Você está na página 1de 24

24/09/2022 16:42 UNINTER

CONVERSÃO ELETROMECÂNICA
DE ENERGIA
AULA 1

Prof. Ricardo Soares Cavassin


https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

CONVERSA INICIAL

Para o estudo de conversão eletromecânica de energia, é fundamental


o conhecimento dos

conceitos de magnetismo que envolvem este estudo.

Nesta aula, trabalharemos os circuitos magnéticos e suas


semelhanças com circuitos elétricos,

assim como os conceitos de densidade de


fluxo magnético e intensidade de campo. Veremos as

características dos
materiais magnéticos utilizados nos circuitos magnéticos, um pouco do
comportamento em corrente alternada e, finalmente, o comportamento e as características
dos ímãs

permanentes.

TEMA 1 – INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS MAGNÉTICOS

Para a solução de campos magnéticos quando das aplicações


práticas, utilizamos as equações de

Maxwell associadas às propriedades


específicas dos materiais. Normalmente, não é possível que

sejam encontradas as
soluções exatas, mas o uso de suposições facilitadoras permite a obtenção de
soluções úteis para a engenharia.

1.1 CIRCUITO MAGNÉTICO

Segundo Umans (2014), uma das suposições simplificadoras


envolve o conceito de circuito

magnético. A solução da intensidade de


campo magnético H e da densidade de fluxo magnético B

pode ser reduzida a um


circuito equivalente com solução de padrão de exatidão perfeitamente
aceitável
na engenharia.

Basicamente, um circuito magnético é composto por um


material de permeabilidade elevada

com o objetivo de confinar o fluxo magnético


em sua estrutura, analogamente ao que acontece com

os circuitos elétricos que


têm sua corrente elétrica circulando no condutor.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

A Figura 1 mostra um circuito magnético básico com o núcleo


composto de um material

magnético de permeabilidade magnética muito maior do


que a do ar , considerando que

 é a permeabilidade no vácuo. Este


núcleo de seção uniforme tem em seu entorno

um enrolamento de N espiras
pelas quais passam i ampères. É este enrolamento que produzirá o

campo
magnético no núcleo.

Figura 1
– Circuito magnético simples

No circuito apresentado, o campo magnético do núcleo é


gerado pelo produto de Ni,

representado em ampère-espiras (Ae),


que representa em um circuito magnético a força

magnetomotriz (FMM) F que


atua no circuito magnético.

O fluxo magnético Φ que atravessará a superfície S é


determinado da seguinte forma:

 (1.1)

No SI, a unidade de fluxo magnético é o weber (Wb).

A superfície considerada é fechada e sabe-se que o fluxo


magnético líquido que entra ou sai de

uma superfície fechada é igual a zero.


Dessa forma, pode-se afirmar que o fluxo líquido é o mesmo

em qualquer seção
reta do núcleo. Assim, podemos escrever a equação do fluxo da seguinte forma:

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

 (1.2)

Onde:

 = fluxo no núcleo;

 = densidade do fluxo no núcleo;

 = área de seção reta do núcleo.

Outra relação pode ser


escrita, que envolve a FMM atuante no circuito magnético e a

intensidade de
campo magnético H:

 (1.3)

Sabendo-se que qualquer caminho no núcleo tem comprimento


aproximadamente igual ao

comprimento médio IC. Assim, o


resultado da integral é simplesmente o produto escalar HCIC.
A

relação entre a FMM e H passa a ser escrita como:

 (1.4)

Onde HC é o módulo médio de H no


núcleo.

De forma bem simples, pode-se determinar o sentido de HC


no núcleo pela regra da mão direita

que pode ser enunciada considerando a corrente


em um condutor ou em uma bobina.

No caso de um condutor, pode-se observar na Figura 2 que


considerando a corrente circulando

por um condutor, segurando-o com a mão


direita, com o polegar apontando para o sentido da
corrente, os demais dedos
indicarão sentido do campo magnético gerado por esta corrente.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Figura 2
– Regra da mão direita: condutor

Créditos: FRIDAS/Shutterstock.

De modo análoga, se uma bobina for segurada com a mão


direita com os dedos indicando o

sentido da corrente, o polegar indicará o


sentido do campo magnético, como mostrado na Figura 3.

