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FÍSICA EXPERIMENTAL III - RELATÓRIO:

Curvas Caracterı́sticas de Resistores


Lauro S. C. Neto*
Rodrigo R. S. Nascimento†
Departamento de Fı́sica; Universidade do Estado de Santa Catarina;
Centro de Ciências Tecnológicas; Joinville 89219-710, Santa Catarina, Brasil

Abril de 2014

Resumo
Neste relatório tratamos de forma experimental as caracterı́sticas relati-
vas aos dois tipos de resistores (ôhmico e não-ôhmico) encontrados co-
mumente na literatura. A partir dos dados obtidos, plotamos as curvas
relativas a cada um e discutimos as principais implicações da lei de Ôhm
aplicada a cada caso.

Palavras-chaves: Resistores; Resistência; Curvas de Resistores.

Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1 Resistência e Resistividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 A Lei de Ohm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Medida da Resistência Elétrica de um Resistor Linear . . . . . 4
2.3 Medida da Resistência Elétrica de um Resistor Não-Linear (Lâm-
pada de Filamento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3 Tratamento de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.1 Resistor Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.2 Resistor Não-Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4 Discussão dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
*
Email: lauro.sc@hotmail.com

Email: rodrigorsnascimento@gmail.com
Introdução 2

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
A Demonstrações Matemáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
A.1 Erro Associado à Resistência 𝑅 . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
A.2 Erro Associado à Constante 𝑛 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
A.3 Erro Associado a Constante 𝑘 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1 Introdução
Ao desmontarmos e analisarmos alguns aparelhos eletrônicos comuns,
encontraremos com maior frequência um tipo de componente que devido à sua
grande variedade e alta aplicabilidade é altamente empregado na eletrônica.
O componente de que falamos é o Resistor, que talvez seja o mais importante
dentre todos os componentes eletrônicos de um circuito. Um exemplo bem
citado de resistor é a lâmpada incandescente, que possui caracterı́sticas dife-
rente de outros tipos de resistores. Em resumo, a aplicabilidade de resistores é
da ordem de sua variedade, portanto, podemos empregá-los de várias manei-
ras distintas, isto é, tanto para a simples iluminação de um ambiente, como
o caso da lâmpada, quanto para o aquecimento da água de um chuveiro elé-
trico, ou, de forma mais técnica, podemos usá-los para controlar a intensidade
de corrente que passa num determinado ponto de um circuito. Na sequência,
detalharemos melhor o princı́pio de funcionamento de um resitor, bem como
suas principais caracterı́sticas.

1.1 Resistência e Resistividade


Um conceito fundamental para a compreensão do que se segue, surge
quando aplicamos uma diferença de potencial constante em diferentes tipos
de materiais de mesma dimensão, resultando assim, em diferentes valores de
corrente. Isso ocorre devido as caracterı́sticas que cada material oferece para a
passagem de corrente em seu meio. Por definição (1, 2, 3), a esta caracterı́stica,
dá-se o nome de resistência elétrica 𝑅 e é dada por
𝑉
𝑅= (1.1)
𝐼
Onde 𝑉 é a diferença de potencial medido nas extremidades do material con-
dutor1 e 𝐼 é a corrente elétrica que o atravessa. Possui unidade própria no
sistema internacional de medidas (S.I.), dada por ohm, e é representada pela
letra grega Ω. Sendo assim, um condutor cuja função num circuito é se opor à
passagem de corrente, oferecendo uma certa resistência elétrica é chamado de
1
Aqui, a palavra “condutor” tem o seu sentido usual preservado no que concerne a disci-
plina, no entanto, o conceito de resistência elétrica estende-se à todos os tipos de mate-
riais, incluindo os “não condutores”.
Introdução 3

resistor, de modo que, quanto maior for a resistência do resistor submetido à


uma diferença de potencial, menor será a intensidade de corrente medida ao
final deste condutor.
A resistência é uma propriedade macroscópica do resistor, e embora
a sua definição aqui, tenha sido conduzida em função dos diferentes tipos de
materiais, ela não é uma propriedade do material, e sim do resistor. Para
atribuirmos ao material o seu devido comportamento de resistor, é necessá-
rio investigarmos o que ocorre em seu interior, ou seja, quais as grandezas
microscópicas envolvidas que induzem este comportamento. Ora, já sabemos
que para haver diferença de potencial entre dois extremos de um sistema qual-
quer, é necessário que haja um campo elétrico 𝐸 ⃗ atuante, e se ao invés da

