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2021/2

NOTAS DE AULAS

Material complementar da disciplina Máquinas Elétricas / ENE / FAET / UFMT

Prof. José Mateus Rondina

Notas de aulas 1
2021/2

Comentário inicial – nota do professor.

Esse material contém uma coletânea de informações sobre o conteúdo da disciplina.


Pretende ser um guia para ordenar os estudos e complementar informações, principalmente
com ilustrações. Não substitui a bibliografia e não deve ser a única fonte de estudos
consultada pelo aluno. Ao final de cada item está apresentada uma lista de leituras
recomendadas da bibliografia básica apresentada no plano de ensino. Também são
explorados exemplos e exercícios.

Notas de aulas 2
2021/2

CAPÍTULO I – MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

INTRODUÇÃO – ASPECTOS CONTRUTIVOS DAS MÁQUINAS ELÉTRICAS


ROTATIVAS
TEORIA ELTROMAGNÉTICA

O eletromagnetismo é essencial na compreensão do funcionamento das máquinas


elétricas rotativas. Elas dependem do campo magnético de acoplamento para promover a
conversão da energia de um sistema elétrico para um sistema mecânico e vice-versa.

No estudo das máquinas elétricas, vamos partir da “Lei de Ampère” que relaciona
as forças existentes entre condutores percorridos por correntes elétricas. Para tanto vamos
considerar grandezas e propriedades como: corrente elétrica, força mecânica, densidade
de fluxo magnético, intensidade de fluxo do campo magnético, permeabilidade magnética
e etc. Também teremos por base a “Lei de Faraday” que relaciona as tensões induzidas
em função da ação eletromagnética.

LEI DE AMPÈRE

Figura 1

A lei de Ampère, como ficou conhecida, estabelece o campo magnético ( ) gerado


por um condutor retilíneo percorrido por uma corrente elétrica de intensidade i, a uma
distância (R) do condutor.

Notas de aulas 3
2021/2

Matematicamente, o vetor campo magnético ( ) é determinado pela seguinte equação:

a b c

Figura 2

A figura 2 a, mostra um arranjo simplificado para lei de Ampère. Um condutor


longo percorrido por uma corrente de módulo constante I1 e um condutor elementar de
comprimento l que conduz uma corrente constante I2 em sentido oposto a I1. A corrente
I2 e o comprimento l podem ser tomados como um elemento de corrente I2 l.

De acordo com a Lei de Ampère, observa-se que existe uma força no condutor
elementar l dirigida para a direita. Tal força é diretamente proporcional a: I1 e I2, l e às
características magnéticas do meio que os envolve; e inversamente proporcional a
distancia entre eles.

Em unidades do mks, o módulo dessa força pode ser dado por:

Notas de aulas 4
2021/2
µ 𝐼𝐼1
𝐹𝐹 = 𝐼𝐼2 𝑙𝑙 Newtons
2 𝜋𝜋 𝑅𝑅

Sabendo que:

= densidade de fluxo magnético ( Wb/m2), então:

F = I2 l B

Nos estudos de máquinas elétricas que se seguem, O condutor, ou conjunto de


condutores percorridos pela corrente I1 serão denominados de “enrolamento de campo”
porque ele produz o campo magnético. Já os condutores percorridos pela corrente I2
formam o enrolamento chamado de “enrolamento de armadura”

O sentido do campo magnético é facilmente determinado pela regra da mão


direita. Conforme figura 2, b e c.

O sentido da força eletromagnética pode ser obtido pela regra da mão esquerda.

Figura 3 – Regra da mão esquerda

INDUÇÃO ELÉTROMAGNÉTICA

Notas de aulas 5
2021/2
Chama-se indução eletromagnética ao fenômeno pelo qual aparece corrente
elétrica num condutor, quando ele é colocado num campo magnético e o fluxo que o
atravessa varia.

LEI DE FARADAY

A lei de Faraday-Neumann-Lenz, ou lei da indução eletromagnética, é uma das


quatro equações de Maxwell que regem o eletromagnetismo clássico. É com essa lei que
se entende a produção de corrente elétrica em um circuito colocado sob efeito de um
campo magnético variável ou por um circuito em movimento em um campo magnético
constante. É a base do funcionamento dos geradores e transformadores.

Figura 4 – Ilustração da Lei de Faraday

Tal lei é derivada da união de diversos princípios. A lei da indução de Faraday,


elaborada por Michael Faraday em 1831, afirma que a corrente elétrica induzida em um
circuitofechado por um campo magnético é proporcional ao número de linhas do fluxo
que atravessa a área envolvida do circuito, por unidade de tempo. Faraday definiu essa
lei de maneira verbal, usando o arcabouço de linhas de campo que ele mesmo havia
desenvolvido, o que dificultou a transmissão de suas idéias no meio acadêmico. Apenas
no ano de 1845 Franz Ernst Neumann escreveu a Lei em uma forma matemática:

Notas de aulas 6
2021/2

Onde é o fluxo, definido como:

A superfície S é qualquer superfície cuja borda seja o circuito que está sofrendo
indução. Usando a definição de FEM e tornando infinitesimal temos:

Sendo E o campo elétrico induzido, dl é um elemento infinitesimal do circuito e


dΦB / dt é a variação do fluxo magnético no tempo. Uma maneira alternativa de se
representar a lei de indução é aplicar o Teorema de Stokes:

O sinal de menos é contribuição fundamental de Heinrich Lenz. A corrente


induzida no circuito é de fato gerada por um campo magnético, e a lei de Lenz afirma que
o sentido da corrente é o oposto da variação do campo magnético que a gera. Isso
significa que a indução sempre se dá com o intuito de manter o campo com a mesma
direção e magnitude. Caso o campo magnético aumente, surge uma corrente que gera um
campo contrário, tentando impedir esse aumento. Se o campo diminui um efeito inverso
acontece. Isso não significa que as correntes induzidas sejam suficientes para manter o
campo magnético.

“A corrente induzida em um circuito aparece sempre com um sentido tal que o


campo magnético que ele cria tende a contrariar a variação do fluxo magnético
através da espira”.

Notas de aulas 7
2021/2
Heinrich F.E. Lenz - 1834

Figura 5 – Ilustração da indução eletromagnética

CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

A conversão eletromecânica de energia envolve a troca de energia entre um


sistema elétrico e um sistema mecânico. As grandezas fundamentais de um sistema
mecânico são o torque e a velocidade enquanto que de um sistema elétrico são a tensão e
a corrente elétrica.

Figura 6 – Conversão eletromecânica

Notas de aulas 8
2021/2

A ação motora se dá quando um sistema elétrico faz circular uma corrente i através
de condutores que estão posicionados em um campo magnético. Então, pela equação: F
= I2 l B, uma força é produzida em cada condutor, de forma que se os condutores são
colocados em uma estrutura livre para girar, resulta um torque eletromagnético T, que
por sua vez gera uma velocidade angular ωm.

Figura 7 – Torque eletromagnético

A ação geradora se dá quando uma bobina é movimentada, por ação mecânica de


um agente externo, com velocidade angular ωm no interior de um campo magnético. Assim
aparece nos terminais da bobina uma f.e.m ɛ.

Notas de aulas 9
2021/2
Figura 8 – F.e.m induzida

Figura 9 – f.e.m - demonstração

Figura 10 – f.e.m induzida - gráfico

Notas de aulas 10
2021/2

AÇÃO E REAÇÃO

Quando uma bobina é percorrida por uma corrente elétrica, na presença de um


campo magnético, sofre ação de força eletromagnética F que produz Torque T e
velocidade angular ωm, desenvolvendo assim a ação motora. Porém, ao se movimentar na
presença do mesmo campo magnético, sofre ação também de geração, pois seus
condutores estão em movimento em relação às linhas do campo magnético. Assim,
aparece em seus terminais uma f.e.m. induzida. Porém, essa f.e.m. terá polaridade
contrária à da corrente circulante. Isso se deve a conhecida Lei de Lens. Essa f.e.m. é,
portanto, contrária ao movimento, ou seja, é uma tensão de reação, também conhecida
como f.c.e.m (força contra eletromotriz).

Na ação geradora ocorre o inverso. Quando uma bobina é levada a girar na


presença de um campo magnético, sofre ação de uma f.e.m. induzida em seus terminais.
Se a esses terminais for conectada uma carga elétrica, irá circular por essa bobina uma
corrente elétrica i. Os condutores dessa bobina, percorridos pela corrente i, na presença
do campo magnético, experimentarão forças eletromagnéticas que produzirão um Torque
T. Porém, esse torque será contrário à velocidade angular ωm, aqui produzida por um
agente externo, uma turbina por exemplo. Esse torque, portanto, é uma reação e seu
sentido também é função da Lei de Lenz.

AÇÕES GERADORA E MOTORA NAS MÁQUINAS ELÉTRICAS ROTATIVAS

Para maior entendimento as ações, motora e geradora, e suas relações com o campo
magnético de acoplamento, será apresentada adiante uma formulação matemática.

Notas de aulas 11
2021/2
Figura 11 – Conversão eletromecânica

Considere-se um dispositivo contendo um enrolamento estacionário (estator) e um


enrolamento girante (rotor).

Figura 12 – Estator e rotor

A bobina 1 – 2 do estator é percorrida por uma corrente constante que circula


entrando em 1 e saindo em 2. As linhas de campo produzidas pela f.m.m ( ampère x
espiras) da bobina, de acordo com a regra de Flemming (mão direita) tem o sentido
mostrado e cada linha atravessa o entreferro em dois pontos.
Se as superfícies do estator e do rotor fossem cortadas e reduzidas a uma forma
plana a resultante apareceria como mostrado na figura 12 adiante.

Figura 13 – Planificação do estator e rotor

Notas de aulas 12
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Se a relutância do ferro for desprezada, a metade da f.m.m da bobina é utilizada
em cada passagem pelo entreferro. Consequentemente, o valor da densidade de fluxo (B)
que aparece entre os lados da bobina 1 – 2, é metade da f.m.m. da bobina, dividida pela
relutância do entreferro e pela área transversal do pólo.

𝐹𝐹.𝑚𝑚.𝑚𝑚. 𝑁𝑁. 𝐼𝐼. ø 𝑁𝑁. 𝐼𝐼.


ø= = B= =
𝑅𝑅 𝑅𝑅 𝐴𝐴 𝑅𝑅 𝐴𝐴

Visto que essas grandezas são fixas, pois a corrente é constante, segue-se que a
densidade de fluxo B também é constante do lado da bobina 1 para 2 e de 2 para 1,
conforme mostrado na figura 14 adiante.

Figura 14 – Distribuição da densidade de fluxo

Assim, o fluxo que deixa o estator ( na parte superior da figura entre os lados 1 e
2 da bobina) se comporta como um pólo norte, enquanto que o fluxo que entra no estator
se comporta como um pólo sul.

Analisemos agora o rotor. Este supostamente constituído de Z condutores, sendo


que somente dois deles (a e b) estão indicados na figura 11 acima. O condutor a está
ligado ao condutor b por meio de uma ligação posterior, formando uma bobina conforme
mostrado na figura 15 adiante.

Figura 15 – Bobina a-b do rotor

Notas de aulas 13
2021/2
A conversão eletromecânica está relacionada com o movimento da bobina do rotor
em relação à densidade de fluxo B produzida pelo enrolamento do estator. Para facilitar
mostramos agora apenas o gráfico de B e a posição da bobina a – b, omitindo detalhes do
estator.

Figura 16 – Deslocamento da bonina

Observa-se que o fluxo que enlaça a bonina a-b, inicialmente é zero visto que a
bobina enlaça metade do fluxo positivo no entreferro (pólo norte) e também a metade do
fluxo negativo (polo sul).

Considerando a Lei de Faraday, o movimento da bobina por uma distância


diferencial dx até a nova posição a´- b´ causa uma mudança de fluxo concatenado com a
bobina, que é expresso como:

d ø = 2 B dA

O fator 2 corresponde aos dois lados da bobina. B é a densidade de fluxo nos


pontos onde os condutores a e b estão. dA é o diferencial de área através do qual o campo
B passa. Observando-se atentamente constata-se que essa área é igual ao comprimento
axial do rotor multiplicado pelo diferencial do deslocamento dx. Assim:

dA = l dx

Além disso, se considerarmos que dx resulta de uma velocidade linear v dada ao


condutor da bobina pelo tempo diferencial dt, temos:

dx = v dt

Notas de aulas 14
2021/2
Substituindo-se os elementos das duas últimas equações na equação do fluxo
diferencial:

d ø = 2 B dA

d ø = 2 B l v dt

A tensão induzida na bobina a-b, pela Lei de Faraday, torna-se então:

𝒅𝒅 ø
e= =2Blv
𝒅𝒅 𝒕𝒕

O fator 2 aparece na equação devido ao fato de que a bobina é formada por dois
condutores. Então se o rotor for formado por Z condutores, associados em série, a tensão
induzida será então:

e =ZBlv

Analogamente, quando na ação motora, os condutores do rotor forem percorridos


por uma corrente elétrica i, a força eletromagnética responsável pelo torque será dada por.

F =ZBli

Também o torque T, devido à força F nos condutores do rotor e considerando o


raio r do rotor, temos:

T =ZBlri

O exame das equações da tensão induzida (e = Z B l v) e do torque desenvolvido


(T = Z B l r i) mostra que tanto a tensão induzia como o torque eletromagnético
desenvolvido, são dependentes do campo magnético de acoplamento. O fator que
determina se a tensão induzida e o torque desenvolvido são de ação ou de reação só
depende de estar sendo desenvolvida uma ação motora ou uma ação geradora.

Notas de aulas 15
2021/2
As duas grandezas mecânicas T e ωm, e as duas grandezas elétricas

e e i, que são acopladas através do campo magnético B, são também relacionadas pela lei
da conservação da energia. Isso pode ser demonstrado dividindo-se a equação da tensão
induzida pela equação do torque desenvolvido.

e = ZBlv

T =ZBlri

𝒆𝒆 𝒗𝒗 𝛚𝛚m 𝒗𝒗
= = já que ωm =
𝑻𝑻 𝒊𝒊 𝒓𝒓 𝒊𝒊 𝒓𝒓

𝒆𝒆 𝛚𝛚m
= → 𝒆𝒆 𝒊𝒊 = 𝑻𝑻 ωm
𝑻𝑻 𝒊𝒊

Potência elétrica = Potência mecânica

Esta relação é válida tanto para ação geradora como para ação motora.

Da discussão acima conclui-se que toda máquina elétrica rotativa deve possuir
dois enrolamentos. Um enrolamento destinado a produzir o campo magnético de
acoplamento B, denominado de enrolamento de campo, e um segundo enrolamento
denominado de enrolamento de armadura, onde serão desenvolvidas as ações geradoras
ou motoras, conforme a destinação da máquina.

Figura 17 – Estrutura das máquinas elétricas

Notas de aulas 16
2021/2

Leitura recomendada:

1) Vicent del Toro. item 1.1, paginas: 1 a 9

2) Aurio Gilberto Falcone, volume 1, item 4.13, páginas 199 a 206

3) Kosow, itens 1.1 a 1.10, páginas: 1 a 14

4) Fitzgerld, itens 1.1 e 1.2, páginas 1 a 35

Exercícios:

A seguir estão apresentados alguns exemplos resolvidos para nortear a resolução de


problemas sobre o tema.

Exemplo 1.

Notas de aulas 17
2021/2

Exemplo 2.

Notas de aulas 18
2021/2

Procure outros exemplo e exercícios propostos na bibliografia........

Notas de aulas 19
2021/2
MÁQUINAS CC

Figura 18 – Tipos de máquinas elétricas

As máquinas elétricas rotativas são projetadas e construídas nos mais diversos


formatos atendendo às diversas necessidades.
O termo “máquina elétrica rotativa” se aplica às máquinas em geral, sendo elas
para a função motora ou geradora. Na verdade toda máquina elétrica rotativa pode
assumir a função motora ou gerador, no entanto, na maioria dos casos, as máquinas
são projetadas para uma função específica e para utilização também em condições
pré-estabelecidas, sendo fabricadas para tanto.

MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

As máquinas CC caracterizam-se por sua versatilidade. Por meio das diversas


combinações de enrolamentos de campo, excitados em derivação, série ou
independente, elas podem apresentar uma ampla variedade de características de
tensão x corrente ou de velocidade x conjugado. Devido à facilidade com que podem
ser controladas, sistemas de máquinas CC têm sido utilizados em situações que
requerem uma ampla faixa de velocidades e controles precisos.

Notas de aulas 20
2021/2

Figura 19 – Campo e armadura

Tipos de Máquinas C.C.

• Excitação separada
• Shunt
• Série
• Composto
• Magneto permanente

Princípios de Funcionamento das máquinas CC.

Ação Geradora:

Consideremos uma bobina girando, por ação de uma força motriz externa, na
presença de um campo magnético, conforme mostrado na figura.

Figura 20 – Ação geradora

Notas de aulas 21
2021/2

Figura21 – Distribuição senoidal de fluxo

A fem induzia na bobina terá o formato senoidal, visto que a variação do campo
magnético é senoidal para um movimento em velocidade angular da bobina.

A forma de onda gerada no interior do enrolamento de armadura de uma máquina


CC é de fato alternada, porém não exatamente senoidal visto que o comprimento de
entreferro é projetado com valor constante com o objetivo de produzir onda de fem
induzida mais retangular, facilitando assim a comutação.

Figura 22 – Entreferro constante

Notas de aulas 22
2021/2
e

+ ei

- ei

Figura 23 – Fem para entreferro constante

Figura 24 – Corte de uma máquina CC

Enrolamentos:

Enrolamento de Armadura. É o enrolamento onde se desenvolve a fem na ação


geradora e o torque eletromagnético na ação motora. O enrolamento de armadura nas
máquinas CC obrigatoriamente é girante, portanto localizado no rotor da máquina. Isso
se deve à necessidade da comutação de corrente nas máquinas CC.

Notas de aulas 23
2021/2

Figura 25 – Corte

Enrolamento de Campo. É o enrolamento destinado a produzir o campo


magnético de acoplamento, necessário em todas as máquinas elétricas. Nas máquinas
CC esse enrolamento está no estator da máquina.

Figura 26 – Corte esquemático de uma máquina CC

Figura 9 – Detalhes construtivos dos enrolamentos de campo

Notas de aulas 24
2021/2

O corte esquemático mostra a posição dos enrolamentos de campo e de armadura,


mostrando também os interpolos, mais adiante comentados.

Figura 27 – Distribuição de fluxo polar na máquina cc

Figura 28 – Corte de uma máquina CC

Notas de aulas 25
2021/2

Figura 29 – Vista de uma máquina CC

Comutação:

Como se pode facilmente notar nas fotos acima, uma característica marcante das
máquinas de corrente contínua é a existência do comutador numa das extremidades do eixo, logo
a frente do enrolamento de armadura. Conforme foi dito anteriormente, a corrente elétrica que
circula no interior da armadura de uma máquina cc é alternada, visto que está associada ao
movimento circular do rotor.

Figura 30 – Onda de corrente na armadura das máquinas cc

Notas de aulas 26
2021/2

Figura 31 – Comutador cc

O comutador é responsável pela “retificação” da onda de corrente de armadura,


de forma que, no circuito externo à máquina, a corrente circulante seja contínua.

N
S
I
car

segme
esco

Figura 32– Diagrama esquemático da comutação

Figura 33 – Comutação

Notas de aulas 27
2021/2

Figura 34 – rotor de uma máquina cc

Figura 35 – Comutação simples

Figura 36 – Comutação duas bobinas

Notas de aulas 28
2021/2

Figura 37 – Comutação

Ação geradora nas máquinas CC.

A ação de geração se da quando uma máquina tem seu rotor acionado por uma
máquina primária capaz de lhe fornecer energia mecânica em forma de torque e
velocidade angular, e quando o seu enrolamento de campo é devidamente excitado de
forma a produzir o campo magnético de acoplamento.

Consideremos inicialmente um gerador cc de dois pólos a vazio, isto é, operando


sem carga conectada aos seus terminais. Nessa condição a tensão medida em seus
terminais é V0 que tem o mesmo valor da fem induzida, visto que sem carga não existem
quedas de tensão.

Notas de aulas 29
2021/2
Assim V0 = ɛ 0 = fem

A fem produzida a vazio depende do fluxo indutor, do número de rotações da


armadura, do número de polos e do número de condutores da armadura.

𝑁𝑁
E= ɛ m. NA = ɛ m
2

Nas máquinas com enrolamento de dois polos, seja imbricado simples ou


ondulado, há duas vias internas, por isso a fem induzida resultante, medida entre as
escovas, é a soma das fem médias que se geram em metade dos condutores induzidos,
isto é NA = N/2 .

Onde: ɛ m representa o valor médio da fem que se gera em cada condutor em


correspondência a uma variação de fluxo.

Tendo o gerador dois polos, uma variação de fluxo completa se processa em meia
rotação, ou seja, no tempo expresso em segundos por:

1
t=
2𝜔𝜔

1
Sendo ω o número de rotações por segundo da máquina. O termo é o tempo
ω
em segundos necessário para uma rotação da armadura.

A fem média em cada condutor resulta em:

∆Φ ∆Φ
ɛm = 10-8 = 10
-8
= 10 . 2 . ω . Φ
-8
∆𝑡𝑡 1/2𝜔𝜔

ɛm = 10-8. 2 . ω . Φ

A fem entre as escovas do gerador será:

𝑁𝑁 𝝎𝝎 .𝚽𝚽 .𝑵𝑵
E= ɛ m. NA = ɛ m = 10 . 2 . ω . Φ, ou E = 10
-8 -8
2 𝟔𝟔𝟔𝟔

Sendo ω o número de rotações por minuto (rpm) da armadura.

Notas de aulas 30
2021/2
Para uma máquina com mais polos, basta que se multiplique o valor da tensão
pelo número de polos (P) da máquina. Analogamente, para uma máquina com
enrolamento multipolo, divide-se a tensão pela multiplicidade (a) do enrolamento, então:

𝝎𝝎 .𝚽𝚽 .𝑵𝑵 𝑷𝑷
E = 10-8 .
𝟔𝟔𝟔𝟔 𝒂𝒂

Considerando que:

𝑁𝑁 𝑃𝑃
10-8 . = Constante K
60 𝑎𝑎

Então podemos fazer: E = K 𝚽𝚽 ω

Equação fundamental da tensão gerada na máquina cc.


Obs.: Muitos autores utilizam N para representar o número de rotações (RPM).

Então: : E = K 𝚽𝚽 N

Figura 38 – Bobinagem da armadura

Notas de aulas 31
2021/2

Figura 39 -Vista das bobinas em comutação (curto-circuitadas pelas escovas)

Ação motora nas máquinas CC.

A ação motora se dá quando a máquina tem sua armadura alimentada por uma
fonte externa de corrente contínua pelas escovas e o enrolamento de campo devidamente
excitado também em corrente contínua. Dessa forma, a corrente de armadura IA, ao
percorrer os condutores na presença do campo magnético, faz valer a Lei de Ampère

Notas de aulas 32
2021/2
gerando uma força magnética que produz um torque capaz de produzir velocidade angular
no eixo da máquina.

Figura 40 – Torque eletromagnético

Figura 41 – Força eletromagnética

Uma força eletromagnética existirá entre um condutor e um campo sempre que o


condutor percorrido por uma corrente estiver localizado no campo magnético, numa
posição tal que haja uma componente do comprimento ativo do condutor perpendicular
ao campo.

Figura 42 – Força eletromagnética

Notas de aulas 33
2021/2

A definição acima possui três requisitos implícitos que afetam o valor da força
eletromagnética F, ou sejam: o campo magnético B, o comprimento ativo do condutor l e
o valor da corrente circulante no condutor I. Assim, se qualquer um ou todos os valores
variarem, a força eletromagnética variará diretamente e na mesma proporção.

Se B e I forem perpendiculares, uma força ortogonal F será desenvolvida, de


acordo com a Lei de Ampére:

F=BIl

Uma armadura e um campo de um motor cc de dois polos estão mostrados na


figura 17 acima. Note-se que todos os condutores que possuem corrente circulando numa
mesma direção desenvolvem uma mesma força. Isso é verdade porque eles carregam a
mesma corrente e permanecem perpendiculares no mesmo campo. Mas, como o torque é
definido como o produto de uma força e de sua distancia perpendicular ao eixo, nós
podemos ver que a componente útil da força desenvolvida é:

F = f sen θ

Figura 43 – Componente ativa da força

As proposições acima se referem a um arranjo com sapatas polares retas. As


máquinas comerciais geralmente possuem muitos polos e a configuração das sapatas
polares “abraçam” a armadura de forma a constituir um entreferro constante e proporcionar
o movimento dos condutores de armadura praticamente sempre ortogonal ao campo

Notas de aulas 34
2021/2
magnético fazendo com que todos os condutores sob um polo contribuam igualmente na
formação do torque resultante.

Figura 44 – Arranjo comercial de entreferro constante

Essas considerações levam à simples relação:

Fmed = Fc . ZA
Onde: Fmed = Força média total tendendo a girar a armadura

Fc = Força média por condutor diretamente sob o polo


ZA = Número de condutores ativos da armadura
Isso simplifica o cálculo do torque total desenvolvido pela armadura, pois:

Tmed = Fmed . r = Fc . ZA . r
Tmed = Fc . ZA . r
Fc = B IA l
Tmed = B . IA . l . ZA . r ↔ mas l. r = A
ø
Tmed = B . I . ZA . A ↔ mas B= ↔ B. A =ø
𝐴𝐴

Tmed = ø . IA . ZA

Para uma máquina com mais polos, basta que se multiplique o valor do torque
pelo número de polos (P) da máquina. Analogamente, para uma máquina com
enrolamento multipolo, divide-se o torque pela multiplicidade (a) do enrolamento, então:

𝑷𝑷
Tmed = ø . IA . ZA .
𝒂𝒂

Notas de aulas 35
2021/2
Sendo o número de condutores da armadura ZA uma constante, assim como o
número de polos P e o número de caminhos da armadura a, todas essas grandezas podem
ser substituídas por uma única constante K.

Assim Tmed = K . ø . IA .

Equação fundamental para o torque nas máquinas cc.


Comparando-se as equações para a tensão gerada e para o torque encontramos
muita similaridade.

E = K 𝚽𝚽 n : Tmed = K . ø . IA
Lembrando que as grandezas de um sistema elétrico são a tensão E e a corrente
IA, e que as grandezas de um sistema mecânico são o torque T e a velocidade de rotação
n e observando-se as equações, vemos que, no caso da tensão gerada E, quando a entrada
é a grandeza mecânica n de rotação, associada ao fluxo de acoplamento, a saída é a tensão
gerada, grandeza elétrica. Ao contrário, na equação do torque, quando a entrada é a
grandeza corrente IA, grandeza elétrica, acrescida do mesmo fluxo de acoplamento a saída
é o torque, uma grandeza mecânica. Isso resume a conversão eletromecânica de energia.

Resumindo:

Figura 45 – Relações de tensão gerada

Notas de aulas 36
2021/2

Figura 46 – Relações de torque

Leitura recomendada:

1) Fitzgerald, cap. 4, 4.1 a 4.4

2) Kosow, cap 1, 1.1 a 1.11

3) Del Toro, cap 3, 3.1 a 3.5 – 7.6

4) Falcone, cap 7, 7.1 a 7.9

5) Kosow, cap 5,

6) Simone, Gilio Aluísio – Máquinas CC, Ed. Érica 4.3, 4.4, 4.5

7) Martignoni, Alfonso – Máquinas CC, Ed. Globo, cap. V

Notas de aulas 37
2021/2

REAÇÃO DA ARMADURA:

É a influência da FMM produzida pelos enrolamentos da armadura das


máquinas elétricas.

A Fmm da armadura provoca efeitos bem definidos sobre a distribuição espacial


do fluxo de entreferro e sobre a magnitude do fluxo líquido por pólo. O efeito sobre a
distribuição de fluxo é importante porque influencia nos limites de comutação. O efeito
sobre a magnitude do fluxo influencia no valor da tensão gerada e do torque desenvolvido.

