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INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE

CAMPUS PELOTAS
CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA

APOSTILA DE ELETROMAGNETISMO

Volume Único
4ª Edição

PROFESSORES:
WAGNER I. PENNY
ADILSON M. TAVARES
SÉRGIO H. BRAUSTEIN

2021
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PREFÁCIO
O curso técnico em eletrotécnica é um dos cursos mais antigos do atual Instituto Federal
Sul-rio-grandense e que mais emprega seus alunos. A formação do técnico em
eletrotécnica deve ser a mais ampla possível a fim de melhor prepará-lo para o mercado
de trabalho. As disciplinas de Eletricidade III (Integrado) e a de Eletromagnetismo
(Subsequente) são o alicerce do conhecimento do aluno na área do magnetismo e
eletromagnetismo, princípios básicos para o entendimento de conhecimentos posteriores
contidos nas disciplinas de Máquinas Elétricas, Medidas Elétricas, Projetos e Instalações
Elétricas. Até então a apostila utilizada nessas disciplinas mostrava-se um tanto quanto
desatualizada em relação aos conteúdos, surgiu então a necessidade da criação de um
novo material, baseado na apostila anteriormente utilizada no curso complementando
seus conteúdos.
Um agradecimento especial fica aos professores Adilson Tavares, Luciano Barboza e
Sérgio Braustein, autores da edição anterior da apostila de eletromagnetismo; aos
professores Flávio Franco e Francisco Brongar, autores da apostila de medidas elétricas,
e também ao professor Alvacir Tavares, autor da apostila de eletromagnetismo do curso
de Eletromecânica, a qual também serviu de base para a confecção deste material.
Esta apostila contém seis unidades, as quais contemplam os conteúdos programáticos da
disciplina de Eletromagnetismo do curso subsequente. Na primeira unidade são
abordados conteúdos e conceitos básicos relacionados ao magnetismo. Na segunda
unidade são abordados os primeiros conceitos do eletromagnetismo, com a definição de
campo indutor e o cálculo do mesmo para as mais variadas formas geométricas. A terceira
unidade aborda forças e torques eletromagnéticos. A quarta unidade aborda o cálculo de
circuitos magnéticos. A quinta unidade aborda a indução eletromagnética, relacionando
lei de Faraday e Lenz. Por fim, a sexta unidade aborda as perdas nos circuitos magnéticos.

Apostila de Eletromagnetismo Curso Técnico em Eletrotécnica


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SUMÁRIO
1. Magnetismo...........................................................................................................4
2. Eletromagnetismo................................................................................................22
3. Força e Torque Eletromagnéticos........................................................................57
4. Circuitos Magnéticos...........................................................................................75
5. Indução Eletromagnética.....................................................................................93
6. Perdas nos Circuitos Magnéticos.......................................................................119
Apêndice..................................................................................................................126
Referências Bibliográficas.......................................................................................130

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1. MAGNETISMO
1.1 Introdução
As primeiras manifestações do magnetismo foram observadas na Grécia Antiga,
na região chamada Magnésia, antes do nascimento de Cristo. Foram encontradas pedras
especiais que atraiam pedaços de ferro e se atraiam e repeliam mutuamente. Tal pedra foi
chamada de magnetita e hoje se sabe que é uma espécie de óxido de ferro (Fe2O3). Este é
o ímã natural que deu origem a este importante ramo da Física: o Magnetismo.

Figura 1.1 - Ímã atraindo pedaços de ferro (pregos)

O único ímã natural é a magnetita. Sua utilidade é, no entanto, apenas histórica,


pois é rara, fraca e de difícil industrialização. Os ímãs usados para qualquer utilidade
prática são artificiais.
Os ímãs permanentes, também denominados magnetos, retêm sua magnetização
por tempo praticamente ilimitado, após cessar o campo magnetizante que os imantou. A
tabela abaixo mostra os materiais usados para fabricação de ímãs permanentes.

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Tabela 1.1 - Tipos de ímãs permanentes


Ano Material
1930 Ímãs de Cromo + Tungstênio
Ímãs de Cromo + Cobalto
1940 Ímãs de ALNICO
(Ferro+Alumínio+Níquel+Cobalto)
1947 Ímãs de cerâmica ferrite
(SrFe12O19) / (BaFe12O19)
Ímãs de Terras Raras
1974 Sámario-Cobalto (SmCo5)
Neodímio-Ferro-Boro (Nd12Fe14B)

1.2 Representação do Campo Magnético


O campo magnético é a região do espaço onde se observam os efeitos magnéticos,
isto é, a atração e repulsão de ímãs e pedaços de ferro. O campo magnético é invisível
assim como também são o campo gravitacional e o campo elétrico.
Quando um ímã é aproximado de pedacinhos de ferro nota-se que estes são
atraídos para determinadas regiões do ímã como se ali estivessem concentradas todas as
propriedades dos mesmos. Por estes motivos, estas regiões são chamadas de polos do
ímã. Um ímã sempre possui dois polos, um NORTE (N) e um SUL (S).
Cada região destas possui propriedades diferentes (inversas) da outra. Verifica-se
que, ao serem aproximadas regiões diferentes, há atração entre as mesmas e se as regiões
forem de mesma natureza, há repulsão. Daí surge uma das primeiras leis do magnetismo:

Polos magnéticos iguais se repelem e polos contrários se atraem.

Para facilidade de estudo adotou-se o conceito de linhas de indução ou linhas de


força magnéticas. Tais linhas são coincidentes com as linhas formadas pela orientação
das limalhas de ferro quando espargidas sobre uma folha de papel dentro de um campo
magnético.

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Conforme a distribuição do campo magnético no espaço obtém-se um espectro


magnético característico. De qualquer modo convencionou-se que o sentido das linhas
de indução é tal que elas saem do polo Norte e dirigem-se para o polo Sul fora do ímã.

S N

Figura 1.2 – Distribuição das linhas de força de força para ímãs em forma de barra e em
forma de ferradura.

1.3 Magnetismo Terrestre


Na antiguidade os chineses observaram que quando pedaços de magnetita eram
suspensas livremente ou flutuavam em substância leve em um receptáculo com água, elas
tendiam a assumir a posição aproximada norte-sul. Provavelmente, os navegadores
chineses usaram pedacinhos de magnetita, presos em madeira e flutuando dentro de um
vaso com líquido, funcionando como bússolas rudimentares. Naquela época, não era
conhecido que a Terra age como um ímã e, então, aquelas pedras eram encaradas com
considerável temor supersticioso e chamadas pedras guias.
Como já foi dito, a Terra é um grande ímã. As polaridades magnéticas da Terra
são as indicadas na figura. Os polos geográficos também são mostrados em cada
extremidade do eixo de rotação da Terra. O eixo magnético não coincide com o eixo
geográfico e, desta forma, os polos magnéticos e geográficos não estão no mesmo lugar
sobre a superfície da Terra.
SM NG

SG NM

Figura 1.3 - Polos magnéticos e geográficos da Terra.

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Os antigos usuários da bússola encaravam a extremidade da agulha da bússola que


aponta na direção aproximadamente norte como sendo um polo norte. A outra
extremidade foi encarada como sendo um polo sul. Em alguns mapas, o polo magnético
da Terra, para o qual o polo norte da agulha apontava, foi designado como polo
magnético. Esse polo magnético foi obviamente chamado de polo norte, em virtude de
sua proximidade com o polo norte geográfico.
No entanto, quando se soube que a Terra era um ímã e que polos opostos se
atraíam, foi necessário denominar o polo magnético localizado no hemisfério norte como
POLO SUL MAGNÉTICO e o polo magnético localizado no hemisfério sul como POLO
NORTE MAGNÉTICO. A razão das denominações foi arbitrária. Obviamente a
polaridade da agulha da bússola que aponta para o norte deve ser oposta à polaridade do
polo magnético terrestre ali situado.
Em virtude de os polos magnéticos e geográficos não coincidirem, uma bússola
(exceto em algumas posições da Terra) não apontará para uma direção (geográfica)
verdadeira. Quer dizer, ela não se alinhará segundo uma linha de direção que passe pelos
polos geográficos norte e sul, mas sim segundo uma linha de direção que faz um ângulo
com aquela. Este ângulo é chamado ângulo de VARIAÇÃO ou DECLINAÇÃO.

1.4 Fluxo magnético ()


Fluxo magnético é a quantidade de linhas de indução (ou de força) que atravessa
certa superfície. O fluxo é, portanto, uma grandeza associada a uma certa área.
Sua unidade, no Sistema Internacional de Unidades (SI ou MKS), é o Weber (Wb).
Um Weber é uma unidade bastante grande e representa uma quantidade de 108 linhas de
força, por isto são usadas geralmente os submúltiplos mili (m) e micro ().

1 mWb =10-3 Wb 1 Wb = 10-6 Wb

S N
S

Figura 1.4 – Fluxo magnético através da superfície S

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Observação: No sistema CGS o fluxo tem como unidade uma linha ou um Maxwell (Mx)
e as relações existentes entre elas são:

1 Weber = 108 Maxwell = 108 linhas

1.5 Indução Magnética ou Densidade de Fluxo Magnético ()


Indução magnética () é uma grandeza vetorial que caracteriza o campo
magnético ponto a ponto em módulo, direção e sentido. Sua direção e seu sentido são os
mesmos das linhas de força e o seu módulo é a razão entre o fluxo que passa numa seção,
colocada perpendicularmente às linhas de força, e a área desta seção.
A indução ou densidade magnética expressa, então, o grau de concentração das
linhas de força num dado ponto do campo magnético.

S N
1cm2

1cm2

Figura 1.5 – Definição de indução magnética

Como se pode ver no desenho, uma área unitária (exemplo: 1cm2, 1m2) colocada
próxima ao polo será atravessada por maior número de linhas que a área colocada mais
afastada, significando que no primeiro caso o campo é mais intenso.

 u( ) 1 Wb
B= u(B)= u(B)SI = = 1 Tesla (T)
Sn u(Sn) 1 m2

Observação: No sistema CGS a unidade de indução é um Maxwell por centímetro


quadrado ou um Gauss (G), tendo a seguinte relação:

1 Tesla = 104 Gauss

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A indução pode ser medida diretamente por teslímetro ou gaussímetro enquanto


que o fluxo, quando a secção for perpendicular à indução, pode ser calculado pelo produto
da indução pela área da seção. Quando a indução não é perpendicular à seção pode-se
decompô-la em duas componentes ortogonais:
A componente Bn é normal (perpendicular) ao plano da superfície enquanto que
Bt é tangencial a este plano. Evidentemente, é a componente normal que determina o
fluxo que atravessa a superfície. Portanto, da observação da figura 1.6 obtém-se:

 =BnS=(Bcosγ) S

 =BScosγ (1.1)

onde  é o ângulo entre a normal à superfície e a indução.

n
Bn

S
Bt

Figura 1.6 – Componentes do vetor indução magnética

1.6 Eletricidade e Magnetismo


Até 1820, a eletricidade e o magnetismo eram considerados e estudados como se
fossem fenômenos completamente independentes. Neste ano, Hanz Christian Oersted
(dinamarquês) notou que uma bússola deflexionava quando havia corrente em condutores
próximos. Havia descoberto, então, a primeira relação entre a eletricidade e o
magnetismo, ou seja, que a corrente elétrica é capaz de criar campo magnético. A partir
daquele momento, o magnetismo passou a ser considerado como um dos efeitos da
corrente elétrica.

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Figura 1.7 – Campo magnético produzido por corrente elétrica

1.7 Inseparabilidade dos polos de um ímã


Se um ímã em forma de barra, como o da figura 1.8, for quebrado em dois, jamais
se conseguirá separar um ímã com um polo sul e o outro com o polo norte, sempre se
formarão dois polos nos novos ímãs.

N S

N S N S

N S N S N S N S

N S N S N S N S N S N S N S N S

Figura 1.8 – Inseparabilidade dos polos de um ímã

Os polos de um ímã são inseparáveis porque as linhas de indução são fechadas,


portanto, para cada pedaço, o ponto de saída das linhas de força será norte e o ponto de
entrada será sul. Não existe, portanto, monopolo magnético.

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1.8 Teoria de Weber-Ewing


A constatação da inseparabilidade dos polos de um ímã levou estes cientistas a
concluírem que um material magnetizável é composto por ímãs elementares ou ímãs
moleculares.
Cada átomo contém elétrons circulando em órbitas elípticas em torno do núcleo.
A circulação dos elétrons nada mais é do que micro correntes elétricas. É sabido que os
fenômenos magnéticos são originados das correntes elétricas. O fato de que este
movimento de elétrons produz efeitos magnéticos não implica que todos os materiais
tenham propriedades magnéticas, pois o efeito causado por um elétron girando na sua
órbita é totalmente cancelado pelos outros elétrons devido às suas órbitas serem mais ou
menos aleatórias.
Os materiais magnéticos têm átomos cujas órbitas dos elétrons são mais ou menos
coincidentes e produzem efeitos magnéticos não-nulos. O ferro, níquel e cobalto e suas
ligas apresentam estas características.
Grupos destes átomos formam pequenos domínios (regiões) que são os chamados
ímãs elementares.

Enunciado da teoria de Weber-Ewing:


Os materiais magnéticos são compostos por ímãs ou domínios elementares.
Quando o material está desmagnetizado estes ímãs estão orientados ao acaso e o seu
efeito magnético externo é nulo. Submetendo-se este material a um campo
magnético indutor externo há um processo de orientação dos ímãs elementares.

Desta forma o material passa a apresentar seu próprio campo magnético (campo induzido)
e reforça o campo naquela região.

N S N N S N S N S N S N S
N S
N S N S N S N S
S S N N S N S
S S N S S S
N N N
N S S N S N S N S S S
N N N N

(a) (b)

Figura 1.9 - Material magnético: (a) desmagnetizado (b) magnetizado

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Quando se aproxima um pedaço de ferro de um ímã, seus ímãs elementares se


orientam e este pedaço de ferro se transforma num ímã temporário com polaridades tais
que sempre há atração. Se for aproximado outro pedaço de ferro deste primeiro, este
último também será imantado de forma a haver atração.

N S
N S
N

Figura 1.10 – Ímã atraindo pregos

Figura 1.11 – a) Ímã atraindo uma barra de ferro b) Atração e repulsão entre ímãs

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1.9 Experimentos

Experimento 1.1

Título: Polos de um ímã. Forças de atração e repulsão.

Material necessário:

- 01 prego pequeno - 01 pequeno pedaço de fio de cobre


- 01 parafuso - 01 pequeno pedaço de fio de níquel-
cromo
- 02 ímãs permanente - 01 lata de alumínio

Roteiro

1 – De acordo com seus estudos, defina polo magnético.


.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
2 - Cite, entre os materiais listados, os que você imagina que serão atraídos pelo ímã.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
3 - Aproxime o ímã de cada material e verifique se existe atração ou não. Complete a
tabela abaixo.
Materiais Magnéticos Materiais não-magnéticos

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4 - Descreva onde estão localizados os polos de cada um dos ímãs utilizados no


experimento.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.........................................................
5 - Aproxime dois polos de mesmo nome (mesma marcação) e verifique se existe
atração entre eles.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
......................................
6 - Aproxime dois polos de nomes contrários (marcações diferentes) e verifique se
existe atração entre eles.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
......................................
7 - Anote conclusões a respeito da interação entre ímãs
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
........................................................

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Experimento 1.2

Título: Uma Bússola Rudimentar

Material necessário:

- 01 alfinete - 01 pequeno pedaço filme de poliéster


- 01 ímã permanente - 01 bússola
- 01 prato fundo

Roteiro

1 - Magnetize o alfinete, atritando sua ponta com um dos polos do ímã.

2 - Coloque água no prato e, a seguir, coloque o alfinete sobre o pedaço de filme de


poliéster a boiar no prato.

3 - Gire a agulha e verifique se ela retorna para a posição inicial. Anote conclusões.
................................................................................................................................................................ ........
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................

4 - Aproxime o imã lentamente de uma das extremidades do alfinete. Relate o que


observou.
................................................................................................................................................................ ........
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
..............................

5 - Aproxime o outro polo do ímã da mesma extremidade do alfinete. Relate o que


observou.
................................................................................................................................................................ ........
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................

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6 - Anote conclusões.
............................................................................................................................................................... .........
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................

7 - Com base nos resultados do experimento, complete o desenho abaixo, com a posição
do alfinete, e indique no mesmo os pontos cardeais Norte, Sul, Leste e Oeste.

Parede Bancada

número ____

Prato

8 – Tome uma bússola industrializada e compare com a bússola rudimentar.

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1.10 Exercícios

1. Sabendo-se que o sol mostrado na figura deste exercício está nascendo, responda:
a) Dos pontos M, P, Q e R, qual deles indica o sentido do norte geográfico?
b) Observe os pontos A e B indicados na bússola e diga qual deles é o polo norte e qual é
o polo sul da agulha magnética.

2. Um ímã AB é partido em três pedaços, originando os novos ímãs AC, DE e FB. Indique,
na figura abaixo, o nome (norte ou sul) de cada um dos polos A, C, D, E e B assim obtidos.
A B

N S

A C D E F B
3. Quando uma bússola está afastada de outros ímãs (ou de pedaços de ferro), sua agulha
magnética toma a orientação indicada em linha pontilhada na figura abaixo, com a seta
apontando para o norte. Aproxima-se desta bússola um ímã bem “forte”, nas posições
indicadas em cada caso mostrado na figura. Represente na mesma figura a direção e o
sentido que a agulha tomará em cada situação.
Obs.: A faixa preta indica o polo norte do ímã.

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4. Para a situação abaixo, explique o motivo da atração dos parafusos de aço pelo ímã
permanente e indique nestes as polaridades magnéticas induzidas.

N S

5. Faça um desenho representando as linhas de força magnéticas e seu sentido para cada
um dos casos abaixo.

S N

6. As figuras abaixo mostram várias espiras circulares microscópicas colocadas sob a


ação de vários ímãs diferentes. Responda as questões abaixo e justifique:
a) Observando as figuras A e B, onde o fluxo é maior?
b) Observando as figuras A e B, onde a indução é maior?
c) Observando as figuras C e D, onde o fluxo é maior?
d) Observando as figuras C e D, onde a indução é maior?

A B

C D

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7. Uma espira circular com diâmetro D = 50 mm está colocada em um plano horizontal e


imersa em um campo magnético. Considerando que o vetor indução magnética possui um
módulo de 1,0 T e forma um ângulo de 60° com o plano horizontal, pede-se:

a) calcular as componentes horizontal e vertical do vetor indução magnética.


Respostas: componente horizontal = 0,50 T e componente vertical = 0,87T
b) explicar qual das duas componentes calculadas acima determina o fluxo magnético na
espira.
c) calcular o fluxo magnético através da espira, apresentando a resposta com os prefixos
mili e micro.
Respostas: 1,71 mWb e 1707,3 Wb

8. Calcule o fluxo magnético que atravessa a espira quadrada (10cm x 10cm) em cada
posição, considerando que há um deslocamento de 300 entre uma posição e outra. Dado
B=0,5 T.

Respostas:
 = 5mWb = 4,33mWb = 2,50mWb =0

9. Execute as conversões
a) 7500 Gauss para Tesla Resposta: 0,75T
b) 100 mWb para Wb e para Maxwell Respostas: 0,1Wb e 10x106 Mx
c) 85 Wb para mWb Respostas: 0,085 mWb

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10. Uma espira retangular, com 15cm de largura, por 20cm de comprimento encontra-se
imersa em um campo de indução magnética uniforme e constante, de módulo 10T. As
linhas de indução formam um ângulo de 60° com o plano da espira, conforme mostra a
figura:

Qual é o valor do fluxo de indução magnética que passa pela espira? Resp.
  259 mWb
11. Um campo magnético atua perpendicularmente sobre uma espira circular de raio
10cm, gerando um fluxo de indução magnética de 1Wb. Qual a intensidade do campo
magnético? Resp. B=31,84 T

12. Uma espira quadrada de lado L= 2cm é imersa em um campo magnético uniforme de
intensidade 2T. Qual é o fluxo de indução nessa espira em cada um dos seguintes casos:

a) o plano da espira é paralelo às linhas de indução; Resp.   0

b) o plano da espira é perpendicular às linhas de indução; ; Resp.   800 Wb


c) a reta normal ao plano forma um ângulo de 60° com as linhas de indução. Resp.
  400 Wb
13. Um campo magnético com indução constante B = 5 T atravessa uma superfície plana
e retangular de 10 cm X 5 cm, formando um ângulo de 60o com o plano horizontal,
conforme mostra a Figura. Determinar o fluxo magnético através desta superfície.

