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ACIONAMENTOS

ELÉTRICOS

Felipe de Oliveira Baldner


Máquinas síncronas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as características das máquinas síncronas.


„„ Explicar o funcionamento das máquinas síncronas.
„„ Demonstrar o dimensionamento das máquinas síncronas.

Introdução
Neste capítulo, você conhecerá as máquinas síncronas, desde seu fun-
cionamento básico até os parâmetros de dimensionamento. A partir das
teorias do eletromagnetismo de Faraday, Lenz e Loretnz, é possível criar
um modelo de máquina elétrica básico, constituindo suas partes básicas,
como o rotor e o estator, do ponto de vista mecânico, e a armadura e o
campo, do ponto de vista elétrico.
Com isso, constrói-se a máquina síncrona, em que a tensão alternada
presente em seus enrolamentos de armadura tem frequência proporcio-
nal à velocidade mecânica e à construção das bobinas de campo.
Com seu projeto básico, torna-se necessário definir os parâmetros
internos de modo a poder determinar a tensão da armadura e o torque do
rotor para especificar sua eficiência como uma relação entre as potências
de entrada e saída, variáveis com o tipo de ação da máquina, motora ou
geradora, além das perdas internas.

Características de uma máquina síncrona


As máquinas elétricas rotativas constituem dispositivos eletromecânicos de
conversão de energia, ou seja, são responsáveis por converter energia elétrica
em energia mecânica, sendo então chamadas de motores, ou converter energia
mecânica em energia elétrica, recebendo a denominação de geradores. Por
mais que haja essa distinção, a constituição de um motor elétrico e de um
gerador elétrico — uma máquina elétrica — é essencialmente a mesma. Sua
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composição mecânica básica consiste em uma parte estática, o estator, e uma


parte rotativa, o rotor; em ambas as partes, há enrolamentos que, de acordo
com o tipo de máquina, receberão nomes diferentes (UMANS, 2014).
Considerando que uma máquina elétrica composta por espiras no rotor,
imersas em um campo magnético gerado pelo estator, como mostra a Figura
1a com a vista frontal desta máquina e a Figura 1b com um detalhamento
da espira do rotor, existem duas possibilidades de análise, de acordo com o
sentido da conversão de energia. A ação geradora se dá quando é exercido
um torque no eixo do rotor, que provocará o giro deste a uma velocidade
angular ωm. Esse rotor em movimento circular corta diferentes linhas de
campo magnético, fornecido pelo estator, em sua trajetória fazendo com que
se induza uma força eletromotriz etot nos terminais dessa bobina, em razão da
lei de Faraday, ilustrada pela Equação (1). Esta é representada em função do
fluxo concatenado λ, do fluxo magnético Φ e da quantidade de espiras N da
bobina. O sinal negativo diz respeito à lei de Lenz, em que o sentido da força
eletromotriz induzida é oposto ao do campo magnético que a induz (HAYT
JUNIOR; BUCK, 2013; UMANS, 2014).

(1)

Figura 1. Esquema de uma máquina elétrica básica: (a) vista frontal; (b) detalhamento da
bobina do rotor.
Fonte: Chapman (2013, p. 153).
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Já a ação motora se dá quando, na espira do rotor, é fornecida uma diferença


de potencial etot, a qual faz com que a corrente circule na bobina. A interação
dessa corrente I, circulando por um trecho de comprimento L da bobina,
com o campo magnético B do estator faz com que surjam forças ao longo da
bobina de acordo com a equação de Lorentz, mostrada na Equação (2) em sua
forma vetorial e em seu módulo, onde θ é o ângulo entre o campo magnético
e o condutor. O produto vetorial diz que apenas as correntes circulando por
trechos da bobina não paralelos ao campo produzirão corrente. Assim, de
acordo com a Figura 1(b), haverá força induzida apenas nos segmentos d–c
e b–a. Como o sentido de corrente nesses segmentos é oposto, as forças
terão sentidos opostos, criando um conjugado T, dado pela Equação (3), que
provocará o movimento circular dessa bobina em torno de seu eixo o–o’, cujo
braço de alavanca é dado pelo produto vetorial entre o vetor distância entre
o condutor e o eixo (r) e o vetor força, onde α representa o ângulo entre eles
(HAYT JUNIOR; BUCK, 2013; UMANS, 2014).

