Aulas Teoricas de Electrotecnia Teorica II

Aulas Teóricas de
Electrotecnia Teórica II
Eng.º Leonel Fanequiço

Eng.º Isac Bitone
Eng.º Leonel Muthemba
Vila do Songo, Julho de 2019
Engenharia Eléctrica
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica II
1. SISTEMAS ELÉCTRICOS TRIFÁSICOS
1.1. Tensões Trifásicas
Um conjunto de três tensões sinusoidais, da mesma frequência e amplitude, desfasadas de 120° em

relação umas às outras constituem o que se chama um sistema de tensões trifásico simétrico. Os valores
instantâneos de tais tensões são:
𝑢𝐴 (𝑡) = 𝑈𝑚 sin 𝜔𝑡 𝑢𝐵 (𝑡) = 𝑈𝑚 sin(𝜔𝑡 − 120°) 𝑢𝐶 (𝑡) = 𝑈𝑚 sin(𝜔𝑡 + 120°)
Figura 1.1: Diagrama vectorial de tensões trifásicas.
1.2. Geração de Tensões Trifásicas
As tensões trifásicas para sistemas eléctricos trifásicos são geradas por geradores trifásicos (alternadores)
síncronos. O alternador trifásico síncrono tem três enrolamentos idênticos (fases) rigidamente fixos entre
si no estator. Os enrolamentos estão separados de 120° uns dos outros e as f.e.m. sinusoidais neles
induzidas virão do mesmo modo desfasadas de 120º. O alternador é denominado síncrono porque a
velocidade angular do rotor ω é igual a frequência angular do campo magnético girante. O campo
magnético rotativo é criado pelo rotor o qual possui um enrolamento percorrido por uma corrente
contínua (corrente de excitação). Ver a figura 1.2.
Figura1.2: Gerador síncrono trifásico

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Eng.º Leonel Muthemba, MSc. Página 2
A sequência de fases é tal que a fase b está em atraso em relação à fase a, e a fase c está em atraso em
relação à fase b. A fase a, a dita de referência possui argumento nulo.
A ordem ABC é considerada como sequência de fases normal ou sequência positiva.
Figura1.3: Tensões instantâneas induzidas por um gerador trifásico.
𝑒𝐴 (𝑡) = 𝐸𝑚 sin 𝜔𝑡 𝑜𝑢 𝑒𝐴 (𝑡) = 𝐸𝑚 sin 𝜔𝑡
2𝜋
𝑒𝐵 (𝑡) = 𝐸𝑚 sin(𝜔𝑡 − 120°) 𝑜𝑢 𝑒𝐵 (𝑡) = 𝐸𝑚 sin (𝜔𝑡 − )
3
2𝜋
𝑒𝐶 (𝑡) = 𝐸𝑚 sin(𝜔𝑡 + 120°) 𝑜𝑢 𝑒𝐶 (𝑡) = 𝐸𝑚 sin (𝜔𝑡 + )
3
𝐸𝐴 = 𝐸∠0° 𝐸𝐵 = 𝐸∠−120° 𝐸𝐶 = 𝐸∠120°
A frequência das tensões induzidas (ou frequência eléctrica) é dada pela seguinte equação:
𝑛𝑟
𝑓=𝑝
60
Onde:
𝑛𝑟 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 e 𝑝 = 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑝ó𝑙𝑜𝑠 [𝑛𝑟 ] = [1 𝑟𝑚𝑠]
1.3. Vantagens dos Sistemas Eléctricos Trifásicos em Comparação com os Monofásicos
1) Melhor uso dos materiais nas máquinas trifásicas (cobre e ferro) o que reduz as
dimensões e o peso conduzindo a uma relação custo/potência menor;
2) Linhas eléctricas trifásicas são constituídas apenas por três condutores, não sendo
necessário o neutro.

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1.4. Desvantagens
1) O sistema eléctrico trifásico é mais complexo em comparação com o sistema monofásico.
1.5. Definições
1.5.1. Significado de Fase
• Deslocamento relativo (no tempo) entre as tensões ou correntes num sistema trifásico.
• Um dos enrolamentos duma fonte trifásica, assim como todos os condutores ligados ao mesmo
enrolamento.
1.5.2. Sistema ou Circuito Trifásico
É uma combinação de um gerador trifásico, uma carga (ou cargas) trifásica, e os condutores de ligação.
Figura 1.4: Circuito trifásico.
1.6. Representação de uma Fonte Trifásica
Uma fonte trifásica pode ser representada por qualquer dos circuitos representados na figura 1.5.
Figura 1.5: Representação de uma fonte trifásica.

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1.7. Ligação dos Enrolamentos duma Fonte Trifásica
Os enrolamentos de uma fonte de energia trifásica (gerador trifásico) podem se ligar em Estrela ou em
Triângulo (ou Delta).
1.7.1. Ligação dos Enrolamentos de Uma Fonte Trifásica em Estrela
Na ligação em estrela as extremidades finais são ligadas ente si para formar o ponto Neutro, deixando as
estremidades iniciais como terminais do sistema trifásico. Ver a figura 1.6.
Figura 1.6: Ligação em Estrela dos enrolamentos de um gerador trifásico.
a) Tensão de Fase ou Tensão Simples
A tensão em cada um dos três enrolamentos (em cada uma das fases) de uma fonte trifásica denomina-se
tensão de fase ou tensão simples.
Na figura 1.7. UA , UB e UC são tensões de fase ou tensões simples.
Figura 1.7: Fonte trifásica com ligação em estrela – tensão de fase e tensão de linha.
Numa fonte trifásica com ligação em estrela as tensões de fase são iguais pelo módulo.

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𝑈𝐴 = 𝑈𝐵 = 𝑈𝐶 = 𝑈𝑓𝑎𝑠𝑒 = 𝑈𝑓 Tensão de fase ou tensão simples.
As tensões de fase estão desfasadas em 120° uma das outras. Ver a figura 1.1.
𝑈𝐴 = 𝑈𝑓 ∠0° 𝑈𝐵 = 𝑈𝑓 ∠−120° 𝑈𝐶 = 𝑈𝑓 ∠120°
b) Tensão de Linha ou Tensão Composta
Numa fonte trifásica a tensão entre fases nos terminais da fonte denomina-se tensão de linha ou tensão
composta.
Numa fonte com ligação em estrela as tensões de linha têm o mesmo módulo.
Para a fonte representada na figura 1.7:
𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝐿 → Tensão de linha ou tensão composta
Pela 2ª Lei de Kirchhoff:
𝑈𝐴𝐵 + 𝑈𝐵 − 𝑈𝐴 = 0 → 𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐴 − 𝑈𝐵
Analogamente,
𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝐵 − 𝑈𝐶 e 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝐶 − 𝑈𝐴
𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐴 − 𝑈𝐵 → 𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝑓 ∠0° − 𝑈𝑓 ∠−120° → 𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐿 ∠30°
Analogamente,
𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝐿 ∠150° e 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝐿 ∠ − 90°
Portanto, numa fonte trifásica em estrela as tensões de linha estão desfasadas em 120° entre si.
Figura 1.8: Relação entre a tensão de fase e a tensão de linha.
𝑈𝐴𝐵
2
Da figura 1.8 pode se ver que: cos 30° = → 𝑈𝐴𝐵 = √3𝑈𝐵
𝑈𝐵
𝑈𝐴𝐵 𝑈𝐿 𝑈𝐿 √3
= 𝑈𝐵 cos 30° → = 𝑈𝑓 cos 30° → = 𝑈𝑓 → 𝑈𝐿 = √3𝑈𝑓 (1.7.1)
2 2 2 2

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As correntes nos condutores da linha são designadas por Correntes de Linha e para uma fonte com
ligação em estrela facilmente se pode ver que a corrente de linha é igual à corrente de fase. Ver a figura
1.7.
𝐼𝑙 = 𝐼𝑓
Numa fonte trifásica com ligação em estrela, a corrente de linha é igual à corrente de fase e o módulo da
tensão de linha é √3 vezes maior que o módulo da tensão de fase.
1.7.2. Ligação dos Enrolamentos duma Fonte Trifásica em Triângulo (ou Delta)
Na ligação em triângulo o final da primeira fase do gerador é ligado ao início da segunda fase, o final
desta com o começo da terceira cujo final se liga ao princípio da primeira.
Figura 1.9: Ligação dos enrolamentos da fonte em triângulo.
O vector soma das f.e.m (um triângulo fechado) é zero. Por isso, desde que não haja carga ligado aos
terminais A, B e C não haverá corrente nos enrolamentos do gerador.
𝐸𝐴 = 𝐸∠0° 𝐸𝐵 = 𝐸∠−120° 𝐸𝐶 = 𝐸∠120°
Figura 1.10: Fonte trifásica em triângulo
Pela 2a Lei de Kirchhoff: 𝐸𝐴 + 𝐸𝐵 + 𝐸𝐶 = 0 Ver a figura 1.10.
𝐸𝐴 +𝐸𝐵 +𝐸𝐶
𝐼𝐵𝐴 = 𝐼𝐴𝐶 = 𝐼𝐶𝐵 = = 0 (quando não há carga ligada aos enrolamentos em triângulo)
𝑍𝑖𝐴 +𝑍𝑖𝐵 +𝑍𝑖𝐶

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a) Tensão de Fase e Tensão de Linha
Na figura 1.11. as tensões UA, UB e UC são denominadas tensão de fase e as tensões UAB, UBC e UCA são
denominadas tensão de linha.
Observando a figura 1.11. facilmente pode se ver que numa fonte com ligação em triângulo as tensões de
linha são iguais às tensões de fase, ou seja:
𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐴 𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝐵 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝐶 𝑈𝑙 = 𝑈𝑓
Figura 1.11: Tensão de fase e tensão de linha; corrente de fase e corrente de linha
b) Correntes de Linha e Correntes de Fase
Na figura 1.11 as correntes IA, IB e IC são denominadas correntes de linha.
As correntes IBA, IAC e ICB são denominadas correntes de fase.
Na figura 1.11, pela 1ª Lei de Kirchhoff:
Para o nó A: 𝐼𝐵𝐴 − 𝐼𝐴𝐶 − 𝐼𝐴 = 0 ↔ 𝐼𝐴 = 𝐼𝐵𝐴 − 𝐼𝐴𝐶
Para o nó B: 𝐼𝐵 = 𝐼𝐶𝐵 − 𝐼𝐵𝐴
Para o nó C: 𝐼𝐶 = 𝐼𝐴𝐶 − 𝐼𝐶𝐵
Por isso, analogamente à tensão para uma fonte com ligação em estrela, numa fonte com ligação em
triângulo, as correntes de linha são √3 vezes as correntes de fase.
𝑈𝑙 = 𝑈𝑓 𝐼𝑙 = √3𝐼𝑓 (1.7.2)

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1.8. Ligação de uma Fonte Trifásica em Estrela à uma Carga Trifásica em Estrela com
Condutor Neutro
Figura 1.12: Ligação estrela-estrela com condutor neutro.
1º Caso: Carga Equilibrada
Uma carga trifásica se diz equilibrada quando a impedância em todas as fases é igual.
Carga Equilibrada → 𝑍𝑎 = 𝑍𝑏 = 𝑍𝑐 = 𝑍𝑓
No circuito representado na figura 1.12 podemos ver que:
𝑈𝐴 = 𝑈𝑎 𝑈𝐵 = 𝑈𝑏 𝑈𝐶 = 𝑈𝑐
𝐼𝐴 = 𝐼𝑎 𝐼𝐵 = 𝐼𝑏 𝐼𝐶 = 𝐼𝑐
𝑈𝑎 𝑈𝑏 𝑈𝑐
𝐼𝑎 = 𝐼𝑏 = 𝐼𝑐 =
𝑍𝑎 𝑍𝑏 𝑍𝑐
Pela 1ª Lei de Kirchhoff:
𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 = 𝐼𝑛𝑁
𝑍𝑎 = 𝑍𝑏 = 𝑍𝑐 → 𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 = 0 → 𝐼𝑛𝑁 = 0
Se a carga for equilibrada (𝑍𝑎 = 𝑍𝑏 = 𝑍𝑐 ), a corrente 𝐼𝑛𝑁 é nula e o condutor neutro pode ser
dispensado, sem afectar o funcionamento do circuito.
𝑈𝑛𝑁 = 0
2º Caso: Carga Não Equilibrada
Uma carga trifásica se diz não equilibrada (ou desequilibrada) quando a impedância em pelo menos uma
das fases é diferente das outras fases.
Carga Não Equilibrada → 𝑍𝑎 ≠ 𝑍𝑏 ≠ 𝑍𝑐

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𝑈𝑎 𝑈𝑏 𝑈𝑐
𝑈𝐴 = 𝑈𝑎 𝑈𝐵 = 𝑈𝑏 𝑈𝐶 = 𝑈𝑐 𝐼𝑎 = 𝐼𝑏 = 𝐼𝑐 =
𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 ≠ 0 → 𝐼𝑛𝑁 = 𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 ≠ 0 → 𝐼𝑛𝑁 ≠ 0
Se a carga não for equilibrada teremos no condutor neutro uma corrente 𝐼𝑛𝑁 diferente de zero. Neste caso
o condutor neutro não pode ser dispensado.
1.9. Ligação de uma Fonte Trifásica em Estrela à uma Carga Trifásica em Estrela sem
Condutor Neutro
Figura 1.13: Ligação estrela-estrela sem condutor neutro.
1º Caso: Carga Equilibrada (𝑍𝑎 = 𝑍𝑏 = 𝑍𝑐 = 𝑍𝑓 )
Este caso é idêntico ao caso da ligação da fonte em estrela a uma carga equilibrada em estrela com
condutor neutro (1º caso do 1.8). Como a carga é equilibrada a inexistência do condutor neutro não afecta
o funcionamento do circuito.
𝑈𝐴 = 𝑈𝑎 𝑈𝐵 = 𝑈𝑏 𝑈𝐶 = 𝑈𝑐
𝐼𝐴 = 𝐼𝑎 𝐼𝐵 = 𝐼𝑏 𝐼𝐶 = 𝐼𝑐
𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 = 0; 𝐼𝑛𝑁 = 0 → 𝑈𝑛𝑁 = 0
2º Caso: Carga Não Equilibrada (𝑍𝑎 ≠ 𝑍𝑏 ≠ 𝑍𝑐 )
𝑍𝑎 ≠ 𝑍𝑏 ≠ 𝑍𝑐 → 𝑈𝑛𝑁 ≠ 0
Neste caso o circuito pode ser facilmente calculado pelo Método do Par de Nós.

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𝑈𝐴 . 𝑌𝑎 + 𝑈𝐵 . 𝑌𝑏 + 𝑈𝐶 . 𝑌𝑐
𝑈𝑛𝑁 =
𝑌𝑎 + 𝑌𝑏 + 𝑌𝑐
1 1 1
𝑌𝑎 = 𝑌𝑏 = 𝑌𝑐 =
𝑈𝐴 − 𝑈𝑛𝑁
𝐼𝑎 . 𝑍𝑎 + 𝑈𝑛𝑁 = 𝑈𝐴 → 𝐼𝑎 = (𝑈𝐴 − 𝑈𝑛𝑁 ). 𝑌𝑎 → 𝐼𝑎 =
𝑍𝑎
𝑈𝐵 − 𝑈𝑛𝑁
𝐼𝑏 = (𝑈𝐵 − 𝑈𝑛𝑁 ). 𝑌𝑏 → 𝐼𝑏 =
𝑍𝑏
𝑈𝐶 − 𝑈𝑛𝑁
𝐼𝑐 = (𝑈𝐶 − 𝑈𝑛𝑁 ). 𝑌𝑐 → 𝐼𝑐 =
𝑍𝑐
1.10. Ligação de uma Fonte Trifásica em Estrela à uma Carga Trifásica em Triângulo
Figura 1.14: Ligação estrela triângulo.
1º Caso: Carga Equilibrada (𝑍𝑎𝑏 = 𝑍𝑏𝑐 = 𝑍𝑐𝑎 = 𝑍𝑓 )
𝑈𝑎𝑏 = 𝑈𝐴𝐵 𝑈𝑏𝑐 = 𝑈𝐵𝐶 𝑈𝑐𝑎 = 𝑈𝐶𝐴
𝑈𝑎𝑏 𝑈𝑏𝑐 𝑈𝑐𝑎

𝐼𝑎𝑏 = 𝐼𝑏𝑐 = 𝐼𝑐𝑎 =
𝑍𝑎𝑏 𝑍𝑏𝑐 𝑍𝑐𝑎
Aplicando a 1ª Lei de Kirchhoff:
Nó A: 𝐼𝐴 + 𝐼𝑐𝑎 − 𝐼𝑏𝑎 = 0 → 𝐼𝐴 = 𝐼𝑎𝑏 − 𝐼𝑐𝑎
Nó B: 𝐼𝐵 + 𝐼𝑎𝑏 − 𝐼𝑏𝑐 = 0 → 𝐼𝐵 = 𝐼𝑏𝑐 − 𝐼𝑎𝑏

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Nó C: 𝐼𝐶 + 𝐼𝑏𝑐 − 𝐼𝑐𝑎 = 0 → 𝐼𝐶 = 𝐼𝑐𝑎 − 𝐼𝑏𝑐
𝑈𝑙
𝐼𝑎𝑏 = 𝐼𝑏𝑐 = 𝐼𝑐𝑎 = 𝐼𝑓 = 𝑈𝑎𝑏 = 𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝑏𝑐 = 𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝑐𝑎 = 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝑙
𝑍𝑓
𝐼𝐴 = 𝐼𝐵 = 𝐼𝐶 = 𝐼𝑙 = √3𝐼𝑓
Sendo a carga equilibrada as correntes de linha são √3 vezes as correntes da fase.
2º Caso: Carga Desequilibrada (𝑍𝑎 ≠ 𝑍𝑏 ≠ 𝑍𝑐 )
𝑈𝑎𝑏 𝑈𝑏𝑐 𝑈𝑐𝑎