Efeitos da Reação da Armadura:

1) Redução do fluxo de campo

Consequências:

• Aumento da velocidade nos motores e até disparo.


• Redução na tensão de geradores e até desexcitação.

Soluções: Operação saturada.

Figura 47 – Fluxo polar x fluxo de armadura

Notas de aulas 38
2021/2

Figura 48 – Fluxo de armadura na região polar

2) Distorção da Linha Neutra.

Figura 49 – Desvio da linha neutra

Consequências:
Bobina em comutação com tensão induzida, produzindo faiscamento nas escovas.

Figura 50 – Bobina em comutação sob tensão induzida

Notas de aulas 39
2021/2

Figura 51 – Bobina em comutação sob tensão induzida

Figura 52 – Fluxo de armadura Figura 53 – Fluxo resultante

Figura 54 – Sentido do deslocamento da LN Figura 55 – Fluxo resultante

Notas de aulas 40
2021/2

Figura 56 – Fluxos de campo e de armadura

Figura 57 – Distorção do fluxo polar

O deslocamento da linha neutra, causada pela presença do fluxo de armadura, é


proporcional ao valor da corrente de armadura, ou seja, ao valor da “carga” da máquina. Esse
deslocamento provoca comutação com tensão na bobina comutada, produzindo assim descarga
de energia no circuito da bobina em comutação, resultando em faiscamento na região das escovas.
Esse fenômeno provoca elevado e rápido desgaste das escovas e das lâminas do comutador.

Notas de aulas 41
2021/2

Figura 58 – Distorção do fluxo polar

Soluções:
a) Alterações na relutância do circuito magnético do campo polar.

Figura 59 – Aumento da relutância no circuito do fluxo de armadura

b) Instalação de enrolamentos de interpolos.


Os interpolos, ou polos de comutação, são polos menores localizados entre
os polos principais. A Fmm no interpolo deve ser suficiente para neutralizar a Fmm de
armadura de magnetização cruzada, na região interpolar, e suficiente para fornecer a
densidade de fluxo requerida para que a tensão rotacional na bobina de armadura curto-
circuitada cancele a tensão de reatância. Como a Fmm de armadura e a tensão de reatância
são proporcionais a corrente de armadura, os enrolamentos de interpolos devem ser
conectados em serie com a armadura.

O deslocamento da linha neutra, causado pela presença do fluxo de armadura,


produz comutação sob tensão, ou seja, a bobina que passa pela linha neutra e portanto é

Notas de aulas 42
2021/2
curto-circuitada pelas escovas, não está sujeita a tensão nula, já que α, ângulo entre o

vetor V velocidade da bobina e o vetor B, densidade de campo, não é nulo.

E = B l V sen α
Existe um ângulo α ≠ 0, portanto existe uma componente do vetor resultante B,
na direção transversal ao vetor B, essa componente é responsável pela indução de tensão
na bobina em comutação.

Os interpolos precisam produzir um fluxo contrário à componente transversal de


B, de intensidade aproximada, para neutralizar o efeito indutivo na região de comutação.

Figura 60 – Fluxo dos enrolamentos de interpolos

Figura 61 – Polos e interpolos

Notas de aulas 43
2021/2

Figura 62 - Polos, interpolos e compensadores

c) Deslocamento das escovas.


O deslocamento da linha neutra, causado pela presença do fluxo de armadura,
produz comutação sob tensão, ou seja, a bobina que passa pela linha neutra e portanto é
curto-circuitada pelas escovas, não está sujeita a tensão nula.

Uma alternativa possível é o deslocamento das escovas para a nova posição de


linha neutra onde a bobina que passa pelas escovas também estará se movimentando
paralelamente ao vetor densidade de campo resultante B, não possuindo tensão induzida.

Figura 63 - Deslocamento das escovas

Notas de aulas 44
2021/2

Figura 64 - Exemplos de porta escovas de máquinas cc

O deslocamento das escovas é uma alternativa para máquinas que operam com
carga constante. Porém, para aquelas que estão sujeitas a variações constantes na carga,
tal solução se mostra inviável, a medida em que o deslocamento da linha neutra é
proporcional à corrente de armadura, ou seja, proporcional à carga. Assim, para cada valor
de carga precisa-se proceder um ajuste na posição das escovas.

3) Sobretensão transitória.

Como as lâminas do comutador são muito próximas umas das outras, e cada
bobina tem suas extremidades, geralmente, em lâminas vizinhas uma da outra, a tensão
em uma bobina, está presente entre duas lâminas vizinhas.

Notas de aulas 45
2021/2

Figura 65 - Vista de um comutador

Figura 66 - Bobinas de armadura

A tensão induzida em cada bobina é proporcional à variação do fluxo magnético


através da bobina – lei de Faraday.

𝐝𝐝𝐝𝐝
ɛ = − 𝑳𝑳
𝒅𝒅𝒅𝒅

Assim, para máquinas sujeitas a grandes e bruscas variações de carga, a taxa de


variação da corrente de armadura é grande, e consequentemente o fluxo de armadura
também experimenta grande variação. Tal variação provoca indução, nas bobinas da
própria armadura, de tensões elevadas. Essas tensões induzidas, de natureza transitória,

Notas de aulas 46
2021/2
em resposta a variações da carga, se manifestam entre lâminas vizinhas no comutador,
provocando curto-circuito entre lâminas por rompimento da rigidez dielétrica entre elas.

Essa situação também se configura em faiscamento no comutador gerando


desgastes excessivos das lâminas.

Figura 68 – armadura

Figura 69 – enrolamentos de armadura

Solução: Enrolamentos de compensação.

São enrolamentos instalados na face das sapatas dos polos. Esses enrolamentos
são conectados em série com a armadura, consequentemente percorridos pela própria
corrente de “carga” da máquina.

Notas de aulas 47
2021/2
Os enrolamentos de compensação são ligados de forma que a corrente que por
eles circula está em sentido contrário ao da corrente no enrolamento de armadura
correspondente, de forma que, quando a armadura produz um campo variável num
sentido, o enrolamento de compensação produz campo contrário, atenuando o campo
resultante de armadura na frente da sapata polar, onde ocorre a maior indução de sobre
tensão, reduzindo assim, enormemente, a indução de tensão transitória entre lâminas do
comutador.

Figura 70 – Polos e interpolos

Figura 71 – Enrolamentos de compensação


Os enrolamentos de compensação são usados em máquinas projetadas para
sobrecargas elevadas ou cargas rapidamente variáreis, como prensas e guilhotinas, por
exemplo.

Notas de aulas 48
2021/2

Figura 72 – diagrama de ligação

Figura 73 – compensação

Figura 74 – interpolos e compensação

Notas de aulas 49
2021/2

Resumo da comutação e suas consequências:

Figura 74 – comutação

Notas de aulas 50
2021/2

Figura 75 - Comutação

Figura 75 - Comutação

Notas de aulas 51
2021/2

Figura 76 – Efeitos da Reação da Armadura

Figura 77 – Efeitos da Reação da Armadura

Notas de aulas 52
2021/2

Leitura recomendada e resolução de exercícios propostos da bibliografia:

8) Fitzgerald, cap. 4, 4.1 a 4.4

9) Kosow, cap 1, 1.1 a 1.11

10) Del Toro, cap 3, 3.1 a 3.5 – 7.6

11) Falcone, cap 7, 7.1 a 7.9

12) Kosow, cap 5,

13) Simone, Gilio Aluísio – Máquinas CC, Ed. Érica 4.3, 4.4, 4.5

14) Martignoni, Alfonso – Máquinas CC, Ed. Globo, cap. V

ENROLAMENTOS DAS MÁQUINAS CC

Todas as máquinas, quaisquer que sejam seus propósitos, requerem: Um


enrolamento cuja função é produzir um campo magnético (enrolamento de campo); um
enrolamento com condutores conduzindo corrente (enrolamento de armadura); e um
meio que possa proporcionar movimento relativo entre eles.

Figura 78: Rotor de uma máquina cc

Notas de aulas 53
2021/2

Figura 79: Estator de uma máquina cc

Figura 80: Vista do enrolamento de armadura de uma máquna cc

Figura 81: Corte esquemático de uma máquina cc

Notas de aulas 54
2021/2

Figura 82: Corte esquemático de uma máquina cc

Enrolamento de Campo

É o enrolamento, ou conjunto de enrolamentos, destinado a produzir o fluxo


magnético ou campo magnético de acoplamento. Esse enrolamento é constituído por
bobinas de campo enroladas em moldes especiais com fio de cobre isolado por verniz,
sendo as bobinas geralmente recobertas com material isolante adicional.

Figura 83: Enrolamento de campo

Notas de aulas 55
2021/2

Figura 84: Enrolamento de campo

Figura 85: Bobinas do enrolamento de campo.

O enrolamento de campo deve ser alimentado com corrente contínua de


modo a produzir um campo magnético de fluxo constante e unidirecional.

Notas de aulas 56
2021/2

Figura 86: Enrolamento de campo de dois polos

Figura 87: Enrolamento de campo de quatro polos

Notas de aulas 57
2021/2

Figura 88: Distribuição espacial de fluxo polar

As bobinas do enrolamento de campo são construídas de forma a produzir


fluxos magnéticos diversos, podendo ser dependentes da carga, independentes da
carga ou mistos.

Figura 89: Fluxo polar

Φr = fluxo residual
Φf = Fluxo de campo (fild) ou fluxo do campo shunt
Φs = fluxo do campo série

A depender da forma construtiva e da correta conexão os enrolamentos de


campo podem ser do tipo série ou derivação (shunt).

Notas de aulas 58
2021/2

Figura 90: Enrolamentos série e derivação

Os enrolamentos em derivação, também conhecidos como “shunt”, são


constituídos por bobinas fabricadas com fios de cobre de pequena seção e contendo
elevado número de espiras. Assim produzem a quantidade de Fmm (AE) desejada,
por meio de muitas espiras aptas a operar com baixa corrente e na tensão nominal da
máquina, por isso são denominados de enrolamentos em derivação ou paralelo.
Já, os enrolamentos do tipo série são projetados para operar na corrente
nominal da máquina, para tanto são construídos com bobinas de condutores de grande
seção e poucas espiras.
Esses dois tipos de enrolamentos podem ser utilizados em separado ou em
conjunto. Para cada configuração de campo a máquina apresenta um comportamento
diferente nas relações de tensão gerada ou de torque e velocidades produzidas.

As conexões possíveis e suas nomenclaturas usuais são:

• Excitação independente,
• Excitação em derivação ou shunt,

• Excitação série,
• Excitação composta.

Notas de aulas 59
2021/2
Essa última, excitação composta, pode ser aditiva ou subtrativa, a depender
da polaridade de conexão entre os dois enrolamentos.

Figura 91: Conexões aditiva e subtrativa

Excitação independente:

Temos o modelo de “excitação independente”, quando o enrolamento de


campo derivação é alimentado por uma fonte externa independente da máquina e
assim produz o fluxo polar Φ. Esse fluxo depende portanto apenas do valor da corrente
contínua ajustada na fonte externa, não dependendo das condições de carga da máquina,
estando ela desenvolvendo ação geradora ou ação motora.

Figura 92: Diagrama de um gerador com excitação independente

Notas de aulas 60
2021/2

Figura 93: Diagrama de um gerador com excitação independente

Figura 94: Diagrama de um gerador com excitação independente

Figura 95: Circuito de um gerador com excitação independente

Notas de aulas 61
2021/2

Figura 96: Circuito de um gerador com excitação independente

Figura 97 Circuito de um motor com excitação independente

Notas de aulas 62
2021/2
Excitação em derivação ou shunt:

Temos o modelo de “excitação shunt” ou “excitação derivação”, quando o


enrolamento de campo derivação é alimentado pela própria tensão de armadura da
máquina e assim produz o fluxo polar Φ. Esse fluxo depende, portanto, da tensão produzida
pela máquina para gerar a corrente contínua que vai criar o fluxo polar.
Na condição de excitação em derivação temos o processo de auto excitação onde a
corrente que produz o campo magnético que propicia a ação geradora da maquina, é oriundo
da tensão gerada pela própria máquina, partindo do fluxo residual retido no seu circuito
magnético e produzindo assim ganhos sucessivos de corrente de campo e tensão gerada.

Figura 98 Circuito de um gerador derivaçã

Figura 99: Diagrama e circuito de um gerador derivação

Notas de aulas 63
2021/2

Figura 100: Circuito de um gerador derivação

Figura 101: Circuito de um gerador shunt

Figura 102: Circuitos de um gerador shunt com carga

Notas de aulas 64
2021/2
Excitação série:

O modelo de “excitação série” é obtido quando o enrolamento de campo série,


aquele composto de poucas espiras de condutores de considerável seção, é alimentado
pela corrente de armadura da máquina, ou seja, pela própria corrente da carga. Assim
produz o fluxo polar Φ. Esse fluxo depende, portanto, da existência de carga conectada às
escovas para criar o fluxo polar e desenvolver tensão gerada.

Figura 103: Polos em série com a carga

Figura 104: Circuito de um gerador série

Notas de aulas 65
2021/2

Figura 105: Circuito de um motor série

Figura 106: Resistores de drenagem do motor série - Figura 107: Motor série com tap´s

Notas de aulas 66
2021/2

Excitação composta:

A “excitação composta” se dá quando se conecta simultaneamente os


enrolamentos de campo série e derivação. Assim o enrolamento de campo série é
alimentado por corrente enquanto que o enrolamento de campo em derivação é
alimentado por tensão. Desta forma o fluxo polar Φ terá contribuições das fmm´s dos dois
enrolamentos.
A maior ou menor contribuição de cada enrolamento depende das possibilidades de
conexão denominadas curta e longa.
A associação dos enrolamentos de campo shunt e série oferece duas possibilidades, uma
de fluxo aditivo e outra de fluxo subtrativo. No primeiro caso temos a conexão composta aditiva
e no segundo a conexão composta diferencial. O comportamento da máquina é completamente
diferente para cada tipo de conexão.

Figura 108: Conexão shunt curta Figura 109: Conexão shunt longa

Figura 110: Conexão shunt longa

Notas de aulas 67
2021/2

Figura 34: Conexão shunt longa Figura 35: Conexão shunt cuta

Figura 111: Motor cc com excitação composta curta

Notas de aulas 68
2021/2

Figura 112: Motor cc excitação composta aditiva Figura 113: Motor cc excitação composta diferencial

Figura 114: Conexões diversas

Enrolamento de Armadura

É o enrolamento onde é gerada a fem na ação geradora e onde e produzido o torque


na ação motora.
Nas máquinas de corrente continua obrigatoriamente o enrolamento de armadura
está localizado no rotor devido à necessidade de comutação.
A armadura das máquinas cc é formada por lâminas de aço silício isoladas entre
si para minimizar as correntes parasitas conhecidas por correntes de Foucault. Nas
ranhuras do pacote de lâminas está depositado o enrolamento de armadura, composto de
N condutores ativos. Dependendo da corrente total da máquina e da tensão de terminais
a que será submetida, o enrolamento de armadura tem um projeto distinto de forma que
poderá ser dos tipos “imbricado” ou “ondulado”. O primeiro destinado a maiores
correntes e o segundo a maiores tensões.

Notas de aulas 69
2021/2

Figura 115: Armadura CC

Figura 116: Armadura CC

Figura 117: Armadura CC

Notas de aulas 70
2021/2

Quando o comutador usado é de uma única bobina, produz uma corrente contínua
pulsante. Usando-se mais de uma bobina e combinando-se as diversas saídas dessas
bobinas, pode-se obter uma forma de onda mais uniforme.

Figura 118: Onda pulsante retificada

Figura 119: Onda retificada

Existem duas maneiras de se ligar as bobinas entre si e ao comutador. Para cada


conexão o enrolamento recebe uma denominação; enrolamento imbricado ou
enrolamento ondulado.

Notas de aulas 71
2021/2

Antes de discutir esses dois modelos de enrolamentos, para facilitar a


compreensão, vamos nos remeter a um tipo primitivo de enrolamento de armadura, não
utilizado na máquinas cc comerciais, trata-se do enrolamento em “anel de Gramme” .

Figura 120: Anel de Gramme

Esse enrolamento requer uma lâmina no comutador para cada condutor ativo do
enrolamento. Se a armadura for constituída de muitos condutores o comutador será
dotado de muitas lâminas o que pode inviabilizar sua construção. Para minimizar o
problema era realizada a disposição de taps entre várias bobinas para conexão ao
comutador.

Figura 121: Conexões ao comutado

Notas de aulas 72
2021/2

Figura 122: Circuito equivalente anel de Gramme dois polos

Figura 123: Circuito equivalente anel de Gramme quatro polos

Ocorre que nesse tipo de enrolamento somente os condutores que estão do lado
externo do núcleo tem contato com o fluxo polar, sendo assim somente esses condutores
desenvolverão fem, os demais condutores servem apenas de conexão entre os condutores
ativos, os externo, resultando em grande quantidade de cobre e aumento nas perdas
ôhmicas.

Notas de aulas 73
2021/2

Figura 124: Circuito magnético

Para se evitar esse inconveniente as máquinas de corrente contínua utilizam os


enrolamentos do tipo “tambor” cuja configuração consiste em conectar-se
convenientemente os condutores distribuídos uniformemente na periferia de um cilindro
de aço laminado.

Figura 125: Enrolamento tipo tambor

Notas de aulas 74
2021/2

Figura 126: Armaduras CC com enrolamento tipo tambor

Os enrolamentos do tipo tambor podem ser dos tipos imbricado ou ondulado.

Enrolamento de armadura do tipo imbricado simples:

Um enrolamento desse tipo está representado na figura abaixo, e se refere a uma


máquina de quatro polos, possuindo 16 condutores ativos, isto é, oito espiras.

Figura 127: Enrolamento imbricado simples

Notas de aulas 75
2021/2

Imaginemos cortar a armadura, por exemplo, entre os condutores 1 e 16 para


planificá-lo.

Figura 128: Enrolamento imbricado simples

Iniciar a análise do enrolamento no ponto a pelo condutor 1, embaixo do polo


norte e ligando-se este ao condutor 6 embaixo do polos sul, completando assim uma
espira. Efetuar a ligação deste com o condutor 3, debaixo do polo norte. A este, ligar o
condutor 8, do polo sul, formando a segunda espira. Ligando-se o condutor 8 com o
condutor 5, o 5 como 10, o 10 com o 7, o 7 com o 12, o 12 com o 9, o 9 com o 14, o 14
com o 11, o 11 com 16 e o 16 com o 2, o 2 com 4, fechando-se então o enrolamento no
ponto de partida.

Notas de aulas 76
2021/2

Figura 129: Enrolamento imbricado simples

Figura 130: Enrolamento imbricado simples

Observa-se que existe uma diferença de potencial resultante igual a soma


das f.e.m. induzidas nos condutores entre A e B, dirigida de B para A.

Notas de aulas 77
2021/2

Características do enrolamento imbricado ou paralelo:

O enrolamento imbricado, seja qual for o número de polos da máquina, é


caracterizado pelos seguintes pontos:

1) O enrolamento é executado ligando-se um condutor embaixo de um polo com


um condutor embaixo de um dos polos adjacentes, para depois ligar esse
ultimo com outro condutor embaixo do primeiro polo, utilizando-se o processo
de dar um passo a frente e outro para trás. As espiras do enrolamento assim
realizadas se sobrepõem parcialmente, como as telhas de um telhado, de onde
o enrolamento recebe o nome de “imbricado”.

Figura 131: Enrolamento imbricado ou paralelo

Notas de aulas 78
2021/2

2) O enrolamento possui tantas vias internas quanto forem os polos da máquina.


Cada via interna possui um número de condutores obtido dividindo-se o
número total de condutores do enrolamento pelo número de polos da máquina.
Os condutores de cada via interna estão distribuídos embaixo de dois polos
adjacentes. As vias internas do enrolamento são agrupadas em paralelo por
meio da ligação das escovas.

Figura 132: Vias internas


3) Partindo-se de uma lâmina do comutador, e seguindo-se o enrolamento, chega-
se à lâmina adjacente, depois de ter percorrido uma só espira formada por um
condutor embaixo de um polo e um condutor embaixo de um polo de nome
contrário que o segue.

Figura 133 Conexão ao comutador

Notas de aulas 79
2021/2

4) Sobre o comutador devem apoiar-se tantas escovas quantos forem os polos da


máquina. Ditas escovas são equidistantes entre si, sucedendo-se com
polaridade alternadamente positiva e negativa. As escovas do mesmo nome
são agrupadas entre si para formar respectivamente os bornes positivo e
negativo, aos quais conecta-se o circuito utilizador.

Figura 134: Escovas

5) A diferença de potencial existente entre os bornes, positivo e negativo,


corresponde, portanto, à que se gera em cada uma das vias internas.

Figura 135: Tensão gerada

6) A corrente que o circuito utilizador absorve é fornecida em partes iguais pelas


vias internas agrupadas em paralelo. A corrente que circula na armadura
corresponde a do circuito utilizador dividida pelo número de polos da
máquina.
Notas de aulas 80
2021/2

7) Pelas características mencionadas nos itens 5 e 6, resulta que o enrolamento


imbricado ou paralelo, com muitos polos, é conveniente para máquinas com
tensões relativamente baixas e correntes de elevada intensidade.

Enrolamento de armadura do tipo ondulado ou série:

Um enrolamento desse tipo está representado na figura abaixo, e se refere a uma


máquina de quatro polos, possuindo 22 condutores ativos, isto é, onze espiras.

Figura 136: Enrolamento ondulado

Notas de aulas 81
2021/2

A execução do enrolamento ondulado é caracterizada pelo fato de que a ligação


dos condutores da armadura se realiza dando-se sempre um passo para frente. Partindo-
se do condutor 1, embaixo do polo norte, chega-se ao 6, embaixo do polo seguinte, e
assim sucessivamente. Após dar várias voltas ao redor do rotor, fecha-se o enrolamento
ao se chegar de volta ao condutor 1.

Imaginando-se cortar a armadura entre os condutores 1 e 22 para planificar o


enrolamento, o esquema fica como mostrado adiante:

Figura 137: Enrolamento ondulado planificado

O enrolamento é constituído por duas vias internas, cada uma das quais possui a
metade dos condutores induzidos, ligados em série. Seguindo-se o enrolamento, a partir
da escova negativa, chega-se á escova positiva após ter percorrido os condutores de cada
via interna.

Notas de aulas 82
2021/2

Figura 138: Vias internas do enrolamento ondulado

Para que o enrolamento fosse dividido em duas vias internas iguais, a escova
positiva deveria estar posicionada entre a conexão 17 – 22, mas isso não é possível, pois
esta conexão se encontra no outro lado da armadura, na parte posterior em relação ao
comutador.

Figura 139: Conexão posterior da armadura

Notas de aulas 83
2021/2

Figura 140: Conexão posterior da armadura

Essa alteração na simetria do enrolamento não afeta o funcionamento da máquina,


pois o condutor 22 interposto está próximo da linha neutra e por isso sua f.e.m. induzida
é quase nula.

N
S
I
carga

segmento
escova

Figura 141: Linha neutra

Seja qual for o número de polos, a diferença de potencial disponível entre as


escovas corresponde sempre à gerada em metade dos condutores induzidos, e a corrente
no circuito utilizador é igual à soma das correntes nas duas vias internas da máquina.

Notas de aulas 84
2021/2

Características do enrolamento ondulado ou em série:

1) O enrolamento é executado ligando-se um condutor embaixo de um polo ao


condutor embaixo do polo consecutivo, para depois ligar este condutor a um
debaixo do polo consecutivo, usando o processo de dar os sucessivos passos
sempre em frente. As espiras do enrolamento assim realizado tem a forma de
onda, o que dá o nome de enrolamento ondulado.

Figura 142: Enrolamento ondulado


2) O enrolamento possui sempre duas vias internas, seja qual for o número de
polos da máquina. Cada via interna possui a metade dos condutores ativos.

Figura 143: Enrolamento ondulado – duas vias internas

Notas de aulas 85
2021/2

3) Partindo-se de uma lâmina do comutador, chega-se à lâmina adjacente


somente depois de ter dado uma volta ao redor da armadura, percorrendo um
condutor por cada polo.

Figura 144: Enrolamento ondulado

4) Seja qual for o número de polos, são suficientes duas escovas: uma positiva e
outra negativa, as quais se apoiam sobre o comutador em correspondência com
dois polos de nomes contrários. É possível, para reduzir a densidade de
corrente por escova, utilizar-se tantas escovas quantos forem os polos da
máquina, ficando elas, neste caso, equidistantes, com polaridades alternadas
positiva e negativa.

Figura 145: Enrolamento ondulado

Notas de aulas 86
2021/2

5) A diferença de potencial disponível entre as escovas corresponde à que se gera


na metade dos condutores ativos.

Figura 146: Duas vias internas

6) A corrente absorvida pelo circuito utilizado é fornecida em partes iguais pelas


duas vias internas, agrupadas em paralelo; o valor da sua intensidade, portanto,
é o dobro do valor da corrente que percorre os condutores da armadura.
7) Pelas características elencadas nos itens 5 e 6, resulta que o enrolamento
ondulado é conveniente para as máquinas que devem produzir tensões
elevadas e correntes de baixa intensidade.

Cálculos de enrolamentos de armadura:

1) Tensão gerada na armadura

Eg = Tensão média gerada


N = Número de condutores ativos da armadura
P = Número de polos da máquina
a = Número de caminhos ou vias internas da armadura
ΦP = Fluxo polar
ωr = Velocidade de rotação da armadura

Notas de aulas 87
2021/2

2) Torque desenvolvido na armadura

TE = Torque desenvolvido na armadura

ΦP = Fluxo polar
IA = Corrente de armadura

N = Número de condutores ativos da armadura


P = Número de polos da máquina
a = Número de caminhos ou vias internas da armadura

3) Passo de bobina

Nos enrolamentos de armadura das máquinas cc há três passos a considerar:


a) Passo da bobina: é a largura ou distância que separa as ranhuras nas quais são
colocados os dois lados de uma bobina. É representado por Y e determinado pelo
intervalo entre os pontos b e c na figura adiante.

Figura 147: passos de bobinas

Notas de aulas 88
2021/2
O passo da bobina é também chamado de “passo traseiro”, “primeiro passo”, ou
“passo posterior” e também representado por y1.

b) Passo dianteiro: Distância ente os lados de bobina que devem ser ligados entre
si na mesma lâmina do comutador, é representado por y2. Este passo é chamado
também de “ passo parcial”, “segundo passo” ou “passo anterior”.

c) Passo do enrolamento: É a distância entre os inícios de duas bobinas


consecutivas e tem por símbolo “y”. O passo do enrolamento é determinado pela
diferença (enrolamento imbricado) ou pela soma (enrolamento ondulado) dos
passos traseiros y1 e dianteiro y2.

Os passos de bobinas podem definir-se em: número de ranhuras, número de lâminas


do comutador, graus, etc.

Passo Polar:

Passo polar é a distância entre os eixos de dois polos consecutivos, sendo expresso
em número de ranhuras ou em lados de bobinas.
Quando o passo da bobina for igual ao passo polar, o enrolamento é chamado de
passo total, passo pleno ou passo inteiro, sendo máxima a f.e.m. induzida.
Se o passo da bobina for menor que o passo polar, os enrolamentos são chamados
de passo fracionário, passo reduzido, passo parcial ou passo encurtado, e a f.e.m. induzida
é menor do que nos enrolamentos de passo pleno.

4) Cálculo dos passos dos enrolamentos imbricados

Os passos dianteiro e traseiro devem ser sempre impares e diferir de 2 a fim de


que seja possível fazer um enrolamento fechado sobre si mesmo, isto é:

y1 = y2 ± 2

Notas de aulas 89
2021/2
Quando o passo traseiro é maior que o passo dianteiro, diz-se que o enrolamento
é progressivo, pois avança no sentido horário, e leva o sinal + na equação acima. Quando
o passo traseiro é menor que passo dianteiro, o enrolamento é regressivo, isto é, avança
no sentido anti-horário e obtêm o sinal – na mesma equação.