corrente 𝐼 usarmos a densidade de corrente 𝐽, podemos descrever a resistên-
cia 𝑅, em termos de uma grandeza microscópica chamada Resistividade 𝜌,
que por definição, é a resposta do meio material, à quantidade de cargas que
o atravessa num determinado instante de tempo (2). Para uma vasta gama de
materiais isotrópicos lı́quidos e sólidos (exceto gases), esta relação pode ser
expressa por
𝐸
𝜌= (1.2)
𝐽
sendo 𝜌 a constante que determina as propriedades elétricas do material, de-
pendendo exclusivamente de sua natureza. Tem por unidade o ohm-metro,
Ω · 𝑚. Na forma vetorial teremos
⃗ = 𝜌𝐽⃗
𝐸 (1.3)

Ressalta-se que estas relações somente são válidas para materiais isotrópicos,
ou seja, que possuam as mesmas propriedades em todas as direções de seu
interior. O conceito análogo à resistividade é a condutividade elétrica 𝜎 dada
por
1
𝜎= (1.4)
𝜌
sendo inversamente proporcional à resistividade, sua unidade em S.I. é dada
por (Ω · 𝑚)−1 e indica a facilidade com a qual um material é capaz de conduzir
uma corrente elétrica.

1.2 A Lei de Ohm


Podemos relacionar o valor da correte 𝐼 à diferença de potencial nas
extremidades do condutor. Supondo que os módulos da densidade de corrente
𝐽⃗ e do campo elétrico 𝐸
⃗ sejam uniformes através do condutor, a corrente total
𝐼 é dada por 𝐼 = 𝐽𝐴, sendo 𝐴 a área de seção reta do condutor, e a diferença
de potencial 𝑉 entre as extremidades é dada por 𝑉 = 𝐸𝐿, com 𝐸 o módulo do
campo elétrico e 𝐿 o comprimento do condutor. Explicitando nessas equações
𝐸 e 𝐽 e substituindo esses valores na Eq. (1.3), obtemos

𝑉 𝜌𝐼 𝜌𝐿
= ou, 𝑉 = 𝐼 (1.5)
𝐿 𝐴 𝐴
Procedimento Experimental 4

O resultado anterior mostra que, quando 𝜌 é constante, a corrente total 𝐼 é


proporcional à diferença de potencial 𝑉 . Comparando a definição de 𝑅 com a
Eq. (1.5), vemos que a resistência 𝑅 de um dado condutor está relacionada à
resistividade 𝜌 do material do condutor, obedecendo à equação
𝜌𝐿
𝑅= (1.6)
𝐴
quando 𝜌 for constante, como nos casos dos materiais ôhmicos, então 𝑅 tam-
bém será constante. A equação

𝑉 = 𝑅𝐼 (1.7)

é geralmente chamada de lei de Ohm (3), em homenagem ao fı́sico alemão


George Simon Ohm (1787-1854) que a descobriu em 1826. Consiste na indica-
ção de uma proporcionalidade direta de 𝑉 com 𝐼 ou de 𝐽 com 𝐸 e vale para
“qualquer” condutor que obedeça ou não a lei de Ohm, porém somente no caso
de 𝑅 ser constante é que essa relação é chamada corretamente de lei de Ohm.
Para um resistor que obedece a lei de Ohm, o gráfico da corrente em
função da diferença de potencial é uma reta, com inclinação igual a 1/𝑅.
Já nos dispositivos que não obedecem a lei de Ohm, a corrente não varia
proporcionalmente igual a diferença de potencial e o gráfico da corrente em
função da diferença de potencial neste caso é dado por uma curva.

2 Procedimento Experimental
2.1 Materiais
∙ Fonte de tensão;

∙ Dois multı́metros;

∙ Resistor elétrico de resistência a ser determinada;

∙ Lâmpada incandescente;

∙ Mesa de testes;

∙ Chave conectora;

∙ Fios elétricos.

