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MAQUINAS ELÉCTRICAS
ROTATIVAS
Dizono Lusakueno
Objectivos da disciplina:
Identificar os principais elementos constituintes das máquinas rotativas;
Conhecer e compreender os tipos de máquinas eléctricas rotativas;
Identificar, classificar e executar ensaios das seguintes máquinas: motores de
indução, motores síncrono, alternadores, motores de corrente contínua e
dínamos.
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Classificação
As máquinas eléctricas rotativas são assim constiuidas essencialmente por dois circuitos
eléctricos acoplados magneticamente através de um circuito magnético. Um dos
circuitos encontra-se localizado na parte fixa, denominada por estator, e outro encontra-
se sobre o elemento móvel denominado rotor.
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As máquinas eléctricas de corrente alternada dividem-se em dois grandes grupos:
máquinas assíncronas e máquinas síncronas. Embora (nos motores monofásicos) ainda
falaremos de alguns motores que não são síncrono nem assíncrono, considerados como
motores especiais.
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O campo girante do estator induz tensão no enrolamento do rotor, o qual não é
alimentado diretamente, energização ocorre apenas por indução.
O rotor pode ser composto por três enrolamentos similares ao do estator (rotor
bobinado), ou pode ser composto por um conjunto de barras condutoras
conectadas em seus extremos por dois anéis (rotor tipo gaiola de esquilo).
Se o enrolamento do rotor for curto-circuitado (circuito fechado), surgirão
correntes induzidas, que produzirão um campo magnético no rotor em oposição
ao campo do estator, resultando na produção de torque e no giro do rotor em
uma dada velocidade.
Para existirem correntes induzidas no rotor, a velocidade mecânica do eixo
deverá ser sempre diferente da velocidade do campo girante, caso contrário, um
condutor sobre o rotor estaria sujeito a campo fixo, e não haveria correntes
induzidas. Daí a denominação de máquina assíncrona.
Fig.1.2 – constituição do motor assíncrono trifásico: a) rotor bobinado; b) elementos do motor com rotor
em curto-circuito ou gaiola de esquilo; c) motor de indução com rotor em curto-circuito.
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1.2.2. Campo magnético girante, velocidade síncrona e velocidade do
motor e escorregamento
O motor assíncrono trifásico funciona com o princípio do campo girante produzido pelo
enrolamento do estator que contém um certo número de pares de pólos p.
Experiência
Suponhamos que três bobinas colocadas de forma que ficam deslocadas de 120º entre si.
Alimentamos as bobinas com as correntes trifásicas. As três fases são desfasadas entre
si de 120º.
Representamos as três fases (U1, U2, U3). A indução de cada bobina é dirigida segundo
o seu eixo. O seu sentido é dirigido para o centro.
Obtemos para cada bobina um diagrama vectorial (B1, B2, B3). Adicionando os três
vectores, vê-se que o resultante é um vector girante. A sua intensidade é constante e
vale 1,5 vezes a intensidade máxima de cada composante. O resultante fez uma volta
completa em um periódo.
Fig. 1.3 – ligação de três enrolamentos de um sistema trifásico e diagrama temporal de um sistema
trifásico de campos magnéticos.
Por análise do diagrama temporal representado na figura 1.3, podemos vericar que os
campos magnéticos h1, h2 e h3 vão evoluindo sinusoidalmente no tempo, passando cada
um deles sucessivamente por um máximo (positivo e negativo), desfasados entre si de
120º ou 1/3 de período.
No instante t1, temos que h1 é máximo positivo enquanto h2 e h3 são negativos, iguais a
h1/2 (em módulo).
No instante t2, temos que h2 é máximo positivo e h1 e h3 são negativos, iguais a h2/2 (em
módulo).
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No instante t3, temos que h3 é máximo positivo e h2 e h1 são negativos, iguais a h3/2 (em
módulo).
Fazendo a representação vectorial dos três vectores h1, h2 e h3 produzidos por cada uma
das bobinas, nos três instantes t1, t2 e t3, obtemos os diagramas representados na figura
1.4.
Fig. 1.4 – Campo girante Ht provocado por um sistema trifásico de correntes, em três instantes
sucessivos.
Podemos concluir que no instante t1, o vector Ht tem a direcção de h1 (na vertical); no
instante t2, deslocou-se 120º e no instante t3, deslocou-se 120º, e assim sucessivamente.
Isto é, o vector Ht é um vector girante que roda à mesma velocidade de variação da
corrente alternada que alimenta as bobinas do estator.
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p – Número de pares de pólos.
O rotor vai movimentar-se para tentar igualar e anular assim a variação do campo
girante indutor. Portanto, não pode igualar completamente este campo por que a causa
de rotação do rotor iria desaparecer.
O rotor girará então com uma velocidade inferior a velocidade de sincronismo; seja N
esa velocidade.
𝑁𝑠−𝑁
Chamamos velocidade de escorregamento: 𝑁𝑔 = 𝑁𝑠 − 𝑁 e o escorremento: 𝑔 = 𝑁𝑠
Em repouso: N = 0 e g = 1
Na velocidade de sincronismo (nunca alcançada): N = Ns e g = 0
Então, o escorregamento é um valor que varia entre 0 e 1
a)
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b)
Fig. 1.5. a) Motor assíncrono de rotor em gaiola de esquilo (vista em projecção dos diversos elementos);
b) representação dos condutores do rotor formando a gaiola.
a)
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b)
Fig. 1.6. a) Motor assíncrono de rotor bobinado, desmontado (vista em projecção); b) representação
do seu rotor com anéis deslizantes
Um circuito exterior de reóstato trifásico (resistência) deve curto circuitar o rotor e tem
função de reduzir a corrente de arranque do motor. Portanto reduzindo a corrente do
rotor a partir do reóstato de arranque, reduz-se a corrente absorvida pelos enrolamentos
do estator do motor
Fig. 1.7. Ligação dos enrolamentos (E) do rotor bobinado a um reóstato de arranque (R) ligado
exteriormente.
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1.2.4. Circuito equivalente do motor assíncrono
Como no transformador, o circuito equivalente do motor assíncrono será feito por fase,
isto é, todas as grandezas que intervém na sua construção serão as grandezas duma fase.
Neste caso o motor assíncrono pode ser considerado como um transformador cujo
secundário está aberto (transformador em vazio).
