de equilíbrio estático do conversor é dada por (24).
T
(24)
 v ( ) d  0
s

0 L

A solução da integral, considerando os limites de integração


como o início e o término de cada etapa de operação, confor-
me (25)
1  dT T
 (25)
Ts  0
vi ( ) d   (vi ( )  vo ( )) d  0
s s

Figura 4. Formas de onda no indutor para o modo de operação DCM. dTs 


e realizando as simplificações necessárias, encontra-se (26).
1 (26)
Vi dTs  (Vi  Vo )(1  d )Ts   0
Ts
Assim, o ganho estático de tensão do conversor boost em
modo CCM é dado pela Equação (27)
Vo 1
 (27)
Vi 1  d
O ganho estático de corrente pode ser obtido, considerando Pi
= Po, pois as perdas são desprezadas, o que resulta na Equação
Figura 5. Formas de onda no indutor para o conversor operando na fronteira. (28):
Io
LiL (t1 )  1 d (28)
t2  t1  1Ts  (18) Ii
(Vo  Vi )

Fronteiras entre os modos CCM e DCM:


Etapa 3 [ Fig. 3(c); t2< t < Ts]:
Nesta seção faz-se o estudo do conversor operando na fron-
A corrente no indutor, nesta etapa, é constante e igual a ze-
teira entre os modos CCM e DCM. A Fig. 5 mostra as formas
ro, pois a energia acumulada no indutor já foi entregue à carga de onda da corrente e da tensão no indutor quando o conversor
na etapa anterior. Assim, a tensão no indutor (vL), descrita está operando na fronteira. A corrente é nula no instante em
para Equação (19), deve ser nula. A Fig. 4 mostra a forma de que t = Ts, ou seja, existe um instante de tempo em que isto
onda da tensão e a corrente no indutor. Nessa etapa, tanto a ocorre e, portanto, o conversor encontra-se no limite entre o
chave S quanto o diodo D estão abertos, bloqueados. A tensão surgimento do intervalo de corrente nula (modo DCM) e a
sobre a carga é a do capacitor C. corrente ser somente positiva e se afastar do eixo do tempo
v L (t )  0
(19) (modo CCM). A partir da forma de onda dada pela Fig. 5,
Substituindo a Equação (13) em (3) obtém-se a iL(t) que é encontra-se o valor médio da corrente de entrada, que é ex-
dada pela Equação (23). pressa pela Equação (29).
1 T (29)
(20) i Ts 0 i
I  i ( ) d
s
di (t )
0L L B

dt
resolvendo a Equação (20) para o intervalo da etapa, obtém-se Onde IiB é a corrente de entrada do conversor quando este
opera na fronteira (Boundary) entre os modos de operação
1 Ts CCM e DCM. De modo geral, o subíndice B refere-se à ope-
L t2
iL ( t )  0 d (21) ração na fronteira entre esses modos de operação.
I L (Ts )  I L (t2 )  0 Resolvendo a integral, ou seja, utilizando os limites de inte-
(22)
gração como sendo o início e o termino de cada etapa de ope-
 iL  0
(23) ração na fronteira, obtém-se (30).
Vi Ts (30)
I LB  I iB  d
2L
III. ANÁLISE DO GANHO ESTÁTICO Substituindo a Equação (27) em (30), resulta a Equação
(31).
Nesta seção será apresentada a análise do ganho estático do VoTs (31)
I iB  (1  d ) d
conversor em cada modo de operação e suas fronteiras. 2L
Substituindo a Equação (28) em (30), encontra-se (32).
Análise do ganho estático em CCM: VoTs (32)
I iB  (1  d ) d
2L
Para o conversor operando em regime permanente, os valo- Substituindo a Equação (27) em (32), resulta em (33).
res médios vL (t ) e iC (t ) em um período de chaveamento, ou VoTs (33)
I oB  (1  d ) 2 d
2L

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A partir da Equação (27) e isolando-se d, encontra-se (34). d (46)


M 
1 4 I oB
d  1
 Vo 
 
(34) 27 max I oB   Vo
 Vi 
Os valores máximos para as correntes de entrada e saída
Análise do ganho estático no modo DCM:
quando o conversor está operando na fronteira são dados em
(35)-(38).
Considerando a equação de equilíbrio estático do conver-
Vi Ts
 
max I iB 
2L
(35) sor, Equação (24), e a partir da análise das etapas de funcio-
1 VoTs
namento do modo DCM, obtém-se a Equação (47).
 