(2)

(3)

Assim, além de definir os dois principais componentes de uma máquina


elétrica por sua função mecânica (estator e rotor), é possível definir esses
mesmos componentes de acordo com sua função elétrica. Uma dessas funções
consiste em lidar com a potência da máquina, denominada armadura, e a
outra refere-se a gerar o campo, ou fluxo, magnético na máquina, chamado de
campo. Em geral, a armadura compõe-se por enrolamentos, enquanto o campo
pode ser constituído tanto por enrolamentos, como em um eletroímã, quanto
por ímãs permanentes, de acordo com o tipo de máquina (UMANS, 2014).
Entretanto, existem casos em que a armadura de uma máquina síncrona
está presente no rotor, tendo o campo fixo, no estator. Essas máquinas têm
aplicação em conversores síncronos, responsáveis por transformar corrente
contínua (CC) em corrente alternada (CA), quando se aplica tensão contínua
nas escovas do campo. Aplicando tensão em CA, a máquina síncrona opera
como gerador de CC (KOSOW, 2005).
Outra classificação dessas máquinas refere-se ao tipo de tensão elétrica
presente no enrolamento da armadura, podendo ser classificadas como má-
quinas de CC ou de CA. Entre as máquinas CA, estão as máquinas síncronas
e as de indução (UMANS, 2014).
4 Máquinas síncronas

As máquinas síncronas são assim denominadas, pois a frequência da tensão


alternada induzida é diretamente proporcional à velocidade de rotação do eixo
do rotor, estando assim as duas grandezas em sincronia. Essa proporcionali-
dade é dada pela quantidade de enrolamentos presentes no campo, também
chamados de polos. Em uma máquina síncrona, os polos estão localizados
no rotor, e o enrolamento de armadura, no estator, em razão da facilidade de
construção de acordo com as potências envolvidas em cada tipo de enrolamento
(UMANS, 2014).
Quanto à forma do rotor, uma máquina síncrona pode ser classificada
como de polos salientes ou de polos não salientes, exemplificados nas Figuras
2a e 2b, respectivamente, os quais, conforme a sua distribuição, podem ser
concentrados (Figura 2c) ou distribuídos (Figura 2d), em cavidades distribuídas
simetricamente ao longo do rotor, com diferentes números de condutores por
cavidade (nc), distribuídos de modo aproximadamente senoidal, podendo ser
determinados pela Equação (4), onde NC é a quantidade de enrolamentos na
cavidade a 0° e α o ângulo da cavidade (CHAPMAN, 2013; UMANS, 2014).

nC = NC cos(α) (4)

Figura 2. Máquina com rotor de (a) polos salientes e (b) polos


não salientes. (c) Polos concentrados e (d) distribuídos.
Fonte: Adaptada de Chapman (2013, p. 170) e Umans (2014, p. 193–196).
Máquinas síncronas 5

Considere um imã permanente, posicionado horizontalmente, cujo campo magnético


produzido é de 0,5 T. Entre seus polos, está presente um condutor em forma retangular,
de lado maior 20 cm e lado menor 5 cm apoiado em um eixo em seu centro, no qual
circula uma corrente de 1 A. Tendo em conta que a posição inicial desse condutor
está na horizontal, qual posição angular em que (a) a força será máxima e (b) o torque
será máximo? Determine também esses valores máximos.
a) Considerando um condutor com o formato retangular da Figura 1b inicialmente
a 45° da horizontal, a posição angular na qual a força será máxima pode ser deter-
minada analisando a Equação (2). Ela será máxima quando o seno do ângulo entre
o comprimento do condutor e o campo magnético for 1, ou seja:

sen(θ) = 1 ∴ θ = asen(1) = 90°

Como o campo magnético é horizontal, pelo posicionamento do condutor, seus


lados maiores sempre serão perpendiculares ao campo magnético. Os lados menores
estarão sempre paralelos e nenhuma força será aplicada neles. Assim, a força máxima
aplicada aos lados maiores será dada pela Equação (2):

|F| = ILBsen(θ) = (1A)(20 cm)(0,5T)sen(90°) ∴ |F| = 0,1 N

onde, em um lado, a força será para cima e, no outro, para baixo, sempre com a
mesma intensidade.

