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ALTERNADORES
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Capítulo 4 - Alternadores
Já a figura abaixo mostra um corte lateral do rotor de dois pólos salientes, ilustrando como
se injeta corrente contínua, proveniente de uma fonte externa representada por uma bateria,
na bobina de campo através de anéis e escovas de grafite.
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Capítulo 4 - Alternadores
Por outro lado, o estator de um alternador de dois pólos contém apenas um enrolamento
(armadura), como representado esquematicamente na figura abaixo.
Observe que, quando o rotor gira acionado pela turbina em velocidade constante, o fluxo
magnético produzido pela bobina de campo atravessa as espiras da bobina do estator de
uma maneira não-uniforme. Quando os eixos magnéticos do rotor e estator estão alinhados
o enlaçamento do fluxo pela bobina de armadura é sempre máximo, ora em um sentido (
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Capítulo 4 - Alternadores
A propósito, o que o ângulo elétrico tem a ver com a freqüência da tensão senoidal
gerada? Pense nisso.
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Capítulo 4 - Alternadores
Cada bobina do estator corresponde a uma fase do alternador trifásico, sendo que as fases
serão designadas, neste texto, pelas primeiras letras do alfabeto a, b, c. As normas
brasileiras, estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), utilizam
as letras R, S, T, seguindo normas européias. A tensão induzida em cada enrolamento do
estator é chamada de tensão de fase, sendo identificada pelo índice inferior correspondente
a cada fase: Va, Vb, Vc.
Os três enrolamentos (aa', bb', cc') do estator de um alternador trifásico são
frequentemente conectados como mostrado na figura abaixo. Note que os terminais a', b',
c' das bobinas foram ligados eletricamente a um ponto comum, acessível externamente
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Capítulo 4 - Alternadores
através de um fio chamado neutro. Essa forma é conhecida como conexão Y ou estrela,
por lembrar os respectivos formatos.
Note que, para se extrair a energia elétrica gerada por um alternador trifásico, são
necessários três fios no mínimo (o fio neutro é opcional, como será visto mais tarde). A
conexão Y com neutro dos enrolamentos do estator estabelece dois tipos de tensão entre os
fios terminais do alternador: um tipo corresponde às já definidas tensões de fase Van, Vbn,
Vcn, existentes entre o neutro e cada respectivo terminal de fase; um outro tipo corresponde
às chamadas tensões de linha Vab, Vbc, Vca, obtidas entre cada dois fios de fase. Será
demonstrado mais tarde que as três tensões de linha também são senoidais e defasadas de
elétricos entre si, do mesmo modo que as tensões de fase, embora existam, em
relação a estas últimas, diferenças em amplitude (valor eficaz) e fase.
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Capítulo 4 - Alternadores
Considere agora um alternador elementar com quatro pólos salientes, como ilustrado
esquematicamente na figura que se segue.
Note que o rotor tem quatro bobinas em série (a corrente é a mesma) formando o
enrolamento de campo, enquanto que o estator possui duas bobinas aa' e bb' também
conectadas em série. A estrutura de material ferromagnético do estator (armadura) não está
mostrada na figura para simplificar o desenho. Nesse alternador de quatro pólos, quando o
rotor completar uma rotação em torno de seu eixo, a tensão alternada senoidal gerada terá
percorrido exatamente dois períodos da forma de onda e pode-se, desse modo, afirmar que
o ângulo elétrico da tensão é igual a duas vezes o ângulo mecânico que descreve a posição
do rotor em relação a uma referência fixa no estator. A figura abaixo ilustra a diferença
entre as formas de onda da tensão gerada quando o alternador tem dois pólos (em azul) ou
quatro pólos (em vermelho), supondo mesmo valor eficaz. Note que a freqüência da tensão
no alternador de quatro pólos é o dobro da freqüência da tensão no alternador de dois pólos.
