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Relato de caso | Case report

UTILIZAÇÃO DOS ELÁSTICOS


INTERMAXILARES NOS ESTÁGIOS
INICIAIS DO TRATAMENTO
Liliana Ávila Maltagliati1
ORTODÔNTICO
USE OF INTERMAXILLARY ELASTICS IN EARLY
TREATMENT STAGES

Resumo
A Ortodontia contemporânea tem aumentado, substancialmente, a utilização de fios
superelásticos durante o alinhamento e nivelamento dentário e a sua permanência tem
alcançado estágios avançados do tratamento, com a premissa de trabalhar, o máximo pos-
sível, com forças de baixa intensidade. Essa mudança de protocolo tem desafiado os orto-
dontistas a criar mecanismos de controle de movimentação dentária e de efeitos colaterais
indesejados, que comumente são atribuídos a esses fios, em razão da sua alta flexibilidade
e baixa resistência à expressão dos momentos da força, gerados, por exemplo, por aces-
sórios como os elásticos intermaxilares. O objetivo desse trabalho é descrever, ilustrando
com casos clínicos, a viabilidade e aplicabilidade desses acessórios na correção das relações
anteroposteriores ainda em estágios iniciais do tratamento, com fios superelásticos, com ou
sem propriedade de transformação térmica.
Descritores: Ortodontia, elásticos intermaxilares, fios superelásticos.

Abstract
Contemporary orthodontics has considerably increased the use of superelastic wires
during teeth alignment and leveling and their permanence has reached advanced stages of
treatment with the premise of working as much as possible with low levels of force. This
protocol change has been challenging orthodontists to create mechanisms to control tooth
movement and unwanted side effects that are commonly attributed to these wires, due to
their great flexibility and their low resistance to the expression of moments of force gener-
ated, for example, by accessories like intermaxillary elastics. The objective of this article is
to describe, using clinical cases to illustrate, the viability and applicability of intermaxillary
elastics in anteroposterior relationships correction during early stages of treatment with
superelastic wires with or without heat activating properties.
Descriptors: Orthodontics, intermaxillary elastics, superelastic wires.

1
Mestre e Doutora em Ortodontia – FOB/USP.

Email do autor: amortodontia@gmail.com


Recebido para publicação: 12/07/2017
Aprovado para publicação: 29/07/2017

Orthod. Sci. Pract. 2017; 10(39):131-145. 131


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Introdução
A utilização de elásticos intermaxilares é uma prática comum e muito importante na comple-
mentação da correção das más oclusões, principalmente, nos ajustes vertical (intercuspidação) e
anteroposterior (correção das Classes II e III). É uma ferramenta bastante empregada e útil, prin-
cipalmente, no tratamento compensatório dos padrões II e III, ajustando, dentariamente, a dis-
crepância que os ossos maxilares apresentam, criando uma relação interarcos normal, em bases
discrepantes, mas em faces esteticamente agradáveis ou aceitáveis.
A utilização dos elásticos intermaxilares no tratamento das discrepâncias ósseas data da década
de 90 do século XIX, pioneiramente introduzida por Calvin Case em Chicago e Henry Baker, em
Boston. Inicialmente, introduzidos com borracha natural, os elásticos começaram a ser produzidos
com materiais sintéticos, livres de látex. A ancoragem intermaxilar como era denominada, revolu-
cionou o tratamento das Classes II e III de Angle10.
Tradicionalmente, recomenda-se que se utilize em estágios finais do tratamento ou após se
completar o alinhamento e nivelamento, para não interferir na movimentação individual em dire-
ção ao alinhamento e para que não haja perda de controle nos três planos do espaço, quando o
paciente ainda tem em suas arcadas fios de baixa rigidez e alto módulo de elasticidade.
Entretanto se tem observado indicações, cada vez mais frequentes, da utilização dos elásticos
intermaxilares em estágios precoces do tratamento. A justificativa é a de que eles podem auxiliar
tanto na movimentação de alinhamento inicial com os fios superelásticos, como já promover ajuste
antecipado da relação interarcos, facilitando a finalização posterior.
Assim, tem sido confusa a sua indicação, uma vez que o padrão elevado de força utilizado e o
caráter intermitente demonstram o risco de efeito colateral importante, já que a superelasticidade
dos fios iniciais não oferece resistência à ação do elástico e, portanto, tende a deflexioná-los, cau-
sando movimentações dos dentes adjacentes, muitas vezes, indesejada.
Propõe-se realizar uma análise das características dos elásticos, comportamento de força e
degradação, regras de utilização, para que se possa sistematizar sua aplicação em fase precoce,
considerando os respectivos cuidados clínicos necessários, para controle dos efeitos colaterais emi-
nentes.