No rotor (secundário), a variação do fluxo cria uma força contra electromotriz E20:
𝐸20 = 4,44 𝑛2 𝑓1 Ф ; 𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑓1 = 𝑓2
𝐸20
A relação = 𝑟𝑡 , é a relação de transformação do motor assíncrono.
𝐸1
Mas a corrente do primário passa nos enrolamentos do estator e cria uma queda de
tensão óhmica R1I1. Todo fluxo produzido pelo estator não atravessa o rotor por que
uma parte perde-se no ar; esse fluxo de fuga cria no estator uma queda de tensão
indutiva L1ω1I1, onde L1 é a indutância de fuga.
Fig. 1.8. Circuito equivalente do motor assíncrono com circuito eléctrico do rotor aberto.
O rotor, accionado pelo campo magnético girante corta as linhas do fluxo à velocidade:
𝑁𝑠 − 𝑁 = 𝑔𝑁𝑠 ,
e a frequência das correntes rotóricas torna:
𝑓2 = 𝑔𝑓1
O rotor estando fechado a si mesmo (em circuito fechado), uma corrente I2 circula na
gaiola de esquilo, e cria na resistência rotórica uma queda de tensão óhmica R2 I2.
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por outro lado, não todo fluxo produzido pela corrente do rotor que atravessa os
enrolamentos do estator. Ao fluxo de fuga corresponde uma indutância de fuga L2 que
vai criar uma queda de tensão indutiva L2 ω2 I2.
Fig. 1.9. Circuito equivalente do motor assíncrono com circuito eléctrico do rotor fechado.
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Fig. 1.10. Redução das grandezas do secundário ao primário.
Agora é mais conveniente representar o circuito equivalente da seguinte forma (fig. 1.8)
Fig. 1.11. Redução das grandezas do secundário ao primário com a representação da resistência de carga.
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𝑃𝑢
𝜂𝑟 =
𝑃𝑟
1−𝑔
𝑅2 ( 𝑔 ) 𝐼22
𝜂𝑟 = = 1−𝑔
𝑅2 𝐼22
𝑔
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𝑊 𝑀𝛼 𝛼
Como: 𝑃 = , 𝑒𝑛𝑡ã𝑜: 𝑃 = = 𝑀𝜔 (𝑝𝑜𝑖𝑠 𝜔 = )
𝑡 𝑡 𝑡
𝑁
Visto que 𝜔 = 2 𝜋 , obtemos:
60
𝑁
𝑃𝑚 = 2𝜋 𝑀
60
Como existe as perdas de binário motor devido ao atrito do rotor e as perdas no ferro,
nem toda potência produzida é utilizada. A potência que o motor fornece à carga é a
potência útil (Pu) dada por:
𝑁
𝑃𝑢 = 2𝜋 𝑀
60 𝑢
Em que: 𝜔 – velocidade angular (radiano por segundo);
𝛼 – ângulo descrito num tempo genérico t;
Pm – potência mecânica do motor (watts);
M – binário motor total (newton.metro);
N – velocidade de rotação (rotação por minuto)
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As perdas por efeito de Joule no estator de um motor trifásico podem ser
calculadas por
𝑝𝑗𝑒 = 3 𝑅 𝐼 2 , em que R é a resistência de cada enrolamento e I é a intensidade de
corrente que percorre cada enrolamento.
As perdas no ferro do estator pfe e as perdas mecânicas pm são praticamente
independentes do regime de carga, isto é, são praticamente constantes quando o
motor está em vazio ou em carga. Com efeito, estas perdas dependem apenas da
tensão aplicada ao motor, a qual é constante (Un) nos ensaios em vazio e em
carga. Diz-se, por isso, a soma pfe + pm constitui as perdas constantes do motor:
𝑝𝑓𝑒 + 𝑝𝑚 = 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠
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𝜂𝑟 = 1 − 𝑔
Fig. 1.2.13. Binário motor e resistente: M – binário motor; Mr’e Mr’’ – binários resistentes; Ma – binário
de arranque; A e B – pontos de funcionament; n’ e n’’ – velocidades de rotação nos pontos A e B.
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Fig. 1.2.14. Corrente absorvida pelo motor, desde o arranque até à velocidade nominal.
Se o motor estiver a funcionar num ponto que se encontra na parte ascendente da curva
(de Ma até Mmax) e se por qualquer motivo, o binário resistente aumentar, então o motor
perde velocidade e diminuirá também o binário motor que, por sua vez, implica nova
perda de velocidade do motor, e assim sucessivamente, até que o motor pára
completamente. Por esta razão se diz que todos os pontos do troço ascendente (de Ma a
Mmax), são pontos instáveis.
Se o motor estiver a funcionar num ponto que se encontra na parte descendente da curva
(de Mmax até ponto A ou B, dependentemente da carga), já o mesmo não acontece. Se
por qualquer motivo, aumentar o binário resistente, não há dúvida que o motor perde
velocidade. Mas neste caso, por observação gráfico, concluiremos que menor
velocidade implica maior binário motor, isto é, o binário motor aumenta, compensando
a perda de velocidade, e o motor nunca pára, diz-se, por isso, que os pontos que se
encontram no troço descendente são pontos estáveis. O motor só pára quando N e M
diminuem simultaneamente, isto é, na zona instável de funcionamento do binário. A
𝑵
expressão da potência mêcanica do motor 𝑷𝒎 = 𝟐𝝅 𝟔𝟎 𝑴 também nos permite explicar
estes factos.
Define-se coeficiente de estabilidade C do motor como o quociente entre o binário
𝑴𝒎𝒂𝒙
motor máximo Mmax e o binário motor nominal Mn, isto é 𝑪 = . Este valor deve
𝑴𝒏
ser próximo de 2, para garantir uma boa margem de estabilidade do motor, de forma a
que ele continue a trabalhar, mesmo quando o binário resistente aumenta quase para o
dobro.
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Assim, convencionou-se representar os terminais dos três enrolamentos através das
seguintes letras:
U, V, W ou U1, V1, W1 – terminais de ligação à rede trifásica
X, Y, Z ou W2, U2, V2, – terminais opostos, respectivamente, de cada um dos
enrolamentos
O motor trifásico pode apresentar, na sua placa de terminais, os seis terminais ou apenas
três. Se o motor já tem as ligações dos enrolamentos efectuadas interiormente (e
normalmente a ligação é feita em triângulo), então a placa apresenta apenas três
terminais (os três terminais de alimentação U,V,W) – note que neste caso não pode ser
feito o arranque estrela-triângulo, mas podem ser feitos outros tipos de arranque. Se o
motor não tem as ligações efectuada interiormente, então aparece na placa os seis
terminais, os quas podem ser ligados exteriormente,entre si, em estrela ou em triângulo.