Figura 148: enrolamentos imbricados progressivos

Figura 149: enrolamentos imbricados regressivos

Notas de aulas 90
2021/2

Determinação do passo da bobina:

O passo da bobina Y deve ser igual ao passo polar, de forma que, quando um dos
lados da bobina está sob um polo norte, o outro lado estará sob um polo sul.

𝒏𝒏ú𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓


𝐘𝐘 =
𝒏𝒏ú𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑

O passo traseiro y1 é dado por:

𝒏𝒏ú𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄


𝐲𝐲𝐲𝐲 =
𝒏𝒏ú𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑

Figura 150: Enrolamento imbricado

O passo dianteiro y2 é dado por:

y1 = y2 ± 2

Notas de aulas 91
2021/2

Determinação do passo do comutador:

O passo do comutador é a metade do passo do enrolamento:


𝒚𝒚
𝐘𝐘𝐘𝐘𝐘𝐘 =
𝟐𝟐
Determinação do número de lâminas do comutador:
Para cada bobina é indispensável prever-se uma lâmina no comutador,
então o número de lâminas vem a ser a metade do número de lados de bobina.

5) Cálculo dos passos dos enrolamentos ondulados

Figura 151: Enrolamento ondulado

O enrolamento ondulado tem somente dois ramos ou caminhos de armadura.


O passo traseiro y1 e o passo dianteiro y2 precisam ser ambos impares.
O passo médio é dado pela expressão:

𝒚𝒚𝒚𝒚 + 𝒚𝒚𝒚𝒚
𝐘𝐘𝐘𝐘 =
𝟐𝟐

Notas de aulas 92
2021/2

Passo do comutador dos enrolamentos ondulados:

O passo do comutador é o número de lâminas compreendido entre as pontas de


uma bobina qualquer. O passo do comutador num enrolamento ondulado é igual a soma
aritmética do número de ranhuras abraçadas pelas conexões das pontas do lado de trás da
armadura, ‘y’ na figura adiante.

Figura 152: Enrolamento ondulado

𝑵𝑵𝑵𝑵+/−𝟏𝟏
Assim: YCO = Y + y2 ou 𝐘𝐘𝐘𝐘𝐘𝐘 =
𝑷𝑷

Sendo: YCO = passo do comutador


Nc = número de lâminas do comutador
P = número de pares de polos
Y = passo posterior

Número de lâminas no comutador dos enrolamentos ondulados:

O número de lâminas do comutador é igual ao número de bobinas do enrolamento.

Notas de aulas 93
2021/2
Leitura recomendada:

1) Kosow, cap 1 - 1.12 a 1.13, cap. 2 - 2.11 e 2.12

2) Del Toro, cap 7- 7.1, páginas 266 a 268

3) Simone, cap. 1 – 1.1 a 1.3, cap. 3, cap. 4,

4) Muñoz, cap 3

5) Martignoni, Alfonso, cap I e cap II

Adiante está apresentada uma série de exercícios resolvidos que tem objetivo de
nortear a resolução de problemas referentes aos temas das próximas aulas desse
capítulo.

Exemplos de exercícios resolvidos:

Resumo das equações e unidades com grandezas no S I.

Onde:

Ea = tensão gerada na armadura em volts


P = número de polos
Z = número de condutores da armadura
a = número de caminhos da armadura
ϕ = fluxo polar em Wb
Ia = corrente de armadura em Ampères

Notas de aulas 94
2021/2
1)

2)

3)

4)

Notas de aulas 95
2021/2
5)

6)

7)

Notas de aulas 96
2021/2
8)

9)

10)

Notas de aulas 97
2021/2

Exercícios propostos:

A seguir está apresentada uma sequência de exercícios propostos com objetivo de reforçar
os conhecimentos adquiridos neste capítulo.

1) Uma bobina quadrada. Com 10 espiras, de lado 200 mm, é montada num cilindro de 200 mm
de diâmetro. O cilindro gira a 1800 rpm num campo uniforme de 1,1 T. Determine o valor
máximo da tensão induzida na bobina.

Resposta: 82,94 volts.

2) Uma máquina cc tem o enrolamento de armadura ondulado, 4 polos, com 46 ranhuras e 16


condutores por ranhura. Se a tensão induzida na armadura é de 480 V a 1200 rpm, determine o
fluxo por polo.

Resposta: 16,3 mWb.

3) Um enrolamento simplex imbricado de uma máquina cc tem 800 condutores na armadura,


uma corrente nominal da armadura de 1.000 A e 10 polos. Calcule o número de condutores na
face polar, por polo, para conseguir completa compensação da reação da armadura, se a sapata
polar cobre 70 % do passo.

Resposta: ≈ 6 condutores.

4) Para os dados do exercício anterior calcule:

a) Os ampère-condutores por polo magnetizantes transversais e os ampères-espiras (Ae)


por polo, respectivamente, com as escovas colocadas na linha neutra geométrica.
b) Os Ae desmagnetizantes por polo, se as escovas estão deslocadas de 5 graus elétricos
da linha neutra geométrica.
c) Os Ae magnetizantes transversais por polo, com as escovas deslocadas de 5 graus
elétricos da linha neutra geométrica.

Resposta:

a) 4.000 Ae/polo
b) 22,2 Ae/polo
c) 3.778 Ae/polo

5) Calcule a tensão induzida no enrolamento da armadura de uma máquina cc, 4 polos,


enrolamento imbricado, tendo 728 condutores ativos e girando a 1800 rpm. O fluxo por polo é
de 30 mWb.

Resposta: 655,2 Volts

Notas de aulas 98
2021/2
6) Qual é a tensão induzida na armadura da máquina do problema 5, se o enrolamento for
ondulado?

Resposta: 1.310,4 Volts

7) Reenrolando a armadura do problema 5 na forma ondulada, a potência desenvolvida variaria?

Resposta:
Não. Neste caso (a=2), a corrente de linha é Ia = 2 x 25 = 50 A (sendo 25 A o limite que
cada caminho pode suportar). Consequentemente,
Pd = (1.310,4)(50) = 65,5 kW

AÇÃO GERADORA NAS MÁQUINAS CC

Tensão gerada na armadura:

E = K 𝚽𝚽 n

Equação fundamental da tensão gerada nas máquinas CC.

Notas de aulas 99
2021/2
Fluxo Polar:

Características de magnetização das máquinas CC.


O fluxo de entreferro de eixo direto é produzido pelas Fmms combinadas ∑ Nf If
dos enrolamentos de campo.

A característica de fluxo x Fmm é referida como curva de magnetização da


máquina.

As vantagens das máquinas CC provêm da grande variedade de características de


operação que podem ser obtidas quando se escolhe o método de excitação dos
enrolamentos de campo. A forma de excitação do enrolamento de campo influencia
profundamente as características de regime permanente e o comportamento dinâmico da
máquina.

Notas de aulas 100


2021/2
Considerando inicialmente os geradores CC.

a) Gerador CC de excitação independente.

O enrolamento de campo é alimentado por uma fonte CC externa, independente da


máquina.
A corrente de campo é muito pequena se comparada com a corrente de armadura,
na ordem de 3 % para um gerador de médio porte.
A tensão produzida pela máquina depende da corrente de excitação, ajustada na

fonte, e da velocidade de operação da máquina. Eg = K ø N.


O enrolamento de campo utilizado para esta conexão é o enrolamento de alta
impedância.

Considerando que uma máquina primária impulsione o gerador a uma velocidade


constante, a tensão gerada é então função exclusiva do fluxo polar.

Notas de aulas 101


2021/2

Eg = K ø N ↔ Eg = K1 ø

Curva de magnetização:

O fluxo polar por sua vez, depende dos ampères x espiras magnetizantes, e
portanto, depende da corrente de excitação. Com a máquina funcionando a vazio, a tensão
gerada varia em função da variação da corrente de excitação. Por essa razão a curva que
representa tal variação chama-se “curva de magnetização” da máquina.

Curva de característica externa:

Considere a máquina representada pelo diagrama abaixo.

Notas de aulas 102


2021/2

Considere a máquina funcionando com velocidade constante, tendo sido regulado


o valor da corrente de excitação de forma que a vazio a máquina forneça a f.e.m Eg,
correspondente a tensão nominal da máquina.
Ligando-se os terminais da máquina (C e D) a uma carga R, a máquina passará a
fornecer uma corrente IA para o circuito externo. Se a carga for variada desde a vazio até
uma carga que resulte em IA nominal, e se para cada valor de IA, desde zero até o valor
da corrente nominal, for medida a correspondente tensão nos terminais da máquina, tem-
se a curva de característica externa da máquina plotando as correntes num eixo de
abscissas e as correspondentes tensões em um eixo de ordenadas.

A diferença entre os valores da tensão a vazio e a tensão de plena carga,


se deve a dois fatores. Primeiramente à queda de tensão nas resistências da armadura, do
interpolos e da queda nas escovas.

Notas de aulas 103


2021/2

Em segunda análise, a diferença entre as tensões a vazio e com carga


também são creditadas ao efeito de redução do fluxo polar causado pela “reação da
armadura”.

E = K 𝚽𝚽 N

Dentro do limite nominal de carga, os geradores de corrente contínua com


excitação independente apesentam pequena variação de tensão, apresentando boa

Notas de aulas 104


2021/2
regulação de tensão. As pequenas quedas de tensão podem ser parcialmente compensadas
por aumento na corrente de excitação, atuando assim no fluxo polar.
Aumentando-se a corrente de excitação aumenta-se o fluxo polar e aumenta-se
assim a tensão gerada.

Vt = Va = Tensão terminal ou tensão de armadura

O balanço da tensão do circuito da aradura será:

Considerando a queda na resistência das escovas:

Notas de aulas 105


2021/2

b) Gerador CC auto excitado em derivação:

Temos o modelo de “excitação shunt” ou “excitação derivação”, quando o


enrolamento de campo derivação é alimentado pela própria tensão de armadura da
máquina e assim produz o fluxo polar Φ. Esse fluxo depende, portanto, da tensão produzida
pela máquina para gerar a corrente contínua que vai criar o fluxo polar.
Na condição de excitação em derivação temos o processo de auto excitação onde a
corrente que produz o campo magnético que propicia a ação geradora da máquina, é oriundo
da tensão gerada pela própria máquina, partindo do fluxo residual retido no seu circuito
magnético e produzindo assim ganhos sucessivos de corrente de campo e tensão gerada.

Notas de aulas 106


2021/2

Características a vazio dos geradores cc derivação:

Processo de auto excitação ou “escorvamento” do gerador cc derivação:

O processo de auto excitação se dá quando se utiliza do magnetismo residual da


máquina para gerar tensão e aplicar sobre o circuito de campo derivação a fim de produzir
fluxo polar que incremente o fluxo residual aumentando a tensão gerada e assim
aumentando a corrente pelo circuito de campo que por sua vez aumenta o fluxo polar que
aumenta a tensão gerada até que se atinja tensão de operação.

A figura adiante apresenta três segmentos de retas que representam cada um o


valor de uma resistência ôhmica de campo, ou um ajuste de um reostato de campo.
Lembrando que, de acordo com ohm, uma resistência representa uma reta em um plano
cartesiano onde se tem na abscissa os valores da corrente através da resistência e na
ordenada os respectivos valores de tensão sobre a mesma resistência.

Notas de aulas 107


2021/2

A curva de magnetização de um circuito magnético é representada por uma


função também num plano cartesiano, onde no eixo das abscissas são lançados os valores
da fmm ou numa escala de corrente os valores da corrente de excitação responsável pelo
fluxo magnético do circuito; e no eixo das ordenadas a densidade de fluxo ou numa escala
de tensão os valores da f.e.m produzida pela densidade de fluxo polar.

Para se compreender o processo de escorvamento do gerador cc derivação, basta


sobrepor os dois conceitos acima.

Notas de aulas 108


2021/2

A tensão E1 devida ao magnetismo residual, quando aplicada no gráfico E x R,


resulta num valor de corrente I1, corrente essa que circula pelo enrolamento de campo

produzindo um fluxo polar ø1 que por sua vez induz uma tensão E2, relação mostrada

através da curva de magnetização que relaciona a corrente que circula pelo circuito de
campo com a tensão gerada.
O processo se repete sucessivas vezes até que a máquina apresente tensão final,
que corresponde ao ponto de cruzamento entre a curva de magnetização e a reta referente
à resistência do circuito de campo.
Note-se que o valor final de tensão gerada depende da inclinação da reta referente
ao circuito de campo, ou seja, depende do valor da resistência do circuito de campo.

Resistência Crítica de Campo:

Quanto maior o valor da resistência do circuito de campo, que é a soma da


resistência do próprio enrolamento de campo, somada a resistência ajustada no reostato
de campo, mais inclinado é o segmento de reta que a representa no gráfico do processo
de auto excitação.

Notas de aulas 109


2021/2

A resistência crítica de campo é o maior valor da resistência do circuito de campo


para a qual ainda ocorre o processo de auto excitação. Para qualquer valor maior que a
RCC, a máquina não consegue auto excitar-se pois a relação entre a tensão devida ao
magnetismo residual e a resistência do circuito de campo, resulta em valor de corrente
mínimo que, não suficientemente incrementa a tensão gerada.

A RCC equivale a um segmento de reta tangencial a curva de magnetização.

Curva de característica externa para os geradores derivação:

Considere a máquina representada pelo diagrama abaixo. Considere o


funcionamento em velocidade constante.

Notas de aulas 110


2021/2

Se a carga for variada desde em vazio até uma carga que resulte em IA nominal, e
se para cada valor de IA, desde zero até o valor da corrente nominal, for medida a
correspondente tensão nos terminais da máquina, tem-se a curva de característica externa
da máquina plotando-se as correntes num eixo de abscissas e as correspondentes tensões
em um eixo de ordenadas.

Essa curva característica externa está mostrada na figura adiante onde estão
evidenciadas as diferentes quedas de tensão na armadura a que a máquina se sujeita.

Dentro dos limites normais de funcionamento, até a faixa de carga


nominal, a característica externa do gerador com excitação em derivação é muito parecida
com a do gerador de excitação independente, porem com uma queda de tensão mais
acentuada.
Nos geradores de exitação em derivação , além da queda de tensão nas
resistências dos enrolamentos de armadura, interpolos e compensação, bem como nas
escovas, e na redução da tensão gerada devido à redução do fluxo causada pela reação da

Notas de aulas 111


2021/2
amadura, manifesta-se também uma redução na tensão gerada devido à redução da
corrente de campo motivada pela prórpria redução da tensão de armadura.
Com o aumento da carga, aumentam todas as quedas de tensão, podendo,
em certas circusntâncias levar a máquina a desexcitação.

Notas de aulas 112


2021/2

Efeito da carga na desexcitação do gerador cc em derivação.

O aumento da carga, pelo aumento que causa nas quedas de tensão dos
enrolamentos e pelo efeito da reação da armadura, provoca redução direta na tensão entre
escovas, que é a tensão responsável pela corrente de excitação. Isso pode levar a máquina
à desexcitação, conforme mostram as figuras acima.
Se a máquina opera com excitação acima do joelho da sua curva de magnetização,
a desexcitação somente ocorrerá a valores muito acima da carga nominal, não
incomodando a máquina em seu regime operacional. Isso porque na região saturada da
curva de magnetização, grandes variações na corrente de excitação produzem muito
pouca variação na tensão induzida, conforme se pode constatar na figura adiante.

Relações de tensão e corrente para o gerador de excitação em derivação.

Notas de aulas 113


2021/2

Do exposto entende-se que, mesmo o gerador de excitação em derivação tenha,


em conjunto, um comportamento diferente do gerador com excitação independente,
na faixa de carga nominal, as duas máquinas tem comportamento bastante parecido.

Se o gerador em derivação for bem projetado, isto é, com baixa resistência elétrica
no circuito de armadura, com a reação da armadura bem limitada, circuitos de interpolos
e de compensação de baixa resistência, etc., a tensão diminui muito pouco com o
aumentar da carga. A tensão poderá ser mantida quase constante com a atuação de um
reostato de campo. Por essa razão o gerador com excitação em derivação é destinado a
alimentação de cargas com tensão constante.

Notas de aulas 114


2021/2

Veja.....

Aumentando-se a carga da máquina, aumenta-se a corrente fornecida e com esta


as quedas de tensão. Assim a diferença de potencial existente nos bornes do gerador
diminui gradativamente. Como a cada diminuição da tensão da máquina corresponde um
enfraquecimento da excitação, ocorre que, em determinado momento (ponto M da figura
adiante), a tensão da máquina não consegue mais fazer aumentar a corrente no circuito,
passando a diminuir.

Aumentando-se a carga até por o gerador em curto-circuito (aumentar a carga em


um gerador cc significa diminuir a resistência do circuito de carga) a tensão nos bornes

Notas de aulas 115


2021/2
da máquina anula-se e a corrente que passa a circular então (ICC) se deve ao magnetismo
residual e é muito pequena.
O fato do curto-circuito anular a diferença de potencial e a corrente de excitação
nos geradores em derivação torna essas máquinas auto protegidas contra os efeitos
danosos de eventuais curto-circuitos acidentais.

c) Gerador CC auto excitado em série:

O gerador cc de excitação em série se caracteriza pelo fato de ser a própria corrente


que a máquina fornece ao circuito da carga que atua como corrente de excitação.

Para tanto é utilizado o enrolamento especial para “campo série”, que produz fmm
por meio de uma bobina de poucas espiras, baixa impedância, e é instalado em série com
a carga.

Assim a corrente que produzirá o fluxo polar, a partir do fluxo residual, será a
própria corrente da carga. O fluxo polar fica então completamente dependente da carga.

Notas de aulas 116


2021/2

Obviamente, o gerador de excitação série não pode operar em vazio. Para que
ocorra sua excitação é necessário que exista carga ligada aos seus terminais.

Relações de tensão e de corrente para o gerador cc série:

Notas de aulas 117


2021/2
Características externas do gerador cc com excitação série:

O gerador com excitação em série com velocidade normal não possui tensão, alem
da residual, sem carga. Por esse motivo sua curva de característica externa começa do
valor zero.
Uma vez acionado com uma carga de alta resistência, vai-se aumentando
gradativamente a carga (diminuindo a resistência de carga), de forma que a corrente de
armadura aumente até o valor nominal. Traçando o gráfico Vt x IA, tem-se a sua curva de
característica externa. Conforme a corrente de carga vai aumentando, também a
magnetização aumenta, sendo portanto compreensível que a característica de carga
acompanhe, até certo ponto, a curva de magnetização da máquina.

Nota-se que a característica externa alcança o seu valor Máximo em


correspondência com o joelho da curva de magnetização, para depois decrescer até
encontrar o eixo das abscissas em correspondência com o curto-circuito

Notas de aulas 118


2021/2

Após o joelho da curva de magnetização, entrando o circuito magnético em fase


de saturação, o pequeno acréscimo da f.e.m. que se processa ao aumentar a corrente de
excitação, não consegue compensar as quedas de tensão nos enrolamentos de armadura,
de campo, de interpolos, compensadores, escovas e a própria reação da armadura,
verificando-se então o rápido decréscimo da tensão nos terminais.
Pode-se verificar então que o gerador cc de excitação série apresenta grande
variação de tensão em relação a variação da carga. Essa variação pode ser analisada em
dois trechos distintos. O primeiro da carga zero até o ponto correspondente ao joelho da

curva de magnetização. Neste trecho a regulação de tensão é negativa, ou seja, a tensão é


crescente. No segundo trecho, após o joelho da curva de magnetização, a tensão é
fortemente decrescente. É nesse segundo trecho que normalmente se opera esse gerador.
Nesta faixa, apesar de ter uma péssima regulação de tensão, a corrente é pouco variável,
já que faixa de operação é curta.

Excitação composta:

A “excitação composta” se dá quando se conecta simultaneamente os


enrolamentos de campo série e derivação. Assim o enrolamento de campo série é
alimentado por corrente enquanto que o enrolamento de campo em derivação é
alimentado por tensão. Desta forma o fluxo polar Φ terá contribuições das fmm´s dos
dois enrolamentos.

Notas de aulas 119


2021/2
A maior ou menor contribuição de cada enrolamento depende das possibilidades
de conexão denominadas curta e longa.
A associação dos enrolamentos de campo shunt e série oferece duas
possibilidades, uma de fluxo aditivo e outra de fluxo subtrativo. No primeiro caso temos
a conexão composta aditiva e no segundo a conexão composta diferencial. O
comportamento da máquina é completamente diferente para cada tipo de conexão.

Relações de tensão e de corrente para o gerador CC com excitação composta.

Notas de aulas 120


2021/2

Características a vazio do gerador cc composto:

O gerador de excitação composta possui dois enrolamentos, um para excitação em


derivação e outro para excitação série.

No funcionamento da máquina a vazio o comportamento é o mesmo do gerador


com excitação em derivação, pois não havendo corrente de carga não haverá fluxo
produzido pelo enrolamento de campo série.

Características externas do gerador cc composto:

Notas de aulas 121


2021/2
Examinando-se a caracteristica externa do gerador com excitação em derivação,
observa-se que a tensão decresce com o aumento da carga.

Surge então a idéia de acrescentar, em cada polo de campo, uma bobina de


excitação em série, que produzindo uma fmm proporcional à corrente fornecida, possa
compensar as quedas de tensão e proporcionar à máquina uma tensão praticamente
constante com o variar da carga.

A divisão dos ampère espiras entre o enrolamento em derivação e o enrolamento


em série, deve então obdecer o seguinte critério: O primeiro deverá possuir as ampère
espiras necessárias à geração da tensão a vazio, e o segundo as ampère espiras necessárias
para compensar as quedas de tensão e os efeitos da reação da armadura.

Notas de aulas 122


2021/2

Quando a tensão de plena carga for igual a tensão a vazio, diz-se que o gerador
tem “excitação normal”
Quando a tensão de plena carga não atingir o valor da tensão a vazio, mesmo com
a presença do enrolamento de campo série, diz-se que o gerador tem “excitação
hipocomposta”.
Quando a tensão de plena carga atingir o valor maior que o da da tensão a vazio,
diz-se que o gerador tem “excitação hipercomposta”.

O ajuste da contribuição do enrolamento de campo série na formação do fluxo


polar resultante, definindo assim se a operação é hipocomposta, composta normal ou
hipercomposta, se dá por meio de atuação no valor do “resistor de drenagem”, conforme
mostrado na figura acima.

A diferença na operação composta normal e hipocomposta, configurações mais


comuns, se dá em função da distância física de instalação entre a máquina e a carga a que
ela se destina. Quando a carga está muito próxima da máquina, geralmente se ajusta o
resistor de drenagem para excitação composta normal. Quando, porem, a carga está
distante da máquina, existirá queda de tensão na linha de alimentação da carga. Nesta
situação pode-se optar por ajustar o resistor de drenagem de forma que a excitação

Notas de aulas 123


2021/2
hipercomposta produza tensão maior na saída da máquina, a plena carga, para compensar
as quedas de tensão na linha.

Situação anormal se dá quando, ao se conectar os enrolamentos de campo


derivação e série, não se levando em conta as polaridades, realiza-se a conexão subtrativa,
ou seja, enquanto o enrolamento de campo derivação produz fluxo polar num sentido, o
enrolamento de campo série produz fluxo polar em sentido contrário. Assim o fluxo
resultante, ao invés de aumentar com o aumento da carga, sofre diminuição e
consequentemente a tensão da máquina decresce fortemente. Tal conexão é conhecida
como “excitação composta diferencial”.

Notas de aulas 124


2021/2

Influência da velocidade na auto excitação cc

Toda a discussão anterior à cerca dos geradores de corrente continua está baseada
na presunção de que a velocidade da máquina primária que impõe energia ao gerador se
mantém constante. Porém, na realidade, variações na carga produzem contra torque na
máquina primária que causam variações na velocidade. Tais variações provocam efeitos
sobre cãs características do gerador.

A equação fundamental da tensão gerada nas máquinas cc estabelece que a tensão


do gerador é uma função direta do fluxo polar e da velocidade de rotação da armadura.

E = K 𝚽𝚽 ω
Para um dado fluxo mutuo constante no entreferro, um aumento de velocidade
provocará um aumento de tensão. Porem, exceto para os geradores de ima permanente, o
fluxo de entreferro não é constante. Pode-se sim, manter constante a corrente de campo.
O efeito da variação da velocidade com corrente de campo constante é mostrado nas
figuras adiante.

Características a vazio

Notas de aulas 125


2021/2
Para uma mesma corrente de campo If1 a velocidade mais elevada produzirá
menos saturação pois a inclinação da curva no ponto 2 é mais vertical que a inclinação
no ponto 1. Quanto menos saturado for um gerador auto excitado, mais rapidamente ele
será desexcitado. Assim pode-se esperar que uma máquina de velocidade mais elevada
tenha uma desexcitação mais rápida que uma máquina de menor velocidade.

O efeito é verificado de forma mais pronunciada na figura


acima, onde, em vez de manter a corrente de campo num valor constante, comparamos
duas velocidades da máquina numa mesma tensão. Na velocidade mais baixa , N1,
necessita-se uma corrente de campo If2 maior para produzir a tensão nominal do que para
a velocidade mais elevada , N2, que requer uma corrente de campo If1.

Assim, numa velocidade mais baixa a máquina trabalha na porção mais saturada
da curva de magnetização, enquanto que, com velocidade mais elevada opera na região
menos saturada. Na velocidade mais baixa a máquina produz uma relação tensão x carga
mais satisfatória.

Notas de aulas 126


2021/2

Leitura recomendada:

6) Kosow, cap 3

7) Del Toro, cap 7- 7.2 a 7.4

8) Simone, cap. 6.3 a 6.6

9) Cavalcanti, P. J. Mendes, cap 3

10) Martignoni, Alfonso, cap VI

11) Herrans, G, cap 8.4 a 8;6

Exercícios Propostos:

1) Um gerador com excitação em derivação, 100 kW, 230 V, tem Ra = 0,05 Ω e Rf


= 57,5 Ω. Se o gerador opera à tensão nominal, desprezando a quea no contato
das escovas, calcule a tensão induzida a:
a) Plena carga
b) Meia carga

Resposta: a) 252 Volts, b) 241 Volts.

2) Um gerador com excitação composta curta, 50 kW, 250 V, tem os seguintes


dados:
RA = 0,06 Ω
RSE = 0,04 Ω
Rf = 125 Ω
Calcule a tensão induzida na armadura para carga nominal e tensão teminal
nomnal. Considere 2 V como a queda total no contato das escovas.

Resposta: 272,12 volts

3) Repita o exercício anterio para conexão composta longa.

Resposta: 272,12 volts

Notas de aulas 127


2021/2
4) O gerador do problema 2 tem 4 polos, a armadura é imbricada com 326
condutores e gira a 650 rpm a plena carga. Se o diâmetro interno da máquina é
de 42 cm, seu comprimento axial é de 28 cm, e cada polo corresponde a um
ângulo de 60 graus, determine a densidade de fluxo no entreferro.

Resposta: 1,16 T

AÇÃO MOTORA NAS MÁQUINAS CC

Torque desenvolvido na armadura:

Conforme o princípio da reversibilidade das ações eletromagnéticas, uma máquina


capaz de transformar energia mecânica em energia elétrica pode também efetuar a
transformação inversa, ou seja, da energia elétrica em energia mecânica. Temos então o
desempenho da “ação motora”.

Considerando a armadura acima, com enrolamento imbricado, no qual introduzida


uma corrente, através das escovas A e B, no sentido indicado na figura.
Seguindo-se a corrente através dos condutores observa-se que ela se divide de
forma que, nos condutores a esquerda está dirigida para a folha para o observador e nos
condutores da direita a corrente está dirigida do observador para a folha.
Se esta armadura estiver imersa em um campo magnético uniforme de densidade
B, dirigido da esquerda para a direita, cada condutor sofrerá a ação de uma força
perpendicular ao campo e à direção da corrente, cujo valor corresponde a

Notas de aulas 128


2021/2

F = B l IA

Força essa oriunda da Lei de Ampère:

Notas de aulas 129


2021/2

Fluxo Polar:

Valem na ação motora todas as preposições adotadas na ação geradora. O fluxo


polar é produzido pelos mesmos meios e no mesmo tipo de enrolamento. O circuito
magnético é idêntico e também suas características de magnetização.

