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caso clínico

A aplicabilidade clínica e a importância


dos levantes de mordida na mecânica dos
aparelhos autoligados
Henrique Mascarenhas Villela1, Wanderson Itaborahy2,
Marco Leonardo Macedo Pádua3, Rachel Itaborahy4

Introdução: O levante de mordida é um usou-se levante de mordida posterior e


importante recurso, utilizado no sistema elásticos de Classe II. Ambos os casos fo-
de aparelhos autoligados, que permite a ram tratados com aparelhos autoligados
instalação imediata da aparatologia or- interativos, que diminuíram a quantida-
todôntica nas duas arcadas; propicia uma de de consultas, mantendo a eficiência
movimentação mais rápida dos dentes e da correção. Resultados: em ambos os
estimula a expansão das arcadas, pois casos, conseguiu-se a finalização com
libera os arcos dos contatos oclusais. molares, pré-molares e caninos em re-
Os  levantes de mordida podem ser pos- lação de Classe I. Conclusão: a escolha
teriores ou anteriores, e são, também, são do tipo de recurso de levante de mordida
chamados de build-ups ou bite turbos, a ser empregado depende do diagnósti-
respectivamente. As suas indicações são co e das necessidades dos movimentos
feitas conforme o tipo de má oclusão e dentários, principalmente da relação dos
padrão facial, com resultados distintos. incisivos superiores com os lábios. O sis-
Objetivo: relatar dois casos clínicos com tema de aparelhos autoligados associado
dois tipos de abordagens distintas na ao levante de mordida e aos elásticos in-
correção das más oclusões dos pacien- termaxilares se mostrou eficiente na cor-
tes braquifaciais com mordida profunda e reção das más oclusões de pacientes bra-
terço inferior da face diminuído: no caso quifaciais com mordida profunda e terço
clínico 1, usou-se levante de mordida inferior da face diminuído. Palavras-cha-
anterior e elásticos verticais de extrusão ve:  Aparelhos autoligados. Levante de
de dentes posteriores; no caso clínico 2, mordida. Build-up. Bite turbo.

1 Mestre em Ortodontia pela Uniararas (Araras/SP). Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela ABO – Salvador (BA)
2 Mestre em Ortodontia pela Unicid (SP). Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UEMG (MG).
3 Mestre e especialista em Ortodontia pela FSLM (Campinas/SP).
4 Pós-graduanda em Aparelhos Autoligados, Microparafusos Ortodônticos e Protratores Mandibulares, pelo Instituto BioOrto – BH (MG).

Como citar este artigo: Villela HM, Itaborahy W, Pádua MLM, Itaborahy R. A aplicabilidade clínica e a importância dos levantes de mordida
na mecânica dos aparelhos autoligados. Rev Clín Ortod Dental Press. 2015 Dez - 2016 Jan;14(6):35-59.
Enviado em: 09/06/2015 - Revisado e aceito: 29/10/2015.
Endereço para correspondência: Henrique Mascarenhas Villela – Rua Senador Theotônio Vilela, nº 190, sala 703, Brotas– Salvador/BA
CEP: 40.279-901 – E-mail: hvillela@terra.com.br

Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos
produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publica-
ção de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.

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36 Villela HM, Itaborahy W, Pádua MLM, Itaborahy R