Resp.   21mWb

14. Caracterize o ímã natural e os ímãs artificiais.


15. O que é polo de um ímã? Como se dá a interação magnética entre dois ímãs?

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16. Comente as denominações polos sul e norte magnético, comparando-os com os polos
geográficos.
17. Indique a polaridade do ímã abaixo, em função do sentido das linhas de força
magnéticas, justificando-a.

18. Explique a teoria de Weber-Ewing, inclusive usando desenhos adequados para tal.
19. Compare as características dos ímãs permanentes e dos eletroímãs.
20. Defina fluxo magnético e indução magnética e cite suas unidades no sistema MKS
(SI).
21. Um reator de uma lâmpada fluorescente possui um fluxo de 0,36mWb e este passa
por uma seção transversal retangular de ferro de 1,6cm x 1,5cm. Calcular a indução neste
ponto do núcleo. R: 1,5T
22. Calcular o fluxo que atravessa as espiras a seguir:
a) Espira retangular 10cm x 5cm com indução perpendicular de 1,2T.
b) Espira retangular 10cm x 5cm com indução de 1,2 T a 60º do plano da espira.
c) Espira retangular 10cm x 5cm com indução de 1,2 T a 60º da normal da espira.

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2. ELETROMAGNETISMO
2.1 Introdução
No Capítulo 1 mostrou-se a relação que existe entre a eletricidade e o magnetismo
e, também, a Teoria de Weber-Ewing. É importante relembrar alguns conceitos e também
a relação entre eletricidade e magnetismo descoberta por Oersted:

Todo condutor percorrido por corrente elétrica produz um campo


magnético.

 Corrente Elétrica: Movimento ordenado de cargas elétricas.


 Representação de vetores:

(a) (b)
Figura 2.1 – Representação de vetores: (a) vetor entrando no plano (b) vetor
saindo do plano

Serão vistas, a seguir, as diversas relações qualitativas e quantitativas entre a


corrente elétrica e o campo magnético que ela produz nas suas proximidades. Para as
diversas configurações do fio que conduz a corrente há uma análise particular. Também
serão apresentadas as formas de magnetização e desmagnetização de materiais.

2.2 Campo magnético criado por corrente elétrica


2.2.1 Campo magnético de um fio retilíneo
Um fio retilíneo que é atravessado por corrente elétrica produz ao seu redor um
campo magnético com linhas de força circulares e concêntricas com o condutor. Isto pode
ser observado com uma bússola ou com a experiência das limalhas de ferro. O sentido
das linhas de força depende do sentido da corrente no condutor. Estabeleceu-se uma regra
para descobrir o sentido das mesmas.

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Regra da mão direita para condutores

Agarra-se o condutor com a mão direita de forma que o polegar fique apontando
no sentido da corrente. Assim os outros quatro dedos indicarão o sentido das linhas de
força ao redor do condutor. Esta regra também é aplicada a pequenos trechos de um
condutor curvo.

Figura 2.2 – Campo criado por fio retilíneo com corrente elétrica

Observação: Em todas as análises desta disciplina e do próprio curso só será usado o


sentido convencional da corrente. O aluno deve estar atento porque parte da bibliografia
indicada usa o sentido eletrônico.

2.2.2 Campo magnético de uma espira


Nota-se que um fio retilíneo produz um campo magnético muito fraco em
comparação com a quantidade de corrente circulante. Para aumentar o efeito magnético é
necessário concentrá-lo em pequena região do espaço. A primeira providência é formar
uma volta com o condutor formando a chamada espira. Aplicando-se a regra da mão
direita a cada pequeno pedaço da mesma verifica-se que os sentidos das linhas de força
de cada trecho são coincidentes no interior da espira, tornando o campo mais intenso nesta
região.

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B
B

Figura 2.3 – Campo produzido por espira com corrente

2.2.3 Campo magnético de uma bobina


Esta forma de acomodação das espiras é muito comum e é capaz de produzir fortes
campos magnéticos, dependendo do número de espiras enroladas. Aplicando-se a regra
da mão direita a cada trecho de condutor, percebe-se que entre as espiras vizinhas há
anulação do campo, porém, no interior da bobina, há concordância dos campos
magnéticos de todos os trechos de condutor.

Figura 2.4 - Campo magnético criado por bobina percorrida por corrente

Observando-se o sentido do campo resultante pode-se estabelecer outra regra da


mão direita aplicável a bobinas de um modo geral.

Regra da mão direita para bobinas

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Agarra-se a bobina com a mão direita com os quatro dedos indicando o sentido da
corrente na mesma, com isto o polegar estará indicando o sentido das linhas de força no
interior da bobina.
2.3 Intensidade de Campo Magnético e Permeabilidade Magnética
Os fenômenos magnéticos são, de modo geral, proporcionais a uma grandeza
muito importante: a indução magnética B. O conhecimento do valor da indução é,
portanto, indispensável na maioria dos problemas. As formas de obtenção de uma indução
magnética (B) são as seguintes: através de ímãs permanentes e através de corrente
elétrica.
Por questões didáticas, o estudo quantitativo será restringido apenas ao caso de
produção de campo magnético por corrente elétrica.
A indução magnética depende basicamente de duas grandezas a serem definidas:
Intensidade de Campo Magnético (ou Campo Indutor) (H) e Permeabilidade Magnética
(µ).

2.3.1 Intensidade de Campo Magnético (H)


Considere-se que no circuito magnético da figura 2.5 seja possível inserir um
gaussímetro para medir a indução no núcleo. Aumentando-se a tensão aplicada na bobina,
que produz um aumento de corrente, o gaussímetro mostra um crescimento na indução
magnética. Portanto, a indução depende da corrente que circula pela bobina.

B u C
I

+
V d
-

I
A D

Figura 2.5 - Circuito magnético simples

Considere-se agora que a bobina utilizada é substituída por outra bobina com
maior número de espiras. Ajustando-se a tensão da fonte para que a corrente permaneça

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26

com a mesma intensidade do experimento anterior, observa-se que o gaussímetro acusa


maior indução. Portanto, a indução também depende do número de espiras.

Um terceiro experimento pode ser feito comparando dois circuitos com as


seguintes características:
 ambos núcleos de mesmo material (mesmo tipo de ferro);
 ambos núcleos com mesma seção transversal;
 ambas bobinas idênticas;
 ambas bobinas percorridas pela mesma corrente;
 ambos núcleos têm mesmo formato, porém com comprimentos diferentes.

(a) circuito 1 (b) circuito 2


Figura 2.6 - Circuitos magnéticos com diferentes comprimentos médios

Usando-se um gaussímetro em cada circuito magnético, observa-se que no núcleo


de menor comprimento (circuito 2) a indução magnética é maior. Isto acontece porque
existe um menor trecho de ferro para ser magnetizado, o que dá à bobina um maior poder
magnetizante. Para quantificar o poder magnetizante de uma bobina criou-se a grandeza
denominada intensidade de campo indutor (H) que é dada por:

N.I
H=
(2.1)

Nesta equação tem-se que:


N = número de espiras da bobina;
I = corrente que percorre a bobina (Ampère, A);

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27

l = comprimento médio do circuito magnético (metro, m);


H = intensidade de campo indutor (Ampère-espira/metro, Ae/m).

Desta forma podemos definir a intensidade de campo magnético.


Definição: A intensidade de campo indutor (ou campo magnético) (H) é um vetor
cujo módulo é a razão entre as ampère-espiras magnetizantes e o comprimento do
caminho a ser magnetizado e cujo sentido é o mesmo das linhas de força.
Observações:
 O sentido de H é dado pelas regras da mão direita já vistas;
 O comprimento do circuito magnético depende da geometria do mesmo.

Exemplo 2.1: Calcular a intensidade de campo indutor para o circuito 1 e para o


circuito 2 da fig.2.6 que têm comprimentos médios de, respectivamente, 20 cm e 10 cm.
Considere que ambas bobinas possuem 200 espiras e são percorridas por 1 A.

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28

2.3.2 Permeabilidade Magnética ()


Nas análises anteriores não se levou em consideração a influência do tipo de
material usado para o núcleo. A partir de agora esta situação será estudada tomando-se
como referência o circuito magnético da Figura 2.5.
Alimentando-se a bobina com uma fonte CC ajustável, e aumentando-se
gradativamente a tensão aplicada, ocorre um aumento da corrente que circula pela bobina
(I=V/R). Este aumento da corrente produz um aumento na intensidade do campo indutor
(H = NI/l) que, por sua vez, provoca um aumento da indução no núcleo.
A forma como o núcleo magnético responde à variação do campo indutor depende
do tipo de material utilizado e é representada graficamente através da “Curva de
Magnetização”. As figuras 2.7(a) e 2.7(b) mostram as curvas de magnetização do ferro
fundido doce e do aço fundido.

1,6
1,4
1,2
(a) curva de magnetização
1 do ferro fundido doce
B (T)

0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
H (Ae/m)

1
0,9
0,8
0,7
0,6 (b) curva de magnetização
B (T)

0,5 do aço fundido


0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
H (Ae/m)

Figura 2.7 – Curvas de Magnetização

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29

Nos pontos iniciais da curva o crescimento do campo indutor é acompanhado de


um crescimento praticamente proporcional da indução. Por outro lado, nos pontos finais,
o crescimento do campo indutor praticamente não produz crescimento na indução devido
à saturação magnética (ordenação de praticamente todos os ímãs elementares).
Analisando as curvas de magnetização do ferro fundido doce e do aço fundido
observa-se que para um mesmo campo indutor obtém-se maior indução no ferro doce do
que no aço, ou seja, o ferro doce se magnetiza mais facilmente do que o aço. A grandeza
que leva em consideração este fenômeno é denominada permeabilidade magnética.
Assim, pode-se definir permeabilidade magnética como a facilidade que o material possui
de se magnetizar e expressá-la matematicamente como:

B (2.2)

H

No Sistema Internacional de Unidades tem-se:

B = indução magnética (Tesla, T);


H = campo indutor (Ampère-espira/metro, Ae/m);
 = permeabilidade magnética (Tesla.metro/Ampère, T.m/A ou Henry/metro,
H/m).
Exemplo 2.2: Calcule a indução magnética e a permeabilidade do aço fundido
para os seguintes campos indutores:
a) H = 2000 Ae/m

b) H = 4000 Ae/m

c) H = 10000 Ae/m

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30

Os resultados deste exemplo mostram que a permeabilidade magnética do aço


fundido depende da intensidade de campo indutor. Quanto maior o campo indutor, menor
é a permeabilidade, ou seja, mais difícil é magnetizar o material. Este comportamento é
apresentado por todos os materiais magnéticos.
Os materiais não magnéticos possuem permeabilidade aproximadamente
constante e bem menor do que a permeabilidade dos materiais magnéticos. Para efeito de
cálculos, a permeabilidade dos materiais não magnéticos é considerada a seguinte
constante magnética:

 0  4  10 7 H / m
Portanto, os meios não magnéticos como o ar, o alumínio e a madeira entre outros

possui permeabilidade
 0  4  10 7 H / m .

Em muitos casos, a permeabilidade é expressa em relação a constante


 0 . Assim,
define-se como permeabilidade relativa à relação entre a permeabilidade do material e a
constante magnética, ou seja:

r 
0 (2.3)

Esta equação mostra que a permeabilidade relativa (  r ) é um número (sem


unidade) que indica quantas vezes a permeabilidade do material (  ) é maior do que a

permeabilidade dos materiais não magnéticos (


 0 ). Para materiais não magnéticos a
permeabilidade relativa é aproximadamente igual à unidade (µr ≈ 1) e para materiais

magnéticos é bem maior do que a unidade (  r >>1).


Tabela 2.1 – Permeabilidades Relativas de alguns materiais
Material µr
Ar 1
Níquel 50
Cobalto 60
Ferro Fundido 30 a 800
Aço 500 a 5000
Ligas Especiais 100000 a 800000

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31

Assim se pode relacionar B, µ e H, considere que os seguintes solenoides possuem


o mesmo formato, mesmo número de espiras, mesma corrente elétrica e mesmo
comprimento.

Figura 2.8 – Comparação entre solenoides com diferentes núcleos


Como N1=N2=N3; I1=I2=I3 e L1=L2=L3  H1=H2=H3, e como
µ1<µ2<µ3B1<B2<B3.

Exemplo 2.3: Uma fonte CC de 100V alimenta a bobina do circuito magnético da


fig.4.4, que tem 1000 espiras e resistência de 100. Calcule:
a) Corrente na bobina;
b) Campo indutor;
c) Indução magnética;
d) Permeabilidade absoluta e permeabilidade relativa;
e) Fluxo magnético.
Dados:

 l = 1 m (comprimento médio do circuito magnético)


 S = 100 cm2 (seção transversal do núcleo)
 O núcleo é de ferro doce.

Figura 2.9 – Circuito magnético para o Exemplo 2.3

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32

2.4 Relações entre corrente elétrica e intensidade de campo indutor


As relações entre corrente elétrica e intensidade de campo magnético dependem
da geometria do condutor e são expressas pela Lei de Biot-Savart e pela Lei de Ampère.
Será estudada apenas a Lei de Ampère, pois é mais facilmente aplicável a problemas
práticos. Sua dedução é muito difícil, portanto será apenas enunciada e aplicada a
exemplos clássicos.
LEI DE AMPÈRE (SIMPLIFICADA): Dividindo-se uma linha de força
magnética em trechos, tem-se que o somatório dos produtos da intensidade do campo
magnético (H) pelo comprimento de cada trecho (∆l) é igual à corrente envolvida pela
mesma.
∑𝑚
𝑖=1 𝐻𝑖 . ∆𝑙𝑖 = 𝐼𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑎

𝐻1 . ∆𝑙1 + 𝐻2 ∆𝑙2 + ⋯ + 𝐻𝑚 ∆𝑙𝑚 = 𝐼𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑎 (2.4)

Exemplo 2.4: Neste exemplo a corrente I5 não é envolvida pela linha de força
(caminho que está sendo magnetizado).

Figura 2.10 – Exemplo relativo à aplicação da Lei de Ampère

Para a correta aplicação da Lei de Ampère a trajetória da linha de força deve ser
bem conhecida, o valor da intensidade de campo magnético deve ser constante em toda a
trajetória e todas as unidades devem estar no SI.

2.4.1 Intensidade de campo magnético de um fio retilíneo infinito ou muito longo


Nas figuras abaixo, tem-se um fio retilíneo infinito ou muito longo percorrido por
uma corrente elétrica. Neste caso as linhas de força são circulares e concêntricas com o
condutor. O sentido de H e B é tangente às linhas de força, de acordo com a regra da mão
direita. A intensidade de campo indutor é constante em módulo em todos os pontos de
uma dada trajetória. O valor da intensidade do campo indutor pode ser obtida pela Lei de
Biot-Savart ou pela Lei de Ampère.

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33

Figura 2.11 – Intensidade de campo magnético e indução em um fio retilíneo

De acordo com a Lei de Biot-Savart pode ser deduzida uma equação, que resulta
em:
𝐼
𝐻= (2.5)
2.𝜋.𝑟
Onde “I” é a corrente elétrica (A) e “r” é a distância (metro) do condutor até o
ponto em que se deseja determinar a intensidade de campo magnético “H”(Ae/m).
Aplicando a Lei de Ampère tem-se que ∑𝑚
𝑖=1 𝐻𝑖 . ∆𝑙𝑖 = 𝐼𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑎 , mas o somatório

de todos os trechos do caminho a ser magnetizado resulta no perímetro de uma


circunferência e a corrente envolvida é a própria corrente do condutor, assim 𝐻. 2. 𝜋. 𝑟 =
𝐼, o que resulta da mesma forma na equação 2.5.
O valor de r é o raio da circunferência ou distância do condutor até o ponto em
análise, na figura 2.11 o campo no ponto 1, a uma distância r1, possui determinado valor,
e, no ponto 2, a uma distância r2, possui outro valor.
A indução magnética depende do meio em que o campo magnético se encontra,
como visto anteriormente, B = µ.H, assim:
𝜇.𝐼
𝐵= (2.6)
2.𝜋.𝑟
Quando o condutor estiver num meio que seja ar ou vácuo:
𝜇0.𝐼
𝐵= (2.7)
2.𝜋.𝑟
Onde µ é a permeabilidade magnética do material e µ0 é a permeabilidade
magnética do vácuo.
Exemplo 2.5: Calcular a intensidade de campo magnético e a indução, no ar, a
uma distância de 12 mm do centro de um fio retilíneo com uma corrente de 500 A.

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34

2.4.2 Intensidade de campo magnético em um solenoide


Num solenoide de “N” espiras percorrido por corrente, escolhendo-se uma linha
de força qualquer, tem-se que a corrente total envolvida é “N” vezes a corrente da bobina.
Pode-se afirmar que as linhas de força são concentradas em todo o seu interior,
porém na parte externa, como há grande área para o fluxo distribuir-se, tem-se pequena
concentração das linhas de força. Dessa forma, a intensidade de campo magnético no
interior do solenoide é considerada constante e infinitamente maior que no exterior do
solenoide, dessa forma a intensidade de campo magnético no exterior do solenoide é
desprezada.

Figura 2.12 – Intensidade de campo magnético em um solenoide

Equacionando-se através da Lei de Ampère se obtém que ∑𝑚


𝑖=1 𝐻𝑖 . ∆𝑙𝑖 =

𝐼𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑎 , mas Ienvolvida = N.I e também que o somatório dos produtos de Hi.∆li nada mais
é que o campo magnético do interior do solenoide multiplicado pelo comprimento do
interior mais o campo magnético do exterior do solenoide multiplicado pelo comprimento
do exterior. Assim,
𝐻𝑒𝑥𝑡 . 𝑙𝑒𝑥𝑡 + 𝐻𝑖𝑛𝑡 . 𝑙𝑖𝑛𝑡 = 𝑁. 𝐼
Mas Hext = 0, dessa forma
𝑁.𝐼
𝐻= (2.8)
𝐿
Onde H é a intensidade de campo magnético (Ae/m), N é o número de espiras
(admensional), I é a corrente elétrica (A) e L é comprimento do solenoide (m).
Para se encontrar a indução basta multiplicar a intensidade de campo magnético
pela permeabilidade magnética do material que compõe o núcleo do solenoide.

𝜇.𝑁.𝐼
𝐵= (2.9)
𝐿
Quando o solenoide possuir núcleo de ar ou vácuo:

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35

𝜇0.𝑁.𝐼
𝐵= (2.10)
𝐿
Onde µ é a permeabilidade magnética do material e µ0 é a permeabilidade
magnética do vácuo.
Nota-se que os fatores que influenciam o valor da indução magnética são a
corrente, o número de espiras, o material do núcleo e o comprimento do solenoide. Sendo
a indução diretamente proporcional aos três primeiros e inversamente proporcional ao
comprimento. Quanto maior a corrente maior será o efeito magnético percebido e, se
forem colocadas mais espiras, os efeitos magnéticos serão somados, resultando em uma
maior indução. Se as espiras forem colocadas mais juntas (comprimento menor) haverá
menor dispersão das linhas, de modo que a indução também acaba sendo maior.

Exemplo 2.6: Calcular a indução e o fluxo dentro de um solenoide de seção


circular, com núcleo de ar, cujo comprimento é 10 cm, o diâmetro interno é 2 cm, o
número de espiras é 1000 e a corrente é 10 A.

2.4.3 Intensidade de campo magnético em um toroide


Uma bobina toroidal ou simplesmente um toroide é um solenoide em forma de
anel, como mostra a figura abaixo.

Figura 2.13 - Toroide

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36

Numa bobina de forma toroidal as linhas de força são circulares e encerradas


dentro do núcleo. O valor do campo é constante em toda a extensão das linhas de força e
é mais ou menos constante em toda a seção transversal.
Os toroides são capazes de proporcionar a maior concentração das linhas de
campo magnético no seu núcleo, o qual é um caminho fechado para as linhas. Este núcleo
pode ser fabricado em qualquer material, desde ar até materiais ferromagnéticos. As
seções transversais de um toroide podem ser circulares, retangulares ou quadradas. Antes
de se demonstrar matematicamente a equação da intensidade de campo magnético de um
toroide, é pertinente estabelecer algumas definições relacionadas a esta nova geometria.