max I iB  (36) 1  dT ( d   )T
v ( )  v ( ) d   0
(47)
 
Ts  o 
v ( ) d 
s 1 s
4 2L i
dTs
i o 
1 Vi Ts
 
max I oB 
4 2L
(37) Onde 1Ts  t2  t1 , t1 e t2 estão definidos na Fig. 4. A solução
4 VoTs da Equação (47) resulta em (48)
 
max I oB 
27 2 L
(38)
1 (48)
Encontra-se a razão cíclica, substituindo a Equação (35) em 
V dT  (V  V )( d   )T  0
i s i o 1 s 
Ts
(30) resulta em (39). O conversor está operando na fronteira, e da Equação (48) isolando-se Vo/Vi encontra-se (49), que é o
será usada a corrente de entrada como parâmetro de projeto, ganho estático de tensão do conversor operando no modo
também assumi-se que Vi é constante, DCM.
I iB
d  Vo  d  1
(39)
 
max I iB
Vi
 
 Vi  DCM
 ( M ) DCM 
1
(49)
e o ganho estático definido com M é obtido substituindo-se a Considerando-se o conversor sem perdas, Pi = Po, pode-se
Equação (34) em (39), o que resulta em (40) encontrar o ganho estático de corrente para o conversor ope-
M 
1 rando no modo DCM, dado por (50)
I iB  Io  1
1 (40) 
max I iB   Vi
 
 I i  DCM d   1
(50)

onde M  Vo Vi . rearranjando os termos da Equação (49), pode-se escrever (51)


d
Utilizando a corrente de entrada como parâmetro de projeto 1  (51)
e assumindo que Vo é constante, pode-se encontrar a razão  M  DCM 1

cíclica, substituindo a Equação (36) em (31) resulta em (41), Da Fig. 4, pode-se encontrar o valor médio da corrente no
1 I iB indutor para o modo DCM, que é dada pela Equação (52)
dM (41)
4 max I iB   Vo
ii ( t ) Ts

Vi Ts
2L
( d  1 )d (52)
e o ganho estático é obtido isolando-se M da Equação (41), o Seguindo o procedimento realizado para a operação do
que resulta em (42) conversor na fronteira entre os modos CCM e DCM, utilizan-
4d do para isso as Equações (35)-(38) e a Equação (52), encontra-
M 
Ii B (42) se o ganho estático de tensão e a razão cíclica para o conversor
max I i  quando a tensão de entrada (Vi) ou de saída (Vo) são contantes
V B
o

Utilizando a corrente de saída como parâmetro de projeto e e quando utiliza-se corrente de entrada (Iin) ou a corrente de
assumindo que Vi é constante, pode-se encontrar a razão cícli- saída (Ion) como parâmetros de projeto.
ca, substituindo a Equação (37) em (32) resulta em (43), Considerando a corrente de entrada normalizada (Iin) como
1 Io parâmetro de projeto e Vi constante, o ganho estático de ten-
dM B
(43) são é obtido substituindo-se as Equações (51) e (35) em (52) e
4 max I o 
V B
i
rearranjando os termos para obter (53).
e o ganho estático é obtido isolando-se M da Equação (43), o d2
que resulta em (44)  M  DCM  1 
ii ( t ) T (53)
4d d2 s

M 
I oB max I iB  
(44) Vi

max I oB  Vi
A Fig. 6(a) mostra a Equação (54) graficamente e a Fig.
6(b) a Equação (53). A Equação (53) pode ser reescrita caso o
Quando a corrente de saída é o parâmetro de projeto e con-
interesse do projeto seja a razão cíclica, como mostra a Equa-
siderando-se Vo é constante, pode-se determinar a razão cícli-
ção (54).
ca, substituindo-se a Equação (38) em (33) resulta em (45),
4 I oB ii (t ) Ts  1 
d  M2 (45) d  1   (54)
27 max I oB   Vo max I iB   Vi   M  DCM 
o ganho para o conversor operando na fronteira é dado por
(46) e é obtido isolando-se M da Equação (45).

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Figura 6. Relação entre a razão cíclica d e Iin para Vi constante (a), relação entre o ganho estático de tensão e Iin para Vi constante (b).

Figura 7. Relação entre a razão cíclica d e Iin para Vo constante (a), relação entre o ganho estático de tensão e Iin para Vo constante (b).