2.2 Medida da Resistência Elétrica de um Resistor Linear


Após montarmos o circuito da Figura 2.1 logo abaixo
Procedimento Experimental 5

Figura 2.1 – Esquema do circuito elétrico para medida da resistência elétrica


a ser determinada.

ajustamos o botão de controle da fonte de tensão contı́nua para o valor de ten-


são de (1, 00 ± 0, 01)𝑉 medido no voltı́metro e medimos os valores de corrente
elétrica correspondente a cada variação de 1, 00𝑉 da fonte conforme a Tabela
2.1 mostra

Tabela 2.1 – Corrente elétrica 𝐼 em função da diferença de potencial 𝑉 no


circuito.
Resistor Linear
𝐼(𝑚𝐴) 𝑉 (𝑉 𝑜𝑙𝑡𝑠)
2, 14 ± 0, 01 1, 00 ± 0, 01
4, 26 ± 0, 01 2, 00 ± 0, 01
6, 40 ± 0, 01 3, 00 ± 0, 01
8, 51 ± 0, 01 4, 00 ± 0, 01
10, 66 ± 0, 01 5, 00 ± 0, 01
12, 78 ± 0, 01 6, 00 ± 0, 01
14, 93 ± 0, 01 7, 00 ± 0, 01
17, 04 ± 0, 01 8, 00 ± 0, 01
19, 17 ± 0, 01 9, 00 ± 0, 01
21, 2 ± 0, 1 10, 00 ± 0, 01
23, 3 ± 0, 1 11, 00 ± 0, 01
25, 4 ± 0, 1 12, 00 ± 0, 01

2.3 Medida da Resistência Elétrica de um Resistor Não-Linear (Lâmpada


de Filamento)
Nesta parte da atividade, trocamos o resistor representado na Figura
2.1, por uma lâmpada de filamento de 12𝑉 , e procedemos da mesma forma que
anteriormente, com excessão da variação fonte de tensão, que desta vez fizemos
variar de 0, 50𝑉 iniciando o procedimento de medição em (0, 50 ± 0, 01)𝑉 . A
Tabela a seguir mostra os respectivos valores da corrente obtidos em função
da diferença de potencial no circuito
Tratamento de Dados 6

Tabela 2.2 – Corrente elétrica 𝐼 em função da diferença de potencial 𝑉 no


circuito, para um resistor não-linear.
Resistor Não-Linear
𝐼(𝑚𝐴) 𝑉 (𝑉 𝑜𝑙𝑡𝑠)
16, 4 ± 0, 1 0, 50 ± 0, 01
23, 6 ± 0, 1 1, 00 ± 0, 01
29, 4 ± 0, 1 1, 50 ± 0, 01
34, 5 ± 0, 1 2, 00 ± 0, 01
39, 3 ± 0, 1 2, 50 ± 0, 01
43, 7 ± 0, 1 3, 00 ± 0, 01
47, 7 ± 0, 1 3, 50 ± 0, 01
51, 5 ± 0, 1 4, 00 ± 0, 01
55, 2 ± 0, 1 4, 50 ± 0, 01
58, 8 ± 0, 1 5, 00 ± 0, 01
62, 1 ± 0, 1 5, 50 ± 0, 01
65, 3 ± 0, 1 6, 00 ± 0, 01

3 Tratamento de Dados
3.1 Resistor Linear
Usando os dados da Tabela 2.1, foi construido a Figura 3.1 como segue,

Figura 3.1 – Corrente em função da diferença de potencial de um resistor ôhm-


ico.

O gráfico acima, representa a corrente 𝐼 em função da diferença de potencial


Tratamento de Dados 7

𝑉 medida no resistor de resistência desconhecida. Nota-se de antemão, que


este gráfico é linear, indicando experimentalmente o comportamento de um
resistor ôhmico. Também é fácil de ver pelo gráfico, que a reta passa pela
origem do sistema de coordenadas, este resultado é bem esperado para este
tipo de resistor, cujo princı́pio de funcionamento é dado através da lei de
Ohm (Vide: Eq. (1.7)), em observância de que não pode haver uma corrente
no circuito, se o mesmo não estiver submetido a uma diferença de potencial.
É possı́vel determinar a resistência elétrica desse resistor por meio do cálculo
do coeficiente angular da reta plotada na Fig. 3.1. Escolhendo dois pontos
𝑝1 (𝑉1 ; 𝐼1 ) e 𝑝2 (𝑉2 ; 𝐼2 ) localizados sobre a reta, o coeficiente angular da mesma
é facilmente determinado pela relação
𝑉2 − 𝑉1
𝑅= (3.1)
𝐼2 − 𝐼1
Sendo estes pontos