As vantagens das máquinas CC, operando como motor, provêm da grande


variedade de características de operação que podem ser obtidas quando se escolhe o
método de excitação dos enrolamentos de campo. A forma de excitação do enrolamento

Notas de aulas 130


2021/2
de campo influencia profundamente as características de regime permanente e o
comportamento dinâmico da máquina, no caso da ação motora, nas relações de torque e
de velocidade da máquina.

Notas de aulas 131


2021/2

Força Contra-eletromotriz:

Do que foi discutido acima, compreende-se que quando aplicamos uma tensão Vt
aos terminais de uma maquina CC, com campo presente, a corrente IA circulante pela
armadura produz força eletromagnética (Lei de Ampère) e consequentemente torque no
rotor que o leva a desenvolver velocidade angular ωm. Em consequência disso, o conjunto
de condutores do rotor, deslocando-se na interior de um campo magnético, fica sujeito
aos fenômenos de indução eletromagnética( Lei de FAraday), isto é, em cada um deles
gera-se uma f.e.m. O sentido desta f.e.m., pela Lei de Lens, será sempre oposto ao sentido
da corrente IA, atuando portanto como um limitador da corrente de armadura, sendo por
isso denominada de Força Contra-eletromotriz (F.c.e.m.).

Notas de aulas 132


2021/2

O valor da f.c.e.m. depende, confome já visto, do falor do fluxo, do número de


rotações da máquina, do número de condutores da armadura, do número de polos e do
número de caminhos ou ramos da armadura.

ou Ec = K ϕ n

Corrente de armadura:

Analisando a malha à luz da primeira lei de Kirchhoff.....

Notas de aulas 133


2021/2
EA – RA IA – Vt = 0

ou

𝑽𝑽𝑽𝑽 − 𝑬𝑬𝑬𝑬
𝐈𝐈𝐈𝐈 =
𝐑𝐑𝐑𝐑

Transferência de potência:

Analisando o sistema mostrado acima....

O Torque eletromagnético Tele produzido pelas forças eletromagnéticas de cada


condutor da armadura, da origem ao movimento do rotor com velocidade ωmec. A “carga”
no eixo da máquina, por sua vez, traduz-se por meio de um “torque resistente” Tmec,
contrário ao torque eletromagnético desenvolvido pela máquina.
Lembrando que o produto do torque pela velocidade é a grandeza conhecida como
potência mecânica, o produto do torque eletromagnético pela velocidade de rotação do
rotor resulta na potência mecânica desenvolvida pelo motor no eixo e entregue à carga
mecânica.

Notas de aulas 134


2021/2
Tele x ωmec = Pmec

Sabendo que a potência elétrica fornecida ao motor pela fonte de suprimento é


traduzida pelo produto da Tensão de suprimento Vt pela corrente que entra no motor Ia,
ou seja Pele = Vt x IA , e que a potência que entra na máquina é entregue à carga no eixo
(ignoradas as perdas na máquina), podemos então afirmar que quando Pele = Pmec e

consequentemente Tele = Tmec, a velocidade de rotação ωmec será constante.

Aqui, o seguinte questionamento se torna importante:

Quando variamos a carga mecânica conectada ao eixo do motor, como é que o


motor “sabe” que tem que variar a potência disponibilizada ao eixo. E como faz para
realizar tal variação de potência disponível ao eixo?

Para entender a questão, retornemos às equações da corrente de armadura e da


força contra-eletromotriz:

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑬𝑬𝑬𝑬
𝐈𝐈𝐈𝐈 = Ec = K ϕ ωmec
𝐑𝐑𝐑𝐑

Substituindo-se a força-contra-eletromotriz na equação da corrente:

𝑽𝑽𝑽𝑽 − 𝑲𝑲𝛟𝛟ωmec
𝐈𝐈𝐈𝐈 =
𝐑𝐑𝐑𝐑
Lembrando que
T = K ϕ IA

Então podemos tentar responder o questionamento levantado anteriormente:

Vemos na equação acima que a corrente de armadura é inversamente


proporcional à velocidade de rotação do eixo do motor. Ora, se a potência fornecida pela

Notas de aulas 135


2021/2
máquina no eixo é igual a potência recebida pela carga, ou seja, se o torque
eletromagnético desenvolvido pela máquina é igual ao torque resistente da carga, a
velocidade no eixo se mantém constante. Mas, se essa relação for desequilibrada, a
velocidade de rotação do eixo certamente será alterada. Assim, um aumento na carga
acoplada ao eixo do motor, produzirá redução na velocidade do eixo ωmec e consequente
redução da f.c.e.m., o que resulta em aumento da corrente. O aumento da corrente elétrica
de armadura significa aumento no fornecimento de potência elétrica pela fonte de
suprimento. O aumento da corrente IA se reverte em aumento do torque eletromagnético
que virá a se contrapor ao aumento sofrido pela máquina no torque resistente, ou seja, na
carga.
Da discussão acima fica a impressão que, ao se variar a carga no eixo de um motor
cc, sua velocidade varia, tornando-se uma máquina instável. De fato, como constatado,
existe variação na velocidade como resposta à variação na carga e esta variação de
velocidade é responsável pela “comunicação” ente a máquina e a fonte para variar o
fornecimento de potência em resposta á variação da demanda de eixo. Porém,
quantitativamente, a variação da velocidade é muito pequena comparada à variação da
demanda de carga no eixo. Isso porque a variação da corrente em função da velocidade
está longe de ser linear. O principal limitador de corrente de armadura no motor cc é a
f.c.e.m., visto que a resistência de armadura é muito pequena. Então, pequenas

variações na velocidade produzem igualmente pequenas variações na f.c.e.m que


produzem grandes variações na corrente de armadura. Desta forma podemos afirmar que
os motores cc, na sua maioria, possuem boa regulação % de velocidade.

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑬𝑬𝑬𝑬
𝐈𝐈𝐈𝐈 = Ec = K ϕ ωmec T = K ϕ IA
𝐑𝐑𝐑𝐑

As equações acima também explicam a elevada corrente de partida em tensão direta


nos motores cc. Na partida, a velocidade do rotor é nula, o que faz com que apenas a
resistência dos enrolamentos da armadura limite a corrente IA. Conforme o rotor vai se
acelerando, a f.c.e.m. vai tomando força e vigor e a corrente de armadura sendo ajustada
aos seus valores normais de operação em regime permanente.

Notas de aulas 136


2021/2

Velocidade de rotação dos motores cc:

Uma das características mais preponderantes e atraentes dos motores de corrente


contínua em comparação com outros tipos de motores é a facilidade com que o controle
de velocidade pode ser obtido ao longo de uma faixa considerável de variação.
Os vários métodos disponíveis para controle de velocidade podem ser deduzidos da
equação da velocidade, que é obtida a partir da equação para a tensão gerada e a lei das
tensões de kirchhoff para o circuito equivalente de armadura.

EA = K ϕ ωmec E A = VA – RA I a

Fazendo então:

K ϕ ωmec = VA – RA Ia

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑹𝑹𝑹𝑹 𝑰𝑰𝑰𝑰
ωmec = Equação da velocidade dos motores cc
𝐊𝐊 𝛟𝛟

Observa-se que a velocidade pode ser controlada mediante ajuste de qualquer um


dos três fatores: ϕ, VA ou RA.

Notas de aulas 137


2021/2

Curiosidade.....

A equação geral da velocidade acima mostrada, evidencia que a velocidade do


eixo do motor cc é inversamente proporcional ao fluxo polar ϕ. Por sua vez a equação
geral do torque, T = K ϕ IA, mostra o torque diretamente proporcional ao fluxo polar.
A questão é: “Não é o torque que produz a velocidade?” Como pode a velocidade
ser inversamente proporcional ao fluxo se o torque é diretamente proporcional a ele?

Pense!

Potência dos motores cc:

Nas equações já apresentadas vimos que a dependência entre a tensão aplicada


pela fonte de suprimento Vt e a f.c.e.m. Ec está representada por:

Vt = Ec + Ra Ia

Multiplicando-se ambos os termos da equação acima, pelo valor da corrente de


armadura Ia, obtém-se:

Vt Ia = Ec Ia + Ra Ia2

O primeiro membro Vt Ia, representa a


potência elétrica que a fonte fornece à
máquina.

O segundo membro Ec Ia representa a


potência mecânica transferida para o eixo +
perdas mecânicas da máquina.

O terceiro membro Ra Ia2 representa as perdas


elétricas internas da máquina.

Notas de aulas 138


2021/2

Formas de excitação dos motores cc:

d) Motor CC de excitação independente.

O enrolamento de campo é alimentado por uma fonte CC externa, independente


da máquina VF.
A corrente de campo é muito pequena se comparada com a corrente de armadura,
na ordem de 3 % para um motor de médio porte.

O torque e a velocidade produzida pela máquina dependem da corrente de

excitação, ajustada na fonte, e da corrente circulante na armadura. T = K ø IA.

O enrolamento de campo utilizado para esta conexão é o enrolamento de alta


impedância.

Circuito equivalente para o motor cc com excitação independente:

Notas de aulas 139


2021/2

Dados sobre as escovas dos motores cc:

Controle de velocidade do motor cc com excitação independente:

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑹𝑹𝑹𝑹 𝑰𝑰𝑰𝑰
ωmec =
𝐊𝐊 𝛟𝛟

Primeira condição:

Tensão de armadura Va mantida constante.

Notas de aulas 140


2021/2

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑹𝑹𝑹𝑹 𝑰𝑰𝑰𝑰
ωmec =
𝐊𝐊 𝛟𝛟
Outra representação do controle de velocidade por ajuste da corrente de campo:

Quando a tensão da armadura é constante e se faz variar a corrente de campo, a


velocidade da máquina cresce quando a corrente de campo diminui.
O fluxo polar é função da corrente de campo que, mantida constante a corrente de
armadura, caracteriza uma família de retas, função da corrente de campo, as quais passam
pela origem de um sistema de eixos cartesianos ortogonais.

Notas de aulas 141


2021/2

Torque em função do fluxo polar (If), para corrente de armadura constante

Necessário entender que para manter a corrente de armadura constante e produzir


variações no torque desenvolvido pela variação da corrente de campo faz-se necessário
utilizar dispositivos de controle em malha realimentada.

Segunda condição:

Corrente de campo If mantida constante.

Para este caso, a variável é a tensão de suprimento da máquina Vt. Voltando à


equação geral da velocidade:

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑹𝑹𝑹𝑹 𝑰𝑰𝑰𝑰
ωmec =
𝐊𝐊 𝛟𝛟

Como se propõem aqui a se manter a corrente de campo constante, assim também


o será o fluxo polar, então:

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑹𝑹𝑹𝑹 𝑰𝑰𝑰𝑰
ωmec =
𝐊𝐊 𝟏𝟏

onde K1 representa a agora constante K x ϕ


A equação acima representa uma família de retas mostradas na figura abaixo.

Notas de aulas 142


2021/2

Variação da velocidade em função da tensão de armadura com campo constante.

Outra representação gráfica da velocidade de rotação em função da variação na


tensão da armadura.

Terceira condição:
Variação da velocidade por variação da resistência de armadura.

Notas de aulas 143


2021/2

Considerações:

A máquina de corrente contínua operando com excitação independente apresenta


elevada controlabilidade. Pode-se atuar de maneiras diferentes para se obter o controle
da velocidade no seu eixo.

A primeira forma é atuar sobre a corrente de excitação, ou seja, controlar a


corrente de campo do motor, mantendo constante a tensão de suprimento da máquina, a
tensão de armadura. É uma forma interessante de controle de velocidade pois mantém
constante a potência de entrada da armadura da máquina. Esse método é também
conhecido por “controle a potência constante”. Parte-se do pressuposto que para tanto a
corrente de armadura seja mantida constante.

A segunda forma de controlar a velocidade da máquina é manter constante a


corrente de campo e atuar na tensão aplicada na armadura. Esse método é também

Notas de aulas 144


2021/2
conhecido por “controle a torque constante”. É empregado quando o rotor da máquina,
por decréscimo da corrente de campo, já atingiu uma velocidade relativamente alta,
portanto na faixa de operação em carga na qual se quer promover ajustes, denominada de
velocidade base. Em torno dessa velocidade se pode, por ajuste na tensão de armadura,
ganhar ou perder velocidade, mantendo-se praticamente constante o torque disposto no
eixo do motor.

Driver para controle e proteção de motores cc

A eletrônica de potência com seus dispositivos a estado sólido vieram trazer às


máquinas de corrente contínua muitas novas possibilidades que antes somente eram
conseguidas mediante uso de elementos altamente dissipativos, como resistores e
reostatos para controle de corrente, tensão, torque e velocidade dessas máquinas.

Partida dos motores de corrente contínua.

Retomemos a equação geral da corrente de armadura dos motores cc:

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑬𝑬𝑬𝑬
𝐈𝐈𝐈𝐈 = Ec = K ϕ ω
𝐑𝐑𝐑𝐑

No instante em que se aplica a tensão Vt aos terminais da armadura para se iniciar


a rotação do motor, não existe f.c.e.m. Ec, uma vez que não há rotação ω. A única

Notas de aulas 145


2021/2
limitação da corrente no circuito da armadura é a resistência elétrica que representa a
resistência do próprio circuito de armadura, dos enrolamentos de interpolos,
compensadores e etc que estiverem presentes, bem como da queda de tensão nas escovas.
Como a soma das quedas provocadas por esses fatores não atinge, em condições normais,
mais que 10 % da tensão aplicada na armadura, a corrente no instante de partida é muitas
vezes maior que a própria corrente nominal da máquina.

Com a utilização de dispositivos de partida a “estado sólido”, com disparo


sequencial de tiristores ou de transistores de potência e gerenciados por processo em
malha fechada, consegue-se controlar a corrente que flui para o motor de forma a manter
níveis desejáveis bem como torques e velocidades controladas.

Sem o uso das modernas tecnologias, o controle de correntes de partida se faz por
meio de dispositivos dissipativos. Por meio de resistores, caixas de resistores, reostatos,
cursores móveis, etc., consegue-se, dissipando energia, manter a corrente de armadura da
máquina, no processo de partida, dentro de níveis tolerados para o circuito e fonte
alimentadora e para o próprio motor.

Derramadores de tensão dissipativos

Notas de aulas 146


2021/2

Notas de aulas 147


2021/2

Notas de aulas 148


2021/2

e) Motor CC de excitação em derivação (shunt).

O motor com excitação em derivação tem o mesmo comportamento do motor com


excitação independente, pois tanto o enrolamento de armadura quanto o enrolamento de
campo são alimentados pela mesma linha com tensão constante Vt.

A regulação da velocidade pode se feita, como nos motores de excitação


independente, por meio de um reostato de campo. Em geral as manobras de partida e de
regulação de velocidade são feitas por meio de um mesmo dispositivo.

Notas de aulas 149


2021/2

Durante a partida e funcionamento normal, a corrente no circuito de campo shunt


é essencialmente constante para um valor estabelecido para o reostato de campo e,
consequentemente, o fluxo polar é também essencialmente constante. À medida em que
a carga mecânica é aumentada o motor tem sua velocidade levemente diminuída,
causando uma diminuição na f.c.e.m. e um aumento na corrente de armadura.

Na equação básica do torque, portanto, o fluxo é essencialmente constante e, se a


corrente de armadura aumenta diretamente com a aplicação da carga mecânica a equação
do torque para o motor shunt pode ser expressa por uma relação linear T = K` Ia
como mostrado abaixo.

𝑽𝑽𝑽𝑽−𝑹𝑹𝑹𝑹 𝑰𝑰𝑰𝑰
T = K` Ia - ωmec =
𝐊𝐊 𝛟𝛟

“A máquina que opera com excitação em derivação é uma máquina de velocidade


constante, quando a tensão de terminais e a resistência de campo são mantidas constante”.

Notas de aulas 150


2021/2
 Outra análise da influencia da carga na velocidade do motor cc shunt:

 Uma análise da influencia da reação da armadura na velocidade do motor


shunt:

 Um resumo do controle de velocidade do motor cc shunt:

Notas de aulas 151


2021/2

Variando o fluxo magnético:

Variando a tensão de armadura:

Notas de aulas 152


2021/2

Variando a resistência da armadura:

b) Motor CC de excitação série.

Notas de aulas 153


2021/2

As equações acima mostram que, como o fluxo polar para o motor série é
diretamente proporcional à corrente de armadura, que é a própria corrente da carga, o
torque eletromagnético, sendo ele função também direta do fluxo polar, será uma função
quadrada da corrente de armadura.

T = K ø IA → ø = f (IA) → T = K` IA2

Velocidade de rotação do motor cc série em função da variação da carga:

Notas de aulas 154


2021/2

Motor CC com excitação composta:

Motor com Excitação Composta Este tipo associa as características do s motores


em derivação e dos motores em série.
O motor composto funciona com segurança sem carga. A medida que se
adicionam novas cargas, a sua velocidade diminui, e o torque é maior se comparado com
o do motor em derivação. A seguir mostramos o circuito e equivalente do motor composto
em derivação longa. Este tipo de excitação é ideal para acionamentos com variações
bruscas de carga (por exemplo, prensas), e para se obter um comportamento mais estável
da máquina.

Notas de aulas 155


2021/2

Resumindo os motores CC:

Notas de aulas 156


2021/2

Leitura recomendada:

12) Kosow, cap 4

13) Del Toro, cap 8

14) Simone, cap. 7

15) Torreira, Raul Peragallo, cap 3, cap 4

16) Martignoni, Alfonso, cap VIII

17) Herrans, G, cap 8.5

18) Fitzgerald, 7.6.2

Atividades:

a) Analise e compreenda os exemplos adiante:

1)

2)

3)

Notas de aulas 157


2021/2

4)

5)

6)

7)

Notas de aulas 158


2021/2

8)

9)

Notas de aulas 159


2021/2

10)

Notas de aulas 160


2021/2

b) Resolva os exercícios propostos:

1) A figura abaixo representa a curva de magnetização a 1200 RPM de um motor série.


O motor tem uma constante construtiva K = 40 e é enrolado com 8 espiras por polo. As
resistências totais do campo série e do circuito de armadura são 25 mΩ e 50 mΩ,
respectivamente.
a) Determine o fluxo por polo para EC = 200 volts R = 39,8 mWb
b) Determine o fluxo por polo para uma excitação de 2600 AE por polo. R = 46,15
mWb

Notas de aulas 161


2021/2

2) Para uma certa carga, o motor do problema anterior consome uma corrente de 325 A à
200 volts. Se a perda no núcleo é de 220 W, e as perdas por atrito e ventilação são de 40
W, determine:

a) O torque eletromagnético desenvolvido, R = 600 N.m


b) A velocidade de rotação do motor. R = 908 RPM
c) A potência mecânica de saída, R = 76,52 HP
d) O rendimento do motor. R = 87,5 %

3) Um motor cc com excitação em derivação opera com fluxo de 25 mWb por polo e tem
um enrolamento imbricado, dois polos e 360 condutores. A resistência da armadura é de
0,12 Ω e o motor é projetado para operar com 115 volts, consumindo a plena carga uma
corrente de 60 A na armadura.
a) Determine o valor da resistência externa a ser inserida no circuito da armadura tal que,
na partida, a corrente na armadura não exceda ao dobro do valor de plena carga. R = 0,838
Ω
b) Quando o motor alcança uma velocidade de 400 RPM, a resistência externa é reduzida
para 50 %. Qual é então a corrente da armadura, a esta velocidade?
R = 102 A
c) A resistência externa é completamente eliminada quando o motor alcança sua
velocidade final; a corrente de armadura atinge então o seu valor de plena carga. Calcule
a velocidade do motor. R = 718,7 RPM

4) Um motor derivação, 230 V, tendo uma resistência de armadura de 0,05 Ω e uma


resistência de campo de 75 Ω, quando ligado a vazio, solicita uma corrente da linha de 7
A e gira a 1120 RPM. A corrente de linha a uma certa carga é de 46 A.
a) Determine a velocidade do motor para esta carga, R = 1110,5 RPM
b) Calcule o rendimento do motor com tal carga, R = 83,9 %
c) Qual o valor das perdas totais mecânicas e no núcleo? R = 903,8 W.

5) Um motor de corrente contínua de excitação paralela tem os seguintes dados nominais:


7,5 kW, 220 v, quatro polos, enrolamento de armadura ondulado, 1.440 rpm e 702
condutores no enrolamento de armadura. Nas condições nominais, a potência de entrada
é de 8,6 kW e as diversas perdas da máquina são as seguintes:

 Perdas no ferro = 90 W,
 Perdas no circuito de campo = 198 W,
 Perdas nos interpolos = 95 W,
 Perdas no enrolamento de armadura = 429 W,
 Perdas na resistência de contato das escovas = 145 W,
  Perdas de ventilação = 150 W,

Notas de aulas 162


2021/2

A vazio, com tensão nos terminais da armadura aproximadamente igual a 220 volts, a
velocidade é de 1.500 rpm.

Calcular, nas condições nominais:

a) Resistência elétrica e corrente de campo. 244,4 Ω / 0,9 A


b) A corrente nominal de armadura. 38,1 A
c) A resistência total de armadura. 0,45 Ω
d) A tensão induzida na armadura. 202,86 V
e) A potência eletromecânica. 7,73 kW
f) O fluxo por polo. 0,60 x 10-2 Wb
g) O efeito desmagnetizante, em Wb, da reação da armadura. 0,02 x 10-2 Wb

6) Quando ligado como motor shunt, a corrente de linha na situação nominal é 55 A. A e a


corrente de linha a vazio é 4 A. A velocidade sem carga é de 1.810 rpm. Desprezando a reação
da armadura na tensão especificada, calcule:

a) A velocidade para a carga nominal.1.600 rpm


b) A Potência interna. 10.700 W
c) Quando o motor é ligado como motor composto cumulativo longo, para carga nominal,
(55 A), o enrolamento de campo série aumenta em 25% o fluxo polar. Calcule:

c1) A velocidade sem carga. 1.805 rpm


c2) A velocidade a plena carga. 1.231 rpm
c3) Os torques internos a plena carga, com e sem o enrolamento série. 47,2 lb-pé e 13,8 lb-
pé (transformar para N.m)
c4) A potência interna do motor composto 10.156,8 W

Notas de aulas 163


2021/2

CAPÍTULO II

MÁQUINAS SÍNCRONAS

MÁQUINAS DE CORRENTE ALTERNADA SÍNCRONAS OPERANDO EM


BARRAMENTO INFINITO

F.e.m. gerada nas máquinas síncronas:

A lei de Faraday, quantificada por Neumann, estabelece que a tensão média


induzida em uma simples espira dos dois lados de uma bobina é:

𝛷𝛷
ɛ = x 10- 8 volts Kosow equação 1-1
𝑡𝑡

Quando uma bobina de N espiras gira num campo magnético uniforme, numa
velocidade uniforme, a tensão média induzida e representada também por:

ɛ = 4 Φ N ω volts Kosow equação 1-5

para: Φ = número de linhas de campo

N = número de espiras

Mas a equação mais representativa do valor efetivo da tensão gerada por fase na
armadura de uma máquina síncrona é:

ɛ = 4,44 Φ Nf f kp kd x 10- 8 volts Kosow equação 2-15

onde Φ = número de linhas de campo por polo

Nf = número de espiras por fase

Notas de aulas 164


2021/2
f = frequência em Hz

kp = fator de passo

kd = fator de distribuição

Fazendo: K = Nf kp kd x10- 8 pois são todas constantes construtivas da máquina

Então: ɛ = KΦ f
Equação fundamental da tensão gerada na armadura da máquina síncrona.

Frequência da tensão gerada nas máquinas síncronas:

As máquinas comerciais síncronas geralmente tem muitos polos e podem girar a


várias velocidades, seja como geradores ou como motores. A equação geral acima foi
desenvolvida para uma máquina de dois polos, onde a f.e.m induzida na armadura muda
de direção a cada meia volta do rotor de dois polos. Uma volta completa produzirá um
pulso positivo e um pulso negativo completo em cada ciclo.

No caso de termos 4 polos, teremos para uma rotação completa do indutor, dois
ciclos de tensão induzida no condutor. Genericamente, no caso de P polos teremos para
uma rotação completa do rotor P/2 ciclos de tensão induzida no condutor.

Caso tenhamos N rpm/60 rotações do motor para a máquina com P polos, teremos
Nrpm/60 x P/2 ciclos. Como (N rpm/60) é o número de rotações por segundo a expressão
Nrpm/60 x P/2 representa o número de ciclos por segundo, sendo portanto a expressão da
frequência da tensão induzida no condutor:

𝑁𝑁 𝑥𝑥 𝑃𝑃
Ou f =
120
Onde:

f = frequência em Hz

Notas de aulas 165


2021/2
N = velocidade de rotação em RPM

P = Número de polos da máquina

A máquina síncrona na verdadeira acepção da palavra, só tem significado quando


ligada a uma fonte de tensão que imponha à máquina uma tensão de valor eficaz constante
e frequência constante, isto é, quando a fonte praticamente desconheça a presença da
máquina em estudo. Na prática um grande sistema de potência, que possua grandes
geradores, motores e cargas variadas, pode ser considerado infinito. Barramento infinito
em relação a uma das máquinas consideradas. Uma máquina com campo excitado em cc,
funcionando como gerador, alimentando uma carga passiva, completamente isolada de
um sistema que imponha tensão e frequência, não corresponde plenamente àquilo que se
chama de “máquina síncrona”.

A máquina operando isolada de um sistema forte, estará sempre sujeita a variações


na sua tensão e na frequência ao sabor da variação da carga.

Máquina síncrona operando em sistemas de potência:

A seguir será apresentada uma análise da operação como gerador, de uma máquina
síncrona conectada a um barramento infinito.

Notas de aulas 166


2021/2

Consideremos um grande sistema composto por muitos grandes geradores


interligados por linhas de transmissão à grandes blocos de cargas elétricas. O ponto de
conexão de grandes geradores e grandes subestações é conhecido como barra ou
barramento. Nestas barras aparecem as características do sistema elétrico que mostram
tensão e frequência virtualmente constantes. Tornam-se, então, conhecidas por barras
infinitas porque nenhum gerador individual do sistema interligado pode, por si só, em
situações normais, influenciar alguma dessas grandezas de modo perceptível.

O processo para se colocar em operação um gerador em paralelo com um sistema


infinito é aquele estudado na aula P6 – laboratório.

a) Máquina síncrona flutuando:

Circuito equivalente por fase:

Notas de aulas 167


2021/2

Conforme se comprova pelas equações acima, a corrente é provocada pela

diferença e está atrasada por um ângulo de 900. Essa diferença pode ser
positiva, negativa ou nula. Depende das condições de excitação.

Diagrama fasorial da excitação normal:

O fluxo resultante de entreferro é o próprio fluxo polar. A tensão gerada é igual a


tensão terminal e não circula corrente. A máquina está “flutuando” no barramento. Não
há potência ativa ou reativa circulando e, tão pouco, torque desenvolvido ou absorvido.
As perdas rotacionais estão sendo custeadas pela máquina primária.

Notas de aulas 168


2021/2

Diagrama fasorial da superexcitação:

Agora, se aumentarmos a corrente de campo da máquina acima, conservando a


tensão Va constante, já que se trata da tensão de uma barra infinita, implica em manter
constante também o fluxo resultante de entreferro, teremos um aumento do fluxo polar e
consequentemente um aumento na tensão gerada.

Como a corrente está 900 atrasada em relação à diferença , ela, a


corrente de armadura produzirá um fluxo de armadura desmagnetizante, que, somado
vetorialmente com o fluxo de campo produz o fluxo de entreferro.

Notas de aulas 169


2021/2
Assim não será produzida ou consumida qualquer potência ativa P = Va Ia cos ϕ
watts. Apenas a potência reativa Q = Va Ia sen ϕ irá circular da máquina para o
barramento. Trata-se de uma potência deswatada, ou seja, potência reativa.

Devido à superexcitação a máquina ficou com excesso de reativo, enviando para


o sistema. Assim se comportando como um capacitor. Ou seja, enviar reativo indutivo é
o mesmo que consumir reativo capacitivo.