INTRODUÇÃO

O
sistema de aparelhos intervalos maiores entre as con-
autoligados não envol- sultas7,10,13,16,19-24, menor descon-
ve somente a utilização forto ao paciente7,10,16,22,25 e menor
dos braquetes e tubos injúria aos tecidos bucais17,26.
autoligados, mas sim o emprego
de um conjunto de dispositivos e Um excelente recurso associado
atitudes que dão uma nova dinâ- aos aparelhos autoligados é o le-
mica ao tratamento ortodôntico. vante de mordida, ferramenta que
Essa nova abordagem utiliza, além pode, rotineiramente, auxiliar ou,
dos braquetes autoligados, os fios até mesmo, potencializar uma sé-
termoativados de alta tecnolo- rie de movimentos ortodônticos4.
gia , associados aos levantes de
1,2,3
Podem ser localizados na região
mordida , bem como a aplicação
4
posterior, sendo chamados de
de elásticos de forma precoce 4,5,6
, build-ups, ou na região anterior,
posicionamento dos braquetes de denominados bite turbos.
forma diferenciada, buscando sor-
risos mais estéticos (smile-arc)5 e O build-up, ou levante de mordi-
o uso de stops localizados estrate- da posterior, quando instalado
gicamente no arco . 6-9
nos molares, possibilita a monta-
gem da arcada inferior no início
O uso dos aparelhos autoligáveis do tratamento, mesmo em casos
vem sendo amplamente difundido, de mordida profunda27,28. Estão
devido às suas diversas vantagens, indicados para pacientes dolico-
quando comparados aos bra- faciais (hiperdivergentes)29,30, cujo
quetes convencionais. Entre elas, terço inferior da face seja aumen-
podemos citar: baixos níveis de tado, nos quais a intrusão dos mo-
atrito10-17, diminuição do acúmu- lares  —  pelo contato prematuro
lo de placa bacteriana 16,18
, menor gerado pelo levante — proporcio-
tempo de tratamento, menor tem- ne um ganho estético e funcional.
po de cadeira e possibilidade de Também estão indicados para pa-

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cientes em que se deseje a expan- abertas anteriores, para pacientes


são posterior ou fechamento da hiperdivergentes35. De acordo com
mordida aberta anterior28, agindo, Stewart Frost, o uso de resina flow
portanto, de forma similar à dos nas cúspides vestibulares dos
“bite blocks” e dos disjuntores en- primeiros molares inferiores, de
capsulados colados, no sentido maneira a fazer um plano reto, es-
vertical. Os bite blocks posterio- timula a correção da mordida cru-
res, durante a fase de expansão, zada, em conjunto com o uso de
são capazes de minimizar, ou até elásticos, pela liberdade de mo-
mesmo zerar, a movimentação da vimentos interarcadas. Tom Pitts
maxila para baixo e para a fren- afirma que, após o desbloqueio da
te , bem como corrigir a mordida
31
oclusão, pode-se iniciar a corre-
aberta anterior . Segundo Sarver
32
ção da mordida, não sendo neces-
e Johnston33, a utilização de um sário esperar a finalização da fase
aparelho expansor encapsulado de nivelamento4.
colado torna-se muito vantajosa
nos casos de mordida aberta an- O bite turbo, ou levante de mordi-
terior, onde o aumento da AFAI e a da anterior, como o próprio nome
rotação horária da mandíbula são sugere, possibilita um “destrava-
indesejáveis. Spolyar34 observou mento” da oclusão, facilitando a
intrusão secundária do complexo movimentação dentária nas fases
alveolar superior e uma inibição iniciais do tratamento. É instalado
do crescimento alveolar, causa- na região anterior, podendo ser me-
dos por uma cobertura oclusal tálico ou confeccionado em resina
de acrílico de 3mm presente no composta, por meio de minimoldes
disjuntor encapsulado colado de de silicone, que são preenchidos
McNamara. A espessura de 3mm e adaptados nas faces palatinas
de acrílico na oclusal dos dentes dos incisivos centrais superiores.
posteriores age como um plano de Assim, aumentam a dimensão ver-
mordida posterior, inibindo a ex- tical, liberam a oclusão na região
trusão dos dentes posteriores, au- posterior, possibilitando a extrusão
xiliando na correção de mordidas dos molares36-38. Estão  indicados