Figura 2.14 – Dimensões em um toroide


Os raios do toroide são definidos como um raio interno ri, um raio externo re e um
raio médio rm. No equacionamento da intensidade de campo magnético é considerado o
raio médio pois fornece o comprimento médio a ser magnetizado pela linha de força, neste
caso, o comprimento médio é o perímetro da circunferência com raio rm.
Observação: O raio médio do toroide não deve ser confundido com o raio da seção
transversal do núcleo, com o raio interno, com o raio externo ou com o raio das espiras.
𝑟𝑖 +𝑟𝑒
𝑟𝑚 = (2.11)
2
Matematicamente pode ser comprovado que a intensidade de campo magnético
na região com raio menor que ri e raio maior que re é NULA, pois como o núcleo tem
forma circular ele é capaz de produzir um caminho magnético enlaçando todas as linhas
de campo. O sentido das linhas de força pode ser determinado pela regra da mão direita
para bobinas, como pode ser observado na figura 2.13.
A equação da intensidade de campo magnético é dada por:
𝑁.𝐼
𝐻= (2.12)
2.𝜋.𝑟𝑚

Para se encontrar a indução basta multiplicar a intensidade de campo magnético


pela permeabilidade magnética do material que compõe o núcleo do toroide.

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37

𝜇.𝑁.𝐼
𝐵= (2.13)
2.𝜋.𝑟𝑚

Quando o núcleo for de um material que seja ar ou vácuo:


𝜇0.𝑁.𝐼
𝐵= (2.14)
2.𝜋.𝑟𝑚

Exemplo 2.7: Um toroide de seção transversal quadrada tem 2000 espiras e um


núcleo de ferro com permeabilidade relativa µr = 1000. O raio interno vale 10 cm e o raio
externo vale 15 cm. Qual deve ser a corrente para produzir uma indução de 1 T no ponto
médio do núcleo?

2.5 Curvas de Magnetização e Desmagnetização dos Materiais Ferromagnéticos


Para cada tipo de material magnético existe uma curva que relaciona a densidade
de fluxo (indução) com a intensidade de campo magnético (curva BxH). A curva é obtida
a partir de incrementos da força magnetizante (intensidade de campo magnético) e
obtendo-se o resultado da indução. Existe um ponto no qual incrementos da intensidade
de campo magnético em nada incrementam o valor da indução, neste ponto se diz que
ocorreu a SATURAÇÃO MAGNÉTICA do material. A região do “joelho” da curva é o
limite aproximado entre a parte linear e o início da saturação. Existe uma variedade muito
grande dessas curvas para um mesmo material, em que o tipo de tratamento térmico
modifica essa curva. Na figura abaixo estão exemplificadas as curvas de magnetização de
alguns materiais.

Figura 2.15 – Curvas de magnetização de alguns materiais magnéticos

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38

2.6 Histerese Magnética


Considere-se uma bobina enrolada em um núcleo magnético. A bobina é
alimentada por uma fonte que permite variar o valor da corrente e inverter o seu sentido.
Neste ensaio supõe-se que o material é magneticamente virgem, ou seja, nunca tenha sido
magnetizado antes. Inicialmente aumenta-se a corrente na bobina, aumentando o campo
indutor (H). A indução vai crescendo segundo a curva 0 - 1 até que seja atingida a
saturação magnética quando todos os domínios estão orientados.
Reduz-se o campo indutor e a indução decresce, porém o retorno não acontece
sobre a linha original e sim segundo a linha 1-2. Quando o campo indutor se anula (H =
0) ainda resta certa indução, ou seja, mesmo sem campo indutor externo os ímãs
elementares se mantêm parcialmente orientados. Define-se como Indução Residual ou
Remanente como sendo a indução que se mantém quando o campo indutor é anulado.
Para anular a indução residual deve-se inverter a corrente (aplicar um campo
indutor ao contrário) e ir aumentando gradativamente até que a indução anule-se (B
= 0). O campo indutor capaz de levar a indução residual a zero é chamado de campo
coercitivo ou força coercitiva ( Hc ).
Aumentando-se o campo indutor (H) no sentido negativo chega-se à saturação do
material em sentido contrário (ponto 4).
Reduzindo-se a excitação da bobina magnetizadora a densidade magnética B
diminui até chegar ao ponto 5 (H = 0) sobrando uma indução residual Br negativa.
Para anular esta indução residual deve-se inverter o campo indutor e aumentá-lo
até alcançar Hc .
Continuando-se a aumentar o campo indutor chega-se novamente à saturação no
sentido positivo.
Como se percebeu o valor da indução segue o valor do campo indutor H com certo
atraso, ou seja, quando H chega à zero B ainda não chegou, H atinge valores negativos
antes dos valores de B atingirem.
Histeresis, em grego, significa atraso por isto o laço de histerese magnética tem
este nome, sendo também chamado de ciclo de histerese. Na figura 2.16 é apresentado
um laço de histerese típico.
De modo geral, quando o material não está magnetizado seus domínios
magnéticos estão dispostos de maneira aleatória. Porém, ao aplicar-se uma força
magnetizante, os domínios se alinham com o campo aplicado. Se invertermos o sentido
do campo os domínios também inverterão sua orientação. Ao inverter sua orientação, os

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39

domínios precisam superar o atrito e a inércia. Ao fazer isto dissipam certa quantidade de
energia na forma de calor, que é chamada de PERDA POR HISTERESE. Quanto maior
a força coercitiva mais difícil se torna a desmagnetização do material e, portanto, mais
perdas ocorrem.
Pode-se provar matematicamente que a área dentro do laço de histerese representa
as perdas histeréticas. Assim, para o trabalho com corrente variável (ou alternada), é
necessário que o laço seja o mais estreito possível para que as perdas sejam o menor
possível. Na figura 2.17 é apresentado um gráfico com a representação das perdas por
histerese magnética.

Figura 2.16 – Laço de Histerese

Figura 2.17 – Perdas por histerese magnética

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40

Para redução dessas perdas deve-se usar material de baixa força coercitiva,
indução magnética baixa (material não saturado) e reduzir a frequência da variação do
fluxo (quando for possível).
A curva B-H dos materiais é que diferenciam as suas propriedades para fabricação
de ímãs e de eletroímãs.
Os ímãs permanentes ideais devem ter alta coercitividade para que sejam difíceis
de serem desmagnetizados e alta remanência para que apresentem uma boa indução de
trabalho. Os ímãs reais dificilmente apresentam as duas características completas juntas.
Os materiais mais usados em ímãs permanentes são: Aço com alto teor de carbono,
Ferrite, Alnico, Samário- Cobalto, Neodímio-Ferro-Boro.
Para fabricar eletroímãs o importante é que a indução seja alta para pequenos
valores de H (alta permeabilidade) e que a coercitividade e remanência sejam pequenas
para que, quando a corrente seja extinta a indução residual anule-se facilmente. O material
ideal para eletroímãs deve ter, portanto, o laço de histerese representando uma reta que
passa pela origem e tenha grande inclinação (grande permeabilidade).
Para fabricação de eletroímãs são usados normalmente aço-doce e o aço-silício.
Estes materiais têm alta permeabilidade e pequena força coercitiva, porém, possuem alta
indução residual, o que não chega a ser um problema pois é facilmente reduzida já que
a força coercitiva é muito baixa.

Figura 2.18 – Característica do laço de histerese de ímãs permanentes e


eletroímãs

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41

2.7 Fios Esmaltados


Os fios usados para confecção de bobinas de motores, transformadores e outros
equipamentos eletromagnéticos são feitos de cobre ou alumínio e revestidos por esmalte
isolante. Alguns condutores podem possuir, adicionalmente ao esmalte, uma cobertura de
papel Kraft, algodão ou fibra de vidro impregnada com diferentes tipos de vernizes.
Os materiais isolantes usados em dispositivos eletromagnéticos devem ocupar
pouco espaço e suportar temperaturas altas. Dependendo da temperatura máxima
suportada, existe uma classificação em classes de isolamento, segundo o padrão IEC
(International Electrotechnical Commission – Comissão Eletrotécnica Internacional), que
se apresenta na Tabela 2.2.
Tabela 2.2 – Classes de Isolamento

Classe de Isolação Temperatura


Y (O) 900C
A 1050C
E 1200C
B 1300C
F 1550C
H 1800C
C >180 C (2000C/2200C)
0

Os condutores podem ter seção transversal circular, quadrada ou retangular. Para


pequenas seções usam-se, geralmente, fios circulares.
Os condutores esmaltados são acondicionados em carretéis com pesos que vão
desde frações de quilograma até mais de uma centena de quilogramas. Ao contrário dos
condutores para instalações elétricas, que são vendidos por metro, os fios esmaltados são
vendidos por quilograma.
No Brasil a seção dos fios é especificada de duas formas:
 Escala AWG ou B&S.
 Escala milimétrica.
Na escala milimétrica, também utilizada na Europa, os fios são especificados
segundo o diâmetro, em milímetros, do condutor nú. (Tabela 2.3)
A escala AWG (American Wire Gauge) ou B&S (Brown and Sharpe) tem origem
nos Estados Unidos e está mostrada na Tabela 2.4.

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42

Exemplo 2.8: Com base nos valores da Tabela 2.4, calcule a área da seção
transversal dos fios listados abaixo.

a) 20 AWG diâmetro nominal (fio nu) = __________ Área = __________


b) 23 AWG diâmetro nominal (fio nu) = __________ Área =__________
c) 26 AWG diâmetro nominal (fio nu) = __________ Área =__________
d) 30 AWG diâmetro nominal (fio nu) = __________ Área =__________
Conclusões:
 Somando 3 ao número de cada condutor a área cai aproximadamente à metade.
 Somando 10 ao número de cada condutor a área cai aproximadamente à décima parte.

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43

Tabela 2.3 – Escala Milimétrica


Diâmetro do fio nu Resistência Elétrica

(mm) /m a 200C - Fio de cobre Tipo S (grau 1) Tipo R (grau 2)

Acresc. Diâm.Ext.max. Acresc. Diâm.Ext.max

Nominal Mínimo Máximo Mínima Nominal Máxima Min. (mm) (mm) Min. (mm) (mm)

0,020 0,019 0,021 50,4896 54,8800 59,2704 0,003 0,025 0,005 0,030
0,025 0,024 0,026 32,3133 35,1232 37,9331 0,003 0,031 0,005 0,036
0,032 0,031 0,033 19,7225 21,4375 23,1525 0,003 0,038 0,006 0,044
0,040 0,038 0,042 12,6224 13,7200 14,8176 0,003 0,047 0,008 0,053
0,050 0,048 0,052 8,07834 8,78080 9,48326 0,003 0,060 0,010 0,067
0,063 0,060 0,066 5,08839 5,53086 5,97333 0,005 0,075 0,010 0,080
0,070 0,067 0,073 4,11935 4,48000 4,89017 0,005 0,083 0,013 0,090
0,080 0,077 0,083 3,18653 3,43000 3,70248 0,005 0,095 0,015 0,103
0,090 0,088 0,093 2,53810 2,71012 2,83471 0,005 0,105 0,015 0,115
0,100 0,097 0,103 2,06919 2,19520 2,33308 0,008 0,117 0,018 0,128
0,112 0,109 0,115 1,65989 1,75000 1,84766 0,008 0,130 0,020 0,142
0,125 0,122 0,128 1,33984 1,40493 1,47487 0,010 0,145 0,020 0,158
0,140 0,137 0,143 1,07350 1,12000 1,16959 0,010 0,161 0,023 0,176
0,160 0,157 0,163 0,826226 0,857500 0,890583 0,013 0,183 0,025 0,198
0,180 0,177 0,183 0,655498 0,677531 0,700692 0,013 0,206 0,028 0,224
0,200 0,197 0,203 0,532699 0,548800 0,565642 0,015 0,228 0,030 0,246
0,250 0,247 0,253 0,342951 0,351232 0,359815 0,018 0,280 0,036 0,298
0,280 0,277 0,283 0,274095 0,280000 0,286097 0,018 0,312 0,038 0,330
0,315 0,312 0,318 0,217080 0,221235 0,225509 0,020 0,351 0,040 0,368
0,355 0,351 0,359 0,170328 0,174188 0,178180 0,020 0,390 0,041 0,411
0,400 0,396 0,404 0,134496 0,137200 0,139986 0,023 0,435 0,043 0,458
0,450 0,445 0,455 0,106035 0,108405 0,110855 0,023 0,488 0,046 0,511
0,500 0,495 0,505 0,086078 0,087808 0,089591 0,025 0,540 0,048 0,565
0,5600 0,554 0,566 0,068524 0,070000 0,071524 0,025 0,602 0,050 0,628
0,630 0,624 0,636 0,054270 0,055309 0,056377 0,027 0,673 0,053 0,701
0,710 0,703 0,717 0,042701 0,043547 0,044418 0,028 0,755 0,055 0,783
0,750 0,742 0,758 0,038206 0,039026 0,039872 0,029 0,797 0,057 0,825
0,800 0,792 0,808 0,033624 0,034300 0,034996 0,030 0,848 0,058 0,878
0,850 0,841 0,859 0,029750 0,030383 0,031037 0,030 0,899 0,060 0,930
0,900 0,891 0,909 0,026567 0,027101 0,027651 0,030 0,951 0,063 0,981
0,950 0,940 0,960 0,023819 0,024324 0,024844 0,031 1,002 0,065 1,033
1,000 0,990 1,010 0,021519 0,021952 0,022398 0,032 1,053 0,066 1,085
1,060 1,049 1,071 0,019537 0,034 1,114 0,067 1,147
1,120 1,109 1,131 0,017500 0,035 1,175 0,070 1,208
1,180 1,168 1,192 0,015766 0,036 1,237 0,072 1,270
1,250 1,237 1,263 0,014049 0,036 1,308 0,073 1,343
1,320 1,307 1,333 0,012599 0,036 1,379 0,074 1,415
1,400 1,386 1,414 0,011200 0,037 1,459 0,075 1,496
1,500 1,485 1,515 0,009756 0,039 1,560 0,077 1,599
1,600 1,584 1,616 0,008575 0,041 1,663 0,080 1,703
1,700 1,683 1,717 0,007596 0,039 1,761 0,076 1,800
1,800 1,782 1,818 0,006775 0,035 1,857 0,070 1,895
1,900 1,881 1,919 0,006081 0,036 1,958 0,072 1,996
2,000 1,980 2,020 0,005488 0,037 2,059 0,073 2,098
2,120 2,099 2,141 0,004884 0,037 2,180 0,075 2,220
2,240 2,218 2,262 0,004375 0,037 2,301 0,075 2,343
2,360 2,336 2,384 0,003941 0,039 2,422 0,077 2,465
2,500 2,475 2,525 0,003512 0,039 2,562 0,078 2,606
2,650 2,623 2,677 0,003126 0,039 2,713 0,079 2,758
2,800 2,772 2,828 0,002800 0,040 2,865 0,080 2,912
3,000 2,970 3,030 0,002439 0,041 3,067 0,082 3,115
3,150 3,118 3,182 0,002212 0,041 3,217 0,083 3,267
3,350 3,316 3,384 0,001956 0,042 3,418 0,084 3,470
3,550 3,514 3,586 0,001742 0,043 3,619 0,085 3,771
3,750 3,712 3,788 0,001561 0,043 3,820 0,087 3,873
4,000 3,960 4,040 0,001372 0,044 4,071 0,088 4,127
4,250 4,207 4,293 0,001215 0,045 4,327 0,090 4,381
4,500 4,455 4,545 0,001084 0,045 4,574 0,091 4,634
4,750 4,702 4,798 0,000973 0,045 4,825 0,092 4,886
5,000 4,950 5,050 0,000878 0,46 5,075 0,093 5,138

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44

Tabela 2.4 – Escala AWG


Bitola Diâmetro do fio nu Resistência elétrica /m a 200C - Fio Tipo S (grau 1) Tipo R (grau 2)
(mm) de cobre
(AWG) Nom. Min. Max. Mín. Nom. Máx. Acresc. Diâm. Ext. Acresc. Diâm. Ext.
Min. (mm) max. (mm) Min. (mm) max. (mm)
52 0,020 0,019 0,021 50,4896 54,8800 59,2704 0,003 0,025 0,005 0,030
51 0,022 0,021 0,023 41,7269 45,3554 48,9838 0,003 0,028 0,005 0,033
50 0,025 0,024 0,026 32,3133 35,1232 37,9331 0,003 0,031 0,005 0,036
49 0,028 0,027 0,029 25,7600 28,0000 30,2400 0,003 0,033 0,005 0,038
48 0,032 0,031 0,033 19,7225 21,4375 23,1525 0,003 0,038 0,005 0,043
47 0,036 0,034 0,038 15,8532 16,9383 18,2933 0,003 0,043 0,008 0,048
46 0,040 0,038 0,042 12,6224 13,7200 14,8176 0,003 0,047 0,008 0,053
45 0,045 0,043 0,047 9,97326 10,8405 11,7077 0,003 0,052 0,008 0,058
44 0,051 0,048 0,054 7,76464 8,43983 9,11502 0,003 0,061 0,010 0,069
43 0,056 0,053 0,059 6,44000 7,00000 7,56000 0,005 0,066 0,010 0,074
42 0,064 0,061 0,067 4,89017 5,35938 5,89949 0,005 0,076 0,010 0,081
41 0,071 0,068 0,074 4,00876 4,35469 4,74740 0,005 0,084 0,013 0,091
40 0,079 0,076 0,082 3,26472 3,51739 3,80055 0,005 0,094 0,015 0,102
39 0,089 0,086 0,092 2,59357 2,77137 2,96809 0,005 0,104 0,015 0,114
38 0,102 0,099 0,105 1,99111 2,10996 2,23977 0,008 0,119 0,018 0,130
37 0,114 0,111 0,117 1,60362 1,68914 1,78167 0,008 0,132 0,020 0,145
36 0,127 0,124 0,130 1,29893 1,36103 1,42768 0,010 0,147 0,020 0,160
35 0,142 0,139 0,145 1,04409 1,08867 1,13617 0,010 0,163 0,023 0,178
34 0,160 0,157 0,163 0,82622 0,857500 0,890583 0,013 0,183 0,025 0,198
33 0,180 0,177 0,183 0,65549 0,677531 0,700692 0,013 0,206 0,028 0,224
32 0,203 0,200 0,206 0,515729 0,532699 0,548800 0,015 0,231 0,030 0,249
31 0,226 0,223 0,229 0,41860 0,429791 0,441432 0,015 0,254 0,033 0,274
30 0,254 0,251 0,257 0,33235 0,340257 0,348439 0,018 0,284 0,036 0,302
29 0,287 0,284 0,290 0,26102 0,266508 0,272168 0,018 0,320 0,038 0,336
28 0,320 0,317 0,323 0,21041 0,214375 0,218452 0,020 0,356 0,041 0,373
27 0,361 0,357 0,365 0,16477 0,168446 0,172241 0,020 0,396 0,041 0,417
26 0,404 0,400 0,408 0,13187 0,134497 0,137200 0,023 0,439 0,043 0,462
25 0,455 0,450 0,460 0,10374 0,106036 0,108405 0,023 0,493 0,046 0,516
24 0,511 0,506 0,516 0,08244 0,084068 0,085738 0,025 0,551 0,048 0,577
23 0,574 0,568 0,580 0,06525 0,066627 0,068042 0,025 0,617 0,051 0,643
22 0,643 0,637 0,649 0,05211 0,053095 0,054100 0,028 0,686 0,053 0,714
21 0,724 0,717 0,731 0,04108 0,041879 0,042701 0,028 0,770 0,056 0,798
20 0,813 0,805 0,821 0,03256 0,033212 0,033875 0,030 0,861 0,058 0,892
19 0,912 0,903 0,921 0,02587 0,026393 0,026921 0,030 0,963 0,064 0,993
18 1,024 1,014 1,034 0,020935 0,033 1,077 0,066 1,110
17 1,151 1,139 1,163 0,016570 0,036 1,207 0,071 1,240
16 1,290 1,277 1,303 0,013192 0,036 1,349 0,074 1,384
15 1,450 1,435 1,465 0,010441 0,038 1,509 0,076 1,547
14 1,628 1,612 1,644 0,008283 0,041 1,692 0,081 1,732
13 1,829 1,811 1,847 0,006562 0,035 1,886 0,071 1,923
12 2,052 2,031 2,073 0,005213 0,037 2,111 0,074 2,151
11 2,304 2,281 2,327 0,004135 0,038 2,366 0,076 2,408
10 2,588 2,562 2,614 0,003278 0,039 2,651 0,079 2,695
09 2,906 2,877 2,935 0,002599 0,041 2,972 0,081 3,020
08 3,264 3,231 3,297 0,002061 0,042 3,332 0,084 3,383
07 3,665 3,628 3,702 0,001634 0,043 3,734 0,086 3,787
06 4,115 4,074 4,156 0,001296 0,045 4,186 0,089 4,244
05 4,620 4,574 4,666 0,001028 0,045 4,695 0,091 4,755
04 5,189 5,137 5,241 0,000815 0,047 5,265 0,094 5,329

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45

2.8 Formas de Magnetização


De um modo geral, para magnetizar uma peça deve-se submetê-la à ação de um
campo magnético externo, denominado genericamente de campo indutor. Porém, antes
de um estudo mais detalhado, é conveniente fazer uma apresentação sucinta sobre os
compostos de ferro.
O ferro puro tem um uso limitado devido ao alto custo, assim, sempre existe uma
percentagem de Carbono junto com o ferro. O ferro doce (dúctil, dócil, flexível, elástico)
é aquele que tem até aproximadamente 0,36% de Carbono. O aço (duro) tem de 0,36% a
1,5% de Carbono. O gusa tem mais de 2,5% de carbono. A quantidade de Carbono afeta
a retentividade do ferro. Quanto maior a quantidade de Carbono presente no ferro, maior
é a sua retentividade (capacidade de reter o magnetismo).
A seguir serão estudados dois métodos de magnetização:
 Método da bobina
 Método do atrito

Figura 2.19 – Métodos de Magnetização

a) Método da bobina
Para exemplificar este método, mostra-se na figura abaixo uma chave de fenda
que é magnetizada pela ação da corrente que passa pela bobina. O campo magnético
criado pela bobina ordena os ímãs elementares da chave de fenda que, então, cria o seu
próprio campo magnético, denominado campo induzido. As ferramentas, tipo chave de
fenda, tesoura e alicate entre outras, são feitas de aço carbono que tem alta retentividade,
portanto, mesmo depois de cessado o campo indutor a peça fica magnetizada tornando-
se um ímã permanente.