b) Considerando que há apenas força sendo exercida nos lados maiores desse condu-
tor e que são induzidas forças em sentidos opostos, há geração de um torque ou
conjugado. O torque será máximo de acordo com a Equação (3), quando a força for
perpendicular ao raio de rotação deste eixo, ou seja, da direção dada por metade
do lado menor do condutor. Assim, seu valor máximo será:

|T| = r|F|sen(α) = (2,5 cm)(0,1N)sen(90°) ∴ |T| = 2,5 mNm

Assim, com as características de uma máquina síncrona definidas,


seu funcionamento e operação devem ser analisados para poder aplicá-las
adequadamente.
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Funcionamento de uma máquina síncrona


Uma máquina síncrona simples, como a mostrada na vista em corte da Figura 3,
compõe-se por um enrolamento de armadura no estator e dois enrolamentos
de campo no rotor. Assim, para gerar o campo magnético necessário, deve-
-se alimentar o enrolamento de campo com corrente contínua, como em um
eletroímã. O fornecimento de CC é feito por escovas que entram em contato
com anéis deslizantes (UMANS, 2014).
O enrolamento de armadura é exemplificado na vista em corte da Figura 3,
como os enrolamentos a e −a, localizados no estator, de forma paralela ao eixo
do rotor. Considerando-o aberto, sem carga, o movimento do rotor faz com que
diferentes intensidades de fluxo magnético cruzem o enrolamento da armadura.
Considerando um ponto inicial no qual o fluxo é mínimo, seu giro produzirá
um fluxo senoidal. Assim, de acordo com a Equação (1), a tensão induzida no
enrolamento da armadura terá comportamento cossenoidal (UMANS, 2014).
Quando o rotor da máquina elétrica da Figura 3 completar um giro com-
pleto, terá induzido um ciclo completo de fluxo e, consequentemente, um ciclo
completo da tensão senoidal, podendo-se concluir que o período é determinado
por uma volta completa dos enrolamentos de campo do rotor. A frequência de
rotação, então, é igual à frequência da tensão elétrica induzida, justificando
o nome “máquina síncrona” (UMANS, 2014).
Considerando que cada enrolamento de campo do rotor também é chamado
de polo, uma máquina de quatro polos terá quatro enrolamentos de campo em
seu rotor, como ilustra a Figura 4, que conta, ainda, com dois enrolamentos de
armadura. Nesse caso, analisando apenas um dos enrolamentos de armadura,
um ciclo completo do rotor induzirá dois períodos de tensão elétrica, pois, a
cada enrolamento da armadura, será imposto um período de fluxo a cada par
de polos, quando a frequência do sinal elétrico será o dobro da frequência de
rotação (CHAPMAN, 2013).
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Figura 3. Esquema de uma máquina síncrona com um enro-


lamento de armadura e um par de enrolamentos de campo.
Fonte: Umans (2014, p. 193).

Figura 4. Esquema de uma máquina síncrona com dois


enrolamentos de armadura e dois polos.
Fonte: Umans (2014, p. 195).
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Assim, como se mantém uma proporção entre a frequência da tensão


elétrica e a frequência de rotação, mas com valores diferentes, deve-se fazer
a distinção entre o ângulo elétrico, ou seja, do sinal de tensão induzida na
armadura, e o ângulo mecânico, aquele que o rotor faz com o eixo da má-
quina. Dessa forma, pode-se generalizar que, para uma máquina de P polos,
a relação entre o ângulo elétrico (θE) e o ângulo mecânico (θM) é dada pela
Equação (5), enquanto a frequência elétrica ( f E), em hertz, é dada em relação
à rotação mecânica do rotor (n), em rotações por minuto (RPM) da máquina
pela Equação (6) (CHAPMAN, 2013; UMANS, 2014).