𝑈𝑎𝑏 = 𝑈𝐴𝐵 𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝑏𝑐 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝑐𝑎 𝐼𝑎𝑏 = 𝐼𝑏𝑐 = 𝐼𝑐𝑎 =
𝑍𝑎𝑏 𝑍𝑏𝑐 𝑍𝑐𝑎
𝐼𝐴 + 𝐼𝑐𝑎 − 𝐼𝑎𝑏 = 0 → 𝐼𝐴 = 𝐼𝑎𝑏 − 𝐼𝑐𝑎
𝐼𝐵 + 𝐼𝑎𝑏 − 𝐼𝑏𝑐 = 0 → 𝐼𝐵 = 𝐼𝑏𝑐 − 𝐼𝑎𝑏
𝐼𝐶 + 𝐼𝑏𝑐 − 𝐼𝑐𝑎 = 0 → 𝐼𝐶 = 𝐼𝑐𝑎 − 𝐼𝑏𝑐
𝐼𝐴 + 𝐼𝐵 + 𝐼𝐶 = 0 → 𝐼𝐶 = −(𝐼𝐴 + 𝐼𝐵 )
No caso de presença de impedâncias nos condutores de linha pode-se transformar a carga em triângulo,
em estrela equivalente para facilmente se calcular o circuito.
1.11. Potências Num Sistema Trifásico
1º Caso: Carga Desequilibrada
a) Carga em Estrela
Potência Activa
𝑃𝑎 = 𝑈𝑎 . 𝐼𝑎 cos 𝜑𝑎 𝑃𝑏 = 𝑈𝑏 . 𝐼𝑏 cos 𝜑𝑏 𝑃𝑐 = 𝑈𝑐 . 𝐼𝑐 cos 𝜑𝑐 𝑃 = 𝑃𝑎 + 𝑃𝑏 + 𝑃𝑐
Figura 1.15: Carga em estrela.
Potência Reativa
𝑄𝑎 = 𝑈𝑎 . 𝐼𝑎 sin 𝜑𝑎 𝑄𝑏 = 𝑈𝑏 . 𝐼𝑏 sin 𝜑𝑏 𝑄𝑐 = 𝑈𝑐 . 𝐼𝑐 sin 𝜑𝑐

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𝑄 = 𝑄𝑎 + 𝑄𝑏 + 𝑄𝑐
Potência Aparente ou Potência Complexa
𝑆𝑎 = 𝑈𝑎 . 𝐼𝑎∗ 𝑆𝑎 = 𝑈𝑎 . 𝐼𝑎
𝑆𝑏 = 𝑈𝑏 . 𝐼𝑏∗ 𝑆𝑏 = 𝑈𝑏 . 𝐼𝑏
𝑆𝑐 = 𝑈𝑐 . 𝐼𝑐∗ 𝑆𝑐 = 𝑈𝑐 . 𝐼𝑐
𝑆 = 𝑆𝑎 + 𝑆𝑏 + 𝑆𝑐 𝑆 = 𝑃 + 𝑗𝑄
𝑠 = √(𝑃𝑎 + 𝑃𝑏 + 𝑃𝑐 )2 + (𝑄𝑎 + 𝑄𝑏 + 𝑄𝑐 )2
𝑆 ≠ 𝑆𝑎 + 𝑆𝑏 + 𝑆𝑐 (Os módulos da potência aparente não podem ser somados, pois a potência aparente é
complexa).
b) Carga em Triângulo
Potência Activa
𝑃𝑎𝑏 = 𝑈𝑎𝑏 . 𝐼𝑎𝑏 cos 𝜑𝑎𝑏 𝑃𝑏𝑐 = 𝑈𝑏𝑐 . 𝐼𝑏𝑐 cos 𝜑𝑏𝑐
𝑃𝑐𝑎 = 𝑈𝑐𝑎 . 𝐼𝑐𝑎 cos 𝜑𝑐𝑎 𝑃 = 𝑃𝑎𝑏 + 𝑃𝑏𝑐 + 𝑃𝑐𝑎
Potência Reactiva
𝑄𝑎𝑏 = 𝑈𝑎𝑏 . 𝐼𝑎𝑏 sin 𝜑𝑎𝑏 𝑄𝑏𝑐 = 𝑈𝑏𝑐 . 𝐼𝑏𝑐 sin 𝜑𝑏𝑐
𝑄𝑐𝑎 = 𝑈𝑐𝑎 . 𝐼𝑐𝑎 sin 𝜑𝑐𝑎 𝑄 = 𝑄𝑎𝑏 + 𝑄𝑏𝑐 + 𝑄𝑐𝑎
Figura 1.16: Carga em triângulo.

Potência Aparente ou Potência Complexa
∗ ∗
𝑆𝑎𝑏 = 𝑈𝑎𝑏 . 𝐼𝑎𝑏 𝑆𝑏𝑐 = 𝑈𝑏𝑐 . 𝐼𝑏𝑐
∗
𝑆𝑐𝑎 = 𝑈𝑐𝑎 . 𝐼𝑐𝑎 𝑆 = 𝑆𝑎𝑏 + 𝑆𝑏𝑐 + 𝑆𝑐𝑎

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𝑆 = 𝑃 + 𝑗𝑄
𝑆 = √(𝑃𝑎𝑏 + 𝑃𝑏𝑐 + 𝑃𝑐𝑎 )2 + (𝑄𝑎𝑏 + 𝑄𝑏𝑐 + 𝑄𝑐𝑎 )2
2º Caso: Carga Equilibrada
Todas as fórmulas anteriores são válidas.
𝑃𝑎 = 𝑃𝑏 = 𝑃𝑐 = 𝑃𝑓 𝑄𝑎 = 𝑄𝑏 = 𝑄𝑐 = 𝑄𝑓
𝑃 = 3𝑃𝑓 𝑄 = 3𝑄𝑓 𝑆 = 3𝑆𝑓
𝑆 = 3𝑈𝑓 𝐼𝑓 = √3√3𝑈𝑓 𝐼𝑓 = √3𝑈𝑙 𝐼𝑙
𝑃𝑓 = 𝑈𝑓 𝐼𝑓 cos 𝜑𝑓 𝑄𝑓 = 𝑈𝑓 𝐼𝑓 sin 𝜑𝑓
Portanto, para carga equilibrada, independentemente do tipo de ligação da carga, aplicam-se as fórmulas
seguintes:
𝑃 = √3𝑈𝑙 𝐼𝑙 cos 𝜑𝑓 𝑄 = √3𝑈𝑙 𝐼𝑙 sin 𝜑𝑓 𝑆 = √3𝑈𝑙 𝐼𝑙 (1.11.1)
1.12. Medição da Potência Activa nos Sistemas Trifásicos
1.12.1. Carga Desequilibrada com Condutor Neutro
No caso geral (carga desequilibrada e condutor neutro), a medição da potência activa num sistema trifásico
envolve três wattímetros ligados como mostra a figura 1.17.
Figura 1.17: Medição da potência activa, carga desequilibrada.
𝑃1 = 𝐼𝑎 . 𝑈𝑎 cos 𝜑𝑎 𝑃2 = 𝐼𝑏 . 𝑈𝑏 cos 𝜑𝑏 𝑃3 = 𝐼𝑐 . 𝑈𝑐 cos 𝜑𝑐
𝑃1 , 𝑃2 𝑒 𝑃3 são leituras dos wattímetros 𝑤1 , 𝑤2 𝑒 𝑤3 respectivamente.
A potência total consumida pela carga será: 𝑃 = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3

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1.12.2. Carga Desequilibrada Sem Condutor Neutro
Se não houver condutor neutro podem ser usados apenas dois wattímetros, como mostra a figura 1.18. A
soma das duas leituras dará a potência activa do sistema, qualquer que seja o tipo de ligação da carga.
Figura 1.18: Medição da potência activa utilizando dois wattímetros.
A leitura do wattímetro 𝑤1 será: 𝑃1 = 𝑅𝑒 (𝑈𝐴𝐶 . 𝐼𝐴∗ )
A leitura do wattímetro 𝑤2 será: 𝑃2 = 𝑅𝑒 (𝑈𝐵𝐶 . 𝐼𝐵∗ )
A potência total será: 𝑃 = 𝑃1 + 𝑃2 = 𝑅𝑒 (𝑈𝐴𝐶 . 𝐼𝐴∗ ) + 𝑅𝑒 (𝑈𝐵𝐶 . 𝐼𝐵∗ )
P = 𝑅𝑒 [(𝑈𝐴 − 𝑈𝐶 ). 𝐼𝐴∗ + (𝑈𝐵 − 𝑈𝐶 ). 𝐼𝐵∗ ] → P = 𝑅𝑒 [𝑈𝐴 . 𝐼𝐴∗ − 𝑈𝐶 . 𝐼𝐴∗ + 𝑈𝐵 . 𝐼𝐵∗ − 𝑈𝐶 . 𝐼𝐵∗ ]
𝐼𝐴 + 𝐼𝐵 + 𝐼𝐶 = 0 → 𝐼𝐶 = −(𝐼𝐴 + 𝐼𝐵 )
Mas também 𝐼𝐴∗ + 𝐼𝐵∗ + 𝐼𝐶∗ = 0 → 𝐼𝐶∗ = −(𝐼𝐴∗ + 𝐼𝐵∗ )
P= 𝑅𝑒 [𝑈𝐴 . 𝐼𝐴∗ + 𝑈𝐵 . 𝐼𝐵∗ − 𝑈𝐶 . (𝐼𝐴∗ + 𝐼𝐵∗ )] → P = 𝑅𝑒 [𝑈𝐴 . 𝐼𝐴∗ + 𝑈𝐵 . 𝐼𝐵∗ + 𝑈𝐶 . 𝐼𝐶∗ ] (1.12.1)
A equação (1.12.1) permite-nos concluir que a soma da leitura dos dois wattímetros dá-nos a potência activa
total consumida pela carga trifásica.
Observação
Sendo a carga equilibrada, para determinar a potência activa total consumida pela carga, basta medir a
potência activa numa fase e multiplicar o valor obtido por três.
Os métodos de medição da potência activa apresentados em 1.12.1 e 1.12.2 são também válidos para carga
equilibrada.
1.13. Campo magnético de uma bobina percorrida por uma corrente alternada sinusoidal
A bobina representada na figura 1.19 é excitada por uma corrente sinusoidal.
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 sin 𝜔𝑡

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O campo magnético criado pela corrente i(t) que percorre a bobina é descrito pelo vector indução magnética
B, o seu sentido depende do sentido de enrolamento da bobina e do sentido da corrente num dado instante.
Figura 1.19: Campo magnético criado por uma bobina.
P é o princípio do enrolamento e F é o fim do enrolamento.
Quando a corrente entra pelo terminal P e sai pelo extremo F (sentido positivo da corrente no intervalo de
zero à 𝜋), o vector indução magnética aponta para cima.
2𝜋
𝜔𝑡 = 𝜋 → 𝑖(𝜋) = 𝐼𝑚 sin [( ) 𝜋] = 𝐼𝑚 sin 𝜋 = 0
2𝜋
Durante o semicírculo seguinte, quando a corrente é negativa, o vector B aponta para baixo. Assim o lugar
geométrico da extremidade do vector B é o eixo da bobina. Portanto, o campo magnético criado pela
corrente que percorre a bobina é pulsante e o seu lugar geométrico é o eixo da bobina.
1.14. Geração de um Campo Magnético Girante
Os sistemas trifásicos são caracterizados pela sua aptidão para produzir campos magnéticos girantes. Estes
campos são definidos como sendo aqueles em que o vector representativo da indução magnética B resultante
tem um comprimento fixo, mas roda com velocidade angular constante.
Figura 1.20: Correntes instantâneas trifásicas.
𝑖1 (𝑡) = 𝐼𝑚 sin 𝜔𝑡 ; 𝑖2 (𝑡) = 𝐼𝑚 sin(𝜔𝑡 − 120°) ; 𝑖3 (𝑡) = 𝐼𝑚 sin(𝜔𝑡 + 120°)

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Figura1.21: Campo magnético criado por três bobinas.
Os campos magnéticos criados pelas três bobinas representadas na figura 1.21 a) ao longo dos eixos +1, +2
e +3 respectivamente serão:
𝐵1 = 𝐵𝑚 sin 𝜔𝑡; 𝐵2 = 𝐵𝑚 sin(𝜔𝑡 − 120°); 𝐵3 = 𝐵𝑚 sin(𝜔𝑡 + 120°)
Vamos determinar o vector indução resultante Br para os instantes ωt = 0 e para ωt = π :
𝐵1 = 0
√3
Para 𝜔𝑡 = 𝑜 → 𝐵2 = 𝐵𝑚 sin(−120°) = − 2 𝐵𝑚
√3
{ 𝐵3 = 𝐵𝑚 sin(120°) = 2
𝐵𝑚
𝐵1 = 𝐵𝑚 sin 𝜋 = 0
2𝜋 √3
Para 𝜔𝑡 = 𝜋 → 𝐵2 = 𝐵𝑚 sin (𝜋 − )= 𝐵
3 2 𝑚
2𝜋 √3
𝐵3 = 𝐵𝑚 sin (𝜋 + )= − 𝐵𝑚
{ 3 2
Figura 1.22: Vector indução magnética resultante nos instantes ωt = 0 e ωt = π.
Pode-se igualmente demonstrar que para ωt = 90º o vector Br fica dirigido verticalmente para cima, na
direcção e sentido do eixo +1.
⃗ 1, 𝐵
𝐵𝑥 soma algébrica das projecções de 𝐵 ⃗2𝑒𝐵
⃗ 3 sobre o eixo 𝑥𝑥.
𝐵𝑥 = 𝐵2 cos 30° − 𝐵3 cos 30°

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⃗ 1, 𝐵
𝐵𝑦 soma das projecções de 𝐵 ⃗2𝑒𝐵
⃗ 3 sobre o eixo 𝑦𝑦 será.
𝐵𝑦 = 𝐵1 − 𝐵2 cos 60° − 𝐵3 cos 60°
√3 √3 √3
𝐵𝑥 = 𝐵 − 𝐵 = [𝐵 sin(𝜔𝑡 + 120°) − 𝐵𝑚 sin(𝜔𝑡 − 120°)]
2 2 2 3 2 𝑚
√3
= [𝐵 sin(𝜔𝑡 + 120°) + 𝐵𝑚 sin(𝜔𝑡 + 120°)]
2 𝑚
√3 √3 √3 √3
𝐵𝑥 = 𝐵 − 𝐵 = 𝐵 sin(𝜔𝑡 − 120°) − 𝐵 sin(𝜔𝑡 + 120°)
2 2 2 3 2 𝑚 2 𝑚
√3
𝐵𝑥 = 𝐵 [sin(𝜔𝑡 − 120°) − sin(𝜔𝑡 + 120°)]
2 𝑚
3
𝐵𝑥 = 𝐵𝑚 sin 𝜔𝑡
2
3
𝐵𝑦 = 𝐵1 − 𝐵2 cos 60° − 𝐵3 cos 60° = 𝐵 cos 𝜔𝑡
2 𝑚
3
𝐵𝑦 = 𝐵 cos 𝜔𝑡
2 𝑚
sin(𝛼 ± 𝛽) = sin 𝛼 cos 𝛽 ± cos 𝛼 sin 𝛽

3
𝐵𝑟 = √𝐵𝑥2 + 𝐵𝑦2 = 𝐵𝑚 É a amplitude da indução resultante.
2
3
𝐵𝑥 𝐵𝑚 sin 𝜔𝑡 sin 𝜔𝑡
sin 𝛼 2 + cos 𝛼 2 = 1 ; tan 𝛼 = = 32 =
𝐵𝑦 𝐵 cos 𝜔𝑡 cos 𝜔𝑡
2 𝑚
tan 𝛼 = tan(𝜔𝑡) → 𝛼 = 𝜔𝑡 (1.13.1)
Conclusão:
O vector da indução magnética resultante tem amplitude constante igual a 1,5𝐵𝑚 e gira com uma velocidade
angular 𝜔 igual á frequência angular da rede trifásica de alimentação no sentido que vai do princípio da
primeira bobina para o princípio da segunda bobina (sentido horário).
Podemos dizer que o vector da indução magnética resultante gira para o lado da bobina cuja corrente está
em atraso de fase. Se a corrente i2(t) percorrer a terceira bobina e a corrente i1(t) passar para a segunda
bobina o sentido de rotação do campo inverter-se-á.
O motor de indução trifásico é o uso mais comum do campo magnético girante.

