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CIRCUITOS MAGNÉTICOS
PEA3311 – Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia
2016
ÍNDICE
1. Resumo..............................................................................................................................3
2. Introdução..........................................................................................................................3
3. Circuito Magnético............................................................................................................3
4. Indutância Própria.............................................................................................................9
7. Indutância Mútua.............................................................................................................14
8. Referências Bibliográficas...............................................................................................17
Anexo I..................................................................................................................................18
Parte Experimental................................................................................................................19
1. Resumo
2. Introdução
3. Circuito Magnético
peso reduzido ou instalar motores elétricos em espaços exíguos, como no caso de submarinos e
espaçonaves. É por esse tópico, portanto, que iniciaremos nosso curso.
Linhas de
Campo
Uma analogia apropriada é o uso que fazemos de “setas” quando queremos representar a
corrente elétrica I num circuito elétrico. Nesse caso, também temos uma grandeza escalar I que segue
r
o caminho de numa grandeza vetorial, a densidade de corrente J. Lembrando que:
rr
I J
s
Por esse modelo, o átomo produz um campo magnético gerado pela órbita do elétron em torno
do núcleo e pelo spin do elétron, de forma que, pela ação destes dois fenômenos, o átomo possui um
momento magnético, ou seja, ele é um dipolo magnético ou um minúsculo ímã.
Nos materiais ferromagnéticos, por conta de uma interação quântica, esses dipolos se agrupam
e formam domínios e cada domínio possui um único momento magnético. A figura 3, feita por
microscópio eletrônico numa amostra de chapa de Fe, mostra claramente as divisões entre os
domínios. As setas indicam os momentos magnéticos dos domínios.
Sem nenhuma excitação externa, os momentos magnéticos dos domínios estão orientados
aleatoriamente, o que faz com que, em termo macroscópico, uma chapa de Fe, por exemplo, não
tenha um momento preferencial, uma vez que os momentos dos domínios se cancelam entre si.
Todavia, na presença de um campo magnético externo, os momentos magnéticos dos
domínios de um material ferromagnético tendem a se alinhar com esse campo e quanto maior o
campo, maior o número de domínios com os momentos alinhados.
A figura 4 apresenta, esquematicamente, essa dinâmica de alinhamento dos momentos
magnéticos num material ferromagnético. r
Hexterno
r r
B B
Essa propriedade de facilitar a passagem das linhas de campo é quantificada pela grandeza
conhecida como permeabilidade magnética a qual é representada pela letra grega μ. Para se ter uma
7
idéia, a permeabilidade magnética do ar, conhecida por ,0 vale 4.10 [H / m] , enquanto que as
dos materiais ferromagnéticos são alguns milhares de vezes superior. Normalmente, a permeabilidade
material
de um material é representada por seu valor relativo em relação a , ou seja, .
0 r
0
Para este início de curso, os materiais ferromagnéticos serão supostos lineares, isso significa
que a permeabilidade magnética μ será considerada constante, de forma que a relação constitutiva
r r
B seja linear. Na prática, essa relação é não-linear devido a duas características dos materiais
ferromagnéticos conhecidas por saturação magnética e histerese. Mas a não linearidade não será
tratada neste início de curso.
Bobina
N espiras
Figura 3: Indutor
ℓm
Vamos adotar um caminho médio ℓm, conforme indicado na figura 4b, e aplicar a equação de
Maxwell que rege essa situação, qual seja, ∫H.dℓ=NI . Considerando um campo magnético médio Hm
sobre o caminho ℓm, a integral toma a forma:
1
Bmlm NI (2)
Multiplicando e dividindo o termo à esquerda pela seção transversal S do núcleo, temos:
1 lm BmS NI (3)
S
rAr parcela BmS1 pode ser admitida como o fluxo magnético Φ no núcleo (lembrar que
). O termo é conhecido como relutividade magnética. Então:
BdS
S
l
m NI (4)
S
S
Por analogia, podemos chamar lm
de Relutância Magnética do núcleo ferromagnético e a
expressão final fica na forma: S
mm (5)
Na qual mm NI
é conhecida como Força Magnetomotriz. Repare que a expressão (5) é composta
apenas de grandezas escalares.
Observando a equação (5), é imediata a sua associação com a Lei de Ohm. De fato, se
fizermos uma analogia entre ambas, podemos construir a Tabela I apresentada a seguir.
4. Indutância Própria
Para o indutor da figura 3, com uma bobina de N espiras, podemos determinar a sua
indutância própria a partir da definição de indutância própria, qual seja:
N (6)
L I
mm NI
Da expressão (5), obtemos que ou, e a expressão (6) resulta:
2
N
L (7)
Portanto, da expressão (7), observamos que a indutância própria do indutor:
Exemplos Numéricos
Para consolidar o que já foi visto, vamos realizar dois exemplos numéricos e observar a
importância do circuito magnético na indutância própria do indutor.
