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ELÉTRICAS I
Introdução
Todos os geradores são acionados por uma fonte de potência mecânica,
usualmente denominada máquina motriz do gerador, que pode ser uma
turbina a vapor, um motor a diesel ou mesmo um motor elétrico. Como
a velocidade da máquina motriz afeta diretamente a tensão de saída de
um gerador, é necessário analisar esse impacto em diversos cenários.
Para isso, analisaremos dois sistemas de excitação.
Neste capítulo, você identificará as características básicas e o funcio-
namento de um gerador sendo utilizado com dois tipos de excitação: a
independente e a shunt.
Eixo em
quadratura
Eixo
Escovas direto
Campo
Bobina Armadura
de campo
Bobinas
de armadura
(a) (b)
Figura 1. (a) Eixos de uma máquina CC. (b) Representação esquemática de uma máquina CC.
Fonte: Umans (2014, p. 404).
Eixo magnético
da armadura
12 1
Bobina de campo
11 2
10 3
Eixo magnético
do campo
ia
9 4
8 5
7 6
ia
𝜏mec = KaΦdIa
polosCa
Ka = 2m
Ea = KaΦdωm
Gerador CC I 5
Tensão de
escovas, ea
Tensão
Tensões
retificadas
de bobina
t
Para saber mais sobre os aspectos construtivos de uma máquina CC, consulte Chapman
(2013) e Umans (2014).
(a) F1
IA
Raj RA A1
Vescova
RF
EA
LF
A2
F2
(b) IA
F1
A1
RA
RF
VF EA VT
LF
A2
F2
Figura 4. (a) Circuito equivalente de um gerador CC. (b) Circuito equivalente simplificado
(queda de tensão nas escovas eliminada).
Fonte: Chapman (2013, p. 528).
Gerador CC I 7
1. de excitação independente;
2. em derivação;
3. série;
4. composto.
IA IL
IF RA
RF
VF EA VT
LF
IL = IA
VT = EA – IARA
V
IF = F
RF
V T = EA – I A R A
VT
EA
queda IARA
IL
(a)
VT
EAn1
queda IARA
queda RA
IL
(b)
RA IL
IF RF
VF EA VT Rcarga
LF
(a)
VT
V’T
VT
VT
RL =
IL
IL
IL IL’
(b)
Figura 7. (a) Gerador CC de excitação independente com carga resistiva. (b) Efeito da
diminuição na resistência de campo sobre a tensão de saída do gerador.
Fonte: Chapman (2013, p. 531).
Gerador CC I 11
Como a tensão interna de um gerador é uma função não linear de sua FMM,
não é possível calcular de forma simples o valor de EA esperado para uma dada
corrente de campo. A curva de magnetização do gerador deve ser usada para
calcular com exatidão sua tensão de saída para uma dada tensão de entrada.
Além disso, se uma máquina tiver reação de armadura, então seu fluxo será
reduzido a cada incremento de carga, fazendo EA diminuir. A única maneira
de se determinar com exatidão a tensão de saída em uma máquina com reação
de armadura é pelo uso de análise gráfica (CHAPMAN, 2013).
A FMM total de um gerador de excitação independente é a FMM do circuito
de campo menos a FMM devido à reação de armadura (RA):
https://qrgo.page.link/69HGo
IA IL
0–300 Ω Raj 0,05 Ω
RA
20 Ω RF
VF = 430 V
EA VT
NF = 2000 espiras LF
RA = 0,05 Ω
RF = 20 Ω
Raj = 0 a 300 Ω
VF = 430 V
NF = 2.000 espiras por polo
500
450
430
410
400
Tensão interna gerada EA, V
300
200
100
0
0,0 1,0 2,0 3,0
4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
4,75 5,2
Corrente de campo, A
Nota: Quando a corrente de campo é zero, EA é aproximadamente 3 V.
Se o resistor ajustável Raj do circuito de campo desse gerador for ajustado para 63
Ω, e a máquina motriz estiver acionando o gerador a 1600 rpm, qual será a tensão de
terminal a vazio do gerador?