Características dos elásticos intermaxilares


Os elásticos intermaxilares são utilizados há muito tempo na prática clínica, para correção da
relação intermaxilar de Classe II ou III. A maioria dos utilizados são do tipo sintético, ou seja, um
polímero quimicamente desenvolvido que supre a possibilidade de ser colorido, de fabricação faci-
litada e também evita a hipersensibilidade de pacientes ao látex11.
Há diversas marcas, com variações em diâmetro e espessura. As variações em diâmetro aten-
dem à necessidade de se utilizar os elásticos em diferentes indicações, em que as extremidades de
apoio têm diferentes distâncias, trazendo versatilidade de força para a aplicabilidade clínica.
Os diâmetros são dispostos em polegadas, segundo os parâmetros americanos, os mais uti-
lizados são os diâmetros 1/8”, 3/16”, ¼”, 5/16” 3/8” e ½”. São três as espessuras dos elásticos,
determinando padrões diversos de força, classificados em leve, médio e pesado, definidos também
em medida com norma americana, em onças.
Henriques, Hayasaki e Henriques6 transformaram os valores de força e diâmetro para as nor-
mas de medidas nacionais, tornando mais fácil o entendimento da utilização desses acessórios. Em
relação aos diâmetros haveria a correspondência de acordo com a Tabela 1:

Tabela 1 – Correspondência de diâmetros de polegadas para milímetros


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Diâmetro em polegadas Diâmetro em milímetros


1/8” 3,2mm
3/16” 4,8mm
¼” 6,4mm
5/16” 7,94mm
3/8” 9,5mm
½” 12,7mm

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A correspondência de força é realizada pela mensuração da tensão liberada pelos elásticos,
quando os mesmos são estirados três vezes o seu tamanho. Assim, elásticos de diferentes diâme-
tros, mas de mesma espessura, estirados três vezes o tamanho de cada um e, portanto, atingindo
diferentes distâncias, liberam a mesma intensidade de força. Por exemplo, um elástico 1/8” (3,2
mm) leve, quando estirado em 9,6 mm exerce a mesma força que um elástico 5/16” (7,94 mm)
leve, quanto estirado 23,82 mm.
Essa regra ensina que um elástico deveria ser estirado três vezes o seu diâmetro interno e a for-
ça estática de resistência ser então medida em gramas ou onças com um dinamômetro. De acordo
com Polur e Peck10, a geometria de um círculo, permite que ele tenha o seu tamanho aumentado
em até 1,57 vezes antes que algum real estiramento ocorra e isso pode variar entre os diferentes
diâmetros. Assim sendo, defenderam que os elásticos deveriam ter sua força mensurada em um
comprimento padronizado para ter consistência na decisão de uso terapêutico, como uma distância
de 40mm, por exemplo, que se aproxima da distância entre um incisivo lateral e o segundo molar.
As forças relativas à espessura dos elásticos estão dispostas na Tabela 2, conforme descrito por
Henriques, Hayasaki e Henriques6.

Tabela 2 – Correspondência de onças para gramas.