Diagrama fasorial da subexcitação:

Agora, se reduzirmos a corrente de campo da máquina acima, conservando a


tensão Va constante, já que se trata da tensão de uma barra infinita, implica em manter
constante também o fluxo resultante de entreferro, teremos uma redução do fluxo polar e
consequentemente a diminuição do módulo da tensão gerada.

Notas de aulas 170


2021/2

Como a corrente está 900 adiantada em relação à diferença , ela, a


corrente de armadura produzirá um fluxo de armadura magnetizante, que, somado
vetorialmente com o fluxo de campo produz o fluxo de entreferro.

A máquina emite para a linha uma corrente capacitiva, com ângulo de fase igual
a 900, e uma potência capacitiva que será absorvida por elementos do sistema. Ou seja,
fornecer reativo capacitivo é o mesmo que receber reativo indutivo.

Diagrama fasorial da excitação nula:

Abrindo-se o circuito de excitação em corrente contínua, toda a magnetização tem


que ser feita às custas da corrente magnetizante recebida da linha. A máquina
comporta-se, em cada fase, como um transformador monofásico a vazio. Ou seja, a
máquina transforma-se em um reator puro consumindo reativo indutivo, ou seja, emitindo
reativo capacitivo.

Aqui, ,

Notas de aulas 171


2021/2

Essa é a corrente indutiva absorvida da linha. Corrente magnetizante.

Gerador síncrono em regime permanente:

Acima verificamos como a máquina síncrona, sem potência ativa, pode regular o
fluxo de potência elétrica reativa (indutiva ou capacitiva), mediante ajustes na sua
corrente contínua de excitação. Adiante vamos discutir como se pode controlar o fluxo
de potência elétrica ativa na armadura controlando-se a potência mecânica no eixo da
máquina síncrona.

Notas de aulas 172


2021/2
O fluxo polar é produzido por uma corrente circulante nos enrolamentos de campo
localizados no rotor da máquina, portanto esse fluxo é estacionário e solidário ao rotor.

Se a máquina estiver sincronizada a um barramento infinito e flutuando, como


fazer com que ela assuma cargas do sistema elétrico?

Será necessário fornecer potência ativa mecânica ao eixo do gerador por meio de
uma máquina primária.

A máquina primária, agindo no eixo, vai fornecer uma potência mecânica em


forma de torque x velocidade de rotação.

P = T x ω
Sabemos que o gerador sincronizado ao barramento infinito, onde são constantes
a tensão terminal e a frequência, mesmo instado pela força da máquina primária, não
realizará variação permanente de velocidade. A potência mecânica da máquina primária
transfere-se então ao gerador por meio do torque.

Notas de aulas 173


2021/2
O torque da máquina primária vai agir no sentido da rotação do conjunto e será
aplicado pelo eixo ao rotor do gerador, consequentemente aos polos de campo da máquina
síncrona.

Ação do torque da máquina primária no rotor do gerador síncrono

Em termos do diagrama de fasores, corresponde a atuar no fasor fluxo


polar, já que esse fluxo é produzido pela corrente de campo circulante nos polos do rotor
e é estacionário e solidário ao rotor.

A atuação do torque mecânico produzido pela máquina primária e incidente no


eixo do gerador, portanto no fluxo polar, vai provocar um deslocamento do fasor fluxo
polar, ou seja, vai provocar um adiantamento do fluxo de campo em relação ao fluxo
resultante de entreferro. Esse ângulo criando entre o fluxo de campo e o fluxo resultante
de entreferro resulta em circulação de corrente de armadura com transferência de potencia
ativa.

Notas de aulas 174


2021/2
O torque eletromagnético desenvolvido pela máquina será um torque resistente,
contrário ao movimento. Assim o fluxo de campo estará adiantado de um ângulo δ em
relação ao fluxo de entreferro, no sentido da rotação. Cada polo de campo é atraído por
um polo de armadura, no sentido de haver uma oposição ao movimento do polo de campo,
ou seja, uma oposição ao torque da máquina primária.

Quanto maior for o torque fornecido pela máquina primária ao eixo do gerador,
maior será o ângulo de carga δ e maior será a potência elétrica ativa fornecida pela
máquina à linha.

Diagrama fasorial da superexcitação com carga ativa:

Vamos agora admitir que, após ter aplicado potência mecânica de entrada ao eixo
do gerador, por meio da máquina primária, vamos atuar na excitatriz aumentando a
corrente contínua fornecida aos enrolamentos de campo, portanto aumentando o fluxo
polar. Isso vai provocar aumento no módulo da tensão gerada internamente na máquina.

ɛ = KΦ f

Isso fará com que o gerador, além de emitir potência ativa à linha, também
fornecerá potência reativa, visto que a corrente de armadura possuirá uma componente
reativa atrasada de 900 relativamente à tensão terminal Vt.

Notas de aulas 175


2021/2

Assim,

Desde que não estamos considerando a resistência da armadura, a corrente não é


mais puramente reativa, como na superexcitação a vazio. A equação da corrente de
armadura permanece sendo,

porém a corrente Ia não tem mais ângulo zero, ou seja, não está mais em fase com a tensão
terminal Va e sim atrasada por um ângulo ϕ correspondente ao fator de potência de
operação da máquina.

Assim a corrente de armadura vai possuir uma componente ativa, em fase com Va
responsável pela potência ativa entregue pelo gerador à linha, e uma componente em
quadrantura com a tensão Va, responsável pela potência reativa indutiva fornecida à linha.

P = Va Ia cos ϕ Watts e Q = Va Ia sen ϕ VAr

Notas de aulas 176


2021/2

A potência ativa, proporcional ao ângulo de carga δ, é entregue à linha e assume


cargas do sistema. A potência reativa indutiva é enviada ao sistema pela reação de
armadura desmagnetizante que faz aliviar a máquina do excesso de fluxo, compondo-se
com o fluxo polar, para manter constante o fluxo de entreferro, exigência do barramento
infinito com tensão Va constante.

Diagrama fasorial da subexcitação com carga ativa:

Voltando à condição de máquina flutuando:

Vamos agora admitir que, após ter aplicado potência mecânica de entrada ao eixo
do gerador, por meio da máquina primária, vamos atuar na excitatriz diminuindo a
corrente contínua fornecida aos enrolamentos de campo, portanto reduzindo o fluxo polar
e provocando redução no módulo da tensão gerada internamente na máquina.

Notas de aulas 177


2021/2
ɛ = KΦ f

Isso fará com que o gerador, além de emitir potência ativa à linha, agora receberá
potência reativa, visto que a corrente de armadura possuirá uma componente reativa
adiantada de 900 relativamente à tensão terminal Vt.

Assim a corrente de armadura vai possuir uma componente ativa, em fase com Va
responsável pela potência ativa entregue pelo gerador à linha, e uma componente em
quadrantura com a tensão Va, responsável pela potência reativa indutiva recebida da linha
para complementar o fluxo resultante de entreferro.

P = Va Ia cos ϕ Watts e Q = Va Ia sen ϕ VAr

O diagrama de fasores para essa condição será deixado a cargo do estudante....

Notas de aulas 178


2021/2

Operação da máquina síncrona com motor em regime permanente:

Iniciaremos novamente na condição da máquina flutuando numa barra infinita.

Vamos agora imaginar que seja retirada a máquina primaria que agia no eixo da
máquina mantendo a rotação e em seu lugar seja colocada uma carga mecânica resistente
ao movimento, ou seja uma carga produzindo um torque mecânico contrário ao
movimento do eixo da máquina síncrona. Lembrando que ela continua sincronizada ao
barramento infinito e portanto possui fluxo de entreferro constante, tensão terminal
constante com frequência constante.

Ao acoplar ao eixo da máquina síncrona uma carga resistente, esta exercerá uma
força (torque) contrário a velocidade de rotação ω e atuando no rotor da máquina, incidirá
nos polos e consequentemente podemos imaginar essa força aplicada ao fasor que
representa o fluxo polar, conforme mostrado abaixo:

Notas de aulas 179


2021/2

Tal força irá provocar um atraso do fasor fluxo polar em relação ao fasor fluxo
resultante de entreferro, fazendo aparecer entre eles um ângulo δ chamado também de
ângulo de carga. Comparativo ao ângulo de carga para o gerador, nessa condição trata-
se de um ângulo de carga negativo, contrário ao movimento.

Se, também atuarmos na excitação da máquina, aumentando sensivelmente a


corrente de campo, portanto o fluxo polar e consequentemente o módulo da tensão gerada,
teremos uma condição de ação motora com superexcitação, mostrada no diagrama abaixo.

Nesta condição, a corrente de armadura defasada de um ângulo ϕ da tensão


terminal de armadura Va, possui uma componente ativa em fase com a tensão, responsável
pela potência ativa recebida pela máquina do barramento e transformada em potência de
eixo (ação motora) e uma componente em quadrantura com a tensão, esta responsável
pela potência reativa indutiva fornecida pela máquina ao sistema através de sua reação de
armadura com efeito desmagnetizante.

P = Va Ia cos ϕ Watts e Q = Va Ia sen ϕ Var

Notas de aulas 180


2021/2

O ângulo de carga δ, agora negativo, por ser contra o sentido positivo do


movimento, é proporcional ao torque resistente depositado no eixo da máquina, ou seja,
a carga mecânica no eixo do motor.

motor síncrono

Subexcitando o motor síncrono mediante redução da corrente de excitação, ele,


ainda recebendo potência ativa da rede, receberá também potência reativa indutiva a fim
de complementar, pela reação da armadura, o fluxo polar de entreferro.

Existe um valor de corrente contínua de excitação que produz um fator de potência


unitário. Também esse diagrama ficará a cargo do estudante.

Notas de aulas 181


2021/2

Bibliografia recomendada:

Kosov, cap. sete e cap. oito

Fitzgerald, ítem 5.5

Falcone, itens: 5.12 a 5.14

MÁQUINAS SÍNCRONAS OPERANDO EM PARALELO EM SISTEMAS


ISOLADOS

No título oito estudamos o comportamento da máquina síncrona operando em


paralelo com uma barra infinita. Naquela condição destacamos que a tensão de terminais
e a frequência de operação da máquina eram mantidas constantes pelo sistema.

Neste título vamos analisar o comportamento da máquina síncrona em ação de


geração, em paralelo com outra máquina, atendendo um conjunto de cargas isoladas de
um grande sistema. Assim não há como se considerar um barramento infinito, logo as
grandezas de tensão e frequência serão afetadas pela condição de excitação de ajuste de
potência nas máquinas primárias.

Notas de aulas 182


2021/2

Corrente sincronizante:

Considerando dois alternadores em paralelo, com as mesmas características,


atendendo um conjunto de cargas com fator de potência atrasado:

O diagrama de fasores que representa essa condição é o mostrado a seguir,


lembrando que as máquinas estão em oposição de fases.

Notas de aulas 183


2021/2
Considerações:

1) Os alternadores estão em perfeito sincronismo, não havendo corrente circulando entre


eles.

2) Não há diferença nas Fem (Eg) uma vez que as quedas de tensão nos parâmetros das
máquinas são Idênticas.

3) Se as tensões por fase nos alternadores não forem Idênticas, haverá circulação de
corrente de sincronização. (Is)

corrente sincronizante IS

Como: Xs >> Ra, a corrente de sincronização (Is) se atrasará da tensão resultante


( Er ) em quase 90º e circulará nas armaduras das duas máquinas.

Vejamos:

Sendo Eg1 ≠ Eg2 (Supondo Eg1 > Eg2)

Notas de aulas 184


2021/2

Efeitos da corrente sincronizante:

Supondo Eg2 > Eg1 (Devido ao aumento da corrente If2)

A corrente Is atrasa-se de Er em Quase 90º e adiante-se de Eg1 em (180º- ∅).

Is circula somente na malha entre as máquinas e é limitada apenas pelos seus parâmetros.

Notas de aulas 185


2021/2
Desta forma, a máquina que sofreu maior excitação (G2) desenvolve uma Potência
Sincronizante.

P2 = Eg2 Is cos ∅ (Watts)

Esta é uma potência “positiva”, ou seja, G2 desenvolve uma ação geradora.

A máquina G1 recebe a potência sincronizante

P1 = Eg1 Is cos (180 - ∅ ) ou P1 = - Eg1 Is cos ∅ (Watts)

Está é uma potência “negativa”, ou seja, G2 desenvolve uma ação motora

Notas de aulas 186


2021/2
Os Diagramas anteriores representam uma situação instantânea com a variação da
Eg de um dos alternadores em paralelo.

No Instante imediatamente após a produção da diferença de tensão entre as


máquinas, devido à ação geradora e a ação motora, desenvolvidas pelas máquinas, surge
a potência sincronizante, que causa:

a) Atraso da posição de fase do gerador que produz a potência sincronizante,


devido ao aumento de carga e consequentemente o surgimento de torque
contra eletromagnético (contra torque sobre sua máquina primária),
b) Adiantamento da posição de fase do gerador que recebe a potência
sincronizante devido a ação motora desenvolvida no mesmo sentido de sua
máquina primaria.

Portanto:

O valor do angulo de atraso de Eg2 e de adiantamento de Eg1, depende da relação entre


Eg1 e Eg2, e consequentemente do valor da corrente sincronizante Is.

Após um transitório atingiu-se uma condição de equilíbrio de forma que não existe mais
potência sincronizante nem ação motora. Tanto o angulo entre Eg2 e Is como o angulo
entre Eg1 e Is, são menores que 90º

A única potência produzida é:

P = Er Is cos ∅ = perda no cobre das armaduras das duas máquinas.

Notas de aulas 187


2021/2

Diagrama fasorial representando o efeito da excitação de campo em dois alternadores operando


em paralelo.

Resumindo:

Quando se Sobre-excita o campo de um dos alternadores em paralelo, aumenta-se a sua


tensão gerada. A corrente sincronizante Is, circulante entre as armaduras, soma-se a
corrente de carga de cada um deles.

No alternador sobre-excitado, a corrente resultante na armadura possui fator de potência


pior, reduzindo sua capacidade de entrega potência ativa.

No outro alternador (ou nos demais alternadores) a corrente resultante possui fator de
potência melhor fazendo com que as demais máquinas melhorem seu fator de potência
com consequente magnetização de seus fluxos nos entreferro;

Desta forma, qualquer tendência de um alternador em assumir carga, ao ser superexcitado,


será anulado pela sua desmagnetização, automaticamente, sem qualquer transferência
operacional de carga.

Questão:

Como se pode aumentar ou diminuir a tensão do barramento?

Notas de aulas 188


2021/2

Divisão de carga entre alternadores:

Considerando dois geradores idênticos operando em paralelo, conforme abaixo.

Notas de aulas 189


2021/2
Se aumentarmos o torque fornecido pela máquina primária do alternador 1, ele
tenderá a aumentar sua velocidade, o que fará com que sua Fem gerada Eg1, tenda a
adiantar-se. Ver figura adiante.

representação transitória

Aqui também, o desequilíbrio entre as tensões geradas dos dois alternadores,


produz uma tensão resultante Er faz surgir uma corrente sincronizante Is circulante na
malha formada pela armadura das duas máquinas.

Assim o alternador 1 produz uma potência sincronizante P1 = Eg1 Is cos (âng 1).

Esta potência possui uma componente correspondente a perda de potência na


armadura = (Er Is cos θ) e uma componente correspondente a transferência de potência
sincronizante ao outro alternador = Eg2 Is cos (âng 2) que é a diferença entre a potencia
gerada pelo alternador 1 e as perdas nas armaduras das duas máquinas.

O alternador 1, por estar com mais carga, tenderá a atrasar-se em fase e diminuir
sua velocidade, enquanto que o alternador 2, por receber uma potência sincronizante
(ação motora), tenderá a adiantar-se em fase. Ou seja, a corrente sincronizante age no
sentido de manter os alternadores em sincronismo.

Notas de aulas 190


2021/2

características de potência x velocidade para alternadores em paralelo

Questão:

Como se pode dividir carga entre dois geradores?

Outro exemplo...

Potência Sincronizante na barra infinita.

Seja um gerador síncrono de rotor cilíndrico operando em paralelo com uma barra
infinita (tensão constante independente da carga). Devido a algum distúrbio, o ângulo de
carga varia de um ângulo Δ (o que corresponde à máquina desenvolver uma potência
adicional, de modo que ela mantém o sincronismo). Essa potência adicional é conhecida
como potência sincronizante.

A potência sincronizante é dada por:

Notas de aulas 191


2021/2

Mais um exemplo.

Notas de aulas 192


2021/2

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1) DEL TORO, item 5-8

2) KOSOW, item 7.10 e 7.77

3) MARTIGNONI, cap IV

MÁQUINAS SÍNCRONAS DE POLOS SALIENTES

Revendo a máquina síncrona de polos lisos:

Notas de aulas 193


2021/2

Notas de aulas 194


2021/2

Em contraste com a máquina síncrona de polos lisos, que tem um entreferro


uniforme, a máquina de polos salientes tem um entreferro altamente não uniforme por
causa do uso de uma estrutura de polos protuberantes.

rotor de polos salientes

Notas de aulas 195


2021/2

Polos lisos

Um percurso de fluxo que inclua dois polos protuberantes tem dois pequenos
entreferros para atravessar. Esse percurso é chamado de eixo direto. É o percurso de
relutância mínima. Por outro lado, o percurso que envolve o eixo entre os polos, envolve
dois grandes entreferros sendo o percurso de relutância máxima.

Polos lisos - relutância uniforme

Polos salientes - Minima relutância no eixo polar (eixo direto)

- Máxima relutância no eixo entre os polos (eixo e quadrantura)

Notas de aulas 196


2021/2

distribuição de fluxo polar - ilustração

Em operação normal, a fmm do enrolamento de armadura é distribuída com seu


valor de pico localizado em algum lugar entre o eixo direto e o eixo em quadrantura.
Cosequentemente, produz um efeito significativo em cada eixo, mas de um modo
diferente, devido à diferença considerável na relutância de cada eixo.

Assim, considerando a diferença das relutâncias de eixo direto e de eixo em


quadrantura, a teoria das máquinas de polos lisos necessita ser reformulada para tal
condição. A teoria das máquinas de polos salientes.

Notas de aulas 197


2021/2

fluxo de eixo direto

fluxo de eixo em quadrantura

Notas de aulas 198


2021/2

percursos dos fluxos de eixo direto e de eixo em quadrantura

fmm combinadas de eixo direto e de eixo em quadrantura

Notas de aulas 199


2021/2
Método das duas reatâncias para as máquinas de polos salientes:

rotor de polos salientes

Uma máquina síncrona de polos salientes sem excitação de campo nada mais é do
que uma “máquina de relutância” conforme já foi apresentado em Conversão
Eletromecânica de Energia. Naquele momento foram definidas as indutâncias de eixo
direto “Ld” e de eixo em quadrantura “Lq”. sendo Ld a indutância quando o rotor está
alinhado com o campo do estator e Lq a indutância quando o rotor está em quadrantura
com o campo do estator.

Correspondente a essa teoria podemos definir as reatâncias síncronas de eixo


direto e de eixo em quadrantura Xsd e Xsq, para uma máquina síncrona de polos salientes.

Então, para ação geradora podemos desenhar o diagrama de fasores da figura


abaixo, onde a corrente de armadura Ia está decomposta em duas componentes fictícias
segundo os eixos d e q.

representação fasorial para o gerador síncrono de polos salientes

Notas de aulas 200


2021/2

Com ajuda do diagrama fasorial obtemos as relações:

O ângulo δ é o ângulo de carga do gerador.

Para cada condição de carga a regulação de tensão pode ser obtida por:

ilustração de um polo saliente

Notas de aulas 201


2021/2

Características de potência x ângulo de carga para máquinas de polos salientes:

Considerando a resistência da armadura desprezível, então a projeção de İ a em Vt


é:

Resolvendo.....

Para Iq e Id, e substituindo na equação acima:

A equação acima pode ser estabelecida para um motor de polos salientes (δ ˂ 0); a
representação gráfica é dada então na figura abaixo:

Notas de aulas 202


2021/2
Observe que para Xd = Xq = Xs a equação se reduz a:

Que representa a máquina síncrona de polos lisos.....

Notas de aulas 203


2021/2

Exemplos:

1) Um gerador síncrono trifásico, ligação estrela, rotor cilíndrico, 10 kVA, 230 V,


tem uma reatância síncrona de 1,2 Ω por fase e uma resistência de armadura de
0,5 Ω por fase. Calcule a regulação de tensão percentual a plena carga, com fator
de potência 0,8 atrasado.

O diagrama fasorial que representa as quedas de tensão na máquina é:

fazendo as operações:

Notas de aulas 204


2021/2
então:

2) Repita o problema considerando o fator de potência 0,8 adiantado.

3) Um gerador síncrono de polos salientes, 20 kVA, 220 V, trifásico, ligação estrela,


alimenta uma carga nominal com fator de potência 0,707 atrasado. As reatâncias
por fase são Xd = 2Xq = 4 Ω. Desprezando a resistência da armadura determine:
a) o ângulo de carga. b) a regulação de tensão.

a) O diagrama fasorial é:

Notas de aulas 205


2021/2

b)

Exemplo de diagrama fasorial para máquina de polos salientes:

Notas de aulas 206


2021/2

lâminas de construção de polos salientes e polos lisos

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

4) DEL TORO, item 5-6


5) FITZGERALD, itens 6.6 e 5.7
6) NASAR, itens 6.5 e 6.6
7) KOSOW, item 8.7

Notas de aulas 207


2021/2

GERADOR SÍNCRONO

CARACTERÍSTICAS DE CARGA EM REGIME PERMANENTE

As principais características de funcionamento das máquinas síncronas operando


em regime permanente são baseadas no relacionamento existente entre: tensão terminal,
corrente de armadura, corrente de campo, fator de potência e rendimento. Esses
relacionamentos serão apresentados adiante em forma de curvas.

Incialmente consideremos um gerador síncrono fornecendo potência com tensão


de terminal e frequência nominais e constantes para uma carga com fator de potência
constante.

A curva que mostra a corrente de campo necessária para manter constante a tensão
nominal e terminal, quando a carga de fator de potência constante é variada, é chamada
de curva composta. A figura adiante mostra três curvas para três diferentes fatores de
potência constantes.

Para cargas de fator de potência atrasado ou unitário, o aumento de carga requer


aumento na corrente de excitação para manter o fator de potência constante. Já para cargas
com fator de potência adiantado torna-se necessário reduzir a corrente de campo para
manter constante o fator de potência com o aumento da carga.

O diagrama de fasores adiante mostra um gerador fornecendo potência ativa com


fator de potência em atraso e superexcitado.

Notas de aulas 208


2021/2

Capabilidade:

Normalmente os valores nominais dos geradores síncronos são fornecidos em temos de


carga especificada pela potência aparente máxima (KVA ou MVA) que pode ser
fornecida sem superaquecimento para valores específicos de tensão e fator de potência.
Em geral a capacidade da máquina primária limita a potência de saída do gerador a um
valor dentro da especificação de potência nominal. Devido ao sistema regulador de tensão
(que controla a corrente de campo em função do valor medido de tensão terminal), a
máquina opera normalmente com um valor constante de tensão (em torno de ± 5 % da
tensão nominal). Quando a potência ativa de carga e a tensão são fixadas, a potência de
carga reativa é limitada pelo aquecimento dos enrolamentos de armadura e de campo.

Notas de aulas 209


2021/2

Notas de aulas 210


2021/2

Notas de aulas 211


2021/2

A figura adiante mostra as curvas de capacidade para um turbogerador de grande


porte refrigerado a hidrogênio.

As curvas de capacidade mostram as cargas máximas de potência reativa,


correspondentes às diversas cargas ativas que operam na tensão nominal.

Notas de aulas 212


2021/2

As curvas de capacidade são de grande valia tanto para os planejadores de sistemas


de potência como para operadores.

A seguir vermos a obtenção das curvas de capacidade. A operação, sob condições


de tensão de terminal e corrente de armadura constantes (no valor máximo permitido pelas
condições de aquecimento), corresponde a um valor constante de potência aparente de
saída que é determinada pelo produto da tensão pela corrente. Como a potência aparente
por unidade é dada por:

Onde P representa a potência ativa por unidade e Q representa a potência reativa


por unidade, é possível ver que uma potência aparente constante corresponde a um círculo
cujo centro está na origem do gráfico da potência aparente versus potência ativa.

Notas de aulas 213


2021/2

Da equação, Potência aparente = √ P2 + Q2 = Va Ia para uma dada tensão de


terminal constante, observe que a potência aparente constante corresponde a uma corrente
de enrolamento de armadura constante e consequentemente a um aquecimento constante
do enrolamento de armadura. Esse círculo que corresponde ao nível máximo aceitável de
aquecimento da armadura está mostrado

Do mesmo modo, consideremos o funcionamento quando a tensão de terminal é


constante e a corrente de campo (consequentemente a Eaf) está limitada a um valor
máximo determinado pela limitação de aquecimento do enrolamento de campo.

Resolvendo as equações, temos o seguinte resultado:

Notas de aulas 214


2021/2
Essa equação corresponde ao círculo centrado em (Q = - Va2 / Xs), na figura das
curvas de capacidade e determina o limite de aquecimento do campo sobre a operação da
máquina da figura.

É comum especificar os valores nominais da máquina (potência aparente e fator


de potência) como sendo o ponto de interseção das curvas limites de aquecimento da
armadura e do campo.

Para uma dada potência ativa de carga, o fator de potência, com o qual uma
máquina síncrona opera e consequentemente a sua corrente de armadura, podem ser
controlados ajustando a corrente de campo.

Notas de aulas 215


2021/2
Exemplos de curvas de capabilidade para geradores síncronos:

Notas de aulas 216


2021/2

Notas de aulas 217


2021/2

Curvas V

A curva que mostra o comportamento da corrente de armadura em função da


corrente de campo, para uma dada tensão terminal e uma dada potência ativa constantes,
é conhecida como curva v, devido a sua forma característica.

Uma família de curvas v para um gerador síncrono tem a forma apresentada na


figura adiante

As linhas tracejadas mostram os pontos de fator de potência constante; elas são as


curvas compostas do gerador síncrono, (veja fig. adiante) as quais mostram como a
corrente de campo deve ser variada, à medida que a carga é alterada, a fim de manter o
fator de potência constante.

Notas de aulas 218


2021/2

As curvas v e as curvas compostas de um motor síncrono são muito semelhantes


às dos geradores síncronos, exceto pelo fato de que os fatores de potência indutivos e
capacitivos são permutados

Curva V – Gerador Síncrono

Curva V – Motor Síncrono

Notas de aulas 219


2021/2

Notas de aulas 220


2021/2

O rendimento de uma máquina síncrona é determinado pelas perdas que consistem


em: perdas ôhmicas I2 R nos enrolamentos, perdas no núcleo, perdas suplementares e
perdas mecânicas. Como essas perdas se alteram de acordo com as condições de operação
e são um tanto difíceis de serem medidas com exatidão, vários procedimentos
padronizados foram desenvolvidos para se calcular o rendimento das máquinas síncronas.

Exemplo de curvas referente a perdas obtidas por ensaios.

1) DEL TORO, item 6-3


2) KOSOW, item 8.14
3) FITZGERALD, itens 5.4 e 5.5

Notas de aulas 221


2021/2

MOTOR SÍNCRONO

O motor síncrono é um motor cuja velocidade de rotação é proporcional à


frequência da rede de alimentação. Possui duas alimentações distintas. A energia elétrica
é fornecida tanto ao enrolamento de campo como ao enrolamento de armadura. Diante
disso, o torque pode ser desenvolvido a apenas uma velocidade, a velocidade síncrona.
Em qualquer outra velocidade o torque médio é zero. A velocidade síncrona representa a
velocidade do rotor na qual fluxo polar (fluxo de rotor) e o fluxo de armadura, são
estacionários entre si.