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para pacientes braquifaciais (hi- terço inferior da face diminuído,


podivergentes) 29,30
portadores de pouca exposição dos incisivos no
mordida profunda , onde a extru-
28
sorriso. Foi tratada com aparelho
são dos molares irá contribuir para autoligado associado a build-up
um ganho vertical no tratamento . 4
posterior e elásticos de Classe II.
Tal extrusão proporciona uma rota-
ção mandibular no sentido horário, CASO CLÍNICO 1
sendo essa uma estratégia tera- DESCRIÇÃO E DIAGNÓSTICO
pêutica utilizada na correção das
más oclusões que se desenvolvem Paciente do sexo feminino, 30 anos
na presença de alterações esque- de idade, em cuja análise facial
léticas verticais .39
frontal apresentou simetria, uma
boa proporção entre altura e lar-
Assim, por meio do relato de dois gura da face, terço inferior da face
casos clínicos, o presente artigo suavemente diminuído, em relação
tem o objetivo de exemplificar a ao terço médio, características dos
aplicabilidade clínica e a impor- braquifaciais. A análise lateral re-
tância dos levantes de mordida na velou um perfil reto, com equilíbrio
mecânica dos aparelhos autoliga- dos tecidos moles, boa postura dos
dos, para correção de discrepân- lábios em repouso; porém, o mento
cias verticais e sagitais. com projeção um pouco aumentada.
Na avaliação do sorriso, apresentou
RELATO DOS CASOS CLÍNICOS uma boa exposição dos incisivos e
com excelente relação vertical entre
Caso clínico 1: paciente Classe  I, os incisivos e os lábios. A região dos
padrão III suave, braquifacial, terço pré-molares se mostrou um pouco
inferior da face diminuído, e sobre- contraída (Fig. 1).
mordida aumentada. Foi tratada
com aparelho autoligado associa- A análise das arcadas dentárias
do a bite turbo anterior e elásticos revelou uma má oclusão de Clas-
verticais. Caso clínico 2: paciente se  I de Angle, com excelentes re-
Classe II, padrão  I, braquifacial, lações de pré-molares e caninos.

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A B C

Figura 1: Vistas extrabucais iniciais: perfil,


frente e sorrindo.

Linhas médias dentárias superior e pequenos diastemas. A arcada


e inferior coincidentes com a linha inferior revelou um suave apinha-
média facial, apesar da presença mento nos incisivos e pré-mola-
de um diastema entre os incisivos res, com inclinação lingual acen-
superiores. Sobremordida aumen- tuada e giroversão (Fig. 2).
tada, com curva de Spee profunda
na arcada inferior. Incisivos supe- A análise da radiografia pano-
riores com inclinação suavemente râmica mostrou ausência dos
diminuída e incisivos inferiores terceiros molares superiores e
com inclinação diminuída, para inferiores. Os incisivos centrais su-
compensar uma suave tendência periores apresentavam dilacera-
à Classe III, decorrente da altura ção em suas raízes. A crista óssea
facial inferior diminuída e con- alveolar entre os incisivos superio-
sequente rotação da mandíbula res revelou uma pequena fenda na
no sentido anti-horário. Esses linha de sutura intermaxilar. Os de-
aspectos são característicos dos mais dentes e estruturas perio-
braquifaciais. A arcada superior dontais apresentavam condições
apresentava um bom alinhamento de normalidade (Fig. 3).

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A B C

Figura 2: Vistas intrabucais iniciais do


paciente com má oclusão de Classe I de
D E Angle, com mordida profunda.

A análise cefalométrica inicial re- elásticos verticais, para promover a


velou um bom posicionamento da extrusão dos dentes posteriores.
maxila e suave protrusão mandi-
bular; ângulos dos planos oclusal e Deve-se evitar a desoclusão an-
mandibular diminuídos; altura do terior, em pacientes braquifa-
terço inferior facial diminuída, que ciais, nos estágios iniciais do tra-
são características dos braquifa- tamento com o uso de bite turbo,
ciais. Os incisivos superiores e in- para não sobrecarregar os inci-
feriores apresentavam um pouco sivos centrais superiores. Além
de retrusão e suave diminuição disso, quando os incisivos supe-
das suas inclinações (Fig. 4). riores apresentam inclinação ini-
cial diminuída, a força gerada no
O plano de tratamento ortodôntico bite turbo pela oclusão promove
consistiu, em um primeiro estágio, um vetor de força que passa por
em realizar o alinhamento e nive- distal dos centros de resistência
lamento da arcada superior, che- desses dentes, gerando um mo-
gando até ao fio retangular, com o mento, com tendência de dimi-
intuito de melhorar a inclinação dos nuição da sua inclinação. Dessa
incisivos superiores e aumentar o forma, a desoclusão anterior deve
seu suporte. Depois, foi instalado ser efetuada quando os incisivos
um bite turbo para efetuar a deso- superiores estiverem com arco
clusão anterior e nivelamento da ar- retangular e com a inclinação
cada inferior, auxiliado pelo uso de normalizada (Fig. 5)

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Figura 3: Radiografia panorâmica inicial. Figura 4: Telerradiografia lateral inicial.

