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Tecnologias e Projeto em Engenharia Física II

Trabalho prático nº 9
Uso de corrente alternada em bobinas para a medição da
suscetibilidade magnética

Grupo 2; Turma P2
Bruno Rodrigues - 110282
Denisa Lapuste - 107820
Simão Lopes - 108235

LICENCIATURA EM ENGENHARIA FÍSICA

25/11/2023
Sumário
Neste trabalho experimental mediu-se e estudou-se a suscetibilidade magnética
utilizando bobinas atravessadas por corrente alternada. Analisou-se o comportamento da
corrente em função da frequência, dado um sinal sinusoidal em uma bobina principal.
Foram também estudadas as forças eletromotrizes induzidas em bobinas secundárias, com
e sem a introdução de uma amostra no interior das bobinas, verificando uma ligeira
variação de forças aquando da presença da amostra, mas sem nenhuma conclusão
específica. Por fim, determinou-se o valor da diferença de forças eletromotrizes induzidas
entre as bobinas secundárias, recorrendo ao amplificador de Lock-in, tendo sido obtido
um valor próximo de zero, estando de acordo com o esperado.

𝜕𝜙𝐵
Introdução 𝜖=− (Eq.2)
∂𝑡
Relativamente a magnetismo, pode Em que 𝜖 representa a F.E.M. e 𝜙 o fluxo
dizer-se que este tem duas origens: magnético na área do circuito.
Momentos magnéticos intrínsecos ou
correntes elétricas. Estas últimas são as Neste trabalho, com a ajuda de um
que vão ser exploradas neste trabalho. gerador de sinais, vai ser gerada uma
corrente alternada, onde o fluxo está
A lei de Ampere é um dos constantemente a variar, induzindo uma
princípios do eletromagnetismo que F.E.M. Aplicando esta corrente elétrica
descreve a relação entre uma corrente a uma bobina, vai ser gerado uma
elétrica e o campo magnético gerado por indução magnética uniforme dentro
ela. Na sua forma mais geral, esta desta.
estabelece que a circulação do campo
magnético ao longo de um caminho Através da definição de
fechado é proporcional à corrente intensidade magnética (H), que é a
elétrica que atravessa essa superfície quantidade de magnetização por unidade
delimitada. Esta lei é representada pela de comprimento num meio magnético,
equação: num solenoide obtém-se a seguinte
equação:
∮ 𝐵 • 𝑑𝑙 = 𝜇0 𝐼 (Eq.1)
𝑁𝐼
𝐻= (Eq.3)
Onde B é o campo magnético, ∮ 𝐵 • 𝑑𝑙 𝑙

representa a circulação do campo Onde N é o número de espiras, I a


magnético em um caminho fechado, 𝜇0 a corrente que as atravessa e l o
permeabilidade magnética do meio e I a comprimento do solenoide, sendo,
corrente elétrica que atravessa a área da portanto, as unidades de H Am-1
superfície fechada [1]. (Ampere por metro) [2].
A variação do fluxo magnético em Ao variar apenas a corrente, que é
uma superfície delimitada por um o que se vai efetuar neste trabalho, a
circuito induzirá uma força eletromotriz equação 2 irá ser igual a:
(F.E.M.) neste. Este fenómeno foi
𝜕𝜙𝐵 𝐿𝑑𝐼
descrito por Michael Faraday em 1831 e, 𝜖=− =− (Eq.3)
∂𝑡 𝑑𝑡
posteriormente, com os contributos de
Lenz, obteve-se a equação 2 [1].
Onde L representa o coeficiente de atravessa uma bobina (figura 1) em
𝜇𝜋𝑟 2 𝑁 2 função da frequência, tendo-se recorrido
autoindução, dado por , sendo o r
𝑙 a um gerador de sinal para gerar essa
o raio de cada espira.
A F.E.M. induzida num circuito
devido à passagem de corrente em outro,
pode ser dada por
𝑑𝐼
𝜖 = −𝑀 𝑑𝑡 (Eq.4)

Onde M representa o coeficiente de


indução mútua que é equivalente a
𝜇𝜋𝑟12 𝑁1 𝑁2
onde o índice 1 representa o
𝑙
circuito onde passa a corrente e 2 o
circuito onde vai ser induzida uma F.E.M
[3]
.
Figura 1- Montagem exprimental das bobinas. As
visíveis são as secundárias, a primária está na parte
A resposta magnética de um interior.
material a um campo magnético externo
é dada por 𝑀 = χm H, onde χm corrente. Mantendo a tensão pico a pico
representa a suscetibilidade magnética constante (5Vpp), obteve-se o gráfico
do material, sendo diferente para cada representado na figura 2. No dito gráfico
M(ω) verificou-se uma relação linear que
material. Como tal, χm (ω) = ,
H(ω)
diminui com o aumento da frequência,
sendo M e H dependentes da frequência tal como esperado, visto que a
angular da corrente. A dependência da impedância de uma bobina é Z= R+iωL,
suscetibilidade magnética em relação à 𝑉
pelo que se pode dizer que 𝐼 = 𝑅+𝑖𝜔𝐿,
frequência angular é relevante em
diversas áreas, como na caracterização onde V é a tensão, L a indutância da
de materiais magnéticos, na ressonância bobina, constante, R a resistência e ω
magnética nuclear (RMN) e em estudos representa a frequência angular, 2𝜋f.
de propriedades magnéticas em 28
diferentes faixas de frequência, sendo 26
uma técnica simples e barata.
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Neste trabalho existem três 22
bobinas, uma na parte interior que 20
I (mA)