Figura 3
– Regra da mão direita: bobina

Créditos: MORPHART CREATION/Shutterstock.


https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

A propriedade intrínseca do material em que o campo


magnético está, denominada de

permeabilidade magnética, pode ser


encontrada pela relação entre a intensidade de campo

magnético H e a
densidade de fluxo magnético B. Dessa forma, temos:

 (1.5)

O valor da permeabilidade dos materiais magnéticos é


expresso em termos relativos, µr e

permeabilidade utilizada como


referência é a do vácuo:

 (1.6)

Sendo assim, a permeabilidade dos materiais magnéticos é:

 (1.7)

A Figura 1 pode representar


muito bem um transformador, já que são enrolados em núcleos

fechados. Porém,
alguns dispositivos de conversão de energia que contêm elementos móveis devem
incluir entreferros de ar em seus circuitos magnéticos, como mostrado na Figura
4.

A análise desse entreferro no circuito magnético deve ser


realizada de acordo com o
comprimento do entreferro g. Se g for
muito menor do que as dimensões das faces adjacentes, sua

interferência na
análise é mínima e pode-se fazê-la utilizando as técnicas de análise de
circuitos.
Nesse caso, o fluxo magnético ΦC seguirá o caminho
determinado pelo núcleo e pelo entreferro. A

configuração da Figura 4 pode ser


analisada como um circuito com dois componentes em série
conduzindo o mesmo
fluxo, sendo um com permeabilidade µ, área AC e
comprimento lC e outro com

permeabilidade µ0,
área Ag e comprimento g.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

No núcleo, temos:

 (1.8)

No entreferro, temos:

 (1.9)

Figura 4
– Circuito magnético com entreferro de ar

Para este circuito, a equação 1.4 passa a ser escrita da


seguinte forma:

 (1.10)

E, considerando a relação linear entre B e H da equação 1.5,


temos:

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

 (1.11)

Dessa forma, podemos ver que


parte da força magnetomotriz é necessária para produzir campo
magnético no
núcleo e parte dela produz campo magnético no entreferro.

Prosseguindo com a análise


das equações 1.8 e 1.9, podemos reescrever a equação 1.11 como:

 (1.12)

Os termos da equação, que são multiplicados pelo fluxo, são


conhecidos como relutâncias do
núcleo e do entreferro.

 (1.13)

 (1.14)

Então,

 (1.15)

Após este desenvolvimento, podemos fazer uma analogia entre


os circuitos elétrico e magnético:

Figura 5
– Analogia entre os circuitos elétrico e magnético

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Dessa forma, considerando a relutância total Rtot,


o fluxo magnético pode ser encontrado por:

 (1.16)

O inverso da relutância é definido como a permeância, que


multiplica a força magnetomotriz em
um material. A permeância total do circuito
é:

 (1.17)

Mostramos na formulação das


equações relativas aos circuitos magnéticos suas semelhanças aos

circuitos
elétricos nos seguintes pontos:

A força magnetomotriz F é análoga à tensão no circuito elétrico;


O fluxo Φ análogo à corrente elétrica;

As
relutâncias do núcleo Rc e do entreferro Rg análogas às
resistências do circuito elétrico.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Podemos afirmar então que da mesma forma que uma tensão V


impulsiona uma corrente
elétrica I através de resistores R1 e R2 em
um circuito elétrico, a força magnetomotriz F impulsiona

um fluxo Φ através da
combinação das relutâncias Rc e Rg, respectivamente, no
núcleo e do

entreferro.

TEMA 2 – FLUXO CONCATENADO, INDUTÂNCIA E ENERGIA

A lei de Faraday diz que a variação de um campo magnético no


tempo produz um campo

elétrico no espaço que atende à uma equação de Maxwell.

Na equação 2.1, podemos ver que a integral de linha da


intensidade de campo elétrico E ao

longo de um contorno fechado C


é igual à razão no tempo da variação do fluxo magnético que passa
através
daquele contorno.

Quando as estruturas magnéticas são compostas por


enrolamentos, elas têm alta condutividade
elétrica. Verifica-se que o campo
elétrico no fio condutor é muito pequeno, podendo inclusive ser

desprezado.
Assim, o primeiro membro da equação 2.1 fica reduzido ao valor negativo da
tensão
induzida e nos terminais do enrolamento. Ainda na equação 2.1, o segundo
membro tem o
predomínio do fluxo do núcleo Φ e como o enrolamento e
consequentemente o contorno C

concatena o fluxo do núcleo N vezes a equação 2.1


passa a ser

Em que γ é o fluxo concatenado do enrolamento que é definido


como:

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

A unidade de fluxo concatenado é o weber ou se


considerarmos de forma equivalente, weber-

espira. O φ representa o valor


instantâneo de um fluxo variável no tempo.

