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Resumo
* Especialista em Ortodontia - USP Bauru. Professor e Diretor científico do Grupo Straight-wire do Rio de Janeiro. Coordenador do curso de Especia-
lização em Ortodontia – CPOSLM/RJ. Mestre em Ortodontia - CPOSLM/RJ.
** Especialista em Ortodontia – Unigranrio. Especialista em Estomatologia - Unigranrio. Especialista em Radiologia – ABORJ.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 57 Maringá, v. 13, n. 5, p. 57-75, set./out. 2008
Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
A B C
D E F
G H I
J K L
FIGURA 1 - Fotos iniciais: A) lado direito em Classe I; B) desvio da linha média superior para o lado direito; C) lado esquerdo em Classe II. D, E, F) Início do fechamento de
espaços. G, H, I) Final do fechamento de espaços com linha média sobrecorrigida. J, K, L) Caso finalizado.
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MARASSI, C.; MARASSI, C.
10 mm 8 mm
8 mm 6 mm
6 mm 4 mm
4 mm 2mm
FIGURA 3 - Diferentes possibilidades de posicionamento vertical do mini-im- FIGURA 4 - Retração anterior com vetor de força intrusivo para os incisivos
plante e diferentes alturas do apoio da região anterior. superiores.
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Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
Retração com vetor de força intrusivo tende a causar giro do plano oclusal no sentido
Este tipo de retração é indicado para indivídu- horário, aumentando a exposição dos dentes ante-
os que apresentem sobremordida aumentada por riores. Na mandíbula, há uma tendência de giro do
extrusão dos incisivos, sendo obtido, usualmente, plano oclusal no sentido anti-horário, auxiliando
com instalação de mini-implante afastado do fio no fechamento da mordida. A correção da mor-
e um gancho ou apoio curto na região anterior dida aberta pode ser potencializada pelo uso de
(Fig. 4). Este tipo de vetor de força tende a cau- elásticos ligando os mini-implantes ao fio na re-
sar na maxila um giro do plano oclusal no senti- gião posterior, para intrusão dos molares inferio-
do anti-horário. Na mandíbula, a retração tende res, o que irá favorecer ainda mais o giro do plano
a promover um giro do plano oclusal no sentido mandibular no sentido anti-horário e auxiliar de
horário. Para potencializar o efeito intrusivo dos modo significativo a correção dessa má oclusão. Na
incisivos, o gancho na região anterior poderá ser maxila, pode-se unir os mini-implantes ao fio no
voltado para oclusal (Fig. 13A), ao invés do senti- segmento posterior (Fig. 6) ou utilizar um mini-
do convencional. Esta mecânica é contra-indicada implante na sutura palatina, conectado a ganchos
para indivíduos que têm sobremordida diminuída instalados na barra transpalatina, para obtenção de
ou mordida aberta. Os vetores de força intrusivos controle vertical dos molares durante a retração
gerados pelo uso dos mini-implantes também ten- anterior18. Deve-se atentar para o fato de que a
dem a ser desfavoráveis em retrações unilaterais, intrusão dos molares superiores provoca, também,
podendo causar uma inclinação de plano oclusal giro do plano oclusal maxilar no sentido horário,
frontal, por intrusão de apenas um dos lados do podendo aumentar em excesso a exposição dos in-
arco5,8. cisivos superiores5,8.
Retração com vetor de força extrusivo Retração com vetor de força intermediário
Este tipo de retração é utilizado para casos de Utilizado para os indivíduos que apresentam
mordida aberta anterior, onde o mini-implante sobremordida próxima à normal, quando se dese-
é instalado próximo ao fio, associado a ganchos ja pouca ou nenhuma alteração do plano oclusal.
longos na mesial dos caninos, para potencializar Mesmo em pacientes com sobremordida normal,
a extrusão dos incisivos e o fechamento da mor- utiliza-se um vetor de força um pouco intrusi-
dida (Fig. 5). Recomenda-se avaliar se o grau de vo, para compensar a tendência de extrusão dos
exposição dos incisivos permite esta abordagem incisivos, que ocorre durante e retração anterior
na maxila, pois, apesar de eficiente, esta mecânica (Fig. 7)5,8.
FIGURA 5 - Retração anterior com vetor de força extrusivo para os incisivos FIGURA 6 - Retração anterior associada a controle vertical dos molares su-
superiores. periores.
