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Imãs permanentes

O imã permanente tem a função de provocar um campo magnético para que o


motor funcione corretamente. Esse campo magnético pode ser obtido de forma
artificial ou natural dependendo do seu material. (GIERAS, 2002)

Um imã permanente pode produzir um campo magnético em um espaço de ar


com ou sem enrolamento de excitação de campo e sem dissipação de energia
elétrica. Os imãs permanentes também são chamados de materiais magnéticos
duros, significando materiais ferromagnéticos com um amplo laço de histerese.

Tipos de Imã Permanente

Segundo (GIERAS, 2002) citado por (Kamada, 2019, p. 26), existem três classes
de imãs permanentes atualmente utilizadas para motores elétricos: os Alnicos
(Al, Ni, Co, Fe – que são ligas de ferro contendo alumínio, níquel e cobalto), os
Ferrites (ferrite de bário BaO × 6Fe2O3 e ferrite de estrôncio SrO × 6Fe2O3) e
os Terras Raras (samário-cobalto SmCo e neodímio-ferro-boro NdFeB).

Alnico

As principais vantagens do Alnico são sua alta densidade de fluxo remanescente


magnético e coeficientes de baixa temperatura. Estas vantagens permitem uma
alta densidade de fluxo magnético de espaço de ar em alta temperatura
magnética. Infelizmente, a força coercitiva é muito baixa e a curva de
desmagnetização é extremamente não linear. Portanto, é muito fácil não apenas
magnetizar, mas também desmagnetizar o Alnico. (OLIVEIRA, 2009)

Alnico foi usado em imãs permanentes de motores de comutador de disco com


espaços de ar relativamente grandes. Isso resulta em um fluxo magnético de
reação de armadura insignificante. Às vezes, os imãs permanentes fabricados
com Alnico são protegidos do fluxo da armadura, e consequentemente da
desmagnetização. (MORAES, 2015)

Ferrite (Cerâmica)

Segundo (GIERAS, 2002), citado por (Kamada, 2019, p. 28) o ferrite tem uma
maior força que o Alnico, mas ao mesmo tempo tem uma menor densidade do
fluxo magnético. Os coeficientes de temperatura são relativamente altos, ou seja,
o coeficiente de bário é -0,20% / ºC e o coeficiente de Hc é -0,27% /ºC.

Os imãs permanentes feitos de ferrite de bário são usados em motores para


automóveis ventiladores, limpadores de para-brisa, brinquedos elétricos, etc.
(OLIVEIRA, 2009)

Terra Rara

Com o grande avanço do desenvolvimento de imãs permanentes, começou-se


a produção com a componente terra rara. Terra rara é um grupo de elementos
químicos que são misturados para dar um resultado e finalidade diferente em
uma outra composição e não são em geral raros.

Vantagens e Desvantagens de Material do Imã Permanente

Fonte: Trabalho de NAOMI CASTELLAIN KAMADA pag.32.

Tabela 1: Vantagens e desvantagens dos materiais de imã permanente.

Motor de Corrente Continua de Imanes Permanentes (PMDC)


Segundo (J.Chapman, 2013, p. 491) um motor CC de ímã permanente (CCIP) é
um motor CC cujos polos são feitos de ímãs permanentes. Esses motores
oferecem diversos benefícios em comparação com os motores CC em derivação
usados em algumas aplicações. Como não precisam de um circuito de campo
externo, eles não têm as perdas que ocorrem no cobre do circuito de campo dos
motores CC em derivação. Como não há necessidade de enrolamento de
campo, eles podem ser menores do que os correspondentes motores CC em
derivação. Os motores CCIP podem ser encontrados comumente em tamanhos
que chegam até 10 HP (Horse Power) aproximadamente e, nos últimos anos,
alguns motores foram construídos alcançando 100 HP (Horse Power). Contudo,
eles são especialmente comuns em tamanhos menores, fracionários ou SUB
fracionários, para os quais a inclusão de um circuito separado de campo não se
justifica devido ao custo e o espaço necessário.

Os motores (CCIP) são mais baratos, de tamanho menor, mais simples e mais
eficientes do que os motores CC correspondentes, com campos
eletromagnéticos separados. Isso os torna uma boa escolha em muitas
aplicações de motores CC. Basicamente, as armaduras dos motores CCIP são
idênticas às armaduras dos motores com circuitos separados de campo, o que
também torna seus custos similares. Por outro lado, a eliminação dos
eletroímanes separados no estator reduz o tamanho do estator, o custo do
estator e as perdas nos circuitos de campo.

Os motores CCIP também têm desvantagens. Os ímãs permanentes não


conseguem produzir uma densidade de fluxo muito elevada quanto a de um
campo em derivação de alimentação externa.

