Você está na página 1de 27

UNIDADE I

MAGNETISMO E ELETROMAGNETISMO

1.1- A NATUREZA DO MAGNETISMO

A maioria dos equipamentos elétricos depende diretamente ou


indiretamente do magnetismo. Sem o magnetismo, o mundo elétrico que
conhecemos hoje não existiria. Há muito poucos dispositivos elétricos utilizados
hoje em dia que não empregam o magnetismo.
Dá-se o nome de magnetismo à propriedade de que certos corpos
possuem de atrair pedaços de materiais ferrosos.
A rocha era construída por um tipo de minério de ferro chamado
magnetita e por isso o seu poder de atração foi chamado magnetismo.

1.1.1- IMÃS NATURAIS

O fenômeno do magnetismo foi descoberto pelos chineses por volta do


ano 2637 a.C. Os ímãs usados nas bússolas primitivas eram chamados de
pedras-guias.
Mais tarde, descobriu-se que prendendo-se um pedaço dessa rocha ou
imã natural na extremidade de um barbante com liberdade de movimento o
mesmo gira de tal maneira que uma de suas extremidades apontará sempre
para o norte da terra.
Esses pedaços de rochas, suspensos por um fio receberam o nome de

1
“pedras-guia” e foram usadas pelos chineses, há mais de 2 mil anos, para
viagens no deserto e também pelos marinheiros quando dos primeiros
descobrimentos marítimos.
Hoje sabe-se que esse material nada mais era do que pedaços
grosseiros de um minério de ferro conhecido como magnetita.

A PEDRA MAGNETITA

Como no seu estado natural a magnetita apresenta propriedades


magnéticas, esses pedaços de minério eram classificados como ímãs naturais.
O único ímã natural que existe além desses é a própria Terra.
Assim sendo a terra é um grande ímã natural e o giro dos ímãs em
direção ao norte é causado pelo magnetismo da terra.
Todos os demais ímãs são feitos pelo homem e por isso são chamados
de ímãs artificiais.

2
Uma bússola não se orienta exatamente na direção norte-sul geográfica,
mas apresenta um pequeno desvio. Esse desvio é chamado de DECLINAÇÃO
MAGNÉTICA.
A declinação se deve ao fato de os pólos magnéticos não coincidirem
exatamente com os pólos geográficos.

IMÃS ARTIFICIAIS

PODEM SER:

• PERMANENTES
• TEMPORÁRIOS ( TEMPORAL)

Um imã artificial é um corpo de material ferromagnético que é submetido à um


intenso campo magnético; por fricção com um ímã natural ou pela ação de
correntes elétricas (eletromagnetismo) adquire propriedades magnéticas.

3
Um imã permanente é feito de aço imantado (ferro com alto teor de carbono),
afim de manter permanentemente seu poder magnético.

Também é utilizado Alnico ou Ferrite em alguns casos. No entanto, uma forte


descarga elétrica, um impacto de grande magnitude, ou uma aplicação de uma
elevada quantidade de calor podem causar perda de força magnética do imã.
Em altas temperaturas, os imãs permanentes perdem seu magnetismo
temporariamente, readquirindo quando são resfriados.

IMÃS DE ALNICO

As ligas Alnico foram descobertas na década de 1920, e permitiram a


produção industrial de imãs artificiais com indução magnética muito superior à
dos naturais.
São constituídos principalmente de ligas de Ferro (Fe), contendo Alumínio(Al),
Níquel(Ni) e Cobalto(Co), além de outro elementos. Um imã de Alnico é capaz
de levantar mais de 1000 vezes seu próprio peso.

4
Uma das ligas mais conhecidas é o Alnico5, contendo aproximadamente
15%Ni, 25%Co, 9%Al, 3%Cu e 48%Fe. Já o Alnico12 tem 18%Ni, 35%Co,
6%Al, 8%Ti e 33%Fe.
São disponíveis em muitos formatos, como barras, “ferraduras”, etc,
normalmente fabricados por fundição, sofrendo um processo de retificação
para atingir precisão das dimensões.
Os imãs de Alnico têm grande estabilidade térmica, ou seja, mantêm suas
características em uma faixa de temperatura muito larga, de aproximadamente
-250°C a 550°C. O material é ainda resistente à oxidação.