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FIGURA 7 - Retração anterior com vetor intermediário para os incisivos supe- FIGURA 8 - Retração anterior com vetor de força intermediário associado a
riores e inferiores. intrusão anterior, com mini-implante instalado entre os incisivos.
O controle vertical dos incisivos pode, ainda, serida apresentam melhores resultados e são mais
ser obtido com dobras incorporadas ao arco ou cômodos para os pacientes. O ortodontista deverá
com a instalação de mini-implante na região ante- avaliar se, realmente, será válida uma instalação
rior, para intrusão dos incisivos, durante a fase de em mucosa alveolar para obter um vetor mais in-
retração (Fig. 8). Esta mecânica está indicada para trusivo. O seio maxilar, usualmente, está presente
indivíduos com faixa estreita de gengiva inserida na região de molares superiores a partir de 8mm
no segmento posterior ou com presença de seio da crista óssea alveolar e deverá ser evitado duran-
maxilar baixo, que impeçam a instalação de mini- te a instalação do mini-implante.
implante mais apical2,5,8,12. A inserção do mini-implante próxima ao limite
oclusal de instalação (ponto de inserção em torno
Posicionamento vertical e ângulo de de 4 a 5mm acima da papila) está indicada para
instalação dos mini-implantes1,5,8,12 casos de mordida aberta anterior. Esta instalação
Quando os mini-implantes forem utilizados pode ser associada com o uso de ganchos longos
como ancoragem direta, a altura da instalação dos na região anterior, para potencializar o fechamen-
mesmos irá in uenciar signiicativamente a linha to de mordida aberta anterior, em casos onde seja
de ação da força utilizada na retração dos incisivos. possível o aumento de exposição dos incisivos.
O ortodontista deverá escolher a altura de insta- A instalação em altura intermediária (ponto
lação de acordo com seus objetivos de tratamen- de inserção em torno de 6 a 8mm acima da papi-
to, levando em conta as limitações anatômicas de la) é desejável para os indivíduos que apresentem
cada paciente. sobremordida normal ou um pouco aumentada.
Uma instalação mais apical, ou seja, mais afas- Na grande maioria das retrações, o ortodontista
tada da crista óssea e do io ortodôntico (ponto deseja manter a inclinação do plano oclusal fron-
de inserção 8mm ou mais acima da papila) está tal. Para isso, é importante que os mini-implantes
indicada nos casos onde se pretende um movi- sejam instalados na mesma altura do lado direito e
mento de retração anterior, associado à intrusão esquerdo, pois alturas diferentes podem gerar des-
dos incisivos. Esta instalação é limitada pela faixa níveis do plano oclusal no segmento anterior (Fig.
de gengiva inserida disponível e pela presença do 9). Recomenda-se medir a distância entre o io or-
seio maxilar. De um modo geral, a linha muco- todôntico e a perfuração de um lado e reproduzir
gengival representa o limite apical de instalação, esta distância do lado oposto. Seria interessante
pois os mini-implantes instalados em gengiva in- utilizar, também, a mesma angulação de instalação
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Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
FIGURA 9 - Posicionamentos verticais diferentes dos mini-implantes podem FIGURA 10 - Ancoragem indireta para retração anterior.
gerar desníveis do plano oclusal no segmento anterior.
dos mini-implantes, para que suas extremidades A ancoragem indireta tem esta vantagem de in-
fiquem eqüidistantes do fio do lado direito e es- uenciar pouco nos vetores de força da retração,
querdo. Ao planejar a altura da instalação de um porém, se houver mobilidade do mini-implante,
mini-implante que será inserido angulado, deve-se pode haver movimentação dos dentes da unidade
levar em conta que sua extremidade ficará mais de ancoragem.
oclusal do que o ponto de marcação da perfura-
ção. Portanto, o ponto de perfuração deverá ser Ponto de aplicação de força5,8,21
ligeiramente mais cervical do que o ponto progra- Na mecânica de deslize, utilizam-se ganchos
mado como origem do vetor de força. no io como ponto de aplicação da força para a
Para indivíduos que apresentem plano oclu- retração anterior. Estes ganchos podem ser pren-
sal frontal inclinado, será desejável a instalação sados, rosqueados, ixados ao io com solda de
de mini-implantes em diferentes alturas, gerando prata ou solda de microponto, gancho dos pró-
um vetor de força com componente mais intrusi- prios acessórios dos caninos ou, ainda, utilizar
vo em um dos lados, para melhoria ou acerto da braços de força colados diretamente aos dentes.