Força elástica em onças Força elástica em gramas
2 (leve) 56,69
4 (medio) 113,39
6 (pesado) 170,09

De acordo com Cabrera et al.4, a força indicada para correções intermaxilares deve variar entre
200 e 250g e se deve empregar o fio mais rígido possível para evitar efeitos indesejados. Isso por-
que, por ter apoio nos arcos superior e inferior, o elástico fica disposto de forma oblíqua, gerando
um componente de força horizontal, que gera a correção anteroposterior e um vertical, de extrusão
anterior superior e posterior inferior, no caso do elástico de Classe II e anterior inferior e posterior
superior no caso de elástico de Classe III.
Além do componente vertical, há também a tendência de mudança de angulação e rotação
nos dentes onde o elástico se apoia. Por esse motivo, é interessante que o elástico posterior seja
apoiado sempre no penúltimo dente colado, para que haja um dente distal que possa exercer resis-
tência de rotação mesial e ainda permitir que o dente que receba o elástico possa ser conjugado a
esse dente posterior, restringindo ainda mais o efeito rotacional.
Para ser utilizado com fios flexíveis, o principal componente de diferenciação é a intensidade de
força. Com o montante indicado de 200 a 250 g, realmente a utilização de fios leves fica contrain-
dicada, já que a força exercida por esses fios é bem inferior, o que pode acarretar movimentações
dentárias sem nenhuma resistência aos momentos de inclinação e rotação, gerando falta de con-
trole do trespasse vertical e do plano oclusal. A indicação de fios de aço fundamenta-se no conceito
de criar resistência advinda do fio, para evitar que ao receber o vetor horizontal da força elástica,
o dente não expresse o momento inevitavelmente gerado, de inclinação mesio-distal e rotação em
torno do próprio longo eixo. Dado esse conceito, parte-se da premissa de que quem evita o efeito
colateral é a rigidez do fio. Ou seja, a força do elástico não ultrapassa a força do fio. Assim sendo,
ao empregar-se elásticos em fios de níquel-titânio é necessário adequar a força do elástico de for-
ma que a mesma seja inferior à força do fio. Para isso, tem que se conhecer a força desses fios, no
calibre selecionado para uso do elástico. Se for reduzida a força, segundo a relação momento/força
(M=FxD), automaticamente, o momento também estará, por si só, reduzido. Além disso, ao exercer
uma força inferior ao fio, quando o mesmo começar a ser tensionado pelo movimento de inclina-
ção, oferecerá resistência que tenderá a impedir que o momento se expresse de forma significativa
ou ainda, corrigi-lo pela ação da sua superelasticidade.
Como exemplo, cita-se o trabalho de Baccetti et al (2009)3 que avaliaram as forças produzidas
por fios de calibre .012” e .014” superelásticos, deflexionados de 1,5 mm a 6,0 mm em quatro
tipos de braquetes autoligados. A força média do calibre .014”, com 6,0 mm de deflexão nesses
braquetes foi de aproximadamente 100 g. Desta feita, o elástico a ser empregado nesse momento
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não pode ter força superior a 100 g. Consultando a Tabela 2, sabe-se que o elástico deve ser do
tipo leve (menor que 100 g) e o diâmetro dependerá da distância dos pontos de apoio do elástico,
ou seja, do quanto o elástico deverá ser estendido. Se os pontos de apoio forem os ganchos do