Sabe-se que o fluxo concatenado em uma bobina pode ser


determinado pela integral de
superfície da componente normal de densidade de
fluxo magnético, e essa integração deve ser

realizada sobre qualquer superfície


delimitada pela bobina. Observamos também que na equação 2.1
é definido o
sentido da tensão induzida e, sendo que se curto-circuitarmos os
terminais do

enrolamento, a corrente que circularia pelo enrolamento se oporia


à variação do fluxo concatenado.

Nos circuitos magnéticos compostos por materiais de


permeabilidade constante ou que tenham
um entreferro dominante, a relação entre
γ e i é linear e assim pode-se definir a indutância
como

 (2.4)

Então, considerando as equações 1.3, 1.16 e 2.3, temos:

(2.3)

Esta equação nos mostra que a


indutância do enrolamento de um circuito magnético é

proporcional ao quadrado
do número de espiras e inversamente proporcional à relutância total do
circuito
magnético associado a este enrolamento.

No estudo dos circuitos


magnéticos, consideramos que a fração de força magnetomotriz

necessária para
impulsionar o fluxo através das diversas partes do circuito magnético pode ser

chamada de queda de FMM, e ela varia proporcionalmente à sua relutância,


da mesma forma que no

circuito elétrico a queda de tensão varia


proporcionalmente à resistência.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Na equação 1.13 vista


anteriormente, pode-se perceber que a alta permeabilidade do material
resulta
em uma baixa relutância que será muito inferior à do entreferro, sendo assim:
para µAc/Ic

 µ0Ag/g
e, consequentemente, Rc Rg
e assim Rtot Rg.
Dessa forma, pode-se desprezar a relutância

do núcleo e o fluxo pode ser obtido


por:

Considerando então a equação


2.6 e supondo que a relutância do núcleo seja desprezível em
comparação com a
do entreferro, a indutância do enrolamento passa a ser:

 (2.7)

A indutância é medida em
Henrys (H) ou em weber-espiras por ampere. Na equação 2.7, pode-
se evidenciar
que a indutância é proporcional ao quadrado do número de espiras, a uma

permeabilidade magnética e à área de seção reta e inversamente proporcional ao


comprimento.

Por considerar, neste estudo,


uma relação linear entre a FMM e o fluxo, esta indutância não pode

ser aplicada
em casos não lineares. Em muitas situações de ordem prática, determina-se a
indutância

do sistema pela do entreferro e os efeitos não lineares dos


materiais magnéticos podem ser
ignorados.

TEMA 3 – PROPRIEDADES DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS

Em se tratando de
dispositivos de conversão eletromecânica de energia, os materiais magnéticos

têm relevância dupla. Por um lado, obtêm-se elevadas densidades de fluxo


magnético com uma força

magnetizante relativamente baixa. Este papel é de


fundamental importância no desempenho dos

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

dispositivos de conversão, já que as


forças magnéticas e a densidade de energia se elevam com o

aumento da densidade
de fluxo.

Outro ponto a se considerar é


que estes materiais magnéticos podem ser usados para delimitar

e direcionar os
campos magnéticos em caminhos muito bem definidos. No caso dos
transformadores,
por exemplo, eles maximizam o acoplamento entre os enrolamentos e reduzem a

corrente de excitação requerida para a operação do equipamento. Nas máquinas


elétricas, os

materiais magnéticos dão forma aos campos para que seja produzido
o conjugado necessário e para
que se obtenha as características elétricas
necessárias nos terminais.

3.1 MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS

Esses materiais são em geral


compostos de ferro e de suas ligas com cobalto, tungstênio, níquel,

alumínio e
outros metais. Apesar de serem caracterizados por propriedades distintas, os
fenômenos

básicos responsáveis por estas propriedades são comuns a eles.

Da mesma forma que ocorre com


os materiais condutores quando não estão submetidos a uma
corrente elétrica,
estes materiais, quando não magnetizados, têm os momentos magnéticos dos

domínios orientados aleatoriamente, e o fluxo magnético líquido resultante no


material é zero.

Ao ser aplicada uma força


magnetizante externa no material, os momentos dos domínios

tendem a se alinhar
com o campo magnético aplicado, e assim os momentos dos domínios somam-

se ao
campo aplicado, produzindo uma densidade de fluxo mais elevada do que a
existente devido à

força magnetizante.