Considerando a corrente de entrada normalizada (Iin) como A Fig. 8(a) mostra a Equação (58) graficamente e a Fig.
parâmetro de projeto e Vo constante, o ganho estático de ten- 8(b) a Equação (57). Reescrevendo (57) isolando a razão cícli-
são é obtido substituindo-se as Equações (51) e (36) em (52), ca, resulta na Equação (58).
rearranjando os termos conforme mostra a Equação (55).
1 io (t ) Ts
4d 2 d  M   1 (58)
 M  DCM  1
ii ( t ) T
s (55)
4 max I oB   Vi
DCM

max I iB  Vo Por fim, encontram-se as relações de M e d com Ion, consi-


A Fig. 7(a) mostra a Equação (56) graficamente e a Fig. derando Vo constante, substituindo-se as Equações (51) e (38)
7(b) a Equação (55). A Equação (55) pode ser reescrita caso o em (52), o que resulta em (59).
interesse do projeto seja a razão cíclica como mostra a Equa- 1 1 d2
 M  DCM   1
ção (56). 2 2 1 io ( t ) T
s (59)
1 ii (t ) 27 max I oB  
 M   1
Ts Vo
d (56)
4 max I iB   Vo
DCM A Fig. 9(a) mostra a Equação (60) graficamente e a Fig.
9(b) a Equação (59). Reescrevendo (59) isolando a razão cícli-
A relação de M e d com Ion, considerando Vi constante é ob- ca obtém-se (60).
tida substituindo-se as Equações (51) e (37) em (52), o que io (t )
4
resulta em (57). d  M  DCM  M   1
Ts
(60)
4d 2
27 DCM
 
max I oB
 M  DCM
Vo
 1
io ( t ) T (57)
s

max I oB  Vi

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Figura 8. Relação entre a razão cíclica d e Ion para Vi constante (a), relação entre o ganho estático M de tensão e Ion para Vi constante (b).

Figura 9. Relação entre a razão cíclica d e Iin para Vo constante (a), relação entre o ganho estático de tensão M e Iin para Vo constante (b).

Para o projeto do indutor quando estão disponíveis a tensão


IV. EQUAÇÕES PARA O PROJETO DO INDUTOR E DO CAPACITOR de saída (Vo) e a correte de entrada (Ii) utiliza-se a Equação
DO CONVERSOR BOOST (63).
Nesta seção será apresentado um método para se calcular o d (1  d )TsVo
L (63)
valor mínimo do indutor e do capacitor do conversor boost. 2 I iB
Esse método consiste em utilizar as equações da fronteira Se os dados para projeto forem apenas a tensão de saída
entre os modos de operação CCM e DCM do conversor. Para (Vo) e a correte de saída (Io) utiliza-se a Equação (64) para
o indutor é possível usar uma das Equações (61)-(64) de acor- projeto do indutor.
do com os dados disponíveis para projeto. d (1  d ) 2 TsVo
L (64)
2 I oB
Equações para projeto do indutor:
Equação para projeto do capacitor:
Quando as informações disponíveis para projeto são a ten-
são de entrada (Vi) e a corrente de entrada (IiB), pode-se en- A relação entre a carga do capacitor e a tensão nos seus
contrar a razão cíclica e utilizar a Equação (61) para projeto terminais é uma constante, como mostra a Equação (65).
do indutor. Q  CV
dT V (65)
L s i (61) considerando apenas a primeira etapa de funcionamento do
2 I iB
Quando há apenas a tensão de entrada (Vi) e a correte de sa- conversor, Equação (66).
ída (Io) utiliza-se a Equação (62) para projeto do indutor. t  ton  dTs (66)
d (1  d )TsVi
L (62)
2 I oB

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TABELA I. uma bateria de íons de lítio, a qual, de acordo com o fabrican-


DADOS DE PROJETO.
te, suporta ripple máximo de 0,5 %, ou seja, K = 0;5 % [11].
Pi dTs (70)
DESCRIÇÃO VARIÁVEL VALOR C
min Vo  K
2
% do ripple de tensão K 0,5% de Vo
Tensão de MPPT Vi 2,2 V Resolvendo a Equação (70) para K = 0;005, d = 1,
Corrente de MPPT Ii 1,0 A
min{Vo}= 3;4 V, Ts = 10 µs encontra-se o valor do mínimo
capacitor de saída Cmin ≥ 93;79 µF, que garante um ripple
Frequência de chaveamento Fs 100 k Hz
igual a 0,5% de Vo.
TABELA II.
COMPONENTES USADOS NA SIMULAÇÃO. Resultado de Simulação:

DESCRIÇÃO VARIÁVEL VALOR


Para ilustrar o funcionamento correto do projeto, fez-se si-
Indutor L 100 µH
mulação utilizando o software PSIM. Os resultados obtidos
Capacitor C 100 µF foram simulados com os valores dos componentes comerciais
Carga R 224 Ω mais próximos, conforme mostra a Tabela II. A Fig. 10 (a) e
Frequência de chaveamento Fs 100 k Hz (b) apresenta as formas de onda da corrente no indutor e da
tensão no capacitor para a mínima razão cíclica (d=0,1), res-
É possível derivar a Equação (67). pectivamente. A Fig 10 (b) indica que nessas condições K é
dTs I o aproximadamente 0,1 %. As Figuras 11 (a) e (b) mostram as
C (67)
V formas de onda da corrente no indutor e da tensão no capaci-
Onde tor, para a razão cíclica máxima (d=0,9), respectivamente. A
V  Vo K (68) Fig 11 (b) indica que K é aproximadamente 0,4 %. A Fig. 12
mostra o circuito simulado.
Ou seja, ΔV é um percentual de Vo, esse percentual é definido
por K. Assim, reescrevendo (67) obtém-se (69).
I o dTs (69)
C
Vo K

V. EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Em aplicações aeroespaciais, em especial pequenos satéli-
tes, os conversores utilizados apresentam restrições de volume
e peso [14]. Além disso, os componentes utilizados normal-
mente são componentes comerciais de uso geral (Commercial
Off-The-Shelf (COTS)) [15]. Para comprovar a analise teórica,
nessa seção será apresentado um exemplo de projeto conside-
rando um conversor boost operando como carregador de bate-
rias usando energia fotovoltaica e realizando algoritmo de
busca do ponto de máxima potência ( Maximum Power Point
Tracking (MPPT)).
Essa aplicação é típica para pequenos satélites. Assim, de-
vido a aplicação, a qual impõem que a tensão de entrada e a
corrente de entrada estejam fixas no ponto de máxima potên-
cia do arranjo fotovoltaico, devido ao algoritmo de MPPT, é
possível projetar o indutor utilizando a Equação (61). As espe-
cificações para projeto são dadas na Tabela I.
O indutor é calculado conforme a Equação (61). Conside-
rando os dados da Tabela I, o valor do indutor é de L = 99,6
µH. Esse valor de indutância garante o funcionamento do
conversor na fronteira entre os modos de operação CCM e
DCM, quando a razão cíclica for máxima d = 1. Também
garante que para qualquer valor de razão cíclica (0 ≤ d < 1) o
conversor operará em CCM.
O projeto do capacitor depende basicamente do máximo
ripple admissível no projeto para a tensão de saída. É possível
modificar a Equação (69), obtendo-se (70). Com isso, e defi-
nindo-se o tipo de bateria que será utilizado, por exemplo,
Figura 10. Formas de onda para razão cíclica d=0,1; (a) corrrente no indutor,
(b) Tensão no capacitor.

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312 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 16, NO. 2, FEB. 2018

abordadas na literatura. O método de projeto aqui apresentado


e aplicável a qualquer conversor boost. As simulações, que
comprovam que os resultados da metodologia de projeto.

AGRADECIMIENTOS
Os autores agradecem a Universidade Federal de Santa Ma-
ria (UFSM), ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPQ) e a Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES/PROEX).