inclinação do plano alterado. Caso a inclinação Os ganchos pré-fabricados são disponibilizados
do plano oclusal atinja também o segmento pos- em mais de uma altura (Fig. 11) e os ganchos
terior, um módulo elástico poderá ser ligado do soldados podem ser individualizados de acordo
mini-implante ao fio na região dos molares que com cada caso (Fig. 12).
necessitam de intrusão, tomando-se o cuidado de A altura do gancho irá desempenhar um papel
controlar a tendência de vestibularização, devida à fundamental na determinação da linha de ação de
força intrusiva. força. Ganchos mais curtos tendem a gerar veto-
Para retração anterior com ancoragem indireta, res de força mais intrusivos para a região anterior.
a altura da instalação do mini-implante não será Pode-se optar por instalar os ganchos para oclu-
tão importante quanto na retração com ancora- sal e, ainda, deslocá-los da mesial para a distal dos
gem direta, pois o mini-implante estará apenas es- caninos, aumentando ainda mais o vetor intrusivo
tabilizando os elementos posteriores e a biomecâ- sobre os elementos dentários dessa região. (Fig.
nica utilizada pelo ortodontista será praticamente 13A). Ganchos de altura intermediária são uti-
a mesma dos tratamentos convencionais (Fig. 10). lizados quando não se deseja alteração do plano
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FIGURA 11 - Ilustração de dois ganchos rosqueáveis FIGURA 12 - Gancho longo soldado com microponto
pré-fabricados com diferentes alturas. utilizado na retração anterior, com linha de ação de
força ligeiramente extrusiva para os incisivos supe-
riores.
A B C
FIGURA 13 - Diferentes alturas de instalação dos ganchos geram diferentes vetores de força para a retração anterior.
oclusal ou pouca modificação vertical na região do mini-implante mais apical, mantendo-se, desta
anterior (Fig. 13B). forma, vetores de força semelhantes para os dois
Em casos de mordida aberta anterior, sugere- lados.
se o uso de ganchos mais longos, para evitar ve- É importante observar que, à medida que a
tor intrusivo sobre os incisivos ou proporcionar retração anterior progride, o ponto de aplicação
um vetor extrusivo para os mesmos (Fig. 13C). de força (gancho) vai se aproximando do mini-
Existem, no entanto, limitações para a altura dos implante e a linha de ação de força vai ficando
ganchos, como o comprometimento estético e a cada vez mais vertical, gerando vetores de força
altura do fundo de vestíbulo. Estas limitações po- mais intrusivos para os incisivos. Eventualmente,
dem ser contornadas com colagem de ganchos poderá ser favorável aumentar a altura do gancho
nos caninos por palatina e retração executada por durante a fase de retração anterior, para obter uma
mini-implantes instalados no processo alveolar linha de ação de força mais paralela ao plano oclu-
palatino, entre os primeiros e os segundos molares sal (Fig. 14).
superiores. Em casos específicos, onde se deseja reduzir
Para auxiliar na retração anterior de indivíduos o tempo de uso de aparelhos fixos, uma placa de
que apresentam inclinação do plano oclusal fron- acetato removível pode servir de apoio para a re-
tal, o ortodontista pode utilizar um gancho mais tração anterior (Fig. 15). Nesta alternativa, inicia-
curto do lado que se pretende maior intrusão an- se o tratamento com exodontia dos pré-molares
terior. Uma variação da altura do gancho também e fechamento parcial ou total do espaço da ex-
pode ser utilizada para compensar uma instalação tração, utilizando uma placa com gancho próxi-
assimétrica de mini-implantes que não havia sido mo ao centro de resistência dos dentes anteriores.
planejada, instalando-se um gancho mais curto do Esta alternativa será mais favorável em indivíduos
lado que o mini-implante ficou mais oclusal e um com inclinação aumentada dos incisivos, angula-
gancho mais longo do lado onde houve instalação ção aumentada dos caninos, sobremordida dimi-
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Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
A B
FIGURA 14 - A) Retração com gancho curto e vetor de força intrusivo para os incisivos. B) Mudança para gancho longo: vetor de força mais paralelo ao plano oclusal.