Considerando estes
parâmetros, concluímos que a permeabilidade efetiva µ do material é a
razão
entre a densidade de fluxo total e a intensidade de campo magnético aplicado. À
medida que

aumentamos a força magnetizante, este efeito continua até que todos


os momentos magnéticos

estejam devidamente alinhados. A partir deste ponto, não


podendo mais aumentar a densidade de

fluxo, dizemos que o material está


completamente saturado.

Figura 6
– Domínios magnetizados em materiais ferromagnéticos

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Créditos: OSWEETNATURE/Shutterstock.

Segundo Umans (2014), outro


efeito pode ser observado na ausência de uma força
magnetizante externamente
aplicada. Nestes casos, os momentos magnéticos tendem a se alinhar de

forma
natural segundo direções associadas à sua estrutura cristalina, conhecidas como
eixo de mais

fácil magnetização. Dessa forma, se a força magnetizante


aplicada for reduzida, os momentos
magnéticos dos domínios relaxam-se, indo
para direções de mais fácil magnetização, próximas da

direção do campo
aplicado. No limite, quando o campo magnético é reduzido a zero, os momentos

dos dipolos magnéticos, ainda que tendam a assumir suas orientações iniciais,
não são mais

totalmente aleatórios em suas orientações. Eles retêm um


componente de magnetização líquida na
direção do campo aplicado, efeito
responsável pela histerese magnética.

  Ainda segundo Umans (2014), devido ao efeito da histerese,


a relação entre B e H em um
material ferromagnético
não é linear, é chamada de plurívoca. Como em geral as características
não

podem ser descritas de forma analítica, são apresentadas muitas vezes em


forma de gráficos

construídos por conjuntos de curvas determinadas


empiricamente, a partir de amostras de ensaios
com materiais.

A curva mais comum para


descrever um material magnético é a curva B-H ou laço de histerese.

Figura 7
– Curva B-H ou laço de histerese
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Créditos: FOUAD A. SAAD/ Shutterstock.

Neste gráfico, está demonstrada a relação entre a densidade


de fluxo magnético B e a força
magnetizante H. Pode-se obter esta
curva variando-se ciclicamente a força magnetizante aplicada

entre valores
constantes, iguais positivos e negativos. Depois de vários ciclos, as curvas B-H
formam

laços fechados, como mostrado na Figura 7. As setas indicam as


trajetórias descritas pela densidade B

quando a intensidade H
cresce e decresce.

Pode-se observar também que à


medida que o valor da intensidade magnética H aumenta, as

curvas começam a se
horizontalizar, o que indica que o material está entrando em saturação.

Outro fenômeno observado é


quando H decresce desde seu valor máximo até zero, B também
diminui, mas não chega a valer zero. Este fenômeno é resultado do relaxamento
das orientações dos

momentos magnéticos dos domínios, como já descrito


anteriormente. A conclusão é que quando H é

zero, resta a magnetização


remanescente.

Para as aplicações de
engenharia, é suficiente a descrição dos materiais por uma curva simples

com a
plotagem apenas dos valores máximos de B e H nas extremidades dos
laços de histerese.

TEMA 4 – EXCITAÇÃO CA

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Quando consideramos os
sistemas de potência CA, percebemos que as formas de onda de
tensão e de fluxo
são muito próximas de funções senoidais. Neste capítulo, serão abordadas para
os

materiais magnéticos, as características da excitação e das perdas que estão


associadas a uma

operação CA em regime permanente.

Para embasar o estudo,


usaremos como modelo um circuito magnético sem entreferro, ou seja,

de núcleo
fechado como mostrado na Figura 8.

Figura 8
– Circuito magnético de núcleo fechado

Créditos: Fouad A. Saad/Shutterstock.

Neste circuito magnético, o


comprimento médio do caminho magnético é Ic e a área de seção

reta é Ac. Além dessas considerações, como descrito


anteriormente, supomos que o fluxo φ(t) do

núcleo tem uma variação senoidal.


Dessa forma:

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

 (4.1)

Em que:

Φmax = amplitude máxima


do fluxo no núcleo φ em webers [wb];

Bmax = amplitude máxima


da densidade de fluxo Bc em teslas [T];

ω = frequência angular em radianos


= 2π.f;

f = frequência em hertz [Hz].

