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Lei de Faraday

Ricardo Santos
Algumas curiosidades...
1.Como funcionam as usinas hidrelétricas? A
energia elétrica é retirada da água?

2.Como funcionam os alto-


falantes e os microfones?
3.Para que servem os
transformadores que
ficam nos postes?
Antes de respondê-las, precisaremos Imagem: OS2Warp / Domínio Público

conhecer alguns conceitos fundamentais


da Física...
Fluxo Magnético
Φ  B. A.cos θ n

Onde: θ
B

O fluxo magnético é a medida da quantidade de linhas de indução que


atravessam uma superfície em função do tempo. É dado pelo produto entre
o campo magnético, a área da superfície e o cosseno do ângulo formado
entre o campo e o vetor normal à superfície.
Propriedades do Fluxo Magnético
Podemos variar o fluxo magnético de várias maneiras:

1. Variando a intensidade B do campo de indução magnética.


2. Variando a área A da superfície.
3. Girando a superfície, variando o ângulo θ entre o
vetor normal à superfície e o vetor campo magnético.

Obs.: A unidade de medida do Fluxo Magnético no


S.I. é o weber (Wb) (Onde: 1 Wb = 1 T · 1 m2)

Logo, temos 1T = 1 Wb/m2


Fluxo Magnético: Caso Particular (θ = 90º)

Neste caso, temos:


Φ = B · A · cos 90° e, como cos 90° = 0, então o fluxo é nulo.

Observe na figura abaixo que nenhuma linha de indução


magnética atravessa a superfície.

Φ = 0  NULO n
θ= 90º

B
Fluxo Magnético: Caso Particular (θ = 0º)
Neste caso, temos:
Φ = B · A · cos 0° e, como cos 0° = 1, então, Φ = B · A , o que
implica dizer que o fluxo é MÁXIMO.

Observe na figura abaixo que todas as linhas de indução


magnética atravessam a superfície.

Φ = B.A  MÁXIMO
n

B
θ = 0º
Michael Faraday (1791 – 1867)
Foi um Químico e Físico
inglês conhecido pelas
suas experiências

Imagem: Thomas Phillips / Domínio Público


pioneiras no campo da
Eletricidade e do
Magnetismo.
Breve Histórico
Faraday, baseando-se nos
trabalhos de Oersted e
Ampère, o qual analisava que
correntes elétricas em
circuitos produziam campos
magnéticos, começou a
investigar o efeito inverso do Imagem: Steve Jurvetson / Creative Commons Attribution 2.0
Generic

fenômeno por eles estudado.


Indução Magnética

Imagem: Hypercube / Creative Commons CC0 1.0 Universal Public Domain Dedication

Faraday descobriu que um campo magnético variável


próximo a uma bobina e ligada a uma galvanômetro,
acusa a passagem de corrente elétrica.
Indução Magnética

Imagem: Hypercube / Creative Commons CC0 1.0 Universal Public Domain Dedication

Esse efeito de produção de uma corrente em um circuito,


causado pela presença de um campo magnético, é chamado
de INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA e a corrente elétrica que
aparece é denominada de CORRENTE INDUZIDA.
Indução Magnética
Existem vários modos de se obterem correntes induzidas em
um circuito:

1. O circuito pode mover-se em relação a um campo


magnético, de modo que o fluxo magnético através da área
do circuito varie no decorrer do tempo.

2. Pode-se variar a área do circuito de tal modo que o fluxo do


campo magnético através do circuito varie no tempo.

3. O campo magnético dirigido para a superfície pode ser


variável no tempo.
Lei de Faraday
Ao variarmos o fluxo magnético que atravessa uma espira, é
criada uma força eletromotriz induzida (ε) que é dada pela taxa
de variação do fluxo magnético em função do tempo.

∆𝜱 𝜀 ≡ 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑒𝑙𝑒𝑡𝑟𝑜𝑚𝑜𝑡𝑟𝑖𝑧 (𝑓𝑒𝑚)


𝜺=− Onde: ൞ΔΦ ≡ 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑜
𝜟𝒕 Δ𝑡 ≡ 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜

Obs.: Se verificarmos as unidades de medida dessas


grandezas no S.I., percebemos que:

∆𝜱 𝒘𝒆𝒃𝒆𝒓 𝟏𝑾𝒃
𝜺 = ⟹ 𝒗𝒐𝒍𝒕 = ⟹ 𝟏𝑽 =
𝜟𝒕 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒐 𝟏𝒔
Aplicação: Gerador de Corrente
Alternada
Em qualquer unidade de produção de energia elétrica (usina
hidroelétrica, usina termoelétrica, usina nuclear, etc.) existe
sempre um circuito que se coloca em rotação numa região
onde existe um campo magnético.
U

Ao girar a espira, varia-se o fluxo t

magnético que a atravessa,


criando, assim, uma fem induzida, 0

de acordo com a Lei de Ampère.