A resistência de campo seria:
RF + Raj = 63 + 20 = 83 Ω
VF 430
IF = = = 5,2 A
RF 83
EA ηm
=
EA0 η0
EA 1600
=
430 1800
EA = 382 V
V T = EA – IARA
V T = EA – 0 × RA
V T = EA
V T = 382 V
V T = EA – I A R A
EA = KΦresωm
Essa tensão que surge nos terminais do gerador é uma pequena (cerca de
um ou dois volts), mas suficiente para circular uma corrente na bobina de
campo do gerador ( ). Essa corrente de campo produz uma FMM nos
polos, aumentando o fluxo neles. O incremento de fluxo causa um aumento
em EA = KΦ↑ωm, o que aumenta a tensão de terminal VT. Quando VT sobe, IF
cresce ainda mais, aumentando o fluxo Φ e EA.
Esse comportamento da geração inicial de tensão, denominado escorva-
mento, está mostrado na Figura 9. Observe que, no final, é o efeito da saturação
magnética das faces polares que impede o crescimento contínuo da tensão de
terminal do gerador.
EA(e VT), V
VT versus IF EA versus IF
VT vz
Curva de
magnetização
VT
RF =
RF
EA, res
IF , A
IFvz
Pode não haver fluxo magnético residual no gerador. Isso impedirá que
o processo de escorvamento tenha início. Se o fluxo residual for Φres
= 0, então teremos EA = 0, e a tensão nunca começará a ser produzida.
Se ocorrer esse problema, desligue o campo do circuito de armadura e
conecte-o diretamente a uma fonte CC externa, tal como uma bateria.
O fluxo de corrente dessa fonte CC externa deixará um fluxo residual
nos polos, possibilitando, então, uma partida normal. Portanto, esse
procedimento consiste em aplicar diretamente ao campo uma corrente
CC durante um breve período de tempo.
Pode ter ocorrido uma inversão do sentido de rotação do gerador ou
havido uma inversão nas ligações do campo. Em ambos os casos, o fluxo
residual ainda gera uma tensão interna EA, que produz uma corrente de
campo que, por sua vez, induz um fluxo tal que, em vez de somar, se opõe
ao fluxo residual. Nessas circunstâncias, o fluxo resultante diminuirá de
intensidade, ficando, na realidade, abaixo de Φres sem induzir nenhuma
tensão. Se esse problema ocorrer, ele poderá ser corrigido invertendo
o sentido de rotação ou as ligações, ou ainda aplicando brevemente ao
campo uma corrente CC tal que inverta a polaridade magnética.
O valor da resistência de campo pode ser ajustado para um valor maior
do que o da resistência crítica. Para compreender esse problema, consulte
a Figura 10. Normalmente, a tensão inicial do gerador em derivação
subirá até o ponto em que a curva de magnetização intersecta a reta
da resistência de campo. Se essa resistência de campo tiver o valor R2
da figura, sua reta será aproximadamente paralela à curva de magne-
tização. Nesse caso, a tensão do gerador poderá flutuar amplamente
com apenas mínimas alterações de R F ou IA. Esse valor de resistência
é denominado resistência crítica. Se R F exceder a resistência crítica
(como em R3 , na figura), a tensão de operação de regime permanente
ocorrerá basicamente em nível residual e nunca subirá. A solução para
esse problema está em reduzir R F.
Gerador CC I 17
R0
EA (e VT), V
R2 R1
R3
V0
V1
V2
V3 IF, A
VT
IARA
Efeito do enfraquecimento
de campo
IL
Leituras recomendadas
DEL TORO, V. Fundamentos de máquinas elétricas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos, 1994. 574 p.
HAYT JUNIOR, W. H.; BUCK, J. A. Eletromagnetismo. 8. ed. Porto Alegre: AMGH; Bookman,
2013. 616 p.
KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 2011. 667 p.