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46

Figura 2.20 – Magnetizando uma chave de fenda

Executando o mesmo método em uma peça de ferro doce observa-se que quando
o campo indutor cessa o material fica praticamente desmagnetizado. Isto ocorre porque o
ferro doce tem baixa retentividade e presta-se para construção de ímãs temporários.

Figura 2.21 – Magnetização de uma barra de ferro doce

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47

b) Método do atrito
Atritando-se um ímã permanente com uma peça magnética também se consegue
ordenar os ímãs elementares e criar um campo induzido. As observações do item anterior
quanto ao tipo de ferro continuam válidas.

Figura 2.22 – Magnetização por atrito

Quando todos os ímãs elementares ficam ordenados de tal modo que mesmo
aumentando o campo indutor o campo induzido não aumenta, o material atinge a
saturação magnética. A saturação magnética existe em qualquer material magnético
qualquer que seja o método de magnetização.

2.9 Formas de desmagnetização


Pode ser obtida a desmagnetização de um material através de vibração mecânica,
com elevação de temperatura ou aplicação de um campo magnético contrário (vide laço
de histerese). Tanto com vibração mecânica quanto com elevação de temperatura
acontece uma agitação interna que provoca o desalinhamento dos domínios magnéticos
(ímãs elementares). Existe uma temperatura para cada material na qual o mesmo perde
todas as suas propriedades magnéticas, devido às agitações térmicas das moléculas. Esta
temperatura é denominada PONTO DE CURIE.

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48

2.10 Experimentos
Experimento 2.1

Título: Campo Magnético de um Condutor Retilíneo

Material necessário:

- 01 Fonte de alimentação
- 01 Bússola
- Cabos

Roteiro

1 – Coloque a bússola sobre a bancada e afastada de qualquer ímã ou material magnético.


Represente através de um desenho a orientação da agulha magnética.

2 – Com a fonte desligada, gire os três potenciômetros da fonte cc totalmente em sentido


anti-horário.

3 – Gire o potenciômetro CORRENTE totalmente em sentido horário para que a fonte


libere corrente. A chave de escala do amperímetro deve estar na posição X2.

4 – Ainda com a fonte desligada, faça um curto-circuito entre seus terminais. Este
procedimento somente é possível em função de a fonte possuir uma limitação interna de
corrente.

5 – Ligue a fonte e gire o potenciômetro de ajuste fino (FINA) lentamente até que a
corrente seja 1,6A.

6 – Desligue a fonte.

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49

7 - Coloque o condutor esticado sobre a bússola e paralelo a agulha magnética.

8 – Ligue a fonte.

9 – Represente no desenho abaixo o condutor, indicando o sentido da corrente, e a agulha


magnética.

10 – Repita o experimento, colocando o condutor embaixo da bússola. Represente através


de desenho a orientação da agulha.

11 – Repita os experimentos, invertendo o sentido da corrente no condutor.


condutor em cima da bússola condutor embaixo da bússola

12 – Anote conclusões:
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................

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50

Experimento 2.2

Título: Campo Magnético de uma Bobina

Material necessário:

- 01 Fonte de alimentação - 01 Bússola


- 01 Prego grande - Fita crepe e cartolina
-03 metros de fio de cobre esmaltado 26 AWG (ou - 02 cabos banana-jacaré
próximo)
- Ferramentas - 01 alfinete

Roteiro

1 – Coloque uma faixa de cartolina em torno do corpo do prego grande, formando um


tubo. Prenda-a com fita crepe, porém, certifique-se que o prego ficou livre para ser
introduzido ou retirado do tubo de cartolina. Enrole aproximadamente 150 espiras do fio
esmaltado, bem próximas, em torno do tubo, conforme representado abaixo. Use a fita
crepe para fixar a bobina na cartolina de forma que o fio não se desenrole. A seguir, raspe
aproximadamente 2 cm de esmalte em cada extremidade do fio.

ATENÇÃO PARA O
SENTIDO DO
ENROLAMENTO!

2 – Usando a regra adequada, indique a polaridade do prego para a situação mostrada


abaixo. Não execute as ligações na prática ainda.

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51

3 – Gire os três potenciômetros da fonte cc totalmente em sentido anti-horário.

4 – Gire o potenciômetro CORRENTE totalmente em sentido horário para que a fonte


libere corrente. A chave de escala do amperímetro deve estar na posição X2.

5 – Conecte os terminais A e B da bobina, respectivamente, nos bornes positivo e negativo


da fonte. Use os cabos banana-jacaré.

6 – Ligue a fonte e gire o potenciômetro de ajuste fino (FINA), lentamente, até que a
corrente seja 2,0 A.

7 – Verifique a posição da agulha magnética nas posições 1, 2, 3 e 4 indicadas abaixo.


Desenhe a agulha magnética em cada posição.

Obs.: toque com cuidado na bobina e verifique o efeito térmico da corrente (Efeito Joule).

8 – Agora, sem a bússola, aproxime o alfinete das posições 1 e 2 e relate o que aconteceu.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
......................................
9 – Represente algumas linhas de força do campo magnético.

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52

10 – Inverta o sentido da corrente na bobina e repita o item 7.

11 – Agora, sem a bússola e sem o prego do interior da cartolina, aproxime o alfinete


das posições 1 e 2 e relate o que aconteceu.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
......................................
12 – Explique, sob o ponto de vista deste experimento, o que são campo indutor e
campo induzido.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
13 – Anote conclusões.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................

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53

Experimento 2.3
Título: Temperatura e Magnetização
Material necessário:
- 01 ímã permanente - 02 alfinetes
- 01 vela - 01 alicate universal

Roteiro
1 – Magnetize os alfinetes usando o ímã permanente.

2 – Verifique se os alfinetes atraem-se:.....................................

3 – Acenda a vela e aqueça um alfinete de cada vez segurando-o com o alicate.

4 – Aproxime os alfinetes e verifique se existe atração:...............................

5 – Anote conclusões.
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................

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54

2.11 Exercícios
1. Descreva a regra usada para determinar o sentido das linhas de força magnéticas
criadas por um condutor retilíneo percorrido por corrente.
2. Para o circuito abaixo, pede-se:
a) represente a corrente que circula pela bobina;
b) represente as linhas de força dos campos magnéticos da bobina e do ímã
permanente;
c) represente os ímãs elementares do núcleo de ferro sobre o qual está enrolada a
bobina;
d) indique os polos Norte e Sul do núcleo de ferro;
e) determine se há atração ou repulsão entre o núcleo de ferro e o ímã permanente.

3. Descreva os processos de magnetização e desmagnetização de materiais.

4. Explique o que é saturação magnética.

5. Explique o que é retentividade e descreva a influência do percentual de carbono sobre


a retentividade do ferro.

6. Explique o que é Temperatura de Curie.

7. Qual a principal relação entre magnetismo e eletricidade?

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55

8. Determine o que se pede na figura a seguir:

Vetor entrando no plano Vetor saindo do plano

9. Um fio retilíneo percorrido por corrente produz um campo magnético com qual
formato? Qual regra nos dá o sentido dos vetores? Explique.
10. Indique o sentido das linhas de força nas figuras a seguir.

10. Aonde o campo magnético é mais intenso, no fio ou na espira? Explique.


11. Por que nos solenoides os campos magnéticos são mais intensos?
12. Explique como funciona a obtenção do campo magnético resultante em um solenoide.
13. Explique a regra da mão direita para bobinas.
14. Calcule a intensidade de corrente que deve circular num fio retilíneo colocado no ar
para produzir uma indução 0,5 T a uma distância de 5cm do centro do fio. R: 125000A
15. Uma corrente num condutor esticado produz a 5 cm de distância do mesmo uma
intensidade de campo de 7500Ae/m. Calcular a corrente no fio e a indução no ponto
mencionado. R: I=2356 A, B=9,425mT
16. Um solenoide com seção circular de 2cm de diâmetro por 10cm de comprimento tem
1000 espiras enroladas bem juntas. Calcule a corrente para ser obtido um fluxo de
0,1mWb. R:25,34 A

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56

17. Deseja-se construir um solenoide de 1,5cm de raio e 7,0cm de comprimento de modo


que, percorrido por uma corrente de 600mA produza, no seu interior, um fluxo de 23
µWb. Calcule o número de espiras necessárias. R: 3021 espiras
18. Um toróide com seção quadrada com 750 espiras uniformemente distribuídas. Sabe-
se que o núcleo de ferro tem permeabilidade relativa de 1000. Calcule a indução e o fluxo
produzido no mesmo para uma corrente de 0,5 A. O raio interno vale Ri=4cm e o externo
vale Re=6cm. R: H=1194 Ae/m, B=1,5T, Ø=0,6mWb.
19. Refaça o exercício anterior se a seção transversal for trocada para uma circular com
diâmetro de 2cm.
20. O que são fios esmaltados? Explique a diferença entre as duas escalas mais utilizadas.
21. Determine o diâmetro e calcule a área para os seguintes fios:
a) 52AWG
b) 41AWG
c) 05AWG
22. Sabendo que a corrente I1 é igual a 5 A e que a corrente I2 é igual a 8 A, determine a
intensidade de campo magnético e a indução magnética em módulo, direção e sentido nos
pontos A, B e C, considerando que os condutores estão dispostos no ar.

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57

3. FORÇA E TORQUE ELETROMAGNÉTICOS


3.1 Força sobre carga elétrica em movimento
A interação entre eletricidade e magnetismo não acontece de forma universal, só
em determinadas circunstâncias. A seguir são apresentadas algumas situações em que
isto é analisado.

Figura 3.1 – Interações entre eletricidade e magnetismo

A interação mais simples possível é a ação de um campo magnético sobre uma


carga elétrica em movimento. Nas pesquisas realizadas percebeu-se que a força, que age
sobre uma carga lançada dentro de um campo magnético é sempre perpendicular ao plano
formado pela velocidade (v) e pela indução (B). Verificou-se também que, o módulo da
força é proporcional à indução magnética (B), à velocidade da carga (v), ao valor da carga
(q) e ao seno do ângulo entre a velocidade da carga e as linhas de força (senα).
Transformando a proporcionalidade em equação, tem-se no SI:
𝐹 = 𝐵. 𝑣. 𝑞. 𝑠𝑒𝑛𝛼 (3.1)
Com F em Newtons (N), v em metros por segundo (m/s) e q em Coulombs (C).
O sentido da força é dado pela regra dos três dedos da mão esquerda (para carga
positiva). Para conhecer o sentido da força dispõem-se os três dedos da mão esquerda a
90° entre si. O indicador deve ficar no sentido de B, o dedo médio no sentido de v e o
polegar fornece o sentido da força F sobre a carga elétrica em movimento.

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58

Figura 3.2 – Regra dos três dedos da mão esquerda para carga elétrica positiva
em movimento imersa em campo magnético
Caso a carga se desloque na mesma direção das linhas de força, nenhuma força
aparecerá sobre ela, o mesmo acontecerá se a carga estiver em repouso.
Este fenômeno eletromagnético é o princípio de muitos outros cuja utilidade é
indiscutível na moderna tecnologia. Citam-se, por exemplo, a força mecânica sobre
condutor percorrido por corrente imerso em campo magnético, a fem induzida em
condutor em movimento dentro de campo magnético, o tubo de raios catódicos de uma
TV de tubo, o efeito Hall, etc.
Exemplo 3.1: Calcular a força mecânica que age sobre uma carga elétrica de 1nC,
lançada perpendicularmente num campo magnético de 0,2T com uma velocidade de 120
km/h. R: 6,67nN

3.2 Força eletromagnética


Neste adiantamento do curso já se sabe que um condutor percorrido por corrente
elétrica cria um campo magnético na região que o envolve. Se este condutor estiver sob
a ação de outro campo magnético, por exemplo, de um ímã permanente, existirão dois
campos. Também se sabe que a existência de dois campos magnéticos dá origem a forças
de atração ou repulsão. Assim, considere a sequência da figura 3.3 a seguir.

S S

I I
F

N N

(a) (b) (c)


Figura 3.3 – Força eletromagnética

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59

Na fig.3.3(a) está representado o campo magnético de um ímã permanente e na


fig.3.3(b) o campo magnético de um condutor retilíneo percorrido por corrente. Na
fig.3.3(c) o condutor está colocado entre os polos do ímã permanente. O campo resultante
pode ser determinado ponto a ponto e, neste caso, observa-se que na região a direita do
condutor há um enfraquecimento do campo, devido às linhas de força estarem em sentidos
contrários, e na região a esquerda do condutor há um reforço do campo (linhas de força
no mesmo sentido). A deformação do campo dá origem a uma força que tenta expulsar o
condutor para que as linhas retornem para a posição indicada na fig.3.3(a). Pode-se dizer
que as linhas agem como se fossem “elásticos distendidos” empurrando o condutor para
um lado. Assim sendo, é possível apresentar, neste momento, um dos fundamentos do
eletromagnetismo.

“Todo condutor percorrido por corrente elétrica e imerso em um campo magnético


sofre a ação de uma força mecânica de origem magnética (força eletromagnética).”

A equação 3.2 mostra os fatores que determinam a intensidade desta força:


𝐹 = 𝐵. 𝐼. 𝑙. 𝑠𝑒𝑛𝛼 (3.2)
Nesta equação, tem-se que:
F = força eletromagnética sobre o condutor (N);
B = indução magnética (T);
l = comprimento do condutor (m);
I = corrente no condutor (A);
 = ângulo entre o condutor e as linhas de força.
Obs.:
 Se o condutor está colocado paralelamente às linhas de força ( = 0 
sen=0) não existe força atuando no condutor.
 Se o condutor está colocado perpendicularmente as linhas de força ( = 90 
sen=1) a força que atua no condutor é máxima.

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60

Sentido da força eletromagnética


O sentido da força pode ser achado aplicando-se a regra de Fleming da mão
esquerda. Dispõem-se ortogonalmente os dedos polegar, indicador e médio da mão
esquerda. O dedo indicador aponta no sentido da indução magnética (B), o dedo médio
aponta no sentido da corrente (I) e o polegar dá o sentido da força sobre o condutor (F).

Figura 3.4 – Regra de Fleming da mão esquerda

Exemplo 3.2: Calcular a força que age sobre um condutor retilíneo de 0,45m de
comprimento que está imerso em um campo magnético, perpendicular às linhas de força,
cuja indução vale 0,32 T sabendo-se que a corrente no mesmo vale 50 A. R: 7,2N

Exemplo 3.3: Calcular a indução necessária para que um condutor retilíneo de


25,4 cm de comprimento, percorrido por uma corrente de 3,8 A, estando a 30° com as
linhas de força, produza uma força de 0,25 N. R: 0,52T

3.3 Força de Atração de um Eletroímã


Apesar dos eletroímãs serem equipamentos muito comuns e das mais diversas
formas, seu equacionamento analítico é bastante limitado. As equações disponíveis
sempre fazem uma série de restrições para que permaneçam confiáveis. A seguir será
apresentada a força de atração cuja dedução é baseada na variação da energia magnética
armazenada em função do comprimento do entreferro. (Resende, Materiais usados em

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61

Eletricidade, p.188, Fitzgerald, Máquinas Elétricas, p.89, Martignoni, Eletrotécnica,


p.104).
𝐵².𝑆
𝑓= (3.3)
2.𝜇0

Onde:
f = força numa face polar com área S e indução B (N);
S = área de uma face polar (m²);
B = indução no entreferro (T);
µ0 = permeabilidade magnética do vácuo (4π.10-7 T.m/A).
Esta equação foi deduzida levando em conta as seguintes simplificações:
a) A relutância do ferro é considerada desprezível em comparação com a do ar, ou
seja, após a atração a equação deixa de ser precisa.
b) A indução deve ser constante em toda a área do entreferro, ou seja, o entreferro
não deve exceder alguns milímetros a fim de que o espraiamento e a dispersão
magnética sejam desprezíveis. Lembrando que:
i. Dispersão Magnética – Linhas de força que se fecham por um caminho
externo ao núcleo, como na figura 2.5. A presença da dispersão faz com
que o valor do fluxo obtido seja menor (e da indução também).
ii. Espraiamento – Situação em que a seção do entreferro é um pouco maior
do que a seção das faces do ferro, com o aumento de área há a diminuição
da indução.

(a) (b)
Figura 3.5 – Linhas de força no entreferro: a) Sem espraiamento b) Com espraiamento

Exemplo 3.4: Calcule a força de atração de um eletroímã que possui face polar
com seção circular com raio de 5 cm, submetido a uma indução de 0,2 T. R: 125N

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62

3.4 Revisão: Torque ou Conjugado


O torque (também chamado de conjugado, momento ou binário) é a medida do
esforço necessário para girar um eixo.

É sabido, pela experiência


prática, que para levantar um peso
por um processo semelhante ao
usado em poços de água (fig.3.6), a
força F que é preciso aplicar à
manivela depende do comprimento r
da manivela. Quanto maior for a
manivela, menor será a força
necessária. Figura 3.6 – Sistema usado em poços d’água

Se dobrarmos o comprimento r da manivela, a força F necessária será diminuída


à metade. No exemplo da figura 3.1, se o balde pesa 20 N (aproximadamente 2 kgf) e o
diâmetro do tambor é 20 cm (0,20 m), a corda transmitirá uma força de 20 N na superfície
do tambor, isto é, a 0,10 m do centro do eixo. Para contrabalançar esta força, precisam de
10N na manivela se o comprimento r for 20 cm (0,20 m). Se r for o dobro, isto é, 0,40m,
a força F será a metade, ou seja, 5N.
Como vemos, para medir o “esforço” necessário para fazer girar o eixo não basta
definir a força empregada. É preciso também dizer a que distância do eixo a força é
aplicada. O “esforço” é medido pelo torque (T), que é o produto da força (F) pela distância
(r):
𝑇 = 𝐹. 𝑟 (3.4)
No exemplo citado, o torque vale:
T = 20N . 0,10m = 10N . 0,20m = 5N . 0,40m = 2 Nm
As unidades aqui utilizadas são do Sistema Internacional (SI). Outra unidade usual
para torque é o quilogramaforça-metro (kgfm) (1Kgf = 9,8N).
Exemplo 3.5: Se o cilindro da figura 3.6 tiver 25 cm de diâmetro, r for igual a 25
cm, e a massa do balde valer 30 kg, considerando g=10m/s². Determine a força que deve
ser aplicada à manivela para elevar o balde com velocidade constante. R: 150N

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63

3.5 Torque de um ímã permanente


Um ímã permanente colocado sob a ação de um campo magnético externo sofre a
ação de forças magnéticas e produz torque no sentido de alinhar o seu eixo magnético
(vetor n) com o campo externo (vetor B) (fig.3.7). Neste caso, o torque depende, dentre
outros fatores, do ângulo () entre o eixo magnético do ímã (vetor n) e o campo externo.
Observa-se, experimentalmente, que se =0° não existe torque e se =90° o torque é
máximo.