𝑝1 ((2, 33 ± 0, 01)𝑉 ; (5, 00 ± 0, 01) × 10−3 𝐴),

e
𝑝2 ((11, 70 ± 0, 01)𝑉 ; (24, 90 ± 0, 01) × 10−3 𝐴),
obtemos
(11, 70 − 2, 33)𝑉
𝑅= (3.2)
(24, 90 − 5, 00) × 10−3 𝐴
isto é, 𝑅 = 471Ω para o valor da resistência determinado experimentalmente.
O erro associado a esta medida é dado pela expressão
1
∆𝑅 = [(∆𝑉2 + ∆𝑉1 ) + 𝑅(∆𝐼2 + ∆𝐼1 )] (3.3)
(𝐼2 − 𝐼1 )

usando os valores dos pontos 𝑝1 e 𝑝2 obteve-se

(0, 01 + 0, 01)𝑉 + 471Ω (0, 01 + 0, 01) × 10−3 𝐴


[︀ ]︀
∆𝑅 = (3.4)
(24, 90 − 5, 00) × 10−3 𝐴

ou seja, ∆𝑅 = 1. Aqui optou-se por usar os valores obtidos diretamente do


gráfico plotado via software (Maple), arrendondados na segunda casa decimal,
obedecendo ainda, aos critérios de arredondamento das operações efetuadas
matematicamente via planilha do Excel. O valor obtido experimentalmente
para a resistência 𝑅, composto com seu respectivo erro associado é então

𝑅 = (471 ± 1)Ω. (3.5)

3.2 Resistor Não-Linear


Para o resistor não-ôhmico, utilizou-se os dados da Tabela 2.2, para
plotar o gráfico da Figura 3.2, gerado pelo software Maple
Tratamento de Dados 8

Figura 3.2 – Corrente em função da diferença de potencial de um resistor não-


ôhmico.

Nota-se claramente que a curva gerada é não-linear e portanto, verifica-


se experimentalmente que a lâmpada de 12𝑉 não é um resistor ôhmico. Teori-
camente, para esse caso, a dependência funcional entre a corrente 𝐼 e diferença
de potencial 𝑉 aplicada à lampada, comporta-se conforme a seguinte relação

𝐼(𝑉 ) = 𝑘𝑉 𝑛 (3.6)

onde 𝑘 e 𝑛 são constantes a serem determinadas graficamente. Para tanto, é


preciso linearizar a Equação (3.6), afim de se obter a reta que melhor ajusta
estes parâmetros. Aplicando-se o logarı́timo em ambos os lados da Eq. (3.6),
obteve-se
log(𝐼) = log(𝑘) + 𝑛 log(𝑉 ) (3.7)
Neste estágio, optou-se por recontruir a Tabela 2.2, com os valores dos respec-
tivos logarı́timos da corrente 𝐼 e diferença de potencial 𝑉 como segue
Tratamento de Dados 9

Tabela 3.1 – Corrente 𝐼 em função da diferença de potencial 𝑉 linearizada.


Resistor Não-Linear
log[𝐼(𝑚𝐴)] log[𝑉 (𝑉 𝑜𝑙𝑡𝑠)]
1, 21 ± 0, 1 −0, 30 ± 0, 01
1, 37 ± 0, 1 0, 00 ± 0, 01
1, 46 ± 0, 1 0, 18 ± 0, 01
1, 53 ± 0, 1 0, 30 ± 0, 01
1, 59 ± 0, 1 0, 40 ± 0, 01
1, 64 ± 0, 1 0, 48 ± 0, 01
1, 67 ± 0, 1 0, 54 ± 0, 01
1, 71 ± 0, 1 0, 60 ± 0, 01
1, 74 ± 0, 1 0, 65 ± 0, 01
1, 76 ± 0, 1 0, 70 ± 0, 01
1, 79 ± 0, 1 0, 74 ± 0, 01
1, 81 ± 0, 1 0, 78 ± 0, 01

Com os dados retabelados, foi possı́vel plotar novamente o gráfico resultando


na figura abaixo

Figura 3.3 – Corrente em função da diferença de potencial de um resistor não-


ôhmico linearizado.

como esperado, este gráfico encontra-se linearizado, bastando-se então com-


parar a Eq. 3.7 com a equação de uma reta genérica

𝑦(𝑥) = 𝑏 + 𝑎𝑥 (3.8)
Tratamento de Dados 10

afim de ajustar os parâmetros da reta aos parâmentros da linearização. Dessa


forma obteve-se

𝑦(𝑥) = log(𝐼); 𝑏 = log(𝑘); 𝑎 = 𝑛; e 𝑥 = log(𝑉 ). (3.9)