A figura abaixo mostra uma curva de magnetização para um material


ferromagnético típico. É um gráfico da densidade de fluxo B versus a intensidade
de campo magnético H (ou, de forma equivalente, um gráfico do fluxo ∅ versus
a força magneto motriz ). Quando uma força magneto motriz elevada externa
é aplicada a esse material e removida em seguida, um fluxo residual 𝐵𝑟𝑒𝑠 no
material. Para forçar o fluxo residual a zero, é necessário aplicar uma intensidade
de campo magnético coercitivo 𝐻𝐶 com polaridade oposta à polaridade da
intensidade de campo magnético H que originalmente produziu o campo
magnético. Para aplicações normais em máquinas, como rotores e estatores,
deve-se escolher um material ferromagnético que tenha as menores 𝐵𝑟𝑒𝑠 e
𝐻𝐶 possíveis, porque tal material terá baixas perdas por histerese.

Fonte: Livro de Stephen J. Chapman pág. 493.

Figura 1: Curva de magnetização de um típico material ferromagnético.

A curva de magnetização de um típico material ferromagnético. Observe o laço


de histerese. Depois de aplicar e remover do núcleo uma intensidade de campo
magnético H elevada, uma densidade de fluxo residual 𝐵𝑟𝑒𝑠 permanecerá no
núcleo. Esse fluxo poderá retornar a zero se uma intensidade de campo
magnético coercitivo 𝐻𝐶 de polaridade oposta for aplicada ao núcleo. Nesse
caso, um valor relativamente pequeno será suficiente para desmagnetizar o
núcleo.

Por outro lado, um bom material para os polos de um motor CCIP deverá ter a
maior densidade de fluxo residual 𝐵𝑟𝑒𝑠 possível e, ao mesmo tempo, deverá ter
a maior intensidade de campo magnético coercitivo 𝐻𝐶 possível. A curva de
magnetização desse material está mostrada na figura 2. A 𝐵𝑟𝑒𝑠 elevada produz
um grande fluxo na máquina, ao passo que a 𝐻𝐶 elevada significa que seria
necessária uma corrente muita elevada para desmagnetizar os polos.

Fonte: Livro de Stephen J. Chapman pág. 494.

Figura 2: Curva de magnetização de um material ferromagnético adequado a fabricação de


imãs permanentes.

A curva de magnetização de um material ferromagnético adequado à fabricação


de ímãs permanentes. Observe a alta densidade de fluxo residual 𝐵𝑟𝑒𝑠 e a
intensidade relativamente elevada de campo magnético coercitivo 𝐻𝐶 .

Fonte: Livro de Stephen J. Chapman pág. 494.


Figura 3: Curvas de magnetização de alguns materiais magnéticos típicos.

O segundo quadrante das curvas de magnetização de alguns materiais


magnéticos típicos. Observe que os ímãs de terras raras (Neodímio e Samário)
combinam um fluxo residual elevado com uma elevada intensidade de campo
magnético coercitivo.

Conclusão sobre os motores CC de imã permanente

Um motor CC de ímã permanente é basicamente a mesma máquina que um


motor CC em derivação, exceto pelo fato de que o fluxo de um motor CCIP é
fixo. Portanto, não é possível controlar a velocidade de um motor CCIP variando
a corrente de campo ou o fluxo. Para um motor CCIP, os únicos métodos de
controle de velocidade disponíveis são o controle por tensão de armadura e o
controle por resistência de armadura. As técnicas de análise de um motor CCIP
são basicamente as mesmas de um motor CC em derivação, com a corrente de
campo mantida constante.

ANÁLISE QUALITATIVA DO MOTOR CC DE ÍMÃS PERMANENTES

Relação Tensão e Corrente: Para obter a relação de tensão e corrente


necessária para analisar o comportamento do motor de corrente contínua, é
fundamental tirar a equação da malha do circuito de acordo com a figura.

Fonte: http://www.deg.ufla.br/site/_adm/upload/arquivos/motorcc-siemens.pdf.
Figura 4: Circuito de um motor CC de malha aberta.

A partir disso, tem-se que a equação da tensão resultante dos terminais do


motor, ou seja:

𝑉𝑎 = 𝐸 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎 Equação( 1)

Onde:

𝑉𝑎 = tensão VA de armadura [em V];

𝐸 = força contra eletromotriz gerada [em V];

𝑅𝑎 = resistência de armadura [em Ω];

𝐼𝑎 = corrente de armadura [em A].

Equação de Força Contra Eletromotriz (F.C.E.M): A força eletromotriz é


originada no condutor quando ele é percorrido por uma corrente elétrica e
colocado sob ação de um campo magnético.

𝐸𝑐 = 𝑣. 𝐵. 𝐿 Equação (2)

𝐸𝑐 = força contra eletromotriz [em V];

𝑣 = velocidade do condutor [em m/s];

𝐵 = densidade de fluxo magnético [em T];

𝐿 = comprimento do condutor [em m].

O sentido da força contra eletromotriz é o oposto do fluxo da corrente, por causa


disso, a força contra eletromotriz muda quando o condutor passa do polo positivo
para o negativo do imã permanente. Apesar disso, a força contra eletromotriz é
somada ao comutador e a equação é dada pela:

𝐸𝑐 = 𝐾𝑒. 𝜔 Equação (3)


𝐸𝑐 = força eletromotriz [em V];

𝐾𝑒 = constante construtiva do motor [em V. s/rad];

𝜔 = rotação da máquina [em rad/s].