A B

Figura 5: Relação da linha de ação de força


produzida pelo bite turbo com os incisivos
superiores, com inclinação reduzida e a
inclinação normal.

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A B C

Figura 6: Arcos iniciais 0,014” de NiTi


termoativados.

PLANO E PROGRESSO DO com o objetivo de melhorar a in-


TRATAMENTO clinação dos incisivos superiores
e dar suporte a esses dentes para
Foram utilizados os braquetes receber o bite turbo, efetuando a
In-Ovation C (GAC), slot 0,022”, desoclusão anterior (Fig. 7). Quan-
com prescrição Roth. O alinha- do finalizado o alinhamento da ar-
mento da arcada superior, por cada inferior, iniciou-se seu nive-
essa não apresentar problemas lamento, com arco 0,014” x 0,025”
de alinhamento, foi iniciado com de NiTi termoativado, juntamente
o arco 0,014” NiTi termoativado com elásticos verticais, para pro-
(Fig. 6). Os arcos seguintes utili- mover a extrusão dos dentes pos-
zados foram os de 0,014” x 0,025” teriores inferiores (Fig. 8). Na  ar-
e 0,018” x 0,025” NiTi termoativa- cada inferior, foi instalado o arco
dos. O tempo de permanência dos 0,018” x 0,025” de NiTi termoati-
arcos foi, em média, de 2 meses, o vado, com elásticos triangulares
que reduziu o número de consul- com componente de extrusão e
tas para efetuar suas trocas. O ali- de Classe II, para ajustes da in-
nhamento da arcada inferior foi tercuspidação (Fig. 9). O bite turbo
iniciado com o fio 0,013” NiTi ter- foi removido depois que o nivela-
moativado, seguido pelo fio 0,016” mento da arcada inferior ocorreu,
NiTi termoativado. Nesse momen- sendointroduzido um arco de aço
to, na arcada superior foi utilizado 0,019” x 0,025” para estabilizar os
um arco 0,019” X 0,025” de aço, resultados obtidos.

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A B C

Figura 7: Arco superior 0,019” x 0,025” de


aço com bite turbo; e arco inferior 0,014” de
D NiTi termoativado.

A B C

Figura 8: Arco superior 0,019” x 0,025”


de aço com bite turbo; e arco inferior
0,014” x 0,025” de NiTi termoativado, com
elásticos verticais posteriores.

A B C

Figura 9: Arco superior 0,020” de aço, com


bite turbo; e arco inferior 0,018” x 0,025”
de NiTi termoativado, e elásticos com
componente de Classe II e vertical.

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Figura 10: Vistas intrabucais da paciente


com caninos e molares em Classe I e a
relação dos incisivos normalizada.

RESULTADOS DO TRATAMENTO relação com os lábios. As linhas


médias dentárias, superior e infe-
A utilização do bite turbo para efe- rior, permaneceram coincidentes
tuar a desoclusão anterior, junto com a linha média facial (Fig. 11).
com elásticos verticais, conseguiu
corrigir a mordida profunda, com a A análise da radiografia pano-
extrusão dos dentes posteriores, râmica final não apresentou ne-
permitindo a verticalização dos nhuma alteração significativa
pré-molares. Os caninos e mo- em relação à radiografia inicial.
lares finalizaram em relação de Pode-se observar uma imagem
Classe I e a relação dos incisivos radiopaca na coroa dos incisivos
foi regularizada, diminuindo sua centrais superiores, que é um fio
inclinação (Fig. 10). de contenção para inibir a recidiva
do diastema (Fig. 12).
Facialmente, houve modificações
significativas. O aumento da di- Cefalometricamente, as alterações
mensão vertical promoveu uma mais relevantes foram: a extrusão
rotação da mandíbula no sentido dos dentes posteriores, o aumen-
horário, diminuindo a convexidade to da altura facial anteroinferior, o
facial, suavizando a projeção do aumento da inclinação dos incisi-
mento. Ocorreu uma melhora do vos inferiores, rotação da mandí-
sorriso, decorrente da expansão bula no sentido horário e diminui-
das arcadas, sem alteração da ção da convexidade facial (Fig. 13).

