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CAPÍTULO 6
MAGNETISMO E CIRCUITOS MAGNÉTICOS

6.1 – DEFINIÇÕES GERAIS

Magnetismo

M AGNETISMO é a propriedade dos materiais que atraem o ferro e as ligas de ferro. Me-
nos familiar, mas de grande importância, é a relação entre o magnetismo e a corrente
que percorre um condutor. Um corpo que tem propriedades magnéticas é chamado de ímã. Os
ímãs podem ser naturais ou artificiais. Um ímã natural é um material magnético no estado no
qual ele é encontrado na natureza; um ímã artificial é um corpo que possui o magnetismo por
indução. A magnetita (Fe3O4) é o principal ímã natural.

Certos materiais (ligas de aço temperado) retêm grande parte de seu magnetismo mesmo após
ter sido retirada a força magnetizante inicial. Estes materiais são chamados de ímãs perma-
nentes. Aços doces ou ferro mantêm apenas uma parte do magnetismo adquirido por indução,
sendo denominados ímãs temporários. O fato de uma liga de aço doce ser facilmente magne-
tizada e desmagnetizada faz com que esta possa ser utilizada como núcleo de um eletroímã. O
núcleo se transforma em um ímã forte apenas quando a corrente elétrica circula pelo condutor
enrolado sobre o mesmo.

O eletromagnetismo permite entender o princípio de funcionamento de diversos dispositivos


como gerador, motor, transformador, relés e alto-falantes, ilustrados na figura abaixo.

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EEL521 – Capítulo 6 70

Campo Magnético

Denomina-se campo magnético a região do espaço em que uma força age sobre um corpo
magnético. Uma experiência clássica é aquela em que uma folha de papel é colocada sobre
uma barra magnética e limalhas de ferro são espalhadas sobre o papel. Com alguns toques no
papel, as limalhas se arranjam em linhas, como pode ser visto na figura a seguir.

Se a barra magnética for suspensa por um fio, ela se orientará de forma que um polo ficará
voltado ao norte geográfico e o outro ao sul. O polo que se orienta em direção ao norte geo-
gráfico é chamado de polo norte (N), e o polo que se orienta em direção ao sul geográfico é
denominado polo sul (S).

É comum usar linhas de força para descrever um campo magnético. Uma linha de força repre-
senta o caminho no qual um polo magnético isolado se moveria em um campo magnético. As
linhas de força apresentam algumas características:

• Elas formam caminhos fechados, que partem do polo norte para o polo sul na parte de fora
do material, e do polo sul para o polo norte dentro do material;
• Elas se repelem e tendem a se separar. Dessa forma, elas nunca se cruzam, e;
• Elas tendem a fazer os caminhos mais curtos.

A figura a seguir ilustra as características citadas.

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EEL521 – Capítulo 6 71

O número de linhas que emergem do polo norte de um ímã é chamado de fluxo magnético, e é
representado pela letra . No sistema internacional (SI), a unidade de fluxo é o weber (Wb).
Contudo, também é comum expressar o fluxo em linhas ou maxwell. Tem-se:

1 Wb = 10 8 maxwell

O número de linhas de fluxo passando perpendicularmente por uma área A é definido como a
densidade de fluxo magnético, representado por B. Matematicamente:


B=
A

No SI, a densidade de fluxo magnético é expressa em (Wb/m2), definido como tesla (T). No
sistema CGS, sua unidade é o gauss. Tem-se que:

1 T = 104 gauss

Exemplo

A densidade de fluxo em um ímã é de 0,5 T e a área da seção transversal deste ímã é 0,06 m 2.
Determine a densidade de fluxo magnético em Gauss e o fluxo em Weber.

Solução

A densidade em gauss é dada por:

B = 0,5 104 = 5000 gauss

O fluxo é dado por:

 = B  A = 0,5  0,06 = 0,03 Wb

Note que este fluxo corresponde a:

 = 0,03108 = 3 106 gauss

Campo Magnético de um Condutor

Um dos mais importantes eventos no estudo da eletricidade é a descoberta de sua relação com
o magnetismo. Em 1820, Hans Christian Oersted descobriu que a agulha de uma bússola era
defletida quando colocada nas proximidades de um condutor percorrido por uma corrente.

O experimento ilustrado na figura a seguir auxilia no entendimento do fluxo magnético gera-


do pela corrente. Inicialmente, as bússolas estão orientadas para o polo norte da Terra, mas,
após o estabelecimento da corrente elétrica, as agulhas indicam que as linhas de força formam
círculos em torno do condutor.