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Força utilizada
Existem ilosoias de tratamento que preconi-
zam a retração prévia de caninos como forma de re-
duzir a perda de ancoragem durante a retração an-
FIGURA 16 - Início da retração anterior com fio de aço redondo para corrigir terior. Uma vez que a utilização de mini-implantes
rapidamente a inclinação dos incisivos.
representa uma alternativa eicaz de ancoragem, a
retração prévia de caninos para este im passa a ser
inclinação dos incisivos significativamente au- desnecessária. Caso o ortodontista preira fazer a
mentada e espaços de extrações diminuídos, po- retração anterior em duas etapas, poderá utilizar os
de-se optar por executar a retração anterior com mini-implantes para retrair os caninos e, depois, os
fio de aço redondo 0,020” ou até 0,018”, permi- incisivos. No entanto, a retração em massa traz uma
tindo rápida redução da inclinação destes dentes importante vantagem na redução do tempo de tra-
(Fig. 16). Esta estratégia é particularmente inte- tamento1, além de se apresentar como uma forma
ressante em pacientes que, além de inclinação mais estética de retração, pois evita a abertura de
aumentada, apresentam mordida aberta anterior, diastemas entre os caninos e os incisivos laterais.
pois os efeitos colaterais de inclinação palatina e Para a retração em massa, preconiza-se força de
extrusão dos incisivos serão favoráveis6,10. 150 a 300cN de cada lado (1 Newton = 100cN =
A linha de ação de força obtida com a anco- 102g, portanto 150 a 300cN equivalem ao que os
ragem direta dos mini-implantes irá in uenciar ortodontistas se referem, usualmente, como 150
na inclinação vestíbulo-lingual dos incisivos, pois a 300g, mas a medida de grandeza correta para
quanto mais oclusal estiver esta linha em relação força é o Newton). Este nível de força é suicien-
ao centro de resistência dos dentes anteriores, te para o fechamento de 0,5 a 1,0mm de espaço
maior será a tendência de inclinação dos incisivos por mês, com possibilidade de controle adequado
para palatina ou lingual. Portanto, o ortodontista dos efeitos colaterais. Forças mais intensas tendem
deverá icar atento em casos de instalação apical a produzir vários efeitos colaterais indesejáveis e
de mini-implantes associados a ganchos curtos. podem levar até à perda dos mini-implantes. É
Para aproximar a linha de ação de força do CR muito importante o uso do dinamômetro, pois há
dos incisivos é favorável a instalação dos mini- tendência dos ortodontistas usarem mais força do
implantes de 8 a 10mm acima do io e utilizar que pensam que estão aplicando14. Em média, os
ganchos de 6 a 8mm de altura na região anterior. mini-implantes suportam forças em torno de 200
O CR dos dentes anteriores está localizado, apro- a 400cN. Esse limite varia de acordo com o padrão
ximadamente, 10mm acima e 7mm posterior aos facial (maior limite em braquifaciais), com o tipo
acessórios dos incisivos centrais (que apresentam de osso onde o mini-implante foi instalado (maior
inclinações normais)5,8. resistência em cortical mais espessa) e com o diâ-
Alguns clínicos utilizam como estratégias me- metro do mini-implante3,4,8,17.
cânicas deixar os incisivos inclinarem para pala- A retração anterior poderá ser iniciada no mes-
tina para, após o fechamento de espaço, aplicar mo dia da instalação do mini-implante, pois a esta-
torque vestibular de coroa, visando reduzir a per- bilidade destes se dá, principalmente, por retenção
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Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
FIGURA 17 - Retração anterior utilizando módulo elástico. FIGURA 18 - Comparação entre mola de nitinol com encaixe convencional (A) e
mola com encaixe especial para uso com mini-implantes (B).