A ligação em estrela consiste em ligar, entre si (shuntar), as três saídas (X, Y, Z ou W2,
U2, V2) dos enrolamentos. Na figura 1.2.15 (a) representa-se este shunt, utilizando duas
placas de cobre.
Fig. 1.2.15 – (a) Ligação em estrela dos enrolamentos de um motor trfásico (esquema eléctrico de ligação
e placa de terminais); (b) ligação em triângulo dos enrolamentos de um motor trifásico (esquema eléctrico
de ligação e placa de terminais).
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1.2.9. inversão do sentido de rotação de um motor trifásico
Fig. 1.2.16 – Inversão de sentido de rotação de um motor trifásico: a) rotação direita (sentido horário); b)
rotação esquerda (sentido anti horário).
1.2.9. Ensaios do motor trifásico de rotor em gaiola
Fig. 1.2.16 – Esquema eléctrico de um motor assíncrono trifásico, para realização dos ensaios.
a. Ensaio em vazio
Um motor funciona em vazio quando, sendo alimentado pela rede à tensão nominal e
encontrando-se o rotor a girar sem accionar qualquer carga.
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O ensaio em vazio do motor consiste em aplicar-lhe a tensão nominal, fazendo o rotor
atingir o ponto de funcionamento em vazio, e proceder de seguida às leituras dos
aparelhos indicados no esquema da figura 1.2.16:
Uc – tensão composta (ou seja entre fases);
IL – corrente na linha;
Pa = P1 + P2 – potência trifásica absorvida, pelo método de Aron.
Além destes valores, podemos medir ainda a velocidade N do motor em vazio, com um
taquímetro. Não esquecer que a velocidade do campo girante ou de sincronismo Ns é,
de uma forma geral, para frequência de 50 Hz, submúltiplo de 3000 r.p.m.. Daí
calculamos o escorregamento cujo valor é muito baixo porque o binário resistente é
nulo havendo apenas o peso do próprio rotor e o atrito devido à resistência do ar ao
movimento do rotor. Deste modo, o motor roda, em vazio, a uma velocidade muito
próxima da velocidade de sincronismo.
O factor de potência do motor em vazio também é bastante baixo, visto este comportar-
se como um circuito quase indutivo puro. Valores usuais do factor de potência em vazio
são 0,1 a 0,2. E pode ser calculado pela expressão:
𝑃1 + 𝑃2
𝑐𝑜𝑠𝜑0 =
√3 𝑈𝑐 𝐼𝐿
Toda absorvida no ensaio em vazio (P0) é é transformada em perdas, no motor. Temos,
portanto: P0 = P1 + P2 = pje + pFe + pm
Pois, para ensaio em vazio as perdas no ferro pFe e as perdas por efeito de Joule no rotor
pjr são desprezáveis.
As perdas por efeito de Joule no estator pje podem ser calculadas por:
𝑝𝑗𝑒 = 3 𝑅 𝐼𝑅2
Em que: R – resistência de cada enrolamento do estator, IR – corrente em cada
enrolamento.
Este ensaio é efectuado aplicando ao motor a sua tensão nominal, estando o rotor
bloqeiado, isto é, o veio é impedido de rodar.
Consequentemente:
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A corrente absorvida pelo motor à rede, lida pelo amperímetro A, é bastante
elevada e igual à corrente de arranque Ia do motor. Este valor pode atingir, cerca
de 6 × In ou mais. Por esta razão, o ensaio deve ser feito muito rapidamente.
As perdas mecânicas pm, neste ensaio são nulas.
A potência absorvida trifásica Pa lida pelos dois wattímetros, segundo o método
de Aron, será igual à soma das perdas no ferro do estator e por efeito de Joule no
estator (desprezando novamente as perdas no rotor):
𝑃𝑎 = 𝑝𝑗𝑒 + 𝑝𝐹𝑒
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Como 𝑝𝑗𝑒 = 3 𝑅 𝐼𝑅 , então:
𝑝𝐹𝑒 = 𝑃𝑎 − 𝑝𝑗𝑒
Calculando pFe, podemos calcular as perdas mecânicas que existem no ensaio
em vazio ou em carga, através da seguinte expressão, já conhecida:
𝑝𝑐𝑜𝑛𝑠 = 𝑝𝑚 + 𝑝𝐹𝑒 ⟺ 𝑝𝑚 = 𝑝𝑐𝑜𝑛𝑠 − 𝑝𝐹𝑒
Note que as perdas constantes já foram calculadas no ensaio em vazio.
c. Ensaio em carga
Visto que, em ensaios laboratoriais, não é fácil arranjar uma carga variável para o
motor, adopta-se geralmente a seguinte solução que consiste em ligar um dínamo ao
motor, unido os seus veios. Dínamo esse que irá alimentar um conjunto de resistências
R, ligadas em paralelo. Assim, a potência mecânica útil do motor é transformada, pelo
dínamo, em potência eléctrica que alimenta as cargas R. Ficamos, portanto, com o
motor em carga. A carga será maior ou menor consoante o número de resistências a
alimentar.
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A tensão nominal aplicada ao motor, através do voltímetro.
A potência eléctrica trifásica absorvida Pa = P1 + P2, pelo método de Aron.
Com um taquímetro, medimos a velocidade N do motor, em carga nominal, e
calculamos o escorregamento g.
Exercícios de aplicação
2. Um motor de 6 pólos, 50 Hz, tem uma velocidade a plena carga de 950 r.p.m..
Calcular:
a) A velocidade do campo girante (em r.p.m);
b) O escorregamento a plena carga.
R: a) 1000 r.p.m b) 5%.
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4. Um motor de indução tetrapolar funciona a uma frequência de 50 Hz tendo a
plena carga um escorregamento de 5%. Calcular a frequência das correntes do
rotor
a) No momento de arranque;
b) Aplena carga.
R: a) 50 Hz b) 2,5 Hz.