Lembrando a equação 2.2 , podemos considerar que a tensão


induzida no
enrolamento de N espiras é:

 (4.2)

Considerando que

 (4.3)

Quando tratamos de operações


em corrente alternada em regime permanente, em geral

estamos interessados nas


tensões e correntes em seus valores eficazes. Em uma onda senoidal, o
valor
eficaz tem a seguinte relação com os valores de pico:

 (4.4)

E assim sendo o valor eficaz da tensão induzida é:

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

 (4.5)

Segundo Umans (2014), a corrente de excitação Iφ


correspondente a uma FMM de excitação

Niφ(t) necessária para


produzir o fluxo φ(t) no núcleo. Em função das características não lineares dos

materiais magnéticos, ainda que o fluxo tenha características senoidais, a


corrente de excitação

correspondente a este fluxo terá características não


senoidais. Obtém-se a curva de corrente de

excitação em função do tempo


graficamente das características magnéticas do material do núcleo,

como podemos
observar na Figura 9.

Como Bc e Hc se relacionam com φ e iφ


pode-se desenhar o laço de histerese CA da Figura 9 em

termos de . As ondas senoidais da tensão


induzida e e do fluxo φ também estão
representadas na Figura 9.

Figura 9
– Fenômenos de excitação

Tensão, fluxo
e corrente de excitação Laço de histerese correspondente

Pelos gráficos da Figura 9, vemos que em todo instante t


o valor da corrente iφ correspondente a

um valor dado de
fluxo pode ser obtida pelo laço de histerese.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Observa-se, por exemplo, que no tempo t’ o fluxo é φ’ e a


corrente iφ’, da mesma forma no

tempo t” o fluxo é φ” e a corrente


correspondente é iφ”. O cuidado a se tomar na obtenção desses

valores é que pelo laço de histerese ser multivalorado, quando os valores do


fluxo forem crescentes

devemos buscar os valores crescentes do laço de


histerese e da mesma forma, quando os valores do
fluxo forem decrescentes,
devemos buscar os valores decrescentes no laço de histerese.

Percebe-se também que devido ao efeito de saturação, o


gráfico de histerese se achata e,

consequentemente, a forma de onda da corrente


de excitação apresenta picos acentuados. O valor

eficaz da corrente de
excitação pode ser encontrado pela equação:

 (4.6)

Os materiais magnéticos
usados em núcleos têm suas características descritas em volt-amperes
eficazes ao invés da curva de magnetização que relacione B e H.
Combinando as equações (4.5) e

(4.6), podemos determinar os volt-amperes


eficazes necessários para excitar o núcleo, a partir de uma

densidade de
fluxo especificada pela seguinte equação:

 (4.7)

Na equação 4.7, o produto AcIc


representa o volume do núcleo, o que nos mostra que o valor

necessário em volt-amperes
eficazes para excitar o núcleo com uma onda senoidal é proporcional à
frequência de excitação, ao volume do núcleo e ao produto da densidade do fluxo
de pico vezes a

intensidade eficaz do campo magnético.

Agora, de modo a normalizar


os valores de volt-amperes eficazes necessários para a

magnetização do
núcleo, consideramos a densidade de massa ρc do material e a massa
do núcleo

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

pode ser escrita como AcIcρc


e determinamos então o valor de volt-amperes eficazes por unidade de

massa Sa.

 (4.8)

Enfim, com a normalização dos


valores de Sa, a dependência passa ser agora apenas de Bmax

porque Hef já uma função de Bmax,


determinada pela forma do laço de histerese em uma frequência

qualquer.

Como resultado dessas


análises, as condições de excitação CA de um material magnético podem

ser
fornecidas pelos fabricantes em volt-amperes eficazes por unidade de
massa, e seus valores são
determinados através de ensaios de laboratório
com amostras de núcleo fechado do material.

A Figura 10 representa as
condições de excitação para um determinado material, obtidas por

ensaios em
laboratório.

Figura
10 – Volt-ampere por unidade de massa x Bmax

3.2 PERDA NO MATERIAL


https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Segundo Umans (2014), a


corrente de excitação fornece a FMM necessária para produzir o fluxo
no núcleo
e a potência associada com a energia do campo magnético do núcleo. Parte dessa
energia

é dissipada como perdas associadas ao aquecimento do núcleo, e o


restante aparece como potência

reativa associada ao armazenamento de energia no


campo magnético. Esta potência não é dissipada
no núcleo, ela é ciclicamente
fornecida e absorvida pela fonte de excitação.

