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Circuitos magnéticos
Isabela Oliveira Guimarães
Descrição
Este conteúdo apresenta conceitos introdutórios fundamentais para o estudo dos circuitos magnéticos.
Além disso, constam análises da geometria e materiais que os compõem.
Propósito
Conhecer e se inteirar das características básicas e fundamentais para iniciar o estudo referente aos
circuitos magnéticos e seus comportamentos. Se inteirar das possíveis geometrias em que estes podem ser
encontrados e entender a sua aplicação no contexto da conversão de energia.
Preparação
Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, tenha em mãos papel e caneta para anotações e uma calculadora.
Você também pode usar a do seu computador ou celular.
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Objetivos
Módulo 1
Ao final deste módulo, você será capaz de introduzir os circuitos magnéticos com fontes de excitação.
Módulo 2
Ao final deste módulo, você será capaz de empregar os circuitos magnéticos com entreferro.
Módulo 3
video_library
Introdução aos circuitos magnéticos
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video_library
Circuitos Magnéticos com Fontes de Excitação
Neste vídeo, o especialista apresenta as características principais dos circuitos magnéticos e como
solucioná-los.
Existem diversas formas de conversão de energia, contudo, o objetivo principal desta disciplina é o estudo
do processo, bem como dos dispositivos utilizados na conversão eletromecânica. Para isso, é importante
conhecer os efeitos eletromagnéticos que regem o funcionamento do circuito em estudo, também
conhecido por circuito magnético. A análise destes, é feita de forma similar aos circuitos elétricos,
facilitando o cálculo em diversos cenários.
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magnéticos são formados por materiais magnéticos, sendo possível, em alguns casos, como em
transformadores, observar a presença de outros meios em junção com o material magnético.
Para compreender a importância do estudo deste conteúdo, faz-se necessário compreender as aplicações
da conversão de energia e como ela ocorre no cotidiano. A seguir, são exemplificadas algumas
transformações com as quais nos deparamos diariamente:
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Lei de Ampère
Para solucionar, de forma precisa e detalhada, as equações referentes aos circuitos magnéticos, é
necessário um vasto conhecimento e aplicação das Equações de Maxwell (Eletromagnetismo). Como este
não é objetivo do presente estudo, serão feitas algumas considerações a fim de simplificar as análises
apresentadas.
A equação seguinte, modelada por Maxwell, é referida por lei de Ampère e permite calcular a intensidade do
campo magnético induzido em um condutor, quando este é percorrido por uma corrente:
Equação 1
∮ H→⋅ d→
l = ∫∫◯→
ȷ ⋅ da→
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linhas de campo.
Atenção!
Considera-se, como exemplo, o condutor da imagem 3, cuja corrente que circula pelo mesmo é dada
por “i”. Sabe-se que o raio desse condutor é definido por “r”.
Solução:
H (2πr ) = i
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Lei de Gauss
A Lei de Gauss, assim como a Lei de Ampère, é descrita por uma das equações de Maxwell. Esta, quando
aplicada em campos magnéticos, afirma que, em uma superfície gaussiana fechada, não há saída liquida de
fluxo magnético, ou seja, a densidade (B) de campo magnético é conservada. Por definição, a Lei de Gauss é
descrita pela Equação 2:
Equação 2
da : O vetor normal orientado para fora, cuja magnitude se refere à uma parcela infinitesimal da superfície gaussiana.
Analisando a imagem 4, pode-se notar que as linhas de campo magnético, diferente do que ocorre em um
campo elétrico, não são divergentes. Dessa forma, ao delimitar uma superfície de integração, o fluxo que
entra na superfície se equivale àquele que sai da mesma.
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O presente circuito é composto por um núcleo constituído de material ferromagnético, cuja característica
principal é a elevada permeabilidade (μ). A permeabilidade do material, por sua vez, é o que permite
maior confinamento do fluxo magnético (ϕ) na estrutura do circuito e, por consequência, reduz as perdas
associadas à dissipação.