(5)

(6)

A tensão alternada induzida no estator de uma máquina síncrona varia


em função de diversas características da máquina, como o raio (r) e o com-
primento da bobina (l) do rotor, bem como da frequência elétrica, do número
de espiras e da densidade de campo magnético máxima (Bmax), como pode
ser observado na Equação (7). A tensão eficaz nos terminais da armadura é
dada pela Equação (8). O raciocínio pode ser expandido para uma máquina
trifásica, onde cada fase geraria uma tensão induzida similar à da Equação
(7), mas com defasagens de 0°, +120° e −120°. A tensão ainda depende da
ligação dos enrolamentos da armadura. Caso estes sejam ligados em estrela,
há um fator de multiplicação de na amplitude e no valor eficaz. A ligação
em triângulo não altera o valor da amplitude ou o valor eficaz (CHAPMAN,
2013; UMANS, 2014).

einduzida = 2NCrlBmaxωE cos(ωt) = 4πNCrlBmax f E cos(ωt) (7)

(8)

O conjugado nos enrolamentos do rotor é função do fluxo magnético


resultante em cada polo (ΦR), bem como da corrente de campo, que, por sua
vez, é proporcional à força magnetomotriz (FC), e da defasagem entre as li-
nhas de fluxo e da força magnetomotriz (δRF, também chamado de ângulo do
conjugado), como mostra a Equação (9). De acordo com a forma de utilização
da máquina síncrona, ou seja, como motor ou gerador, o conjugado varia, em
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regime permanente, de acordo com a curva da Figura 5. Considera-se que a


ação motora fará com que a força magnetomotriz esteja atrasada do fluxo
magnético e, em contrapartida, a ação geradora tem a força magnetomotriz
adiantada do fluxo magnético, provocando, assim, conjugados negativos ou
positivos, respectivamente (UMANS, 2014).

(9)

Figura 5. Variação do conjugado em relação à defasagem entre


força magnetomotriz e fluxo magnético.
Fonte: Umans (2014, p. 264).

Durante um regime transitório de ajustamento, o ângulo do conjugado


aumenta buscando equilíbrio, o que ocorre dinamicamente, com variações
tanto no fluxo magnético e na força magnetomotriz quanto oscilações do rotor
até que se alcance o regime permanente. Quando o ângulo do conjugado chega
a 90°, ou seja, a força magnetomotriz está perpendicular ao fluxo magnético,
a máquina alcança o sincronismo máximo e, consequentemente, o conjugado
máximo. Isso representa que um aumento no conjugado trará aceleração ao
rotor, acompanhado de perda de sincronia, o que significa que a máquina está
fora de controle, e dispositivos de proteção devem ser ativados para que não
ocorram danos (UMANS, 2014).
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Para que o conjugado máximo aumente, deve-se aumentar tanto a corrente


de campo quanto o fluxo magnético, embora esse aumento seja limitado pela
capacidade de refrigeração da máquina. Altas temperaturas fazem com que as
propriedades magnéticas sejam alteradas, tanto dos enrolamentos quanto do rotor
em si, ocorrendo saturação e, neste caso, desaceleração do rotor (UMANS, 2014).
Quando operando como motor síncrono, seu conjugado típico é apenas
alcançado na velocidade síncrona. Para isso, sua partida deve ser acompanhada
não somente da aplicação da tensão apropriada nos terminais da armadura, mas
sim com a utilização de inversores de frequência, que aumentarão a frequência
da tensão de alimentação da armadura gradativamente (UMANS, 2014).

Considere um gerador síncrono de quatro polos com velocidade mecânica nominal


de 1.800 RPM.
(a) Determine a frequência elétrica do sinal de tensão deste gerador e (b) sua tensão
eficaz sabendo que o campo é composto por um enrolamento de 70 espiras, de raio
0,5 m e comprimento 3 m, com campo magnético máximo de 0,8 T entre o rotor e
o estator.
a) A frequência elétrica é dada pela Equação (6):

b) A tensão eficaz é dada pela Equação (8):

Eeficaz = 44,78 kV

Com o conhecimento de seu funcionamento e dos seus parâmetros elétricos


e mecânicos, uma máquina síncrona pode ser, então, dimensionada de acordo
com a aplicação na qual trabalhará.
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Dimensionamento das máquinas síncronas


Uma máquina síncrona tem a tensão induzida e conjugado determinados,
respectivamente, pelas Equações (7) e (9). Entretanto, seu dimensionamento
deve levar em conta outros parâmetros, como a potência; para tanto, deve-se
utilizar um circuito equivalente para a máquina síncrona, como o mostrado
na Figura 6, representado em função dos fatores de tensão e da reatância dos
enrolamentos (UMANS, 2014).

Figura 6. Circuito equivalente de uma máquina síncrona.


Fonte: Umans (2014, p. 271).