Relação do Torque: A geração do torque é realizada quando existe um campo


magnético e flui corrente elétrica sobre o condutor. A equação do torque
necessária para obter a curva característica do motor é representada como:

𝑇 = 𝐾. 𝐼 Equação (4)

𝑇 = torque [em N];

𝐾 = constante construtiva do motor;

𝐼 = corrente [em A].

Equação da Velocidade: Fazendo as operações matemáticas com as equações


vistas anteriormente, pode-se obter equação (5). Essa operação matemática irá
facilitar para as análises posteriores para a obtenção das curvas de
comportamento.

𝑽𝒂 −𝑰𝒂 .𝑹𝒂
𝝎= Equação( 5)
𝑲𝒆

𝜔 = velocidade [em m/s];

𝑉𝑎 = tensão [em V];

𝑅𝑎 = resistência de armadura [em Ω];

𝐼𝑎 = corrente de armadura [em A];

𝐾𝑒 = constante construtiva do motor.

Relação de Rendimento: Segundo (MORAES, 2015), citado por (Kamada,


2019, p. 23), outro dado importante para a caracterização dos motores de
corrente contínua com imã permanente é com relação ao Rendimento do motor.
Através de equação (1), pode-se analisar que a tensão aplicada é a soma da
ação motora (força contra eletromotriz) e a queda de tensão nos enrolamentos
(resistência multiplicada pela corrente).
Quando se multiplicam os dois lados da equação por I, temos o balanço de
energia:

𝑉. 𝐼 = 𝐸. 𝐼 + 𝑅. 𝐼 ² Equação( 6)

Ou seja:

𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 + 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎

Com isso, pode-se concluir que quanto maior a percentagem de força contra
eletromotriz em relação a tensão aplicada na armadura do motor de corrente
contínua com imãs permanente, maior será o rendimento.

Através da equação (6), pode-se isolar E.I:

𝐸. 𝐼 = 𝑉. 𝐼 − 𝑅. 𝐼 ² Equação (7)

A interpretação da equação (7) é que quando a potência elétrica (V.I) é suprida


ao circuito da armadura, uma parte da potência é dissipada (I².R) e a potência
que restou (E.I) é requerida da armadura para produzir torque (potência
mecânica). Para uma corrente de carga, quando a força contra eletromotriz for
máxima, o motor também ficará com a máxima potência. (KOSOW, 1982)

Através de todas essas relações, é possível obter os parâmetros necessários


para encontrar as curvas características esperadas para esse tipo de motor
automotivo. Com as curvas é possível saber a faixa de corrente e velocidade que
se pode trabalhar com o motor sem que danifique o mesmo. Sabendo onde a
potência máxima vai ocorrer e o rendimento máximo também.

A figura representa as curvas esperadas para potência e rendimento do motor


de corrente contínua.

Fonte: (GIERAS, 2002, p. 127) ilustrado por (Kamada, 2019, p. 24).


Figura 5: Curvas características do motor CC de imã permanente.

𝑃𝑜𝑢𝑡 = potência de saída;

𝑃𝑜𝑢𝑡𝑚𝑎𝑥 = potência de saída máxima;

𝜂 = rendimento;

𝜂𝑚𝑎𝑥 = rendimento máximo;

𝑇 = carga de torque;

𝑇0 = carga de torque inicial;

𝑇𝑠 = carga de torque final;

Sendo, o eixo vertical representando a potência de saída e o eixo horizontal


representando a carga de torque. A curva mais longa representa a curva
esperada de rendimento após os ensaios no motor de corrente contínua de ímãs
permanente e a curva mais curta é a curva esperada de potência do motor.

A figura representa a curva esperada para corrente e rotação do motor de


corrente contínua.

Fonte: (GIERAS, 2002, p. 127) ilustrado por (Kamada, 2019, p. 24).


Figura 6: Curvas características do motor CC de imã permanente.

𝜂 = velocidade;

𝜂0 = velocidade sem carga;

𝑇 = carga de torque;

𝑇0 = carga de torque inicial;

𝑇𝑠 = carga de torque final;

𝐼𝑎 = corrente de armadura máxima;

Sendo, no eixo vertical a esquerda representando a velocidade, no eixo vertical


a direita representando a corrente de armadura no motor, e no eixo horizontal a
carga de torque. A curva que parte da carga de torque final (𝑇𝑠) ate a velocidade
(𝜂) representa a curva esperada da velocidade após os ensaios no motor de
corrente contínua de ímãs permanente e a curva que parte do ponto inicial (0)
ate corrente da armadura (𝐼𝑎) é a curva esperada do comportamento da corrente
de armadura do motor.

Com essas curvas é possível saber a faixa de corrente e velocidade que se pode
trabalhar com o motor sem que danifique o mesmo. Sabendo onde a potência
máxima vai ocorrer e o rendimento máximo também.

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