Sendo 𝑎 o ceficiente angular da reta então, 𝑛 pode ser estimado tomando-se


dois pontos 𝑝1 (log(𝑉1 ); log(𝐼1 )) e 𝑝2 (log(𝑉2 ); log(𝐼2 )) como segue
log(𝐼2 ) − log(𝐼1 )
𝑛= (3.10)
log(𝑉2 ) − log(𝑉1 )
ou, por propriedades de logarı́timos
(︁ )︁
𝐼2
log 𝐼1
𝑛= (︁ )︁ (3.11)
𝑉2
log 𝑉1

Usando os seguintes pontos

𝑝1 ((1, 11 ± 0, 01)𝑉 ; (25, 1 ± 0, 1) × 10−3 𝐴)

e
𝑝2 ((3, 79 ± 0, 01)𝑉 ; (50, 1 ± 0, 1) × 10−3 𝐴)
ou seja,2
𝑝⋆1 (0, 047; 1, 4) (3.12)
e
𝑝⋆2 (0, 579; 1, 7) (3.13)
obtemos
1, 7 − 1, 4
𝑛= (3.14)
0, 579 − 0, 047
com o auxı́lio de uma planilha de Excel, encontramos facilmente o valor do pa-
râmetro 𝑛 dado por 𝑛 = 0, 56. O erro associado ao parâmetro 𝑛, é determinado
pela expressão
[︂(︂ )︂ (︂ )︂]︂
log 𝑒 ∆𝐼2 ∆𝐼1 ∆𝑉2 ∆𝑉1
∆𝑛 = (︁ )︁ + +𝑛 + (3.15)
log 𝑉𝑉21 𝐼2 𝐼1 𝑉2 𝑉1

usado os valores de 𝑝1 e 𝑝2 segue

0, 1 × 10−3 𝐴 0, 1 × 10−3 𝐴
[︂(︂ )︂
log 𝑒
∆𝑛 = + +
50, 1 × 10−3 𝐴 25, 1 × 10−3 𝐴
(︁ )︁
3,79𝑉
log 1,11𝑉
(︂ )︂]︂
0, 01𝑉 0, 01𝑉
+ 0, 56 + (3.16)
3, 79𝑉 1, 11𝑉
2
A notação 𝑝⋆𝑖 indica somente que os valores dos pontos obtidos via software já estão
logaritimizados, e por conveniência, optou-se por omitir as unidades e erros experimentais
para fazer as operações seguintes com maior conforto, não havendo pois, necessidade de
carregá-las.
Discussão dos Resultados 11

calculando ∆𝑛 numa planilha do Excel, obtemos ∆𝑛 = 0, 01. Assim, o valor


do parâmetro 𝑛 composto com o seu erro associado fica

𝑛 = (0, 56 ± 0, 01). (3.17)

Para determinar o valor de 𝑘, bastou usar a expressão


𝐼3
𝑘= (3.18)
𝑉3𝑛

considerando um terceiro ponto 𝑝3 (𝑉3 ; 𝐼3 ). Pelo gráfico usamos 𝑝⋆3 (0, 23; 1, 5)
que corresponde ao ponto do gráfico não-linear,

𝑝3 ((1, 70 ± 0, 01)𝑉 ; (31, 6 ± 0, 1)𝑚𝐴)

substituindo 𝑝3 em (3.18) obtem-se

31, 6𝑚𝐴
𝑘=
(1, 70𝑉 )0,56

isto é 𝑘 = 23, 5𝑚𝐴 · 𝑉 −0.56 . O erro associado ao parâmetro 𝑘, é determinado


por (︂ )︂
∆𝐼3 ∆𝑉3
∆𝑘 = 𝑘 +𝑛 (3.19)
𝐼3 𝑉3
substituindo os valores do ponto 𝑝3 obtemos
(︂ )︂
−0,56 0, 1𝑚𝐴 0, 01𝑉
∆𝑘 = 23, 5𝑚𝐴 · 𝑉 + 0, 56 (3.20)
31, 6𝑚𝐴 1, 70𝑉

ou seja, ∆𝑘 = 0, 1𝑚𝐴 · 𝑉 −0,56 . Logo o valor de 𝑘 composto com o seu erro


associado fica
𝑘 = (23, 5 ± 0, 1)𝑚𝐴 · 𝑉 −0,56 (3.21)
Determinado todos os parâmetros, podemos finalmente escrever a expressão
da corrente em função da diferença de potencial para o resistor não-linear aqui
tratado como segue