 F B
n

S
S

NN

Figura 3.7 – Torque de um ímã permanente

3.6 Torque eletromagnético de uma bobina


Sempre que houver um condutor percorrido por corrente imerso em um campo
magnético haverá uma força eletromagnética agindo sobre este condutor. Quando se tiver
uma espira ou uma bobina de N espiras, dentro de um campo magnético, fixa a um eixo
de rotação, ela sofrerá uma torção ao ser percorrida por uma corrente elétrica (fig.3.8). O
torque atua no sentido de alinhar o eixo magnético da bobina n com o vetor indução
magnética B. O ângulo entre os vetores n e B é designado por  (ângulo de torque).

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64

S S

F
I I
B
r
n  2r

I I
F
(a)
N N

B l
n FR
 I

F n

FT  
FT B
(c)
F
I
I I
FR
(b) F F

Figura 3.8 – Torque eletromagnético de uma bobina

Sobre cada um dos lados ativos da bobina (lados perpendiculares às linhas de


força) surge uma força, cujo sentido é dado pela regra de Fleming da mão esquerda e cujo
módulo é calculado por:
𝐹 = 𝑁. 𝐵. 𝐼. 𝑙. 𝑠𝑒𝑛𝛼 (3.5)
Percebe-se que estas forças podem ser decompostas em duas componentes
(fig.3.8b):
 A componente radial FR tem sua reta suporte passando pelo eixo da espira. As
componentes radiais cancelam-se mutuamente e não produzem torque.
 A componente tangencial FT tem a sua direção perpendicular ao raio. As duas
componentes tangenciais são as responsáveis pela produção do torque.
O torque é expresso pelo somatório dos momentos das forças que agem sobre cada
lado ativo da bobina. Só as forças tangenciais causam conjugado, portanto:
𝑇 = ∑ 𝐹𝑇 . 𝑟 = 2. 𝐹𝑇 . 𝑟 (3.6)

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65

Mas, da fig.3.8b, obtém-se:


𝐹𝑇 = 𝐹. 𝑠𝑒𝑛𝛼 (3.7)
Substituindo-se a eq.3.5 na eq.3.7, chega-se em:
𝐹𝑇 = 𝑁. 𝐵. 𝐼. 𝑙. 𝑠𝑒𝑛𝛼 (3.8)
O torque fica assim estabelecido:
𝑇 = 2. 𝑟. 𝑁. 𝐵. 𝐼. 𝑙. 𝑠𝑒𝑛𝛼 (3.9)
Mas a área da bobina é dada por S=2rl. Então, finalmente, obtém-se a seguinte
expressão para o torque produzido pela bobina:
𝑇 = 𝑁. 𝐵. 𝐼. 𝑆. 𝑠𝑒𝑛𝛼 (3.10)

Nesta equação, tem-se que:


T = torque eletromagnético (N.m);
B = indução magnética (T);
I = intensidade de corrente (A);
S = área da bobina (m2);
 = ângulo entre o eixo magnético da bobina (vetor n) e o vetor indução
magnética;
N = número de espiras da bobina.

Exemplo 3.6: Uma bobina com 500 espiras está imersa num campo magnético
com indução de 0,5 T. A bobina possui área de 200 cm² e é percorrida por uma corrente
de 2A. No instante em que o eixo magnético da bobina forma um ângulo de 60º com o
vetor indução qual é o valor do torque que atua na espira? R: 8,67N.m

Exemplo 3.7: Uma bobina possui área de 50 mm², 1000 espiras e é percorrida por
uma corrente de 3 A. Se esta bobina estiver imersa em um campo magnético com indução
de 0,2 T qual será o torque que atua na bobina se o plano paralelo à superfície da bobina
forma um ângulo de 60° com as linhas de força? R: 0,015N.m

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66

3.7 Aplicações Práticas

MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA (CC)


Um motor elétrico de corrente contínua é uma máquina elétrica a qual aproveita
as forças já estudadas para produzir trabalho. Dessa forma, o motor elétrico, de maneira
geral (tanto CC quanto CA) converte energia elétrica em energia mecânica.
Partes Construtivas - Possui duas partes principais:
a) Estator (Indutor) – Parte que é fixa à carcaça, pode ser formada por ímãs
permanentes ou eletroímãs.
b) Rotor (Induzido) – Também chamado de armadura, é a parte móvel a qual é
constituída de condutores de cobre dispostos em ranhuras existentes em um núcleo
cilíndrico, também é constituída de um conjunto denominado comutador ou
coletor e das escovas, as quais são fabricadas em carvão e possuem a função de
transmitir a corrente elétrica, através dos anéis coletores, ao rotor.

Figura 3.9 – Partes construtivas Motor CC

Todos os motores elétricos valem-se de um dos principais princípios do


eletromagnetismo: “Todo condutor percorrido por corrente imerso em campo magnético
ficará sujeito à ação de uma força”.
Princípio de Funcionamento: Quando se liga o motor, a corrente chega à bobina
de campo, determinando os polos norte e sul (ou estes polos já estão determinados caso
utilize ímãs permanentes). Há o fornecimento de corrente à armadura, o que determina
polos norte e sul na armadura. Partido do princípio que polos opostos se atraem e polos
iguais se repelem, o ímã da armadura, tendo movimento livre, gira, a fim de que seu polo
norte encontre o polo sul do estator e que seu polo sul encontre o polo norte do estator.
Se nada mais acontecesse o motor pararia, pois uma situação de equilíbrio seria alcançada.

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67

O que acontece, é que pouco antes dos polos opostos se encontrarem, a corrente na
armadura é invertida (através do uso do comutador), invertendo, assim, a posição de seus
polos, o norte passa a ser o polo próximo ao polo norte do estator e o polo sul passa a ser
o polo próximo ao polo sul do estator, dessa forma acontece nova repulsão e o motor
continua em movimento.

INSTRUMENTO DE BOBINA MÓVEL E ÍMÃ PERMANENTE (BMIP)


Possui uma bobina móvel que é percorrida por corrente elétrica e ímãs
permanentes fixos (campo indutor); os lados da bobina, ao serem percorridos por corrente
ficam sujeitos a um par de forças, as quais formam um binário e imprimem movimento à
bobina, tem-se fixo à bobina um ponteiro, o qual se desloca sobre uma escala graduada,
mostrando o valor medido. Maiores detalhes do funcionamento do instrumento de bobina
móvel e ímã permanente serão estudados na disciplina de Medidas Elétricas.

Figura 3.10 – Aspectos construtivos do instrumento BMIP

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68

3.8 Experimentos

Experimento 3.1

Título: Motor de Corrente Contínua

Material necessário:

- módulo didático de eletromagnetismo - resistor de 4,7 / 40W

- fonte cc - bússola

- amperímetro DC 1 A - cabos

Roteiro

1 – Coloque somente o rotor no suporte, na posição indicada e execute as ligações.

2 – Ajuste a tensão da fonte para 6V e meça a corrente: I = __________

3 – Utilizando a bússola, determine onde estão localizados os pólos NORTE e SUL do


rotor, representando-os na figura acima. Represente também o sentido da corrente na
bobina do rotor.

4 – Gire manualmente o rotor em 180o e repita o item 3. Os pólos trocaram de lugar?

5 – Monte a estrutura do estator de modo que o pólo inferior seja NORTE e o superior
SUL.

6 – Coloque o rotor na posição indicada, dê partida e verifique o sentido de rotação.

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69

7 – Explique porque a rotação desenvolveu-se no sentido indicado.

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
............................................................................

8 – Coloque o rotor na posição indicada e dê partida. O rotor girou? Por que?

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70

9 – Inverta o sentido de rotação. Descreva como foi feito.

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.........................................................

10 – Repita o experimento substituindo o comutador pelos dois anéis.

11 – Anote conclusões.

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.....................................................................................................................................

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71

3.9 Exercícios
1. Nos desenhos abaixo, identifique na figura A os polos Norte e Sul dos ímãs
permanentes, represente, na figura B, o sentido da corrente no condutor retilíneo e, na
figura C, o campo resultante e a força sobre o condutor.

2. Descreva a regra usada para determinar o sentido da força mecânica de origem


magnética criada sobre um condutor percorrido por corrente dentro de um campo
magnético.

3. Descubra o sentido e o módulo da força


sobre o condutor percorrido por corrente.
B = 0,3 T, l = 50 cm, I = 5 A.
I
N S
Resposta: F = 0,75 N para baixo.

4. A figura abaixo representa uma bobina imersa em um campo magnético. Sabendo-se


que B=0,5T, l = 0,20 m, r =0,05 m, N = 100 espiras, I = 5 A, pede-se:

a) calcular a força que atua sobre cada um dos lados ativos da bobina; Rta: F=50N

b) calcular o torque da bobina em suas diferentes posições, considerando que o ângulo


entre a normal e as linhas de força está variando entre 0o e 180o com intervalos de 30o.
Rta: Tmax=5Nm

 r
Fn
r  S
N
N S F

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72

5. Um fio de massa igual a 10g e 60cm de comprimento está suspenso por um par de
condutores espirais flexíveis num campo de 0,08T. Qual o valor e o sentido da corrente
que, passando pelo condutor, anula o valor da tensão nos dois fios do suporte?

Dica:

Força Peso (P):


B
P = mg

g=9,8m/s²

g = 9,8 m/s²

Resposta: I = 2,04 A.
P = mg
6. A figura abaixo mostra uma espira retangular CDEG, situada no plano da folha de

papel, colocada entre os polos de um ímã. Observando o sentido da corrente na bobina,


g = 9,8 m/s²
responda:

a) Qual é o sentido da força que atua em cada um dos lados GE, ED e DC da espira?

b) Qual é o movimento que a espira tende a adquirir, com o observador no ponto O?

Eixo de rotação

P
D E

S N

C G
I
O

7. Cite o tipo de conversão de energia feita pelos motores elétricos.

8. Desenhe um motor cc elementar (ver experimento 3.1), indicando o nome de todas as


partes e explique o funcionamento.

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73

9. Um fio retilíneo de comprimento l = 40 cm transporta uma corrente de sentido direita


para esquerda com I= 2 A. Este condutor está situado em uma região onde existe um
campo saindo do plano da folha de intensidade B= 0,15T.
a) Represente este problema no papel.
b) Indique o sentido da força
c) Calcule a força magnética atuante no condutor. F=0,12 N

10. Um condutor elétrico retilíneo e de pequeno diâmetro tem 20 cm de comprimento e é


percorrido por uma corrente de intensidade I = 10A, da esquerda para a direita, e se
encontra numa região onde existe um campo de indução magnética 5x10-2T entrando no
plano da folha. Qual o módulo, direção e sentido da força que age nesse condutor?
Resposta: F=0,1 N força para cima.

11. Para as situações abaixo faça o que se pede:


a) Represente a corrente na bobina.
b) Defina a polaridade das bobinas.
c) Mostre o sentido de giro do motor.

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74

12. (IFSul, 2011) A fonte de tensão estabelece contato elétrico com a bobina retangular
“RXYZ” por meio dos anéis “a” e “b”, o quais garantem a continuidade elétrica entre
fonte-bobina enquanto esta se encontrar em movimento. A bobina “RXYZ”, de fio de
cobre, é composta por 20 espiras, possui área de 65cm² e resistência elétrica de 15Ω.
Conforme observado na figura abaixo, a bobina se encontra inicialmente em um plano
vertical e está no interior de um campo magnético uniforme de indução magnética com
módulo igual a 0,3 T. Quando o interruptor “c” é fechado, o observador percebe que em
função das forças eletromagnéticas na bobina a mesma gira no
sentido_____________________. Após a bobina ter se movimentado 30º em relação a
sua posição inicial, o seu torque possui módulo aproximadamente igual a
______________________, sendo que a mesma ________________descrever uma volta
completa. Os termos que preenchem corretamente as lacunas são: (Lembrete: V = R.I)
a) anti-horário, 6,75 x 10-2 N.m, não consegue.
b) horário, 3,9 x 10-2 N.m, consegue.
c) anti-horário, 6,75 x 10-2 N.m, consegue.
d) anti-horário, 3,9 x 10-2 N.m, não consegue.

13. A espira circular unitária da figura abaixo possui área igual a 10cm². Sabendo que o
campo magnético está saindo do plano da folha, que módulo da indução vale 3T e que a
corrente que circula na bobina é igual a 2 A. Determine o valor do torque que atua na
espira. Caso a bobina se desloque 30°, qual será o novo valor do torque?
Rta: 0N.m e 0,003N.m

14. Deseja-se construir um motor CC que possua torque de 3,79 N.m quando o plano da
seção transversal da bobina estiver a 30° das linhas de força externas . Possui-se uma
estrutura que fornece área de seção transversal para a bobina de 50cm² e um conjunto de
ímãs permanentes com indução de 700mT. A fonte de tensão CC para alimentar o rotor é
de 25 V e o fio utilizado possui resistência total igual a 10Ω. Quantas vezes o fio deverá
ser enrolado para atender estes quesitos. Rta: 500 espiras

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75

4. CIRCUITOS MAGNÉTICOS
4.1 Introdução
Nos equipamentos eletromagnéticos, tais como transformadores, motores,
geradores e outros, são utilizados núcleos de material magnético para canalizar o fluxo e
concentrá-lo em determinada região. O núcleo magnético e a bobina (ou as bobinas)
formam o que se denomina circuito magnético.
O termo circuito magnético vem de uma analogia com o circuito elétrico, pois
ambos podem ser tratados de forma semelhante. Assim como o circuito elétrico possui
um caminho fechado para a corrente elétrica, o circuito magnético possui um caminho
magneticamente fechado. As linhas de força são naturalmente linhas fechadas.
Os circuitos magnéticos, assim como os circuitos elétricos, podem ter uma
infinidade de configurações diferentes, porém, para um estudo inicial, considere a
configuração apresentada na figura 4.1.

B u C
I

+
V d
-

I
A D
Figura 4.1 - Circuito magnético simples

A corrente I, ao passar pela bobina de N espiras, produz certo fluxo magnético .


Uma parcela deste fluxo fica confinada no núcleo, sendo denominado de fluxo útil (u),
e percorre o caminho ABCDA indicado por linha tracejada. A outra parcela do fluxo
produzido pela bobina, muito menor que a primeira, escapa (“vaza”) do núcleo e fecha-
se pelo ar na região próxima a bobina. Este fluxo é denominado de fluxo disperso (d).
Assim, tem-se que:
= u+ d (4.1)
onde  é o fluxo produzido pela bobina; u é o fluxo útil e d é o fluxo disperso.

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76

Na análise que segue, o fluxo disperso será desprezado. Desta forma, o fluxo é
constante em todo o núcleo, ou seja:
AB=BC=CD=DA=
O fluxo é constante, mesmo que a seção transversal do núcleo seja variável. Neste
caso, a indução magnética no núcleo é que varia com a área.
4.2 Cálculos de Circuitos Magnéticos
Neste item serão apresentadas as seguintes grandezas básicas associadas à teoria
de circuitos magnéticos:
 Intensidade de Campo Indutor;
 Permeabilidade Magnética;
 Força Magneto-motriz e Relutância Magnética.

4.2.1 Intensidade de Campo Indutor (H)


Considere-se que no circuito magnético da figura 4.1 seja possível inserir um
gaussímetro para medir a indução no núcleo. Aumentando-se a tensão aplicada na bobina,
que produz um aumento de corrente, o gaussímetro mostra um crescimento na indução
magnética. Portanto, a indução depende da corrente que circula pela bobina.
Considere-se agora que a bobina utilizada é substituída por outra bobina com maior
número de espiras. Ajustando-se a tensão da fonte para que a corrente permaneça com a
mesma intensidade do experimento anterior, observa-se que o gaussímetro acusa maior
indução. Portanto, a indução também depende do número de espiras.
Um terceiro experimento pode ser feito comparando dois circuitos com as seguintes
características:
 ambos núcleos de mesmo material (mesmo tipo de ferro);
 ambos núcleos com mesma seção transversal;
 ambas bobinas idênticas;
 ambas bobinas percorridas pela mesma corrente;
 ambos núcleos têm mesmo formato, porém com comprimentos diferentes.

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77

(a) circuito 1 (b) circuito 2


Figura 4.2 - Circuitos magnéticos com diferentes comprimentos médios
Usando-se um gaussímetro em cada circuito magnético, observa-se que no núcleo
de menor comprimento (circuito 2) a indução magnética é maior. Isto acontece porque
existe um menor trecho de ferro para ser magnetizado, o que dá à bobina um maior poder
magnetizante. Para quantificar o poder magnetizante de uma bobina criou-se a grandeza
denominada intensidade de campo indutor (H) que é dada por:

N.I (4.2)
H=

Nesta equação tem-se que:


N = número de espiras da bobina;
I = corrente que percorre a bobina (Ampère, A);
l = comprimento médio do circuito magnético (metro, m);
H = intensidade de campo indutor (Ampère-espira/metro, Ae/m).

Exemplo 4.1: Calcular a intensidade de campo indutor para o circuito 1 e para o


circuito 2 da fig.4.2 que têm comprimentos médios de, respectivamente, 20 cm e 10 cm.
Considere que ambas bobinas possuem 200 espiras e são percorridas por 1 A.

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78

4.2.2 Permeabilidade Magnética ()


Nas análises anteriores não se levou em consideração a influência do tipo de
material usado para o núcleo. A partir de agora esta situação será estudada tomando-se
como referência o circuito magnético da fig.4.1.
Alimentando-se a bobina com uma fonte cc ajustável, e aumentando-se
gradativamente a tensão aplicada, ocorre um aumento da corrente que circula pela bobina
(I=V/R). Este aumento da corrente produz um aumento na intensidade do campo indutor
(H = NI/l) que, por sua vez, provoca um aumento da indução no núcleo.
A forma como o núcleo magnético responde à variação do campo indutor depende
do tipo de material utilizado e é representada graficamente através da “Curva de
Magnetização”. As figuras 4.3(a) e 4.3(b) mostram as curvas de magnetização do ferro
fundido doce e do aço fundido.

1,6
1,4
1,2
(a) curva de magnetização
1 do ferro fundido doce
B (T)

0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
H (Ae/m)

1
0,9
0,8
0,7
0,6 (b) curva de magnetização
B (T)

0,5 do aço fundido


0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
H (Ae/m)

Figura 4.3 – Curvas de Magnetização

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79

Nos pontos iniciais da curva o crescimento do campo indutor é acompanhado de


um crescimento praticamente proporcional da indução. Por outro lado, nos pontos finais,
o crescimento do campo indutor praticamente não produz crescimento na indução devido
à saturação magnética (ordenação de praticamente todos os ímãs elementares).
Analisando as curvas de magnetização do ferro fundido doce e do aço fundido
observa-se que para um mesmo campo indutor obtém-se maior indução no ferro doce do
que no aço, ou seja, o ferro doce se magnetiza mais facilmente do que o aço. A grandeza
que leva em consideração este fenômeno é denominada permeabilidade magnética.
Assim, pode-se definir permeabilidade magnética como a facilidade que o material possui
de se magnetizar e expressá-la matematicamente como:

B (4.3)

H

No Sistema Internacional de Unidades tem-se:

B = indução magnética (Tesla, T);


H = campo indutor (Ampère-espira/metro, Ae/m);
 = permeabilidade magnética (Tesla.metro/Ampère, T.m/A ou Henry/metro,
H/m).
Exemplo 4.2: Calcule a indução magnética e a permeabilidade do aço fundido
para os seguintes campos indutores:
a) H = 2000 Ae/m

b) H = 4000 Ae/m

c) H = 10000 Ae/m

Os resultados deste exemplo mostram que a permeabilidade magnética do aço


fundido depende da intensidade de campo indutor. Quanto maior o campo indutor, menor

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80

é a permeabilidade, ou seja, mais difícil é magnetizar o material. Este comportamento é


apresentado por todos os materiais magnéticos.
Os materiais não magnéticos possuem permeabilidade aproximadamente
constante e bem menor do que a permeabilidade dos materiais magnéticos. Para efeito de
cálculos, a permeabilidade dos materiais não magnéticos é considerada a seguinte
constante magnética:

 0  4  10 7 H / m
Portanto, os meios não magnéticos como o ar, o alumínio e a madeira entre outros

possui permeabilidade
 0  4  10 7 H / m .