Um imã temporal (temporário) é temporariamente imantado por uma fonte de


ondas eletromagnéticas. Quando a emissão dessas ondas cessa o imã
temporal deixa de possuir seu campo magnético. Esses imãs são feitos com
matérias paramagnéticos (normalmente ferro com baixo teor de carbono) por
isso quando o campo magnético é removido o movimento Browniano rompe o
alinhamento magnético do imã temporal.

Um eletroímã é uma bobina (ou uma espira) por onde circula uma corrente
elétrica, gerando um campo magnético. O eletroímã é uma espécie de imã
temporal, pois seu campo magnético acaba quando é interrompida a passagem
da corrente elétrica pela bobina.

5
CAMPO MAGNÉTICO DE UM IMÃ

6
Evidentemente, um ímã atrai um pedacinho de ferro graças a alguma força que
existe em torno do ímã. Esta força é chamada de campo magnético. Embora
invisível a olho nu, essa força pode ser evidenciada espalhando-se limalha de
ferro sobre uma placa de vidro ou sobre uma folha de papel colocada sobre um
ímã em barra (Fig. 1- 1a).

LINHAS DE INDUÇÃO

7
Se tocarmos de leve e repetidamente a placa ou a folha de papel, os
grãozinhos da limalha se distribuirão numa configuração definida que descreve
o campo de força em torno do ímã. O campo parece ser formado por linhas de
força que saem do pólo norte do ímã, percorrem o ar em torno dele e entram
no ímã pelo pólo sul, formando um percurso fechado de força. Quanto mais
forte o ímã, maior o número de linhas de força e maior a área abrangida pelo
campo.

A fim de se visualizar o campo magnético sem o auxílio da limalha de ferro, o


campo é representado por linhas de força, como na Fig. 1-1b sentido das linhas
externas do ímã mostra o trajeto que o pólo norte seguiria no campo, repelido
pelo norte do ímã e atraído pelo seu pólo sul.

8
CAMPOS MAGNÉTICOS

Todo o ímã tem dois pontos opostos que atraem prontamente pedaços de
ferro. Esses pontos são chamados de pólos do ímã: o pólo norte e o pólo sul.
Exatamente da mesma forma que cargas elétricas iguais se repelem
mutuamente e cargas opostas se atraem, os pólos magnéticos iguais se
repelem mutuamente, e os pólos opostos se atraem.

9
10
11
K é uma constante de propocionalidade chamada de CONSTANTE
ELETROSTÁTICA, cujo valor depende do meio onde as cargas estão imersas
e do sistema de unidades utilizado.

12
13
FORÇAS ENTRE ÍMÃS PERMANENTES

Observação semelhante a anterior pode ser feita com relação ao


comportamento de ímãs permanentes colocados em situação na qual exista
influência recíproca de seus campos magnéticos. A figura seguinte mostra o
comportamento dessas forças. Nesta figura, é possível observar que além da
atração e repulsão existente entre pólos contrários e similares é possível
originar conjugados (torques) entre os ímãs, se existir um ponto de giro
convenientemente posicionado.

14
INSEPARABILIDADE DOS PÓLOS

Os pólos de um imã são inseparáveis. Cortanto um imã em 2 (duas) partes,


cada uma delas será um imã completo.
Se subdividirmos as 2 (duas) partes diversas vezes até obter pequeníssimos
fragmentos, cada um deles será ainda um pequeno imã, e assim
sucessivamente.

15
FORÇAS ENTRE CORRENTES ELÉTRICAS
EM CAMPOS MAGNÉTICOS

Como toda corrente elétrica está associada a um campo magnético, quando


dois condutores estão colocados em regiões próximas, são
originadas forças determinadas pela intensidade e sentido da corrente.
A seguinte figura mostra dois arranjos de condutores transportando correntes
elétricas.

O sentido do campo magnético produzido por cada corrente pode ser obtido

16
pela regra da mão direita ( envolva o condutor com a mão direita com o polegar
mostrando o sentido da corrente e os demais dedos indicarão o sentido do
campo magnético).
Em 1820, o físico dinamarquês Orsted observou que a circulação de corrente
elétrica estava associada a um campo magnético, como mostrado na figura
seguinte:

As linhas do campo magnético descrevem um caminho circular ao redor do


condutor, com sentido definido pelo sentido de circulação da corrente. A regra
da mão direita permite determinar seu sentido de circulação e pode ser
aplicada tanto para condutores isolado como para bobinas de uma forma geral,
como mostrado na figura seguinte.