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2. FENÓMENOS TRANSITÓRIOS EM CIRCUITOS ELÉCTRICOS
2.1. Introdução
Geralmente os fenómenos transitórios aparecem em circuitos eléctricos quando se fecham ou abrem

interruptores, contudo podem existir fenómenos transitórios devidos a outras causas, tais como ligações
defeituosas, etc.
Nos sistemas eléctricos de potência a ligação e desligação das linhas de transportes, transformadores,
reactâncias, etc. é efectuada por disjuntores de potência, pois têm poder de corte. Os seccionadores não têm
poder de corte, sendo apenas usados para trabalhos em segurança, pois interrompem o circuito de forma
visível. Portanto, os seccionadores são manobrados com corrente nula.
Os fenómenos transitórios associados com as operações de abertura e fecho de interruptores são mudanças
que levam o circuito do estado magnético que existia antes da operação, a um estado magnético depois da
operação sobre o interruptor que duram essencialmente alguns décimos, centésimos ou até mesmo milésimo
de segundo, contudo o seu estudo é importante porque mostra com antecedência qual o aumento perigoso da
tensão ou intensidade da corrente que pode produzir-se em várias secções do circuito e que é muitas vezes
superior ao seu valor em regime permanente.
Figura 2.1. Representação da abertura e fecho do interruptor.
Num circuito eléctrico muitos fenómenos transitórios devem-se a existência de elementos que acumulam
energia.
Numa indutância pode ser acumulada energia magnética:
𝐿. 𝑖 2
𝑊𝑚 =
2
Numa capacidade acumula-se energia eléctrica:
𝐶. 𝑢𝑐 2
𝑊𝑒 =
2

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2.2. As Leis da Comutação
2.2.1. A 1ª Lei da Comutação
A corrente através de uma indutância imediatamente antes da comutação é igual a corrente através da
mesma indutância imediatamente depois da comutação.
𝑖𝐿(0−) = 𝑖𝐿(0+) = 𝑖𝐿(0)
𝑡 = 0− → é o instante imediatamente antes da comutação;
𝑡 = 0+ → é o instante imediatamente após a comutação;
t=0 → é o instante da comutação, instante em que o interruptor é levado de uma posição para a outra.
Por outras palavras, a Primeira Lei da Comutação diz que a corrente através de uma indutância não pode
variar bruscamente.
Figura 2.2: Circuito RL.
Aplicando a 2ª Lei de Kirchhoff para o circuito da figura 2.2:
𝑑𝑖 𝑑𝑖 ∆𝑖
𝐿 𝑑𝑡 + 𝑅𝑖 = 𝑈 ; ↔
𝑑𝑡 ∆𝑡
∆𝑖
Se ∆𝑡 → 0 Então → ∞ 𝑂 𝑞𝑢𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑖𝑧 𝑎 2ª 𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐾𝑖𝑟𝑐ℎℎ𝑜𝑓𝑓.
∆𝑡
A tensão 𝒖𝑳 𝑛𝑜𝑠 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑛𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑟 𝑏𝑟𝑢𝑠𝑐𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒.
2.2.2. A 2ª Lei da Comutação
A tensão nos bornes de uma capacidade imediatamente antes da comutação é igual a tensão nos bornes da
mesma capacidade imediatamente depois da comutação.
𝑢𝑐 (𝑜− ) = 𝑢𝑐 (0+ ) = 𝑢𝑐 (0)
𝑡 = 0− → Instante imediatamente antes da comutação.
𝑡 = 0+ → Instante imediatamente depois da comutação.

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Figura 2.3: Circuito RC.
𝑑𝑢𝑐
Aplicando a 2ª Lei de Kirchhoff para o circuito da figura 2.3: R.C + 𝑢𝑐 = 𝑈
𝑑𝑡
𝑑𝑢𝑐 𝑑𝑢𝑐 ∆𝑢𝑐 ∆𝑢𝑐

𝑖=𝐶 ; ↔ , 𝑠𝑒 ∆𝑡 → 0 ↔ → ∞ O que contradiz a 2ª Lei de Kirchhoff.
𝑑𝑡 𝑑𝑡 ∆𝑡 ∆𝑡
Por outras palavras, a tensão nos bornes de um capacitor não pode variar bruscamente.
A corrente 𝑖𝑐 através de um capacitor pode variar bruscamente.
2.3. Métodos de Análise dos Processos Transitórios
São três métodos principais:
1. Método Clássico;
2. Método Operacional;
3. Método do Integral de Duhamel.
Nas nossas aulas analisaremos os fenómenos transitórios relacionados com a abertura e fecho de
interruptores pelo método clássico.
2.4. Método Clássico
Algoritmo de Cálculo
1. Constituir as equações diferenciais para o circuito eléctrico obtido depois da comutação;

2. Escrever a(s) solução(s) como soma de duas componentes:
a) Componente forçada (componente estacionária) – Solução da equação diferencial não

homogenia (t → +∞). Esta componente depende da força aplicada ao circuito (fonte de
alimentação).
b) Componente livre (componente transitória) – Solução geral da equação diferencial homogenia.

É solução de uma equação independente da força aplicada.
𝑖(𝑡) = 𝑖𝑒𝑠𝑡 + 𝑖𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒
3. Escrever a equação característica e determinar as suas raízes;

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4. Determinar as constantes de integração usando as condições inicias. Para isso geralmente calcula-se
o circuito antes da comutação e através das leis da comutação determinam-se as constantes de
integração.
2.5. Processos Transitórios no Circuito R – L
Vamos analisar os fenómenos transitórios no circuito representado na figura 2.4 pelo método clássico.
Figura 2.4: Processos transitórios no circuito R-L.
1º Passo:
𝑢𝑅 + 𝑢𝐿 = 𝑢
𝑑𝑖
Como 𝑢𝑅 = 𝑖𝑅 ; 𝑢𝐿 = 𝐿 𝑑𝑡
𝑑𝑖
𝑖. 𝑅 + 𝐿 =𝑈 (2.5.1)
𝑑𝑡
A equação (2.5.1) é equação diferencial linear do primeiro grau.
2º Passo:
A solução da equação (2.5.1) é da forma:
𝑖(𝑡) = 𝑖𝑒𝑠𝑡 + 𝑖𝑙𝑖𝑣 (2.5.2)
𝑖𝑒𝑠𝑡 não varia é constante, é solução particular da equação diferencial não homogénea, equação (2.5.1).
𝑖𝑙𝑖𝑣 é a solução geral da equação diferencial homogénea (ou solução geral), equação (2.5.3).
A equação diferencial linear homogenia associada é
𝑑𝑖
𝑖𝑅 + 𝐿 =0 (2.5.3)
𝑑𝑡
Da matemática, a solução da equação diferencial linear homogenia (componente livre) é da forma:
𝑖𝑙𝑖𝑣 = 𝐴𝑒 𝑝𝑡 ► Solução da equação (2.5.3)

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Substituindo a componente livre na equação (2.5.2), obtém-se,
𝑑𝑖𝑙𝑖𝑣
→ 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑒𝑠𝑡 + 𝐴𝑒 𝑝𝑡 ; = 𝑝. 𝐴𝑒 𝑝𝑡 = 𝑝. 𝑖𝑙𝑖𝑣
𝑑𝑡
3º Passo
𝑖𝑙𝑖𝑣 . 𝑅 + 𝐿. 𝑝. 𝑖𝑙𝑖𝑣 = 0 ↔ 𝑖𝑙𝑖𝑣 (𝑅 + 𝐿. 𝑝) = 0
↔ 𝑅 + 𝐿. 𝑝 = 0 → é a equação característica (2.5.4)
𝑅
A raiz da equação característica é: 𝑝=−
𝐿
Podemos ter dois casos a saber:
Caso A: Circuito Alimentado por uma Fonte de Tensão Contínua u(t) = U
Quando t → + ∞ a corrente no circuito será contínua Iest. Ver a figura 2.4.
𝑈
𝑡 → +∞ → 𝐼𝑒𝑠𝑡 =
𝑅
Fisicamente quando 𝑡 → +∞ a corrente eléctrica não varia.
𝑅
𝑈 𝑈
𝑖(𝑡) = + 𝐴. 𝑒 +𝑝𝑡 → 𝑖(𝑡) = 𝑅 + 𝐴. 𝑒 − 𝐿 𝑡
𝑅
4º Passo
Vamos determinar as constantes de integração a partir das condições iniciais e das leis da comutação.
Quando 𝑡 = 0 tem-se:
𝑈 𝑈
𝑖(0) = + 𝐴. 𝑒 0 = + 𝐴
𝑅 𝑅
Como temos uma indutância no circuito, vamos aplicar a 1ª Lei da Comutação. Ou seja, numa indutância a
corrente não pode variar bruscamente.
𝑖𝐿 (0− ) = 𝑖𝐿 (0+ ) = 𝑖(0) → 1ª lei da comutação
𝑖𝐿 (0− ) = 0 → Antes da comutação a corrente no circuito era nula, pois o circuito estava aberto.
𝑖𝐿 (0− ) = 𝑖𝐿 (0+ ) = 𝑖(0) = 0
𝑅 𝑅
𝑈 𝑈 𝑈 𝑈 𝑈 𝑈
𝑖(0) = + 𝐴. 𝑒 0 = 0 ↔ = −𝐴 ↔ 𝐴 = − → 𝑖(𝑡) = − ∗ 𝑒 − 𝐿 𝑡 ↔ 𝑖(𝑡) = (1 − 𝑒 − 𝐿 𝑡 )
𝑅 𝑅 𝑅 𝑅 𝑅 𝑅

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𝑡
−𝐿 𝑡
𝑈 𝑈 𝐿
𝑖(𝑡) = (1 − 𝑒 𝑅 ) ↔ 𝑖(𝑡) = (1 − 𝑒 −𝜏 ) Onde 𝜏=
𝑅 𝑅 𝑅
𝐿
A grandeza 𝜏 = 𝑅 é denominada Constante de Tempo. Sua unidade no Sistema Internacional é o segundo.
1𝐻 𝑉. 𝑠 1
𝜏=[ ]=[ . ] = [1𝑠]
1𝛺 𝐴 𝛺
𝑅
A tensão nos terminais da resistência será: 𝑢𝑅 = 𝑅 ∗ 𝑖(𝑡) → 𝑢𝑅 = 𝑈 (1 − 𝑒 − 𝐿 𝑡 )
A tensão nos terminais da indutância será:
𝑑𝑖 𝑑 𝑈 𝑅
𝑢𝐿 = 𝐿 ↔ 𝑢𝐿 = 𝐿 [ (1 − 𝑒 − 𝐿 𝑡 )]
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑅
𝑅 𝑈 𝑅 𝑅
𝑢𝐿 (𝑡) = 𝐿 (− ) . (− 𝑒 − 𝐿 𝑡 ) = 𝑈𝑒 − 𝐿 𝑡
𝐿 𝑅
𝑅 𝑈
𝑢𝐿 (𝑡) = 𝑈𝑒 − 𝐿 𝑡 e 𝑖𝑒𝑠𝑡 =
𝑅
Figura 2.5: Circuito R – L. Corrente e tensões transitórias
Caso B: Circuito Alimentado por Fonte de Tensão Alternada Sinusoidal 𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 sin(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 )
𝑑𝑖
𝑢(𝑡) = 𝑈𝑅 + 𝑈𝐿 ; 𝑢𝑅 = 𝑅𝑖 ; 𝑢𝐿 = 𝐿 Ver a figura 2.4.
𝑑𝑡
𝑑𝑖
𝐿 + 𝑖𝑅 = 𝑈𝑚 sin(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 ) pois 𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 sin(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 )
𝑑𝑡
Como a tensão de alimentação é alternada sinusoidal, a corrente em regime permanente no circuito, corrente
quando o tempo tende para infinito, corrente estacionária, também será alternada sinusoidal e em atraso em
φ em relação à tensão aplicada ao circuito devido ao carácter indutivo da carga.

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𝑖(𝑡) para 𝑡 → ∞ 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 sin(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 − 𝜑) = 𝑖𝑒𝑠𝑡
𝜔.𝐿 𝑈𝑚 𝑈𝑚 𝑈𝑚 𝑈𝑚 ∠𝛹𝑢
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐 tan (
𝑅
) ; 𝐼𝑚 =
𝑍
= ; 𝐼𝑚 =
𝑍
=
𝑍⟨𝜑
= 𝐼𝑚 ∠𝛹𝑢 − 𝜑
√𝑅 2 +𝑋𝐿 2
𝑖𝑒𝑠𝑡 = 𝐼𝑚 . sin(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 − 𝜑) → Componente estacionária da corrente
A corrente no circuito será: 𝑖(𝑡) = 𝑖𝑒𝑠𝑡 + 𝑖𝑙𝑖𝑣 = 𝑖𝑒𝑠𝑡 + 𝐴. 𝑒 𝑝𝑡
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 . sin(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 − 𝜑) + 𝐴. 𝑒 𝑝𝑡
Vamos determinar as constantes de integração a partir das condições iniciais e das leis da comutação:
Para 𝑡 = 0 ↔ 𝑖(0) = 𝐼𝑚 sin(𝛹𝑢 − 𝜑) + 𝐴. 𝑒 0 → 𝑖(0) = 𝐼𝑚 sin(𝛹𝑢 − 𝜑) + 𝐴
𝑖𝐿 (0− ) = 𝑖𝐿 (0+ ) → 1ª lei da comutação, aplicada à indutância no circuito.
Antes da comutação o circuito estava aberto → 𝑖𝐿 (0− ) = 0
Portanto, 𝑖𝐿 (0− ) = 𝑖𝐿 (0+ ) = 𝑖(0) = 0
→ 𝑖(0) = 𝐼𝑚 sin(𝛹𝑢 − 𝜑) + 𝐴 = 0 ↔ 𝐴 = −𝐼𝑚 sin(𝛹𝑢 − 𝜑)
Como o circuito não alterou, apenas se substituiu a fonte de alimentação, ou seja, continua com os mesmos
𝑅
elementos, então: 𝑝=− Ver a equação (2.5.4).
𝐿
𝑅
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 sin(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 − 𝜑) − 𝐼𝑚 sin(𝛹𝑢 − 𝜑). 𝑒 − 𝐿 𝑡
Analisando esta equação, nota-se que para 𝛹𝑢 = 𝜑 a componente transitória da corrente desaparece, ou
seja, 𝑖𝑙𝑖𝑣 = 0.
𝛹𝑢 = 𝜑 → 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 sin 𝜔𝑡
Portanto, para 𝛹𝑢 = 𝜑 se estabelece imediatamente no circuito o regime estacionário (regime permanente).
Figura 2.6: Circuito RL – Fonte alternada sinusoidal.

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2.6. Desligação do Circuito R – L da Fonte
Vamos analisar a desligação do circuito R – L da fonte. Vamos supor que na desligação, o interruptor passa
imediatamente da posição a para a posição b.
Figura 2.7: Desligação do circuito R-L da fonte.
Aplicando a 2ª Lei de Kirchhoff para o circuito obtido após a comutação:
𝑑𝑖 𝑑𝑖
𝑢𝑅 + 𝑢𝑅1 + 𝐿
𝑑𝑡
=0 → 𝐿
𝑑𝑡
+ 𝑖(𝑅 + 𝑅1 ) = 0
Fisicamente, a componente forçada (componente estacionária) depende da força aplicada, fonte de

alimentação, ao circuito obtido depois da comutação, ou seja, depende do termo independente da equação
diferencial obtida depois da comutação. Neste caso, a componente forçada é nula. Ver a figura 2.7.
Analisando o circuito da figura 2.7, facilmente podemos concluir que com o tempo, a corrente, no circuito
obtido após a comutação, tende para zero pois não há nenhuma fonte de energia no circuito. Por isso,
𝑖𝑒𝑠𝑡 = 0
A corrente no circuito: 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑒𝑠𝑡 + 𝑖𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 mas como 𝑖𝑒𝑠𝑡 = 0 então, 𝑖(𝑡) = 𝑖𝑙𝑖𝑣
𝑑𝑖
𝑖𝑙𝑖𝑣 = 𝐴. 𝑒 𝑝𝑡 → = 𝑝. 𝐴. 𝑒 𝑝𝑡 = 𝑝𝑖𝑙𝑖𝑣
𝑑𝑡
Substituindo na equação da 2ª lei de Kirchhoff para o circuito:
(𝑅+𝑅1 ) 𝑅+𝑅1
𝐿. 𝑝 + (𝑅 + 𝑅1 ) = 0 ↔ 𝑝 = − ↔ 𝑝=−
𝐿 𝐿
𝑅+𝑅1
𝑖(𝑡) = 𝐴. 𝑒 − 𝐿
𝑡
Como no circuito obtido há uma indutância, podemos aplicar a 1ª lei da comutação.
𝑖𝐿 (0− ) = 𝑖𝐿 (0+ )
Antes da comutação, com fonte de tensão contínua a corrente era:
𝑈 𝑈 𝑈
𝑖𝐿 (0− ) = = 𝑖𝐿 (0) ; 𝑖(0) = 𝐴. 𝑒 0 = ↔𝐴=
𝑅 𝑅 𝑅

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𝑅+𝑅1
𝑈
A corrente no circuito será: 𝑖(𝑡) = 𝑒 − 𝐿
𝑅
A tensão nos terminais da bobina será:
𝑅+𝑅1𝑡 𝑅+𝑅1 𝑡 𝑅+𝑅1𝑡

𝑑𝑖 𝑑 𝑈
𝑢𝐿 = 𝐿.
𝑑𝑡
= 𝐿.
𝑑𝑡 𝑅
[ 𝑒− 𝐿 ] → 𝑢𝐿 = 𝐿 (− 𝑅+𝑅
𝐿
1 𝑈
) ∗ 𝑒−
𝑅
𝐿 → 𝑢𝐿 = − 𝑅+𝑅
𝑅
1
∗ 𝑈 ∗ 𝑒− 𝐿
Figura 2.8: Desligação do circuito R-L.
No circuito da figura 2.7. obtido após a comutação, vamos curto-circuitar a resistência 𝑅1 , ou seja, 𝑅1 = 0.
𝑅+0 𝑅
𝑅
𝑢𝐿 = − 𝑅 ∗ 𝑈 ∗ 𝑒 − 𝐿 → 𝑢𝐿 = −𝑈. 𝑒 − 𝐿 𝑡
2.7. Processos Transitórios no Circuito R – C
Vamos analisar os fenómenos transitórios no circuito R-C representado na figura 2.9.
Figura 2.9: Processos transitórios num circuito R-C.
Escrevendo a equação da 2ª lei de Kirchhoff para o circuito obtido após a comutação:
𝑢𝑅 + 𝑢𝑐 = 𝑈 ↔ 𝑖. 𝑅 + 𝑢𝑐 = 𝑈
𝑑𝑢𝑐
A corrente que atravessa um capacitor é dada pela equação: 𝑖 = 𝐶.
𝑑𝑡
Substituindo na equação que traduz a 2ª lei de Kirchhoff:

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𝑅. 𝐶.
𝑑𝑢𝑐
𝑑𝑡
+ 𝑢𝑐 = 𝑈 → é uma equação diferencial linear do 1º grau.
A solução da equação diferencial linear do 1º grau cuja variável é uC apresenta duas componentes, uma
componente estacionária (forçada) e uma componente livre (transitória):
𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑢𝑐𝑒𝑠𝑡 + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣
Quando o tempo tende para infinito, sendo tensão contínua aplicada ao circuito, a tensão nos terminais do
capacitor será igual à tensão aplicada.
𝑢𝑐𝑒𝑠𝑡 = 𝑈
𝑑𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣
Para este circuito (fig. 2.9), a equação diferencial homogenia associada será: 𝑅. 𝐶. + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 0
𝑑𝑡
Sendo equação diferencial linear do 1º grau, cuja solução, ou componente livre, será da forma:
𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 𝐴. 𝑒 𝑝𝑡 → 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 ℎ𝑜𝑚𝑜𝑔𝑒𝑛𝑖𝑎
Vamos escrever a equação característica:
𝑑𝑢𝑐
= 𝑝. 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 ↔ 𝑅. 𝐶𝑝𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 0 ↔ 𝑅𝐶𝑝 + 1 = 0 é 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎
𝑑𝑡
1
p=− é a raiz da equação característica
RC
Portanto, a tensão nos terminais do capacitor será: 𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 + 𝐴. 𝑒 𝑝𝑡
Vamos calcular a tensão nos terminais do capacitor antes da comutação e aplicar a 2ª lei da comutação para
determinar as constantes de integração.
Antes da comutação o circuito estava aberto, a tensão nos terminais do capacitor era nula, mas vamos supor
que antes da comutação o capacitor estava carregado, com tensão UC0.
𝑢𝑐 (0− ) = 𝑈𝐶0
Aplicando a 2ª lei da comutação, pois temos um capacitor no circuito:
𝑢𝑐 (0− ) = 𝑢𝑐 (0+ ) = 𝑢𝑐 (0) = 𝑈𝐶0
Então,
𝑢𝑐 (0) = 𝑈 + 𝐴. 𝑒 𝑝.0 = 𝑈𝐶0 ↔ 𝐴 = 𝑈𝐶0 − 𝑈 = 𝑈𝐶0 − 𝑈
Depois de determinarmos a constante de integração podemos escrever a expressão da tensão nos terminais
do capacitor:
𝑡 𝑡
𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 + (𝑈𝐶0 − 𝑈). 𝑒 −𝑅𝐶 → 𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 − (𝑈 − 𝑈𝐶0 ). 𝑒 −𝜏
Onde 𝜏 = 𝑅. 𝐶 é 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜.
𝑑𝑢𝑐
A corrente que atravessa um capacitor é dada pela equação: 𝑖=𝐶
𝑑𝑡
𝑡
𝒕 𝒕 −𝑅𝐶
𝑖=𝐶
𝑑
𝑑𝑡
[𝑈 − (𝑈 − 𝑈𝐶0 )𝒆−𝑹𝑪 ] → 𝑖 = 𝐶 𝑅𝐶1 [−(𝑈 − 𝑈𝐶0 )𝒆−𝑹𝑪 ] → 𝑖 = (𝑈−𝑈𝐶0𝑅)𝑒

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Figura 2.10: Processos transitórios num circuito R-C.
2.8. Descarga de Um Condensador Através duma Resistência
Vamos analisar a descarga do capacitor C através da resistência R1. Vamos supor que o interruptor passa
instantaneamente da posição a para a posição b.
Figura 2.11: Descarga de um condensador
A tensão na resistência R1 e a corrente através do condensador C serão dados pelas expressões 𝑢𝑅1 = 𝑖𝑅1
𝑑𝑢𝑐
e 𝑖 = −𝑐 respectivamente.
𝑑𝑡
A corrente através do condensador tem sinal negativo pois tem sentido contrário à tensão nos terminais do
mesmo.
Aplicando a 2ª lei de Kirchhoff ao circuito obtido após a comutação: 𝑢𝑅1 − 𝑢𝑐 = 0
𝑑 𝑢𝑐 𝑑 𝑢𝑐
→ 𝑖. 𝑅1 − 𝑢𝑐 = 0 ↔ −𝑅1 . 𝑐 − 𝑢𝑐 = 0 → 𝑅1 . 𝑐 + 𝑢𝑐 = 0 ► Equação diferencial linear do 1º
𝑑𝑡 𝑑𝑡
grau.
A solução desta equação apresenta duas componentes, uma componente estacionária e uma componente
livre.
𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑢𝑐𝑒𝑠𝑡 + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣
A componente estacionária da tensão (ucest) é nula, pois com o tempo a tensão nos terminais do capacitor
será nula, ou seja, o capacitor vai descarregar. Consequentemente a corrente estacionária no circuito será
nula.

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𝑢𝑐𝑒𝑠𝑡 = 0 ; 𝑖𝑒𝑠𝑡 = 0
A solução da equação diferencial linear apresentada será da forma:
𝑢𝑐 (𝑡) = 0 + 𝐴𝑒 𝑝𝑡
𝑑 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣
A equação diferencial homogenia será: 𝑅1 . 𝑐 + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 0
𝑑𝑡
Cuja solução é da forma: 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 𝐴𝑒 𝑝𝑡
= 𝑝𝐴𝑒 𝑝𝑡 = 𝑝𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣
𝑑𝑡
Substituindo na equação diferencial homogenia, obtemos:
𝑑𝑡
𝑅1 . 𝑐𝑝𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 0 → 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 (𝑅1 . 𝑐𝑝 + 1) = 0 → 𝑅1 𝐶𝑝 + 1 = 0 ► Equação característica

−1
Cuja raiz é 𝑝=
𝑅1 𝐶
−1 −1
𝑡 𝑡
A tensão nos terminais do capacitor será: 𝑢𝑐 (𝑡) = 0 + 𝐴𝑒 𝑅1𝐶 → 𝑢𝑐 (𝑡) = 𝐴𝑒 𝑅1𝐶
Vamos calcular a tensão no capacitor antes da comutação para determinar a constante A:
𝑢𝑐 (0_) = 𝑈
Ou seja, antes da comutação a tensão no capacitor era igual à tensão aplicada ao circuito (tensão contínua).
Aplicando a 2ª lei da comutação:

1
0
𝑢𝑐 (0_) = 𝑢𝑐 (0+ ) = 𝑢𝑐 (0) = 𝑈 Assim, 𝑢𝑐 (0) = 𝑈 ↔ 𝐴. 𝑒 𝑅1𝐶 = 𝑈 ↔ 𝐴 = 𝑈
1
− 𝑡
Portanto, a tensão no capacitor será: 𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑢. 𝑒 𝑅1 𝐶
Figura 2.12: Gráficos – descarga de um condensador
A corrente no circuito obtido após a comutação será:

1 1
𝑑𝑢𝑐 𝑑 − 𝑡 1 − 𝑡
𝑖(𝑡) = −𝑐 = −𝑐 [𝑢. 𝑒 𝑅1 𝐶 ] → 𝑖(𝑡) = −𝑐. (− )∗𝑈∗𝑒 𝑅1 𝑐 →
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑅1 .𝑐
1
𝑈 − 𝑡
→ 𝑖(𝑡) = ∗𝑒 𝑅1 .𝑐
𝑅1

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2.9. Processos Transitórios no Circuito RLC
Vamos analisar os fenómenos transitórios no circuito RLC representado.
Figura 2.13: Ligação dum circuito RLC.
𝑑𝑢𝑐
A corrente no capacitor é dada pela seguinte expressão: 𝑖 = 𝑐 (2.9.1)
𝑑𝑡
Aplicando a 2ª lei de Kirchhoff para o circuito obtido após a comutação: 𝑢𝑅 + 𝑢𝐿 + 𝑢𝑐 = 𝑈 (2.9.2)
𝑑𝑖
A tensão nos terminais da indutância é: 𝑢𝐿 = 𝐿 (2.9.3)
𝑑𝑡
𝑑 2 𝑢𝑐
A partir das equações 2.9.1 e 2.9.3 obtemos: 𝑢𝐿 = 𝐿. 𝐶. (2.9.4)
𝑑𝑡 2
Da equação (2.9.2):
𝑑 2 𝑢𝑐 𝑑 2 𝑢𝑐 𝑑𝑢𝑐
𝑖. 𝑅 + 𝐿. 𝐶. + 𝑢𝑐 = 𝑈 → 𝐿. 𝐶. + 𝑅. 𝐶 + 𝑢𝑐 = 𝑈 (2.9.5)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
A equação (2.9.5) é equação diferencial linear do 2º grau.
Da matemática a solução desta equação apresenta duas componentes, uma componente estacionária e uma
componente transitória ou livre.
𝑢𝑐 = 𝑢𝑐𝑒𝑠𝑡 + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 (2.9.6)
No regime estacionário (regime permanente), a corrente no circuito será nula pois a tensão aplicada ao
circuito é contínua (circuito aberto no condensador) e consequentemente a tensão aplicada ao circuito será
igual a tensão nos terminais do condensador.
𝑢𝑐 (𝑡 → ∞) = 𝑢𝑐𝑒𝑠𝑡 = 𝑈
A equação diferencial homogenia associada é:
𝑑 2 𝑢𝑐 𝑑𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣
𝐿. 𝐶. + 𝑅. 𝐶 + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 0 (2.9.7)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
Da matemática: 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 𝐴𝑒 𝑝𝑡
Diferenciando,
𝑑 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 𝑑 2 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣
= 𝑝𝐴𝑒 𝑝𝑡 = 𝑝𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 e = 𝑝2 𝐴𝑒 𝑝𝑡
𝑑𝑡 𝑑𝑡 2
Substituindo em (2.9.7):

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𝐿𝐶𝑝2 + 𝑅𝐶𝑝 + 1 = 0 (2.9.8)
A equação (2.9.8) é a equação característica do circuito. Facilmente podemos ver que se trata de uma
equação quadrática. Vamos determinar suas raízes. Dividindo ambos os membros por LC,
𝑅 1
𝑝2 + 𝑝+ =0
𝐿 𝐿𝐶
Resolvendo a equação (2.9.8):
𝑅 𝑅2 4 𝑅 𝑅2 1
𝑝1,2 = − ±√ − ↔ 𝑝1,2 = − ±√ − (2.9.9)
2𝐿 4𝐿2 4𝐿𝐶 2𝐿 4𝐿2 𝐿𝐶
Podem se verificar os seguintes três casos:
𝑅2 1 4𝐿2
Caso A: > ↔ 𝑅2 >
4𝐿2 𝐿𝐶 𝐿𝐶
4𝐿2 𝐿 𝐿
𝑅2 > ↔ 𝑅 > 2√ ↔ 𝑅 > 2𝛿 ; 𝛿 = √ ► Duas raízes reais e diferentes (p1 ≠ p2)
𝐿𝐶 𝐶 𝐶
𝑅2 1
Caso B: =
4𝐿2 𝐿𝐶
4𝐿2 𝐿 𝑅
↔ 𝑅2 = ↔ 𝑅 = 2√ = 2𝛿 ► Duas raízes reais e iguais (𝑝1 = 𝑝2 = − )
𝐿𝐶 𝐶 2𝐿
𝑅2 1
Caso C: <
4𝐿2 𝐿𝐶
↔ 𝑅 < 2𝛿 ► Duas raízes complexas diferentes.
As raízes aparecem sempre em pares conjugados.
𝑝1 = 𝛿 + 𝑗𝜔𝑝 ^ 𝑝1 = 𝛿 − 𝑗𝜔𝑝 (2.9.10)
𝜔𝑝 é a frequência angular das oscilações próprias;
𝛿 é o coeficiente de amortecimento.
Caso A: Duas Raízes Reais Diferentes (p1 ≠ p2)
A componente transitória será:
𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 𝐴1 . 𝑒 𝑝1𝑡 + 𝐴2 . 𝑒 𝑝2𝑡 (2.9.11)
Da equação (2.9.6),
𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 + 𝐴1 . 𝑒 𝑝1𝑡 + 𝐴2 𝑒 𝑝2𝑡 (2.9.12)

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Vamos calcular as constantes de integração, para tal vamos determinar as condições iniciais e aplicar as leis
da comutação.
Antes da comutação o capacitor estava desligado da fonte (circuito aberto) e vamos supor que estava
completamente descarregado, ou seja,
𝑢𝑐 (0− ) = 0
Aplicando a 2ª lei da comutação:
𝑢𝑐 (𝑂_) = 𝑢𝑐 (0+ ) ↔ 𝑢𝑐 (𝑂_) = 𝑢𝑐 (0+ ) = 𝑢𝑐 (0) = 0
Substituindo na equação (2.9.12),
𝑢𝑐 (0) = 𝑈 + 𝐴1 . 𝑒 0 + 𝐴2 . 𝑒 0 = 𝑈 + 𝐴1 + 𝐴2 = 0 ↔ 𝑈 + 𝐴1 + 𝐴2 = 0 (2.9.13)
Na equação (2.9.13) temos duas incógnitas. Portanto, precisamos de mais uma equação para determinar o
valor das incógnitas.
𝑑𝑢𝑐
A corrente no circuito será: 𝑖(𝑡) = 𝑐
𝑑𝑡
Substituindo uc , equação (2.9.12), na expressão da corrente no capacitor, equação (2.9.1), obtemos
𝑑
𝑖(𝑡) = 𝑐 [𝑈 + 𝐴1 . 𝑒 𝑝1𝑡 + 𝐴2 . 𝑒 𝑝2𝑡 ] ↔ 𝑖(𝑡) = 𝐶. 𝐴1 . 𝑝1 . 𝑒 𝑝1𝑡 + 𝐴2 . 𝐶. 𝑝2 𝑒 𝑝2𝑡 (2.9.14)
𝑑𝑡
Antes da comutação o circuito estava aberto, portanto, a corrente no circuito era nula [𝑖𝐿 (0− ) = 0]
Aplicando a 1ª lei da comutação, pois temos uma indutância no circuito:
𝑖𝐿 (0− ) = 𝑖𝐿 (0+ ) = 𝑖𝐿 (0) = 0
Portanto,
𝑖(0) = 𝐶. 𝐴1 . 𝑝1 + 𝐶. 𝐴2 . 𝑝2 = 0 ↔ 𝐶. 𝐴1 . 𝑝1 + 𝐶. 𝐴2 . 𝑝2 = 0
Formando um sistema de equações constituído pelas equações (2.9.13) e (2.9.14):
𝑈 + 𝐴1 + 𝐴2 = 0 𝐴1 + 𝐴2 = −𝑈
{ ↔ {
𝐶. 𝐴1 . 𝑝1 + 𝐶. 𝐴2 𝑝2 𝐶(𝐴1 . 𝑝1 + 𝐴2 𝑝2 ) = 0
𝐴 + 𝐴2 = −𝑈 −𝑝 𝐴 − 𝑝1 𝐴2 = 𝑈𝑝1
(−𝑝1 ) { 1 ↔{ 1 1
𝐴1 . 𝑝1 + 𝐴2 𝑝2 = 0 𝑝1 𝐴1 − 𝑝2 𝐴2 = 0
𝑈.𝑝1
𝑝2 𝐴2 − 𝑝1 𝐴2 = 𝑈𝑝1 ↔ 𝐴2 (𝑝2 − 𝑝1 ) = 𝑈𝑝1 ↔ 𝐴2 = (2.9.15)
𝑝2 −𝑝1
𝐴 + 𝐴2 = −𝑈 −𝑝 . 𝐴 − 𝑝2 . 𝐴2 = 𝑈𝑝2
{ 1 ↔ { 2 1
𝑝1 𝐴1 − 𝑝2 𝐴2 = 0 𝑝1 . 𝐴1 + 𝑃2 . 𝐴2 = 0
𝑈𝑝2
𝐴1 (𝑝1 − 𝑝2 ) = 𝑈𝑝2 ↔ 𝐴1 = (2.9.16)
𝑝1 −𝑝2
Substituindo as constantes obtidas (A1 e A2) na equação (2.9.12):

𝑈.𝑝2 𝑈.𝑝1 𝑈
𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 + 𝑒 𝑝1𝑡 + 𝑒 𝑝2𝑡 ↔ 𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 + (𝑝2 . 𝑒 𝑝1𝑡 − 𝑝1 . 𝑒 𝑝2𝑡 ) (2.9.17)
𝑝1 −𝑝2 𝑝2 −𝑝1 𝑝1 −𝑝2
A corrente no circuito é dada pela equação (2.9.14). Substituindo as constantes A1 e A2 na equação (2.9.14):

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𝐶.𝑝1 .𝑝2 .𝑈 𝐶.𝑝1 .𝑝2 .𝑈 𝐶.𝑝1 .𝑝2 .𝑈