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A direção do campo magnético é dada pela regra da mão direita, apresentada na figura abaixo.

“Se um condutor percorrido por uma corrente for seguro pela mão direita com o polegar apon-
tando para o sentido convencional, os dedos irão apontar o sentido das linhas de fluxo.”

É comum representar um condutor de forma que ele esteja entrando ou saindo do plano defi-
nido pelo papel. Estas situações são descritas nas figuras abaixo. A regra da mão direita per-
mite determinar o sentido do fluxo:

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Observe que entre os dois condutores surge uma força magnética, que pode ser de atração ou
de repulsão, a depender dos sentidos das correntes. Matematicamente:

2  10−7  I1  I 2  c
F=
r

onde F é a força em newtons, I1 e I2 são as correntes em ampères, c é o comprimento dos con-


dutores em paralelo e r, a distância entre eles, ambos em metros.

O conhecimento do fluxo magnético em torno de um condutor permite avaliar o fluxo magné-


tico no interior de uma bobina. Assim, uma segunda regra da mão direita pode ser usada:

“Se uma bobina é segura de forma que os dedos envolvam a espira na direção da corrente, o
polegar irá indicar o sentido do fluxo magnético dentro da mesma.”

A figura a seguir ilustra este conceito:

Força Magnetomotriz

O fluxo magnético no interior de uma bobina depende da corrente e do número de espiras de


condutor sobre a mesma. Define-se força magnetomotriz, Fmm, como o produto entre o nú-
mero de espiras e a corrente:

Fmm = N  I

A força magnetomotriz é expressa em ampères-espira (Ae), sendo responsável pela criação do


fluxo magnético na bobina. A força magnetomotriz é análoga à força eletromotriz (tensão) em
circuitos elétricos.

Normalmente, a bobina é enrolada sobre um núcleo, cuja função é estabelecer um caminho


para a circulação do fluxo magnético, além de fornecer sustentação mecânica para mesma. O
referido caminho tem um comprimento principal  , medido ao longo de sua linha central.

A intensidade de campo magnético, H, é definida como a “força magnetomotriz por unidade


de comprimento do caminho percorrido pelo fluxo”. Sua unidade é o (Ae/m). Assim:

Fmm
H=

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Exemplo

O toroide de aço da figura abaixo possui um comprimento principal de 9 cm e uma bobina de


350 espiras conduzindo uma corrente de 1,2 A. Calcule:

a) A força magnetomotriz;
b) A intensidade de campo magnético.

Solução

a) Força magnetomotriz:

Fmm = N  I = 350 1,2 = 420 Ae

b) A intensidade de campo magnético vale:

Fmm 420
H= = = 4670 Ae/m
 0,09

6.2 – MATERIAIS MAGNÉTICOS

Dipolos Magnéticos Elementares

Quando se divide um ímã em duas partes, não se obtém um polo norte e um polo sul, mas
dois outros ímãs. Portanto, os polos norte e sul de um ímã são inseparáveis. Isto ocorre porque
a estrutura magnética mais simples que existe é o dipolo magnético elementar, dme, i.e., a
menor partícula que ainda conserva as propriedades magnéticas do material. O dme está asso-
ciado ao spin dos elétrons.

Um corpo pode ser classificado de acordo com sua imantação, i.e., com o grau de orientação
dos seus dipolos magnéticos elementares, podendo estar:

• Fortemente imantado, quando os dme possuem forte orientação;


• Fracamente imantado, quando os dme estão ligeiramente orientados;
• Não imantado, quando a disposição dos dme é aleatória.

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Permeabilidade Magnética

A permeabilidade magnética é a capacidade de um material concentrar o fluxo magnético. Em


geral, a permeabilidade dos materiais é expressa em relação à do vácuo, que vale:

μ o = 4  10 −7 H/m

Assim:

μ
μr =
μo

onde µ é a permeabilidade absoluta e µr é a permeabilidade relativa do material.

A permeabilidade magnética relaciona a intensidade (H) e a densidade de campo magnético


(B) através da seguinte relação:

B =  H

Classificação Magnética dos Materiais

Os materiais podem ser classificados de acordo com a maior ou menor capacidade de orienta-
ção de seus dipolos magnéticos elementares, dividindo-se em três grupos:

• Materiais Ferromagnéticos:

Permitem elevada orientação dos dme, e ficam fortemente imantados quando expostos a
um campo magnético externo. São exemplos: ferro, níquel, aço e cobalto. Sua permeabili-
dade relativa é da ordem de 103. Por exemplo, para o ferro tem-se µr = 5500. Os materiais
ferromagnéticos apresentam regiões onde os dme possuem orientação bem definida. Este
conjunto de dme é denominado domínio magnético elementar.