Sabe-se que:
60 mm
- Número de espiras: 100
- Resistência ôhmica da bobina: 2,5 Ω
- Permeabilidade relativa do material do núcleo: μr = 1000
Pede-se:
- A indutância própria do indutor
- O modelo por circuito elétrico deste indutor
20 mm
Resolução:
2 2
E a indutância resulta: N 100
L 6, 03.10 5 16,
O modelo do indutor em termos de circuito elétrico fica:
2,5 Ω
16,58 mH
Ω
Resolução:
ar 0, 001 5 -1
10 4
19,89.10 [H ]
4.10
O intuito deste item é mostrar o procedimento de análise do indutor quando alimentado por
uma fonte de tensão contínua ou alternada (senoidal). Para este último caso será desenvolvida a
expressão da força contra-eletromotriz que aparece devido à variação temporal do fluxo magnético.
Vamos admitir que o indutor do exemplo 1 anterior seja alimentado por uma fonte de tensão
contínua de 10 V e deseja-se saber a corrente I que percorre a bobina e o fluxo magnético Φ que passa
pelo núcleo ferromagnético.
O melhor método para abordar o problema é utilizando o modelo por circuito elétrico, o que
nos dá a seguinte configuração:
A determinação da corrente I é feita pela análise desse circuito elétrico, o que fornece a
expressão:
dI t
V t RI t L
dt
Por estarmos com uma alimentação em corrente contínua e admitindo a situação em regime
(não em transitório), o termo dI
L 0 e ficamos com o resultado 10
dt I 2, 4A , ou seja, a corrente é
5
apenas limitada pela resistência ôhmica da bobina.
Vamos admitir, agora, que o indutor do exemplo 1 é alimentado por uma fonte de tensão
senoidal de valor eficaz 10 V e frequência de 60 Hz. Nesse caso, o circuito elétrico correspondente
fica:
dI t
E a equação V t RI t L , para alimentação senoidal, pode ser colocada
na dt
representação por números complexos, ou seja:
V& R&I jL&I
Sendo: j 1 ; 2f e V& e &I grandezas complexas. O termo L X L é chamado de
Reatância Indutiva e sua unidade é [Ω].
Admitindo que a fonte de tensão tenha fase zero, ou seja, V& resumido a:
d
Lembrando que E t N
e considerando que o fluxo é senoidal no tempo, ou seja:
t
dt
t maxsent
d max sent
Temos: E t N N cos t (8)
max
dt
Ou seja, E(t) e Φ(t) possuem a mesma forma de onda, mas estão defasadas entre si de 90˚.
Guarde e entenda a expressão (9) muito bem, pois ela será muito utilizada ao longo do curso!
Voltando ao nosso problema, sabemos que a tensão E& pode ser obtida por:
2
E& 102 V&
R
102 3, 7252
E a tensão E& E& 9, 28V
resulta:
Pelos exemplos anteriores, fica evidente a operação distinta do indutor para cada caso de
alimentação e a forma como o fluxo, que é uma grandeza difícil de ser medida diretamente, pode ser
obtida.
Note que, no exemplo 2, o fluxo pode ser obtido de forma indireta, mesmo não se conhecendo
o valor da indutância do indutor, apenas pelos valores da tensão de alimentação, da corrente e da
resistência ôhmica da bobina, que são grandezas de fácil obtenção por ensaio.
Usando a configuração idealizada da figura 3a, vamos introduzir uma segunda bobina no
circuito magnético, conforme mostrado na figura 4. Essa segunda bobina está “em aberto”, ou seja,
seus terminais não estão conectados a nenhuma fonte ou carga e, portanto, a corrente que passa por
ela é I2 0 .
Bobina 1
N1 espiras Bobina 2
N2 espiras
Fluxo Φ
Note que, nessa configuração, todo o fluxo produzido pela bobina 1 (da esquerda) passa pelo
núcleo ferromagnético e atravessa a bobina 2. A esse fluxo comum entre as bobinas 1 e 2 dá-se o
nome de fluxo mútuo.
seja a permeabilidade magnética de um material ferromagnético, isso não ocorre na prática. Sempre
haverá uma parcela do fluxo que passará pelo ar, conforme mostrado na figura 5 a seguir.
Pela própria figura 5 fica clara a necessidade dessa simplificação inicial, pois a existência de
diversos caminhos pelo ar torna complexo o cálculo da integral ∫H.dℓ. O fato de considerarmos o
fluxo passando apenas no núcleo permite que usemos o argumento dos valores médios, H m e ℓm,
conforme a equação (1).
Com essa nova configuração, mostrada na figura 5, o fluxo que atravessa a bobina 1 é maior
que o fluxo mútuo, em outras palavras, o fluxo que atravessa a bobina 1 é a soma do fluxo mútuo
mais o fluxo que passa no ar.
A esse fluxo que passa pelo ar e não se concatena com a bobina 2 é dado o nome de fluxo de
dispersão ( d ).
λ1=N1(Φm+Φd)
λ2=N2Φm
Linhas do Fluxo de
Dispersão Φd
Fluxo Mútuo
Φm
É importante ressaltar que, pelo fato de passar pelo ar, que tem uma permeabilidade baixa, o
fluxo de dispersão tem um valor significativamente inferior ao fluxo que passa no núcleo.
