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ELÉTRICAS I
Introdução
As aplicações das máquinas elétricas são encontradas em bombas, ele-
vadores condominiais, esteiras transportadas, escadas rolantes e uma
infinidade de aplicações. A invenção dos motores elétricos, tanto de
corrente contínua (CC) como de corrente alternada (CA), permitiu ao
homem galgar novos horizontes, aprimorando processos industriais
e a produtividade em geral. Toda essa evolução foi possível graças à
percepção da interação entre os campos elétricos e magnéticos, cujo
resultado é a produção de uma força mecânica. Com base nesse simples
fundamento, o projeto dos primeiros motores foi possível.
Ao longo deste capítulo, você verá conceitos básicos referentes ao
campo magnético que fundamentarão seu estudo para plena compreen-
são de como os motores funcionam internamente.
2 Motor CA: campo magnético girante
O material mais comum para fios condutores é o cobre. Isso decorre de sua alta capa-
cidade de condução. Porém, a adoção de um material depende de fatores que vão
além de suas propriedades elétricas — por exemplo, o alumínio pode ser adotado em
função de sua aplicação. Mais detalhes podem ser obtidos junto a Condutores... ([20--?]).
Outro ponto que merece destaque é a isolação utilizada no fio, pois, em uma
bobina, normalmente são empregados fios com isolação entre eles, a fim de
evitar curtos entre os enrolamentos da máquina e sua carcaça (que tipicamente
também é condutora de eletricidade). Complementarmente, a qualidade dessa
isolação é fator determinante para procedimentos de manutenção.
Outro ponto importante que deve ser conhecido é que as bobinas são os
componentes indispensáveis de motores elétricos, podendo estar tanto no
estator como no rotor da máquina. O estator é a parte “estática” da máquina,
fixa à carcaça (Figura 3), enquanto que o rotor é o nome dado ao eixo do
motor. Coloquialmente, o rotor do motor de indução é também chamado de
induzido, pois nele surgem tensões induzidas oriundas do campo magnético,
o qual será abordado também mais à frente.
Motor CA: campo magnético girante 5
Campo magnético
Conforme apontado na introdução deste capítulo, a interação do campo elé-
trico e do magnético produz força. Se você considerar a questão do motor
e da aplicação de força mecânica ao eixo, perceberá que há a produção de
torque. Porém, para que você possa definir o fenômeno, não basta que saiba
conceitualmente o que ocorre, devendo ser capaz, também, de calcular o
campo magnético para, assim, ter a percepção da influência do magnetismo
na produção de conjugado no eixo.
A lei de Ampère, equação (1), define a produção de um campo magnético.
∮ H ∙ dl = Ilíq (1)
i
N espiras
Área de seção
reta A
ln
Comprimento do caminho
médio do núcleo ln
Embora seja um núcleo ideal, muito distinto de um motor CA, ele se presta
perfeitamente para explicar o conceito, pois, como você pode perceber, há
um conjunto de N espiras (uma bobina) enrolado em um núcleo ferromag-
nético. Supondo que não há espaços de ar entre as espiras e o núcleo, todo o
campo magnético produzido pela corrente (i) ficará contido nesse núcleo. No
exemplo, o caminho de integração é o comprimento médio do núcleo, que
vale ln, e a corrente líquida envolvida por esse caminho é Ni. Resolvendo a
equação (2), tem-se:
Hln = Ni (2)
Figura 4. Aplicação da regra da mão esquerda para uma bobina. O polegar indica o sentido
do polo norte do eletroímã.
Fonte: Emre Terim/Shutterstock.
Ni (3)
H=
ln
Motor CA: campo magnético girante 7
B = μH (4)
Esses parâmetros são importantes para que você conheça como se esta-
belece o campo magnético em qualquer material ferromagnético. As máqui-
nas elétricas utilizam esse princípio para seu funcionamento, extrapolando
o exemplo do núcleo simples apresentado na Figura 3. Considerando uma
máquina corretamente bobinada, ao alimentarmos com corrente alternada,
surgirá um campo magnético no centro do motor. E esse campo interagirá
com o rotor da máquina. Se o rotor da máquina for de imãs permanentes,
8 Motor CA: campo magnético girante
ele tentará alinhar-se, isto é, girar até que as linhas de campo do rotor e do
estator alinhem-se. Contudo, para que o motor mantenha o giro, é necessário
que um dos campos magnéticos esteja em movimento. Caso contrário, após
se alinharem, o rotor simplesmente pararia.
A próxima seção discutirá essa particularidade dos motores CA com maiores
detalhes.
É importante que você perceba que cada um dos campos, Baa´, Bbb´ e Bcc´,
apresenta um ângulo próprio além da defasagem imposta pela corrente elé-
trica. Esse valor de ângulo deve-se em função da regra da mão direita, que
diz respeito a uma corrente elétrica em uma bobina, que produz um campo
no sentido indicado pelo polegar.
Na Figura 5a, há a representação completa com todas as fases das bobinas
e dos vetores de campo magnético, enquanto que, na Figura 5b, são mostrados
detalhes apenas do campo gerado pela fase a, de forma a representar a regra
da mão direita.
a´ a´
y
Hbb´
c b c b
Bbb´(t) Haa´(t)
x x
Baa´(t) Haa´(t)
Bcc´(t)
Hcc´(t)
b´ c´ b´ c´
a a
(a) (b)
Figura 5. (a) Estator trifásico simplificado com indicação das bobinas onde entram e saem
as correntes de cada fase, e vetores intensidade e densidade de campos magnéticos.
(b) Representação apenas da intensidade de campo magnético produzido pela bobina da fase a.
Fonte: Chapman (2013, p. 161).
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→ →
onde i e j são vetores unitários na direção do eixo x e do eixo y,
respectivamente.
Com essa equação final, percebe-se que o valor do módulo do campo
magnético independe do valor de ωt e que o ângulo final do vetor, sim, varia
com o tempo.
Com isso, você pôde, ao longo deste capítulo, aprender mais sobre caracte-
rísticas das bobinas, o campo magnético produzido por elas quando percorridas
por uma corrente elétrica e o conceito de campo girante, fundamental para
entendimento de como as máquinas elétricas CA funcionam.
Leituras recomendadas
INSTALAÇÕES Industriais - Aula 03 - Motores CC e CA. [S. l.: S. n.], 2018. 1 vídeo (27
min 45 s). Publicado pelo canal UNIVESP. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=KZTmeBxk1dY. Acesso em: 15 mar. 2019.
KUNDUR, P. Power system stability and control. New York: McGraw-Hill, 1994. 1176 p.