No caso de motores síncronos em que o rotor é constituído por um eletroímã


(enrolamento de campo excitado em corrente contínua), é possível controlar a potência
reativa fornecida ou consumida pelo motor controlando o circuito que alimenta o rotor.
Este circuito é chamado de circuito de excitação da máquina.
Sendo assim, os motores síncronos podem tanto atuar como um dispositivo que
absorve potência reativa (motor sub-excitado), e no caso operar como uma carga reativa,
como também atuar como fonte de potência reativa fornecendo dentro de seus limites
reativos para a rede elétrica (motor sobre-excitado).
O controle da potência ativa que é consumida ou fornecida pelo motor ou gerador
síncrono é feito pelo controle da potência mecânica entregue ou consumida pelo eixo do
motor.
Os motores síncronos não são auto-suficientes na partida, necessitando ser levados
próximos a sua rotação nominal, através de um outro motor. Quando este alcança uma
velocidade próxima à rotação de trabalho, seu rotor é então alimentado e ele
imediatamente alcança a velocidade de sincronismo.

Notas de aulas 222


2021/2
A maioria dos motores síncronos possui no rotor um enrolamento amortecedor,
que o transforma, durante a partida, em motor assíncrono, desenvolvendo torque de
partida por indução e acelerando até próximo à velocidade nominal. Uma vez energizado
seu enrolamento de campo, ele então salta para a velocidade síncrona, ficando o
enrolamento amortecedor estacionário em relação ao fluxo de entreferro, deixando de
sofrer indução e consequentemente de desenvolver torque.

polo com enrolamento amortecedor

A velocidade do motor é determinada pela equação: Ns= 120.f/p onde: Ns =


velocidade em rpm, f é a frequência e p é o número de polos do motor.
O motor síncrono é um tipo de motor elétrico muito útil e confiável com aplicação
na indústria. Entretanto, pelo fato do motor síncrono raramente ser utilizado em pequenas
potências, muitos técnicos, acostumados com o motor de indução, devido às suas
experiências com acionadores menores, se tornam apreensivos quando se deparam com a
instalação de um motor síncrono nos seus sistemas.
O motor síncrono é bastante semelhante ao motor de indução no seu aspecto geral,
embora usualmente os motores síncronos possuam potência elevada e/ou rotação muito
baixa quando comparado com o motor de indução normal. Tipicamente, o motor síncrono
tem um comprimento de núcleo pequeno e um diâmetro grande quando comparado com
o motor de indução.

motor síncrono motor de indução

Notas de aulas 223


2021/2
Partida dos motores síncronos:

Os motores síncronos polifásicos têm estatores e enrolamentos de estator


(enrolamentos de armadura) bastante similares aos dos motores de indução. Assim como
no motor de indução polifásico, a circulação de corrente no enrolamento distribuído do
estator produz um fluxo magnético com polaridade alternada norte e sul que progride em
torno do entre-ferro (campo magnético girante) numa velocidade diretamente
proporcional a frequência da fonte de alimentação e inversamente proporcional ao
número de pares de polos do enrolamento.

alguns instantes do campo magnético girante

O rotor do motor síncrono se difere consideravelmente do rotor do motor de


indução. O rotor tem polos salientes correspondentes ao número de polos do enrolamento
do estator. Durante operação normal em regime permanente, não há nenhum movimento
relativo entre os polos do rotor e o fluxo magnético do estator; portanto não há indução
de tensão elétrica no rotor pelo fluxo mútuo e não há excitação proveniente da
alimentação de corrente alternada. Os polos são enrolados com muitas espiras de fio de
cobre isolado, e quando a corrente continua passa pelos enrolamentos, os polos se tornam
alternativamente polos magnéticos norte e sul. Até o começo dos anos sessenta a
excitação em corrente contínua tinha que ser aplicada no campo através de porta escovas
e anéis coletores. Atualmente, um sistema de excitação sem escova com controle
eletrônico é frequentemente utilizado. Se o rotor estiver parado quando for aplicada a
corrente contínua no enrolamento de campo, a interação entre o fluxo do estator e o fluxo
do rotor causará um grande conjugado oscilante mas o rotor não girará. Para se dar partida
num motor síncrono, é necessário inserir um número de barras na face de cada polo e
curto-circuitar essas barras nas extremidades para formar uma gaiola de esquilo,
semelhante àquela existente no motor de indução. Além disso, o enrolamento de campo
deve ser desconectado da alimentação em corrente contínua e curto circuitado,
usualmente através de um resistor apropriado ou do circuito da excitatriz sem escovas.

Pela seleção adequada das dimensões, material e espaçamento das barras na gaiola
de esquilo (frequentemente chamado enrolamento amortecedor) consegue-se desenvolver

Notas de aulas 224


2021/2
um conjugado, próximo ao encontrado no motor de indução, suficiente para acelerar o
rotor até a rotação próxima da nominal. Quando rotor tiver alcançado velocidade
suficiente e então se aplica corrente continua no enrolamento de campo e o motor entrará
em sincronismo com o fluxo magnético rotativo do estator.
O conjugado de sincronização (pull-in) de um motor síncrono é o conjugado
máximo de carga resistente constante contra o qual o motor levará a inércia (GD2) da
carga conectada ao sincronismo quando a excitação nominal de campo é aplicada. O
conjugado médio de sincronização é uma função primariamente das características do
enrolamento amortecedor. Entretanto, o efeito secundário do resistor de descarga e da
resistência do enrolamento de campo contribui significativamente para a velocidade que
pode ser atingida pelo rotor com um dado conjugado resistente aplicado ao motor (ver a
teoria do torque para o motor de indução).
Por causa do efeito de polo saliente, o conjugado de sincronização instantâneo
varia de algum modo em relação ao conjugado médio dependendo do ângulo entre os
eixos dos polos do rotor e os polos do estator.

armaduras e rotores de máquinas síncronas.

Correção de Fator de Potência

Notas de aulas 225


2021/2

Muitos sistemas de potência são baseados não somente em potência ativa em KW


fornecida, mas também no fator de potência na qual ela é fornecida. Uma penalidade pode
ser aplicada quando o fator de potência está abaixo de valores especificados. Isto é devido
ao fato de que baixo fator de potência representa um aumento da potência reativa (KVAR)
requerida e consequentemente, num aumento dos equipamentos de geração e transmissão.
Plantas industriais geralmente possuem predominância de cargas reativas
indutivas tais como motores de indução de pequeno porte ou de baixa velocidade de
rotação as quais requerem considerável quantidade de potência reativa (KVAR)
consumida como corrente de magnetização. Embora seja possível utilizar capacitores
para suprir a necessidade de potência reativa, havendo a possibilidade, é possível a
utilização de motores síncronos para este objetivo.
Por causa da sua fonte separada de excitação, os motores síncronos podem tanto
aumentar a potência ativa (kW) base sem utilizar potência reativa (kVAR) adicional
(motor com FP 1.0), como não somente aumentar a potência ativa (kW) de base como
também fornecer a potência reativa (kVAR) necessária ao sistema (motor sobre-
excitado).
A figura adiante mostra a quantidade de KVAR em avanço corretivo fornecido
pelos motores com FP 1.0 e 0.8 quando a excitação é mantida constante e a potência útil
(KW) requerida do motor pela carga é diminuída.

A próxima figura traz curvas que mostram como o fator de potência decresce
quando a excitação é mantida constante com a redução da potência em HP.

Notas de aulas 226


2021/2

Assim, é aparente que o motor síncrono pode, em muitos casos, fornecer a


potência útil de acionamento necessária com a redução benéfica da potência total do
sistema.

Alguns dados e informações sobre motores síncronos:

Notas de aulas 227


2021/2

Notas de aulas 228


2021/2
Análise fasorial:
Operação da máquina síncrona com motor em regime permanente:

Visto que o motor síncrono por si só não desenvolve torque de partida, e para
seguir o mesmo raciocionio da analise fasorial adotada para o gerador síncrono, vamos
considerar aqui a máquina sincrona acinada inicialmente por uma máquina primária
acoplada a seu eixo, com procedimento de sincronismo nos mesmos moldes da operação
de um gerador síncrono iniciado em um barramento infinito.

O barramento é na verdade a fonte de suprimento de energia para a operação do


motor síncrono. Quando satisfeitas as condições de sincronismo e efetuado o casamento
da máquina com o sistema, ela estará flutuando na rede. Não receberá dela e nem
fornecerá a ela qualquer potência ativa ou reativa. As perdas mecânicas serão assumidas
pela máquina primária, a corrente de armadura será nula e as perdas por magnetização
totalmente assumidas pela fonte de excitação.

Assim, o fluxo resultante de entreferro será o próprio fluxo polar oriundo da Fmm
dos enrolamentos de campo. A tensão gerada será igual em módulo e fase (em oposição)
a tensão do barramento.

resistência de armadura desprezada

Vamos agora imaginar que seja retirada a máquina primaria que atua no eixo da
máquina mantendo a rotação e em seu lugar seja colocada uma carga mecânica resistente
ao movimento, ou seja, uma carga produzindo um torque mecânico contrário ao
movimento do eix o da máquina síncrona. Lembrando que ela continua sincronizada
ao

Notas de aulas 229


2021/2

barramento infinito e portanto possui fluxo de entreferro constante, tensão terminal


constante com frequência constante.

Ao acoplar ao eixo da máquina síncrona uma carga resistente, esta exercerá uma
força (torque) contrária à velocidade de rotação ω e atuando no rotor da máquina, incidirá
nos polos e consequentemente podemos imaginar essa força aplicada ao fasor que
representa o fluxo polar, conforme mostrado abaixo:

Tal força irá provocar um atraso do fasor fluxo polar em relação ao fasor fluxo
resultante de entreferro, fazendo aparecer entre eles um ângulo δ chamado também de
ângulo de carga. Comparativo ao ângulo de carga para o gerador, nessa condição trata-
se de um ângulo de carga negativo, contrário ao movimento.

Se, também atuarmos na excitação da máquina, aumentando sensivelmente a


corrente de campo, portanto o fluxo polar e consequentemente o módulo da tensão gerada,
teremos uma condição de ação motora com superexcitação, mostrada no diagrama abaixo.

Notas de aulas 230


2021/2

Nesta condição, a corrente de armadura defasada de um ângulo ϕ da tensão


terminal de armadura Va, possui uma componente ativa em fase com a tensão, responsável
pela potência ativa recebida pela máquina do barramento e transformada em potência de
eixo (ação motora) e uma componente em quadrantura com a tensão, esta responsável
pela potência reativa indutiva fornecida pela máquina ao sistema através de sua reação de
armadura com efeito desmagnetizante.

P = Va Ia cos ϕ Watts e Q = Va Ia sen ϕ Var

O ângulo de carga δ, agora negativo, por ser contra o sentido positivo do


movimento, é proporcional ao torque resistente depositado no eixo da máquina, ou seja,
a carga mecânica no eixo do motor.

motor síncrono

Notas de aulas 231


2021/2

Subexcitando o motor síncrono mediante redução da corrente de excitação, ele,


ainda recebendo potência ativa da rede, receberá também potência reativa indutiva a fim
de complementar, pela reação da armadura, o fluxo polar de entreferro.

Existe um valor de corrente contínua de excitação que produz um fator de potência


unitário. Esse diagrama ficará a cargo do estudante.

Exemplos de diagramas de fasores para operação do motor síncrono em regime


permanente.

Notas de aulas 232


2021/2

(Falcone)

(Del Toro)

Sendo considerada a reistência da armadura como não desprezível:

Notas de aulas 233


2021/2

(Falcone)

(Martignoni)

Notas de aulas 234


2021/2

(Martignoni)

(Kosow)

Notas de aulas 235


2021/2

(Kosow)

Notas de aulas 236


2021/2

(Kosow)

Transferência de potência:

Vimos que para o motor de corrente contínua, o meio que proporciona a


transferência de potência da fonte de suprimento para o eixo do motor, é a velocidade.
Ou seja, varrições na carga provocam variação na velocidade que produz alteração na
fcem e consequentemente na corrente de armadura, fazendo com que a máquina assim
responda às variações de carga no eixo.

Agora, para o motor síncrono, que opera com velocidade constante igual a
velocidade síncrona, o meio que proporciona a transferência de mais ou menos potência
da fonte para o motor, não pode ser a velocidade. Assim, a resposta da máquina se dá pela
variação do ângulo de carga. Ângulo esse entre o fluxo resultante de entreferro e o fluxo
polar, que corresponde ao ângulo entre a tensão gerada e a tensão de terminal da máquina.
Maiores cargas no eixo, atrasarão o fluxo polar do fluxo de entreferro, (ou a tensão gerada
da tensão de terminal). Assim, a tensão resultante sobre a armadura, que é a diferença
entre as tensões geradas e de terminal, responde proporcionalmente à carga de eixo.

Notas de aulas 237


2021/2
Como a tensão resultante sobre a armadura é que define o valor da corrente de
armadura, e consequentemente o torque eletromagnético desenvolvido, ela, em
consonância com o ângulo de carga, é o agente de transferência de potência.

𝑉𝑉a−Eo
Ia = (lembrando que as correntes e tensões são vetores).
𝑗𝑗𝑗𝑗𝑗𝑗

1) DEL TORO, cap. 6


2) KOSOW, cap. 8
3) MARTIGNONI, cap. V
4) FALCONE, ítem 5.14

Notas de aulas 238


2021/2

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

MÁQUINAS SÍNCRONAS

Notas de aulas 239


2021/2

Notas de aulas 240


2021/2

Notas de aulas 241


2021/2

Notas de aulas 242


2021/2

Notas de aulas 243


2021/2

6.12

Notas de aulas 244


2021/2

Notas de aulas 245


2021/2

Notas de aulas 246


2021/2

Notas de aulas 247


2021/2

Notas de aulas 248


2021/2

Notas de aulas 249


2021/2

Notas de aulas 250


2021/2

Notas de aulas 251


2021/2

Notas de aulas 252


2021/2

Notas de aulas 253


2021/2

Notas de aulas 254


2021/2

Notas de aulas 255


2021/2

Notas de aulas 256


2021/2

Notas de aulas 257


2021/2

Notas de aulas 258


2021/2

Notas de aulas 259


2021/2

Notas de aulas 260


2021/2

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

MÁQUINAS SÍNCRONAS

Notas de aulas 261


2021/2

Notas de aulas 262


2021/2

Notas de aulas 263


2021/2

Notas de aulas 264


2021/2

LISTA 2

Notas de aulas 265


2021/2

MÁQUINA DE INDUÇÃO

Trifasico Monofásico

No motor de indução a corrente alternada é fornecida diretamente ao estator, ao


passo que o rotor recebe corrente por indução, como em um transformador, a partir do
estator.

O estator é o mesmo já estudado para as máquinas síncronas. Quando a excitação


é feita por uma fonte trifásica equilibrada, um campo magnético é produzindo no
entreferro, girando na velocidade síncrona.

Campo magnético girante

A velocidade síncrona é determinada pelo número de polos do enrolamento do


estator e pela frequência aplicada ao estator.

Notas de aulas 266


2021/2

O rotor de uma máquina de indução pode ser de dois tipos: rotor em gaiola e rotor
bobinado.

Rotor bobinado Rotor em gaiola de esquilo

O rotor enrolado ou bobinado é construído na forma de um enrolamento trifásico,


semelhante ao estator, possuindo o mesmo número de polos. Os enrolamentos das três
fases são conectados em estrela em uma extremidade, e conectados pela outra
extremidade a anéis deslizantes isolados montados sobre o eixo. Assim, por meio de
escovas, os enrolamentos do rotor são acessíveis externamente à máquina. As máquinas
de rotor bobinado têm aplicações muito especificas e são muito pouco encontradas.

Notas de aulas 267


2021/2

Acesso aos enrolamentos do rotor bobinado

O rotor em gaiola de esquilo, por outro lado, é bastante utilizado, indo desde
motores de potência fracionaria, até motores de grande porte. São constituídos de barras
condutoras encaixadas em ranhuras no ferro do rotor e curto-circuitadas nas extremidades
por anéis condutores.

Conceito do rotor em gaiola de esquilo

Como são constituídos de barras condutoras encaixadas em ranhuras no ferro do


rotor e curto-circuitadas nas extremidades por anéis condutores, os rotores em gaiola se
parecem muito com as gaiolas utilizadas para exibição de animais treinados. Nos tempos
da colonização americana era comum se aprisionar esquilos em gaiolas como essas para
que, ao caminharem no seu interior, os animais produzissem movimento rotativo na
gaiola. Hoje ainda são utilizadas para exercitar pequenos animais de estimação, como os
hamsters.

Notas de aulas 268


2021/2
O conceito da produção de torque no rotor em gaiola é o mesmo da produção de
movimento numa gaiola com o esquilo (ou hamster) passeando dentro. A cada passo do
animal ele, apesar de não sair do lugar em relação ao solo, aplica uma força na barra sob
seu pé, impulsionando-a e produzindo torque em relação ao eixo da gaiola, resultando em
movimento rotativo. No motor de indução, o campo magnético girante passando através
de cada barra do rotor, induz nelas uma f.e.m., e como as barras estão todas curto-
circuitadas, circula em cada barra, no instante da passagem do c.m.g., uma corrente
elétrica com consequente campo magnético. A iteração do campo magnético induzido
com o campo girante, produz torque e movimento do rotor. Conforme o campo girante
vai se deslocando ele vai induzindo corrente na barra que intercepta, produzindo nela uma
força eletromagnética como o animal que ao pisar na barra aplica-lhe uma força mecânica.
Assim em cada barra que o campo girante atravessa ele “dá um tapa” na barra, garantindo
assim um torque continuado no rotor.

Rotores em gaiola

Vista de um rotor em gaiola Distribuição de fluxo de entreferro

Notas de aulas 269


2021/2
Os motores com rotor em gaiola são fabricados com projetos diversos atendendo
a inúmeras condições de torque, velocidade, condições de partida, etc.

Lâminas de composição de diferentes rotores

Características gerais das máquinas assíncronas:

Notas de aulas 270


2021/2
Principais qualidades das máquinas assíncronas:

• Máquina de alimentação única, não confundir com excitação única.


• Ampla utilização na função de motor
• Máquina de velocidade essencialmente constante (boa regulação de velocidade)
• Robustez e baixa manutenção

Principais limitações das máquinas assíncronas:

• Dificuldades inerentes na partida - elevada corrente de partida, baixo


torque de partida
• Só desenvolvem torque fora da velocidade síncrona

Conceitos relativos às máquinas de indução:

Notas de aulas 271


2021/2
Escorregamento:

A excitação do rotor é feita por indução a partir da corrente do circuito do estator.


A indução se faz por ação de movimento. O campo magnético girante realizando
movimento em relação aos condutores dos circuitos do rotor, produz a indução de f.e.m
nestes condutores. Como o circuito de rotor é fechado, composto por barras curto-
circuitadas, haverá indução de corrente elétrica no rotor. Portanto, para que haja indução
eletromagnética é necessário garantir diferença de velocidade entre o campo magnético
girante e os condutores do rotor, a fim de se manter movimento relativo entre eles.

A corrente induzida no rotor produz um campo magnético de rotor, que,


interagindo com o campo magnético girante resulta em torque eletromagnético e
movimento do rotor. Assim, o rotor será acelerado pela ação do torque eletromagnético e
atingira uma velocidade final muito próxima da velocidade do campo girante. O rotor não
alcançará a velocidade do campo girante, pois dessa forma seus condutores, estando na
mesma velocidade do campo, não sofreriam indução eletromagnética, não havendo
corrente e não desenvolvendo torque.

O rotor então “escorrega” em velocidade em relação ao campo magnético girante.


Este, o campo, possui velocidade constante, função do número de polos e da frequência
da tensão de excitação do estator. A velocidade do rotor é, comumente, expressa em
termos da grandeza “escorregamento” representada pela letra “S”.

Escorregamento.....

A velocidade do rotor então depende da relação entre o torque eletromagnético


oriundo da iteração entre o campo girante e o campo da corrente induzida no rotor, e do
contra torque a que o motor está sujeito, ou seja, à carga no eixo. Assim, a vazio o contra
torque existente se deve apenas às perdas rotacionais da máquina, então a velocidade do
rotor se aproxima bastante da velocidade do campo girante, fazendo com que o

Notas de aulas 272


2021/2
escorregamento seja muito pequeno e a frequência da corrente de rotor também muito
baixa.

Velocidades, campos, tensões e frequências de rotor e estator:

Velocidade do campo girante produzido pelo estator:

Seja:
f1 - frequência do estator;
Em rpm, temos:

NS = Velocidade síncrona do campo do estator

Sendo:

Frequência Velocidade de deslocamento


f1 n1 → estator
f2 n1 – n2 → rotor

Onde n1 é a velocidade mecânica do rotor e (n1 - n2) é a velocidade relativa com a qual
o campo magnético girante irá induzir tensões com frequência f2 no rotor.

Então podemos estabelecer a seguinte relação:

Definimos então:

escorregamento ou deslizamento

f2 = S f1 frequência induzida no rotor

Seja n0 a velocidade do campo do rotor em relação à terra (estator), podemos escrever a


equação:

n0 = n2 + n22

onde n22 –e a velocidade do campo do rotor em relação ao próprio rotor.

Notas de aulas 273


2021/2
Assim:

Logo:

Concluímos então que as velocidades dos campos do estator e rotor em relação ao


estator são iguais, porém a velocidade mecânica do rotor é menor que a velocidade
síncrona dos campos, devido ao escorregamento.

Tensão Induzida no Rotor:

Estando o rotor inicialmente parado e sendo submetido ao campo girante de


velocidade n1, será induzida em seus enrolamentos uma f.e.m devido à variação do fluxo
magnético em relação aos condutores do rotor, que é proporcional a intensidade do fluxo
e a velocidade do campo girante.
A tensão induzida será máxima no eixo do estator, ou seja, no eixo magnético
resultante.

Notas de aulas 274


2021/2

onde:

Como o enrolamento do rotor está curto-circuitado, resultará a circulação da


corrente rotórica I20, com o rotor ainda parado.

Onde R2 é a resistência do circuito de rotor e X20 é a reatância do circuito de rotor na


partida.

Com o aumento da velocidade de rotação do eixo, diminui a diferença entre as


velocidades do campo magnético girante e do rotor, diminuindo assim o escorregamento,
lembrando que para rotor parado o escorregamento é unitário s = 1.

Se a frequência da tensão induzida no rotor é função do escorregamento, então,


com o aumento da velocidade do rotor, diminui a frequência da corrente de rotor.

f2 = S . f1

Já que a tensão induzida no rotor, fruto do movimento relativo entre os condutores


do rotor e o fluxo mangético girante, com o movimento do rotor, também a tensão no
rotor será função do escorregamento.

V2 = K Ø f2 → f2 = S f1 → V2 = K Ø S f1

V2 = K Ø S f1

Reatância e impedância de rotor:

O rotor é um circuito RL, portanto a impedância do rotor será:

ZR = RR + j XR

Sendo XR a reatância indutiva do rotor XRBL = 2 π f1 LR a reatância de rotor parado.

Notas de aulas 275


2021/2
Como f2 = S f1 é a frequência para qualquer valor de velocidade do rotor, para
essa condição a reatância e a impedância do rotor serão, respectivamente:

XR = S XRBL e ZR = RR + j S XRBL

Onde XRBL é comumente chamada de “Reatância de rotor bloqueado”

Corrente de rotor:

Observe que com o aumento da velocidade (redução de f2), a tensão induzida no


rotor diminui. O mesmo ocorre com a reatância rotórica "X2". Para uma velocidade
qualquer a corrente rotórica I2 será:

𝑆𝑆 𝑉𝑉𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅
𝐼𝐼2 =
√(𝑅𝑅𝑅𝑅2 + 𝑆𝑆 𝑋𝑋𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅
2 )

Resumindo..... com o aumento da velocidade do rotor......

Torque de partida:

Partindo do conceito da Lei de Ampère, segundo a qual todo condutor percorrido


por uma corrente, na presença de um campo magnético, sobre ação de uma força
eletromagnética, os condutores do rotor, percorridos pela corrente induzida, na presença
do campo magnético girante experimentam forças eletromagnéticas que produzem torque
sobre o eixo do rotor.

Notas de aulas 276


2021/2

Força eletromagnética

Lembrando que as forças eletromagnéticas ditadas por Ampère, se devem à


repulsão e atração entre linhas de campo. Observe na figura acima que, o condutor do
lado de cima da figura, tendo uma corrente emergente do plano do papel, produzirá linhas
de campo (não mostradas na figura), em sentido anti-horário. Nesta condição, as linhas
acima do eixo do condutor, terão sentido contrário às linhas do campo horizontal,
sofrendo atração. Já as linhas abaixo do eixo do condutor terão mesmo sentido das linhas
do campo fixo, sofrendo repulsão. Da mesma forma, porem com campo gerado contrário
para o condutor abaixo na figura. Assim, serão produzidas as forças e o torque
eletromagnético conforme apresentado no desenho.

Torque produzido no rotor

Notas de aulas 277


2021/2

Como regra geral, o torque eletromagnético desenvolvido em cada condutor de


qualquer máquina duplamente excitada é proporcional a Ø1, Ø2 e cos α, onde Ø1 e Ø2
representam os fluxos resultantes produzidos pelas duas tensões de excitação e α é o
ângulo entre os fluxos.
A corrente I2 circulando pelos enrolamentos do rotor e interagindo com o fluxo
produzido no estator dá origem ao conjugado de partida (o rotor ainda está parado) dado
por:
TP = K Ø I2

Ou, mais precisamente:

TP = K Ø I2 (cos α )

Sendo I2 (cos α) a componente real da corrente induzida no rotor.

A necessidade do termo I2 cos α na equação do torque para a máquina de indução


emerge do fato de que, enquanto as tensões induzidas nos condutores do rotor estão em
fase com o campo magnético girante do estator, as correntes induzidas nos condutores do
rotor não estão em fase. Isso porque os condutores do rotor têm uma reatância indutiva
apreciável no momento de partida, devido ao elevado escorregamento.

Influência do ângulo de impedância do rotor.

Notas de aulas 278


2021/2

Então o torque desenvolvido na partida será:

TP = K Ø I2 cos ø2

Com:

𝑉𝑉
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑅𝑅2
𝐼𝐼2 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ∅2 =
√�𝑅𝑅2 + 𝑋𝑋 2
𝑅𝑅 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 � √�𝑅𝑅22 +𝑋𝑋22 �

Ainda com o rotor parado......

𝑉𝑉𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑅𝑅2
𝑇𝑇𝑃𝑃 = 𝐾𝐾 Ø 2 + 𝑋𝑋 2 � x
√�𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 √�𝑅𝑅22 +𝑋𝑋22 �

Na equação acima, como o rotor ainda está parado, a tensão induzida nele por
ação de transformação (não por movimento), VRBL é proporcional a Ø, que por sua vez
é proporcional à tensão da linha aplicada ao estator Vf . Assim a equação pode ser escrita
como:

𝐾𝐾𝐾𝐾𝑓𝑓2 𝑅𝑅𝑅𝑅
𝑇𝑇𝑃𝑃 = 2 2
𝑅𝑅𝑅𝑅 + 𝑋𝑋𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅

No caso dos motores com rotor em gaiola, que são maioria no universo dos
motores de indução, tanto a resistência como a reatância de rotor bloqueado são
constantes, o que torna a equação acima ainda mais simplificada.

𝑇𝑇𝑃𝑃 = 𝐾𝐾𝐾𝐾𝑓𝑓2

Conclui-se que o torque de partida nos motores de indução é proporcional ao


quadrado da tensão aplicada ao estator.

Essa característica é altamente relevante, na medida em que, dado a elevada


corrente de partida dos motores de indução, muitas vezes se faz opção por métodos de
partida com redução da tensão aplicada. Como no caso das partidas por meio de chave
estrela – triangulo ou auto - transformadores compensadores. A redução na tensão
aplicada ao estator durante a partida produz efeito direto na corrente de estator, porem o
torque de partida sofre redução quadrática. Assim, esses métodos são eficientes para

Notas de aulas 279


2021/2
partida de motores que são acionados a vazio. Para partidas a plena carga, faz-se
necessário estudo mais completo.

Somente quando o torque de partida TP for maior que o torque resistente (torque
da carga), a máquina desenvolverá velocidade.

J = momento de inércia

n = velocidade de rotação em rpm

T = em N.m

Exemplo 1:
Um Motor de Indução Trifásico, quatro polos, apresenta os seguintes dados nominais (rotor
bobinado).