6. Um motor trifásico de rotor bobinado de oito pólos, 60 Hz, 208 V, tem o estator
ligado em triângulo e o rotor em estrela. Os enrolamentos do rotor têm por fase,
60% do número de espiras dos enrolamentos do estator. Calcular a frequência e
a tensão do rotor obtida através dos anéis colectores para as seguintes situações:
a) Rotor em repouso;
b) Plena carga com um escorregamento de 90 %
R: a) 215,9 V; 60 Hz b) 19,4 V; 5,4 Hz.
10. Um motor assíncrono trifásico absorve, em vazio, uma corrente de 8,7 A sob 50
Hz e uma potência de 370 W. A plena carga, absorve 12,9 A e 4030 W, sendo a
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velocidade de 1420 r.p.m.. A resistência medida entre duas fases do motor é de 1
Ω. Sabendo que as perdas no ferro do estator são de 120 W, calcule:
a) O rendimento do rotor
b) O valor das perdas constantes
c) O valor das perdas mecânicas
d) O valor das perdas variáveis, em carga, no estator
e) O valor das perdas totais do estator
f) O rendimento do estator
g) As perdas por efeito de Joule no rotor
h) O rendimento industrial (total)
i) A potência útil fornecida e o binário útil.
R: a) 94,7% b) 257 W c) 137 W d) 250 W e)507 W f) 87,4% g) 194 W
h) 82,6% i) 3329 W e 22,4 N.m.
11. Um motor trifásico, com dois pares de pólos, alimentado a 380 V – 50 Hz,
absorve 1750 W a plena carga. Sabendo que o factor de potência do motor é de
0,75, que a sua potência útil é de1500 W e que a velocidade é de 1430 r.p.m.,
calcule:
a) A intensidade de corrente absorvida pelo motor
b) A potência reactiva absorvida pelo motor
c) O rendimento do motor
d) A totalidade das perdas
e) O escorregamento.
R: a) 3,55 A; b) 1543 VAr; c) 85,7%; d) 250 W; e) 4,7%
A tarefa é:
a) a tensão medida entre a fase e neutro é de 125 V, qual a tensão entre duas
fases?
b) Representa a ligação das placas de cobre na placa de terminais; como são
colocados (representados) os enrolamentos?
c) Qual é o escorregamento do motor, seu número de pólos?
d) Calcular, segundo as previsões do construtor o rendimento do conjunto
hidraulico (bomba e canalisação).
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e) Com o grupo no lugar, relevou-se 215 V nos terminais do motor, uma
intensidade de 2,25 A por fase, e um consumo de 115 Wh em 10 minutos no
contador.
Calcular a potência eléctrica absorvida e o factor de potência.
R: a) 216,5 V; c) 6,67 ; 2; d) 28 %; e) 690 W ; 0,82
a. Ensaio em vazio
Objectivos:
Determinar a potência de perdas no ferro e por atrito;
Determinar o escorregamento em vazio
Material necessário:
Procedimento:
Considera-se que o motor está em vazio quando se encontra a rodar sem qualquer carga,
isto é, sem fornecer no veio qualquer potência mecânica útil.
1. Registe as características do motor assíncrono trifásico;
2. Com o Ohmímetro mede e registe o valor da resistência de cada enrolamento
estatórico;
3. Monte o circuito eléctrico da figura 1.2.18;
4. Proceda ao arranque do motor e registe os valores dos aparelhos de medida
quando o motor atingir a sua velocidade nominal;
5. Utilize o taquímetro e registe valor da velocidade no veio;
6. Determine:
O escorregamento g;
As potencias absorvidas pelo motor P0 e Q0;
As perdas do cobre no estator pje;
As perdas constantes pcons;
As perdas no ferro pFe e as perdas mecânicas pm, assumindo que pFe = pm.
Conclusões:
Faça uma análise dos dados obtidos.
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Fig. 1.2.18 – Ensaio em vazio do motor trifásico de indução.
b. Ensaio em carga
Objectivos:
Determinar a potência de perdas por efeito joule do rotor;
Determinar os rendimentos do motor.
Material necessário:
Procedimento:
Considera-se que o motor está em vazio quando se encontra a rodar sem qualquer carga,
isto é, sem fornecer no veio qualquer potência mecânica útil.
7. Registe as características do motor assíncrono trifásico;
8. Com o Ohmímetro mede e registe o valor da resistência de cada enrolamento
estatórico;
9. Monte o circuito eléctrico da figura 1.2.19;
10. Proceda ao arranque do motor e registe os valores dos aparelhos de medida
quando o motor atingir a sua velocidade nominal;
11. Utilize o taquímetro e registe valor da velocidade no veio;
12. Determine:
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As potencias absorvidas pelo motor Pa e Qa;
As perdas do cobre no estator pje;
As perdas por efeito de joule no rotor pjr;
Factor de potência;
Os rendimentos do estator, do rotor e total.
Conclusões:
Faça uma análise dos dados obtidos.
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1.2.11. Tipos de arranque do motor trifásico de rotor em gaiola
Nem todos os motores podem arrancar quando ligados directamente à rede. Com efeito,
para motores de potência mais elevada, o arranque directo poderia trazer inconvenientes
diversos, não só para o motor como para as instalações eléctricas e a rede em geral.
Assim, o arranque do motor assíncrono pode ser efectuado por diversos processos,
consoante o valor da potência do motor, o valor do arranque exigível, o valor máximo
permetido para a corrente de arranque, etc...
a) Arranque directo
Neste tipo de arranque, o motor em gaiola é ligado directamente à rede, à sua tensão
nominal. Diz-se que o arranque é feito a um só tempo, tal como se representa na
figura 1.2.20.
Fig. 1.2.20 – arranque directo do motor trifásico de indução: a) circuito de ligação do motor; b) evolução
do binário no arranque; c) evolução da corrente absorvida no arranque.
Neste caso, o motor absorve da rede, no arranque, uma corrente Ia que pode atingir 5 a
10 vezes a corrente nominal (ex: 6 × In). O binário de arranque atinge quase 2 vezes o
binário nominal.
Este é o processo ideal (mais barato e mais rápido), desde que a intensidade Ia não
ponha em perigo os enrolamentos do motor, desde que o arranque seja rápido e ainda
que o binário de arranque seja superior ao binário resistente. De acordo com o artigo
431 do R.S.I.U.E.E., o arranque dos motores só pode ser feito directamente à rede se a
potência útil do motor não ultrapassar 4 kW (Pu ≤ 4 kW). Se ultrapassar esse valor,
devem utilizar-se outros tipos de arranque, de forma a reduzir o valor da corrente de
arranque, que provocaria elevadas quedas de tensão na rede se todos os motores
arrancassem directamente.