Em muitos casos, a permeabilidade é expressa em relação a constante


 0 . Assim,
define-se como permeabilidade relativa à relação entre a permeabilidade do material e a
constante magnética, ou seja:

r 
0 (4.4)

Esta equação mostra que a permeabilidade relativa (  r ) é um número (sem


unidade) que indica quantas vezes a permeabilidade do material (  ) é maior do que a

permeabilidade dos materiais não magnéticos (


 0 ). Para materiais não magnéticos a
permeabilidade relativa é aproximadamente igual à unidade (µr ≈ 1) e para materiais

magnéticos é bem maior do que a unidade (  r >>1).

Tabela 4.1 – Permeabilidades Relativas de alguns materiais


Material µr
Ar 1
Níquel 50
Cobalto 60
Ferro Fundido 30 a 800
Aço 500 a 5000
Ligas Especiais 100000 a 800000

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81

Assim se pode relacionar B, µ e H, considere que os seguintes solenoides possuem


o mesmo formato, mesmo número de espiras, mesma corrente elétrica e mesmo
comprimento.

Figura 4.4 – Comparação entre solenoides com diferentes núcleos


Como N1=N2=N3; I1=I2=I3 e L1=L2=L3  H1=H2=H3, e como
µ1<µ2<µ3B1<B2<B3.

Exemplo 4.3: Uma fonte CC de 100V alimenta a bobina do circuito magnético da


fig.4.4, que tem 1000 espiras e resistência de 100. Calcule:
a) Corrente na bobina;
b) Campo indutor;
c) Indução magnética;
d) Permeabilidade absoluta e permeabilidade relativa;
e) Fluxo magnético.
Dados:

 l = 1 m (comprimento médio do circuito magnético)


 S = 100 cm2 (seção transversal do núcleo)
 O núcleo é de ferro doce.

Figura 4.5 – Circuito magnético para o Exemplo 4.3

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82

4.2.3 Força Magneto-motriz () e Relutância Magnética ()

Considere o circuito magnético com a configuração utilizada até agora. Através


das equações conhecidas, tem-se H =NI . No entanto H=B/  , logo se obtém:

B (4.5)
=NI
μ

mas  (4.6)
B=
S

de modo que  (4.7)


=NI ou  =NI
μS μS

O produto NI é definido como força magneto-motriz ou fmm () por ser a


grandeza responsável pela criação do fluxo no núcleo. Seu símbolo é  e a sua unidade é
o Ampère-espira (Ae), portanto:

  NI (4.8)

O termo l/S é definido como relutância magnética por se comportar como uma
oposição à passagem do fluxo magnético. A relutância magnética é dada por:

(4.9)
=
μS

A unidade de relutância magnética é Ampère-espira por Weber (Ae/Wb).


Com estas definições pode-se expressar a Lei de Hopkinson, que também é
conhecida como Lei de Ohm do Eletromagnetismo, da seguinte forma:
 (4.10)
=

Enunciado: O fluxo magnético num circuito é diretamente proporcional à fmm e


inversamente proporcional à relutância.

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83

Exemplo 4.4: Calcule a relutância magnética do circuito magnético do exemplo


4.3.

4.2.4 Analogia entre circuito magnético e circuito elétrico


As grandezas fmm e relutância não existem por acaso. Elas foram criadas
justamente por analogia com o circuito elétrico (fig.4.6) a fim de melhorar a visualização
dos fenômenos magnéticos.

 R1
I
1

 2 E R2

3
R3

Figura 4.6 - Circuito magnético e seu análogo elétrico

No exemplo da fig.4.7, para o circuito elétrico e para o circuito magnético, têm-


se respectivamente:
E (4.11)
I
R1  R2  R3
 (4.12)

1  2  3
onde 1 e 3 representam a relutância do núcleo de ferro (metades superior e inferior) e
2 representa a relutância do entreferro (ou gap), que é uma fresta de ar existente no
circuito magnético.
Os outros equacionamentos usados em circuitos elétricos também podem ser
usados quase que sem restrição nos circuitos magnéticos. Deve-se salientar, no entanto,
que o fluxo magnético não contém nenhum movimento físico de partículas ou algo

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84

semelhante. O fluxo é, na verdade, o produto da indução pela área da secção transversal


e tem uma orientação dada pelo sentido das linhas de força.
Exemplo 4.5: Desenhe o circuito elétrico equivalente ao circuito magnético da
fig.4.7.

Figura 4.7 – Circuito magnético para o Exemplo 4.5


Exemplo 4.6: Uma fonte cc de 100V alimenta a bobina do circuito magnético da
fig.4.8, que tem 1000 espiras e resistência de 100. Calcule:
a) Corrente na bobina e força magnetomotriz;
b) Relutância do núcleo, relutância do entreferro e relutância total;
c) Fluxo magnético.
Dados:
ln = 60 cm (comprimento médio do núcleo)
le = 1 mm (comprimento do entreferro)
S = 100 cm2 (seção transversal do núcleo = seção transversal do entreferro)
 = 3,14x10-3 H/m (permeabilidade do ferro)
0 = 4x10-7 H/m (permeabilidade do ar)

Figura 4.8 – Circuito magnético para o Exemplo 4.6

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85

4.3 Circuitos Magnéticos Laminados


Os circuitos magnéticos encontrados nas aplicações práticas não são maciços
como os considerados até agora. Eles são construídos com lâminas de ferro, empilhadas
e prensadas, paralelas ao fluxo magnético (fig.4.9). As razões para o uso de circuitos
magnéticos laminados serão discutidas no Capítulo 6.

Figura 4.9 – Circuito magnético laminado

4.4 Força de Atração


Muitos circuitos magnéticos possuem uma parte móvel, denominada âncora ou
armadura, que é atraída pela parte fixa quando a bobina está alimentada. Aplicações: relé
eletromecânico, campainha, solenóide, etc.
Núcleo fixo

F1 F2 F3

Âncora ou armadura
Figura 4.10 - Força de atração no circuito magnético

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86

4.4.1 Relé eletromecânico


O relé é um tipo especial de interruptor que é acionado por corrente elétrica ou
outra grandeza física. Os relés podem ser encontrados em diversos formatos e tamanhos,
tendo como objetivos comandar ou proteger circuitos e equipamentos elétricos.
Conforme o princípio de funcionamento, os relés podem ser classificados como
eletromecânicos, a estado sólido (eletrônicos), térmicos, etc. O objetivo deste texto é
mostrar características básicas, construtivas e de funcionamento, dos relés
eletromecânicos (ou eletromagnéticos) usados em pequenos circuitos elétricos.
A fig.4.11 mostra um relé bastante simples.

Figura 4.11 – Relé eletromecânico

Quando a bobina é alimentada por uma fonte, a corrente elétrica produz um campo
magnético que atrai a armadura com uma força maior que a da mola e provoca o
fechamento dos contatos. Quando a alimentação da bobina é retirada, a força da mola
provoca a abertura dos contatos. Neste caso os contatos são denominados NA
(normalmente abertos) porque esta é a situação quando a bobina não está alimentada.
Um relé também pode ter contatos NF (normalmente fechados) ou reversores. Na
fig.4.12 está representado esquematicamente um relé com contatos reversores.

Figura 4.12 – Relé com contatos reversores


Tem-se nesta figura que:

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87

 2 e 7 são os terminais da bobina;


 1 e 4 são contatos NF;
 1 e 3 são contatos NA;
 8 e 5 são contatos NF;
 8 e 6 são contatos NA.
Existe uma diversidade muito grande de circuitos com relés, porém, com o
objetivo de ilustrar algumas características básicas, considere o circuito da fig.4.13.

Figura 4.13 – Exemplo de circuito com relé

Com a chave S aberta, a bobina (bornes 2 e 7) não está energizada e os contatos 1


e 3 estão abertos, mantendo o Motor 2 desligado. Os contatos 8 e 5 estão fechados,
mantendo o Motor 1 ligado. Quando a chave S é pressionada, a bobina é energizada
fechando os contatos 1 e 3, que ligam o Motor 2, e abrindo os contatos 8 e 5 que desligam
o Motor 1.
Este exemplo ilustra algumas características dos circuitos com relés:
 Segurança - o comando é em 6V, portanto, mais seguro para o operador que os
220V necessários para os motores;
 Controle a distância – o circuito pode ser comandado de um ponto distante
(remoto), levando apenas dois condutores finos até a chave visto que o consumo
de corrente pela bobina é insignificante;
 Acionamento múltiplo – o relé comanda duas ou mais cargas simultaneamente;
 Versatilidade – os relés propiciam a construção de circuitos automáticos,
temporizados, intertravamentos, etc.

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88

4.4.2 Campainha
Na figura 4.14, está representado o circuito elétrico de uma campainha elétrica
muito simples: L é uma lâmina de ferro flexível, e C é um contato que abre e fecha o
circuito quando a lâmina se afasta dele ou encosta nele. Quando o circuito é fechado pelo
interruptor I, a corrente no eletroímã faz com que L seja atraída, e o martelo M golpeie o
tímpano T. Em virtude desse deslocamento de L, o circuito se interrompe em C e o
eletroímã perde a imantação. A lâmina flexível L retorna a sua posição normal,
estabelecendo o contato em C. Assim, o processo se repete e M golpeia T repetidas vezes
enquanto o interruptor I estiver acionado.

Figura 4.14 – Circuito elétrico de uma campainha


4.4.3 Alto Falante
O alto falante (fig.4.15) é um dispositivo que produz som a partir de uma corrente
elétrica variável que passa na bobina de um eletroímã. Esta bobina está presa na base de
um cone de papelão e encaixada (com folga) em um ímã permanente. Quando a corrente
alternada passa pela bobina do eletroímã, ela é sucessivamente atraída e repelida pelo ímã
permanente. O cone acompanha essas vibrações na bobina, provocando compressões e
rarefações do ar, que constituem uma onda sonora.

Figura 4.15 – Alto-Falante


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89

4.5 Exercícios
1. Explique o que é fluxo disperso.
2. Explique o que é relutância magnética.
3. Explique o que é força magneto-motriz.
4. A partir de um certo valor de campo indutor, a indução num material magnético cresce
muito lentamente. Explique por que isto ocorre.
5. Explique o que é permeabilidade magnética.
6. Uma fonte cc de 12V alimenta a bobina do circuito magnético abaixo, que tem 100
espiras e resistência de 3. Calcule:
a) Corrente na bobina e força magnetomotriz
(4A, 400Ae)
b) Relutância do núcleo, relutância do entreferro e relutância total;
(159235,7 Ae/Wb, 995222,9 Ae/Wb, 1154458,6 Ae/Wb)
c) Fluxo magnético.
(0,347mWb)
Dados:
ln = 40 cm (comprimento médio do núcleo magnético); le = 1 mm (comprimento do
entreferro)
S = 8 cm2 (seção transversal do núcleo = seção transversal do entreferro); r = 2500
(permeabilidade relativa do ferro).

7. Recalcule o fluxo no exercício 6 considerando que não exista entreferro. (2,5 mWb).

8. Analise os resultados dos exercícios 6 e 7 e anote conclusões.

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90

9. Um circuito magnético de seção transversal variável é mostrado na figura abaixo; a


parte de ferro tem a curva de magnetização mostrada. Dados: N=100 espiras; l1=40 cm,
l2=10 cm, A1=10cm2, A2=5cm2, lg = 2 mm, indução no entreferro=0,6T. Desprezando-se
o fluxo disperso, pede-se:
a) desenhar o circuito elétrico equivalente; b) calcular o fluxo no entreferro; c) calcular
as relutâncias do circuito magnético (observar que este circuito assemelha-se a um
circuito elétrico em série, logo o fluxo é o mesmo em todo o circuito magnético, assim
como a corrente elétrica num circuito série); d) calcular a fmm da bobina; e) calcular a
corrente na bobina.

Respostas:
b) Фe = 600 µWb.
c) 1 = 66667 Ae/Wb; 2 = 66667 Ae/Wb; e = 1591549,4 Ae/Wb.
d)  = 1075 Ae.
e) I = 10,75 A.

10. Para valores de B abaixo do joelho da curva de magnetização do aço-silício, é possível


considerar-se operação linear com r=4000. O núcleo tem a forma mostrada na figura
abaixo. Os trechos BAFE e BCDE são iguais, possuindo cada um área da seção
transversal de 1 cm2 e comprimento externo de 10 cm. O trecho BE tem uma área de 2,4
cm2 e um comprimento de 3cm. Um enrolamento de 1.200 espiras em que flui uma
corrente de 9 mA é colocado em torno do trecho BE. Pede-se:
a) desenhar o circuito elétrico equivalente;
b) calcular a relutância dos trechos BAFE, BCDE e BE;

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91

c) calcular o fluxo magnético em cada trecho (observar que existe divisão do fluxo no
circuito magnético).

Respostas:
b) BAFE = 198807 Ae/Wb; BCDE = 198807 Ae/Wb; BE = 24851 Ae/Wb.
c) ФBAFE = 43,46 µWb; ФBCDE = 43,46 µWb; ФBE = 86,92 µWb.

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92

5. INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA
5.1 Introdução Histórica
Até 1820 pensava-se que a eletricidade e o magnetismo eram dois fenômenos
totalmente independentes. Neste ano, Hanz Christian Oersted demonstrou que uma
corrente elétrica produzia uma deflexão numa bússola colocada nas proximidades desta.
Isto mostrou que a corrente elétrica produz campo magnético. Desde então, surgiram
pesquisas para tentar obter a eletricidade a partir do magnetismo. Dentre estes
pesquisadores se destacaram Henry, Faraday e Lenz.

5.2 Força Eletromotriz (f.e.m) e Diferença de Potencial (d.d.p)


A energia elétrica é a modalidade de energia que pode ser obtida entre dois pontos
de um material elétrico desde que haja um desequilíbrio elétrico entre estes pontos.
A diferença de potencial elétrico (d.d.p.) entre dois pontos só ocorre quando existir
força eletromotriz (f.e.m.), a qual é a verdadeira causa do deslocamento das cargas
elétricas. A d.d.p. pode ser visualizada de forma simples através da figura 5.1.

A B

Barra de cobre sem f.e.m., ou seja, sem               

agente que desloque as cargas elétricas               

positivas para provocar a d.d.p..


O voltímetro não marca valor algum
de tensão (d.d.p.), porque não há
desequilíbrio elétrico (VAB = 0).

Vab=0

VAB=0

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93

e
A   B

Se a barra de cobre apresenta d.d.p. é 

porque existe f.e.m. que foi gerada de               

alguma forma, o que veremos adiante. O


voltímetro apresenta um determinado valor
de tensão (VAB 0).

VAB

Figura 5.1 – Força eletromotriz e diferença de potencial

Caso a barra seja ligada a uma carga R, haverá um escoamento de cargas elétricas
através do circuito. Então, o sentido da f.e.m. (e) e da corrente elétrica (i) serão os mesmos
e estão representados na figura 5.2. Se a f.e.m. continuar existindo, continuará circulando
corrente elétrica, mas se a f.e.m. cessar, a corrente se anulará no momento em que as
carga positivas passarem do ponto A (excesso de cargas positivas) ao ponto B (falta de
cargas positivas), neutralizando assim a d.d.p..

e
A B

 

i
R

Figura 5.2 – Corrente elétrica e f.e.m. com mesmos sentidos

Para que exista a f.e.m é necessária alguma forma de energia para movimentar as
cargas elétricas e criar a d.d.p.. As seis fontes básicas de energia que podem ser utilizadas
para gerar f.e.m. são fricção, pressão, luz, calor, ação química e ação magnética.
Estudaremos a ação magnética por ser esta a forma que nos proporciona grande
quantidade de energia elétrica por longos períodos de tempo.

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94

5.3 Lei de Faraday


Em 1831, Michael Faraday publicou seu trabalho enunciando o Princípio da
Indução Eletromagnética a partir das experiências que serão descritas a seguir (Fig. 5.3).
A experiência usava um ímã, uma bobina e um galvanômetro e, apesar de simples, foi
decisiva para o desenvolvimento dos equipamentos eletromagnéticos indispensáveis nos
dias de hoje como, por exemplo, o gerador elétrico.
v v
B2 B2

S N S N B1
B1

I2 I2
I2 I2

B1 está AUMENTANDO 0 0
B1 está DIMINUINDO
no interior na bobina. no interior na bobina.
V V

v=0 v=0 v v

S N B1 S N B1

B2 = 0 B2 = 0
0 0
B1 é CONSTANTE no I2 = 0 B1 é CONSTANTE no I2 = 0
interior na bobina. interior na bobina.
V V

Figura 5.3 - Experiência de Faraday

Foram realizadas as seguintes observações:


1. O galvanômetro deflexiona o seu ponteiro apenas quando existe movimento
relativo entre o ímã e a bobina seja por:
 ímã em movimento e bobina parada;
 bobina em movimento e ímã parado;
 ímã e bobina em movimento relativo entre eles.

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95

2. O sentido da deflexão do ponteiro do galvanômetro depende do sentido de


deslocamento do ímã ou da bobina, ou seja, da aproximação ou do afastamento, assim
como das polaridades do ímã.
3. Quanto maior for a rapidez do movimento, maior será a deflexão do ponteiro.
4. Substituindo a bobina por uma de maior número de espiras resulta também numa
maior indicação no galvanômetro.
As conclusões obtidas destas experiências foram:
1. A geração de f.e.m. é causada pela variação de fluxo magnético dentro da bobina.
Quando o movimento cessa, mesmo que exista um grande fluxo dentro da bobina, não é
gerada nenhuma f.e.m. porque o fluxo se mantém constante. Existe uma energia
mecânica, associada ao movimento, que é transformada em energia elétrica.
2. O valor da f.e.m. é diretamente proporcional à velocidade com que ocorre a
variação de fluxo dentro da bobina, ou seja, é proporcional à taxa de variação de fluxo.


e
t
3. Quanto maior o número de espiras da bobina, maior será a f.e.m. induzida.
eN
Então, pode-se dizer que:

e  N
t
Esta proporcionalidade pode se transformar em igualdade pela adoção de uma
constante de proporcionalidade adequada.
No Sistema Internacional de Unidades (MKS) esta constante é igual a 1, portanto
a equação da f.e.m. induzida vem a ser:


eN
t

Enunciado da lei de Faraday ou da Indução Eletromagnética:

Sempre que um circuito elétrico estiver sujeito a uma variação de fluxo


magnético será induzido no mesmo uma f.e.m.

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96

O valor desta força eletromotriz induzida é calculado por:


 (5.1)
eN
t
onde:
e = f.e.m. induzida ( Volt );
N = número de espiras da bobina;
 / t = taxa de variação de fluxo (Weber/segundo).

A expressão indução tem significado semelhante à influência, interação ou ação à


distância. Sempre que uma f.e.m. é gerada por ação de um campo magnético ela será
chamada de f.e.m. induzida. A corrente produzida pela f.e.m. induzida num circuito
fechado é chamada de corrente induzida. Já o campo magnético que deu origem a estes
fenômenos é chamado de campo indutor (causa) e o campo magnético criado pela
corrente induzida é chamado de campo induzido (efeito). Não confundir este campo
indutor com intensidade de campo indutor H.