𝑖(𝑡) = 𝑒 𝑝1𝑡 − 𝑒 𝑝2𝑡 ↔ 𝑖(𝑡) = ∗ (𝑒 𝑝1𝑡 − 𝑒 𝑝2𝑡 ) (2.9.18)
𝑝1 −𝑝2 𝑝1 −𝑝2 𝑝1 −𝑝2
A tensão na resistência será:
𝐶.𝑝1 .𝑝2 .𝑈
𝑢𝑅 (𝑡) = 𝑖(𝑡). 𝑅 ↔ 𝑢𝑅 (𝑡) = ∗ (𝑒 𝑝1𝑡 − 𝑒 𝑝2𝑡 )
𝑝1 −𝑝2
𝑑𝑖
A tensão na indutância será: 𝑢𝐿 (𝑡) = 𝐿.
𝑑𝑡
𝑅
Caso B: Duas Raízes Reais Iguais 𝑝1 = 𝑝2 = 𝑝 = −
2𝐿
A componente transitória da tensão será:
𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 𝐴1 . 𝑒 𝑝1𝑡 + 𝐴2 . 𝑡. 𝑒 𝑝2𝑡 ↔ 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 𝐴1 . 𝑒 𝑝𝑡 + 𝐴2 . 𝑡. 𝑒 𝑝𝑡
𝑢𝑐𝑒𝑠𝑡 = 𝑈 (ver o caso A).
A tensão nos terminais do condensador:
𝑢𝑐 = 𝑢𝑐𝑒𝑠𝑡 + 𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 ↔ 𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 + 𝐴1 . 𝑒 𝑝𝑡 + 𝐴2 . 𝑡. 𝑒 𝑝𝑡 (2.9.19)
Antes da comutação (circuito aberto) a tensão no capacitor era nula (ver caso A).
𝑢𝑐 (0− ) = 0
Aplicando a 2ª lei da comutação, 𝑢𝑐 (0− ) = 𝑢𝑐 (0+ )
Portanto, 𝑢𝑐 (0− ) = 𝑢𝑐 (0+ ) = 𝑢𝑐 (0) = 0
Da equação (2.9.18):
𝑢𝑐 (0) = 𝑈 + 𝐴1 = 0 ↔ 𝐴1 = −𝑈
Aplicando a 1ª lei da comutação ao circuito:
𝑖𝐿 (0− ) = 𝑖𝐿 (0+ ) = 𝑖𝐿 (0) = 0 ► pois antes da comutação a corrente era nula no circuito.
A corrente no circuito será:
𝑑𝑢𝑐 𝑑
𝑖(𝑡) = 𝑐. = 𝑐. (𝑈 + 𝐴1 . 𝑒 𝑝𝑡 + 𝐴2 . 𝑡. 𝑒 𝑝𝑡 ) ↔ 𝑖(𝑡) = 𝐶. 𝐴1 . 𝑝. 𝑒 𝑝𝑡 + 𝐶𝐴2 (𝑒 𝑝𝑡 + 𝑝. 𝑡. 𝑒 𝑝𝑡 ) (2.9.20)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Como 𝑖𝐿 (0) = 0 então, 𝑖(0) = 𝐶. 𝑝. (−𝑈). 𝑒 𝑝.0 + 𝐶. 𝐴2 . 𝑒 0 = 0
↔ −𝐶𝑝𝑈 + 𝐶𝐴2 = 0 ↔ −𝑝𝑈 + 𝐴2 = 0 ↔ 𝐴2 = 𝑝. 𝑈
Substituindo as constantes obtidas (A1 e A2 ) podemos reescrever as equações (2.9.19) e (2.9.20) como
sendo:
𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 + (𝑈. 𝑝. 𝑡 − 𝑈). 𝑒 𝑝𝑡
A corrente no circuito será:
𝑖(𝑡) = 𝐶[𝑝. 𝑈. 𝑒 𝑝𝑡 + 𝑝(𝑈𝑝𝑡 − 𝑈). 𝑒 𝑝𝑡 ]

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Caso C: Duas Raízes Complexas Conjugadas (𝑝1 = 𝛿 + 𝑗𝜔𝑝 e 𝑝2 = 𝛿 − 𝑗𝜔𝑝)
Ou seja,
𝑅 𝑅
𝑝1 = −
2𝐿
+ 𝑗𝜔𝑝 ; 𝑝2 = −
2𝐿
− 𝑗𝜔𝑝
A componente transitória da tensão nos terminais do capacitor será:
𝑢𝑐𝑙𝑖𝑣 = 𝐴1 𝑒 𝑝1𝑡 + 𝐴2 . 𝑒 𝑝2 𝑡
A corrente será,
𝑑𝑢𝑐
𝑖(𝑡) = 𝐶 = 𝐶. 𝐴1 . 𝑝1 . 𝑒 𝑝1𝑡 + 𝐶. 𝐴2 . 𝑝2 𝑒 𝑝2𝑡
𝑑𝑡
A tensão nos terminais do condensador:
𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 + 𝐴1 . 𝑒 (𝛿+𝑗𝜔𝑝)𝑡 + 𝐴2 . 𝑒 (𝛿−𝑗𝜔𝑝)𝑡
𝑹
𝜹=− ; 𝑝1 = 𝜹 + 𝑗𝜔𝑝 ; 𝑝2 = 𝜹 − 𝑗𝜔𝑝
𝟐𝑳
Fazendo uma análise idêntica aos casos anteriores, determinando as condições iniciais e aplicando as leis da
comutação, obtemos,
𝑈 𝑈
𝑢𝑐 (𝑡) = 𝑈 − . 𝑒 𝛿𝑡 (𝜔𝑝. 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑝. 𝑡 − 𝛿𝑠𝑒𝑛𝜔𝑝𝑡) e 𝑖𝐿 = . 𝑒 𝛿𝑡 . 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑝𝑡
𝜔𝑝 𝜔𝑝𝐿
Estas expressões descrevem oscilações sinusoidais amortecidas, onde 𝜔𝑝 é a frequência angular da

oscilação e 𝛿 é o coeficiente de amortecimento.

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2.10. Determinação da Equação Característica a Partir da Expressão da Impedância de

Entrada
Algoritmo
1º Escrever a expressão da impedância de entrada para qualquer ramo do circuito obtido depois da
comutação 𝑍𝑒𝑞 entre os dois terminais;
2º Substituir na expressão obtida todos os produtos 𝑗𝜔 pelo operador 𝑝;
3º Igualar a expressão obtida a zero e obter a equação característica;
Exemplo:
Vamos determinar a equação característica do circuito representado na figura 2.14, a partir da expressão da
impedância de entrada.
Figura 2.14: Impedância de Entrada – Equação característica
(𝑅1 +𝐽𝑋𝐿 )𝑅 (𝑅1 +𝐽𝜔𝐿)𝑅 (𝑅1 +𝑝𝐿)𝑅

𝑍 = 𝑅2 + = 0 ↔ 𝑅2 + = 0 ↔ 𝑍(𝑝) = 𝑅2 + =0↔
𝑅1 +𝐽𝑋𝐿 +𝑅 𝑅1 +𝐽𝜔𝐿+𝑅 𝑅1 +𝑝𝐿+𝑅
↔ 𝑅1 𝑅2 + 𝑅𝑅2 + 𝑅1 𝑅 + 𝑝( 𝐿1 𝑅2 + 𝐿1 𝑅) = 0 É equação característica.

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3. REDES DE QUATRO TERMINAIS OU QUADRIPOLOS
3.1. Introdução
Uma rede de quatro terminais (ou quadripolo) é um circuito eléctrico com dois terminais de entrada e dois
terminais de saída. Aos terminais de entrada geralmente liga-se a fonte de energia e aos terminais de saída
geralmente se liga a carga. Portanto, um quadripolo é usualmente um elo intermediário entre a fonte de
energia e a carga.
Exemplo de quadripolos: transformadores de potência; linhas de transporte de energia, circuitos em ponte;

etc.
Figura 3.1: Quadripolo
Os terminais m e n são terminais de entrada (input), onde geralmente se liga a fonte de energia;
Os terminais p e q são terminais de saída (output), onde geralmente se liga a carga.
3.2. Classificação de Quadripolos
a) Quanto a presença de fontes de energia:
➢ Quadripolos Passivos – Quando não contêm nenhuma fonte de alimentação.
Figura 3.2: Representação de Quadripolo Passivo

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➢ Quadripolos Activos - Quando contêm pelo menos uma fonte de energia.
Figura 3.3: Representação de quadripolo activo.
c) Quanto a presença de elementos lineares:
➢ Quadripolos Lineares - Quando contêm unicamente elementos lineares.

➢ Quadripolos Não Lineares – Quando contêm pelo menos um elemento não linear
3.3. Quadripolos Simétricos
Com a fonte de alimentação e a carga trocadas as correntes e as tensões respectivas permanecem

inalteráveis, ou seja, o quadripolo simétrico não muda as correntes e as tensões no circuito externo se
trocarmos os terminais de entrada e de saída. Caso contrário, o quadripolo diz-se não simétrico.
Figura 3.4: Quadripolo Simétrico
No quadripolo representado na figura 3.4, primeiro ligou-se a fonte aos terminais m e n do quadripolo e a
carga aos terminais p e q. Em seguida ligou-se a fonte aos terminais p e q e a carga aos terminais m e n. Para
quadripolo simétrico: 𝐼1 = 𝐼1 ′ ; 𝑈1 = 𝑈1 ′ ; 𝐼2 = 𝐼2 ′ ; 𝑈2 = 𝑈2 ′
3.4. Descrição Matemática dos Quadripolos
Para qualquer quadripolo, ver a figura 3.1, temos 4 grandezas (ou variáveis): U1, I1, U2 e I2.
Quaisquer duas grandezas podem ser determinadas por meio das restantes duas grandezas, bastando para tal,
conhecer os parâmetros ou as ligações internas do quadripolo. Portanto, pode se formar um sistema de duas
equações à duas incógnitas.

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4! 4.3.2! 4∗3
𝐶24 = (4−2)!∗2! = = =6
2!∗2! 2∗1
O que significa que são possíveis 6 modelos para descrever os quadripolos, designados por A, Y, Z, H, G e
B.
1º Modelo 𝑌: 2 º Modelo 𝑍:
𝐼1 = 𝑌11 ∗ 𝑈1 + 𝑌12 ∗ 𝑈2 𝑈1 = 𝑍11 ∗ 𝐼1 + 𝑍12 ∗ 𝐼2
𝐼2 = 𝑌21 ∗ 𝑈1 + 𝑌22 ∗ 𝑈2 𝑈2 = 𝑍21 ∗ 𝐼1 + 𝑍22 ∗ 𝐼2
3 º Modelo 𝐴: 4 º Modelo 𝐻:
𝑈1 = 𝐴11 ∗ 𝑈2 + 𝐴12 ∗ 𝐼2 𝑈1 = 𝐻11 ∗ 𝐼1 + 𝐻12 ∗ 𝑈2
𝐼1 = 𝐴21 ∗ 𝑈2 + 𝐴22 ∗ 𝐼2 𝐼2 = 𝐻21 ∗ 𝐼1 + 𝐻22 ∗ 𝑈2
5 º Modelo 𝐺: 6º Modelo B:
𝐼1 = 𝐺11 ∗ 𝑈1 + 𝐺12 ∗ 𝐼2 𝑈2 = 𝐵11 ∗ 𝑈1 + 𝐵12 ∗ 𝐼1
𝑈2 = 𝐺21 ∗ 𝑈1 + 𝐺12 ∗ 𝐼2 𝐼2 = 𝐵21 ∗ 𝑈1 + 𝐵22 ∗ 𝐼2
Nestas equações as constantes A, Y, Z, H, G e B são os parâmetros gerais do circuito (do quadripolo) ou

lineares do quadripolo e dependem das suas ligações internas e da frequência. Para qualquer rede de quatro
terminais, eles podem ser calculados ou determinados experimentalmente.
Pressupõe-se que tanto a carga como as tensões de entrada podem variar, enquanto as ligações internas do
quadripolo permanecem inalteradas e as impedâncias do quadripolo permanecem fixas.
3.5. Constantes do Modelo A
Neste capítulo, usaremos o modelo A, como o modelo básico. Ver a figura 3.1.
Pelo teorema da compensação: 𝐸2 = −𝐼2 ∗ 𝑍2 Ver a figura 3.5.
𝑈1 = 𝐴11 ∗ 𝑈2 + 𝐴12 ∗ 𝐼2 (3.5.1)
𝐼1 = 𝐴21 ∗ 𝑈2 + 𝐴22 ∗ 𝐼2 (3.5.2)

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Figura 3.5: Aplicação do teorema da compensação ao quadripolo
Aplicando o teorema de reciprocidade pode-se escrever as expressões para as correntes 𝐼1 𝑒 𝐼2 :
𝐼1 = 𝑌11 ∗ 𝐸1 − 𝑌12 ∗ 𝐸2 (3.5.3)
𝐼2 = 𝑌21 ∗ 𝐸1 − 𝑌22 ∗ 𝐸2 (3.5.4)
Em que as admitâncias 𝑌12 e 𝑌21 são admitâncias de transferência.
As admitâncias 𝑌11 𝑒 𝑌22 são admitâncias de entrada ou admitâncias próprias.
Da equação (3.5.4) temos:

𝑌22 1
𝐸1 = 𝐸2 + ∗ 𝐼2 (3.5.5)
𝑌21 𝑌21
Comparando as equações (3.5.5) e (3.5.1), podemos ver que:

𝑌22 1
𝐴11 = e 𝐴12 = (3.5.6)
𝑌21 𝑌21
Substituindo a equação (3.5.5) na equação (3.5.3), podemos obter:
𝑌22 1 𝑌11 ∗𝑌22 𝑌11

𝐼1 = 𝑌11 ( 𝐸2 + 𝐼) − 𝑌12 ∗ 𝐸2 ↔ 𝐼1 = ( − 𝑌12 ) ∗ 𝐸2 + 𝐼 (3.5.7)
𝑌21 𝑌21 2 𝑌21 𝑌21 2
Comparando a equação (3.5.7) com a equação (3.5.2), podemos concluir que:

𝑌11 ∗𝑌22 𝑌11
𝐴21 = − 𝑌12 ; 𝐴22 = (3.5.8)
𝑌21 𝑌21
O teorema da reciprocidade aplica-se apenas para circuitos lineares, por isso, para quadripolos lineares
𝑌12 = 𝑌21
2
𝑌11 ∗𝑌22 −𝑌12
Neste caso, 𝐴21 =
𝑌21
Vamos calcular o valor da expressão: 𝐴11 ∗ 𝐴22 − 𝐴21 ∗ 𝐴12 (3.5.9)
Substituindo os parâmetros do modelo A da expressão (3.5.9) pelos valores obtidos (equações 3.5.6 e 3.5.8),
obtemos:
2 2
𝑌22 𝑌11 − 𝑌12 1 𝑌22 ∗ 𝑌11 𝑌11 ∗ 𝑌22 − 𝑌12
𝐴11 ∗ 𝐴22 − 𝐴21 ∗ 𝐴12 = ∗ ∗ = 2 − 2 =
𝑌21 𝑌21 𝑌21 𝑌21 𝑌21

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2
𝑌22 ∗𝑌11 −𝑌11 ∗𝑌22 +𝑌12 2
𝑌12
= 2 = 2 =1
𝑌12 𝑌12
Portanto, no modelo A os coeficientes do quadripolo ligam-se entre si através da relação
𝐴11 ∗ 𝐴22 − 𝐴21 ∗ 𝐴12 = 1 (3.5.10)
Consideremos agora as relações entre 𝑈1 , 𝐼1 , 𝐼2 𝑒 𝑈2 se a tensão de alimentação é ligada aos terminais p e q

e a carga aos terminais m e n. Ver a figura 3.6.
Figura 3.6: Alimentação e a carga do quadripolo trocadas.
Como no caso anterior, substituímos a impedância 𝑍2 pela força electromotriz 𝐸2 de sentido contrário à 𝐼2
(teorema da compensação). Ver a figura 3.7.
Figura 3.7: Teorema da compensação aplicado ao quadripolo.
Aplicando o teorema da reciprocidade, podemos escrever as equações para as correntes no quadripolo

obtido,
𝐼1 = −𝐸2 ∗ 𝑌12 + 𝐸1 ∗ 𝑌22 (3.5.11)
𝐼2 = 𝐸1 ∗ 𝑌21 − 𝐸2 ∗ 𝑌11 (3.5.12)
Podemos reescrever as equações (3.5.11) e (3.5.12) da seguinte forma:
𝐼1 = −𝑌21 ∗ 𝐸2 + 𝑌22 ∗ 𝐸1 (3.5.11)
𝐼2 = +𝑌12 ∗ 𝐸1 − 𝑌11 ∗ 𝐸2 (3.5.12)
Da equação (3.5.12),

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𝑌11 1
𝐸1 = ∗ 𝐸2 + ∗ 𝐼2 (3.5.13)
𝑌12 𝑌12
Comparando as equações (3.5.13) e (3.5.1), podemos ver que

𝑌11 1
𝐴11 = e 𝐴12 =
𝑌12 𝑌12
Substituindo a equação (3.5.13) na equação (3.5.11) obtemos
𝑌11 1
𝐼1 = −𝑌21 ∗ 𝐸2 + 𝑌22 ∗ ( 𝐸2 + 𝐼)
𝑌12 𝑌12 2
𝑌22 ∗𝑌11 𝑌22

𝐼1 = ( − 𝑌21 ) ∗ 𝐸2 + ∗ 𝐼2 (3.5.14)
𝑌12 𝑌12
Comparando as equações (3.5.14) e (3.5.2) facilmente podemos ver que
𝑌22 ∗𝑌11 −𝑌21 ∗𝑌12 𝑌22