Tal consideração pode ser observada na imagem 4, na qual é possível constatar que as linhas de campo são
fechadas. Em um exemplo como o da imagem 5, as mesmas se dispersariam da estrutura, esse efeito será
desprezado nas análises, uma vez que se assume que a maior parte do fluxo está confinado na estrutura
magnética.
Atenção!
μ 0 = 4π × 10 − 7 H / m
Henry
Onde a unidade de medida H / m é .
met ro
Equação 3
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∮ H→⋅ d→
l = ∫∫◯→
ȷ ⋅ da→
∫∫◯→
ȷ ⋅ da→: ao ser integrado, proporciona o valor da corrente líquida ou I liq ⋅ J é a densidade de corrente que atravesse
uma superfície e da , o vetor normal orientado para fora, cuja magnitude se refere à uma parcela infinitesimal da
superfície.
Equação 3
H→⋅ →
l= i
Equação 4
∮ H→⋅ d→
l = Ni
H→⋅ →
l = Ni
Como dito anteriormente, esse circuito é composto de um material de elevada permeabilidade e, por isso, o
fluxo magnético gerado, em sua maioria, fica confinado na estrutura, ou seja, no núcleo. As linhas de campo,
por sua vez, percorrem o caminho delimitado pelo comprimento da estrutura e, devido à uniformidade da
seção transversal, a densidade de fluxo (B) também é uniforme. O fluxo que atravessa uma dada superfície
pode ser calculado pela seguinte equação:
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Equação 6
da→: Vetor normal orientado para fora, sendo que a magnitude deste se refere a uma parcela infinitesimal da superfície.
A Equação 6 descreve que o fluxo magnético é dado pela integral de superfície de todos os componentes
normais do vetor densidade B. Assumindo a superfície uniforme, imagem 4, bem como a uniformidade do
fluxo, a equação 6 pode ser simplificada, como pode ser observado na Equação 7:
Equação 7
∅ = BA
Força magneto-motriz
Equação 8
∮ H→⋅ d→
l = Ni = F
Durante a análise de um circuito magnético, considera-se que o comprimento percorrido pelas linhas de
fluxo é próximo ao valor médio do núcleo. Durante os cálculos, serão usados valores médios referentes à
estrutura magnética, o que permite simplificar a Equação 8, como mostrado na Equação 9.
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Equação 9
H→⋅ →
l = Ni = F
A resposta deste em relação à variação do campo pode ser representada pelas chamadas curvas de
magnetização, mostradas na imagem 6. Por meio destas, é possível observar que, para uma mesma
intensidade de campo aplicado (ou força magnetizante, H), o que pode ser relacionado diretamente à FMM
(Equação 9), tem-se densidades de magnetização (B) distintas. Isso permite concluir que alguns materiais
magnetizam mais facilmente que outros devido à propriedade conhecida como permeabilidade.
Por observação do gráfico apresentado na imagem 6, é praticável observar que há uma característica não
linear ao descrever o comportamento dos materiais. Porém, inicialmente, adota-se, para o estudo presente,
que os valores utilizados se encontram na faixa linear dos mesmos. Assim, torna-se visível que os campos
magnéticos densidade e intensidade (B e H) relacionam-se por meio da propriedade do material, ou seja, da
permeabilidade.
Admitindo a relação linear entre os campos B e H, esta pode ser descrita pela Equação 10:
Equação 10
B→= μ H→
A permeabilidade dos materiais magnéticos lineares, μ, pode, ainda, ser expressa em relação ao ar, como
pode ser observado na Equação 11:
Equação 11
μ = μrμ0
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Questão 1
Quais são as: intensidade e a densidade de fluxo magnético, para esse circuito, respectivamente?
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Em primeiro lugar, é importante destacar que os dados devem ser utilizados em metros.