5.4 Lei de Lenz


O físico russo, Emil Lenz, publicou em 1834 um trabalho que veio complementar
a Lei de Faraday. A lei de Lenz, como passou a ser conhecida, estabeleceu de forma
universal o sentido da f.e.m. gerada por indução eletromagnética.
O Princípio da Conservação da Energia diz que a energia não pode ser criada nem
destruída, mas apenas transformada de uma forma para outra.
Quando o fluxo varia dentro de um circuito elétrico, gera-se f.e.m. e corrente
induzidas, o que significa a presença de energia elétrica. Para surgir esta forma de energia,
uma outra forma de energia deve ser obrigatoriamente consumida.
O fluxo criado pela corrente induzida deve, então, tentar impedir a variação do
fluxo indutor, que é a causa da f.e.m. induzida.
Assim sendo, para manter a geração de energia elétrica, fica necessário o consumo
de outra forma de energia para vencer esta oposição.
Se o fluxo criado pela corrente induzida viesse a acelerar a variação do fluxo
original, haveria uma espécie de “reação em cadeia” onde seria gerada energia elétrica
gratuitamente, o que estaria ferindo o princípio da conservação da energia.

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97

Enunciado da Lei de Lenz:

O fluxo criado pela corrente induzida tem sempre sentido tal a se opor à
variação do fluxo original do circuito, ou seja, tende a manter o fluxo constante.

Assim sendo, quando o fluxo indutor está crescendo no circuito, o fluxo induzido
tem sentido contrário ao mesmo.
Quando o fluxo indutor está diminuindo no circuito, o fluxo induzido tem o
mesmo sentido do fluxo indutor.
Num circuito ideal, sem resistência alguma, o fluxo induzido teria intensidade tal
que impediria totalmente a variação do fluxo; nos circuitos reais, o fluxo induzido apenas
tenta impedir a variação do fluxo sem, no entanto, conseguir integralmente.

Exemplo 5.1:
Considere-se o ímã e a bobina em corte da figura 5.4. Quando o imã é aproximado,
como em (a) e (b), o fluxo indutor aumenta no interior da bobina. Então, a f.e.m. gerada
tem um sentido tal que a corrente induzida produz um fluxo induzido cujo sentido é
oposto ao fluxo original, tentando mantê-lo constante, ou seja, tentando impedir o
crescimento do fluxo indutor na bobina.
Observando-se os polos gerados pela bobina, vê-se que os mesmos tendem a
impedir que o ímã se aproxime para não aumentar o fluxo. Neste momento está expresso
o princípio da conservação da energia. Para obter a corrente induzida e, portanto, a energia
elétrica, torna-se obrigatório o consumo de energia mecânica para vencer esta força de
repulsão e contrária ao movimento do ímã. A oposição à variação do fluxo se manifesta
como uma oposição à aproximação do ímã.
Considere-se, agora, o ímã afastando-se da bobina (fig.5.4) como em (c) e (d).
Quando o fluxo indutor na bobina diminui, a f.e.m. induzida produz uma corrente que
produz um fluxo induzido que tenta impedir o decréscimo do fluxo original, produzindo
desta vez, um fluxo induzido no mesmo sentido do fluxo indutor.
Observando-se novamente os polos gerados na bobina, é possível ser verificado
que as forças, agora, são de atração, mas também se opõem ao movimento do ímã. Isto
exige o gasto de energia mecânica para manter a variação de fluxo indutor na bobina e,
assim, manter a geração de energia elétrica por meio da ação magnética.

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98

Podemos concluir que, quando a variação de fluxo indutor é positiva (acréscimo),


a f.e.m. produz corrente que produz fluxo em sentido contrário ao anterior e que, quando
a variação de fluxo indutor é negativa (decréscimo), a f.e.m. produz corrente que produz
fluxo no mesmo sentido do anterior.
Assim sendo, pode-se enunciar a lei de Lenz também de outra forma:

A f.e.m.induzida se opõe à própria causa que a gerou.

Com relação a efeitos mecânicos, o fluxo induzido tem sempre sentido tal a causar
uma oposição ao movimento mecânico que deu origem à f.e.m..
Matematicamente, este fenômeno físico deve ser expresso pelo sinal (-) na
equação de Faraday :
 (5.2)
e  N
t

Figura 5.4 – Aplicação da Lei de Lenz

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99

5.5 F.e.m. mocional e f.e.m. variacional


Nas análises feitas até o momento, a variação de fluxo sempre foi obtida a partir
de movimento relativo entre a bobina e o ímã. A força eletromotriz induzida por este
processo é classificada como sendo f.e.m. mocional. O termo mocional vem do inglês
motion que significa movimento.
Em muitas situações, a variação de fluxo ocorre devido à variação de corrente no
circuito elétrico. Em consequência disto, a força eletromotriz induzida é denominada
f.e.m. variacional.
Nas seções que seguem, serão analisadas as duas situações e suas aplicações
práticas.

5.5.1 Força Eletromotriz Mocional

Figura 5.5 – F.e.m. induzida por corte de fluxo

A figura 5.5 mostra um condutor retilíneo que é deslocado, por um agente externo,
dentro do campo magnético de indução B da posição ab para a posição a´b´. O condutor
retilíneo está em contato com dois outros condutores formando um sistema de trilhos que
estão ligados aos terminais de um resistor. Na análise que segue será desprezada qualquer
força de atrito durante o movimento do condutor retilíneo.

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100

O conjunto forma uma espira retangular que sofre uma variação de fluxo devido
à variação da área da espira. Conforme a Lei de Faraday, a variação de fluxo induz f.e.m.
na espira. Assim, a Lei de Faraday pode ser enunciada de outra forma:

Quando um condutor desloca-se dentro de um campo magnético cortando as


linhas de força, é induzida neste condutor uma força eletromotriz.

Esta forma de interpretar a Lei de Faraday é bastante prática para o estudo de


máquinas elétricas girantes, tais como os motores e geradores elétricos.
Considerando-se que o ângulo entre o movimento do condutor e as linhas de força
é de 900, a variação do fluxo () é dada por

=B.S=B.x.l (5.3)

Onde S é a variação de área, x é o deslocamento do condutor e l é o seu


comprimento.
Usando-se a Lei de Faraday, tem-se que

Onde,
x
e = NBl N=1, pois se trata de espira única.
t
x/t = v (velocidade do condutor).

Portanto, tem-se que:

e = B.l.v (5.4)
A f.e.m. induzida (e, Volts) em um condutor retilíneo que se desloca
perpendicularmente às linhas de força do campo, depende do comprimento do condutor
(l, metros), da velocidade com que ele é deslocado (v, metros/segundo) e da indução
magnética que este está submetido (B, Tesla).
O sentido da f.e.m. induzida pode ser determinado, de forma prática, através da
Regra de Fleming da mão direita. Os três dedos são colocados a 900 entre si, de modo que
estes apontem os seguintes sentidos:
 polegar: velocidade do condutor (v)
 indicador: indução magnética (B)
 médio: f.e.m. induzida (e)

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101

O desenho da figura 5.5 pode ser apresentado de outra forma (Fig.5.6).

Figura 5.6 – Aplicando corretamente a


B e
v Regra de Fleming da mão direita
observa-se que a f.e.m. induzida está
entrando no condutor pela extremidade
mostrada.

Se o condutor for movimentado paralelamente as linhas de força, como na Figura


5.7, não haverá corte de linhas de força, portanto, não haverá f.e.m. induzida.

Figura 5.7 – Não há f.e.m. induzida no


condutor.
e=0

Considere-se, agora, que o condutor é movimentado de tal maneira que o vetor


que representa a velocidade do condutor forma um ângulo  com o vetor que representa
o vetor indução magnética (fig.5.8).

B
v v2 Figura 5.8 – Movimento do condutor
 forma um ângulo  com as linhas de
força
e
v1
Decompondo-se a velocidade em duas componentes, uma perpendicular às linhas
de força (v1) e outra paralela às linhas de força (v2), tem-se:

v1 = v.sen 
v2 = v.cos 

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102

A f.e.m. induzida é determinada somente pela componente perpendicular às linhas


de força, uma vez que não há corte de linhas de força associado à componente paralela,
sendo e=Blv1 ou

e = B.l.v.sen  (5.5)

onde,
e = f.e.m. induzida (V);
B = indução magnética (T);
l = comprimento do condutor (m);
v = velocidade do condutor (m/s);
 = ângulo entre o movimento do condutor e as linhas de força

Exemplo 5.2: Na figura 5.9 o condutor faz parte de um circuito elétrico fechado
com resistência R=0,1. A indução magnética entre os polos do ímã é 0,5T (5000 Gauss).
Calcule:
a) A f.e.m. induzida no condutor (módulo e sentido);
b) A corrente no circuito (módulo e sentido) e a potência elétrica gerada;
c) A força eletromagnética que se opõe ao movimento (módulo, direção e sentido) e a
potência mecânica (Pmec = F.v) necessária consumida para deslocar o condutor.

Figura 5.9 – Exemplo 5.2

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103

5.5.1.1 Aplicação prática da fem mocional - Alternadores


A geração de f.e.m. para alimentação de grandes cargas acontece nos Geradores
de Corrente Alternada ou Alternadores. O funcionamento destas máquinas está baseado
na Lei de Faraday e serve como exemplo prático da f.e.m. mocional (ou rotacional).
A f.e.m. é variável, porque o ângulo de corte das linhas de força é variável e
também inverte seu sentido, porque os condutores, ao girarem, deslocam-se ora para um
lado ora para outro em relação ao campo magnético. Portanto, a f.e.m. e a corrente por
ela produzida são senoidais.

Figura 5.10 – Gerador de C.A. elementar

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104

Figura 5.11 – Um ciclo de tensão gerada por um Gerador de C.A. elementar

5.5.2. Força Eletromotriz Variacional


Como já comentamos, a f.e.m. variacional não está associada ao movimento, mas
sim à variação de corrente no circuito elétrico. Associados à esta variação de corrente
estão os fenômenos de auto-indução e mútua-indução.

5.5.2.1. Auto-Indução
Suponha-se uma bobina sendo ligada e desligada de uma fonte de corrente
contínua conforme a figura 5.12.

Figura 5.12 - F.e.m. induzida por variação de corrente

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105

O fechamento e a abertura da chave provocam uma variação de corrente que, por


sua vez, produz uma variação de fluxo. Conforme a Lei de Faraday, a variação do fluxo
induz f.e.m. na bobina, ou seja, existe uma f.e.m. devido ao fenômeno denominado auto-
indução. Segundo a Lei de Lenz, esta f.e.m. tenta impedir a variação da corrente para
tentar impedir a variação do fluxo.
No instante em que a chave é ligada a corrente cresce e o fluxo também. Segundo
Lenz, a f.e.m. induzida atua em sentido contrário à corrente para não deixá-la crescer. Já
no desligamento da chave a corrente diminui, então a f.e.m. age no mesmo sentido da
corrente para não deixá-la diminuir.
Conclui-se que a auto-indução introduz no circuito um efeito de inércia, opondo-
se à variação da corrente.

Fatores que influenciam na f.e.m. de auto-indução


O fluxo produzido pela bobina é determinado pela Lei de Hopkinson:

Ni


Onde  é a relutância magnética (oposição à passagem das linhas de força, para
maior detalhamento vide capítulo 4). A f.e.m. induzida depende do número de espiras e
da taxa de variação do fluxo:

eN
t
Portanto, a f.e.m. de auto indução é diretamente proporcional a taxa de variação
da corrente:
 N .i N 2 i
eN ( )
t   t
O termo N2/  é denominado de indutância e representado por L, portanto

N2 (5.6)
L

i (5.7)
eL
t

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106

onde:
e = f.e.m. de auto-indução (Volts, V);
i / t = taxa de variação da corrente (Ampère/segundo, A/s);

L= indutância (Henry, H);


N = número de espiras;
 = relutância magnética (Ae/Wb).

A f.e.m. de auto-indução depende da indutância e da taxa de variação da corrente.


Por sua vez, a indutância depende do quadrado do número de espiras e da relutância do
circuito magnético.

Indutância (L)
A indutância é um parâmetro que relaciona a f.e.m. auto-induzida com a taxa de
variação da corrente.
A indutância é a medida da oposição à variação da corrente (inércia da corrente).
Esta definição é a que tem maior aplicação prática na Eletrotécnica. A comparação com
a inércia nos sistemas mecânicos é muito boa e pode ser bem explorada. Quando um
corpo está em repouso e deseja-se colocá-lo em movimento, é necessário aplicar nele uma
força maior do que aquela necessária para mantê-lo em movimento. Verificamos isto
claramente quando empurramos um automóvel. Por outro lado, quando tentamos frear
este mesmo corpo, observamos uma certa dificuldade em pará-lo. Isto se deve a inércia
do corpo, ou seja, a oposição que ele apresenta à variação da sua velocidade. A inércia de
um sistema mecânico é diretamente proporcional a sua massa.
Um fenômeno análogo ocorre nos circuitos elétricos. A indutância se opõe à
variação da corrente elétrica, ou seja, produz um atraso no crescimento ou no decréscimo
da corrente. Porém, quando a corrente está constante a indutância não se manifesta, ou
seja, não interfere no funcionamento do circuito.
A indutância é algumas vezes desejável e, outras vezes, indesejável. Existem
componentes com o claro objetivo de inserir a indutância no circuito elétrico. Estes
componentes são denominados indutores. O indutor nada mais é do que uma bobina com
núcleo magnético ou não-magnético, dependendo da aplicação. A indutância, a
resistência e a capacitância são os parâmetros básicos dos circuitos elétricos e determinam
o funcionamento dos mesmos.

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107

(a) (b) (c)


Figura 5.13 – Símbolos do Indutor (a), do Resistor (b) e do Capacitor (c).

Exemplo 5.3: Uma bobina de 200 espiras está enrolada em um núcleo magnético
com relutância de 40 000 Ae/Wb. Calcule:
a) a indutância da bobina;
b) a f.e.m. de auto-indução (intensidade e sentido) quando a corrente varia de 100mA
para 200mA em 1ms.

5.5.2.2. Mútua-Indução
Considere que, na figura 5.14, a corrente na bobina 1 é subitamente interrompida
por ação da chave S.

Figura 5.14 - F.e.m. de mútua-indução produzida pela abertura da chave S

Considerando que o fluxo produzido pela bobina 1 enlaça a bobina 2, a variação


da corrente na bobina 1 induz f.e.m. na bobina 1 (f.e.m. de auto-indução) e também induz
f.e.m. na bobina 2, denominada f.e.m de mútua-indução. A f.e.m. de mútua-indução faz

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108

circular corrente pela bobina 2 que, por sua vez, produz um fluxo de reação oposto à
variação do fluxo da bobina 1. Na figura 5.13, a abertura da chave produz diminuição de
1. Portanto, 2 atua no mesmo sentido de 1 tentando impedir a sua variação.

Exemplo 5.4: Considerando que, na figura 5.14, a chave é fechada, determine:


a) o sentido de 1; b) o sentido de 2; c) o sentido de i2, de e2 e de e1.

Figura 5.15 - F.e.m. de mútua-indução produzida pelo fechamento da chave S

Fatores que influenciam na f.e.m. de mútua-indução


A f.e.m. de mútua-indução na bobina 2 é produzida pela variação de corrente na
bobina 1. Define-se indutância-mútua (M) como sendo a constante que multiplicada pela
taxa de variação da corrente em um circuito determina a f.e.m. induzida em outro circuito
próximo.

i1 (5.8)
e2  M
t

Considerando que o acoplamento magnético seja perfeito, ou seja, que todo o


fluxo produzido pela bobina 1 enlace a bobina 2, também pode-se determinar a f.e.m. de
mútua indução através da Lei de Faraday.
1
e2  N 2
t

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109

Usando-se a Lei de Hopkinson

 N 1 .i1 N .N i
e2  N 2 ( ) 1 2 1
t   t
e fazendo-se as devidas substituições, temos

i1 N 1 .N 2 i1
M 
t  t
N 1 .N 2
M 

Sabendo-se também que:

N12
L1   N1  L1 .

N 22 L1 . . L2 .
L2   N 2  L2 . , de modo que M 
 

obtemos

M  L1 .L2
A equação acima considera um acoplamento perfeito entre as bobinas, ou seja,
que todo o fluxo produzido por uma bobina atravessa a outra bobina. Como isto nunca
ocorre na prática, deve-se utilizar um fator de acoplamento entre as bobinas.

M  k L1 .L2 (5.9)

Onde:
M = indutância mútua (H);
L1 e L2 = indutâncias próprias das bobinas 1 e 2, respectivamente (H)
k = coeficiente de acoplamento (0  k < 1).

Quando o coeficiente de acoplamento for próximo de 1, diz-se que as bobinas


estão firmemente acopladas. Isto ocorre quando as bobinas estão enroladas uma sobre a
outra em um núcleo de alta permeabilidade. Quando as bobinas não possuem núcleo

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110

magnético, estão muito afastadas e/ou dispostas de maneira que o fluxo mútuo seja nulo,
o coeficiente de acoplamento é nulo.

Exemplo 5.5: Nas figuras ( a) e (b) abaixo, diga e justifique onde k=0 e onde k1.

Bobina Bobina 2

(a) (b)
Figura 5.16 – Coeficiente de Acoplamento

Conclui-se que a indutância mútua depende:


- das indutâncias individuais das bobinas;
- do coeficiente de acoplamento, ou seja, da distância e da disposição das bobinas.

Exemplo 5.6: Considere duas bobinas com L1 = 2H, L2 = 2H e k=0,9. Se a


corrente na bobina 1 varia de 10A para 11A em 1ms, calcule:
a) a f.e.m. de auto-indução na bobina 1;

b) a f.e.m. de mútua-indução na bobina 2.

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111

5.5.2.3. Aplicações práticas dos fenômenos de auto-indução e mútua-indução


Os fenômenos de auto-indução e mútua-indução estão presentes em praticamente
todos os equipamentos eletromagnéticos. O transformador e o reator convencional da
lâmpada fluorescente são exemplos claros de utilização destes fenômenos.

5.5.2.3.1 TRANSFORMADOR

1 – Definição
“Equipamento elétrico que, por indução eletromagnética, transforma tensão e
corrente alternada entre dois ou mais enrolamentos, com a mesma freqüência e,
geralmente com diferentes valores de tensão e corrente.” NBR – 5356 - 3.1

2 – Utilização
O transformador é basicamente utilizado para adequar a tensão às necessidades do
usuário por um processo simples e com rendimento de quase 100%. Ele é, então, usado
nas usinas para elevar a tensão para centenas de kV a fim de diminuir as perdas na
transmissão. Na distribuição tem a finalidade de rebaixar a tensão ao nível que o sistema
requeira chegando a valores baixos o suficiente para garantir a segurança dos usuários.
Também é utilizado em circuitos eletrônicos (fontes, casamentos de impedâncias, etc).

3 - Princípio de funcionamento
O transformador é constituído de dois (ou H1 X2
mais) enrolamentos eletricamente isolados entre si,  
porém acoplados magneticamente através de um
núcleo de pouca relutância que canaliza o fluxo de um
V1
enrolamento até o outro. Um dos enrolamentos recebe V2

excitação de uma fonte CA (geralmente senoidal) que


gera no mesmo um fluxo magnético variável que se
H2 X2X1 X1
concatena com o outro enrolamento gerando no
mesmo uma f.e.m. de mútua indução. Figura 5.17 - Parte ativa de um transformador
As f.e.m. nos dois enrolamentos são elementar
proporcionais ao número de espiras de cada um. As tensões nos terminais são muito
próximas dos valores das f.e.m. devido às pequenas quedas de tensão internas. Assim
pode-se dizer na maioria dos casos práticos que:

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112

V1 N1
  a
V2 N2

Também se pode provar que as correntes nos enrolamentos são inversamente


proporcionais ao seu número de espiras de forma que as f.m.m.s primária e secundária se
contrabalancem, ou seja, no enrolamento de maior número de espiras tem-se maior tensão
e menor corrente e no outro o contrário. Assim, as potências no secundário e no primário
são consideradas iguais (P1=P2) até que se queira fazer uma análise mais apurada de
perdas.

I1 N2 1
 
I2 N1 a

Considera-se enrolamento primário o enrolamento que recebe energia e


secundário o enrolamento que fornece energia. Quando o primário trabalha com maior
tensão que o secundário diz-se que o transformador é rebaixador e, quando for o contrário,
elevador.
Na verdade qualquer dos enrolamentos pode ser o primário porque o
transformador é uma máquina reversível, só dependerá de que lado vem a energia.