R
Aplicação: Transformador
• um Transformador é um dispositivo

Imagem: Mtodorov_69 / GNU Free Documentation


para modificar tensões e correntes
alternadas sem perda apreciável de
potência;

• ele é constituído por dois


enrolamentos em torno de um
núcleo de ferro. O enrolamento que
recebe a potência é o primário, o

License
outro o secundário;

• a função do núcleo de ferro é orientar o campo magnético de modo que


quase todo o fluxo que passe por um enrolamento passe também pelo
outro. Esse núcleo é habitualmente laminado de modo a minimizar as
perdas de energia por correntes de Folcault (correntes superficiais
provocadas pelo fluxo variável).
Aplicação: Transformador
Se não houver fuga de fluxo

Imagem: Mtodorov_69 / GNU Free Documentation


magnético do núcleo de ferro e
se desprezarem outras perdas
de potência (efeito Joule), o
fluxo através de cada espira é
o mesmo nos dois
enrolamentos, obtendo-se:

License
𝑉𝑠𝑒𝑐𝑢𝑛𝑑á𝑟𝑖𝑜 𝑁𝑠𝑒𝑐𝑢𝑛𝑑á𝑟𝑖𝑜
=
𝑉𝑝𝑟𝑖𝑚á𝑟𝑖𝑜 𝑁𝑝𝑟𝑖𝑚á𝑟𝑖𝑜

Obs.: Qualquer um dos enrolamentos pode ser usado como primário ou


secundário: o transformador funciona nos dois sentidos.
Vamos
Exercitar?
Exercício 01 v

I
Uma espira constituída por um fio
x x x x x
condutor retangular é empurrada B
x x x x x
perpendicularmente às linhas de
II x x x x
indução magnética de um campo
x x x x x
magnético uniforme perpendicular à
x x x x x
folha, até sair pelo outro lado, como
x x x x x
mostra a figura ao lado.
x x x x x
Determine o sentido da corrente 15cm

induzida na espira em cada uma das III x x x x

representações I, II e III.
20cm
Resolução
O número de linhas de indução que atravessam a espira está aumentando,
ou seja, o fluxo está aumentando.
Esse aumento do fluxo é decorrente do aumento da área hachurada que
corresponde à área A efetivamente atravessada pelas linhas de indução.
Para manter o fluxo constante, surge uma corrente induzida, ocasionando
um fluxo no sentido contrário ao daquele que está aumentado.
Situação I
Assim, o campo induzido 𝑩𝟎 tem que ter
sentido contrário ao de 𝑩, ou seja, deve v

estar saindo do plano da folha. i0


I
Pela regra da mão direita, verificamos B0
v
x x x x x
que o sentido da corrente induzida B
x x x x x
i0 é anti-horário.
Resolução
Nesta situação, o número de linhas de
indução que atravessam a espira permanece
constante.
Situação II
Ou seja, o fluxo é constante x x x x x
e, desse modo, não há x x x x
B
x
corrente elétrica induzida na II x x x x
v
espira ( i0 = 0 ). x x x x x
x x x x x
Resolução
Na Situação III, o número de linhas de indução que atravessam a espira
está diminuindo, ou seja, o fluxo está diminuindo. Essa diminuição do
fluxo é decorrente da diminuição da área hachurada que corresponde à
área A efetivamente atravessada pelas linhas de indução.
Para manter o fluxo constante, surge uma corrente induzida, ocasionando
um fluxo no mesmo sentido daquele que está diminuindo.
Situação III
x x x x x
x x x x x
B
x x x i0 x x
III x x B0 x x x
v

i0
Exercício 02 v

I
No exercício anterior, sabendo-se que a
velocidade da espira é de 30 cm/s, que o x x x x x
B
campo magnético local tem intensidade x x x x x

1,5 T e que a resistência elétrica da II x x x x

espira é de 30 Ω, determine: x x x x x

x x x x x

a) o fluxo máximo através da espira; x x x x x

b) a força eletromotriz induzida na x x x x x


15cm
espira quando está saindo do campo III x x x x
magnético;
c) a intensidade da corrente elétrica
20cm
induzida.
Resolução
a) A área da espira é A = 0,15 m · 0,20 m = 0,03 m2 e,
como o ângulo entre os vetores 𝒏 (perpendicular à
espira) e 𝑩 é 𝜽 = 𝟎𝒐, tem-se: v
I

x x x x x

Φ = B. A. cos θ x x x x x B

Φ = 1,5 . 3 . 10-2 . cos 0°


II x x x x

x x x x x

Φ = 4,5 . 10-2 Wb x

x
x

x
x

x
x

x
x

x x x x x
15cm
III x x x x

20cm
Resolução
b) Sendo a velocidade da espira 30 cm/s, ela demora 0,5 s para
estar inteiramente fora do campo magnético, ou seja, para o
fluxo passar de máximo para zero.