17
Fluxo Magnético - 

O conjunto de todas as linhas do campo magnético que emergem do pólo norte


do ímã é chamado de fluxo magnético. Simboliza-se o fluxo magnético com a
letra grega minúscula  (fi).
A unidade do fluxo magnético no SI é o weber (Wb). Um weber é igual a
1 X 108 , linhas do campo magnético. Como o weber é uma unidade muito
grande para campos típicos, costuma-se usar o microweber .

18
Exemplo 1.1 Se um fluxo magnético f tem 3.000 linhas, calcule o número de
microwebers. Transforme o número de linhas em microwebers.

Densidade de Fluxo Magnético B

A densidade de fluxo magnético é o fluxo magnético por unidade de área de


uma secção perpendicular ao sentido do fluxo. A equação para a densidade de
fluxo magnético é :

Vimos que no SI a unidade de B é Weber por metro quadrado (Wb/m²). Um


Weber por metro quadrado é chamado de tesla.

Exemplo 1.2: Qual a densidade de fluxo em teslas quando existe um fluxo de


600 mWb através de uma área de 0,0003 m² ?

19
1.2- MATERIAIS MAGNÉTICOS

Os materiais magnéticos são aqueles que são atraídos ou repelidos por um


ímã e que podem ser magnetizados por eles mesmos. O ferro e o aço são os
materiais magnéticos mais comuns. Os ímãs permanentes são os formados
pelos materiais magnéticos duros, como, por exemplo, o aço cobáltico, que
mantém o seu magnetismo quando o campo magnetizador é afastado. Um ímã
temporário é aquele incapaz de manter o magnetismo quando o campo
magnetizador é removido.

PERMEABILIDADE MAGNÉTICA (  )

A permeabilidade se refere à capacidade do material magnético de concentrar


o fluxo magnético. Qualquer material facilmente magnetizado tem alta
permeabilidade. A permeabilidade relativa é uma medida da permeabilidade
para diferentes materiais relativamente ao ar ou ao vácuo.
O símbolo para a permeabilidade relativa é  r (mi), onde o índice r quer dizer
relativa e não é expressa em nenhuma unidade porque ela representa uma
razão entre duas densidades de fluxo, portanto as unidades se cancelam.

CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS MAGNÉTICOS E NÃO


MAGNÉTICOS

A classificação dos materiais magnéticos em magnéticos e não magnéticos


baseia-se nas fortes propriedades magnéticas do ferro. Entretanto, como
materiais magnéticos fracos podem ser importantes em certas aplicações, a
classificação é feita de acordo com três grupos:

• Materiais ferromagnéticos: Neste grupo estão o ferro, o aço, o níquel,


o cobalto e algumas ligas comerciais como o alnico e o Permalloy. Os
ferrites são materiais não magnéticos que possuem as propriedades
ferromagnéticas do ferro. O ferrite é um material cerâmico. A
permeabilidade dos ferrites se situa na faixa de 50 a 3.000. Uma
aplicação comum é o núcleo de ferrite das bobinas dos transformadores
de RF (rádio-freqüência).

• Materiais paramagnéticos: Nestes estão incluídos o alumínio, a platina,


o manganês e o cromo. A permeabilidade relativa é ligeiramente maior
do que 1.

• Materiais diamagnéticos: Neste grupo estão o bismuto, o antimônio, o


cobre, o zinco, o mercúrio, o ouro e a prata. A sua permeabilidade
relativa é menor do que 1.
PERMALLOY

20
É uma família de ligas metálicas com 70%-90%Ni (Níquel) e o restante
principalmente de Fe (Ferro), podendo conter pequenos teores de outros
elementos como Cu (Cobre), Cr (Cromo) e Mo (Molibdênio).

Esta liga recebe tratamento térmico especial para que adquira suas
propriedades magnéticas desejadas. Sua principal propriedade é uma
permeabilidade magnética (μ) elevada, que pode atingir 200.000, em
baixas intensidades de campo magnético.

MUMETAL

O Mu-metal ou Mumetal é uma liga metálica com 76%Ni (Níquel),


17%Fe (Ferro), 5%Cu (Cobre) e 2%Cr (Cromo) ou Mg (Magnésio),
podendo ser considerada pertencente à família das ligas Permalloy. A
permeabilidade magnética do Mu-metal pode atingir 100.000.