Derivando-se essa expressão em relação ao tempo, obtém-se uma relação semelhante entre
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Capítulo 4 - Alternadores
Como usualmente exprime-se uma velocidade de rotação em rotações por minuto (rpm), é
conveniente transformar essa unidade na equação anterior utilizando a regra de conversão
e chegando a:
Essa equação fornece a freqüência (em Hz) da tensão gerada por um alternador de p pólos
acionado por uma turbina com velocidade de rotação n (em rpm). Observe que ela se aplica
tanto a alternadores monofásicos quanto trifásicos, bastando neste último caso considerar
cada tensão de fase ou cada tensão de linha individualmente. Embora muito simples, essa
equação é extremamente útil, pois permite não só entender porque um alternador é uma
máquina síncrona (a freqüência está diretamente relacionada com a velocidade de
acionamento), como também justificar diversos aspectos geométricos e tecnológicos na
construção dos alternadores.
Torna-se então evidente porque os hidrogeradores possuem uma geometria mais larga que
comprida. Observe na figura o rotor de um alternador da usina de Itaipu. que possui
diâmetro de aproximadamente 16 metros. O que se vê em primeiro plano são as cabeças de
cada pólo saliente, sendo que cada enrolamento de campo situa-se por trás em sentido
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Capítulo 4 - Alternadores
Por outro lado, um turbogerador é um alternador síncrono acionada por turbinas a vapor ou
a gás. Uma turbina a vapor ou a gás tem o rotor constituído por um grande número de
palhetas montadas radialmente formando conjuntos chamados rodízios. Esses rodízios
possuem diâmetros variados, sendo dispostos em paralelo e presos ao mesmo eixo,
formando diversos estágios. O vapor ou gás de exaustão vai passando dos rodízios menores
para os maiores à medida que a pressão for caindo, a fim de manter o torque
aproximadamente constante. O eixo do rotor da turbina é sempre colocado na posição
horizontal. Veja a figura mostrando os rodízios do rotor de uma turbina a vapor e a
ilustração que apresenta a estrutura básica de uma turbina a vapor. Devido à sua estrutura,
turbinas a vapor ou gás possuem velocidades de rotação relativamente altas (tipicamente
1800 ou 3600 rpm) e, portanto, um turbogerador precisa ter somente um pequeno número
de pólos (4 ou 2) para gerar uma tensão com frequência padrão de 60 Hz. Essa reduzida
quantidade de pólos permite que o rotor do turbogerador tenha um diâmetro relativamente
pequeno e que se usem pólos lisos cilíndricos. Por essa razão, a geometria de um
turbogerador é mais comprida que larga. A figura abaixo mostra como o enrolamento de
campo é disposto em um rotor de pólos lisos com dois pólos. O rotor dos turbogeradores é
maciço (não laminado) devido à dificuldade de manter agregadas as lâminas de material
ferromagnético em altas rotações.
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Capítulo 4 - Alternadores
Porque a freqüência é 60 Hz
Os sistemas de corrente alternada trabalham, hoje em dia, com uma freqüência padrão para
suas formas de onda senoidais. Isso significa que todos os alternadores do sistema devem
gerar uma tensão senoidal com a mesma freqüência elétrica, independentemente do tipo de
turbina de acionamento. O valor dessa freqüência padrão depende de cada país, sendo até
mesmo considerado um dos símbolos nacionais, como a bandeira, o hino, a moeda.
Atualmente, somente dois valores são utilizados: 60 Hz no Brasil, EUA e Canadá e 50 Hz
nos demais países da América Latina e Europa. No Japão, parte do país usa 50 Hz enquanto
outra parte usa 60 Hz, pois os sistemas são independentes.
Por que é necessário ter uma freqüência padrão e como apareceram os valores de 50 ou 60
Hz?