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Figura 11: Vistas extrabucais finais: perfil,


frente e sorrindo.

Figura 12: Radiografia panorâmica final.

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CASO CLÍNICO 2 tura dos lábios em repouso, mas


DESCRIÇÃO E DIAGNÓSTICO um pouco comprimido, devido à di-
minuição do terço inferior da face,
Paciente do sexo feminino, 35 anos levando a uma suave diminuição
de idade. A análise facial frontal do ângulo nasolabial e um apro-
apresentou terço inferior suave- fundamento do sulco mentolabial.
mente reduzido, com um pouco A  avaliação do sorriso apresentou
de assimetria da face, com o lado uma relação vertical deficiente
direito mais alongado e desvio do entre incisivos e lábios, com uma
mento para a esquerda. A análise exposição de 50% dos incisivos
lateral revelou boa convexidade fa- superiores. A presença de espaços
cial, porém, com um botão mento- escuros nos corredores bucais re-
niano pronunciado, característico velou uma suave atresia da arcada
do padrão braquifacial. Boa pos- superior (Fig. 14).

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Figura 13: Telerradiografia em norma lateral


final e os traçados cefalométricos, com
D sobreposição dos traçados inicial com o final.

A B C

Figura 14: Vistas extrabucais iniciais: perfil,


frente e sorrindo.

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Figura 15: Vistas intrabucais iniciais da


D E paciente com má oclusão Classe II de Angle.

A análise das arcadas dentárias A análise da radiografia panorâ-


revelou uma má oclusão de ¼ de mica mostrou a ausência dos ter-
Classe II de molares e pré-molares, ceiros molares e uma condição
½ Classe II de caninos e desvio de de normalidade das demais es-
2mm na linha média inferior para a truturas dentárias e periodontais.
direita, em relação à superior. So- A assimetria da mandíbula pode
bremordida e sobressaliência au- ser observada com o seu corpo,
mentadas, com curva de Spee pro- do lado esquerdo, um pouco maior
funda na arcada inferior. Na análise que o direito (Fig. 16).
em vista oclusal, as arcadas apre-
sentavam apinhamento moderado A análise cefalométrica inicial re-
localizado na região dos incisivos. velou um bom posicionamento da
Outro aspecto clínico importante é maxila e a mandíbula um pouco
a relação das superfícies vestibu- recuada. Revelou, ainda, um terço
lares dos pré-molares superiores, inferior da face diminuído e com
que se encontravam mais palati- os planos palatino, oclusal e man-
nizadas em relação à borda WALA. dibular hipodivergentes, caracte-
Essa relação é um indicador de um rísticas dos braquifaciais mais
possível ganho transversal, nessa severos. Os incisivos superiores
região, com a expansão dentoal- apresentavam uma inclinação
veolar promovida pelos arcos com aumentada e os inferiores, dimi-
formato Damon (Fig. 15). nuída (Fig. 17).

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Figura 16: Radiografia panorâmica inicial. Figura 17: Telerradiografia lateral inicial.