𝚫𝚽 = 𝚽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 − 𝚽𝒊𝒏𝒊𝒄𝒊𝒂𝒍 = 𝟎 − 𝟒, 𝟓. 𝟏𝟎−𝟐 = −𝟒, 𝟓. 𝟏𝟎−𝟐 𝑾𝒃

𝚫𝚽
Pela Lei de Faraday: 𝜺 = − temos:
𝚫𝒕

−𝟒, 𝟓. 𝟏𝟎−𝟐
𝜺=− ⟹ 𝜺 = 𝟗. 𝟏𝟎−𝟐 𝑽
𝟎, 𝟓

c) Pela Lei de Ohm, temos: 𝜺 = 𝑹. 𝒊𝟎

𝜺 𝟗, 𝟎. 𝟏𝟎−𝟐
𝒊𝟎 = = ⟹ 𝒊𝟎 = 𝟑, 𝟎. 𝟏𝟎−𝟑 𝑨
𝑹 𝟑𝟎
Exercício 03
Qual a ddp entre as pontas das asas de um avião metálico, voando
horizontalmente com velocidade escalar constante de intensidade
900 km/h, sobre uma região de campo magnético uniforme vertical,
de intensidade B = 2 · 10–5 T? Sabe-se que a distância entre as pontas
das asas é 20 m.

Resolução B 20m
V

A ddp entre as pontas das asas


corresponde à força eletromotriz
induzida 𝜺.

𝜺 = B · L · v e como v = 900 km/h, ou seja,


v = 250 m/s. Assim, temos:
𝜺 = 2 · 10–5 · 20 · 250 ⟹𝜺= 𝟏, 𝟎. 𝟏𝟎−𝟏 𝑽
Exercício 04
A potência nominal máxima de um transformador é
1500 W. Sabendo-se que a tensão originada no
secundário é de 50 V e que o número de espiras no
primário e no secundário é 400 e 100, respectivamente,
determine:

a) a intensidade da corrente elétrica induzida no


secundário quando o transformador está
funcionando em condições de potência máxima;
b) a tensão no primário;
c) a intensidade da corrente elétrica no primário.
Resolução
a) Sendo P2 = U2.i2 tem-se:

𝟏𝟓𝟎𝟎
1500 = 50.i2 ⟹ 𝒊𝟐 = = 𝟑𝟎 𝑨
𝟓𝟎

𝑼𝟏 𝑵𝟏 𝑼𝟏 𝟒𝟎𝟎
b) Como = , então: = ⟹ 𝑼𝟏 = 𝟐𝟎𝟎 𝑽
𝑼𝟐 𝑵𝟐 𝟓𝟎 𝟏𝟎𝟎

c) As potências no primário e no secundário são iguais,


logo, P1 = P2.
Assim: P1 = U1.i1 ⟹ 𝟏𝟓𝟎𝟎 = 𝟐𝟎𝟎 . 𝒊𝟏 ⟹ 𝒊𝟏 = 𝟕, 𝟓 𝑨
Extras VÍDEOS DO YOUTUBE
Como funcionam as hidrelétricas
Link: http://www.youtube.com/watch?v=1QDosHWmRcM

Gerador de corrente alternada


Link: http://www.youtube.com/watch?v=Qdye4UR5Qto&feature=related

SIMULAÇÕES
Lei de Faraday
Link: http://phet.colorado.edu/sims/faradays-law/faradays-law_en.html

Gerador
Link: http://phet.colorado.edu/en/simulation/generator

EXPERIÊNCIAS/ EXPERIMENTOS
Prato falante (O alto falante didático)
Link: http://www.feiradeciencias.com.br/sala15/15_44.asp

Tubo de indução (Lei de Faraday)


Link: http://www.feiradeciencias.com.br/sala13/13_41.asp

Usina Hidrelétrica (Modelo didático de alternador)


Link: http://www.feiradeciencias.com.br/sala14/14_23.asp

CURIOSIDADES
Como funciona o Microfone e o Alto-falante
Link: http://pt.scribd.com/apblogue/d/25936795-Microfone-e-Altifalante

Como funcionam as Usinas Hidrelétricas


Link: http://ciencia.hsw.uol.com.br/usinas-hidreletricas.htm
Bibliografia
• BENIGNO, Barreto Filho; XAVIER, Cláudio da Silva. Física aula por aula. 1. ed.
Vol. 03. São Paulo: Editora FTD, 2010.
• GASPAR, Alberto. Compreendendo a Física. Vol. 03. São Paulo: Editora Ática,
2011.
• GUALTER; HELOU; NEWTON. Física. Vol. 03. São Paulo: Editora Saraiva, 2011.
• MÁXIMO, Antônio; ALVARENGA, Beatriz. Curso de Física. 1. ed. Vol. 03. São
Paulo: Editora Scipione, 2011.
• <http://educar.sc.usp.br> Acesso em 19/06/2012.
• <http://pt.wikipedia.org> Acesso em 19/06/2012.
• <http://www.ciencia-cultura.com/Pagina_Fis> Acesso em 19/06/2012.
• <http://www.coladaweb.com/fisica> Acesso em 19/06/2012.
• <http://www.fisica.ufs.br> Acesso em 19/06/2012.
• <http://www.fisicafacil.pro.br> Acesso em 19/06/2012.
• <http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/9733.htm> Acesso em 19/06/2012.
• <http://www.infoescola.com/fisica> Acesso em 19/06/2012.
• <http://www.mundoeducacao.com.br> Acesso em 19/06/2012.
• <http://www.sofisica.com.br/conteudos> Acesso em 19/06/2012.

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