Quando os sistemas de corrente alternada começaram a ser utilizados, a partir de 1885, cada
um deles adotava a freqüência mais conveniente à fonte primária (carvão ou hidráulica), ao
conjunto turbina-gerador disponível e ao uso final da energia (carga). Isso era possível
porque os sistemas operavam isoladamente, não havendo interconexão elétrica entre eles,
mesmo quando pertenciam à mesma empresa. As freqüências de 125 Hz e 133 Hz eram as
mais utilizadas para atender à carga de iluminação constituída por lâmpadas
incandescentes, de longe o principal tipo de consumo na época. Um arranjo típico
(Westinghouse, 1890) era um motor a vapor com velocidade de 2000 rpm acionando um
alternador de 8 pólos para gerar a 133 Hz. Já para atender à carga industrial, constituída por
motores elétricos, a freqüência mais usada era 25 Hz. Por exemplo, os hidrogeradores com
12 pólos da usina de Niagara Falls (EUA, 1895) geravam a 25 Hz ao serem acionados por
turbinas hidráulicas de 250 rpm. A justificativa para se usar freqüência tão baixa deve-se
ao fato que os motores elétricos empregados na época, embora alimentados com corrente
alternada, eram na verdade motores de corrente contínua (provavelmente motores CC com
excitação série, chamado hoje em dia motor universal, pois funciona tanto em CC quanto
em CA) que funcionam melhor com freqüência mais baixa. Além disso, os motores CA de
indução, inventado por Nikola Tesla em 1888 e que aos poucos ia substituindo o motor CC
na indústria, precisavam ser alimentados com freqüência baixa para que sua velocidade de
rotação fosse compatível com as aplicações industriais da época. Em um motor de indução,
a velocidade é diretamente proporcional à freqüência da tensão de alimentação, como será
visto mais tarde. Por outro lado, a freqüência de 25 Hz não é adequada para alimentar
lâmpadas incandescentes, pois o comportamento pulsante em baixa freqüência da potência
instantânea na lâmpada deixa visível ao olho humano o “acende-apaga” do filamento,
ocasionando um efeito desagradável chamado cintilação. Quanto menor a freqüência, maior
é o efeito de cintilação.
Esses fatos levaram a uma situação muito confusa, pois as empresas precisavam fornecer
energia em baixa freqüência para motores e alta freqüência para iluminação. Dependendo
do local, cada empresa utilizava as mais diferentes freqüências variando de 16 Hz a 133
Hz. Por exemplo, nos EUA, a Westinghouse adotou, em 1892, a freqüência de 60 Hz para
iluminação e 30 Hz para força (motores CA). Na Alemanha, a empresa AEG utilizava 50
Hz. Em Londres, por volta de 1925, coexistiam cinqüenta sistemas independentes
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Capítulo 4 - Alternadores
utilizando dez diferentes freqüências. Essa situação começou a mudar quando ficaram
evidentes as vantagens da operação interligada de sistemas elétricos antes isolados, pois se
percebeu que o consumo de eletricidade segue diferentes padrões dependendo da região e
da hora do dia. Com a interconexão seria possível transferir energia entre regiões com
distintos horários de pico, por exemplo, permitindo uma utilização mais econômica dos
equipamentos e propiciando negócios de compra e venda de energia. Porém, interligar
sistemas elétricos de corrente alternada exige padronização da freqüência, já que todos os
geradores precisam operar em sincronismo, ou seja, fornecer tensões com a mesma
freqüência a fim de manter a forma de onda senoidal. Uma solução alternativa, mas
antieconômica, seria usar equipamentos conversores de freqüência nas fronteiras da
interligação. Diante disso, houve uma convergência paulatina para o padrão 60 Hz nos
EUA e o padrão 50 Hz na Europa, cujos valores satisfaziam tanto às cargas de iluminação
quanto às cargas industriais, que necessitavam de motores de indução mais velozes, bem
como eram compatíveis com as velocidades usuais das turbinas. E' interessante lembrar que
a Inglaterra adotou o padrão 50 Hz somente após a II Guerra Mundial. No Brasil, as duas
freqüências padrão conviveram desde a construção das primeiras usinas hidrelétricas no
início do século 20: em São Paulo e Minas Gerais usava-se 60 Hz e no Rio de Janeiro 50
Hz. Em meados da década de 50, os sistemas de São Paulo e Rio de Janeiro foram
interligados através de um conversor de freqüências localizado em Aparecida do Norte.
Essa situação perdurou até meados da década de 60 quando se estabeleceu o padrão 60 Hz
para todo o País.
A propósito, note que nos grandes aviões a jato os sistemas elétricos CA utilizam
freqüência de 400 Hz, pois equipamentos eletromagnéticos de mesma potência são
menores e mais leves quanto mais alta a freqüência. Por que, então, não se utilizam
modernamente freqüências mais altas nos sistemas de fornecimento de energia elétrica ?
Pense nisso.
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