Assim, a tensão nos terminais da armadura (Va), dada pela Equação (10), é
representada em função da tensão induzida eficaz (Eaf) e da queda de tensão
dada pela resistência do condutor da armadura (Ra) e da reatância síncrona (XS).
Essa equação é válida para ambos os modos de operação, em que o sentido da
corrente da armadura é o que o determinará, sendo negativa para a operação
motora. A reatância síncrona é dada a partir de duas outras reatâncias, uma
representando a dispersão de fluxo na armadura (Xal) e outra sua magnetização
(Xφ), como mostra a Equação (11). Assim, pode-se determinar a potência elétrica
utilizando a Equação (12), em função do módulo da tensão terminal da fase e
da corrente de armadura, bem como do fator de potência (representado pelo
cosseno do ângulo φ entre a tensão e a corrente). Um fator de 3 é utilizado para
representar uma máquina síncrona trifásica, em que cada fase é representada
pelo circuito equivalente da Figura 6. Utilizando a tensão de linha, deve-se con-
siderar um fator de . A potência mecânica é representada pela Equação (13)
em função do conjugado e da velocidade angular mecânica (ωm) ou da rotação
em RPM (n) (UMANS, 2014).
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(10)

XS = Xal + Xφ (11)

(12)

(13)

A eficiência de uma máquina síncrona é dada como a relação percentual


entre a potência entregue, ou de saída, e da potência de entrada, determinada
pela Equação (14).
A potência de entrada depende do modo de operação da máquina. Como
gerador síncrono, fornece-se torque (potência mecânica) na entrada e obtém-
-se uma tensão terminal na saída. Como motor síncrono, é fornecida tensão
elétrica (potência elétrica) obtendo torque na saída.
Já a potência de saída pode ser dada pela diferença entre a potência de
entrada e a potência correspondente às perdas em seu interior, apresentando
diversas origens, como as perdas nos enrolamentos, no núcleo do material
magnético e as perdas mecânicas. As perdas elétricas são do tipo I2R, estando
presentes tanto na armadura (Equação 15) quanto no campo (Equação 16). As
perdas nos núcleos magnéticos dependem do material e estão ligadas à histerese
do processo de magnetização, conforme, principalmente, a densidade de fluxo
magnético e a rotação do rotor. As perdas mecânicas estão associadas ao atrito
e à temperatura interna da máquina, sendo dependentes principalmente da
velocidade de rotação do rotor. Existem ainda perdas adicionais de difícil con-
tabilização e acabam representando apenas 1% das perdas totais. O diagrama
da Figura 7a mostra as perdas atuando em um gerador síncrono, enquanto
o da Figura 7b exibe as perdas em um motor síncrono (CHAPMAN, 2013).

(14)

(15)

(16)
Máquinas síncronas 13

Figura 7. Diagrama de perdas para um (a) gerador síncrono e um (b) motor síncrono.
Fonte: Chapman (2013, p. 185).

Considere um motor síncrono trifásico de 60 Hz, cuja tensão terminal de linha é de


460 V, corrente de armadura, por fase, de 120 A e um fator de potência de 0,95 atrasado.
Suponha uma reatância síncrona de 2 Ω, uma resistência da armadura de 0,1 Ω, uma
resistência de campo de 10 Ω e uma corrente de campo de 10 A. Desconsiderando
as perdas mecânicas e do núcleo, determine sua eficiência.
A eficiência do motor elétrico é dada pela Equação (14):
14 Máquinas síncronas

onde a potência de entrada é dada pelos parâmetros elétricos por se tratar de um


motor, ou seja, pela Equação (12):

As perdas são dadas apenas pelos enrolamentos da armadura e do campo, repre-


sentados pelas Equações (15) e (16):

P perdas = 5,32 kW

Logo, a eficiência é determinada:

Assim, foi possível determinar todas as características de uma máquina


síncrona, desde os princípios básicos do eletromagnetismo para uma máquina
ideal até os parâmetros necessários para dimensionar um gerador ou motor
síncrono, contabilizando as perdas presentes em uma máquina real.

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: AMGH; Book-


man, 2013. 700 p.
HAYT JUNIOR, W.; BUCK, J. A. Eletromagnetismo. 8. ed. Porto Alegre: AMGH; Bookman,
2013. 616 p.
KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 2005. 667 p.
UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH;
Bookman, 2014. 728 p.

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