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canino e do primeiro molar, a distância é de, aproximadamente, 30 mm3. Como a força deliberada
pelo elástico é medida quando o mesmo é estirado 3 vezes o seu tamanho, essa distância deve
ser dividida por 3 para se saber qual o diâmetro apropriado. Se a distância for de fato de 30 mm,
então o diâmetro do elástico deve se aproximar de 10 mm, o que de acordo com a Tabela 1, seria
o 3/8” ou 5/16”. Assim, nesse fio, aplicando-se do canino ao primeiro molar, o elástico de eleição
deve ser o 3/8” ou 5/16” leve.
Com relação ao tempo de utilização e troca do elástico, há diferentes recomendações, mas se
pode realizar após 24 hs ou até 4 dias, pois eles apresentam uma diminuição significativa da sua
força nas primeiras 24 h, mas depois há a tendência de se manter constante nos 4 dias seguintes2,8.
É interessante lembrar que, quanto mais leve, maior a perda de elasticidade logo após a sua dis-
tensão4. Andreasen e Bishara1, fundamentados na degradação da força elástica em torno de 75%
nas primeiras 24 h, recomendam que se opte por uma força quatro vezes maior que a desejada.
Entretanto, Loriato, Machado e Fonseca7 argumentaram que, durante um tratamento ortodôntico,
forças muito elevadas não são desejadas e, idealmente, um elástico deve fornecer uma força leve
e controlada quanto a direção, movimentando os dentes em conjunto10. Recomendaram a troca a
cada 4 dias, para que a força constante fosse mais utilizada. Porém, para isso, é necessária a aplica-
ção de força maior no primeiro dia, para que a força constante obtida a partir do segundo dia tenha
magnitude adequada. Acredita-se que essa força inicial maior, além de trazer maior desconforto ao
paciente, colocando em risco a sua colaboração, pode provocar movimentos descontrolados pela
baixa resistência dos fios utilizados nessa fase. Portanto, considera-se clinicamente mais adequa-
do, escolher a força na magnitude desejada e trocar o elástico todos os dias, para que haja maior
frequência e constância de aplicação da força desejada, sem imprimir índices muito elevados e
prejudiciais ao periodonto e à movimentação dentária. Porém, isso é apenas uma impressão clínica,
embasada em nossa experiência com esse protocolo.
Mesmo assim, é importante salientar que a variabilidade de força e degradação é muito grande
entre as marcas e dentro de uma mesma marca, tornando imprescindível o uso do dinamômetro
para aplicar a força desejada.
Com essas considerações, pode-se vislumbrar tranquilamente a viabilidade de trabalhar com
elásticos em fios de níquel-titânio, conferindo sempre com o dinamômetro, antecipando a correção
anteroposterior dos arcos, com forças leves. É uma ótima oportunidade também para testar a cola-
boração do paciente. Caso haja pouca colaboração, ainda se está em estágio inicial do tratamento,
que não será prejudicado por uma mudança de planejamento.
Conforme Harradine5, as forças leves são mais eficazes na presença de baixa fricção. Com a
redução da força do elástico, os efeitos colaterais potenciais de utilizá-los com fios flexíveis também
são reduzidos.

Caso clínico 1
Paciente do sexo masculino, 14 anos de idade, padrão II por deficiência mandibular, mesofa-
cial, má oclusão de Classe II, suave apinhamento superior e inferior, primeiros molares superiores
em mordida cruzada. Trespasse vertical normal e horizontal aumentado. Foram utilizados braque-
tes autoligados Portia (3M), prescrição Roth e se realizou levantamento de mordida posterior, para
possibilitar o descruzamento dos primeiros molares. O primeiro fio empregado foi o .014” níquel-
titânio termoativado (3M Unitek) e o elástico foi introduzido na segunda consulta, quando da cola-
gem do aparelho inferior. O elástico aplicado foi o 5/16” leve, dos caninos superiores aos primeiros
molares inferiores. Seguiu-se então a sequência de fios de níquel-titânio .016” e .016”x.022”
termoativados e .018”x.025” superelástico. Em seguida, foi inserido o fio de aço .019”x.025” e
os elásticos indicados para uso apenas noturno. Seguiu-se a coordenação interarcos e, após três
meses com o fio de aço, o aparelho foi removido (Figuras 1-19).
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Figura 1 – Foto extrabucal perfil inicial. Figura 2 – Foto extrabucal frontal ini- Figura 3 – Foto extrabucal sorriso ini-
cial. cial.

Figura 4 – Foto intrabucal frontal inicial.

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Figura 5 – Foto intrabucal lateral direita inicial. Figura 6 – Foto intrabucal lateral esquerda inicial.

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Figura 7 – Foto intrabucal oclusal superior inicial. Figura 8 – Foto intrabucal oclusal inferior inicial.

Figura 9 – Foto intrabucal frontal fio .016” niquel titanio termoativado e levante de mordida posterior.

Figura 10 – Foto intrabucal lateral direita fio .016” niquel Figura 11 – Foto intrabucal lateral esquerda fio .016” niquel
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titanio termoativado e levante de mordida posterior. titanio termoativado e levante de mordida posterior.

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Figura 12 – Foto extrabucal perfil final. Figura 13 – Foto extrabucal frontal fi- Figura 14 – Foto extrabucal sorriso fi-
nal. nal.

Figura 15 – Foto intrabucal frontal final.

Maltagliati LA.

Figura 16 – Foto intrabucal lateral direita final. Figura 17 – Foto intrabucal lateral esquerda final.