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b) Arranque estrela-triângulo
De acordo com o artigo 431 do R.S.I.U.E.E., para motores com potência útil no
intervalo 4 𝑘𝑊 < 𝑃𝑢 ≤ 11𝑘𝑊, o arranque deve ser estrela-triângulo. Esse arranque tem
como objectivo reduzir a corrente de arranque, por aplicação inicial (1º tempo) de uma
tensão inferior à nominal, isto é, arrancar em estrela (1ºtempo) um motor que deve
funcionar normalmente em triângulo (2º tempo).
Fig. 1.2.21 – arranque estrela-triângulo do motor trifásico de indução: a) circuito de ligação do motor; b)
evolução do binário no arranque; c) evolução da corrente absorvida no arranque.
𝐼
Deste modo, limita-se bastante o valor da corrente de arranque, 𝐼𝑌 = 3∆ . Quanto ao
binário motor, sendo proporcional ao quadrado da tensão aplicada aos enrolamentos,
1
será igual 3 do binário que se verificaria se o arranque fosse directo (isto é, se o
arranque fosse directamente feito em triângulo).
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c) Arranque por resistências estatóricas
Este tipo de arranque consiste em ligar três resistências (grupo de resistências) em série
com os enrolamentos do estator do motor, tal como se sugere na figura 1.2.22.
O motor arranca com as resistências R ligadas, o que provoca uma queda de tensão na
alimentação do motor e, portanto, uma corrente absorvida inferior à corrente de
arranque directo (1º tempo). Quando o motor está próximo da sua velocidade nominal,
as resistências são curto-circuitadas através dos contactos K accionados, geralmente, por
um contactor (2º tempo), ficando, o motor, funcionar normalmente.
A desvantagem desse tipo de arranque consiste no elevado consumo de energia que se
verifica nas resistências. Em contrapartida, tem a grande vantagem de permetir um
arranque mais suave, se quisermos retirar as resistências progressivamente, utilizando
vários conjuntos de resistências que serâo curto-circuitadas de modo progressivo.
Assim, pode adaptar-se o motor a qualquer tipo de binário resistente.
Fig. 1.2.25 – Evolução: a) da corrente absorvida; b) do binário motor, no arranque por autotransformador.
33
1.2.12. Arranque do motor trífasico de rotor bobinado
(a) (b)
Fig. 1.2.26 – Arranque do motor trifásico de rotor bobinado: a) por reóstato trifásico (regulação contínua);
b) por dois conjuntos de resistências (regulação descontínua).
a) Regulação contínua:
No caso da figura 1.2.26a, os enrolamentos do rotor são ligados exteriormente a um
reóstato de arranque constituido por três resistências Rv, as quais estão ligadas entre si
em estrela, através do cursor rotativo C. Estas resistências são ligadas em série com os
enrolamentos do rotor Er (uma resistência por cada fase do rotor), através de três
escovas que se apoiam em três anéis de cobre (a) rotativos. No arranque, as resistências
devem estar todas intercaladas no circuito, isto é, o cursor C deve estar na posição A de
arranque; deste modo, a corrente no rotor é menor e, portanto, também do estator.
Progressivamente, vamos rodando o cursor até que as resistências fiquem
completamente fora do circuito (posição F), o que acontece quando o motor atinge a sua
velocidade nominal. Esta regulação contínua permite um arranque bastante suave,
adaptado portanto às características de cada motor.
34
b) Regulação descontínua
No caso da figura 1.2.26b, no instante de arranque todas as resistâncias (R1 e R2) estão
intercaladas no circuito. À medida que o motor vai ganhando velocidade, vamos
retirando progressivamente cada conjunto de resistências, curto-circuitando-as, ao ligar
os contactos K (primeiro os K1 e depois alguns segundos os contactos K2). Quando o
motor se encontrar próximo da velocidade nominal, todas as resistências devem estar
fora de circuito. Esta é a regulação descontínua da velocidade.
O arranque rotórico pode ser feito de uma forma automática, sem intervenção humana
durante o processo, seja utilizando dispositivos electrónicos que curto-circuitam as
resistências, seja utilizando contactos eléctricos centrífugos que, ao rodarem, fecham
quando a velocidade do motor atinge um determinado valor.
(a) (b)
Fig. 1.2.27 – Evolução: a) da corrente absorvida; b) do binário do motor de rotor bobinado, num arranque
rotórico a três tempos.
Inconvenientes: É um motor mais complexo, portanto mais caro do que motor de rotor
em gaiola, menos robusta do que o motor de rotor em gaiola por causa da presença de
escovas e enrolamentos do rotor.
35
Características resumidas de diversos processos de arranque
36
1.2.13. Regulação de velocidade dos motores assíncronos trifásicos
Conversor de frequência:
Este sistema de regulação de velocidade consiste num dispositivo estático electrónico,
dando lugar à variação da velocidade de sincronismo através da variação da frequência,
assegurando às máquinas uma rotação regular e sem estições.
37
A integração da protecção térmica e contra curto-circuitos do motor.
38
Também é possível realizar motores de três ou quatro velocidades em combinação com
a ligação Dahlander.
É uma solução mais elegante encontrada, comparando com o caso anterior. Este
consiste em uso de um enrolamento único, por meio de mudança de conexão
(comutação de pólos) permite a marcha a duas velocidades diferentes. Essa solução
permite obter uma máquina menos volumosa do que o motor de enrolamentos
separados.
Princípio de funcionamento
Fig. 1.2.29 – Enrolamento monofásico com duas bobinas: a) ligação em série, formando quatro pólos; b)
ligação em paralelo, formando dois pólos.
39
Os binários nominais são praticamente iguais.
A relação des potências triângulo / estrela varia de 1 / 1,3 a 1 / 1,8.
O rendimento e o factor de potência são melhores na grande velocidade.
A corrente absorvida, depende da potência, do rendimento e do factor de potência e não
varia da mesma forma com a potência útil.
(a)
(b)
Fig.1.2.30 – Ligação Dahlander: a) tipo constante, b) tipo ventilador.
40
1.3. Motor assíncrono monofásico
Em muitas instalações industriais e sobretudo domésticas, onde não existe instalação
trifásica, é utilizado o motor assíncrono monofásico, ligado entre fase e neutro.