A B
FIGURA 19 - A) Detalhe aproximado da cabeça do mini-implante, dimensionada para encaixe de molas de nitinol. B) Mola de nitinol encaixada diretamente sobre a
cabeça do mini-implante.
mecânica e não por osteointegração. As avaliações (Fig. 18) e algumas empresas adaptaram a parte
histológicas, inclusive, têm demonstrado maior externa dos mini-implantes para receber as mo-
área de contato ósseo com os mini-implantes que las já existentes no mercado, dispensando o uso
receberam carga precoce do que com os que não de molas especiais ou a fixação destas com fio de
receberam força ou que receberam carga após amarril (Fig. 19). Apesar de supostamente super-
maior período de descanso4,8,17. elásticas, a força desprendida pelas molas deve ser
Na mecânica de deslize, a ativação da retra- medida, pois a intensidade varia de acordo com a
ção pode ser feita por meio de molas de nitinol distância entre o mini-implante e o gancho. Usu-
super-elásticas, molas de nitinol convencionais, almente, utilizam-se molas de 150g ou 200g, que
módulos elásticos para retração (Fig. 17) ou por geram forças maiores do que isto quando instala-
módulos elásticos em cadeia. As molas de niti- das. Caso decida-se pelo uso de módulos elásticos,
nol super-elásticas são as mais recomendadas, por forças iniciais excessivas devem ser evitadas.
apresentarem menor variação de força. Existem Como os mini-implantes tendem a ficar mais
molas especiais para encaixe em mini-implantes estáveis com o uso, pelo aumento da densidade ós-
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sea ao seu redor, em resposta à demanda funcional através da técnica do paralelismo, utilizando-se po-
(estabilidade secundária), recomenda-se começar sicionador, com a fonte de radiação bem perpendi-
a retração com uma força menor do que a pro- cular ao local de instalação. Estas radiografias serão
gramada, para aumentar a chance de sucesso do utilizadas para avaliar a possibilidade do contato do
mini-implante15,17. mini-implante com estruturas anatômicas impor-
tantes e para verificar se há espaço interdentário su-
Momento ideal de instalação dos ficiente. Para mini-implantes de 1,5mm de diâme-
mini-implantes tro, sugere-se um espaço mínimo de 2,5mm entre
Em casos onde há necessidade de retração ini- as raízes (ou espaço de 3,5mm para os profissionais
cial de caninos, os mini-implantes podem ser ins- que ainda não têm experiência na instalação). To-
talados já no início do tratamento, para auxiliar mografias computadorizadas de aquisição volumé-
na melhoria do alinhamento e, posteriormente, o trica podem ser indicadas em casos específicos.
mesmo mini-implante poderá ser utilizado para a Se não houver espaço suficiente entre as raí-
retração anterior. Caso o mini-implante seja ne- zes no primeiro sítio de instalação escolhido, o
cessário somente na fase de retração, recomenda- ortodontista poderá: 1) optar por outro sítio de
se que a instalação do mesmo seja feita após todo instalação; 2) aguardar até o final da fase de ali-
o sistema de retração ser instalado, para que o dis- nhamento e nivelamento, quando as raízes estarão
positivo comece a ser utilizado logo após sua ins- mais bem posicionadas e os espaços entre as raízes
talação. Se os mini-implantes forem inseridos no normalmente estarão mais favoráveis; 3) fazer um
início do tratamento e só forem usados na fase de preparo ortodôntico para a instalação dos mini-
retração, ficarão meses sujeitos a problemas, sem implantes, utilizando colagens atípicas ou fios seg-
necessidade13,16,17. mentados para, deliberadamente, afastar as raízes
dos dentes vizinhos ao local de instalação. Como a
PRINCIPAIS LOCAIS DE INSTALAÇÃO DOS fase de retração anterior ocorre meses após o início
MINI-IMPLANTES do tratamento, o ortodontista poderá facilmente,
Devido ao seu diâmetro reduzido, os mini- do ponto de vista biomecânico, fazer este preparo
implantes podem ser instalados em diversos locais do espaço para a instalação do mini-implante no
para auxiliar na retração anterior. Sugere-se que o local mais favorável.
ortodontista selecione dois ou três possíveis sítios
de instalação, levando em conta a direção dos veto- Possíveis locais de instalação no arco
res de força em relação ao centro de resistência dos superior4,5,7,8,12
dentes anteriores. O planejamento biomecânico Para retração anterior no arco superior as op-
prévio à instalação é muito importante e não deve ções de instalação, em ordem de preferência, são:
ser subestimado pelo ortodontista. Recomenda-se 1) Processo alveolar vestibular entre primeiros
a elaboração de um esquema, descrevendo a linha molares e segundos pré-molares. Este é o local de
de ação de força e as mecânicas que serão utiliza- instalação mais utilizado para a retração ântero-
das para as diferentes possibilidades de locais de superior com ancoragem direta. Pode ser utilizado
inserção. A partir desta análise, o ortodontista irá também para ancoragem indireta, ligando-se o mi-
apontar qual o local mais favorável e qual será a ni-implante aos segundos pré-molares. Eventual-
segunda e, eventualmente, terceira opção de sítio mente, este sítio pode não estar disponível, devido
de instalação10,13. ao espaço reduzido entre as raízes ou à curvatura
Radiografias periapicais e interproximais dos aumentada da raiz mesiovestibular do primeiro
possíveis sítios de instalação devem ser obtidas molar superior. Em casos de exodontia de segun-
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Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
FIGURA 21 - Ilustração de mini-implantes utilizados como ancoragem indireta, FIGURA 22 - Ancoragem indireta com mini-implante instalado na tuberosi-
instalados entre os primeiros e os segundos molares. dade maxilar.