5.5.2.3.2 REATOR ELETROMAGNÉTICO DA LÂMPADA FLUORESCENTE


O reator é um equipamento auxiliar utilizado em conjunto com as lâmpadas de
descarga (lâmpadas fluorescentes, vapor de mercúrio, vapor de sódio e vapor metálico)
que tem como objetivo limitar a corrente na lâmpada e fornecer características elétricas
adequadas. Os tipos de reatores encontrados no mercado são: eletromagnéticos e
eletrônicos. A correta aplicação dos reatores garante um melhor desempenho para os
projetos elétricos e luminotécnicos, contribuindo diretamente para a manutenção do fluxo
luminoso e a vida útil da lâmpada. Será estudado apenas o reator eletromagnético, o qual
utiliza os princípios da fem variacional.
O reator eletromagnético é constituído por um núcleo laminado de aço silício (com
baixas perdas) e bobinas de fio de cobre esmaltado ou de alumínio. Geralmente são
impregnados com resina de poliéster adicionado com carga mineral, tendo um grande
poder de isolação e dissipação térmica. O reator eletromagnético pode ser de dois tipos:
de partida convencional ou de partida rápida.

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113

 Reator Eletromagnético Partida Convencional – O reator fornece por alguns


segundos uma tensão nos filamentos da lâmpada para pré-aquecê-lo em seguida,
com a utilização de um starter proporciona o acendimento da lâmpada
fluorescente.
 Reator Eletromagnético Partida Rápida – Neste tipo de partida os filamentos são
aquecidos constantemente pelo reator, o que facilita o acendimento da lâmpada
em um curto espaço de tempo. Neste caso não é necessário o uso do starter.

Figura 5.18 – Ligação da lâmpada fluorescente com reator convencional

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114

5.6 Exercícios
1. Enuncie a Lei de Faraday.

2. Calcule a f.e.m. induzida (média) numa bobina de 1000 espiras quando o fluxo no
seu interior varia de 1,0mWb para 2,0mWb em um intervalo de 0,1segundo.
Resposta: e = 10 V

3. Enuncie a Lei de Lenz.

4. Em cada uma das figuras abaixo, represente:


a) o fluxo indutor;
b) o fluxo induzido;
c) a corrente induzida;
d) a polaridade (+ e -) da bobina;
e) a força (atração ou repulsão) entre bobina e ímã.

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115

5. Um condutor desloca-se, perpendicularmente, a um campo magnético de indução 0,15


T com uma velocidade de 100 m/s. O seu comprimento é de 20 cm e é conectado a um
circuito de resistência 0,2 . Calcule :
a) a f.e.m. induzida; Resposta: e=3V.
b) a corrente elétrica induzida; Resposta: i=15A.
c) a potência elétrica desenvolvida; Resposta: 45W.
d) a força eletromagnética de oposição ao movimento; Resposta:0,45N
e) a potência mecânica utilizada. Resposta: 45W

6. Usando a regra de Fleming da mão direita, descubra o sentido da f.e.m. induzida nos
seguintes casos. condutor

++++++++++++ v
S B
+ + + + + + + + + + + ++ + +
v ++++++++++
N S
+ + + + + + + + + + +v+

N ++++++++++++
v

7. Desenhe um gerador de corrente alternada elementar, indicando o nome de todas as


partes, e explique o funcionamento.

8. Cite o tipo de conversão de energia feita pelos geradores elétricos.

9. Explique o que é auto-indução.

10. O que é indutância? De quais fatores depende a indutância de uma bobina?

11. Uma bobina de 500 espiras está enrolada em um núcleo magnético com relutância de
60000Ae/Wb. Calcule:
a) a indutância da bobina; Resposta: 4,17H
b) a f.e.m. de auto-indução (intensidade e sentido) quando a corrente varia de
400mA para 200mA em 2ms. Resposta: 417V

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116

12. Explique o que é mútua-indução.

13. O que é indutância-mútua? De quais fatores depende a indutância-mútua?

14. Considere duas bobinas com L1 = 0,5 H, L2 = 0,75 H e k=0,8. Se a corrente na bobina
1 varia de 18A para 16A em 2ms, calcule:
a) a f.e.m. de auto-indução; Resposta: 500V
b) a f.e.m. de mútua-indução. Resposta: 489,9V

15. Indique o sentido da f.e.m. induzida em cada bobina no instante em que o interruptor
S é aberto.

16. Em um circuito uma bobina possui 2000 espiras. Se, num intervalo de tempo de 0,25s
o fluxo reduzir de 625mWb para 375mWb, qual será a fem induzida de acordo com
Faraday-Lenz?
17. É induzida em um condutor de 20cm uma fem de 5V. Este condutor se movimenta a
30º das linhas de força com uma velocidade de 50m/s e é conectado a um circuito com
resistência de 0,1Ω. Determine:
a. A indução magnética e seu sentido.
b. A corrente elétrica e seu sentido.
c. A potência elétrica consumida.
d. A força de oposição ao movimento e seu sentido.
e. A potência mecânica utilizada.

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18. Uma bobina 1 com 1000 espiras está disposta em um núcleo magnético com relutância
de 50000 Ae/Wb. Uma bobina 2 com 2500 espiras está disposta no mesmo núcleo e
apenas 80% do fluxo produzido em 1 atravessa 2. Determine:
a. A indutância própria da bobina 1.
b. A indutância própria da bobina 2.
c. A fem auto-induzida na bobina 1 se a corrente nesta bobina variar 3
A/s.
d. A indutância mútua e a fem de mútua indução na bobina 2.

19. Um transformador monofásico possui 500 espiras no primário e 250 espiras no


secundário, Sabendo que a tensão no primário é 13,8kV e que a potência do transformador
é 25kW, e que não existem perdas. Determine:
a. A relação de transformação a.
b. A tensão secundária.
c. As correntes primária e secundária se o transformador estiver a plena
carga.

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118

6. PERDAS NOS CIRCUITOS MAGNÉTICOS


6.1 Perdas por Correntes de Foucault (correntes parasitas)
Um circuito elétrico, quando submetido a uma variação de fluxo magnético no
seu interior, é induzido de f.e.m.. Os circuitos, geralmente, são formados por
espiras convenientemente isoladas, de forma que a f.e.m. e a corrente, induzidas, são
canalizadas a um circuito consumidor. (Martignoni, Eletrotécnica, p.271 e p.403)
Os circuitos elétricos, muitas vezes, são enrolados sobre um núcleo de material
ferro-magnético, a fim de diminuir a relutância do circuito magnético e favorecer a
criação de campos intensos.
Como um material ferromagnético também é um condutor elétrico, se houver
variações de fluxo, haverá indução de f.e.m. na massa metálica. Este núcleo comporta-
se como um circuito elétrico fechado de baixíssima resistência (um curto-circuito),
logo as f.e.m. darão origem a fortes correntes dentro do núcleo magnético.
O sentido dessas correntes é tal que o seu campo magnético opõe-se à variação do
campo magnético indutor. As correntes estão, portanto, num plano perpendicular à
direção do campo magnético. Na fig.1 tem-se, por exemplo, o fluxo crescendo dentro do
núcleo com o sentido indicado. As correntes parasitas farão aproximadamente o percurso
mostrado, a fim de criar um campo induzido em sentido contrário ao do indutor. Estas
correntes causam uma grande dissipação de calor, que geralmente não tem uso nenhum,
mas consome energia.

corrente

parasita

i
fluxo

C.A.

Figura 6.1 - Núcleo maciço com correntes parasitas

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119

Um procedimento tradicionalmente feito para reduzir as correntes de Foucault


(pronuncia-se fucô) é fazer o circuito magnético de chapas isoladas em vez de ser maciço.
A isolação pode ser feita por fina camada de verniz, oxidação natural da chapa e outros
materiais mais evoluídos. A laminação deve ser no sentido do fluxo, para não aumentar a
relutância e também para que o isolante fique transversal ao sentido da corrente e, com
isto, dificultar a sua circulação.

chapa isolante
C.A.

Figura 6.2 - Circuito magnético laminado com correntes


parasitas
As correntes de Foucault não têm um caminho bem definido, portanto o seu
equacionamento é bastante difícil. Resultados experimentais têm mostrado que as perdas
por correntes parasitas podem ser expressas pela seguinte equação.

Pp = kp.BM2.f2.t2 (6.1)

Onde:
Pp = perdas por correntes parasitas ( Watts/kg )
kp = constante que depende da resistividade do material
BM = indução magnética máxima ( T )
f = freqüência ( Hz )
t = espessura das lâminas ( mm )

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120

Podem-se reduzir as perdas ‘Foucault’ das seguintes maneiras:


1. Usando chapas isoladas de pequena espessura;
2. Aumentando a resistividade do material pelo acréscimo de pequenos percentuais
de silício ao aço (1% a 5%);
3. Trabalhando com indução relativamente baixa;
4. Usando freqüência baixa (quando for possível).

Como se pode ver, não é possível eliminar as correntes parasitas e sim reduzi-las
a ponto de serem suportáveis.

6.1.2 Aproveitamento das correntes parasitas


As correntes parasitas geram calor e forças contrárias ao movimento, sendo que,
em certas circunstâncias, podem ser benéficas tal como acontece nos seguintes
equipamentos.

1. Forno de indução: Neste equipamento, o material a ser fundido é colocado dentro


do forno, onde um campo magnético variável, de frequência geralmente alta (400 a
1000Hz), induz-lhe correntes parasitas, que o aquece até o ponto de fusão. Geralmente,
estes fornos são usados para fundição de materiais com baixo teor de impurezas.

Figura 6.3 – Forno de Indução

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121

2. Freio de instrumentos: Quando um condutor é movido dentro de um campo


magnético, gera-se uma f.e.m. e uma corrente (se o circuito estiver fechado). O sentido
desta corrente induzida é tal que se geram forças em sentido contrário ao deslocamento
do condutor. Em vários instrumentos, este princípio é aproveitado para que o seu ponteiro
(ou mecanismo de medição) tenha um movimento amortecido (lento).
Ex: O disco e o ímã dos medidores de energia elétrica residencial ou industrial.

Figura 6.4 – Medidor de energia elétrica


3. Aquecedor indutivo para rolamentos: O aquecedor indutivo aproveita o calor
gerado pelas correntes parasitas para aquecer o rolamento de forma que este dilate e
aumente seu diâmetro, permitindo seu encaixe no equipamento de maneira adequada.

Figura 6.5 – Aquecedor Indutivo para Rolamentos

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122

6.2 Histerese Magnética e Perdas por Histerese Magnética


Considere-se uma bobina enrolada em um núcleo magnético. A bobina é
alimentada por uma fonte que permite variar o valor da corrente e inverter o seu sentido.
Neste ensaio supõe-se que o material é magneticamente virgem, ou seja, nunca tenha sido
magnetizado antes. Inicialmente aumenta-se a corrente na bobina, aumentando o campo
indutor (H). A indução vai crescendo segundo a curva 0 - 1 até que seja atingida a
saturação magnética quando todos os domínios estão orientados.
Reduz-se o campo indutor e a indução decresce, porém o retorno não acontece
sobre a linha original e sim segundo a linha 1-2. Quando o campo indutor se anula (H =
0) ainda resta certa indução, ou seja, mesmo sem campo indutor externo os ímãs
elementares se mantêm parcialmente orientados. Define-se como Indução Residual ou
Remanente como sendo a indução que se mantém quando o campo indutor é anulado.
Para anular a indução residual deve-se inverter a corrente (aplicar um campo
indutor ao contrário) e ir aumentando gradativamente até que a indução anule-se (B
= 0). O campo indutor capaz de levar a indução residual a zero é chamado de campo
coercitivo ou força coercitiva ( Hc ).
Aumentando-se o campo indutor (H) no sentido negativo chega-se à saturação do
material em sentido contrário (ponto 4).
Reduzindo-se a excitação da bobina magnetizadora a densidade magnética B
diminui até chegar ao ponto 5 (H = 0) sobrando uma indução residual Br negativa.
Para anular esta indução residual deve-se inverter o campo indutor e aumentá-lo
até alcançar Hc .
Continuando-se a aumentar o campo indutor chega-se novamente à saturação no
sentido positivo.
Como se percebeu o valor da indução segue o valor do campo indutor H com certo
atraso, ou seja, quando H chega à zero B ainda não chegou, H atinge valores negativos
antes dos valores de B atingirem.
Histeresis, em grego, significa atraso por isto o laço de histerese magnética tem
este nome, sendo também chamado de ciclo de histerese. Na figura 2.16 é apresentado
um laço de histerese típico.
De modo geral, quando o material não está magnetizado seus domínios
magnéticos estão dispostos de maneira aleatória. Porém, ao aplicar-se uma força
magnetizante, os domínios se alinham com o campo aplicado. Se invertermos o sentido
do campo os domínios também inverterão sua orientação. Ao inverter sua orientação, os

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123

domínios precisam superar o atrito e a inércia. Ao fazer isto dissipam certa quantidade de
energia na forma de calor, que é chamada de PERDA POR HISTERESE. Quanto maior
a força coercitiva mais difícil se torna a desmagnetização do material e, portanto, mais
perdas ocorrem.
Pode-se provar matematicamente que a área dentro do laço de histerese representa
as perdas histeréticas. Assim, para o trabalho com corrente variável (ou alternada), é
necessário que o laço seja o mais estreito possível para que as perdas sejam o menor
possível. Na figura 2.17 é apresentado um gráfico com a representação das perdas por
histerese magnética.

Figura 6.6 – Laço de Histerese

Figura 6.7 – Perdas por histerese magnética

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124

A maioria dos autores expressa as perdas histeréticas por uma equação com
coeficientes empíricos. (Martignoni, Eletrotécnica)
Ph = kh.BM1,6.f (6.2)
Onde: Ph = perdas histeréticas ( Watts / kg )
kh = coeficiente que depende do material ( coef. de Steinmetz )
BM = indução máxima ( T )
f = freqüência ( Hz )
Para redução dessas perdas deve-se usar material de baixa força coercitiva,
indução magnética baixa ( material não saturado ) e reduzir a frequência da variação do
fluxo ( quando for possível ). A curva B-H dos materiais é que diferenciam as suas
propriedades para fabricação de ímãs e de eletroímãs.
Os ímãs permanentes ideais devem ter alta coercitividade para que sejam difíceis
de serem desmagnetizados e alta remanência para que apresentem uma boa indução de
trabalho. Os ímãs reais dificilmente apresentam as duas características completas juntas.
Os materiais mais usados em ímãs permanentes são: Aço com alto teor de carbono,
Ferrite, Alnico, Samário- Cobalto, Neodímio-Ferro-Boro. Para fabricar eletroímãs o
importante é que a indução seja alta para pequenos valores de H (alta permeabilidade) e
que a coercitividade e remanência sejam pequenas para que, quando a corrente seja
extinta a indução residual anule-se facilmente. O material ideal para eletroímãs deve ter,
portanto, o laço de histerese representando uma reta que passa pela origem e tenha grande
inclinação (grande permeabilidade).
Para fabricação de eletroímãs são usados normalmente aço-doce e o aço-silício.
Estes materiais têm alta permeabilidade e pequena força coercitiva, porém, possuem alta
indução residual, o que não chega a ser um problema pois é facilmente reduzida já que
a força coercitiva é muito baixa.

Figura 6.8 – Característica do laço de histerese de ímãs permanentes e eletroímãs

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125

6.3 Exercícios
1. Descreva o fenômeno de perdas por correntes parasitas (ou correntes Foucault ),
abordando:
a) causas de sua existência;
b) consequências advindas do fenômeno.

2. Cite as quatro maneiras possíveis de reduzir-se as perdas por correntes parasitas.

3. Cite dois equipamentos que baseiam seu princípio de funcionamento nas correntes
parasitas.

4. Explique o que é perda por histerese magnética respondendo ao que se pede:


a) Quais as causas?
b) Quais as consequências?

5. Cite as três formas possíveis de reduzirem-se as perdas por histerese magnética.

6. Defina indução residual e força coercitiva.

7. Desenhe os laços de histerese de materiais próprios para a construção de ímãs


permanentes e eletroímãs e justifique.

8. Porque um material magnético com força coercitiva alta é ruim para trabalho em um
eletroímã alimentado com corrente alternada?

9. Cite materiais tecnicamente adequados para a construção de ímãs permanentes e


eletroímãs.

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126

APÊNDICE
A.1 – Unidades do Sistema Internacional
Tabela A.1 – Unidades no Sistema Internacional
UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL
BÁSICAS
Grandeza Unidade Símbolo
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Intensidade de corrente elétrica ampère A
Temperatura Kelvin K
Quantidade de matéria Mol mol
Intensidade luminosa Candela cd
DERIVADAS
Área metro quadrado m²
Volume metro cúbico m³
Força newton N
Energia / Trabalho joule J
Aceleração metro por segundo quadrado m/s²
Velocidade metro por segundo m/s
Tensão elétrica volt V
Carga elétrica coulomb C
Fluxo magnético weber Wb
Indução magnética tesla T
Permissividade elétrica farad por metro F/m
Permeabilidade magnética henry por metro H/m
Intensidade de campo magnético ampere espira por metro Ae/m
Torque newton metro Nm
Capacitância farad F
Indutância henry H
Potência wattt W
Campo elétrico newton por coulomb N/C
Relutância magnética ampere espira por weber Ae/Wb
Força magnetomotriz ampere espira Ae
Resistência elétrica ohm Ω

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127

A.2 – Multiplicadores em Base 10


Tabela A.2 – Múltiplos de Submúltiplos em base 10

A.3 – Conversão de Unidades – Áreas e Volumes


Tabela A.3.1 – Tabela de conversão de áreas
TABELA DE CONVERSÃO - ÁREAS
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²

Tabela A.3.2 – Tabela de conversão de volumes


TABELA DE CONVERSÃO - VOLUMES
km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³

Tabela A.3.3 – Tabela de conversão de áreas em base 10


CONVERSÃO DE ÁREAS - BASE 10
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
km² 1 102 104 106 108 1010 1012
hm² 10-2 1 102 104 106 108 1010
-4 -2
dam² 10 10 1 102 104 106 108
m² 10-6 10-4 10-2 1 102 104 106
dm² 10-8 10-6 10-4 10-2 1 102 104
cm² 10-10 10-8 10-6 10-4 10-2 1 102
mm² 10-12 10-10 10-8 10-6 10-4 10-2 1

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Tabela A.3.4 – Tabela de conversão de volumes em base 10


CONVERSÃO DE VOLUMES - BASE 10
km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³
km³ 1 103 106 109 1012 1015 1018
hm³ 10-3 1 103 106 109 1012 1015
dam³ 10-6 10-3 1 103 106 109 1012
m³ 10-9 10-6 10-3 1 103 106 109
dm³ 10-12 10-9 10-6 10-3 1 103 106
cm³ 10-15 10-12 10-9 10-6 10-3 1 103
mm³ 10-18 10-15 10-12 10-9 10-6 10-3 1

A.4 – Cálculo de Perímetros (2p) e Áreas (A)


Quadrado
A = lado x lado 2p = lado + lado + lado + lado
Retângulo
A = base x altura 2p = base + base + altura + altura
Triângulo
A = (base x altura) / 2
Circunferência
A = π x raio² ou A = (π x diâmetro²) / 4 2p = 2 x π x raio

A.5 – Revisão Trigonometria

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Teorema de Pitágoras

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130

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, B., MÁXIMO, A. Curso de Física, São Paulo: 3a Ed. Harbra, 1994, vol.3.

ARNOLD, R. Fundamentos de Eletrotécnica, São Paulo: EPU, 1976, vol.3.

FOWLER, R. Eletricidade: Princípios e Aplicações, São Paulo: Makron Books, 1992, vol.1 e vol.2.

TAVARES, A. M., BRAUNSTEIN, S. H.. Apostila de Eletromagnetismo, Curso de Eletrotécnica, Centro


Federal de Educação Tecnológica de Pelotas, 2005.

TAVARES, A. M., BARBOZA, L. V., BRAUNSTEIN, S. H. Apostila de Análise de Circuitos, Curso de


Eletrotécnica, Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas, 2005.

GUSSOW, M. Eletricidade Básica, São Paulo: 2a Ed. Makron Books, 1996.

MARTIGNONI, A. Eletrotécnica, Rio de Janeiro: 7a Ed. Globo, 1985.

WOLSKI, BELMIRO. Fundamentos de Eletromagnetismo, Rio de Janeiro: 1a Ed. Ao Livro Técnico,


2005.

MEDEIROS FILHO, Solon de. Medição de Energia Elétrica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara,
1976. 483 p.

MEDEIROS FILHO, Solon de. Fundamentos de Medidas Elétricas. 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara, 1986. 307 p.

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