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1.8.

3 Reação da Armadura:
A reação da armadura só ocorre quando há circulação de corrente (Ia) solicitada
pela carga , o fluxo magnético criado por esta corrente provoca distorções nas linhas do
fluxo principal (indutor).
Esta distorção ocorre
porque o fluxo de reação da
armadura é transversal ao fluxo
indutor. Em conseqüência
ocorrerá um efeito frenante,
com o deslocamento da linha
neutra mecânico da máquina.
Quando somente a
bobina do campo é percorrida
por uma corrente CC, as linhas
de fluxo distribuem-se
conforme a figura 22.
Uma bobina cortando o
plano vertical não intercepta Figura-22 – Campo principal desconsiderando a corrente da armadura
nenhuma linha de campo, logo
não apresentara tensão induzida, momento onde deve ser feito a comutação. Nesta situação
diz-se que a bobina sob comutação encontra-se sob o plano neutro.
Supondo agora que somente o campo da
armadura é excitado por uma corrente
CC, o fluxo se distribui circularmente
pela armadura conforme o desenho
mostrado na figura 23.
A combinação dos campos produzidos
pelos dois enrolamentos da máquina,
resulta na distribuição da figura 24. Na
parte superior do pólo norte e inferior do
pólo sul, os fluxos dos pólos da máquina
e os da armadura tem o mesmo sentindo,
determinando um maior fluxo nessas
regiões.
Figura-23 – Linhas de Fluxo devido somente a corrente na
armadura

Já na parte inferior do pólo norte


e na parte superior do polo sul os dois
campos tem sentido opostos, portanto o
fluxo nessas regiões é mais fraco.
Conclui-se que o campo de
reação que uma corrente atravessando o
enrolamento da armadura provoca no
campo principal é o de distorcer o fluxo
magnético e desviar a linha neutra.

Figura-24 – Campo principal resultante da reação da armadura


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Nesta situação se as escovas estiverem ajustadas para estabelecerem curto-
circuito nas bobinas sob o plano neutro mecânico, serão produzidas correntes intensas nas
mesmas, pois elas estarão cortando o fluxo magnético no momento da comutação.

1.8.4 Comutação e tensão de reatância:

Durante a rotação da armadura, no instante da comutação de uma bobina, o


sentido da corrente se inverte quando a escova se move de um segmento a outro do
comutador( 2 para o 3). Na figura 25 é mostrado o sentido da corrente na bobina sob
comutação em três instantes diferentes(a,b,c). Nesta figura percebe-se que no instante (a) a
corrente na direção do segmento (3) para o (2); no instante (b) a corrente e zero na bobina e
por fim no instante (c) a corrente esta invertida com relação à situação (a).

A intensidade da corrente é proporcional a área de contato entre a escova e o


segmento. Assim para uma comutação satisfatória, a corrente deverá se inverter
completamente no tempo compreendido entre o movimento da escova do segmento dois(2)
para o três(3). Esta situação está representada na figura 26 onde a reta representa a
comutação ideal.
Porém, trata-se de um
circuito RL com R variável, logo a
corrente varia conforme a curva
exponencial indicada na mesma figura,
curva de comutação incompleta. Como
se pode ver a corrente não inverteu seu
sentido por completo ate final do tempo
de comutação. A parcela de corrente não
invertida salta, provocada pela tensão de
reatância, sob a forma de centelha, do
segmento do comutador para a escova,
tendo como resultado o desgaste do
comutador.

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1.8.5- Interpolo ou pólo de comutação

Para evitar o problema de centelhamento nas escovas, durante a comutação,


devido às tensões induzidas nas bobinas postas em curto, deve-se mudar as escovas para o
novo plano neutro, o que acarreta em uma mudança para cada condição de carga, ou mantê-
las no plano neutro mecânico com a utilização de pólos auxiliares, conhecidos como
interpolos.

Figura-27 – Distribuição do Campo do Interpolo

O número de interpolos deve ser igual ao número de pólos do campo, seus


enrolamentos são ligados em série com os enrolamentos da armadura. Por este motivo seus
os pólos são constituídos por bobinas de poucas espiras de fio grosso, enrolados em núcleos
laminados, dispostos entre os pólos principais da máquina, ver figura 27. A sua polaridade
deve ser igual aos dos pólos principais que se seguem no caso de gerador, ou precedentes
no caso de motor. O fluxo gerado pelos interpolos neutraliza a reação da armadura no
campo principal na região do plano neutro e também produz um fluxo adequado, pois
utiliza a própria corrente da armadura, para neutralizar a tensão de reatância, estabelecendo-
se uma condição ideal para a comutação.