Hl = Ni
Ni
H =
l
150 ⋅ 0, 2
H = = 107, 143Ae/ m
0, 28
B = μH
B = 5, 69W b
Questão 2
Considere o toroide a seguir, na imagem A.2, onde o corte da seção transversal revela uma área circular
de raio r = 1cm. Calcule o fluxo que circula a estrutura, sabendo que a intensidade de fluxo é de
100Ae/ m e a permeabilidade relativa é igual a 1000.
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A 0,017T
B 0,028T
C 0,039T
D 0,040T
E 0,051T
∅ = BA
Mas, B = H ⋅ μ
Porém, μ = μ r μ 0 , assim:
B = H ⋅ μrμ0
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B = 100 ⋅ 1000 ⋅ μ 0
B = 1, 26W b
A = π(0, 1) 2 = 0, 0314m 2
∅ = 0, 039T
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Em um circuito no qual se identifica a presença de um entreferro, se a medida deste, ou seja, “g”, é muito
pequena, considera-se que o fluxo seguirá o caminho definido pelo núcleo e pelo gap, sem que haja
dispersão.
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Em situações no qual o entreferro é grande o suficiente, o fluxo passa a dispersar pelos lados do
entreferro, como pode ser observado na imagem 8. Esse efeito também é conhecido como espraiamento.
Considera-se, inicialmente, que o comprimento do entreferro presente no circuito magnético não é grande o
suficiente para que haja aumento da seção reta, promovendo, com isso, a dispersão do fluxo. Assim, a
análise do circuito pode ser feita considerando as equações apresentadas no Módulo anterior, sem o gap. O
fluxo magnético que percorre o núcleo é linear. Dado que a geometria é a mesma em toda estrutura, tem-se
que:
Equação 12
∅ = B cA c
Destaca-se que, ainda que o fluxo seja o mesmo em toda estrutura, a densidade B é distinta, pois existem
dois materiais compondo a estrutura:
Material ferromagnético;
Ar.
Como visto no módulo 1, os materiais apresentam diferentes densidades magnéticas para uma mesma
força aplicada. Dessa forma, para o entreferro, tem-se:
Equação 13
ϕ = B gA c
Onde:
Observa-se que, na equação, a área utilizada é a do núcleo. Isso ocorre uma vez
que o entreferro é pequeno e não impacta na dispersão do fluxo.
B→= μ H→
B→c = μ H→c
B→g = μ H→g
μ = μrμ0
μ = μ0
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O produto Ni é responsável pela produção do campo magnético. Este, por sua vez, é chamado de força
magnetomotriz (FMM), como apresentado no módulo anterior. Em um circuito composto de material
magnético e entreferro, a relação que descreve a FMM atuante e a intensidade de campo é dada como
mostra a Equação 19. Do módulo 1, tem-se que:
F = ∮ H→⋅ d→
l
Equação 14
F = H→c ⋅ →
l c + H→g ⋅ →
lg
Relutância
Em circuitos magnéticos, há uma grandeza chamada relutância, que pode ser associada à resistência que
os mesmos apresentam à passagem de fluxo magnético. Para descrever matematicamente essa grandeza,
parte-se da Equação 14, que pode ser manipulada e reescrita como observa-se a seguir:
Equação 15
Bc Bg
F = lc + lg
μ μ0
Equação 16
∅ ∅
F = lc + lg
μA c μ 0Ag
Equação 17
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lc
Rc =
μA c
lg
Rg =
μ 0Ag
A relutância total do circuito é dada pela associação das mesmas, sendo que esta é feita de forma similar
à resistência dos circuitos elétricos:
Relutâncias em série:
somam-se as relutâncias.
close
Relutâncias em paralelo:
somam-se os inversos.
Assim, faz-se necessário aplicar alguns recursos matemáticos para sua correção, visando ajustar e incluir o
efeito nos cálculos. Considere que a imagem 9 representa o corte de um circuito magnético, em que é
possível observar a presença do entreferro. A dispersão de fluxo, para esse caso, é grande o suficiente e
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deve ser levada em consideração, pois a presença do entreferro faz com que haja alteração na área efetiva
atravessada pelo fluxo.