• Materiais Paramagnéticos:

Permitem fraca orientação dos dme em paralelo ao campo externo. Exemplos: vidro, ma-
deira, ar. A permeabilidade relativa é aproximadamente igual a 1.

• Materiais Diamagnéticos:

Apresentam leve orientação dos dme de forma antiparalela ao campo externo. Exemplos:
água, prata, ouro, cobre e diamante. A permeabilidade relativa é aproximadamente 1.

Curva de Magnetização

A imantação de um material ferromagnético consiste na orientação dos seus domínios magné-


ticos elementares de forma que eles não fiquem mais dispostos aleatoriamente. A figura abai-
xo ilustra uma amostra desmagnetizada, no ponto 1, contendo quatro domínios.

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A cada aumento na intensidade de campo magnético (H), causado por corrente elétrica, os
domínios magnéticos se orientam mais, provocando elevação no fluxo magnético () e, con-
sequentemente, na densidade de fluxo (B) nos pontos 2 e 3. No ponto 4, os domínios já apre-
sentam orientação máxima, tal que um aumento em H resulta em um aumento muito pequeno
em B. Neste ponto, diz-se que o material já está magneticamente saturado.

Nos materiais ferromagnéticos µ é variável devido à saturação. Isto não ocorre com o ar e os
materiais não ferromagnéticos, que apresentam uma característica linear. As figuras a seguir
mostram curvas de magnetização, ilustrando o conceito acima.

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6.3 – CIRCUITOS MAGNÉTICOS

Circuito Magnético

Um circuito magnético consiste de uma fonte de força magnetomotriz fornecendo fluxo atra-
vés de um caminho denominado núcleo. A depender deste caminho, os circuitos magnéticos
podem ser lineares ou não lineares.

Se o material do núcleo não for ferromagnético, a relação entre B e H será linear. Por outro
lado, se um material ferromagnético for usado no núcleo, a relação entre B e H será não line-
ar, devendo ser obtida através de uma curva de magnetização ou saturação.

A relutância corresponde dificuldade que o núcleo impõe à circulação do fluxo magnético,


sendo definida como:

Fmm
Re =

onde Fmm é a força magnetomotriz (Ae),  é o fluxo (Wb) e Re é a relutância (Ae/Wb).

Desenvolvendo:

Fmm H   H 
Re = = = =
 B  A (  H )  A   A

onde  é o comprimento do circuito (m), µ é a permeabilidade do material (H/m) e A é a área


da seção transversal do núcleo (m2). Observe que a relutância é diretamente proporcional ao
comprimento e inversamente proporcional à área da seção transversal do núcleo e à permeabi-
lidade do material.

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Resolução de Circuitos Magnéticos

Há dois tipos de análise de circuitos magnéticos: (i) Tipo 1, onde se conhece o fluxo e deve-se
calcular a força magnetomotriz, e; (ii) Tipo 2, onde se conhece a força magnetomotriz e deve-
se calcular o fluxo. A tabela abaixo faz uma analogia entre circuitos magnéticos e elétricos.

Circuito Magnético Circuito Elétrico


Fluxo:  Corrente: I
Força magnetomotriz: Fmm Tensão: V
Relutância: Re Resistência: R
Fmm = Re ×  V=R×I

A seguir, apresentam-se alguns exemplos de solução de circuitos magnéticos.

Exemplo 1

Determine a força magnetomotriz e a corrente necessária para que o fluxo magnético no cir-
cuito a seguir seja 10–4 Wb, sabendo que a bobina tem 200 espiras.

Considere 2 casos:

a) Núcleo de plástico;
b) Núcleo de aço laminado.

Solução

Neste exemplo, que é do Tipo 1, têm-se os seguintes dados:

•  = 10–4 Wb;
• N = 200 espiras;
• ℓ = 0,08 m.

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A área da seção transversal do núcleo vale:

  d 2   0,0122
A= = = 1,131010− 4 m 2
4 4

Assim, a densidade de fluxo magnético no núcleo é:

 10−4
B= = = 0,884 T
A 1,131010−4

Mas qual deve ser a intensidade de campo necessária para provocar essa densidade de fluxo?