𝐴21 = e 𝐴22 =
𝑌12 𝑌12
Comparando os A parâmetros obtidos com a alimentação trocada (alimentação ligada aos terminais p e q)
com os A parâmetros obtidos com a alimentação ligada aos terminais m e n, podemos verificar que os
parâmetros A11 e A22 aparecem trocados.
Portanto, com a alimentação e a carga trocadas o modelo A pode se escrever da seguinte forma:
𝑈1 = 𝐴22 ∗ 𝑈2 + 𝐴12 ∗ 𝐼2 (3.5.15)
𝐼1 = 𝐴21 ∗ 𝑈2 + 𝐴11 ∗ 𝐼2 (3.5.16)
Se com a alimentação e a carga trocadas e as respectivas correntes permanecem as mesmas tal rede é
chamada simétrica. Num quadripolo simétrico sempre se verifica a igualdade seguinte:
𝐴11 = 𝐴22
3.6. Determinação dos Parâmetros do Quadripolo
Os coeficientes complexos 𝐴11 , 𝐴12 , 𝐴21 𝑒 𝐴22 do quadripolo podem ser determinados usando os seguintes
métodos:
1. Método analítico (sabendo o esquema das ligações internas dos seus elementos e os valores das
suas impedâncias. Muitas vezes aplicam-se as leis de Kirchhoff e outros métodos de cálculo.
2. Usando os regimes de marcha em vazio e de curto-circuito do quadripolo. Este método pode ser
aplicado analiticamente ou experimentalmente:
a) Analiticamente se as ligações internas e os valores dos seus elementos são conhecidos.
b) Experimentalmente no laboratório.
3. Usando o método de representação do quadripolo em esquema em π ou esquema em T.
4. Representação de quadripolos complexos por meio de quadripolos simples;
3.6.1. Determinação dos Parâmetros Usando os Regimes de Marcha em Vazio e Curto-circuito

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Este método também conhecido por método das três impedâncias prevê três experiências realizadas
analiticamente ou experimentalmente através de aparelhos de medida.
Vamos determinar os A parâmetros do quadripolo representado na figura 3.1, por meio dos regimes de
marcha em vazio (circuito aberto) e curto-circuito.
1ª Experiência (Regime de Marcha em Vazio nos terminais p e q)
Nesta experiência a fonte de alimentação é ligada aos terminais m e n e os terminais p e q são abertos
(marcha em vazio), sendo consequentemente a corrente I2 = 0.
É medida a impedância 𝑍10 vista dos terminais m e n da rede com os terminais p e q da carga em circuito
aberto (a carga é desligada).
𝑈1 = 𝐴11 ∗ 𝑈2 + 𝐴12 ∗ 𝐼2
𝐼1 = 𝐴21 ∗ 𝑈2 + 𝐴22 ∗ 𝐼2
Figura 3.8: Regime de marcha em vazio (terminais p e q abertos)
Como I2 = 0 nesta experiência, a partir das equações (3.5.1) e (3.5.2) teremos:
𝑈10 = 𝐴11 ∗ 𝑈2 + 𝐴12 ∗ 0 ↔ 𝑈10 = 𝐴11 ∗ 𝑈2 (3.6.1)
𝐼10 = 𝐴11 ∗ 𝑈2 + 𝐴22 ∗ 0 ↔ 𝐼10 = 𝐴21 ∗ 𝑈2 (3.6.2)
Dividindo a equação (3.6.1) pela equação (3.6.2), obtemos
𝑈10 𝐴11 ∗𝑈2 𝑨𝟏𝟏

𝑍10 = ↔ 𝑍10 = ↔ 𝑍10 = (3.6.3)
𝐼10 𝐴21 ∗𝑈2 𝑨𝟐𝟏
2ª Experiência (Regime de Curto-circuito nos terminais p e q)
Nesta experiência a fonte de alimentação é ligada aos terminais m e n e os terminais p e q são curto-
circuitados, sendo, consequentemente, a tensão U2 = 0.
É medida a impedância 𝑍1𝑘 vista dos terminais m e n da rede com os terminais p e q curto-circuitados.

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Figura 3.9: Regime de curto-circuito (terminais p e q curto-circuitados).
Nesta experiência, a partir das equações (3.5.1) e (3.5.2) teremos,

𝑈1𝑘 = 𝐴11 ∗ 0 + 𝐴12 ∗ 𝐼2 𝑈1𝑘 = 𝐴12 ∗ 𝐼2
{ ↔{
𝐼1𝑘 = 𝐴21 ∗ 0 + 𝐴22 ∗ 𝐼2 𝐼1𝑘 = 𝐴22 ∗ 𝐼2
Dividindo a equação da tensão pela equação da corrente neste regime, obtemos

𝑈𝑘 𝐴12 ∗𝐼2 𝐴12 𝐴12
𝑍1𝑘 = ↔ 𝑍1𝑘 = ↔ 𝑍1𝑘 = ↔ 𝑍1𝑘 = (3.6.4)
𝐼1𝑘 𝐴22 ∗𝐼2 𝐴22 𝐴22
3ª Experiência (Regime de Curto-circuito nos terminais m e n)
Nesta experiência a fonte de alimentação é ligada aos terminais p e q e os terminais m e n são curto-
circuitados, sendo, consequentemente, a tensão U2 = 0.
É medida a impedância 𝑍2𝑘 vista dos terminais p e q da rede com os terminais m e n da carga curto-
circuitados.
Figura 3.10: Regime de curto-circuito (terminais m e n curto-circuitados).
A partir das equações (3.5.1) e (3.5.2), neste regime teremos,
𝑈1𝑘 = 𝐴11 ∗ 0 + 𝐴12 ∗ 𝐼2 ↔ 𝑈1𝑘 = 𝐴12 ∗ 𝐼2
𝐼1𝑘 = 𝐴21 ∗ 0 + 𝐴22 ∗ 𝐼2 ↔ 𝐼1𝑘 = 𝐴22 ∗ 𝐼2
Dividindo a equação da tensão pela equação da corrente, obtemos,
𝐴12 ∗𝐼2 𝐴12

𝑍2𝑘 = ↔ 𝑍2𝑘 = (3.6.5)
𝐴22 ∗𝐼2 𝐴22
Resumindo, obtivemos quatro equações para as quatro incógnitas 𝐴11 , 𝐴12 , 𝐴21 𝑒 𝐴22 .

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𝐴11
𝑍10 =
𝐴21
𝐴12
𝑍1𝑘 =
𝐴22 (3.6.6)
𝐴11
𝑍2𝑘 =
𝐴22
{𝐴11 ∗ 𝐴22 − 𝐴21 ∗ 𝐴12 = 1
Resolvendo este sistema de equações obtemos:
Z10 ∗Z1k
A11 = √ ; 𝐴12 = 𝐴11 ∗ 𝑍2𝑘
Z2k (Z10 −Z1k )
𝐴11 𝐴12
𝐴21 = ; 𝐴22 =
𝑍10 𝑍1𝑘
3.6.2. Medição dos Parâmetros do Quadripolo
Vamos determinar os parâmetros do quadripolo, experimentalmente, através dos aparelhos de medição.
1ª Experiência (Regime de Marcha em Vazio nos terminais p e q)
Nesta experiência a fonte de alimentação é ligada aos terminais m e n e os terminais p e q são abertos
(marcha em vazio), sendo consequentemente a corrente I2 = 0.
Figura 3.11: Regime de marcha em vazio (terminais p e q abertos).

𝑈10
𝐼2 = 0 ↔ 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜 ; 𝑍10 =
𝐼10
Voltímetro → U10 ; Amperímetro → I10 ; Wattímetro → P10
Com base nos valores obtidos da potência activa P10, da tensão U10 e da corrente I10, podemos calcular o
ângulo φ10 para posteriormente calcularmos a impedância complexa Z10.
𝑃10
𝜑10 = arccos ( ) ; 𝑃10 = 𝑈10 ∗ 𝐼10 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜑10 ; 𝑅10 = 𝑍10 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜑10 ; 𝑋10 = 𝑍10 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜑10
𝑈10 ∗𝐼10
Mas uma vez que 𝑐𝑜𝑠𝜑 = cos (−𝜑) é importante conhecer o sinal do ângulo 𝜑.
Para determinar o sinal do ângulo 𝜑, podemos usar um fasímetro, ou aplicar o método artificial estudado em
Electrotecnia Teórica I, capítulo Corrente Alternada Através de Uma Rede de Dois Terminais.
Portanto, nesta experiência determinamos Z10.

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2ª Experiência (Regime de Curto-circuito nos terminais p e q)
Nesta experiência a fonte de alimentação é ligada aos terminais m e n e os terminais p e q são curto-
circuitados, sendo, consequentemente, a tensão U2 = 0. Ver a figura 3.12.
Figura 3.12: Regime de curto-circuito (terminais p e q curto-circuitados).

𝑈1𝑘
Curto-circuito nos terminais p e q → U2 = 0 → 𝑍1𝑘 =
𝐼1𝑘
Voltímetro → U1k ; Amperímetro → I1k ; Wattímetro → P1k
Com base nos valores obtidos da potência activa P1k, da tensão U1k e da corrente I1k, calculamos o valor do
ângulo φ1k para posteriormente calcularmos a impedância complexa Z1k.
𝑃1𝑘
𝜑1𝑘 = arccos ( ) ; 𝑅1𝑘 = 𝑍1𝑘 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜑1𝑘 ; 𝑋1𝑘 = 𝑍1𝑘 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜑1𝑘
𝑈1𝑘 ∗𝐼1𝑘
Mas uma vez que 𝑐𝑜𝑠𝜑 = cos (−𝜑) é importante conhecer o sinal do ângulo 𝜑.
Para determinar o sinal do ângulo 𝜑, podemos usar um fasímetro, ou aplicar o método artificial estudado em
Electrotecnia Teórica I, capítulo Corrente Alternada Através de Uma Rede de Dois Terminais.
Nesta experiência determinamos Z1k.
3ª Experiência (Regime de Curto-circuito nos terminais m e n)
Nesta experiência a fonte de alimentação é ligada aos terminais p e q e os terminais m e n são curto-
circuitados, sendo, consequentemente, a tensão U2 = 0. Os aparelhos de medida são ligados aos terminais p e
q do quadripolo.
𝑈1𝑘
Curto-circuito nos terminais m e n → U2 = 0 → 𝑍2𝑘 =
𝐼1𝑘
Voltímetro → U1k ; Amperímetro → I1k ; Wattímetro → P1k
Com base nos valores obtidos da potência activa P1k, da tensão U1k e da corrente I1k, calculamos o valor do
ângulo φ1k para posteriormente calcularmos a impedância complexa Z1k.
𝑃1𝑘
𝜑2𝑘 = arccos ( ) ; 𝑅2𝑘 = 𝑍2𝑘 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜑2𝑘 ; 𝑋2𝑘 = 𝑍2𝑘 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜑2𝑘
𝑈1𝑘 ∗𝐼1𝑘
Mas uma vez que 𝑐𝑜𝑠𝜑 = cos (−𝜑) é importante conhecer o sinal do ângulo 𝜑. Nesta experiência
determinamos Z2k.

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Depois de calcularmos as impedâncias Z10, Z1k e Z2k com base no sistema de equações (3.6.6) calculamos os
parâmetros do quadripolo A11, A12, A21 e A22.
3.7. Impedância de Entrada de Quadripolos
Num quadripolo, o coeficiente entre a tensão de entrada pela corrente da entrada chama-se Impedância de
Entrada do Quadripolo.
Figura 3.13: Impedância de entrada Zent1 do quadripolo.
Na figura 3.13, a carga está ligada aos terminais p e q. Com base nas equações (3.5.1) e (3.5.2), obtemos.
𝑈1 𝐴11 ∗𝑈2 +𝐴12 ∗𝐼2

𝑍𝑒𝑛𝑡1 = =
𝐼1 𝐴21 ∗𝑈2 +𝐴22 +𝐼2
𝐼2 (𝐴11 ∗𝑍2 +𝐴12 ) 𝐴11 ∗𝑍2 +𝐴12

Como 𝑈2 = 𝐼2 ∗ 𝑍2 → 𝑍𝑒𝑛𝑡1 = =
𝐼2 (𝐴21 ∗𝑍2 +𝐴22 ) 𝐴21 ∗𝑍2 +𝐴22
Na figura 3.14, a carga está ligada aos terminais m e n. Com base nas equações (3.5.15) e (3.5.16) obtemos:
𝑈1
𝑈1 = 𝐴22 ∗ 𝑈2 + 𝐴12 ∗ 𝐼2 𝑍𝑒𝑛2 =
𝐼1
𝐼1 = 𝐴21 ∗ 𝑈2 + 𝐴11 ∗ 𝐼2
𝐴22 ∗𝑈2 +𝐴12 ∗𝐼2

𝑍𝑒𝑛2 = 𝑈2 = 𝐼2 ∗ 𝑍1
𝐴21 ∗𝑈2 +𝐴11 ∗𝐼2
𝐼2 (𝐴22 ∗𝑍1 +𝐴12 ) (𝐴22 ∗𝑍1 +𝐴12 )

𝑍𝑒𝑛2 = ↔ 𝑍𝑒𝑛2 =
𝐼2 (𝐴21 ∗𝑍1 +𝐴11 ) (𝐴21 ∗𝑍1 +𝐴11 )
Figura 3.14: Impedância de entrada Zent2 do quadripolo
Conclusão

Eng.º Isac Bitone
A impedância de entrada depende da impedância da carga.
𝑍𝑒𝑛1 = 𝑓(𝑍𝐶 ) e 𝑍𝑒𝑛2 = 𝑓(𝑍𝐶 )
3.8. Impedância Característica de Quadripolos
Para um quadripolo não simétrico existem tais valores das impedâncias.
𝑍2 = 𝑍2𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡 e 𝑍1 = 𝑍1𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡 tal que
𝑍𝑒𝑛1 = 𝑍1𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡 Quando os terminais p e q está ligada a impedância de carga 𝑍2 = 𝑍2𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡 e
𝑍𝑒𝑛2 = 𝑍2𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡 Quando os terminais m e n está ligada a impedância de carga 𝑍1 = 𝑍1𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡
Figura 3.15: Impedância Característica do quadripolo.
Cálculo da Impedância Característica
𝑨𝟏𝟏 ∗𝒁𝟐𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 +𝑨𝟏𝟐

𝒁𝒆𝒏𝒕𝟏 = 𝒁𝟏𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 =
𝑨𝟐𝟏 ∗𝒁𝟐𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 +𝑨𝟐𝟐
𝑨𝟐𝟐∗ 𝒁𝟏𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 +𝑨𝟏𝟐

𝒁𝒆𝒏𝒕𝟐 = 𝒁𝟐𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 =
𝑨𝟐𝟏 𝒁𝟏𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 +𝑨𝟏𝟏
Resolvendo este sistema de equações obtemos,
𝑨𝟏𝟏 ∗𝑨𝟏𝟐 𝑨𝟐𝟐 ∗𝑨𝟏𝟐

𝒁𝟏𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 = √ e 𝒁𝟐𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 = √
𝑨𝟐𝟏 ∗𝑨𝟐𝟐 𝑨𝟐𝟏 ∗𝑨𝟏𝟏
Para um quadripolo simétrico: 𝐴11 = 𝐴22 consequentemente
𝑨𝟏𝟐
𝒁𝟏𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕 = √ = 𝒁𝟐𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕
𝑨𝟐𝟏
3.9. Representação de Quadripolos Em Esquemas Equivalentes
3.9.1. Quadripolo em T

Eng.º Isac Bitone
Qualquer quadripolo passivo pode ser representado no esquema em T equivalente.
Figura 3.16: Esquema em T de um quadripolo
Vamos exprimir U1 e I1 à entrada do quadripolo em T representado na figura 3.16, de modo a obtermos

equações semelhantes às equações (3.5.1) e (3.5.2).
𝐼1 = 𝐼2 + 𝐼3 → 1ª Lei de Kirchhoff.
Pela 2ª Lei de Kirchhoff,

𝑈2 +𝐼2 ∗𝑍2
𝐼2 ∗ 𝑍2 + 𝑈2 − 𝐼3 ∗ 𝑍3 = 0 ↔ 𝐼3 =
𝑍3
𝑈2 +𝑍2 ∗𝐼2 1 𝑍2 1 𝑍2
𝐼1 = 𝐼2 + = 𝐼2 + 𝑈2 + 𝐼2 ∗ ↔ 𝐼1 = 𝑈2 + (1 + )𝐼2 (3.9.1)
𝑍3 𝑍3 𝑍3 𝑍3 𝑍3
Comparando a equação (3.9.1) com a equação (3.5.2), facilmente podemos ver que,
1 𝑍2
𝐴21 = e 𝐴22 = 1 + (3.9.2)
𝑍3 𝑍3
Aplicando a 2ª Lei de Kirchhoff para a malha exterior do quadripolo em T,
𝑈1 = 𝐼1 ∗ 𝑍1 + 𝐼2 ∗ 𝑍2 + 𝑈2
Substituindo a corrente I1,
1 𝑍2 𝑍1 𝑍1 ∗𝑍2
𝑈1 = [ 𝑈2 + (1 + )𝐼2 ] 𝑍1 + 𝐼2 ∗ 𝑍2 + 𝑈2 ↔ 𝑈1 = (1 + ) 𝑈2 + (𝑍1 + + 𝑍2 )𝐼2 (3.9.3)
𝑍3 𝑍3 𝑍3 𝑍3
Comparando a equação (3.9.3) com a equação (3.5.1), podemos ver que

𝑍1 𝑍1 ∗𝑍2
𝐴11 = 1 + e 𝐴12 = 𝑍1 + 𝑍2 + (3.9.4)
𝑍2 𝑍3
Portanto, conhecendo os valores das impedâncias 𝑍1 , 𝑍2 𝑒 𝑍3, podemos calcular os parâmetros A do

quadripolo em T, através das equações (3.9.2) e (3.9.4).
Resolvendo as equações (3.9.2) e (3.9.4), obtemos as equações (3.9.5), que nos permitem calcular os valores
das impedâncias 𝑍1 , 𝑍2 𝑒 𝑍3 do quadripolo em T, conhecendo os parâmetros A do quadripolo dado.
𝐴11 −1 𝐴22 −1 1
𝑍1 = ; 𝑍2 = e 𝑍3 = (3.9.5)
𝐴21 𝐴21 𝐴21
Se a rede de quatro terminais (quadripolo) original for simétrica, então