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FIGURA 23 - Ancoragem indireta para retração FIGURA 24 - Sítio de instalação para retração ante-
ântero-inferior. rior com ancoragem direta.
A B
C D E
FIGURA 25 - A) Início da retração de incisivos, caninos e pré-molares com ancoragem indireta de mini-implantes. B) Continuação da retração anterior em massa, com
ancoragem indireta. C) Próximo ao final da fase de retração anterior. D) Retração anterior em massa concluída sem preocupação com a ancoragem. E) Foto final.
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Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
3) Distal do segundo molar (Fig. 25) ou região vação nesta região, pois a infecção e a in amação
retromolar (Fig. 26), para uso de ancoragem indi- peri-implantar podem levar à perda dos mini-im-
reta. plantes. Em casos de diiculdade na limpeza mecâ-
A tabela 1 apresenta sugestões para a escolha nica, recomenda-se embeber a escova em solução
de modelos de mini-implantes, de acordo com o de gluconato de clorexidina 0,12% ou, preferen-
local de aplicação. cialmente, em gel de digluconato de clorexidina
a 0,2% e aplicar esta solução ou gel em torno do
CONTROLE DA RETRAÇÃO ANTERIOR mini-implante9,11,13.
Mesmo com um bom planejamento biome-
cânico, podem surgir contratempos ou efeitos Estabilidade dos mini-implantes
colaterais indesejáveis durante a fase de retração Caso haja pequeno deslocamento do mini-im-
anterior. Para êxito completo desta etapa de tra- plante, sem presença de mobilidade e sem conta-
tamento, sugere-se ao ortodontista controlar os to com estruturas importantes, o mesmo poderá
fatores descritos a seguir. continuar sendo utilizado para retração. Em casos
de pequena mobilidade, recomenda-se um novo
Controle da região peri-implantar aperto (1/2 a 1 volta) e a manutenção de força
É importante verificar, a cada consulta, a situ- moderada sobre o mesmo. Caso este ajuste não
ação dos tecidos ao redor dos mini-implantes e seja feito, há tendência de que a mobilidade en-
conscientizar o paciente da importância da esco- contre-se aumentada na próxima consulta. Diante
de casos de deslocamento ou mobilidade excessi-
va, o mini-implante deverá ser removido e outro
deverá ser instalado em sítio alternativo13.
Tabela 1 - Protocolo inicial de escolha de mini-implantes ortodônticos. As médias sugeridas são as mais comumente empre-
gadas, contudo, recomenda-se conferir o espaço entre as raízes e a presença de estruturas anatômicas como seio maxilar,
artéria palatina e nervo mandibular. Será necessário verificar também a espessura de gengiva inserida ou mucosa alveolar e a
densidade óssea, antes da escolha final do mini-implante a ser instalado.
região diâmetro rosca ativa perfil transmucoso angulação
1 maxila ou mandíbula vestibular anterior 1,5mm 6mm 1mm 60º a 90º
2 maxila vestibular posterior 1,5mm 6mm 1mm 30º a 60º
3 maxila palatina posterior 1,8mm 6mm 2mm 30º a 60º
4 sutura palatina mediana 2,0mm 6mm 1mm 90º a 110º
5 mandíbula vestibular posterior 1,5mm 6mm 1mm 30º a 60º
6 área edêntula, retromolar ou tuberosidade 2,0mm 8mm 2mm 90º
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A B C
FIGURA 27 - A) Gancho voltado para oclusal e instalado na distal do canino para aumentar o vetor intrusivo, com a finalidade de auxiliar na correção da inclinação do
plano oclusal. B) Vista frontal da retração anterior com vetores de força assimétricos. C) Retração distal do lado esquerdo, com vetor menos intrusivo do que o do lado
direito.