Pn = 90 (KW)
nN = 1.780 (rpm)
Vn = 380 (V), 60 (Hz)
I2N = 148 (A)
V20 = 400 (V)

a) Calcule o escorregamento nominal do motor.

b) Determine a tensão induzida no rotor para as condições nominais de operação.

Notas de aulas 280


2021/2

c) Determine o valor aproximado da resistência rotórica para as condições nominais de


operação.

Nas condições nominais, tem-se:

Deve-se observar que o valor da tensão de partida V20 fornecido é sempre um valor
de linha e que, para velocidade nominal o escorregamento é muito pequeno, o que faz
com que a reatância X2 seja também muito pequena, podendo ser desprezada.

Logo:

d) Determine o conjugado nominal do motor.

Problema proposto:
Notas de aulas 281
2021/2
Um motor de indução trifásico, 50 HP, quatro polos, 220 volts, tem um torque de partida
de 305 N.m e uma corrente de linha, de partida, instantânea, de 700 A (rotor bloqueado),
à tensão nominal. Uma tensão trifásica reduzida de 127 volts é aplicada aso terminais de
linha.

Calcule:

a) O Torque de partida

b) A corrente de partida

Nosso próximo assunto:

Leitura recomendada:

8) DEL TORO, cap. 4


9) KOSOW, cap. 9
10) FITZGERALD, cap. 6
11) FALCONE, cap. 6

Notas de aulas 282


2021/2

CARACTERÍSTICAS DE TORQUE

Torque produzido no rotor

Como regra geral, o torque eletromagnético desenvolvido em cada condutor de


qualquer máquina duplamente excitada é proporcional a Ø1, Ø2 e cos α, onde Ø1 e Ø2
representam os fluxos resultantes produzidos pelas duas tensões de excitação e α é o
ângulo entre os fluxos.
A corrente I2 circulando pelos enrolamentos do rotor e interagindo com o fluxo
produzido no estator dá origem ao conjugado de partida (o rotor ainda está parado) dado
por:
TP = K Ø I2

Notas de aulas 283


2021/2
Ou, mais precisamente:

TP = K Ø I2 (cos α )

Sendo I2 (cos α) a componente real da corrente induzida no rotor.

A necessidade do termo I2 cos α na equação do torque para a máquina de indução


emerge do fato de que, enquanto as tensões induzidas nos condutores do rotor estão em
fase com o campo magnético girante do estator, as correntes induzidas nos condutores do
rotor não estão em fase. Isso porque os condutores do rotor têm uma reatância indutiva
apreciável no momento de partida, devido ao elevado escorregamento.

Influencia do ângulo de impedância do rotor.

Torque de Partida:

Então o torque desenvolvido na partida será:

TP = K Ø I2 cos ø2

Com:
𝑉𝑉 𝑅𝑅2
𝐼𝐼2 = √�𝑅𝑅2 +𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ∅2 =
𝑅𝑅 𝑋𝑋 2
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 � √�𝑅𝑅22 +𝑋𝑋22 �

Ainda com o rotor parado......

𝑉𝑉𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑅𝑅2
𝑇𝑇𝑃𝑃 = 𝐾𝐾 Ø 2 + 𝑋𝑋 2 � x
√�𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 √�𝑅𝑅22 +𝑋𝑋22 �

Notas de aulas 284


2021/2

Na equação acima, como o rotor ainda está parado, a tensão induzida nele por
ação de transformação (não por movimento), VRBL é proporcional a Ø, que por sua vez
é proporcional à tensão da linha aplicada ao estator Vf . Assim a equação pode ser escrita
como:

𝐾𝐾𝐾𝐾𝑓𝑓2 𝑅𝑅𝑅𝑅
𝑇𝑇𝑃𝑃 = 2 2
𝑅𝑅𝑅𝑅 + 𝑋𝑋𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅

No caso dos motores com rotor em gaiola, que são maioria no universo dos
motores de indução, tanto a resistência como a reatância de rotor bloqueado são
constantes, o que torna a equação acima ainda mais simplificada.

𝑇𝑇𝑃𝑃 = 𝐾𝐾𝐾𝐾𝑓𝑓2

Conclui-se que o torque de partida nos motores de indução é proporcional ao


quadrado da tensão aplicada ao estator.

Torque máximo

Substituindo-se os valores na equação do torque:

Como a tensão de rotor bloqueado (Ebl) é diretamente proporcional a ϕ, podemos


escrever:

Notas de aulas 285


2021/2

Derivando em relação a resistência do rotor, temos:

Torque x escorregamento:

Plotando-se uma curva do torque em função do escorregamento, teremos a curva


de torque acima.

Pode-se analisar a curva do torque em dois trechos distintos: Do escorregamento


unitário ( rotor parado) até o escorregamento referente ao torque máximo – primeiro
trecho – e do escorregamento de torque máximo até o escorregamento nulo – segundo
trecho.

No primeiro trecho o torque é crescente devido ao aumento do fator de potência


do rotor, que é crescente com o decréscimo da frequência induzida no rotor. Está diminui
com a aceleração do motor.

Notas de aulas 286


2021/2

No segundo trecho, o torque é decrescente pois o fator de potência já não mais


aumenta, porem a correte de rotor ainda é crescente.

Dados de catálogo de um motor de indução trifásico.

Notas de aulas 287


2021/2

Corrente x escorregamento:

A corrente de rotor tem um valor elevado na partida, já que quando o rotor está
parado o escorregamento é máximo e assim a máxima tensão é induzida no rotor. Com a
aceleração do eixo, o escorregamento diminui, reduzindo a tensão induzida no rotor e
consequentemente diminuindo a corrente de rotor até o valor correspondente a situação
de carga no eixo. Assim também a corrente de estator terá, por relação de transformação
direta, o mesmo comportamento da corrente de rotor.

Notas de aulas 288


2021/2

Torques: Motor, freio gerador:

Frenagem por inversão de sequencia de fases:

O gráfico de torque x escorregamento mostra a região de operação da máquina de


indução como freio. Trata-se do escorregamento maior que 1, ou seja, quando a
velocidade do rotor é contrária à velocidade do campo magnético girante.

A ação de frenagem se dá por inversão brusca da sequência de fases da


alimentação do motor. Assim devido à inércia, o rotor continua girando no sentido em
que operava antes da inversão, porém o campo magnético girante passa a produzir torque
contrário, promovendo a frenagem do motor. Esse torque é mostrado na figura acima, à
esquerda do torque de partida, ou seja, para escorregamentos maiores que a unidade.

Notas de aulas 289


2021/2

Resta claro que o processo de frenagem tem que ser de curta duração pois a
corrente é ainda maior que corrente de partida do motor.

Frenagem de motores de indução por corrente contínua:

Considere um motor de indução com carga de considerável inércia. Muitas vezes


o processo envolvido requer parada brusca do motor e da carga no eixo. Uma solução
relativamente simples é a da frenagem por injeção de corrente contínua. A chave que
alimenta o estator da máquina com corrente alternada da rede é desligada e imediatamente
ligada uma segunda chave que passa a aplicar uma alimentação em corrente contínua. O
campo magnético girante é então substituído por um campo estacionário em relação ao
rotor. Ora, o campo estacionário vai induzir corrente e consequentemente um campo
magnético no rotor, por movimento relativo entre campo estacionário e rotor girando,
devido à inércia. O campo estacionário interage com o campo induzido no rotor, no
sentido de alinhamento, produzindo assim um torque eletromagnético contrário ao
movimento. Assim o rotor será frenado.

Notas de aulas 290


2021/2

Leitura recomendada:

1) DEL TORO, cap. 4


2) KOSOW, cap. 9
3) FITZGERALD, cap. 6
4) FALCONE, cap. 6

PARTIDA DOS MOTORES ASSÍNCRONOS

O torque eletromagnético desenvolvido pelo motor de indução, conforme


evidenciado na equação acima, é produto do fluxo polar indutor, da corrente induzida no
rotor e do fator de potência do rotor.

As equações que definem a corrente induzida no rotor e o fator de potência do


rotor estão elencadas abaixo:

A curva do torque, bem como a curva da corrente induzida no rotor são mostradas
no gráfico abaixo em função inversa da velocidade do rotor, ou seja, em função direta do
escorregamento.

Notas de aulas 291


2021/2

Analisando-se a curva de variação da corrente induzida no rotor, desde a partida


até que seja atingida a velocidade de operação, observa-se que no instante de partida,
quando o rotor ainda está parado, a corrente é máxima (cerca de 300 a 600 %) da nominal.
Assim também a corrente de estator, que é a corrente de rotor referida ao estator, também
apresenta essa performance.

O torque por sua vez, como responsável pela velocidade do rotor, tem uma
variação, diferente. Apesenta um valor diferente de zero com o rotor parado, provocando
aceleração. Sua variação apresenta leve decréscimo seguido de vertiginoso acréscimo, até
o seu valor máximo, depois um decréscimo bastante acentuado.

Essa variação desuniforme desde o escorregamento unitário (partida) até a


velocidade final se deve aos diferentes comportamentos das variáveis envolvidas:
corrente induzida no rotor e fator de potência do rotor.

Notas de aulas 292


2021/2

Na partida, com escorregamento máximo, é máxima a tensão induzida no rotor.


Também a frequência da corrente induzida é máxima (igual à frequência da rede). No
momento de partida tem-se também a máxima velocidade relativa entre campo indutor e
condutores do rotor, por isso a máxima tensão induzida no rotor. Com máxima tensão de
rotor na partida, também a corrente induzida no rotor será máxima. Com a aceleração do
rotor, decresce o escorregamento, ou seja, diminui a taxa de variação entre o campo
indutor e os condutores do rotor. Com menor tensão induzida no rotor, diminui também
a corrente induzida. Ao atingir a velocidade de operação, a corrente atinge o valor
correspondente à relação de carga.

Pode-se analisar a curva do torque em dois trechos distintos: Do escorregamento


unitário (rotor parado) até o escorregamento referente ao torque máximo – primeiro
trecho – e do escorregamento de torque máximo até o escorregamento nulo – segundo
trecho.

No primeiro trecho o torque é crescente devido ao aumento do fator de potência


do rotor, que é crescente com o decréscimo da frequência induzida no rotor. Está diminui
com a aceleração do motor.

Efeitos da corrente de partida:

O principal e muito nocivo efeito da elevada corrente de partida apresentada pelos


motores de indução é o afundamento de tensão provocado nos circuitos transformadores
e linhas que atendem as instalações onde se encontra o motor.

Notas de aulas 293


2021/2

ACIONAMENTO:

Dispositivos de partida para motores de indução:

Para minimizar os efeitos os efeitos da partida dos motores de indução, é comum


utilizar-se dispositivos de partida que limitem a corrente de partida mediante redução da
tensão aplicada ao motor.

A) Partida estrela x triângulo

As chaves do tipo estrela x triângulo reduzem a tensão departida por meio de


alteração na conexão.

Notas de aulas 294


2021/2

Notas de aulas 295


2021/2

Limitações:

• O torque é função do quadrado da tensão aplicada ao estator.

• A chave estrela triângulo reduz em 1,732 vezes a tensão, porém reduz o torque de
partida a 0,33.

• A tensão da linha deve ser a menor tensão do motor.

• Necessidade de seis cabos entre a chave e o motor.

Notas de aulas 296


2021/2

Notas de aulas 297


2021/2

Torque de aceleração:

Lembrando que a chave estrela triângulo só pode ser utilizada quando a tensão de
conexão triangulo for igual à conexão primário.

Notas de aulas 298


2021/2

Notas de aulas 299


2021/2

B) Partida a auto-transformador

Notas de aulas 300


2021/2

Notas de aulas 301


2021/2

C) Partida por reostato de rotor:

Motor com rotor bobinado.

Notas de aulas 302


2021/2

O rotor enrolado ou bobinado é construído na forma de um enrolamento trifásico,


semelhante ao estator, possuindo o mesmo número de polos. Os enrolamentos das três
fases são conectados em estrela em uma extremidade, e conectados pela outra
extremidade a anéis deslizantes isolados montados sobre o eixo. Assim, por meio de
escovas, os enrolamentos do rotor são acessíveis externamente à máquina. As máquinas
de rotor bobinado têm aplicações muito especificas e são muito pouco encontradas.

Notas de aulas 303


2021/2

Notas de aulas 304


2021/2

Notas de aulas 305


2021/2

Assim, variando-se a resistência do circuito de rotor varia-se a corrente de rotor,


consequentemente a corrente de estator, e o fator de potência do rotor. A variação nos
parâmetros do rotor influencia diretamente no torque. Maiores valores de resistência do
rotor limitam a corrente de partida e levam a posição do torque máximo para mais
próximo do escorregamento unitário.

D) Tecnologia de dupla gaiola de rotor para partida:

Notas de aulas 306


2021/2

Rotor de dupla gaiola

Notas de aulas 307


2021/2

Notas de aulas 308


2021/2

As barras posicionadas mais ao fundo da ranhura, possuem maior concentração


de linhas de campo concatenado, o que as faz possuírem maior indutância. Essas são
fabricadas com material de menor resistividade elétrica, o que as faz possuírem menor
resistência. Já as barras menos profundas, instaladas na periferia das ranhuras, são de alta
resistência e, por estarem menos concatenadas com o campo magnético, possuem menor
indutância.

Assim, na partida, quando a frequência é elevada, a indutância da gaiola


inferior é muito grande, fazendo com que sua impedância seja muito mais elevada que a
impedância da gaiola externa. A corrente então circula em maior proporção na gaiola
externa, de fator de potência elevado. Nessa condição, a elevada impedância de rotor
limita a corrente e o alto fator de potência eleva o torque, tornando a partida mais rápida
e menos impactante.

Notas de aulas 309


2021/2

Notas de aulas 310


2021/2

E) Partida por Soft-Starters:

Notas de aulas 311


2021/2

Soft-Starter é um dispositivo eletrônico composto de pontes de tiristores (SCRs na


configuração universo paralelo) acionadas por uma placa eletrônica, a fim de controlar a
tensão de partida de Motor elétrico trifásico. Seu uso é comum em bombas centrífugas
(maquina de lavar), cooler e motores de elevada potência cuja aplicação não exija a
variação de velocidade.
A soft-starter controla a tensão sobre o motor através do circuito de potência, constituído
por seis SCRs, variando o ângulo de disparo dos mesmos e consequentemente variando a
tensão eficaz aplicada ao motor. Assim, pode-se controlar a corrente de partida do motor,
proporcionando uma "partida suave" (soft start em inglês), a não provocar quedas
de tensão elétrica bruscas na rede de alimentação, como ocorre em partidas diretas.
Costumam usar a tecnologia chamada by-pass a qual, após o motor partir e receber toda
a tensão da rede, liga-se um contator que substitui os módulos de tiristores, evitando
sobreaquecimento dos mesmos. As chaves soft-starters operam com a técnica chamada
by-pass, na qual, no final do intervalo de tempo da partida, quando por fim o motor recebe
da soft-starter a plena tensão da rede, um contator cujos contatos NA trabalham em
paralelo com o arranjo de tiristores de cada fase é acionado, assumindo este a condução
da corrente nominal do motor.
As chaves de partida estática são chaves microprocessadas, projetadas para acelerar (ou
desacelerar) e proteger motores elétricos de indução trifásicos. Através do ajuste do
ângulo de disparo de tiristores, controla-se a tensão aplicada ao motor. Com o ajuste
correto das variáveis, o torque e a corrente são ajustados às necessidades da carga, ou
seja, a corrente exigida será a mínima necessária para acelerar a carga, sem mudanças de
frequência.

Algumas características e vantagens das chaves soft-starters são:

• Ajuste da tensão de partida por um tempo pré-definido;

• Pulso de tensão na partida para cargas com alto conjugado de partida;

• Redução rápida de tensão a um nível ajustável, (redução de choques hidráulicos em


sistemas de bombeamento);

• Proteção contra falta de fase, sobre-corrente e subcorrente, etc.

Notas de aulas 312


2021/2

Os motores assíncronos trifásicos de rotor em gaiola apresentam picos de corrente e de


conjugados indesejáveis quando em partida direta. Para facilitar a partida são usados
vários métodos, como chave estrela-triângulo, chave compensadora, etc. Estes métodos
conseguem uma redução na corrente de partida, porém a comutação é por degraus de
tensão. Entretanto, nenhum se compara com o método de partida suave (que utiliza o soft-
starter). A figura 1 a seguir mostra o comparativo de corrente entre os métodos mais
usuais de partida:

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Notas de aulas 313


2021/2
O soft-starter é um equipamento eletrônico capaz de controlar a potência do motor no
instante da partida, bem como sua frenagem. Ao contrário dos sistemas elétricos
convencionais utilizados para essa função (partida com autotransformador, chave estrela-
triângulo, etc.). Seu princípio de funcionamento baseia-se em componentes estáticos:
tiristores. O esquema genérico de um soft-starter é mostrado na figura abaixo:

Através do ângulo de condução dos tiristores, a tensão na partida é reduzida, diminuindo


os picos de corrente gerados pela inércia da carga mecânica. Um dos requisitos do soft-
starter é controlar a potência do motor, sem entretanto alterar sua freqüência (velocidade
de rotação). Para que isso ocorra, o controle de disparo dos SCRs (tiristores) atua em dois
pontos: controle por tensão zero e controle de corrente zero. O circuito de controle deve
temporizar os pulsos de disparo a partir do último valor de zero da forma de onda, tanto
da tensão como da corrente. O sensor pode ser um transformador de corrente que pode
ser instalado em uma única fase (nesse caso, o sistema mede somente o ponto de
cruzamento de uma fase), ou um para cada fase. 15 O objetivo do projeto é simular uma
chave soft-starter que um diagrama de blocos semelhante ao mostrado na figura adiante.
Ela ilustra o funcionamento interno de um soft-starter, dando detalhes de todos seus
blocos componentes.

Notas de aulas 314


2021/2

No circuito de potência, a tensão da rede é controlada através de 6 tiristores, que


possibilitam a variação do ângulo de condução das tensões que alimentam o motor. Para
alimentação eletrônica interna, utiliza-se uma fonte linear com várias tensões, alimentada
independente da potência. O cartão de controle contém os circuitos responsáveis pelo
comando, monitoração e proteção dos componentes de potência. Esse cartão possui
também circuitos de comando e sinalização a serem utilizados pelo usuário de acordo
com sua aplicação, como saídas à relé. Para que a partida do motor ocorra de modo suave,
o usuário deve parametrizar a tensão inicial (Vp) de modo que ela assuma o menor valor
possível suficiente para iniciar o movimento da carga. A partir daí, a tensão subirá
linearmente segundo um tempo também parametrizado (tr) até atingir o valor nominal.
Isso é mostrado na figura a seguir.

Notas de aulas 315


2021/2

Na frenagem, a tensão deve ser reduzida instantaneamente a um valor ajustável (Vt), que
deve ser parametrizado no nível em que o motor inicia a redução da rotação. A partir
desse ponto, a tensão diminui linearmente (rampa ajustável (tr)) até a tensão final Vz,
quando o motor parar de girar. Nesse instante, a tensão é desligada. Veja a figura seguinte:

Notas de aulas 316


2021/2
Além da tensão, o soft-starter também tem circuitos de controle de corrente. Ela é
conservada num valor ajustável por um determinado intervalo de tempo. Esse recurso
permite que cargas de alta inércia sejam aceleradas com a menor corrente possível, além
de limitar a corrente máxima para partidas de motores em fontes limitadas (barramento
não-infinito). Alguns fabricantes projetam seus soft-starters para controlar apenas duas
fases (R e S, por exemplo), utilizando a terceira como referência. Essa técnica, que é
mostrada na figura, simplifica o circuito de controle e, consequentemente, “barateia” o
produto.

f) Partida por Inversores de Frequência:

Inversores de Frequência - são dispositivos elétricos que convertem a potência da rede


alternada cossenoidal, em potência contínua e finalmente convertem esta última, em uma
tensão "alternada" de amplitude e período variáveis. A denominação Inversor ou
Conversor é bastante controversa, sendo que alguns fabricantes utilizam inversor e outros
conversor. Inerentemente ao projeto básico de um Conversor de Frequência, teremos na
entrada o bloco retificador, o circuito intermediário composto de um banco de capacitores
eletrolíticos e circuitos de filtragem de alta frequência e finalmente o bloco inversor, ou
seja, o inversor na verdade é um bloco composto de transistores IGBT, dentro do
conversor.
Na indústria, entretanto, ambos os termos são imediatamente reconhecidos, fazendo
alusão ao equipamento eletrônico de potência que controla a velocidade ou torque de
motores elétricos. Eles são usados em motores elétricos de indução trifásicos para
substituir os rústicos sistemas de variação de velocidades mecânicos, tais como polias e
variadores hidráulicos, bem como os custosos motores de corrente contínua pelo conjunto
motor assíncrono e inversor, mais barato, de manutenção mais simples e reposição
Notas de aulas 317
2021/2
rápida. Os conversores de frequência costumam também atuar como dispositivos de
proteção para os mais variados problemas de rede elétrica que se pode ocorrer, como
desbalanceamento entre fases, sobrecarga, queda de tensão, etc.
A grande vantagem de um inversor de frequência é que além de partir um motor elétrico
de forma suave, podemos controlar sua velocidade depois que o mesmo estiver partido,
podendo assim variar a velocidade para mais rápido ou mais lento possibilitando uma
alteração em um processo como por exemplo: a sucção de um exaustor de uma caldeira,
o recalque de uma bomba dentre outros.
Simplificando, o inversor de frequência nada mais é que um dispositivo que transforma
tensão elétrica alternada em tensão continua, e conforme a programação dos parâmetros
do inversor, fornece uma tensão "alternada", com altas variações de frequência que
possibilitam assim o controle de velocidade de um motor elétrico. Exemplo: Tensão de
rede 380VCA 60HZ motor funciona com 3500 RPM, com um inversor de frequência
podemos fazer esse mesmo motor funcionar com 2000 RPM e com tensão de 380VCA,
pois o inversor altera a quantidade de ciclos por segundo da senóide de forma a modificar
sua velocidade.

Vantagens:

- A mais alta tecnologia em termos de acionamentos de motores elétricos com controle


de velocidade e funcionamento.
- Inúmeras funções de controle de rendimento, torque, velocidade e qualidade de
acionamento e eficiência energética.
- Custo barato em vista dos motores de corrente continua que fazem a mesma função.
- Fácil programação e instalação.

Desvantagens:

- O ambiente em que o mesmo é instalado deve ter boa ventilação e limpeza pois esses
itens são importantíssimos para o bom funcionamento e durabilidade do equipamento, a
maioria dos inversores tem um limite máximo de 40ºC.
- Causa muitos ruídos harmônicos na rede elétrica devido a conversão AC/CC e CC/AC.
- Aciona e controla só um motor por vez.

Notas de aulas 318


2021/2

Inversores de frequência

Leitura recomendada:

• Kosow cap. Nove

• Falcone cap. Seis

• Del Toro cap quatro

• Fitzgerld cap seis

Notas de aulas 319


2021/2

MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE

estator rotor

O circuito elétrico equivalente da máquina de indução é uma importante


modelação para conduzir a análise da operação da máquina bem como calcular seu
desempenho. Neste título abordamos o circuito equivalente da máquina de indução
trifásica.

Notas de aulas 320


2021/2
Conforme mostrado no diagrama acima, e pelo já estudado não deve ser motivo
de surpresa, o circuito se assemelha enormemente com o circuito equivalente de um
transformador. A principal diferença está no fato de o rotor girar, o que introduz o
diferencial da variação da frequência no rotor.

Ramo de magnetização:

Primeiramente devemos estabelecer algumas condições utilizadas na formação do


circuito elétrico equivalente. Todos os parâmetros utilizados estão expressos numa base
de valores por fase, independente do enrolamento do estator estar conectado em estrela
ou em triângulo. Para maior facilidade, todos os circuitos estão representados em uma
única fase, para o circuito completo basta repetir para as demais fases e representar a
conexão de estator.

A figura abaixo representa a parte do circuito equivalente que representa o estator.

Ele é constituído pela resistência elétrica dos enrolamentos de estator por fase, r1,
pela reatância de dispersão do enrolamento de uma fase do estator x1, e por um ramo em
derivação contendo um paralelo formado de um lado pela reatância de magnetização xØ,
e de outro lado pela resistência referente às perdas no núcleo. Não há diferença em relação
ao ramo de magnetização do circuito equivalente de um transformador. A diferença está
somente no módulo dos parâmetros.

A corrente de magnetização total Im é consideravelmente maior no caso do motor


de indução do que para os transformadores. Isso porque no caso da máquina rotativa,
existe, inevitavelmente, o entreferro entre o primário – estator e o secundário – rotor.

Notas de aulas 321


2021/2
Enquanto no transformador a corrente de magnetização é da ordem de 2 a 5 % da
corrente nominal, no caso da máquina de indução ela atinge de 25 a 40 % da corrente
nominal. Também a reatância de dispersão do primário para á máquina é maior devido ao
entreferro e da distribuição espacial dos enrolamentos.

O circuito real do rotor:

Para cada condição de carga existe um valor especifico de escorregamento S,


portanto a corrente de rotor para qualquer carga é expressa por:

Onde E2 2 X2 são valores de rotor bloqueado, ou seja para um escorregamento unitário.

A equação acima é demonstrada no circuito equivalente de rotor mostrado abaixo:

A corrente I2 é uma corrente na frequência de escorregamento uma vez que é


produzida pela fem induzida na frequência de escorregamento S E2, atuando no circuito
de rotor que possui uma impedância por fase r2 + jSx2.

Notas de aulas 322


2021/2
Em termos de referencial, essa é a corrente vista por um observador colocado no
rotor.

A potência real ou ativa no circuito de rotor representa então as perdas no cobre


do circuito de rotor.

PCU = q2 r2 I22
para q2 = número de fases do rotor.

O circuito equivalente do rotor:

Tomando a equação da corrente no rotor:

Dividindo-se o numerador e o denominador pelo escorregamento S, temos a equação:

Nisso resulta o circuito representado adiante:

Nessa figura observa-se que a corrente I2 permanece a mesma, em módulo e em


ângulo de fase.

Mas, comparando-se as duas equações para a corrente de rotor, encontra-se uma


diferença significativa:

Notas de aulas 323


2021/2
Na primeira equação, a corrente I2 é induzida na frequência de escorregamento,
enquanto que na segunda a mesma corrente é produzida por uma tensão na frequência da
rede E2, aplicada ao circuito de rotor formado por uma impedância de fase igual a r2/S +
j X2.

Resumindo, na segunda equação a corrente de rotor é uma corrente na frequência


da rede, enquanto que na primeira equação ela é uma corrente na frequência de
escorregamento. Muito importante destacar isso.

O tratamento da equação da corrente de rotor I2 pelo escorregamento S, permitiu


que se passasse de um circuito real de rotor contendo uma resistência constante e uma
reatância de dispersão variável para um modelo onde a reatância de dispersão é constante
e a resistência é variável em função do escorregamento.

Assim a potência ativa referente ao circuito da segunda figura fica sendo:

Comparando a equação da potência no circuito do rotor real com a potência acima,


observa-se facilmente que a segunda é consideravelmente maior.

Numa máquina de porte médio o escorregamento típico é aproximadamente S =


0,02, logo a potencia Pg é algo em torno de 50 vezes maior que a potência de perdas no
cobre.

Por que tanta diferença?

Notas de aulas 324


2021/2
Na equação adiante I2 é uma corrente na frequência da rede.

O referencial mudou do rotor, onde as grandezas são função da frequência de


escorregamento, para o estator, onde as grandezas são função da frequência da rede.

Para o circuito adiante, o observador mudou do rotor para o estator.

Essa mudança de referencial explica perfeitamente a diferença entre os valores da


potência no circuito do rotor. Olhando para o rotor, o observador no estator vê não
somente as perdas no cobre do circuito de rotor, mas também a potência mecânica
desenvolvida pela máquina. Veja que, para um observador situado no estator, a
velocidade do rotor não é mais zero como para um observador postado no rotor.

Assim, a equação acima representa a potência total de entrada no circuito do rotor.