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Figura 18 – Foto intrabucal oclusal superior final. Figura 19 – Foto intrabucal oclusal inferior final.

A presença do componente vertical fez com que Philippe9 contraindicasse o uso dos elásticos
intermaxilares na correção das más oclusões de Classe II para casos com mordida profunda ou
para pacientes face curta. Isso porque, em pacientes com sobremordida e má oclusão de Classe II,
o componente vertical do elástico tenderá a provocar extrusão dos incisivos superiores, especial-
mente, quando empregado ainda em fios leves. Para contornar esse efeito, além do uso de elástico
leve, indica-se a utilização de “bite turbos” na palatina dos incisivos superiores, evitando a extrusão
desses dentes e favorecendo a dos pré-molares e molares (Caso 2). Nesses casos, inicia-se o trata-
mento pelo arco superior, evoluindo o fio até o calibre .016”x.022” de níquel-titânio termoativado,
posicionam-se os stops nas distais dos incisivos laterais superiores e se instala os “bite turbos” na
superfície palatina dos incisivos centrais superiores. O arco inferior é montado quando o superior
estiver no .016” niti termoativado e assim, o elástico é instalado com o fio .016”x.022” superior e
.016” niti termoativado inferior, exercendo maior efeito extrusivo posterior inferior, já que haverá
desoclusão pelo “bite turbo” e o fio inferior é de menor calibre, colaborando para a correção da
Classe II e da sobremordida, ao mesmo tempo que impede a extrusão dos incisivos superiores.

Caso clínico 2
Paciente 13 anos, sexo feminio, padrão II, mesofacial, má oclusão de Classe II, sobremordida
profunda, dentadura mista, elemento 35 girado. Foram utilizados braquetes autoligados Bio Quick
(Forestadent), prescrição Roth. O alinhamento foi iniciado com fio .014” níquel-titânio termoativa-
do. Os “bite turbos” e os elásticos intermaxilares 5/16” leve foram inseridos, quando foi instalado
o fio .014”x.025” superior e .018” inferior, ambos de níquel-titânio termoativado. O alinhamento
seguiu com fio .016”x.022” níquel-titânio termoativado, depois .019”x.025” superior e .018”
inferior, ambos de aço e o elástico trocado para 3/16” médio, apenas noturno. Na finalização,
os elásticos foram modificados para configuração de intercuspidação e o aparelho removido três
meses depois (Figuras 20-50).
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Figura 20 – Foto extrabucal perfil ini- Figura 21 – Foto extrabucal frontal ini- Figura 22 – Foto extrabucal sorriso ini-
cial. cial. cial.

Figura 23 – Foto intrabucal frontal inicial.

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Figura 24 – Foto intrabucal lateral direita inicial. Figura 25 – Foto intrabucal lateral esquerda inicial.

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Figura 26 – Foto intrabucal oclusal superior inicial. Figura 27 – Foto intrabucal oclusal inferior inicial.

Figura 28 – Telerradiografia inicial. Figura 29 – Panorâmica inicial.


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Figura 30 – Foto intrabucal frontal fio .016”x.022” niquel titanio termoativado.

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Figura 31 – Foto intrabucal lateral direita fio .016”x.022” Figura 32 – Foto intrabucal lateral esquerda fio .016”x.022”
niquel titanio termoativado. niquel titanio termoativado.

Figura 33 – Foto intrabucal oclusal superior fio .016”x.022” Figura 34 – Foto intrabucal oclusal inferior fio .016”x.022”
niquel titanio termoativado e levante de mordida anterior niquel titanio termoativado.
com “bite turbo”.

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Figura 35 – Foto extrabucal perfil final. Figura 36 – Foto extrabucal frontal fi- Figura 37 – Foto extrabucal sorriso fi-
nal. nal.

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Figura 38 – Foto intrabucal frontal final.

Figura 39 – Foto intrabucal lateral direita final. Figura 40 – Foto intrabucal lateral esquerda final.
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Figura 41 – Foto intrabucal oclusal superior final. Figura 42 – Foto intrabucal oclusal inferior final.

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Figura 43 – Telerradiografia final. Figura 44 – Panorâmica final.