𝐼(𝑉 ) = (23, 5 ± 0, 1)𝑉 (0,56±0,01) (3.22)

Notando que na expressão acima, omitiu-se a unidade de 𝑘 apenas por questões


estéticas, no entanto, para fins de análise dimensional, fica expresso 𝑘 com sua
respectiva unidade na Eq. 3.21.

4 Discussão dos Resultados


Dado o que foi exposto nas seções anteriores, fica evidente a relação
funcional da diferença de potencial entre os terminais de um resistor, e a cor-
rente que o atravessa. Em ambos os casos, é possı́vel verificar esta dependência,
Discussão dos Resultados 12

através dos gráficos plotados e da formulação teórica citada, no entanto, a cor-


rente variará no circuito diferentemente conforme o tipo de resistor envolvido.
Tomando-se por exemplo o primeiro caso, em que trata-se de um re-
sistor ôhmico, vimos que a resistência 𝑅 deste resistor, independe da taxa
de variação da corrente 𝐼 em função da diferença de potencial 𝑉 aplicada
no circuito, e a determinamos completamente, pelo tipo de curva gerada da
distribuição dos pontos experimentais, e assim, concluimos que este resistor
comporta-se tal como a lei de Ohm prediz. O fato da reta da Fig. 3.1 passar
pela origem, corrobora com as expectativas teóricas do modelo, indicando a
não existência de corrente no circuito antes de o submetermos à alguma dife-
rença de potencial. O valor nominal do resistor ôhmico, esta muito próximo
do valor encontrado experimentalmente tal que o erro relativo ∆𝑅/𝑅 dado
por
|𝑅𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑅𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 |
𝜀𝑟𝑒𝑙 = (4.1)
𝑅𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
sendo 𝑅𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 470Ω, o erro relativo fica
|470 − 471|
𝜀𝑟𝑒𝑙 = = 2, 13 × 10−3 (4.2)
470
ou seja, muito abaixo da faixa prevista pelo erro experimental. Em termos do
erro percentual 𝜀% = 𝜀𝑟𝑒𝑙 × 100%, encontramos que o valor obtido experimen-
talmente para 𝑅, difere de seu valor nominal em 0, 2%, portanto, concluimos
que 471Ω é realmente o valor aproximado de 𝑅.
No segundo caso, usamos como resistor uma lâmpada de 12𝑉 , vimos
que a dependencia funcional entre a corrente e a diferença de potencial apli-
cada, comporta-se de forma não linear. A equação que rege este comporta-
mento nos foi fornecida, e está representada pela Eq. (3.6). Da linearização
desta curva, encontramos os parâmetros 𝑘 e 𝑛 que descrevem o experimento.
Analisando o gráfico da Fig. 3.2, embora não seja possı́vel ler diretamente
o valor da corrente, é fácil de ver que se 𝑛 = 0, 𝐼(𝑉 ) estará bem próximo
de 23, 5𝑚𝐴, ou, do valor 1, 37 no gráfico linearizado (Fig. 3.3). Considerando
que o processo de linearização foi dado por aplicação de logarı́mos, constata-
se imediatamente que 23, 5 é na verdade o valor inverso da função logarı́ti-
mica aplicada ao ponto em que 𝐼(𝑉 ) equivale a 𝑘, resulta desta análise que
23, 5 = 101,37 , óbviamente, há fatores de arrendondamentos dos software que
aqui estamos omitindo apenas por comodidade. Uma outra forma de verificar
o valor de 𝑘 é por extrapolação linear usando a Fig 3.3, onde 𝑘 é determinado
fazendo-se log(𝑉 ) = 0. O valor de 𝑛, só foi possı́vel obter através do gráfico li-
nearizado, sendo este o coeficente angular daquela reta, claro que tanto 𝑛 como
𝑘 também foram obtidos por ajustes de curvas (fitting) via software (Maple,
Gnuplot), mas aqui, optamos apenas em demostrar o tratamento analı́tico,
visto que este método é suficiente para tratar do assunto.
Sem possuir um valor de referência para 𝑘 e 𝑛, não conseguimos calcu-
lar o erro relativo à estes dois parâmetros tal como fizemos para a resistência
𝑅, no entanto, é possı́vel concluir com alguma segurança, que os valores en-
contrados ao menos satisfazem a formulação teórica em correspondência com
Discussão dos Resultados 13

ambos os gráficos, e como consequência direta, a lâmpada viola a lei de Ôhm,


tratando-se então de um resistor não-linear.