Ela é a potência transferida através do entreferro do estator para o rotor.

Para tanto pode-se reescrever a equação de modo a evidenciar essa transferência


de potência.

Ou seja, a resistência variável r2 / S, pode ser substituída por duas partes, uma que
corresponde à resistência do circuito real de rotor r2, e uma resistência variável Rm que
representa a carga mecânica no eixo da máquina, que varia com a velocidade do rotor.

Notas de aulas 325


2021/2
Isso nos permite ao modelar a máquina, representar a carga mecânica como um
resistor no circuito equivalente.

Veja que o circuito equivalente do rotor é de fato equivalente apenas para a


corrente do rotor, em módulo e fase.

Voltando ao estator:

A tensão que aparece nos terminais a – b na figura acima, é uma grandeza na


frequência da rede, tendo N1 espiras. Já a tensão que aparece nos terminais a’- b’ mesmo
sendo também uma tensão na frequência da rede, tem N2 espiras. Como geralmente E1 ≠
E2, os pontos a’- b’ não podem ser conectados diretamente aos terminais a – b a fim de se
obter o circuito elétrico equivalente por fase completo da máquina.

Para tanto, da mesma forma que nos transformadores, é necessário inserir a


relação de transformação N1/N2 = a.

Assim todas as grandezas do rotor podem ser referidas ao estator:

Notas de aulas 326


2021/2
O circuito equivalente completo:

Assim a tensão que aparece nos terminais a – b do circuito da figura abaixo,

é a mesma que aparece nos terminais a – b da figura mostrada adiante.

Portanto seus terminais podem ser ligados para obter um circuito elétrico
equivalente completo.

Para uma sensível aproximação a fim de simplificar os cálculos com pequena


perda de precisão, pode-se passar o ramo de magnetização para a entrada da máquina.

Essa aproximação se justifica na hipótese que V1 ≈ E1 = E`2.

Notas de aulas 327


2021/2

DESEMPENHO DOS MOTORES DE INDUÇÃO

Quando uma máquina de indução trifásica, em ação motora, está operando a vazio
ela tem um escorregamento muito pequeno, próximo de zero, dessa forma a resistência
que representa a carga mecânica Rm é muito grande, o que resulta em uma corrente I2
muito pequena.

O Torque eletromagnético nessa condição é muito pequeno assumindo um valor apenas


necessário para superar as perdas rotacionais, atrito e ventilação.

Se uma carga mecânica é aplicada ao eixo do motor, a reação inicial é a ligeira


perda de velocidade do rotor, resultando em aumento do escorregamento. O
escorregamento aumentado produz aumento na corrente de rotor I2, Produzindo aumento
do torque suficiente para fornecer equilíbrio de potência à carga, ou seja para fazer frente
ao contra-torque (carga) no eixo.

Assim, para cada valor de carga no eixo há um único valor de escorregamento.


Isso pode ser observado no circuito equivalente que mostra que uma vez que S seja

Notas de aulas 328


2021/2
especificado, então a potência de entrada, a corrente de rotor, o torque desenvolvido,
potência de saída e o rendimento ficam estabelecidos.

Adiante está mostrado um fluxo de potência que, em conjunto com o circuito


equivalente apropriado facilita os cálculos do desempenho do motor de indução trifásico.

Leitura recomendada:

Kosow 9-12

Falcone 6.10 a 6.15

Del Toro 4.3 e 4.4

Fitzgerld 6.3 e 6.4

Notas de aulas 329


2021/2

MÁQUINAS ASSÍNCRONAS MONOFÁSICAS

Os motores de indução (assíncronos), principalmente os com rotor em gaiola,


devido a sua simplicidade e robustez, são as máquinas elétricas mais numerosas quando
a utilização se deve à produção de força motriz, ou seja, na ação motora.
O motor de indução monofásico é um dos componentes eletromecânicos mais
utilizados, devido a sua eficiência e simplicidade. Tendo em vista que a maioria das
aplicações residenciais, comerciais e algumas industriais exigem pouca potência, como
em ventiladores, eletrodomésticos, bombas de pequeno porte. O campo girante do motor
em questão possui certas particularidades como a necessidade de um enrolamento auxiliar
para gerá-lo. Para inversão do sentido de giro desse tipo de motor, também é necessário
um esquema que possa fazer com que sua partida se dê para outro lado. Sendo um dos
mais utilizados, é muito importante que se tenha conhecimento sobre seu funcionamento,
para um melhor dimensionamento e consequente aplicação.
Na indústria, imperam os motores trifásicos, devido à necessidade de maiores
potências e principalmente devido à disponibilidade de redes de distribuição trifásicas. Já
nas residências, acionando inúmeros eletrodomésticos e no campo, onde geralmente as
máquinas mecânicas não demandam potências individuais muito elevadas, e onde
geralmente a distribuição de energia contempla apenas redes de distribuição monofásicas,
os motores são monofásicos.

Ao contrário dos motores trifásicos, a grande maioria dos motores monofásicos é


de pequenas potências, geralmente frações de Kws.

estator rotor

Notas de aulas 330


2021/2
Em uma comparação com motores trifásicos, os monofásicos apresentam muitas
desvantagens:

• Necessitam de manutenção mais apurada devido ao circuito de partida e seus


acessórios;

• Apresentam maiores volume e peso para potências e velocidades iguais (em


média 4 vezes); em razão disto, seu custo é também mais elevado que os de
motores trifásicos de mesma potência e velocidade;

• Apresentam rendimento e fator de potências menores para a mesma potência;


em função disso apresentam maior consumo de energia (em média 20% a mais);

• Possuem menor conjugado de partida;

• São difíceis de encontrar no comércio para potências mais elevadas (acima de


10 cv)

A grande diferença entre os motores monofásicos e os trifásicos está na formação


do campo magnético girante. Nas máquinas trifásicas o campo magnético girante,
responsável pela indução eletromagnética no rotor, resulta da defasagem espacial dos
enrolamentos de estator, associada à defasagem temporal das correntes que percorrem
esses enrolamentos. Na máquina monofásica isso não existe.

Em sua simplicidade, o estator da máquina monofásica é constituído de um


enrolamento distribuído em ranhuras, semelhante ao enrolamento de uma das fases da
máquina trifásica, porem ocupando todas as ranhuras do estator. Na maioria das vezes, o
motor monofásico é na verdade um motor bifásico pois é constituído não de um único
enrolamento indutor, mas por dois enrolamentos assimétricos.

O rotor é semelhante ou mesmo idêntico ao rotor da máquina de indução trifásica.

Uma tensão CA aplicada ao enrolamento de estator da máquina monofásica


produzirá uma distribuição de fluxo de entreferro pulsante e não girante como na máquina
trifásica. Visto que há uma única bobina na qual circula uma corrente alternada, o
raciocínio mostra que o fluxo no entreferro é caracterizado por ser fixo no espaço e de
módulo variável.

A figura abaixo mostra o campo magnético resultante do enrolamento distribuído


ao redor do estator de um motor CA monofásico, tendo um sentido instantâneo da
esquerda para a direita. Como o enrolamento de estator é submetido a uma tensão de
variação senoidal, o campo mostrado será pulsante na direção horizontal.

Notas de aulas 331


2021/2

A variação no tempo do campo produzido pelo estator induzirá, por ação de


transformação, tensão e consequente corrente no rotor, com o sentido instantâneo
mostrado na figura acima. De acordo com a Lei de Lenz, as correntes que circulam nos
condutores do rotor (destacando os condutores A e B), tem o sentido mostrado na figura
e produzem um campo magnético de rotor, com variação também senoidal, porém
defasado de 180 graus em relação ao fluxo indutor. O torque produzido pelos condutores
da parte superior da figura são equilibrados pelo torque produzido pelos condutores da
parte inferior. Assim nenhum torque eletromagnético é produzido.

torque resultante nulo.

Como então se dá a produção de torque?

Teoria do duplo campo magnético girante:

Qualquer torque periódico oscilante ou pulsante, como o mostrado na figura


acima, também pode ser representado como constituído de dois torques girando em
oposição e tendo campos de igual magnitude e velocidade angular, porém de sentido
contrário, conforme mostrado na figura abaixo.

Notas de aulas 332


2021/2

Se um campo magnético girante, produz num rotor em gaiola, um torque como


aquele conhecido para o motor trifásico, dois campos girantes, produzirão dois torque,
idênticos e defasados de 180 graus entre si, conforme mostrado abaixo.

Analisando a figura acima, observa-se que o torque é nulo apenas para a


velocidade de rotor zero, ou seja, para o escorregamento unitário. Para qualquer outro
ponto haverá um torque líquido diferente de zero.

O torque resultante para o motor monofásico é nulo apenas para o escorregamento


unitário e para a velocidade síncrona em qualquer sentindo de rotação. Uma vez posto
para girar num dado sentido, o motor monofásico continuará a girar nesse sentido devido
ao torque liquido resultante.

A seguir mostramos que, uma vez que teve início a rotação, o motor monofásico
de fato desenvolve torque no sentido da rotação e mantem o movimento.

Teoria dos campos cruzados:

A figura adiante mostra o mesmo motor da figura anterior posto para girar por
meios externos, no sentido horário.

Se o fluxo do estator tem um sentido instantâneo como o mostrado na figura


acima, é induzida uma f.e.m. como resultado do movimento relativo entre os condutores
Notas de aulas 333
2021/2
do rotor e o campo magnético pulsante do estator. Esta f.e.m. é chamada de f.e.m. de
movimento para distinguir da f.e.m. de transformação anteriormente mostrada.

O campo pulsante é estacionário já que é produzido pelo estator. Diferentemente


do motor de indução trifásico, a frequência da corrente de rotor, relativa à f.e.m. de
velocidade, induzida nos condutores do rotor de um motor em funcionamento, é elevada
já que é proporcional à velocidade, assim a reatância do rotor também é elevada.

Enquanto a f.e.m. de velocidade é produzida nos condutores do rotor no instante


representado na figura acima, não circulará corrente no rotor até uma posição de
praticamente 90 graus elétricos decorridos, já que a corrente induzida estará praticamente
90 graus atrasada da tensão induzida, visto que o rotor é muito indutivo devido à elevada
frequência. Quando então circular corrente pelo rotor será produzido um fluxo de rotor
ϕR, com sentido para baixo, como mostrado na figura acima. Assim, o fluxo pulsante do
estator e o fluxo pulsante do rotor estão defasados no espaço por 90 graus e também
defasados no tempo por 90 graus. Isso resulta em um campo magnético girante
continuado, conforme mostrado na figura abaixo.

Então, ao se iniciar o movimento do rotor:

1) O campo pulsante, em quadrantura, do rotor reage contra o campo pulsante


principal para produzir um campo magnético resultante.
2) O campo magnético resultante é um campo magnético girante,
razoavelmente constante, sendo que a sua rotação se dá no mesmo sentido
daquela do rotor.
3) Um rotor do tipo gaiola continuará a girar, produzindo um torque como no
motor de indução, num campo magnético “girante”, uma vez que tenha tido
inicio a f.e.m. de velocidade.

A questão é como iniciar a rotação do motor de indução monofásico?

Vejamos algumas formas de partida dos motores de indução monofásicos>

Notas de aulas 334


2021/2
1) Motores de fases divididas:

Os motores de fase dividida apresentam dois enrolamentos no estator: o


enrolamento principal ou enrolamento de trabalho e o enrolamento auxiliar ou
enrolamento de partida. Esses dois enrolamentos estão instalados no estator de forma que
produzam fluxos defasados de 90 graus um do outro, ou seja, os enrolamentos estão
defasados no espaço do estator por 90 graus.

O enrolamento auxiliar possui uma relação mais elevada entre a resistência e a


reatância do que o enrolamento principal. A consequência é que as duas correntes estarão
fora de fase.

Como a corrente do enrolamento auxiliar está adiantada em relação à corrente do


enrolamento principal, o campo do estator atinge primeiro o máximo no eixo do
enrolamento auxiliar e então, um pouco depois, atinge o máximo no eixo do enrolamento
principal. O resultado é um campo magnético girante, ainda que um tanto disforme, mas
capaz de produzir torque de partida no motor. Após entrar em movimento surgirá o campo
magnético girante dos campos cruzados de estator e rotor que garantem a continuidade
do movimento.

Usualmente os motores monofásicos possuem uma chave centrifuga no eixo onde


sua força centrífuga, proporcional à velocidade de rotação do eixo, se contrapõe a força
de uma mola, de forma que, mediante ajuste, a chave atua abrindo o circuito do
enrolamento auxiliar após a máquina atingir velocidade superior a 75 % da nominal.

Os motores de fase dividida possuem torques de partida moderados e uma baixa


corrente de partida. São largamente utilizados em ventiladores, sopradores, bombas

Notas de aulas 335


2021/2
centrifugas, e equipamentos domésticos e de escritório. As potências geralmente variam
de 50 a 500 Watts. Nessa faixa de potência são os motores de menor custo.

2) Motores com capacitores:

O motor com partida a capacitor também é um motor de fase dividida, mas o


deslocamento de fase no tempo entre as duas correntes é obtido por meio de um capacitor
em série com o enrolamento auxiliar.

Notas de aulas 336


2021/2

Ligações do Motor Monofásico:

Os motores têm seus enrolamentos representados conforme a figura abaixo.

A determinação dos enrolamentos principais e auxiliar é realizada com um ohmímetro.


Mede-se a R de cada bobina. A que apresentar maior valor é a auxiliar.

Polarização das bobinas principais A polaridade do enrolamento principal pode ser


realizada através da Figura adiante. Após inverter uma das bobinas e medir a corrente
novamente, deve-se aplicar os números 1, 2, 3 e 4, respectivamente, à ligação das bobinas que
apresentar a menor corrente.

Tensões de funcionamento:

O motor monofásico permite dois tipos de alimentação diferentes, conforme


apresentado na a seguir.

Notas de aulas 337


2021/2

Inversão de rotação.

Para inversão do sentido de giro do motor, basta inverter a ligação do enrolamento


auxiliar. Tal ação fará o campo ter outro sentido, se antes sentido horário, ao inverter a ligação
do enrolamento, será sentido anti-horário. A próxima figura mostra a reversão para ambas as
tensões.

Resumindo:

Notas de aulas 338


2021/2

Notas de aulas 339


2021/2

Notas de aulas 340


2021/2

Notas de aulas 341


2021/2

Notas de aulas 342


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Notas de aulas 343


2021/2

Leitura recomendada:

12) DEL TORO, cap 9


13) FITZGERALD, cap 9
14) FALCONE, itens 6.19

Notas de aulas 344


2021/2

GERADOR ASSÍNCRONO

As curvas de torque em função do escorregamento indicam que o torque é


proporcional ao escorregamento. Na região da curva após o torque máximo, quando o
escorregamento decresce, o torque também decresce, de forma que para um
escorregamento igual a zero o torque também é igual a zero. Isso nos leva a concluir que
se o escorregamento for negativo o torque também será negativo, o que é fato. Torque
negativo significa torque contrário ao movimento. O torque eletromagnético produzido
pelas máquinas elétricas rotativas é contrario ao movimento na ação geradora.

Pela equação do torque, o escorregamento será negativo quando a velocidade do


rotor n for maior que a velocidade do campo girante. Ou seja, quando o rotor girar a uma
velocidade acima da velocidade síncron

a.

Isso somente é possível com uma máquina primária girando o rotor da máquina
de indução a uma velocidade maior que a velocidade do campo magnético girante.

Adiante estão mostradas fotos de uma usina com turbinas hidráulicas e geradores
de indução. Usina Picolli no município gaúcho de Santo Ângelo das Missões.

Notas de aulas 345


2021/2

Notas de aulas 346


2021/2
A ação geradora assíncrona é bastante simples, basta acionar a máquina acima da
velocidade do campo girante. A única dificuldade está no controle da velocidade da
máquina primária para o preciso ajuste de velocidade de rotação, pois a faixa de variação
de escorregamento desde a vazio até a plena carga da máquina é muito pequena, já que o
escorregamento nominal das máquinas assíncronas é da ordem de 0,02 a 0,04. Pequenas
variações na velocidade de rotor produzem grandes variações na corrente de armadura da
máquina.

Quando se fala em geração assíncrona, tem-se também que considerar a questão


do fluxo de reativo. Ao contrário das máquinas síncronas, onde o fluxo de reativo é
controlado pela corrente de excitação, na máquina de indução o reativo é fixo e sempre
drenado da rede.

Notas de aulas 347


2021/2
Como o reativo necessário à magnetização provem da rede, fica inviável se pensar
em utilizar tecnologia assíncrona em sistemas isolados. É possível se produzir excitação
por capacitores conjuntamente com dispositivos de controle a estado sólido, porem a
regulação de tensão da máquina se mostra muito pobre, necessitando uma grande carga
de tecnologia para controle de tensão. Também o controle de velocidade, quando em
sistemas isolados onde a máquina suporta constantes variações de carga, torna-se um
complicador.

Assim, a máquina assíncrona como gerador é viável para operação em paralelo


com sistemas elétricos fortes, operando de forma on-off, ou seja, com ajuste de velocidade
constante e fator de potência unitário por meio de banco de capacitores fixo.

Leitura recomendada:

1) Kosow, ítem 9.22


2) FALCONE, itens 6.6

Notas de aulas 348


2021/2

Exercícios Resolvidos

01)

02)

03)

Notas de aulas 349


2021/2

04)

Notas de aulas 350


2021/2

05)

Notas de aulas 351


2021/2

06)

Notas de aulas 352


2021/2

07)

Notas de aulas 353


2021/2
Exercícios Propostos

1) Um motor de indução trifásico, 5 HP, 208 V, 60 Hz, gira a 1746 rpm a plena carga.
Determinar:
a) O escorregamento correspondente à velocidade nominal.
b) A frequência da corrente induzida no rotor.
c) A velocidade do campo magnético do rotor em relação:
i) a carcaça;
ii) ao campo magnético do estator;
iii) ao rotor.

Resp.: a) 0,03 b) 1,8 Hz c) i) 1800 rpm ii) 0 rpm iii) 54 rpm

2) Um motor de indução trifásico, 10 HP, 208 V, 60 Hz, 6 polos, rotor de anéis,


enrolamentos do estator e do rotor ligados em estrela, razão do numero de espiras
estator/rotor igual a 1/0,5, e alimentado por uma rede trifásica, 208 V, 60 Hz e gira a 1140
rpm. Determinar:
a) A tensão induzida no rotor por fase e a frequência da tensão induzida, sabendo-se que
a queda de tensão estática e desprezível.
b) A velocidade (em rpm) do campo magnético do rotor em relação ao rotor e em relação
à carcaça.
c) Se os terminais do estator são curto-circuitados e os terminais do rotor são, agora,
conectados a uma fonte trifásica, 208 V, 60 Hz, com o motor operando a 1164 rpm.
i) Determine a direção de rotação do motor em relação ao campo girante;
ii) Determine a tensão induzida no estator por fase e sua frequência.

Resp.: a) 3 V e 3 Hz b) 60 rpm e 1200 rpm c) i) direção oposta ii) 7,2 V e 1,8 Hz

3) O rotor de um MIT de anéis, 8 polos, 60 Hz, 208 V, tem 60% do numero de espiras do
estator por fase. O estator e ligado em delta e o rotor em estrela, tendo seus terminais
trazidos a anéis coletores. Calcule a frequência do rotor e a tensão entre anéis nas
seguintes condições:
a) Rotor bloqueado.
b) Rotor com o escorregamento nominal de 9%.
c) O rotor e acionado por outro motor no sentido oposto ao do campo girante do
estator a uma velocidade de 600 rpm.

Resp.: a) 216,154 V; 60 Hz b) 19,454 V; 5,4 Hz c) 360,267 V, 100 Hz

4) Um MIT, 60 Hz, 6 polos, 220 V, rotor bobinado, tem seu estator conectado em
triangulo e seu rotor, em estrela. O rotor tem a metade do numero de espiras do estator.
Calcule a tensão induzida no rotor e sua frequência se a tensão nominal e aplicada ao
estator e:
a) o rotor esta em repouso.
b) o escorregamento e 0,04.
c) o rotor e dirigido por outra maquina a 800 rpm na direção oposta aquela do campo
girante.

Resp.: a) 110 V e 60 Hz b) 4,4 V e 2,4 Hz c) 183,3 V e 100 Hz

Notas de aulas 354


2021/2

5) O rotor de um MIT, 60 Hz, 4 polos, consome 120 KW a 3 Hz. Determinar:


a) A velocidade do rotor.
b) As perdas no cobre do rotor.

Resp.: a) 1710 rpm b) 6 KW

6) Um MIT, 60 Hz, 6 polos, consome 48 KW a 1140 rpm. A perda no cobre do estator e


1,4 KW, a perda no núcleo do estator e 1,6 KW e a perda mecânica rotacional e 1 KW.
Calcular o rendimento do motor.

Resp.: 86,98 %

7) Um MIT, 60 Hz, 460 V, entrega potencia de 100 HP a uma velocidade de 1746 rpm.
Determinar o rendimento do motor se as perdas rotacionais são de 2700 W, as perdas no
cobre do estator são de 2800 W e as perdas no ferro, 600 W.

Resp.: 89,78 %

8) Um MIT, 440 V, 60 Hz, 6 polos, solicita 50 KVA a um fator de potencia de 0,8 e


escorregamento de 2,6%. As perdas no cobre do estator são de 0,5 KW, as perdas no
ferro, 1 KW e as perdas rotacionais, 1,5 KW. Calcular:
a) As perdas no cobre do rotor.
b) A potencia no eixo.
c) O rendimento.
d) O torque no eixo.

Resp.: a) 1001 W b) 35,999 KW c) 89,99% d) 294,127 N.º

9) Um MIT, 460 V, 60 Hz, produz 100 HP no eixo a 1746 rpm. Determine o rendimento
do
motor se as perdas rotacionais são 3500 W e as perdas no cobre do estator são 3000 W.
Resp.: 89,3%.

10) Um MIT, 460 V, 100 HP, 60 Hz, 6 polos, e operado com um escorregamento de -3%
a
plena carga.
a) Determine a velocidade do motor e a sua direção relativa ao campo girante.
b) Determine a frequência do rotor.
c) Determine a velocidade do campo do estator.
d) Determine a velocidade de campo do entreferro.
e) Determine a velocidade do campo do rotor com relação:
i) a estrutura do rotor;
ii) a estrutura do estator;
iii) ao campo girante do estator.

Resp.: a) 1236 rpm, mesma direção do campo girante b) 1,8 Hz c) 1200 rpm d)
1200 rpm e) i) -36 rpm ii) 1200 rpm iii) 0 rpm.
11) Um MIT, Y, 4 polos, 220 V, 10 HP, desenvolve seu torque no entreferro a plena

Notas de aulas 355


2021/2
carga a um escorregamento de 3,6% operando a 60 Hz e 208 V. Os parâmetros do motor
por fase são:
R1 = 0,34 Ω, X1 = X2 = 0,46 Ω, Xm = 15,2 Ω
As perdas rotacionais são desprezadas. Determine:
a) a resistência do rotor R2.
b) o torque máximo e o escorregamento para o qual ele ocorre.
c) o torque de partida se a partida ocorre à tensão nominal.
d) o torque de partida se a partida ocorre a 127 V.

Resp.: a) 0,159 b) 83,939 Nm e 0,164 c) 32,328 Nm d) 12,052 Nm

12) Um motor de indução trifásico, 208 V, 60 Hz, apresenta os seguintes resultados de


Ensaio:
Teste de rotor travado: 44 V, 60 Hz, 25 A, 1250 W
Teste a vazio: 208 V, 60Hz, 6,5 A, 500 W
A resistência media medida por meio de uma ponte cc entre os terminais do estator é
0,54 Ω. Considere o motor ligado em Y e que as reatâncias do rotor e do estator são
iguais. Determine:
a) parâmetros do circuito equivalente
b) potencia de saída em HP quando s=0,1. (1HP=746W)

Resp.: a) R1=0,27 Ω, R2=0,397 Ω, X1=X2=0,383 Ω, Xm=17,67 Ω b) 10,67 HP

13) Para se obtiver um alto conjugado de partida num motor de indução rotor gaiola,
utiliza-se um rotor de dupla gaiola. As formas das ranhuras e das barras das duas gaiolas
são mostradas na Figura 1. A gaiola externa tem uma resistência maior do que a da gaiola
interna. Na partida, por causa do efeito pelicular, a influencia da gaiola externa
predomina, produzindo então um alto conjugado de partida. Um circuito equivalente
aproximado para o motor deste tipo e dado na Figura 2. Supondo que, para certo
motor, tem-se os seguintes valores por fase:

Ri = 0,1 Ω, Xi = 2 Ω, Re = 1,2 Ω, Xe = 1 Ω
Determine a razão dos conjugados provenientes das duas gaiolas para
i) partida;
ii) um escorregamento de 2%
Resp.: 0,05; 10,34

Notas de aulas 356


2021/2
14) “A inversão de duas fases provoca a inversão de rotação do motor”. Demonstre
matematicamente.

15) Uma tensão bifásica equilibrada é aplicada a bobinas idênticas, cujos eixos estão
deslocados de 90o no espaço. Deduza a expressão para forca magneto motriz resultante.
Considere que a bobina produz uma distribuição de campo senoidal.

16) Explique o funcionamento da maquina de indução.

17) Um motor de indução trifásico (MIT) apresenta as seguintes características:


5 hp, 208 Vff, 60 Hz, n = 1746 rpm, s = 3,0%. Calcule:
a) numero de polos;
b) frequência da corrente do rotor;
c) velocidade do campo do estator em rpm.

Respostas: a) p = 4; b) f2 = 1,8 Hz; c) nas = 1800 rpm

18) Um motor de indução trifásico (MIT) apresenta as seguintes características:


460 Vff, 100 hp, 60 Hz, 6 polos, s = 3,0%. Calcule:

a) velocidade do rotor;
b) frequência da corrente do rotor;
c) velocidade do campo do estator em rpm.
Respostas: a) n = 1164 rpm; b) f2 = 1,8 Hz; c) ns = 1200 rpm

19) Repita o exercício anterior para s = -3,0%.

Respostas: a) n = 1236 rpm; b) f2 = 1,8 Hz; c) ns = 1200 rpm

20) Um motor de indução trifásico com 280 Vff, 60 Hz, 20 hp, 4


polos e parâmetros iguais a

R1 = 0,12 Ω; R2 = 0,1 Ω; X1 = X2 = 0,25 Ω; Xmag = 10,0 Ω; Prot = 400 W e s = 5,0%.


Calcule:

a) velocidade do rotor;
b) corrente do motor;
c) Perdas no cobre do estator;
d) Potencia de entreferro;
e) Perdas no cobre do rotor;
f) Potencia mecânica e a potencia no eixo;
g) Rendimento.
Respostas: a) n = 1710 rpm; ω = 179 rad/s b) I1 = 75,84 A c) P1 = 2.070,97 W

d) Pentreferro = 31.644 W e) P2 = 1.582 W f) Pmec = 30.061,8 W; Pout = 29.661,8


W
g) η = 87,98 %

Notas de aulas 357


2021/2
21) Um motor de indução trifásico, 60 Hz, gira a 890 rpm sem carga. A velocidade cai
para 840 rpm quando é aplicada carga nominal. Determinar o escorregamento a plena
carga (Resp.: s = 0,067 pu).

22) Um motor de indução, 6 polos, 50 kW, 440 Vff, 50 Hz, gira com escorregamento de
6,0% quando opera a plena carga. Nessas condições as perdas por atrito e ventilação são
iguais a 300 W (cada uma) e as perdas no núcleo do estator e rotor são iguais a 600 W
(cada uma). Determinar os seguintes valores na operação com carga nominal:

a) velocidade nominal (Resp: 940 rpm).


b) frequência do rotor em Hz (Resp: 3 Hz).

Notas de aulas 358


2021/2

Esperando que o material tenha sido útil e que a Disciplina de Máquinas Elétricas tenha
contribuído na formação profissional de vocês, me despeço, permanecendo à disposição
de todos se puder participar em algo mais em vossa formação.

Deus os abençoe a todos!

Prof. Rondina

Notas de aulas 359

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