Para potências iguais, é mais volumoso do que um motor trifásico, assim como o
rendimento e o factor de potência são muito mais baixos, no entanto, para pequenas
potências tem aplicação considerável em electrodomésticos e outros aparelhos.
É evidente que não existe mais a construção de motores a lançar que funcionavam
através de impulsos manuais, por meio de uma correia ou uma corda. Com efeito, este
impulso é produzido, electricamente, por vários processos. Entre outros:
Motor monofásico de fase auxiliar capacitiva;
Motor de indução de espira em curto-circuito;
Motor monofásico de fase auxiliar indutivo ou resistivo.
41
Fig. 1.3.1 – a) Motor assíncrono monofásico com enrolamento auxiliar capacitivo; b) e c) Diagramas
vectorias resultantes, originando rotação à esquerda e à direita, respectivamente.
Em b), o campo Ha vai somar-se com a componente H’p de Hp, ficando assim a
resultante maior do que o outro campo girante (H”p); o rotor roda, portanto, no sentido
indicado em b).
Em c), passa-se exactamente o contrário, pois Ha soma-se agora com H”p e o motor
rodará em sentido contrário.
Fig. 1.3.2 – Motor assíncrono monofásico com enrolamento auxiliar capacitivo com condensador para
melhorar o factor de potência.
42
Uso de um motor assíncrono trifásico como monofásico (numa rede monofásica)
São motores de indução muito pequenos (micromotores) que são utilizados para
accionar pequenos mecanismos. O estator é constituido por um circuito magnético
percorrido pelo fluxo alternado produzido pela corrente alternada que alimenta a bobina
B. Nas duas extremidades polares do núcleo existem duas espiras (b) curto-circuitadas
(espiras de Frager) que provocam o aparecimento de dois fluxos desfasados entre si, de
tal forma que originam um campo magnético girante, predominante num dos sentidos
de rotação. As espiras de Frager têm aqui a função do enrolamento auxiliar do motor de
fase dividida.
43
c. Motor monofásico de fase auxiliar indutivo ou resistivo
Nestes dois casos, a corrente no enrolamento auxiliar está desfasada com relação à
corrente no enrolamento principal (α ˂ 90º), suficiente para que se produza um binário
de arranque.
Depois do arranque do motor, o enrolamento auxiliar pode ser desligado.
Ao ligar o motor, o enrolamento auxiliar (A) não está alimentado. O motor não
arranca, absorvendo uma corrente muito elevada.
44
O relé de sobre intensdade (R) fecha-se e o enrolamento auxiliar fica sob tensão.
O motor arranca.
Depois do arranque, a corrente absorvida atinge o seu valor nominal,
insuficiente para a excitação do relé. O contacto (C) abre-se. Só fica o
enrolamento principal em serviço (ligado).
45
Há necessidade de controlar a frequência, pois a reactância (𝑋𝐿 = 2 𝜋 𝑓 𝐿) varia de
forma directamente proporcional com a frequência, assim como as perdas no ferro.
Verifica-se por isso que o núcleo do estator tem sempre tendência de aquecer mais em
corrente alternada do que em contínua, devido ao aumento considerável das perdas no
ferro; o binário motor é mais fraco do que em corrente contínua, o rendimento também é
baixo e é mais volumoso
Características:
Tem as mesmas características em corrente contínua e alternada:
Binário de arranque elevado;
Risco de embalar-se em vazio;
Corrente de arranque: 2 a 3,5 vezes a corrente nominal;
Binário de arranque: 1,2 a 2 vezes o binário nominal;
Velocidade: pode chegar até 18000 rotações por minuto;
Potencia: de 20 W a 2000 W
As correntes induzidas no rotor pelo campo magnético alternado do estator vão criar, no
rotor, pólos manéticos induzidos que vão ser repelidos pelos pólos indutores, daí o
nome de motor de repulsão. O binário assím como a velocidade podem ser regulados
pela posição das escovas em relação ao campo do estator (ângulo α). Quer na
perpendicular quer a zero graus, o binário é nulo, atingindo normalmente o valor
máximo para α = 25º.
46
O sentido de rotação é dado pelo mesmo sentido de deslocação das escovas.
O motor passo-a-passo é um motor que, tal como o nome sugere, se movimenta por
impulsos ou passos
A alimentação das bobinas é individual, podendo ter nas suas extremidades qualquer
das polaridades N ou S, e é feita de forma a que haja diferentes sequências de
polaridades previamente estudadas. O rotor é constituido por um íman permanente com
um número de parde pólos (um N e um S, dois N e dois S, etc.), alternadamente norte e
sul. No caso presente na figura 1.4.3, o rotor tem quatro pólos (dois N e dois S).
Funcionamento:
47
É evidente que outras combinações podem ser obtidas para a rotação do motor,
nomeadamente: mais ou menos velocidade na sequência dos impulsos; rotação num ou
noutro sentido; alternâncias no sentido de rotação, com intervalos diferenciados; etc...
O comando deste motor pode ser feito manualmente, por impulsos curtos em botões de
pressão, ou automaticamente, segundo um programa previamente elaborado,
comandado por computador.
Quando se alimenta qualquer das bobinas, ficando com pólo N ou pólo S, o rotor roda
de forma a que a sua extremidade mais próxima fique em frente dessa bobina. Para a
posição indicadana figura 1.4.4, se alimentamos B1 (com pólos N ou S), a extremidade
A do rotor aproxima-se de B1, por que se em A, por influência magnética, um pólo de
nome contrário que é atraido. Se, pelo contrário, tivessemos alimentado B2, então seria
C atraido.
O estator deste motor pode alimentar-se quer em corrente contínua quer em corrente
alternada, porque o funcionamento é idêntico.
O rotor roda sempre por atracção magnética e nunca por repulsão, como poderá
acontecer com o motor passo-a-passo de íman permanente, se trocarmos as polaridades
no estator.
Se aumentarmos o número de dentes (A, B, C, D, E, F...) no rotor, teremos passos mais
curtos e, portanto, com mais combinações de sequências.
O programa de computador para comandar os dois motores é, obviamente, diferente.
48
PROBLEMAS
3. Um motor assíncrono trifásico de 5 CV, por falta de uma rede trifásca, deve ser
alimentado por uma rede monofásica cuja tensão é de 220 V.