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𝐴11 = 𝐴22 → 𝑍1 = 𝑍2 (3.9.6)
3.9.2. Quadripolo em π
Qualquer quadripolo passivo pode ser representado no esquema em π equivalente.
Figura 3.17: Esquema em π equivalente de um quadripolo
Para o quadripolo representado na figura 3.17, aplicando a 2ª Lei de Kirchhoff na malha exterior,
𝑈1 = 𝑈2 + 𝐼1′ ∗ 𝑍1
𝑈2
Mas 𝐼1′ = 𝐼2 + → 1ª Lei de Kirchhoff
𝑍3
Substituindo,
𝑈2 𝑍1
𝑈1 = 𝑈2 + (𝐼2 + ) ∗ 𝑍1 ↔ 𝑈1 = (1 + ) 𝑍2 + 𝑍1 ∗ 𝐼2 (3.9.7)
𝑍3 𝑍3
Comparando as equações (3.9.7) e (3.9.1),
𝑍1
𝐴11 = 1 + e 𝐴12 = 𝑍1 (3.9.8)
𝑍3
Pela 1ª Lei de Kirchhoff,
𝑈1 1 1 𝑍1 𝑍1
𝐼1 = 𝐼1′ + = 𝐼2 + 𝑈2 + (1 + ) 𝑈2 + 𝐼 ↔
𝑍2 𝑍3 𝑍2 𝑍3 𝑍2 2
1 1 𝑍1 𝑍1 𝑍2 +𝑍3 +𝑍1 𝑍1
↔ 𝐼1 = ( + + ) 𝑈2 + (1 + )𝐼2 ↔ 𝐼1 = 𝑈2 + (1 + )𝐼2 (3.9.9)
𝑍3 𝑍2 𝑍2 ∗𝑍3 𝑍2 𝑍2 ∗𝑍3 𝑍2
Comparando as equações (3.9.9) e (3.5.2),

𝑍1 +𝑍2 +𝑍3 𝑍1
𝐴21 = e 𝐴22 = 1 + (3.9.10)
𝑍2 ∗𝑍3 𝑍2
Com os valores das impedâncias 𝑍1 , 𝑍2 𝑒 𝑍3 , podemos calcular os parâmetros A do quadripolo em T,

através das equações (3.9.8) e (3.9.10).
Resolvendo as equações (3.9.8) e (3.9.10), obtemos as equações
𝐴12 𝐴12
𝑍1 = 𝐴12 ; 𝑍2 = e 𝑍3 = (3.9.11)
𝐴22 −1 𝐴11 −1
As equações (3.9.11) permitem-nos determinar as impedâncias Z1, Z2 e Z3 do esquema π equivalente de

qualquer quadripolo passivo, conhecendo os parâmetros A.
Para um quadripolo simétrico, 𝐴11 = 𝐴22 consequentemente 𝑍3 = 𝑍2
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3.10. Acoplamento de Quadripolos
3.10.1. Ligação de Quadripolos Em Cascata
Neste tipo de ligação os terminais de entrada do quadripolo posterior são ligados aos terminais de saída do
quadripolo precedente.
Vamos associar em cascata os quadripolos a e b representados na figura 3.18.
Para o quadripolo a podemos escrever as equações seguintes:
𝑈1𝑎 = 𝐴11𝑎 ∗ 𝑈2𝑎 + 𝐴12𝑎 ∗ 𝐼2𝑎 (3.10.1)
𝐼1𝑎 = 𝐴21𝑎 ∗ 𝑈2𝑎 + 𝐴22𝑎 ∗ 𝐼2𝑎 (3.10.2)
Figura 3.18: Ligação dos quadripolos a e b em cascata
Podemos reescrever as equações (3.10.1) e (3.10.2) na forma matricial
𝑈1 𝑈2 𝐴 𝐴12𝑎
[ ] = [𝐴]𝑎 [ ] Onde [𝐴]𝑎 = [ 11𝑎 ] (3.10.3)
𝐼1 𝑎 𝐼2 𝑎 𝐴21𝑎 𝐴22𝑎
Para o quadripolo b podemos escrever as equações seguintes:

𝑈1𝑏 = 𝐴11𝑏 ∗ 𝑈2𝑏 + 𝐴12𝑏 ∗ 𝐼2𝑏 (3.10.4)
𝐼1𝑏 = 𝐴21𝑏 ∗ 𝑈2𝑏 + 𝐴22𝑏 ∗ 𝐼2𝑏 (3.10.5)
Na forma matricial as equações (3.10.4) e (3.10.5) podem ser reescritas da seguinte forma:
𝑈1 𝐴 𝐴12 𝑈2
[ ] = [ 11 ] ∗[ ] (3.10.6)
𝐼1 𝑏 𝐴21 𝐴22 𝑏 𝐼2 𝑏
Na figura 3.18, analisando o esquema de ligação dos dois quadripolos, podemos ver que
𝑈2 𝑈1
[ ] =[ ] Uma vez que 𝑈2𝑎 = 𝑈1𝑏 e 𝐼2𝑎 = 𝐼1𝑏
𝐼2 𝑎 𝐼1 𝑏

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Figura 3.19: Quadripolo resultante
Analisando a figura 3.19 facilmente podemos concluir que
𝑈1 𝑈1 𝑈2 𝑈2
[ ]=[ ] e [ ]=[ ]
𝐼1 𝐼1 𝑎 𝐼2 𝐼2 𝑏
Das equações (3.10.3) e (3.10.6), obtemos
𝑈1 𝑈2 𝑈1 𝐴 𝐴12 𝐴 𝐴12 𝑈2
[ ] = [𝐴]𝑎 ∗ [𝐴]𝑏 ∗ [ ] ↔ [ ] = | 11 | ∗ | 11 | ∗[ ] (3.10.7)
𝐼1 𝐼2 𝐼1 𝐴21 𝐴22 𝑎 𝐴21 𝐴22 𝑏 𝐼2
A equação (3.10.7) mostra que a matriz A do quadripolo resultante da associação em cascata dos
quadripolos a e b é dada pela multiplicação das matrizes a e b dos quadripolos originais.
[𝐴] = [𝐴]𝑎 ∗ [𝐴]𝑏
3.10.2. Ligação dos Quadripolos Em Série
Neste tipo de ligação, ligam-se em serie os terminais de entrada e os terminais de saída separadamente.
Para quadripolos ligados em serie é mais fácil trabalhar com os parâmetros Z.
Figura 3.20: Ligação dos quadripolos a e b em série.
Equações do modelo Z.
𝑈1 = 𝑍11 ∗ 𝐼1 + 𝑍12 ∗ 𝐼2
𝑈2 = 𝑍21 ∗ 𝐼1 + 𝑍22 ∗ 𝐼2
Para o quadripolo a, temos as seguintes equações:
𝑈1 𝑍11 𝑍12 𝐼1
[ ] =[ ] ∗ [ ] (3.10.8)
𝑈2 𝑎 𝑍21 𝑍22 𝑎 𝐼2 𝑎
Analogamente, para o quadripolo b temos as seguintes equações:
𝑈1 𝑍11 𝑍12 𝐼1
[ ] =[ ] ∗[ ] (3.10.9)
𝑈2 𝑏 𝑍21 𝑍22 𝑏 𝐼2 𝑏
Somando (3.10.8) e (3.10.9), pois na ligação em série as tensões são somadas, obtemos

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𝑈1 𝑈1 𝑈1 𝑈1𝑎 + 𝑈1𝑏 𝐼1 𝐼1
[ ] +[ ] =[ ] =[ ] = [𝑍𝑎 ]𝑎 [ ] + [𝑍]𝑏 ∗ [ ] (3.10.10)
𝑈2 𝑎 𝑈2 𝑏 𝑈2 𝑈2𝑎 + 𝑈2𝑎 𝐼2 𝑎 𝐼2 𝑏
Na figura 3.20 facilmente podemos ver que
𝐼1𝑎 = 𝐼1𝑏 = 𝐼1 e 𝐼2𝑎 = 𝐼2𝑏 = 𝐼2
Portanto, a equação (3.10.10) podemos reescrever da seguinte forma:
𝑈1 𝑍11 𝑍12 𝐼1 𝑍11 𝑍12 𝐼1 𝑈1 𝐼1

[ ]= [ ] ∗[ ]+[ ] ∗[ ] ↔ [ ] = ([𝑍]𝑎 + [𝑍]𝑎 ) [ ] (3.10.11)
𝑈2 𝑍21 𝑍22 𝑎 𝐼2 𝑍21 𝑍22 𝑏 𝐼2 𝑈2 𝐼2
Da equação (3.10.11) podemos concluir que

[𝑍]𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = [𝑍] + [𝑍]
𝑎 𝑏
Figura 3.21: Ligação dos quadripolos a e b em série – Quadripolo resultante ou equivalente.
A matriz 𝑍 do quadripolo equivalente é a soma das matrizes Z dos quadripolos individuais.
3.10.3. Ligação dos Quadripolos Em Paralelo
Na ligação em paralelo, são ligados em paralelo os terminais de entrada, assim como os terminais de saída
separadamente.
Figura 3.22: Ligação dos quadripolos a e b em paralelo.
Neste tipo de ligação é mais fácil usar o modelo admitância ou modelo Y.
Equações do Modelo 𝑌

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𝐼1 = 𝑌11 ∗ 𝑈1 + 𝑌12 ∗ 𝑈2
𝐼2 = 𝑌21 ∗ 𝑈1 + 𝑌22 ∗ 𝑈2
Equações do modelo Y na forma matricial
𝐼1 𝑌11 𝑌12 𝑈1
[ ]=[ ][ ]
𝐼2 𝑌21 𝑌22 𝑈2
Para o quadripolo a temos a seguinte equação:
𝐼1 𝑌11 𝑌12 𝑈1
[ ] =[ ] [ ] (3.10.12)
𝐼2 𝑎 𝑌21 𝑌22 𝑎 𝑈2 𝑎
Analogamente para o quadripolo b temos,
𝐼1 𝑌11 𝑌12 𝑈1
[ ] =[ ] [ ] (3.10.13)
𝐼2 𝑏 𝑌21 𝑌22 𝑏 𝑈2 𝑏
Analisando a figura 3.22 podemos verificar que
𝐼1 = 𝐼1𝑎 + 𝐼1𝑏 ; 𝐼2 = 𝐼2𝑎 + 𝐼2𝑏 ; 𝑈1 = 𝑈1𝑎 = 𝑈1𝑏 e 𝑈2 = 𝑈2𝑎 = 𝑈2𝑏 (3.10.14)
Com base nas equações (3.10.14), podemos escrever,
𝐼1 𝐼1 𝐼1 𝐼1 𝑌11 𝑌12 𝑌11 𝑌12 𝑈

[ ]=[ ] +[ ] ↔ [ ] = ([ ] +[ ] ) *[ 1 ] (3.10.15)
𝐼2 𝐼2 𝑎 𝐼2 𝑏 𝐼2 𝑌21 𝑌22 𝑎 𝑌21 𝑌22 𝑏 𝑈2
Da equação (3.10.15) podemos concluir que
[𝑌]𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = |𝑌|𝑎 + [𝑌]𝑏
Figura 3.23: Ligação dos quadripolos a e b em paralelo – Quadripolo resultante.
A matriz Y do quadripolo equivalente é a soma das matrizes Y dos quadripolos individuais.
3.11. Concordância dum Quadripolo Ligado Entre Uma Fonte e Uma Carga
Para transferência de potência máxima de um bipolo activo a uma carga é necessário que
∗
𝑍𝐶 = 𝑍𝑒𝑞
Para o caso de um quadripolo:

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Figura 3.24: Concordância de quadripolo.
𝑍𝑒𝑛 1= = 𝑍1∗
} Para que a potência transferida da fonte para a carga seja máxima.
𝑍𝑒𝑛 2 = 𝑍𝐶∗
4. O CAMPO ELECTROSTÁTICO
4.1. Introdução
O campo electromagnético é uma forma de matéria. Transporta energia e possui um conjunto de

propriedades eléctricas e magnéticas.
O campo electrostático é um caso particular de um campo electromagnético. Define-se como a região na
qual uma partícula carregada estacionaria estará sujeita a uma força devida a uma distribuição de cargas em
repouso em relação a um referencial invariável com o tempo.
Da física sabe-se que qualquer substância é constituída por partículas elementares carregadas rodeadas por
um campo electromagnético. Assim pode se dizer que em qualquer substância há descontinuidades
microscópicas no espaço.
Além disso, as partículas elementares carregadas que constituem os átomos e moléculas de uma substância
estão continuamente em movimento ao acaso.
Assim, além das descontinuidades microscópicas no espaço, há sempre mudança de posição (os
deslocamentos) de cargas microscópicas em espaços de tempo consecutivos. Na teoria de campo, considera-
se a média das descontinuidades microscópicas quer no espaço e no tempo, isto é, os fenómenos são
examinados macroscopicamente.
Num corpo carregado, a carga total considera-se invariável com o tempo, as cargas elementares movem-se
ao acaso. Portanto, o campo magnético devido às cargas elementares é praticamente inexistente mesmo
perto da superfície do corpo. É por esta razão que se pode considerar apenas um aspecto do campo
electromagnético ou seja o campo eléctrico.
Lei de Coulomb
A força de atracção ou repulsão 𝐹 entre duas cargas eléctricas, 𝑞1 𝑒 𝑞2 , pontuais e colocadas no vazio, é
proporcional ao produto das suas grandezas e é inversamente proporcional ao quadrado da distância 𝑅⃗ entre
elas.

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Figura 4.1: Lei de Coulomb

𝑞1 ∗𝑞2
𝐹= 𝑅⃗0 (4.1.1)
4𝜋𝜀𝜀𝑜 𝑟 2
Onde,
𝑞1 e 𝑞2 são as cargas em Coulomb;

𝜀𝑜 é a permitividade do vácuo;
𝑟 é a distância entre as cargas em metros.
𝑅⃗𝑜 é o vector unitário cuja direcção é a da linha que une as cargas e cujo sentido é o da força que actua entre
elas.
𝐹 é a força em Newtons.
𝐹
𝑞 = [1𝐶] ; 𝐹 = [1𝑁] ; 𝜀𝑜 = 8,85. 10−12 e 𝜀=1
𝑚
Para cargas de sinais contrários a força é de atracção, para cargas do mesmo sinal a força é de repulsão.
4.2. Intensidade do Campo Electrostático
Se se coloca num campo electrostático uma carga positiva estacionária tão pequena que não dê origem a
qualquer mudança na distribuição de cargas nos corpos que produzem o campo, a razão entre a força que
actua sobre a carga e a grandeza da carga é igual à intensidade do campo eléctrico no ponto considerado.
𝐹
𝐸⃗ = (4.2.1)
𝑞
A intensidade do campo eléctrico é numericamente igual a força que actua sobre a carga unitária.
Se um campo electrostático é devido a varias cargas (𝑞1 , 𝑞2 , 𝑞3 , … . ) a intensidade do campo electrostático

resultante será o vector soma das intensidade dos campos electrostáticos devidos a cada uma das cargas:
𝐸⃗ = 𝐸⃗1 + 𝐸⃗2 + 𝐸⃗3 + ⋯
Figura 4.2: Campo electrostático no ponto A.
Na figura 4.2, o campo electrostático no ponto A será a soma vectorial dos campos devidos as cargas q1 e q2.

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𝐸⃗𝐴 = 𝐸⃗1 + 𝐸⃗2
O princípio da sobreposição também é valido para o campo eléctrostático.
Das equações (4.1.1) e (4.2.1), podemos escrever,

𝑞1 ∗𝑞
⃗
2 ∗𝑅𝑜
𝐹 4𝜋𝜀𝜀𝑜 𝑟
𝐸⃗ = ↔ 𝐸⃗ =
𝑞 𝑞
𝑞1
↔ 𝐸⃗ = 𝑅⃗0 (4.2.2)
4𝜋𝜀𝜀𝑜 𝑟 2
Da equação (4.2.1), podemos obter a unidade do campo electrostático no SI.
𝑁 𝐽
[𝐸] = 1 ∗ = [1 ∗ ]
𝐶 𝑚. 𝑐
4.3. Linhas de Força
Um campo electrostático pode ser representado por um conjunto de linhas de força. Uma linha de força
eléctrica é um percurso imaginário no campo que começa numa carga positiva e termina numa carga
negativa igual. Desenha-se de tal modo que o seguimento de tangente à linha em qualquer ponto dá a
direcção da intensidade de campo 𝐸⃗ nesse ponto. Uma carga positiva muito pequena que se possa mover
livremente no campo e sem inercia seguiria o percurso da linha de força.
Figura 4.3: Linhas de força do campo electrostático.
4.4. Potencial do Campo Eléctrico
O campo electrostático é definido pelas grandezas intensidade do campo electrostático 𝐸⃗ e o potencial 𝜑. O

potencial do campo electrostático em qualquer ponto é uma grandeza escalar.
Figura 4.4: Trabalho realizado pelas forças do campo electrostático.
Consideremos uma carga 𝑞 colocada num campo eléctrostático. A força que actua sobre a carga é
𝐹 = 𝑞. 𝐸⃗ ; Sendo, 𝑑𝐴 = 𝐹 . 𝑑𝑙 ↔ 𝑑𝐴 = 𝑞. 𝐸⃗ . 𝑑𝑙

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O trabalho realizado pelas forças do campo electrostático sobre a carga 𝑞, para levar a carga q do ponto 1 ao
ponto 2 é dado por
2
𝐴 = 𝑞 ∫1 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 (4.4.1)
A carga 𝑞 pode ter qualquer valor.
Suponhamos que a carga q é uma carga positiva e unitária 𝑞 = 1𝐶

2
𝐴 = ∫1 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 (𝑞 = 1𝐶, ou seja, carga unitária)
Então, o trabalho realizado sobre esta carga ao leva-la do ponto 1 para o ponto 2 é numericamente igual à
diferença de potencial:
2
𝜑1 − 𝜑2 = ∫1 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 (4.4.2)
Se o potencial no ponto 2 é zero, então

2
𝜑1 = ∫1 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 (𝜑2 = 0) (4.4.3)
O potencial em qualquer ponto dum campo electrostático é definido como o trabalho realizado pelas forças
do campo para transportarem uma carga positiva unitária de um dado ponto para outro ponto onde o
potencial é zero.
Se o campo electrostático é devido a varias cargas, o potencial num ponto será a soma algébrica dos
potenciais devido a cada uma das cargas eléctricas.
Figura 4.5: Potencial devido a várias cargas
Na figura 4.5, o potencial no ponto A, será devido às cargas q1 , q2 e q3, ou seja,
𝜑𝐴 = 𝜑1 − 𝜑2 + 𝜑3
4.5. Campo Electrostático Como Um Campo de Potencial
Escrevamos uma expressão para uma diferença de potencial num campo devida a uma carga pontual.