Referências

1 HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Fı́sica 3:


Eletromagnetismo. 8a
¯ . [S.l.]: LTC, 2009. 419 p. Citado na página 2.
2 NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Fı́sica Básica 3: Eletromagnetismo. 1a¯ .
[S.l.]: Edgard Blüncher, 1997. 313 p. Citado 2 vezes nas páginas 2 e 3.

3 SEARS, F. W. et al. Fı́sica III: Eletromagnetismo. 12a¯ . [S.l.]:


Addison-Wesley, 2009. 425 p. Citado 2 vezes nas páginas 2 e 4.
Apêndice A
Demonstrações Matemáticas 15

A Demonstrações Matemáticas
A.1 Erro Associado à Resistência 𝑅
Partindo de
𝑉2 − 𝑉1
𝑅= (A.1)
𝐼2 − 𝐼1
temos que
𝜕𝑅 1 𝜕𝑅 1
=− , = (A.2)
𝜕𝑉1 𝐼2 − 𝐼1 𝜕𝑉2 𝐼2 − 𝐼1
𝜕𝑅 𝑉2 − 𝑉1 𝜕𝑅 𝑉2 − 𝑉1
= , =− (A.3)
𝜕𝐼1 (𝐼2 − 𝐼1 )2 𝜕𝐼2 (𝐼2 − 𝐼1 )2
usando a equação do erro associado vem
⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ⃒
⃒ 𝜕𝑅 ⃒ ⃒ 𝜕𝑅 ⃒ ⃒ 𝜕𝑅 ⃒ ⃒ 𝜕𝑅 ⃒
∆𝑅 = ⃒ ⃒ ⃒ ∆𝑉1 + ⃒
⃒ ⃒ ∆𝑉2 + ⃒
⃒ ⃒ ∆𝐼1 + ⃒
⃒ ⃒ ∆𝐼2 (A.4)
𝜕𝑉1 ⃒ 𝜕𝑉2 ⃒ 𝜕𝐼1 ⃒ 𝜕𝐼2 ⃒
isto é
[︂ ]︂ [︂ ]︂
1 1
∆𝑅 = ∆𝑉1 + ∆𝑉2 +
(𝐼2 − 𝐼1 ) (𝐼2 − 𝐼1 )
[︂ ]︂ [︂ ]︂
𝑉2 − 𝑉1 𝑉2 − 𝑉1
+ ∆𝐼1 + ∆𝐼2 (A.5)
(𝐼2 − 𝐼1 )2 (𝐼2 − 𝐼1 )2
simplificando encontramos
1
∆𝑅 = [(∆𝑉1 + ∆𝑉2 ) + 𝑅(∆𝐼1 + ∆𝐼2 )] (A.6)
(𝐼2 − 𝐼1 )

A.2 Erro Associado à Constante 𝑛


Partindo de (︁ )︁
𝐼2
log 𝐼1
𝑛= (︁ )︁ (A.7)
𝑉2
log 𝑉1

temos que
(︁ )︁ (︁ )︁
𝐼2 𝐼2
𝜕𝑛 log 𝐼1
(︂
1
)︂
𝜕𝑛 log 𝐼1
(︂
1
)︂
= − [︁ (︁ )︁]︁2 log 𝑒 , = [︁ (︁ )︁]︁2 log 𝑒 (A.8)
𝜕𝑉1 𝑉2 𝑉1 𝜕𝑉2 𝑉2 𝑉2
log 𝑉1 log 𝑉1