Equação 19
A g = (a + l g ) (b + l g )
A g : Área do entreferro, quando o mesmo não pode ser desprezado dos cálculos.
Considere um circuito magnético como exemplo para cálculo, este possui comprimento médio do
núcleo (sem o entreferro) de 20cm. A área da seção transversal é de 25cm² e a permeabilidade
relativa é 1000. Esse circuito possui um entreferro de 0.01cm que promove um aumento de 5% na
área da seção. Qual o efeito observado na corrente ao considerar o entreferro nos cálculos, uma vez
que se deseja manter o fluxo no núcleo?
Solução:
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Ni = Hl
Onde:
0, 1
H = 100 ⋅ = 50Ae/ m
0, 20
B = 1000 ⋅ μ 0 ⋅ H
B = 0, 6283W b
∅ = BA
∅ = 0, 0016T
A segunda parte do exercício é a inclusão do entreferro, garantindo que o fluxo seja o mesmo. Assim,
para que o fluxo seja mantido, tem-se agora densidade e intensidade de fluxo calculadas para o
entreferro:
∅
Bg =
Ag
0, 0016
Bg =
1, 5Ac
B g = 0.042W b
Bg
Hg =
μ0
Bg
Hg = = 333.333Ae/ m
μ0
N i = H cl c + H gl g
i = 0, 1028A
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Observa-se, então, que a presença do entreferro faz com que o circuito demande maior quantidade
de corrente para que o fluxo estabelecido seja o mesmo.
Atenção: o valor do entreferro deve ser descontado do comprimento médio total, fornecendo assim
um novo valor.
Lei de Faraday
Ao aplicar uma corrente alternada para excitação de um dado circuito magnético, tem-se, pela lei de Faraday,
o surgimento de uma tensão induzida, modelada matematicamente pela Equação 20:
Equação 20
d∅
e = −N
dt
Equação 21
∅ = ∅m sen(ωt)
Equação 22
N d∅m sen(ωt)
e= −
dt
e = − N ω∅m cos(ωt)
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Equação 24
e = − E max cos(ωt)
ω : Refere-se à 2πf
Assim:
O sinal negativo indica que essa tensão gera uma corrente oposta à corrente
responsável pela variação do campo principal.
Usualmente, o interesse é trabalhar com valores eficazes de tensão e corrente, por simplificação, pode-se
aplicar diretamente a equação, uma vez que a forma de onda utilizada neste estudo é senoidal.
Equação 25
2π
E ef = f N AB max = √ 2πf N AB max
√2
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Questão 1
(Agente Técnico Legislativo Especializado Engenharia Elétrica, AL SP, FCC, 2010) A oposição à
passagem do fluxo magnético é uma característica do material. Tal característica denomina-se:
A Reatância
B Histerese
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C Remanescência
D Relutância
E Permeabilidade
A relutância do material possui analogia com a resistência em circuitos elétricos. Dessa forma, opõe-se
à passagem de fluxo magnético, assim como a resistência se opõe à passagem de corrente.
Questão 2
É inserido, neste circuito, um entreferro de 0,5cm promovendo dispersão do fluxo. Marque a alternativa
que melhor descreve o efeito do entreferro, visto que se deseja manter o mesmo fluxo magnético no
núcleo:
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B O entreferro faz com que a demanda de corrente para o mesmo fluxo seja maior.
Hl = Ni
Ni
H =
l
150 ⋅ 0, 2
H = = 107, 143Ae/ m
0, 28
B = μH
B = 5, 69W b
A = 0, 2 ⋅ 0, 2 = 0, 04m 2
∅ = B ⋅ A = 0, 227T
O fluxo se mantém após a inserção do entreferro, como proposto no enunciado da questão. E como
este impacta na área, é necessário fazer a correção da mesma.