PLANO E PROGRESSO DO o  braquifacial, uma alternativa


TRATAMENTO muito usada é o levante de mordi-
da anterior. Contudo, três fatores
O plano de tratamento ortodôn- fizeram que o uso do bite turbo an-
tico consistiu em efetuar o ali- terior fosse descartado: o trespas-
nhamento e, ao mesmo tempo, o se horizontal aumentado, a pouca
nivelamento das arcadas, com o exposição dos incisivos superiores
auxílio da desoclusão posterior, no sorriso e uma recessão gengival
por meio de build-up posterior e no incisivo central superior esquer-
uso de elásticos de Classe II. do. O build-up posterior foi efetua-
do nos segundos molares supe-
Foram utilizados os braquetes riores, com cimento de ionômero
Inovation C (GAC), slot 0,022”. O ali- de vidro azul (Resilience). Foram
nhamento das arcadas superior utilizados, inicialmente, elásticos
e inferior foi iniciado com arcos de Classe II ¼ leves, para promover
0,014” termoativados. Na fase ini- a retração com extrusão dos inci-
cial, realiza-se a desoclusão com sivos superiores e a vestibulariza-
build-up posterior ou bite turbo an- ção dos incisivos inferiores. Essa
terior. Nesse tipo de padrão facial, mecânica “multitarefas” — que é a

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Figura 18: Arco superior 0,018” de NiTi


termoativado; e arco inferior 0,014” de NiTi
termoativado, com build-up e elásticos de
Classe II.

instalação do aparelho nas duas alterados para ¼” médios; quando


arcadas, com desoclusão posterior foram introduzidos os arcos retan-
e uso dos elásticos intermaxilares, gulares, as forças foram acentua-
ao mesmo tempo  —  no início da das conforme o aumento do calibre
abordagem é muito eficiente, pois dos arcos. Nessa fase, o paciente
reduz o tempo de tratamento, em pode marcar consultas bimestrais
comparação à mecânica conven- para troca dos arcos. Quando a
cional. Na mecânica convencional, arcada inferior foi nivelada, os le-
se efetuaria primeiro o nivelamen- vantes de mordida posterior foram
to, que corresponderia à correção removidos (Fig. 19).
dos problemas verticais, para de-
pois iniciar-se a correção dos pro- Após os arcos de NiTi termoati-
blemas sagitais. A arcada superior vados, foram utilizados os de aço
se alinhou mais rapidamente do 0,017” x 0,025”. Na arcada superior,
que a arcada inferior; assim, o fio foram efetuadas dobras de extru-
0,014” permaneceu por 8 sema- são da unidade 21, para diminuir
nas. Na arcada superior, as trocas a diferença de alturas dos zênites
dos fios foram mais precoces, em em relação à unidade 11. Na arcada
relação à inferior (Fig. 18). inferior, foram fechados os espa-
ços entre os incisivos, provenientes
A sequência de arcos NiTi ter- dos desgastes interproximais ante-
moativados utilizados em am- riores, com elásticos em corrente
bas as arcadas foi: 0,014”; 0,018”; posicionados por baixo do arco. Os
0,014” x 0,025”; 0,018” x 0,025”; efe- desgastes foram efetuados para
tuando-se o alinhamento e nive- corrigir a discrepância de Bolton e
lamento das arcadas. Os elásticos para fechar alguns espaços escu-
intermaxilares de Classe II foram ros entre os incisivos (Fig. 20).

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A B C

Figura 19: Arco superior 0,017” x 0,025” de


aço, e arco inferior 0,018” x 0,025” de NiTi
termoativado, com elásticos de Classe II.

A B C

Figura 20: Arcos superior e inferior


0,017” x 0,025” de aço, com elásticos de
Classe II.

RESULTADOS DO TRATAMENTO Facialmente, houve modificações


significativas: o pequeno aumen-
Ao término do tratamento, a re- to em altura do terço inferior da
lação de molares, pré-molares face, e o recuo dos incisivos su-
e caninos finalizou em Classe I. periores melhoraram o ângulo
A  oclusão final apresentou 1mm nasolabial e o sulco mentolabial.
de desvio da linha média inferior Essas alterações propiciaram um
para a esquerda, em relação à li- posicionamento mais harmonioso
nha superior. Os trespasses ho- dos lábios. Ocorreu uma melhora
rizontal e vertical dos incisivos importante no sorriso, decorrente
foram normalizados. A altura do da extrusão e retração dos incisi-
zênite do incisivo central direito vos superiores, que permitiu um
ficou 1mm mais baixa que a do aumento de exposição dos dentes
lado esquerdo (Fig. 21). anteriores, porém, sem mostrar a