1 1
𝜕𝑛 log 𝑒 𝜕𝑛 log 𝑒
= 𝐼1 (︁ )︁ , = − 𝐼2 (︁ )︁ (A.9)
𝜕𝐼1 log 𝑉𝑉21 𝜕𝐼2 log 𝑉2 𝑉1

usando
⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ⃒
⃒ 𝜕𝑛 ⃒ ⃒ 𝜕𝑛 ⃒ ⃒ 𝜕𝑛 ⃒ ⃒ 𝜕𝑛 ⃒
∆𝑛 = ⃒
⃒ ⃒ ∆𝑉1 + ⃒
⃒ ⃒ ∆𝑉2 + ⃒
⃒ ⃒ ∆𝐼1 + ⃒
⃒ ⃒ ∆𝐼2 (A.10)
𝜕𝑉1 ⃒ 𝜕𝑉2 ⃒ 𝜕𝐼1 ⃒ 𝜕𝐼2 ⃒
Demonstrações Matemáticas 16

obtem-se
⎧ (︁ )︁ ⎫ ⎧ (︁ )︁ ⎫
⎨ log 𝐼
⎪ 𝐼2 (︂ )︂ ⎪ ⎨ log 𝐼
⎪ 𝐼 2 (︂ )︂⎪
1 1 ⎬
1 1 ⎬
∆𝑛 = [︁ (︁ )︁]︁2 log 𝑒 ∆𝑉1 + [︁ (︁ )︁]︁2 log 𝑒 ∆𝑉2 +
⎩ log 𝑉2
⎪ 𝑉1 ⎪
⎭ ⎩ log 𝑉2
⎪ 𝑉2 ⎪

𝑉1 𝑉1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 1
log 𝑒 log 𝑒
+ ⎣ 𝐼1 (︁ )︁ ⎦ ∆𝐼1 + ⎣ 𝐼2 (︁ )︁ ⎦ ∆𝐼2 (A.11)
log 𝑉𝑉21 log 𝑉𝑉21

⎡ ⎤ ⎧⎡ (︁ )︁ ⎤ ⎡ (︁ )︁ ⎤
𝐼2 𝐼2
log 𝑒 ⎦ ⎣ ⎨ log 𝐼1 ∆𝑉1 ⎣ log 𝐼1 ∆𝑉2
∆𝑛 = ⎣ (︁ )︁ (︁ )︁ ⎦ + (︁ )︁ ⎦ +
log 𝑉𝑉21 ⎩ log 𝑉2 𝑉1 log 𝑉2 𝑉2
𝑉1 𝑉1
(︂ )︂ (︂ )︂ }︂
1 1
+ ∆𝐼1 + ∆𝐼2 (A.12)
𝐼1 𝐼2
⎧ ⎡ (︁ )︁ ⎤ ⎫
𝐼2
log 𝑒 ⎨(︂ ∆𝐼 ∆𝐼2
)︂ log 𝐼1
(︂
∆𝑉1 ∆𝑉2
)︂⎬
1
∆𝑛 = (︁ )︁ + +⎣ (︁ )︁ ⎦ + (A.13)
log 𝑉𝑉21 ⎩ 𝐼1 𝐼2 log 𝑉2 𝑉1 𝑉2 ⎭
𝑉1

logo
[︂(︂ )︂ (︂ )︂]︂
log 𝑒 ∆𝐼1 ∆𝐼2 ∆𝑉1 ∆𝑉2
∆𝑛 = (︁ )︁ + +𝑛 + (A.14)
log 𝑉𝑉21 𝐼1 𝐼2 𝑉1 𝑉2

A.3 Erro Associado a Constante 𝑘


Partindo de
𝐼
𝑘= (A.15)
𝑉𝑛
temos que (︂ )︂
𝜕𝑘 1 𝜕𝑘 𝐼
= 𝑛, = −𝑛 (A.16)
𝜕𝐼 𝑉 𝜕𝑉 𝑉 𝑛+1
usando ⃒ ⃒ ⃒ ⃒
⃒ 𝜕𝑘 ⃒ ⃒ 𝜕𝑘 ⃒
∆𝑘 = ⃒ ⃒ ∆𝐼 + ⃒
⃒ ⃒ ⃒ ⃒ ∆𝑉 (A.17)
𝜕𝐼 𝜕𝑉 ⃒
obtem-se
(︂ )︂
1 𝐼
∆𝑘 = 𝑛 ∆𝐼 + 𝑛 ∆𝑉 (A.18)
𝑉 𝑉 𝑛+1
(︂ )︂
𝐼 ∆𝐼 ∆𝑉
= 𝑛 +𝑛 (A.19)
𝑉 𝐼 𝑉
ou seja (︂ )︂
∆𝐼 ∆𝑉
∆𝑘 = 𝑘 +𝑛 (A.20)
𝐼 𝑉

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