Basicamente, são dois os


mecanismos de perdas associados às variações do fluxo nos materiais
magnéticos,
sendo o primeiro relacionado à natureza histerética do material e o segundo
relacionado

ao aquecimento ôhmico, devido às correntes induzidas no material do


núcleo.

Com relação à natureza


histerética do material, em um circuito magnético, uma excitação

variável no
tempo descreve o laço de histerese como já mostrado.

Quando o material é submetido


a um único ciclo, tem-se

 (4.9)

Como AcIc
é o volume do núcleo e a integral é a área do laço de histerese, concluímos que
para

um determinado ciclo, as respectivas perdas por histerese são


proporcionais à área do ciclo de

histerese e ao volume total do material e como


há perda de energia em cada ciclo, a potência das

perdas é proporcional também


à frequência de excitação aplicada.

As perdas relacionadas ao
aquecimento ôhmico estão relacionadas às correntes induzidas no

material do
núcleo. A lei de Faraday nos mostra que os campos magnéticos variáveis no tempo
dão
origem aos campos elétricos. Quando se trata dos materiais magnéticos, os
campos elétricos

resultam nas chamadas correntes parasitas, que circulam


no material do núcleo e se opõem às

mudanças de densidade de fluxo do material,


fazendo com que aumente a corrente no enrolamento

de excitação.

De modo a reduzir o efeito


destas correntes parasitas, as estruturas magnéticas são construídas
com chapas
finas laminadas e isoladas entre si.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

TEMA 5 – ÍMÃS PERMANENTES

Alguns materiais possuem um alto valor de magnetização


remanescente ou residual, que
corresponde a uma densidade de fluxo que
permanece atuando nele ainda que a FMM e

consequentemente a intensidade de
campo magnético sejam reduzidas a zero. Além do alto valor de
magnetização
remanescente, estes materiais possuem também uma alta coercitividade, que
representa a intensidade de campo magnético (proporcional à FMM) requerida para
reduzir a

densidade de fluxo do material a zero. Quanto menor a coercitividade,


mais fácil será desmagnetizar
o material. Materiais capazes de produzir bons ímãs
permanentes têm valores de coercitividade bem

acima de 1kA/m.

Como apresentado por Umans (2014), o significado da


magnetização remanescente é que ela
pode produzir um fluxo magnético em um
circuito magnético na ausência de excitação externa.

Uma medida útil da capacidade de desempenho de um ímã


permanente é o que chamamos de
produto energético máximo, que
corresponde ao maior produto B-H localizado em um ponto do

segundo quadrante
do laço de histerese do material. O funcionamento de um ímã permanente neste
ponto resulta em um menor volume de material necessário para produzir uma
determinada
densidade de fluxo no entreferro.

Considerando o circuito magnético da Figura 11, a densidade


de fluxo no entreferro pode ser
determinada por:

 (5.1)

E a intensidade de campo por:

 (5.2)

Figura
11 – Circuito magnético

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

Considerando que  e
multiplicando as equações 5.1 e 5.2, temos:

 (5.3)

Em que:

volmag é o volume do ímã;

volentreferro é o
volume do entreferro.

Na equação, surge o sinal negativo porque no ponto de


operação do circuito magnético, Hm,

que é o valor de H do ímã,


é negativo. Isolando o volume do ímã em 5.3, temos:

 (5.4)

Este resultado indica que para que se obtenha uma densidade


de fluxo desejada no entreferro,

pode-se minimizar o volume necessário do ímã


se ele for posto em operação no ponto onde ocorre

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/24
24/09/2022 16:42 UNINTER

o maior valor possível do


produto B-H, ou seja, o ponto de máximo produto energético (HmBm).

Este produto energético é uma medida que mensura o


desempenho do material e é

frequentemente encontrado tabulado em folhas de


dados e especificações de ímãs permanentes. Na
prática, estes resultados podem
ser usados em projetos de engenharia onde se necessita obter um
maior produto
energético com menor volume do ímã permanente associado.

FINALIZANDO

Nos tópicos apresentados, ficaram claras as semelhanças


entre os circuitos elétrico e magnético,
o que auxilia as análises dos
circuitos magnéticos.

Estudamos também os conceitos básicos do magnetismo,


já introduzindo o comportamento em
corrente alternada, que será a base para os
próximos estudos.

REFERÊNCIAS

UMANS, S. D. Máquinas Elétricas de


Fitzgerald e Kingsley. Porto Alegre: Grupo A, 2014.
Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580553741/>.
Acesso em: 19
dez. 2021

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/24

Você também pode gostar