REFERENCIAS

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principles of Power Electronics, Addison-Wesley Publishing Company.
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[4] R. Silva Ortigoza, J. N. Alba Juarez, J. R. Garcia Sanchez, V. M. Her-
nandez Guzman, C. Y. Sosa Cervantes and H. Taud, ”A Sensorless
Passivity-Based Control for the DC/DC Buck Converter-Inverter-DC
Motor System,”in IEEE Latin America Transactions, vol. 14, no. 10,
pp. 4227-4234, Oct. 2016.
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Interleaved Converter for PV Applications,” in IEEE Latin America
Transactions, vol. 14, no. 6, pp. 2738-2743, June 2016.
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Feeded by Renewable: PV and Train Regenerative Braking,”in IEEE
Latin America Transactions, vol. 14, no. 7, pp. 3262-3269, July 2016.
[7] R. O. Nunez, G. G. Oggier, F. Botteron and G. O. Garcia, ”Analysis of
the Transformer Influence on a Three-Phase Dual Active Bridge DCDC
Converter,” in IEEE Latin America Transactions, vol. 14, no. 7, pp.
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II), AN1207 Microchip Technology Inc, 108 p.,2009.
VI. CONCLUSÃO [10] H. N. Le, K. Orikawa and J. I. Itoh, ”Circuit-Parameter-Independent
Nonlinearity Compensation for Boost Converter Operated in Discon-
A análise estática de funcionamento do conversor boost foi tinuous Current Mode,”in IEEE Transactions on Industrial Electronics,
apresentada em detalhes para cada dado disponível de projeto. vol. 64, no. 2, pp. 1157-1166, Feb. 2017.
O conversor boost foi analisado desprezando-se as perdas dos [11] Emerson In c., Effects of AC Ripple Current on VRLA Battery Life,A
Technical Note from the Experts in Business-Critical Continuity Emer-
componentes. As etapas de operação foram descritas e o cir-
son Network Power, 8 p.,2009.
cuito foi equacionado para cada etapa. Considerou-se para [12] P. R. Mohanty and A. K. Panda, ”Fixed-Frequency Sliding-Mode
essa análise a variação o ganho estático e a da razão cíclica em Control Scheme Based on Current Control Manifold for Improved Dy-
função das correntes de entrada e de saída, fixando-se ora a namic Performance of Boost PFC Converter,”in IEEE Journal of
Emerging and Selected Topics in Power Electronics, vol. 5, no. 1, pp.
tensão de entrada ora a tensão de saída do conversor. Com 576-586, March 2017
isso, conseguiu-se abranger diversas situações de projeto não [13] Cristian Pesce et al., ´ A DC-DC Converter Based On Modified Fly-
back Converter Topology , IEEE Latin America Tramsaction, Septem-
ber 2016.
[14] Everson Mattos, Concepção e Análise de um Sistema de Energia para
Picosatelites, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa
Maria, 128 p., 2016.
[15] Kathryn Beckwith, EEE Parts Database of CubeSat Projects and Kits,
National Aeronautics and Space Administration (NASA), Jet Propul-
sion Laboratory, Pasadena, California, 58 p., 2015.

Everson Mattos é graduado em Engenharia Elétrica pela


Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis,
SC, Brasil, em 1998. Obteve o título de mestre em Engenharia
Elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Santa Maria, RS, Brasil, em 2016 e é Doutorando em Engenha-
ria Elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A principal área de interesse é sistema de energia para satélites. É membro da
Figura 12. Circuito simulado no software PSIM. SOBRAEP e do IEEE.

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MATTOS et al.: A REVIEW OF BOOST CONVERTER ANALYSIS 313

Antônio Manuel Santos Spencer Andrade é graduado em José Renes Pinheiro Doutor em Engenharia Elétrica UFSC, em
Engenharia de Controle e Automação pela UCS em 2012. 1994. Atualmente é professor Titular do Departamento de
Obteve o título de mestre em Engenharia Elétrica pela Universi- Processamento de Energia Elétrica (DPEE) da UFSM. Pós-
dade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil, doutorado no Center for Power Electronics Systems (CPES), da
em 2016 e é Doutorando em Engenharia Elétrica pela Universi- Virginia Polytechnic Institute and State University (Virginia
dade Federal de Santa Maria (UFSM). Áreas de Interesse: Tech), USA, em 2002. Fundador do Grupo de Pesquisa em
Processamento de energia fotovoltaico. É membro da SOBRAEP e do IEEE Eletronica de Potencia e Controle (GEPOC) da UFSM. Suas principais areas
de interesse incluem Sistemas Híbridos de Alimentação em Alta Frequência,
Guilherme Vieira Hollweg é graduado em Engenharia Elétrica Modelagem, Controle e Otimização de Conversores Estáticos e Sistemas
pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente Distribuídos de Energia. É membro da SBA, SOBRAEP do IEEE.
é mestrando em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM). Áreas de interesse: Controle Aplicado, Mário Lúcio da Silva Martins Doutor em Engenharia Elétri-
Eletrônica de Potência e Sistemas Embarcados. ca pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brazil, em 2008. Atuou como pesquisador na
Universidade Federal de Paraná, Pato Branco, PR, Brasil de
2006 até 2012. Desde 2012, faz parte do Departamento de
Eletrônica e Computação da Universidade Federal de Santa
Maria. Áreas de interesse: SMPS, inversores FV e energias renováveis. É
membro da SOBRAEP e algumas sociedades da IEEE.

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