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Figura 21: Vistas intrabucais finais da


paciente.

diferença entre os zênites dos in- molares superiores, com ionômero


cisivos centrais. O sorriso também de vidro colorido (azul), para facilitar
ficou um pouco mais amplo, em de- sua posterior remoção. Mas, se os
corrência da expansão da arcada segundos molares ainda não tive-
superior na região de pré-molares. rem irrompido ou estiverem em fase
A linha média dentária superior fi- de erupção, o levante de mordida
cou coincidente com a linha média pode ser feito na face oclusal dos
facial, apesar da suave assimetria primeiros molares superiores. A ins-
mandibular (Fig. 22). talação dos build-ups pode ser feita
da seguinte maneira: 1) limpeza da
A análise da radiografia panorâmi- superfície oclusal, com pedra-po-
ca final não apresentou nenhuma mes; 2) condicionamento do esmal-
alteração significativa em relação te da superfície oclusal, evitando-se
à radiografia inicial (Fig. 23). Ce- os sulcos; 3)  lavagem e secagem;
falometricamente, as alterações 4)  aplicação do ionômero em toda
mais relevantes foram: os incisi- a superfície, com uma espátula de
vos superiores foram retraídos e inserção; 5) dispersão e regulariza-
extruídos; os incisivos inferiores ção da superfície do ionômero, com
foram inclinados para vestibular; um microbrush longo embebido
a mandíbula rotou suavemente no em adesivo; 6) fotopolimerização;
sentido horário, aumentando o ter- 7) ajuste da superfície do ionômero
ço inferior da face (Fig. 24). com uma broca diamantada, com o
objetivo de formar um platô e prover
O build-up deve ser feito, de prefe- toques similares nos dois lados da
rência, na face oclusal dos segundos arcada (Fig. 25).

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A aplicabilidade clínica e a importância dos levantes de mordida na mecânica dos aparelhos autoligados 53

A B C

Figura 22: Vistas extrabucais finais: perfil,


frente e sorrindo.

Figura 23: Radiografia panorâmica final.

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54 Villela HM, Itaborahy W, Pádua MLM, Itaborahy R

A B C

A B C D

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A aplicabilidade clínica e a importância dos levantes de mordida na mecânica dos aparelhos autoligados 55

Figura 24: Telerradiografia em norma


lateral final e traçados cefalométricos, com
D sobreposição dos traçados inicial com o final.

Figura 25: Passos clínicos para instalação


E do buil-up posterior.

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56 Villela HM, Itaborahy W, Pádua MLM, Itaborahy R

DISCUSSÃO aconselhável instalar os bite tur-


bos quando a arcada superior es-
O bite turbo na região anterior tiver com um fio retangular, para
proporcionou rotação horária do dar maior suporte a esses dentes,
plano mandibular, extrusão dos principalmente nos pacientes que
molares e correção da sobremor- apresentam um padrão muscular
dida. A rotação mandibular é uma mais potente. Esses dispositivos
estratégia terapêutica utilizada não devem ser utilizados quando
na correção das más oclusões houver algum problema periodon-
que se desenvolvem na presença tal nos dentes anteriores, bem
de alterações esqueléticas verti- como se houver um trespasse ho-
cais. A sobremordida é mais pre- rizontal aumentado.
valente em pacientes com face
curta40 e, em tais pacientes, um O build-up associado aos elásti-
dos objetivos é rotar a mandíbula cos de Classe II proporcionou a
em sentido horário. Isso só é pos- extrusão dos dentes anteriores,
sível com a extrusão dos molares. melhorando a linha do sorriso, ge-
Para tal, deve-se utilizar dispo- rando uma rotação horária do pla-
sitivos que liberem a oclusão na no oclusal e um aumento do terço
região posterior39. inferior da face41,42.