1.8.6- Enrolamento de Compensação

Para maquinas sujeitas a sobrecargas pesadas, cargas variáveis, a tensão


induzida em uma bobina localizada no pico de uma onda fortemente distorcida, pode ser
suficientemente alta ( maior que 20 Volts) para romper o arco entre as laminas do coletor, o
que limita o numero mínimo de laminas no mesmo. Desta forma haverá a indução de uma
tensão elevada na bobina localizada sob os centros polares, uma vez que a ação dos
interpolos e fraca nesta região. Isto e feito pelo Enrolamento Compensador, que consiste de
bobinas encaixadas em ranhuras nas faces polares, com polaridade opostas a da seção
adjacente do enrolamento da armadura, conforme a figuras 28 e 29. Como o eixo polar do

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enrolamento compensador e o mesmo que o da armadura, se aquele tiver o numero
suficiente de espiras, anulara completamente a reação da armadura sob as faces polares.
Este enrolamento deve ser ligado em serie com a armadura para se obter uma
variação proporcional entre os dois campos.
O efeito resultante da ação combinada dos Interpolos com o enrolamento de
compensação e o de um fluxo apenas produzido pelo campo principal, anulando-se a reação
da armadura.

Figura-29 Seção de uma maquina CC mostrando o


enrolamento Compensador e o Interpolos.
Figura-28 – Enrolamento Compensador encaixado nas
sapatas polares

1.8.7-Efeito freante da Reação da Armadura

Ao circular uma corrente pelos enrolamentos da armadura,


esta experimenta uma força em oposição ao movimento da maquina
motriz, como resultado da interação desta corrente nos condutores com
o fluxo do campo principal, reduzindo a velocidade da maquina
primaria. Tal efeito e explicado pela lei de Lenz e o seu sentido
determinado pela regra da mão direita para motores apresentado na
figura 30. A diferença desta regra para a determinação Figura-30 – regra da mão direita para motores
da FEM e que as direções da corrente e fluxo estão trocados
Isto explica a queda de rotação da maquina de acionamento quando a carga no gerador
aumenta.

Exercícios (2ª Parte)

1) Um gerador CC Shunt de 250V e 150Kw, possui uma Resistência de campo de 50


Ohms e Ra igual a 0,05 Ohms, calcule:
a) A corrente de plena carga;
b) A corrente de campo;
c) A corrente da Armadura; e
d) A tensão (FEM) gerada na armadura a plena carga.

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2) Um gerador CC composto com derivação longo-Shunt possui: potência nominal de
100Kw, 500V Ra=0,30 ohms , Rp = 125 ohms e Rs = 0,01 ohms. Calcule a FEM gerada a
plena carga

3) Um gerador CC derivação série de 10Kw e 125V tem uma queda de tensão nas escovas
de 2Volts, uma resistência do circuito da armadura de 0,01ohms e uma resistência de
campo série de 0,05 ohms. Quando entrega a corrente nominal a carga , calcule:
a) a corrente na armadura;
b) a FEM gerada na Armadura.

4) Um gerador CC Shunt, 30Kw e 250V produz uma tensão induzida na armadura de


265V ,a fim de desenvolver tensão de saída nominal, com excitação de campo igual á
1,5 A .Calcule:
a) A resistência de campo para produzir a tensão terminal nominal;
b) A resistência do circuito da armadura(desprezar a queda nos contatos das escovas)

5)Um gerador CC com excitação composta curto Shunt 50Kw, 250 V tem os seguintes
dados: Ra = 0,06 ohms, Rs = 0,04 ohms, Rp = 125 ohms. Considere 2 V a queda de tensão
no contato das escovas. Calcule a tensão(FEM) induzida na armadura para carga nominal.

6) Repita o exercício nº5, para ligação longo Shunt.

7) Um gerador CC Com excitação paralelo, 100kw e 230 V, tem Ra= 0,05 ohms e Rp =
57,5 ohms, operando com tensão terminal V nominal calcule a FEM induzida: a) a
plena carga; b) a meia carga.

8) Um gerador com corrente de excitação Composto longo Shunt alimenta uma carga de
50 Kw e 230 V. A resistência do circuito de campo shunt e a da armadura + série são
respectivamente 45 ohms e 0,03 ohms. A queda nas escovas é 2V. Calcule a FEM e a
regulação de tensão.

9) Em um gerador CC de excitação independente Ra= 0,04 , Rp =110 ohms. As perdas


mecânicas e no ferro totalizam 960 Watts. O gerador alimenta uma carga com
Vt=230V. Calcule o rendimento quando o gerador alimenta uma carga de 45 Kw.

10) Um gerador CC com excitação independente tem uma característica de tensão sem
carga de 125V com uma corrente de campo de 2,1 A quando gira a velocidade de 1600
RPM. Supondo que está operando na parte linear(retilínea ) da curva de saturação,
Calcule :a) A tensão gerada FEM quando a corrente de campo de excitação é
aumentada para 2,6 A mantendo-se a rotação em 1600 RPM.b) A tensão quando a
velocidade é reduzida para 1450 RPM c) corrente de campo aumentada para 2,8 A

11) Um gerador CC Shunt de 125 V tem uma regulação de tensão de 5% a plena


carga.Calcule a tensão sem carga.

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