Represente o seu esquema eléctrico de ligação;
Calcule o valor do condensador que será usado no circuito;
Qual será a sua potência quando alimentado pela rede monofásica.
49
2. MÁQUINA SÍNCRONA
A máquina síncrona é uma máquina eléctrica cujo rotor gira à velocidade de
sincronismo (n = ns). Como ns = 60 f / p é uma velocidade constante dependentemente
da frequência, então esta máquina roda com uma velocidade constante para uma
determinada frequência.
Teoricamente (considerando que as máquinas são leves e que se despreza o atrito), para
que o rotor girar, os enrolamentos do rotor tem que ser alimentados com uma corrente
contínua a partir de uma pequena fonte de energia. Deste modo, o rotor fica, à partida,
com os seus próprio pôlos magnéticos e independente dos pólos magnéticos do estator.
Sendo assim, quando o estator está alimentado, o campo magnético girante produzido
vai arrastar, à mesma velocidade, o campo próprio do rotor. Isto é o campo magnético
girante do estator tem o mesmo número de pares de pólos magnético com o do rotor;
com acção do do campo girante, o seu pólo N atrai, magneticamente, o pólo S’ do rotor,
em quanto o pólo S atrai o pólo N’, provocando assim a rotação do rotor que irá, por
isso, rodar à mesma velocidade do campo girante (sincronismo).
Fig. 2.1 a) – Sincronismo provocado pela acção magnética entre pólos do estator e rotor.
50
Fig. 2.1 b) – Alternador síncrono com excitatriz
2.1. Alternador
O alternador, ou gerador de corrente alternada, transforma energia mecânica (que lhe é
fornecida por um motor) em energia eléctrica de corrente alternada que vai fornecer a
uma carga ou a uma rede eléctrica.
Para um alternador, tanto induzido como indutor podem ser móveis ou fixos. Mas
geralmente, o induzido é fixo e indutor é móvel. Só em pequenos alternadores é que a
situação é contrária. Com efeito, sendo as correntes no induzido bastante mais elevadas
que no indutor. Se o induzido fosse móvel isso originaria que os anéis que vão recolher
a corrente fossem de grande secção o que provocaria também o aparecimento de faíscas
bastante elevadas.
51
alternador ao circuito de carga teria de ser feita através de duas ou três escovas sobre
dois ou três anéis, ligados aos enrolamentos, consoante o alternador é monofásico ou
trifásico, respectivamente.
Fig. 2.3 – Constituição e princípio de funcionamento do alternador: a) com indutor fixo e induzido móvel,
b) com indutor móvel e induzido fixo.
Alternador com indutor fixo: O indutor fixo produz um campo magnético de valor
constante. Cada terminal da espira é ligado ao seu anel, sobre os que a se apoiam as
escovas de grafite, para recolher a tensão induzida. Põe-se a espira a rodar com
velocidade constante, cortando assim as linhas de força do campo. A variação do fluxo
atravéis da espira produz nesta uma f.e.m. variável (alternada sinusoidal) que fica
aplicada entre os dois anéis e portanto entre as duas escovas do rotor. Esta tensão que é
aplicada ao circuito de carga
Alternador com indutor móvel: A espira é alimentada por uma tensão constante,
através das escovas apoiadas sobre os dois anéis, servindo assim de indutor. Dá-se
movimento de rotação à espira. Deste modo, o campo magnético produzido pela
corrente da espira, embora de valor constante, vai atravessando diferentemente (no
tempo) as bobinas fixas do estator. Isto é as bobinas do estator vão ser atravessadas por
um fluxo magnético variável no tempo, que produz nelas uma f.e.m. induzida variável
(alternada sinusoidal). Nestas condições é o estator que alimenta a carga. É este
alternador que vamos estudar.
52
Fig. 2.4 – Diagrama em blocos das transformações energéticas num alternador.
Quanto ao número de pólos indutores de rotor, os alternadores podem ter dois, quatro,
seis ou mais pólos (bipolar, tetrapoar, hexapolar ou genericamente multipolar).
Quanto ao tipo de rotor, os alternadores podem ser de rotor de pólos salientes e de rotor
de pólos lisos (ou rotor cilíndrico)
53
bobinas é outra vez praticamente nulo. Ao completar-se uma volta (um ciclo), o fluxo é
novamente máximo positivo.
Fig. 2.5 – Produção de um fluxo alternado sinusoidal, por etapas, num alternador monofásico bipolar
Portanto, o fluxo através das bobinas variou de uma forma alternada, o que provoca nos
terminais do induzido uma força electromotriz também alternada, dada pela expressão:
∆Φ
𝐸 = −𝑁
Δ𝑡
Verifica-se também que p = 1 e f = n, isto é, o rotor com um par de pólo produziu um
f.e.m. com uma frequência f igual a velocidade N do rotor. Podemos portanto concluir
que: 𝑓[𝐻𝑧] = 𝑝 × 𝑛[𝑟. 𝑝. 𝑠]
54
Fig. 2.6 – Representação trifásica de alternador trifásico
55
Fig. 2.7 – alimentação trifásica com circuitos independentes
56
Fig. 2.8 – Ligações de alternador: (a) ligação em estrela dos enrolamentos e respectiva placa de terminais;
(b) ligação em estrela, com neutro, dos enrolamentos e respectiva placa de terminais e (c) ligação em
triângulo dos enrolamentos e respectiva placa de terminais.
57
2.1.4.2. Expressão da força electromotriz
No geral, sem ter em conta a influência de certos factores, a força electromotriz pode ser
determinada pela expressão (teórica):
𝐸 = 2,22 𝑝 𝑛 𝑁 Φ ;
K = 2,22 (valor teórico)
Para obtermos o valor real da f.e.m. temos de corrigir aquela expressão por dois
factores:
O factor de distribuição Kd refere-se à distribuição dos condutores de um enrolamento
por diversas cavas do estator e o desfasamento entre as f.e.m. induzidas nos vários
condutores que o constituem. O valor eficaz da f.e.m. resultante será assim o módulo da
soma vectorial das f.e.m. dos condutores, pelo que na realidade este coeficiente terá de
ser inferior a 1.
O factor de forma Kf refere-se à forma do fluxo no entreferro do alternador real, não ser
rigorosamente uma sinusoide. Deste modo, a f.e.m. induzida também não será
rigorosamente sinusoidal.