INTENSIDADE DE CAMPO MAGNÉTICO ( H )


21
A intensidade de campo (H) pode ser determinada através da Lei de Ampére,
que estabelece que a integral de linha de H em um caminho fechado é igual a
corrente envolvida pela caminho. A unidade de H é ampére por metro (A/m).
Este conceito, aplicado ao condutor singelo da figura anterior, mostra que o
valor de H depende da distância do ponto analisado ao condutor, como
mostrado a seguir:

A  intensidade de campo magnético (H) sempre produz uma densidade de


campo magnético (B), com valor que depende das permeabilidade
magnética () do meio. A unidade de B é o tesla (T) e da permeabilidade
é henry por metro (H/m).

Alguns materiais denominados ferromagnéticos, como o aço-silício,


apresentam elevada permeabilidade  magnética (m) e são muito utilizados para
a construção de motores, geradores, transformadores, etc. Nestes dispositivos,
o material ferromagnético forma caminhos fechados para o transporte das
linhas de campo magnético de forma concentrada, de maneira que o campo
magnético externo ao circuito estabelecido é muito pequeno e é chamado
de campo magnético de dispersão. 

Por outro lado, são utilizadas bobinas para o transporte da corrente, nas quais
o número de espiras (N) funciona como um multiplicador da intensidade de
campo (H). Observando um toróide (anel de seção circular),como o mostrado a
seguir, pode-se determinar o valor da densidade de campo magnético
estabelecida.

22
O produto do número de espiras pela corrente (N.i) é chamado de força
magnetomotriz(fmm) e sua unidade é ampére-espira (Ae). Nos circuitos
magnéticos admite-se que as linhas de campo percorrem um caminho na
região central do circuito, determinando um comprimento médio (lmed) para o
mesmo.
 
Como presume-se que todo o campo magnético esteja contido dentro do
toróide e não exista dispersão, pode ser calculado um fluxo magnético (f), que
tem como unidade o weber (Wb),  atravessando a área (S):

O fluxo (), assim como a corrente em um circuito elétrico, pode encontrar


maior ou menor "dificuldade" de circulação no circuito magnético, ou seja, uma
maior ou menor relutância (Rl). A relutância é função da permeabilidade
magnética (), do comprimento (médio) do circuito magnético e da área
disponível para circulação do fluxo (S).

23
O equacionamento dos circuitos magnéticos pode ser realizado de forma
semelhante aos  circuitos elétricos, como mostrado na figura abaixo:

Se um condutor elétrico de comprimento L, conduzindo uma corrente i é


colocado dentro de um campo magnético de densidade B, ortogonalmente às
linhas de campo, este sofrerá a ação de uma força como mostrado na
figura seguinte. 

O sentido da força é dado pela regra da mão esquerda (a mão


esquerda recebe o fluxo pela palma, o dedo indicador mostra o sentido da
corrente, o polegar mostrará o sentido da força).

Caso exista um ângulo diferente de 90º entre a corrente e o campo a força será


afetada pelo seno deste ângulo.O módulo (ou intensidade) da força é dada pela
relação seguinte:

24
Muitas vezes os condutores elétricos estão arranjados na forma de bobinas
com muitas espiras, estas bobinas produzem um campo magnético semelhante
a de um ímã permanente:

Se bobinas conduzindo corrente são aproximadas, de tal forma que seus


campos magnéticos possam interagir, podem surgir forças semelhantes
àquelas que ocorrem nos ímãs permanentes, inclusive forças de rotação.

25
Forças de Relutância

Quando um material de alta permeabilidade magnética é colocado sob a


ação de um campo magnético o mesmo pode estar sujeito a forças que tendem
a levar o sistema a um valor de mínima relutância magnética. A figura seguinte
mostra um sistema em que as forças produzidas pelo campo magnético
tendem a aproximar as peças de material ferromagnético, diminuindo o
entreferro. É uma situação observada nos contatores magnéticos.

26
Efeito Piezelétrico

 O efeito piezelétrico, observado em materiais como o quartzo, está  associado


a mudança de dimensões dos cristais. A figura seguinte mostra um cristal de
quartzo em três situações: em repouso (centro) e submetido a forças tração
(esquerda)  e compressão (direita).

Estas forças polarizam o cristal de acordo com seu sentido de


atuação. Quando, ao contrário, tensões são aplicadas no cristal, este sofre
deformações correspondentes. Este fenômeno pode ter importantes
aplicações em motores e nos equipamentos de ultrassonografia.

27

Você também pode gostar