Lembrando que:

B =  H

Assim:

B 0,884
H= =
 

Logo, dependendo da permeabilidade µ do núcleo, será necessária maior ou menor intensida-


de de campo H para obter o fluxo desejado. Para os casos especificados, tem-se:

a) Núcleo de Plástico

Como o plástico não é ferromagnético, vem que:

 =  o = 4 10 −7 H/m

Logo:

0,884
H= = 703 .464 ,85 Ae/m
4 10 −7

Assim:

Fmm = H   = 703.464,85  0,08 = 56.277,19 Ae

Esta é a força magnetomotriz necessária para fazer circular um fluxo de 10 –4 Wb pelo nú-
cleo de plástico. Como a bobina tem N = 200 espiras, a corrente será:

Fmm 56 .277 ,19


Fmm = N  I  I= = = 281 A
N 200

Note que é uma corrente bastante elevada, pois o material utilizado tem permeabilidade
muito baixa por não ser ferromagnético.

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b) Núcleo de Aço Laminado

Como agora o núcleo é ferromagnético, a relação entre densidade de fluxo (B) e intensi-
dade de campo (H) é não linear, e deve ser obtida pela curva de saturação. Assim:

0,884

 125

Tomando-se a curva do aço laminado, tem-se para B = 0,884 T  H  125 Ae/m.

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Agora, determina-se a força magnetomotriz:

Fmm = H  

Fmm = 125 0,08 = 10 Ae

Esta é a força magnetomotriz necessária para fazer circular um fluxo de 10 –4 Wb pelo nú-
cleo de aço laminado. Como a bobina tem N = 200 espiras, a corrente será:

Fmm = N  I

Fmm 10
I= = = 0,05 A = 50 mA
N 200

Note que agora a corrente é muito menor que a do caso anterior, pois o aço laminado pos-
sui permeabilidade magnética muito maior que a do plástico.

Neste exemplo, o circuito elétrico análogo é composto de uma fonte de força magnetomotriz
em série com uma relutância, como mostra a figura:

Assim, pela Lei de Ohm adaptada aos circuitos magnéticos, vem:

Fmm = Re  

Fmm Fmm
Re = = −4
 10

• No primeiro caso, com núcleo de plástico:

56 .277 ,19
Re plástico = −4
= 5,63  10 8 Ae/Wb
10

• No segundo caso, com núcleo de aço laminado:

10
Re aço = −4
= 10 5 Ae/Wb
10

Portanto, a oposição à passagem do fluxo magnético é muito maior no plástico, o que se refle-
te em sua relutância mais elevada.

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EEL521 – Capítulo 6 82

Exemplo 2

O eletroímã de aço laminado a seguir atraiu uma barra de ferro fundido. Determine a corrente
necessária para produzir um fluxo de 3,5 × 10–4 Wb.

Solução

Os comprimentos médios (m) dos trechos e a área da seção transversal do circuito (m2) são:

• ℓaço = 12 in = 12 × 0,0254 = 0,3048 m;


• ℓferro = 5 in = (4 + 0,5 + 0,5) × 0,0254 = 0,1270 m;
• A = 1 in2 = 0,02542 = 6,452 × 10–4 m2.

Neste exemplo, o circuito elétrico análogo mostra que o fluxo é o mesmo em todos os trechos,
e a tabela a seguir resume os cálculos.

 A B = /A H ℓ Fmm = H × ℓ
Trecho
(Wb) (m2) (T) (Ae/m) (m) (Ae)
Aço 3,5 × 10–4 6,452 × 10–4 0,542 70 0,3048 21,34
Ferro 3,5 × 10–4 6,452 × 10–4 0,542 1600 0,1270 203,20

Na tabela, os valores em preto são dados; os valores em azul foram calculados, e os valores
em vermelho foram obtidos nas curvas de saturação, cujo detalhamento é feito a seguir.

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EEL521 – Capítulo 6 83

• Para o trecho de aço laminado, a densidade de fluxo B = 0,542 T exige uma intensidade
de campo magnético H  70 Ae/m, obtido interpolando a curva de saturação abaixo.