y = -0,0055x + 26,67
percorre todo o comprimento da amostra 18 R² = 0,9964
(sendo daqui para a frente chamada de
16
primária) e duas secundárias, enroladas
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em torno desta, mas sem se tocarem,
12
como indica a figura seguinte:
10
0 1000 2000 3000
f (Hz)
Resultados e Discussão Figura 2- Relação entre corrente induzida em uma bobina
secundária e frequência do sinal na bobina primária.
Na primeira parte (parte A),
mediu-se a variação da corrente que
Na segunda parte, B, foi aplicado corrente em função do tempo,
um sinal sinusoidal na bobina primária e corresponde a um maior módulo de força
mediu-se a força eletromotriz induzida eletromotriz (segundo a eq.3) e
em uma das secundárias. Os valores comprovado por todos os equipamentos
obtidos estão apresentados na tabela 1. de medição utilizados. Destes
Tabela 1- Leitura da força eletromotriz induzida em
equipamentos utilizados, verifica-se que
uma bobina secundária em função da frequência e embora ambos registem aumentos de
amplitude de um sinal aplicado à primária. F.E.M., estes nem sempre são coerentes,
verificando-se sempre um valor superior
F.E.M. (V)
aos outros no osciloscópio.
F(Hz) Vpp(mV) Multímetro Osciloscópio Lock-in
100 0,006 0,08 0,00663 A introdução de uma amostra
1000 200 0,014 0,017 0,01233 metálica teve como objetivo mudar a
300 0,018 0,020 0,01800 permeabilidade do meio, no entanto, não
100 0,011 0,017 0,0123 se verificaram alterações significativas,
2000 200 0,027 0,037 0,0219 pois por vezes os aparelhos mediram
300 0,047 0,058 0,0313 maiores F.E.M. com a amostra e por
100 0,022 0,030 0,0255 outras não, parecendo o resultado
3000 200 0,048 0,060 0,0470 aleatório.
300 0,070 0,091 0,0660
Já na parte C, utilizaram-se ambas
as bobinas secundárias, e a força
Introduzindo uma pequena amostra de eletromotriz induzida quando corrente
um metal magnético, obtêm-se os alternada atravessa a bobina primária
valores da tabela 2. revelou-se similar, como esperado, pelo
Tabela 2- Leitura da força eletromotriz induzida em que as medições são análogas. No
uma bobina secundária (com uma amostra metálica entanto, a diferença de forças entre as
entre a bobina) em função da frequência e amplitude
de um sinal aplicado à primária.
bobinas secundárias não pode ser
desprezada, e foi devidamente medida
F.E.M. (V)
utilizando o amplificador Lock-in. Os
F(Hz) Vpp(mV) Multímetro Osciloscópio Lock-in
resultados, com amplitude constante de
100 0,005 0,0100 0,0066
𝑉𝑝𝑝 = 1, foram os da tabela 3.
1000 200 0,012 0,0160 0,0123
300 0,017 0,0230 0,0180 Tabela 3- Leitura da força eletromotriz induzida em
ambas as bobinas secundárias em função da
100 0,011 0,0190 0,0120 frequência e amplitude de um sinal aplicado à
2000 200 0,026 0,0380 0,0218 primária.

300 0,047 0,0590 0,0315 F.E.M. (V)


100 0,021 0,0342 0,0250 f Ԑdown (mV) Ԑup (mV) Dif. (Lock-in)(V)
3000 200 0,047 0,0612 0,0452 454 363 356 0,198
300 0,070 0,0980 0,0692 554 436 426 0,256
654 442 449 0,330
780 590 554 0,415
Analisando ambas as tabelas,
verifica-se que o aumento da tensão do
sinal, assim como o aumento da Por interpretação dos valores
frequência, se traduz num aumento da obtidos, constata-se que a diferença entre
força eletromotriz induzida, tal como as forças eletromotrizes das bobinas
esperado (pois uma maior variação da secundárias, obtida experimentalmente
usando o amplificador de Lock-in, é eletromagnetismo (Consultado a
relativamente pequena e perto de zero, 01/12/2023)
como esperado. Verifica-se também que
[2]- Guião de TPEF-II
ao aumentar a frequência do sinal, as
forças eletromotrizes aumentam, assim [3]- “Eletricidade e Magnetismo”,
como a diferença entre elas, medida com Jaime E. Villate. Publicado a 20 de
o Lock-in. No entanto, a diferença das março de 2013.
forças eletromotrizes, estas medidas
individualmente, apresenta um resultado
diferente do obtido com o Lock-in. Estas
discrepâncias podem estar relacionadas
com as limitações do multímetro
utilizado.

Conclusão
Neste trabalho estudou-se o
funcionamento de um amplificador de
Lock-in, e a sua importância na medição
de valores extremamente baixos e
precisos de interesse. Os resultados
obtidos para a corrente, quando aplicado
um sinal de frequências variadas, foram
de encontro com o esperado, diminuindo
linearmente com o aumento da
frequência. As medições experimentais
dos valores de força eletromotriz
induzida nas bobinas secundárias, com e
sem amostra, ao aplicar uma corrente
alternada na bobina principal, foram, do
mesmo modo, de encontro com o
esperado. Verificou-se a variação da
força eletromotriz das bobinas
secundárias causada pela amostra, em
razão da sua permeabilidade magnética,
e a existência de uma diferença de forças,
embora muito baixa, entre essas mesmas
bobinas.

Referências
[1]- “Leis do Eletromagnetismo”.
Universidade Federal de Santa Maria.
Disponível em:
https://www.ufsm.br/cursos/graduacao/s
anta-maria/fisica/2020/02/21/leis-do-

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