7. Indutância Mútua
A colocação de mais uma bobina no núcleo impôs a necessidade de definirmos o fluxo mútuo
entre as bobinas. Por consequência, podemos também definir uma indutância mútua associada a esse
fluxo, que é expressa por:
M N
m (10)
12 I
2 1
I2 0
Note que a indutância mútua M12 foi definida alimentando-se a bobina 1 e deixando a
bobina 2 em aberto (I2=0). Podemos, entretanto, também definir uma indutância mútua (M 21)
alimentando-se a bobina 2 e deixando a bobina 1 em aberto.
No exemplo em questão, devido à simetria e à regularidade do caminho magnético para o
fluxo mútuo entre as bobinas 1 e 2, podemos assumir que M12=M21=M.
Vamos supor que a estrutura da figura 5 tem a bobina 1 alimentada por uma fonte de tensão
senoidal de valor eficaz 10 V e frequência 60 Hz. Na bobina 2, em aberto, é conectado um voltímetro.
Nessa situação, uma corrente senoidal I=2 A (valor eficaz) percorre a bobina 1. A figura 6 mostra
essa configuração.
Dados adicionais:
Resistência da Bobina 1: R1=1Ω
Resistência da Bobina 2: R2=1Ω
Leitura do voltímetro: V2=15 V
Número de espiras N1=100
Número de espiras N2=200
Pede-se:
O valor da Indutância própria L1
O valor da Indutância Mútua
Os fluxos total, mútuo e de dispersão
Resolução:
⏟
1 1 1
1 dt dt
E˙ 1 (t)
Lembrando que I2=0 e a alimentação é senoidal, a equação (11) pode ser colocada na forma:
Z˙ 1
V& 1 10
Assim: Z& 1 5 e a reatância X1 é obtida por: X 4, 90
&I1 2
Z& 1R 2
25 1
2 1 1
X 4, 90
E a indutância L fica: L 1 13mH
1 1
2f 260
V& 2 X
M
1 I&1 V& 1 15
Para a determinação do fluxo mútuo Φm, podemos partir da definição de indutância mútua:
M N m
12 2 I1
I2 0
MI 19,89.10 .23 4
Isolando Φm, temos: m
1 1, 99.10 Wb (valor eficaz).
N2 200
Uma outra forma de resolver é utilizando a expressão (9), uma vez que I2=0.
Assim:
15
V& 2 4, 44fN 2 mutuo _ max mutuo _ 4
2,82.10 Wb (valor de pico)
4,
max
44.60.200
mutuo _
Em valor eficaz:
4
max
1, 99.10 Wb , que é o mesmo valor obtido anteriormente.
m 2
Pela figura 5, observamos que o fluxo total Φt, que é a soma do fluxo mútuo Φm com o fluxo
de dispersão Φd, é criado pela bobina 1, portanto é esse fluxo que induz a tensão E& 1 . Assim, temos
duas formas de determinar Φt: N11
1. utilizando a definição da indutância própria L , ou seja, L , no qual Φ = Φ
1 1 1 t
3 I
1
13.10 .2 4
Numericamente: t 2, 60.10 Wb (valor eficaz)
100
9,8
Numericamente: E& 1 102 22
4
9,8V e t _ max 3, 68.10 Wb
4,
44.100.60
t _ max 4
E o valor eficaz é: 2, 60.10 Wb
t 2
É importante esclarecer que, para o exemplo dado, esta é a única maneira de se determinar Φ d,
PEA3311 – Circuitos Magnéticos - 22/2
uma vez que no circuito elétrico adotado na figura 7 não há nenhuma tensão associada a esse fluxo.
Apenas a título de esclarecimento, os fluxos descritos neste exemplo, por serem também
senoidalmente variáveis no tempo, devem ser tratados como grandezas complexas. Entretanto, como
apenas os módulos são utilizados, foi abolida a notação complexa (ex: & d ).
Dito isso, a subtração é uma operação com grandezas complexas, mas como os
d t m
três fluxos têm a mesma fase, pois são todos produzidos pela mesma corrente, a utilização apenas dos
módulos é aceitável.
O exemplo apresentado, no qual duas bobinas são instaladas num núcleo ferromagnético, é
uma antecipação de um dos dispositivos mais importantes na engenharia elétrica que é o
transformador. O transformador, que se baseia no fenômeno da tensão induzida gerada por um fluxo
mútuo variável no tempo (Lei de Faraday), é fundamentalmente utilizado para a variação de
grandezas elétricas de uma bobina para outra.
Repare que no exemplo em questão, a tensão aplicada na bobina 1 é de 10V e na bobina 2
surge uma tensão induzida de 15V.
Embora a modelagem utilizada no exemplo tenha se valido da indutância mútua, essa não é a
modelagem mais utilizada, na prática, para transformadores.
Mas esse desenvolvimento deixaremos para as próximas aulas!
8. Referências Bibliográficas:
1. Fitzgerald, A. E., Kingsley Jr., C., Umans, S. D., Máquinas Elétricas, Bookman, 2006.
2. Chapman, S. J., Fundamentos de Máquinas Elétricas, McGraw Hill, 2013.
ANEXO I