0,542

 70

• Para o trecho de ferro fundido, a densidade de fluxo B = 0,542 T implica uma intensidade
de campo H maior que 700 Ae/m, que não pode ser lida neste gráfico. Por isso, utiliza-se a
curva a seguir para determinar a intensidade magnética do ferro fundido:

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EEL521 – Capítulo 6 84

0,542

 1600

Estando pronta a tabela, tornam-se conhecidos os valores de força magnetomotriz dos trechos
de aço laminado e ferro fundido. De acordo com o circuito elétrico análogo, tem-se pela LKT:

Fmm = Fmm aço + Fmm ferro

Fmm = 21,34 + 203,20 = 224,54 Ae

Essa é, portanto, a força magnetomotriz necessária provocar um fluxo  = 3,5 × 10 –4


Wb no
circuito magnético.

Como a bobina possui 50 espiras, então a corrente necessária é:

Fmm 224 ,54


I= = = 4,5 A
N 50

Note que a Fmm do trecho de ferro fundido (203,20 Ae) é maior que a Fmm do trecho de aço
laminado (21,34 Ae). Isso mostra como o trecho de ferro fundido, apesar de mais curto, ofe-
rece maior dificuldade à circulação do fluxo que o trecho de aço laminado. As relutâncias dos
trechos comprovam isso:

Fmm aço 21,34


Re aço = = = 60 .971 Ae/Wb
 3,5  10 − 4

Fmm ferro 203,20


Re ferro = = = 580.571 Ae/Wb
 3,5 10− 4

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EEL521 – Capítulo 6 85

Exemplo 3
–4
Calcule a corrente necessária para estabelecer um fluxo de 0,75 × 10 Wb no circuito mag-
nético abaixo que possui um entreferro de ar.

Solução

Os comprimentos médios (m) dos trechos e a área da seção transversal do circuito (m2) são:

• ℓaço = 10 cm = 0,1 m;
• ℓentreferro = 2 mm = 0,002 m;
• A = 1,5 cm2 = 1,5 × 10–4 m2.

O circuito elétrico análogo é mostrado abaixo, e os cálculos são resumidos na tabela a seguir.

 A B = /A H ℓ Fmm = H × ℓ
Trecho
(Wb) (m2) (T) (Ae/m) (m) (Ae)
Núcleo 0,75 × 10–4 1,5 × 10–4 0,5 280 0,1 28
Entreferro 0,75 × 10–4 1,5 × 10–4 0,5 3,98× 105 0,002 796

Na tabela, os valores em preto são dados; os valores em azul foram calculados; o valor em
vermelho foi obtido na curva de saturação, e o valor em verde é calculado por:

Bentreferro 0,5
H entreferro = = −
= 3,98  105
o 4  10 7

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EEL521 – Capítulo 6 86

Para o núcleo de aço fundido, a densidade de fluxo B = 0,5 T exige uma intensidade de campo
magnético H  280 Ae/m, obtido interpolando a curva de saturação abaixo.

0,5

 280

Preenchida a tabela, têm-se conhecidos os valores de força magnetomotriz do núcleo e entre-


ferro. De acordo com o circuito elétrico análogo, tem-se pela LKT:

Fmm = Fmm núcleo + Fmm entreferro = 28 + 796 = 824 Ae

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EEL521 – Capítulo 6 87

Essa é, portanto, a força magnetomotriz necessária provocar um fluxo  = 0,75 × 10 –4 Wb no


circuito magnético. Como a bobina possui 200 espiras, então a corrente necessária é:

Fmm 824
I= = = 4,12 A
N 200

Exemplo 4

Calcule o fluxo magnético do circuito abaixo.

Solução

O circuito elétrico análogo é mostrado abaixo, e os cálculos são resumidos na tabela a seguir.

Este é um exemplo do Tipo 2, onde a corrente é dada e o fluxo deve ser calculado! Injetando
uma corrente de 5 A em uma bobina de 60 espiras tem-se a força magnetomotriz:

Fmm = N  I = 60  5 = 300 Ae

Assim, podem-se estruturar os cálculos na seguinte tabela. Os valores em preto são dados; os
valores em azul foram calculados e o valor em vermelho é obtido da curva de saturação, como
detalhado a seguir.

=B×A A B H=F/ℓ ℓ Fmm = N × I


Trecho
(Wb) (m2) (T) (Ae/m) (m) (Ae)
Núcleo 8 × 10–5 2 × 10–4 0,4 1000 0,3 300

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EEL521 – Capítulo 6 88

Para o núcleo de ferro fundido, a intensidade de campo H = 1000 Ae/m implica uma densida-
de de fluxo B  0,4 T, obtido interpolando a curva de saturação abaixo.

 0,4

1000

Da tabela, conclui-se que o fluxo resultante é de 8 × 10–5 Wb.

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