Os bite turbos não devem ser insta- Mesmo sendo indicados para
lados quando os incisivos apresen- pacientes hiperdivergentes, os
tarem inclinações reduzidas, pois build-ups posteriores podem ser
a linha de ação da força produzida indicados para pacientes braqui-
pelo toque dos incisivos inferiores faciais, quando esses apresen-
passará por distal dos incisivos tam linha do sorriso baixa, expon-
superiores, gerando um momento do pouco os dentes anteriores;
que dificultará a correção da sua uma vez associados aos elásti-
inclinação. Para evitar problemas cos, possibilitarão a extrusão dos
no periodonto dos incisivos su- dentes anteriores, melhorando a
periores, causado por traumas, é linha do sorriso41,42.

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A aplicabilidade clínica e a importância dos levantes de mordida na mecânica dos aparelhos autoligados 57

Os build-ups devem ser localizados uma boa inclinação e usando arco


nos segundos molares superiores retangular. Alguns fatores contrain-
em toda a face oclusal, formando dicam seu uso, como: trespasse
uma pista, e dando liberdade à ar- horizontal aumentado, periodonto
cada inferior. Normalmente, ocorre comprometido e incisivos com in-
intrusão dos segundos molares, clinação reduzida.
auxiliando no nivelamento da cur-
va de Spee28. Quando essa intrusão O build-up posterior associado ao
não é desejada, se faz, então, o uso uso do elástico de Classe II, além
de build-ups nos primeiros e se- de auxiliar no nivelamento das ar-
gundos molares superiores. cadas, propicia uma rotação do
plano oclusal, com uma maior ex-
CONCLUSÃO trusão dos incisivos superiores.
Esses diferentes tipos de recursos
O sistema de aparelhos autoliga- de levante de mordida obtêm exce-
dos não envolve somente a utili- lentes resultados estéticos faciais
zação de braquetes e tubos auto- finais nas diferentes situações clí-
ligados, mas também o uso de fios nicas. O sucesso da utilização dos
termoativados de alta tecnologia, levantes de mordida envolve uma
associados ao levante de mordida, indicação precisa e no momento
bem como a aplicação de uma es- mais adequado; para tal, o orto-
tratégia multitarefas. Os levantes dontista precisa se familiarizar
de mordida anterior (bite turbo) e com esse novo sistema de trata-
posterior (build-up) se mostraram mento ortodôntico.
eficientes nas correções das más
oclusões nas diferentes situações ABSTRACT
clínicas, pois permitem a instala-
ção imediata dos braquetes e tu- Clinical applicability and impor-
bos, em pacientes com mordida tance of bite lifting for self-ligating
profunda. O bite turbo anterior deve brackets mechanics. Introduction:
ser instalado nos incisivos superio- Bite lifting is an important resource
res quando esses estiverem  com used in self-ligating appliance  sys-

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58 Villela HM, Itaborahy W, Pádua MLM, Itaborahy R

tems. It allows orthodontic appli- cases were treated with self-li-


ances to be immediately placed in gating interactive bracket systems
both dental arches, in addition to which reduced treatment time while
providing quicker tooth movement maintaining the efficiency of correc-
and stimulating arch expansion by tion. Results: In both cases, molars,
freeing the arches from occlusal premolars and canines achieved
contact. Bite lifting might be posteri- a Class I relationship. Conclu-
or or anterior, known as build-up or sion: The choice of the bite lifting re-
bite turbo, respectively. It  is recom- source to be used relies on diagnosis
mended based on the type of mal- and the need for tooth movement,
occlusion and facial pattern, yielding especially regarding the relationship
different outcomes. Objective: To re- between maxillary incisors and lips.
port two clinical cases subject to The self-ligating interactive brack-
different approaches for correction et system combined with bite lifting
of malocclusion in brachyfacial pa- and intermaxillary elastics proved
tients with deep bite and decreased efficient at correcting malocclusion
lower face: case 1, anterior bite lift- in brachyfacial patients with deep
ing and vertical elastics for extrusion bite and decreased lower face. Key-
of posterior teeth; case  2, posterior words: Self-ligating bracket system.
bite lifting and Class II elastics. Both Bite lifting. Build-up. Bite turbo.

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