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A g = 0, 25 ⋅ 0, 25 = 0, 0645m 2
∅
Bg = = 3, 63W b
Ag
H g = 2, 89 ⋅ 10 5
Assim, é possível demonstrar que a corrente demandada, para manter o fluxo, será elevada.
video_library
Circuitos Magnéticos com ímãs permanentes
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10/04/2023, 23:08 Circuitos magnéticos
Neste vídeo, o especialista apresenta as imas permanentes, bem como a forma que estes operam dentro do
circuito. Ainda, são apresentadas as propriedades dos materiais que compõem dos circuitos magnéticos.
Propriedades magnéticas
Para distinguir o funcionamento dos ímãs permanentes dos demais materiais, é necessário compreender
algumas propriedades dos materiais magnéticos. Os materiais ferromagnéticos são os mais comuns em
circuitos magnéticos e, em geral, compostos de ferro ou ligas de ferro e outro material, como cobalto,
alumínio etc. Esses, em um cenário no qual não se encontram magnetizados, não apresentam fluxo
magnético líquido.
Ao elevar a corrente contínua aplicada, tem-se um aumento da densidade de campo (ou força
magnetizante), o que pode ser observado pela Equação (H l = N i) ;
Como H e B possuem relação dada pela permeabilidade, um aumento de H , promove aumento
no campo densidade, efeito descrito por meio da imagem 10;
A relação de magnetização pode também ser descrita por meio do gráfico fluxo versus FMM, como
mostra a imagem 11, (∅ = BA e F = H l = N i) ;
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Haverá um momento em que a elevação da corrente não afetará na produção do campo B, diz-se então
que o material se encontra saturado.
Repetindo a análise anterior, contudo aplicando uma excitação alternada, o material ferromagnético
comporta-se de maneira distinta. Considerando uma corrente senoidal e um material desmagnetizado, isto
é, o fluxo inicial na estrutura é nulo. Da mesma forma que foi feito para CC, a corrente alternada (CA) é
aplicada e aumentada gradualmente. Destacam-se então os seguintes efeitos no material, que podem ser
analisados na imagem 12:
À medida que a corrente aumenta, o fluxo percorre o caminho destacado por ab no gráfico, até atingir a
saturação.
Ao observar a redução de corrente, o fluxo não segue o mesmo caminho utilizado na magnetização (ab),
este passa agora por bc.
O fluxo oposto, desmagnetizante, não cruza a origem quando a força é levada a zero, isto é, a estrutura
retém uma magnetização chamada de residual.
Atenção!
É importante observar nesta análise que, para obter um fluxo nulo, que se refere à desmagnetização da
estrutura, é necessária a aplicação de um H negativo, que se chama FMM coercitiva. A redução da corrente
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até que o fluxo se reduza é visível na figura pelo caminho bcd, de onde o ciclo magnético reinicia.
Essa memória da estrutura magnética, que impede que o caminho se repita, é chamada histerese, onde
bcdeb é chamado de laço de histerese.
Ímãs permanentes
No tópico anterior, foi apresentado o comportamento do material magnético quando submetido à uma
corrente alternada. Esta, após ser retirada da estrutura, a deixa com um fluxo residual. Dentre os materiais
magnéticos encontram-se os ímãs, que podem ser subdivididos em:
Os ímãs permanentes encontram-se na classe dos artificiais e seguem esse mesmo princípio de
funcionamento apresentado no tópico anterior. São construídos partindo de misturas de minerais e têm o
intuito de naturalmente manter o fluxo em sua estrutura, até que seja aplicada uma força desmagnetizante
no mesmo.
A composição deste permite variar a intensidade do fluxo residual, isto é, diferentes materiais possuem
intensidades distintas. Ao utilizar um ímã permanente em um circuito, garante-se a produção de fluxo na
ausência de uma excitação externa e é amplamente utilizado na construção de equipamentos como
motores elétricos. Em suma, as principais características dos ímãs permanentes são:
Remanência
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Coercividade
É necessária elevada força aplicada para que o mesmo seja desmagnetizado, isto é, há uma elevada
resistência em manter o campo residual.