Figura 46 – Foto extrabucal frontal 3 Figura 47 – Foto extrabucal sorriso 3


Figura 45 – Foto extrabucal perfil 3
anos pós tratamento. anos pós tratamento.
anos pós tratamento

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Figura 48 – Foto intrabucal frontal 3 anos pós tratamento.

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Figura 49 – Foto intrabucal lateral direita 3 anos pós trata- Figura 50 – Foto intrabucal lateral esquerda 3 anos pós tra-
mento. tamento.

Nos pacientes Classe III, também se deve iniciar o alinhamento pelo arco superior para que a
maior movimentação de compensação seja no arco inferior e, na maior parte das vezes, não há
necessidade de levantamento de mordida. Nesse caso, os stops estarão posicionados nas distais
dos caninos inferiores e, se houver apinhamento inicial desses dentes, recomenda-se deixar um dos
incisivos (o mais fora do alinhamento) para ser incluído depois que o elástico já corrigiu pelo menos
parcialmente a Classe III. No caso de cruzamento de mordida anterior, o levante é feito com “build
up” posterior, que facilita a extrusão dos incisivos inferiores. Caso esse efeito não seja desejado,
aconselha-se posicionar os braquetes desses dentes um pouco mais oclusal (cerca de 1 mm) para
reverter o efeito na finalização do alinhamento. Quando o paciente tem boa colaboração com o
uso dos elásticos em fios leves, é comum observar-se sobrecorreção (Figuras 51-55).

Figura 51 – Foto intrabucal lateral direita, início de tratamen- Figura 52 – Foto intrabucal lateral direita, fio .016” niquel
to, relação intermaxilar de classe III. titanio termoativado, quando iniciou o uso de elástico inter-
maxilar de classe III 5/16” leve.
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Figura 53 – Foto intrabucal lateral direita, fio .019”x.025” Figura 54 – Foto intrabucal lateral direita, fio .019”x.025”
aço superior e .016”x.025” niquel titanio termoativado in- aço superior e .016”x.025” niquel titanio termoativado infe-
ferior. Denota-se a sobrecorreção obtida da má oclusão de rior e elástico de intercuspidação curtos, 1/8” leve.
classe III.

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Figura 55 – Foto intrabucal lateral direita, finalização.

Embora existam substitutos para os elásticos intermaxilares, como os propulsores mandibulares


no caso da Classe II, esses necessitam de arcos rígidos e de alto calibre para ancorar o dispositivo,
sendo possível sua utilização apenas nos estágios finais do tratamento. Vale lembrar que esses
dispositivos, apesar de muito eficazes e dispensarem a colaboração dos pacientes, não estão livres
de quebras, soltura ou ulceração da mucosa bucal, trazendo complicações ao tratamento e muitas
vezes aumentando em demasia o seu tempo. No caso da Classe III, atualmente, a utilização dos
mini-implantes extra-alveolares pode auxiliar sobremaneira a correção por meio de distalização dos
dentes inferiores. Entretanto, também nesse caso não se está livre de complicações envolvendo os
mini-implantes. A utilização dos elásticos na fase inicial do tratamento tem a vantagem de corrigir
a relação anteroposterior com força leve, eliminando tempo extra de tratamento na finalização e
testa, prematuramente, a capacidade colaborativa do paciente, permitindo mudanças no planeja-
mento sem comprometer em demasia o tempo de tratamento.

Conclusão
A utilização de elásticos intermaxilares em fases iniciais do tratamento ortodôntico, com fios de
níquel-titânio, com ou sem capacidade de transformação térmica, é viável à medida que se ajusta a
intensidade de força a ser empregada, modificando diâmetro e espessura do elástico.
O emprego de acessórios e a sistematização do tratamento ajudam a sobrepor efeitos colate-
rais dos componentes verticais da força dos elásticos intermaxilares.

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J Bras Ortodon Ortop Facial. 2003; 8(48):471-475. Como citar este artigo:
7. Loriato LB, Machado AW, Pacheco W. Considerações clínicas Maltagliati LA. Utilização dos elásticos intermaxilares nos estágios iniciais do
e biomecânicas de elásticos em ortodontia Rev Clín Ortodon tratamento ortodôntico. Orthod. Sci. Pract. 2017; 10(39):131-145.
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