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Muito embora o fluxo magnético Φ seja uma grandeza escalar, assumiremos como “linhas de
fluxo” a mesma direção da indução magnética B, uma vez que elas estão relacionadas pela
expressão:
r
Φ Bds
Uma analogia apropriada é o uso que fazemos de “setas” quando queremos representar a corrente
elétrica I num circuito elétrico. Nesse caso, também temos uma grandeza escalar I que segue o
caminho de numa grandeza vetorial, a densidade de corrente J. Lembrando que:
s
rr
I JdS
Numa definição mais rigorosa para exemplos bidimensionais, “linhas de campo” e “linhas de
fluxo” recebem o nome de linhas equipotenciais, as quais se referem ao potencial vetor
magnético A, que é definido por:
r r
BA
O Material Ferromagnético
Para entendermos o comportamento magnético de um material ferromagnético, vamos iniciar
com o que ocorre a nível atômico. Para tanto, vamos utilizar o modelo de Bohr para um átomo
simples composto do núcleo e de um elétron, conforme mostrado na fig. 2.
Sem nenhuma excitação externa, os momentos magnéticos dos domínios estão orientados
aleatoriamente, o que faz com que, em termo macroscópico, uma chapa de Fe, por exemplo, não
tenha um momento preferencial, uma vez que os momentos dos domínios se cancelam entre si.
Todavia, na presença de um campo magnético externo, os momentos magnéticos dos domínios
de um material ferromagnético tendem a se alinhar com esse campo e quanto maior o campo,
maior o número de domínios com os momentos alinhados. A figura 4 apresenta,
esquematicamente, essa dinâmica de alinhamento dos momentos magnéticos num material
ferromagnético.
Para ilustrar essa propriedade, a figura 5a mostra uma distribuição das linhas de campo de B no
ar (por exemplo, podemos imaginar que se trata do magnetismo da Terra). A presença de um
material ferromagnético altera essa distribuição, fazendo com que as linhas de campo passem
preferencialmente pelo material ferromagnético, o que é ilustrado na fig.5.b.
Para este início de curso, os materiais ferromagnéticos serão supostos lineares, isso significa que
a permeabilidade magnética μ será considerada constante, de forma que a relação
constitutiva B = µH seja linear. Na prática, essa relação é não-linear devido a duas
características dos materiais
Ferromagnéticos conhecidos por saturação magnética e histerese. Mas a não linearidade não será
tratada neste início de curso.
Fig.3: Indutor
1 - Núcleo Ferromagnético
2 - Bobina N espiras
3 - Seção Transversal
A fig.4.a, mostra a representação bidimensional desse indutor. Fazendo uma corrente I circular
pela bobina, no sentido indicado na fig.4.a, sabemos, pela “regra da mão direita”, que surge um
campo magnético H no interior do núcleo ferromagnético no sentido horário.
Vamos adotar um caminho médio ℓm, conforme indicado na figura 4b, e aplicar a equação de
Maxwell que rege essa situação, qual seja, ∫H.dℓ=NI . Considerando um campo magnético médio
Hm sobre o caminho ℓm, a integral toma a forma:
Hm. ℓm=NI
Sabemos, da relação constitutiva, que B = µH, assim:
Bℓ/µ = H
Multiplicando e dividindo o termo à esquerda pela seção transversal S do núcleo, temos
ℓBS/ µS=NI
Observando a equação mm é imediata a sua associação com a Lei de Ohm. De fato, se
fizermos uma analogia entre ambas, podemos construir a Tabela I apresentada a seguir:
L H dL NI
Considerando que H possui módulo constante ao longo do caminho médio L percorrido pelo
fluxo magnético Φ, mostrado na figura teremos:
N IH L
¿
H∝
l
H1l1
NI
Indutância própria
Para o indutor da figura 3, com uma bobina de N espiras, podemos determinar a sua indutância
própria a partir da definição de indutância própria, qual seja:
2
NΦ ¿
L∝
I
obtemos que: Φ∝ R que resulta: L∝ N
R
Portanto, da expressão observamos que a indutância própria do indutor:
é diretamente proporcional ao quadrado do número de espiras N;
é inversamente proporcional à relutância, ou seja, quanto maior a permeabilidade magnética
do núcleo, menor será a relutância e maior será a indutância própria. Portanto, indutores com
núcleo ferromagnético têm indutâncias próprias bem superiores àqueles com núcleo de ar.
Indutância mutua
A colocação de mais uma bobina nos núcleos imois a necessidade de definirmos o fluxo mutuo
entre as bobinas. Por consequência, podemos também definir uma indutância mutua associada a
esse fluxo, que e expressa por:
M = N I1
Note que a indutância mútua M foi definida alimentando-se primeira bobina e deixando a
segunda bobina em aberto (I2=0). Podemos, entretanto, também definir uma indutância mutua
(M21) alimentando-se a segunda bobina e eixando a primeira bobina em aberto.
No exemplo em questão, devido a simetria e a regularidade do caminho magnético para o fluxo
mutuo entre as bobonas 1 e 2, podemos assumir que M12=M21=M.
Conclusão
Circuitos magnéticos são empregados com o intuito de concentrar o efeito magnético em uma
dada região do espaço. Em outras palavras, este circuito direciona o fluxo magnético para onde
for desejado, sendo dotado de materiais com certas propriedades magnéticas e dimensões, a
partir de uma variedade de seções e diferentes comprimentos. Cumpre salientar aqui que as
características magnetizantes dos materiais são de natureza não linear, o que deve ser levado em
conta nos projetos de dispositivos eletromagnéticos. A título de exemplos poderíamos citar a
determinação da corrente elétrica requerida em um enrolamento para produzir uma dada
densidade de fluxo no entreferro de um pequeno atuador, de um relé ou de um eletromagnete.
Referências bibliográficas