A regulação da f.e.m. (E) obtém-se variando a velocidade (n) ou o fluxo (Φ). A variação
da velocidade do rotor é feita variando a velocidade do motor (ou turbina, no caso das
centrais eléctricas) que acciona o alternador. E a variação do fluxo é feita variando a
corrente fornecida pela excitatriz, que alimenta os enrolamentos do rotor. Ver a figura
2.15.
58
2.1.4.4. Curvas características do alternador
59
para medir a corrente I na linha. No circuito indutor, liga-se um amperímetro A1 para
medir a corrente indutor i.
60
Primeiramente, leva-se o alternador até à sua velocidade nominal. Depois, regula-se a
excitação do alternador de modo que o voltímetro V indique a f.e.m. nominal En
(correspondente a I = 0). De seguida, liga-se o interruptor K, com as cargas genéricas Z
todas intercaladas no circuito. Registamos este primeiro par de valores de U e de I
indicados pelos aparelhos de medida.
Vamos variando, progressivamente, os cursores das cargas Z, de modo que a corrente vá
aumentando até à corrente nominal In, registando diversos pares de valores de U e de I.
Desta maneira, obtemos o diagrama U(I) para o factor de potência de carga considerada.
Para outras cargas, com diferentes factores de potência, faríamos ensaios semelhantes, o
que nos permitiria obter as curvas representadas na figura 2.14.
Fig. 2.14 – Características em carga do alternador, para diferentes cargas (capacitiva, resistiva e indutiva)
Para arrancar o alternador, primeiramente, acciona-se o motor (de corrente contínua M),
com o veio acoplado ao do alternador, regula-se a sua velocidade por regulação dos seus
reóstatos de arranque e de excitação, até que as três máquinas representadas sejam
conduzidas à velocidade (n) tal que corresponda à frequência (f = p n).
61
Fig. 2.15 – Esquema de ligações para arranque de um alternador.
Fig. 2.16 – Alternador em carga: a) Esquema eléctrico equivalente; b) Diagrama vectorial, com carga
indutiva (ou diagrama de Behn-Eschenburg).
𝐸⃗ = 𝑈
⃗ + ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅 𝐼 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑋𝑠 𝐼 ⟺ 𝐸⃗ = 𝑈
⃗ + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑍𝑠 𝐼
Em que: ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑍𝑠 𝐼 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅 𝐼 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑋𝑠 𝐼 𝑒 𝑍 = √𝑅 2 + 𝑋𝑠2
Sendo ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅 𝐼 uma queda de tensão resistiva e ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑋𝑠 𝐼 uma queda de tensão indutiva, estes
vectores são perpendiculares entre si. Daí que possamos definir uma nova ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑍 𝐼 que é a
soma vectorial: ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑍𝑠 𝐼 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅 𝐼 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑋𝑠 𝐼
Xs e Zs são respectivamente, reactância síncrona e impedância síncrona.
62
Os valores de E, U e I são medidos nos ensaios em vazio e em carga, respectivamente, o
valor da resistência (R) dos enrolamentos é medido com Ohmímetro. Para obter o valor
de Z, vamos construir no mesmo gráfico as características em vazio e em curto-circuito.
𝐸
𝐸⃗ = 𝑈
⃗ + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑍 𝐼𝑐𝑐 ⟺ 𝐸⃗ = 0 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑍 𝐼𝑐𝑐 ⟺ 𝐸⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑍𝐼 ⟺𝑍=
𝐼𝑐𝑐
63
Onde: P, Q e S são respectivamente potências activa, reactiva e aparente
Como o alternador transforma, a potência mecânica Pm (Pa) que lhe é fornecida por um
motor, em potência eléctrica Pe (Pu), então o rendimento do alternador será:
𝑃𝑢 𝑃𝑒
𝜂= ⟺ 𝜂=
𝑃𝑎 𝑃𝑚
Com 𝑝 = 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒
Em que: Pe – potência eléctrica (activa) fornecida (Pu) pelo alternador; Pm – potência
mecânica absorvida (Pa) no veio do alternador; p – potência total de perdas do
alternador.
Para fornecer a potência que é pedida, em cada momento, pelo conjunto dos
consumidores, as centrais eléctricas devem ligar ou desligar grupos turbina-alternador,
em função das suas necessidades. A potência total fornecida por uma rede eléctrica é a
soma das potências fornecidas por cada um dos alternadores ligados.
Fig. 2.18 – esquema de ligação para efectuar paralelo de alternador com a rede.
Exercícios
1. Um alternador trifásico com 12 pólos e 2 ranhuras por pólos e por fase. Cada
ranhura contém 4 condutores activos. O fluxo por pólo é 0,018 Weber e o
coeficiente de Kapp é igual 2,12. A frequência da f.e.m. produzida é de 60 Hz.
a) Qual é a a velocidade de rotação do grupo?
b) Os condutores activos duma fase encotram-se montados em série, qual é a f.e.m
por fase? Os três enrolamentos estão ligados em estrela, determine a tensão entre
fases.
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a) O número de pólos
b) A força electromotriz teórica, por fase
c) A força electromotriz real, admitindo que o coeficiente de Kapp é de 2,4
6. Um alternador trifásico, com uma tensão por fase de 220 V, fornece uma
intensidade de 35 A com um factor de potência de 0,8 a uma dada instalação.
a) Preencha a tabela calculando as diversas potências trifásicas fornecidas pelo
alternador, considerando a ligação em estrela ou em triângulo do mesmo.
b) Compare os resultados e conclua.
7. Um alternador trifásico em estrela deve fornecer uma tensão entre fases de 380
V a uma carga trifásica equilibrada, com um factor de potência igual a 0,8
indutivo. A corrente na linha é de 40 A.cada enrolamento de fase do estator tem
R = 0,2 Ω e Xs = 2 Ω.
a) Calcule pelo diagrama vectorial, a f.e.m. induzida num enrolamento;
b) Calcule as perdas por efeito de joule no estator;
c) O rotor do alternador e da sua excitatriz, são accionados por um motor de
corrente contínua que absorve uma intensidade de 100 A a uma tensão de 260 V
com um rendimento de 88 % para esta carga. Calcule o rendimento do alternador
e do grupo motor-alternador para essa situação de carga.
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10. Um alternador trifásico, ligado em triângulo, fornece uma potência activa de 20
kW, com um factor de potência de 0,82.a corrente fornecida é de 37 A. Sabendo
que a quedadetensão é de 4,5 %, calcule a f.e.m do alternador.
68