Os ímãs, assim como os demais materiais magnéticos, submetem-se à alteração em sua estrutura, uma vez
que atinjam a temperatura (ou ponto) de Curie. Dessa forma, esse material, ao atingir tal ponto, poderá ser
desmagnetizado. Essa temperatura é, contudo, elevada, não sendo alcançada facilmente.
Considere incialmente a imagem 13 que representa um circuito magnético com a presença de um entreferro
e de um ímã permanente.
Para o circuito apresentado, é possível fazer as seguintes afirmações, partindo dos conceitos apresentados:
A força magneto-motriz FMM é igual a zero, pois não há enrolamentos presentes na estrutura. Isso pode
ser comprovado pela Equação 9 (Módulo 1), onde:
F = Ni = 0
Equação 26
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H→c→
l c + H→g→
l g + H→m →
lm = 0
Ainda utilizando o circuito da imagem 13, destaca-se que, neste caso, o núcleo possui permeabilidade
infinita, isso permite desconsiderar o campo intensidade, pois o mesmo tenderá a zero. Assim, a Equação 26
se reduz à Equação 27:
Equação 27
H→c→
l c + H→m →
lm = 0
Partindo da representação do circuito dada pela imagem 13, considere os dados abaixo de análise e
solução do problema proposto:
Para esse circuito, deseja-se calcular a densidade de fluxo no entreferro (B) considerando que o
material magnético é o Alnico 5, cuja magnetização é mostrada na imagem 14.
Solução:
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H gl g + H m l m = 0
H m lm
Hg = −
lg
Nesta análise, deseja-se calcular a densidade B, no material magnético. Sabe-se, pelas definições já
estudadas, que o fluxo é constante e como a área definida é igual para todos os materiais, a
dispersão do mesmo é desprezada. Dessa forma:
∅ = BA
onde:
ϕ = B gA g
ϕ = B m Am
B gA g = B m A m
B m Am
Bg =
Ag
B = μH
Ag lm
Bm = − μ0 ( ) ( ) Hm
Am lg
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Onde:
Ag lm
, neste caso, pode ser substituído por 5, uma vez que para esse problema, temos os dados
Am lg
das variáveis. Logo:
B m = − 5μ 0 H m
B m = − 6, 8 × 10 − 6 H m
Observando a imagem 14, é possível obter a relação entre a densidade e intensidade de campo para
o Alnico 5, representada pela reta de carga. Assim, obtém-se:
B m = 0, 30T
Perdas
No módulo 1, foi apresentado um diagrama de conversão considerado ideal. No contexto real, sabe-se que
todo processo acomete em perdas, assim, esta variável passa a ser incluída nos cálculos do circuito. Seja
um circuito magnético percorrido por corrente alternada, tem-se a produção de uma densidade fluxo no
material, parte da energia associada ao campo é então dissipada. Pode-se observar as seguintes perdas a
serem calculadas:
As correntes parasitas surgem no material por meio de indução, uma vez que há ação de um campo
magnético variável. As perdas atribuídas às correntes parasitas podem ser minimizadas pela aplicação de
duas técnicas:
Laminação do núcleo.
Utilização de materiais com alta resistência elétrica, o que pode ser obtido por meio da inserção de outro
material (%) na construção do núcleo.
O processo conhecido por laminação consiste na construção do núcleo e por meio de chapas (ou folhas
laminadas) de material magnético, separadas por um isolante, como pode ser visto na imagem 15. Esse
processo promove aumento da resistência ao surgimento das correntes parasitas.
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O uso de diversas chapas altera área da seção transversal, assim como ocorre quando há entreferro
compondo a estrutura. Assim, é necessário aplicar a correção na área efetiva a ser percorrida. Essa
correção pode ser dada ela equação 28:
Equação 28
A mag
k=
A geo
k : Fator de laminação.
Atenção!
A área geométrica é maior que a área magnética. Sendo assim, o fator de laminação é menor que 1.
Ao laminar o núcleo, o volume bruto da peça é menor que o volume efetivo, devido ao fato de existir entre as
placas um espaçamento isolante. Assim, o fator de empacotamento, descrito pela Equação 28, pode
também ser representado pelo volume, como mostra a Equação 29.