A B
FIGURA 28 - A) Fase de retração anterior, sem correta avaliação do atrito do fio com os acessórios dos dentes
posteriores. B) Efeito colateral de distalização do segmento posterior em conseqüência do atrito do fio.
apenas em um dos lados. Nesses casos, a retração uma tendência de abertura da mordida na região
no lado do mini-implante tende a gerar uma linha dos pré-molares, por de exão do io, que pode levar
de ação de força diferente do lado oposto e inclinar aos efeitos colaterais de angulação da coroa do ca-
o plano oclusal frontal. Para evitar tal efeito colate- nino para distal e angulação dos molares e pré-mo-
ral, sugere-se a retração anterior com linha de ação lares para mesial. Quanto maior a força de retração
de força paralela ao plano oclusal2,8,9. Caso já tenha utilizada e mais exível for o io usado, maior será a
ocorrido esta alteração do plano, o ortodontista po- tendência de abertura de mordida lateral. Para evi-
derá utilizar ganchos assimétricos para auxiliar na tar esses efeitos colaterais, recomenda-se controlar a
correção do problema (Fig. 27). força empregada, utilizar ios de aço pouco exíveis
e incorporar curva reversa no arco inferior e curva
Atrito do fio com os acessório acentuada no superior, durante a fase de fechamen-
Para a mecânica de fechamento de espaços por to de espaço8,14. Quando se utiliza mini-implantes,
deslize é importante conferir, no início da retra- a curva reversa ou acentuada deve ser confeccio-
ção, se não há atrito significativo entre o fio e os nada com menor profundidade e menos proemi-
acessórios no segmento posterior. Caso isso ocorra, nente no segmento posterior do que nos casos com
além da retração anterior poderá haver distaliza- mecânicas tradicionais, pois, caso contrário, haverá
ção e intrusão do segmento posterior (Fig. 28) ou, tendência de intrusão dos molares e conseqüente
eventualmente, perda do mini-implante, devido à vestibularização dos mesmos (pelo efeito da força
força excessiva nesse processo de movimentação intrusiva passar vestibular ao CR dos molares).
de todos os dentes. Se houver atrito significativo,
sugere-se desgastar o fio no segmento posterior, Controle da sobremordida
para favorecer a mecânica de deslize8,14. A sobremordida tende a aumentar durante a
fase de retração anterior, podendo levar a um con-
Controle da abertura de mordida lateral tato, antes do im da retração, da incisal dos incisivos
Durante a fase de fechamento de espaços, há inferiores com a palatina dos incisivos superiores.
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Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
A B C
FIGURA 29 - A) Retração com sobremordida e força inadequadas. B) Alteração do tecido gengival na mesial do mini-implante devido à força exagerada.
C) Detalhe em maior aumento da alteração gengival na mesial do mini-implante.
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MARASSI, C.; MARASSI, C.
A B
FIGURA 30 - A) Caso orto-cirúrgico, onde estão sendo utilizados mini-implantes para potencializar a retração ânte-
ro-superior. B) Estabilização do fechamento de espaço, utilizando-se fio de amarril ligando os mini-implantes aos
molares superiores.
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Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior
A B
FIGURA 31 - Retração anterior com mecânica de FIGURA 32 - A) Mini-implante sendo utilizado para retração total no arco superior. B) Tomada radiográfica
alças. periapical mostrando espaço favorável entre as raízes para retração total.
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MARASSI, C.; MARASSI, C.
Abstract
Introduction: The use of orthodontic mini-implants has settled as an important anchorage method and is aiding
the orthodontists in the several stages of the treatment, largely eliminating the need of patients’ compliance, and
turning the results more predictable. Aim: This article describes the main aspects of the use of mini-implants as
auxiliaries on the retraction phase of the anterior teeth, bringing considerations about their indications, amount of
movement of the anterior teeth, the vectors of retraction force, the vertical control and evaluation of the incisors
vestibulolingual tipping, the positioning of the mini-implants, the support types in the anterior area and the force to
be applied. The placement sites best used for the anterior retraction are mentioned, and the factors that should be
controlled during the space closure are approached. Lastly, some clinical considerations on the use of mini-implants
in such important phase of the orthodontic treatment are pointed out.
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