Equação 28
k : Fator de laminação.
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É possível estimar as perdas atribuídas às correntes parasitas em um circuito magnético. Estas podem ser
modeladas matematicamente pela Equação 30.
Equação 30
2
P e = keB 2max f
ke : É uma constante, que depende do material constituinte do núcleo, bem como da espessura das chapas utilizadas;
f : Frequência da excitação.
As perdas por histerese se referem aproximadamente à área interna do ciclo. Porém, devido à relação de
não linearidade, esse cálculo pode se tornar complexo. Assim, matematicamente, as perdas por histerese
podem ser aproximadas pela Equação 31 a seguir:
Equação 31
P h = khB nmax f
kh : É uma constante, que depende de cada material e pode ser obtido por meio de ensaios
n : Varia de 1,5 a 2.
Dessa forma, as perdas totais são dadas pela soma das duas parcelas:
Equação 32
P = Ph + Pe
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Espessura (mm) K
0,0127 0,50
0,0258 0,75
0,0508 0,85
Seja a espessura das chapas utilizadas 0,15mm. Deseja-se fazer a correção da área utilizada.
Solução:
O primeiro passo para solução desse problema é calcular a área geométrica da estrutura. Dessa
forma:
A geo = 5 × 5
Pela Tabela 1, o fator de empacotamento é igual a 0,90. Assim, pela Equação 24:
A mag
k=
A geo
A mag
0, 90 =
0, 025
A mag = 0, 0022m 2
Atenção!
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Relembrando sempre que os valores das dimensões comprimento e área devem estar em metros e metros2.
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Questão 1
Considere o circuito laminado a seguir. A área magnética ocupa 95% da área geométrica. Esse circuito é
percorrido por uma corrente alternada, e a densidade de fluxo gerado é descrito pela seguinte equação:
Calcule o fluxo que percorre a estrutura, sabendo que o enrolamento possui 200voltas.
A 0, 018 sen(ωt)
B 0, 028 sen(ωt)
C 0, 038 sen(ωt)
D 0, 048 sen(ωt)
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E 0, 058 sen(ωt)
Ageo = 0, 2 ⋅ 0, 2 = 0, 04m 2
∅ = BA
∅ = 1 sen(ωt)0, 038
∅ = 0, 038 sen(ωt)
Questão 2
Considerando a figura do exercício anterior, determine a corrente máxima (ou seja, a amplitude) que
percorre o enrolamento, sabendo que a permeabilidade relativa é de 2000.
A i m áx = 0, 056A
B i m áx = 0, 066A
C i m áx = 0, 076A
D i m áx = 0, 086A
E i m áx = 0, 096A
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B m áx = 1
H m áx = 1/ μr μ0
i m áx = 0, 056A
Considerações finais
O presente conteúdo abordado teve por objetivo a apresentação e o estudo dos circuitos magnéticos,
pontuando as principais simplificações utilizadas, bem como algumas geometrias comumente encontradas
na prática.
No módulo 1, foram expostas definições e características físicas dos circuitos, bem como uma revisão das
principais equações a serem utilizadas no conteúdo. Em seguida, o módulo 2 complementa o anterior, com
a apresentação de circuitos mais complexos, com a presença de entreferro. Finalmente, no módulo 3, são
levantadas as características não lineares dos materiais magnéticos e como estas podem afetar a
magnetização.
Com isso, é possível observar que os módulos possuem relação entre si, sendo indispensável que todos
sejam devidamente estudados para melhor entendimento do seguinte.
headset
Podcast
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Referências
UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
C. SEN. Principles of Electric Machines and Power Electronics. Nova York: John Wiley and Sons, 2007.
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Para compreender um pouco mais sobre as propriedades do magnetismo, consulte as referências abaixo:
DEL TORO, V. Fundamentos de máquinas elétricas. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1994.
TIPLER, P.; MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenheiros. 6. ed. v. 2. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
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