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Figura 4.6: Diferença de potencial num campo electrostático.
Na figura 4.6, a diferença de potencial entre os pontos 1 e 2 do campo electrostático criado pela carga
pontual q1 é dada pela equação (4.4.2).
2 2 𝑑𝑅
𝜑1 − 𝜑2 = ∫1 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 ↔ 𝜑1 − 𝜑2 = ∫1 𝐸 . 𝑑𝑙. 𝑐𝑜𝑠𝛼 ; mas 𝑐𝑜𝑠𝛼 = ↔ 𝑑𝑅 = 𝑑𝑙. 𝑐𝑜𝑠𝛼
𝑑𝑙
2 𝑞1
𝜑1 − 𝜑2 = ∫1 𝐸 . 𝑑𝑅 ; mas 𝐸 =
4𝜋𝜀𝜀0 .𝑅 2
2
𝑞1
𝜑1 − 𝜑2 = ∫ ∗ 𝑑𝑅
4𝜋𝜀𝜀0 . 𝑅2
1
𝑞1 1 1
𝜑1 − 𝜑2 = ∗( − ) (4.5.1)
4𝜋𝜀𝜀0 𝑅1 𝑅2
Assim a diferença de potencial entre os pontos inicial e final do percurso (pontos 1 e 2) depende somente da
posição destes pontos e é independente do percurso ao longo do qual a carga é deslocada.
Da equação (4.5.1)
𝑞1
Se R2 = + ∞ → 𝜑1 = (4.5.2)
4𝜋𝜀𝜀0 𝑅1
A equação (4.5.2) permite-nos calcular o potencial em qualquer ponto de um campo electrostático criado
por uma carga pontual q1.
Se tomarmos um percurso fechado (1-3-2-4-1), ou seja, começarmos e terminarmos no mesmo ponto.
Então, 𝜑1 − 𝜑1 = 0 = ∮ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 = 0 (4.5.3)
A equação (4.5.3) diz que num campo electrostático o integral curvilíneo da intensidade do campo eléctrico
ao longo de qualquer percurso fechado é nulo.
Fisicamente, isto se explica pelo facto de que as forças do campo realizam o mesmo trabalho sobre uma
carga que se move ao longo de um percurso fechado, que as forças exteriores que se opõem a este
movimento.
A equação (4.5.3) pode se ler: a circulação do vector 𝐸⃗ ao longo de qualquer contorno fechado é zero. Os
campos que satisfazem a esta equação são chamados campos de potencial.

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Exemplos de campos de potencial: campo gravitacional, campos de temperatura em regime permanente, etc.
4.6. Linhas Equipotenciais
Em qualquer campo electrostático podem se considerar superfícies nas quais todos os pontos estão ao
mesmo potencial. Tal superfície é chamada superfície equipotencial. As intersecções de um plano com as
superfícies equipotenciais são chamadas linhas equipotenciais.
No plano → Linhas equipotenciais; No espaço → Superfícies equipotenciais.
Figura 4.7: Linhas Equipotenciais
As superfícies equipotenciais intersectam as linhas de força perpendiculares em qualquer ponto.
Não se realiza trabalho ao deslocar-se uma carga ao longo de uma linha equipotencial.
Ao contrário das linhas de força, as linhas equipotenciais fecham-se sobre elas próprias.
4.7. Gradiente de Potencial
A intensidade do campo eléctrico E e o potencial φ estão relacionados pelo integral da equação (4.4.2). A
relação pode também ter a forma diferencial.
Como vimos, um campo electrostático é um campo de potencial. No caso geral, existe uma diferença de
potencial entre dois pontos muito próximos do campo. Dividindo esta diferença de potencial pela distância
mais curta entre os dois pontos obtemos uma quantidade que representa a velocidade de variação do
potencial ao longo da mais curta distância entre os pontos. Esta velocidade depende do sentido em que os
pontos são tomados.
Na matemática usa-se o conceito gradiente de uma função escalar, que exprime em grandeza e sentido a
velocidade de variação máxima desta função.
Nesta definição há dois aspectos importantes a considerar:
a) Dois pontos vizinhos devem ser escolhidos num sentido em que a razão de variação do potencial
seja a maior; e
b) Este sentido deve ser tal que a função escalar aumente e não diminua ao longo dele.
O gradiente de potencial é um vector definido em cada ponto do campo electrostático cuja direcção é da
normal à superfície equipotencial (perpendicular às linhas equipotenciais) e se dirige de 𝜑2 para 𝜑1 (no
sentido em que o potencial aumenta). Ver a figura 4.8.

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Figura 4.8: Gradiente de Potencial
Analisando a figura 4.8 podemos ver que,
𝑛⃗𝑜 é vector unitário; 𝑑𝑛⃗ = 𝑛⃗𝑜 . 𝑑𝑛 ;
2
𝜑1 − 𝜑2 = ∫1 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 ↔ −𝑑𝜑 = 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 ↔ 𝑑𝜑 = −𝐸⃗ . 𝑑𝑛. 𝑛⃗𝑜 ↔ −𝑑𝜑 = 𝐸⃗ . 𝑑𝑛⃗
Em que 𝑑𝜑 = 𝜑2 − 𝜑1 é a variação do potencial no sentido do ponto 1 para o ponto 2.
Como os vectores E e dn têm o mesmo sentido, o produto escalar 𝐸⃗ . 𝑑𝑛⃗ é igual ao produto do valor de E
pelo valor de dn.
𝑑𝜑
𝐸⃗ . 𝑑𝑛⃗ = 𝐸. 𝑑𝑛 ↔ 𝐸. 𝑑𝑛 = −𝑑𝜑 ↔ 𝐸=−
𝑑𝑛
O vector intensidade do campo eléctrico será
𝑑𝜑
𝐸⃗ = 𝐸. 𝑛⃗𝑜 ↔ 𝐸⃗ = − ∗ 𝑛⃗𝑜 (4.7.1)
𝑑𝑛
Da definição do gradiente vem
𝜑1 −𝜑2 𝑑𝜑 𝑑𝜑
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑 = ∗ (−𝑛⃗𝑜 ) = − ∗ (−𝑛⃗𝑜 ) ↔ 𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑 = ∗ (𝑛⃗𝑜 ) (4.7.2)
𝑑𝑛 𝑑𝑛 𝑑𝑛
Comparando as equações (4.7.1) e (4.7.2) podemos escrever
𝐸⃗ = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑 (4.7.3)
Vamos representar gradiente no sistema cartesiano ortogonal,
𝜕𝜑 𝜕𝜑 𝜕𝜑
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑 = 𝑖 +𝑗 ⃗
+𝑘 (4.7.4)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Mas,
⃗ 𝐸𝑧
𝐸⃗ = 𝑖𝐸𝑥 + 𝑗𝐸𝑦 + 𝑘 (4.7.5)
Comparando as equações (4.7.3), (4.7.4) e (4.7.5) podemos escrever
⃗ 𝐸𝑧 = −(𝑖. 𝜕𝜑 + 𝑗 𝜕𝜑 + 𝑘
𝐸⃗ = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑 ↔ 𝑖𝐸𝑥 + 𝑗𝐸𝑦 + 𝑘 ⃗ 𝜕𝜑) (4.7.6)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

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Na equação (4.7.6) podemos ver que
𝜕𝜑 𝜕𝜑 𝜕𝜑
𝐸𝑥 = − ; 𝐸𝑦 = − ; 𝐸𝑧 = −
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
No caso geral: 𝜑 = − ∫ 𝐸⃗ 𝑑𝑙
Em coordenadas esféricas 𝜑 = − ∫ 𝐸⃗ 𝑑𝑟
4.8. O Operador Nabla (𝛁)
O Operador de Hamilton ∇ (nabla) é um vector simbólico que substitui os símbolos do gradiente,

divergência e rotacional. A introdução deste operador simplifica os cálculos em análise vectorial.
A expressão do operador nabla em coordenadas cartesianas é:
𝜕 𝜕 𝜕
∇= 𝑖 +𝑗 ⃗
+𝑘 (4.8.1)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
A função respectiva é escrita a direita do sinal do operador.
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕𝜑 𝜕𝜑 𝜕𝜑
∇𝜑 = (𝑖 +𝑗 ⃗
+𝑘 )𝜑 = 𝑖 +𝑗 ⃗
+𝑘 (4.8.2)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Comparando a expressão (4.8.2) com a expressão (4.7.4) vemos que são idênticos. Ou seja,
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑 = ∇𝜑 (4.8.3)
4.9. Fluxo do Vector E Através de Uma Superfície
O fluxo do vector E através de um elemento de superfície é igual ao produto escalar 𝐸⃗ . 𝑑𝑆 e é uma

grandeza escalar.
Figura 4.9: Fluxo de E através de dS.
𝑑∅ = 𝐸⃗ 𝑑𝑠
Para uma superfície grande em que 𝐸⃗ varia ao longo da superfície
∅ = ∫ 𝐸⃗ 𝑑𝑠 (4.9.1)
Para uma superfície fechada
𝛷 = ∮𝑠 𝐸⃗ 𝑑𝑠 (4.9.2)

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4.10. Campo Electrostático Num Meio Dieléctrico
As cargas que se podem mover livremente numa substância (como um condutor) sob a acção de um campo
eléctrico aplicado, isto é, o seu deslocamento não é limitado pelas forças intermoleculares, são chamadas
cargas livres.
Chamam-se cargas ligadas as cargas eléctricas que entram na composição da substância e são mantidas em
determinadas posições pelas forças intermoleculares (sobretudo nos dieléctricos). Tais cargas estão ligadas a
substâncias considerada e não podem ser desligadas da substância. O número de cargas ligadas positivas
numa substância é igual ao número de cargas ligadas negativas.
Se se coloca um corpo dieléctrico num campo eléctrico o corpo polariza-se.
Define-se polarização como sendo uma orientação definida das cargas ligadas numa substância devido ao
campo eléctrico aplicado. A orientação manifesta-se pelo deslocamento das cargas ligadas positivas no
sentido do potencial mais baixo e das cargas ligadas negativas no sentido de potencial mais elevado.
1º Grupo de Substâncias
Neste grupo de substâncias fazem parte os dieléctricos cujas moléculas são electricamente neutras quando
nenhum campo eléctrico externo é aplicado, ou seja, os “centros de gravidade” dos seus protões e electrões
coincidem. Observe a figura 4.10.
Entre estes dieléctricos estão o hidrogénio, o azoto, a parafina, a mica, etc.
O campo eléctrico aplicado dá origem a que o “centro de gravidade” dos protões se mova no sentido do
campo e o “centro da gravidade” dos electrões em sentido contrário ao campo. Como consequência a
molécula dá origem a um dipolo.
Figura 4.10: 1º Grupo de dieléctricos.
2º Grupo de Substâncias (dieléctricos com moléculas polares)
Neste grupo de substâncias fazem parte os dieléctricos cujas moléculas são dipolos mesmo na ausência de
qualquer campo externo – dipolos permanentes. Contudo, em virtude da agitação térmica, estes dipolos
permanentes estão orientados ao acaso, e os seus momentos eléctricos anulam-se uns aos outros e a
substância não está polarizada. Um exemplo desta classe de dieléctricos é o cloreto de hidrogénio.

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Figura 4.11: 2º Grupo de dieléctricos.
A polarização deste grupo de dieléctricos consiste em que as moléculas tendem a rodar de modo que os
momentos dieléctricos fiquem dirigidos segundo o campo eléctrico aplicado, e deste modo os seus
momentos eléctricos aumentam. Observa a figura 4.11.
4.11. Dipolos – Momento Eléctrico Dipolar
Duas cargas iguais e opostas separadas de uma distância infinitesimal l constituem um dipolo.
O momento eléctrico dipolar de duas cargas pontuais +𝑞 𝑒 − 𝑞 separadas de uma distância 𝒍 é um vector
cuja grandeza é 𝑞 𝑙 , a direcção é a da linha que une as cargas e o sentido é o da carga negativa para a
positiva.
Figura 4.12: Momento eléctrico dipolar.
𝑝 = 𝑞. 𝑙 (4.11.1)
Onde,
|𝑞| = |𝑞 ′ |
A unidade do momento eléctrico dipolar no SI é o coulomb metro. [𝑝] = 𝐶. 𝑚
Numa substância electrizada podem se considerar as moléculas, sob o ponto de vista eléctrico, como
dipolos. Sob um campo eléctrico aplicado estes dipolos tendem a orientar-se no espaço de modo que o seu
momento eléctrico seja paralelo ao vector intensidade do campo eléctrico. Sob o ponto de vista prático tem
interesse o momento eléctrico devido a soma dos dipolos que se encontram na unidade de volume da
substância.
O momento eléctrico da soma dos dipolos por unidade de volume de uma substância é chamado vector
polarização 𝑃⃗ .
∑ 𝑞.𝑙
𝑃⃗ = (4.11.2)
𝑉
Onde V é o volume do dieléctrico.
A unidade da polarização no SI é o coulomb por metro quadrado.

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𝐶.𝑚 𝐶
[𝑃⃗] = [1. 3 ] = [1. ]
𝑚 𝑚2
Para a maior parte dos dieléctricos 𝑃⃗ é proporcional à intensidade do campo eléctrico E aplicado. O
coeficiente de proporcionalidade é chamado susceptibilidade eléctrica:
𝑃⃗
𝑘= ↔ 𝑃⃗ = 𝑘 ∗ 𝐸⃗ (4.11.3)
𝐸⃗
A unidade da susceptibilidade eléctrica no SI é o farad por metro.
𝐶 𝐶 𝐹
[𝑘] = [ 𝑣]=[ ]=[ ]
𝑚2 ∗ 𝑚.𝑉 𝑚
𝑚
4.12. Deslocamento Eléctrico ou Indução Eléctrica
Para além dos vectores E e P utiliza-se em electrotecnia o vector D chamado deslocamento eléctrico ou
indução eléctrica.
⃗ define-se pela propriedade do campo eléctrico que consiste

O deslocamento eléctrico ou indução eléctrica 𝐷
em induzir cargas em condutores nele colocado.
O vector 𝐷⃗ é igual a soma de dois vectores: o vector 𝜀0 𝐸⃗ , que caracteriza o campo no vácuo e o vector
polarização 𝑃⃗ :
⃗ = 𝜀0 𝐸⃗ +𝑃⃗
𝐷 (4.12.1)
Como,
𝑘
𝑃⃗ = 𝑘 ∗ 𝐸⃗ = 𝜀0 𝐸⃗ (4.12.2)
𝜀0
vem
𝑘 𝑘
⃗ = 𝜀0 𝐸⃗ + 𝜀0 𝐸⃗
𝐷 = 𝜀0 𝐸⃗ (1 + ) ↔ ⃗ = 𝜀𝜀0 𝐸⃗
𝐷 (4.12.3)
𝜀0 𝜀0
𝑘
Onde, 𝜀𝑎 = 𝜀𝜀0 ; 𝜀 =1+ (4.12.4)
𝜀0
O factor ɛ é chamado permitividade relativa. É a razão entre a permitividade absoluta (ɛa) de uma
substância e a permitividade do vazio (ɛ0). A permitividade relativa é uma grandeza sem dimensões.
No sistema de unidades SI:
[D] = [P] = [1 C/m2] = [coulombs/metro quadrado]
4.13. Teorema de Gauss
O teorema de Gauss, um dos mais importantes da electrostática, deriva da lei de Coulomb e do princípio da
sobreposição.
Pode ser enunciado de três modos diferentes:
1ª Formulação

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O fluxo do vector deslocamento, através de uma superfície fechada que envolve um certo volume é igual a
soma algébrica das cargas livres no interior dessa superfície.
⃗ 𝑑𝑙 = ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮𝑠 𝐷 (4.13.1)
Isto é, o fluxo do vector deslocamento não depende da distribuição das cargas livres no interior da superfície
fechada.
Da fórmula (4.13.1), vê-se que o vector 𝐷⃗ é uma característica do campo que não depende das propriedades
dieléctricas do meio, ou seja, não depende de 𝜀.
2ª Formulação
O fluxo do vector intensidade do campo eléctrico 𝐸⃗ através de uma superfície fechada qualquer, é igual a
soma das cargas livres no interior da superfície dividida por 𝜺𝜺𝟎 .
Como
∑ 𝒒𝒍𝒊𝒗
⃗ = 𝜀𝜀0 𝐸⃗
𝐷 ↔ ∮𝑠 𝜀𝜀0 𝐸⃗ 𝑑𝑠 = ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣 ↔ ∮𝒔 𝐸⃗ 𝑑𝑠 = (4.13.2)
𝜺𝜺 𝟎
A equação (4.13.2) é válida para um meio isotrópico e homogénio.
3ª Formulação
O fluxo do vector intensidade do campo eléctrico 𝐸⃗ através de qualquer superfície fechada é devido não só à
carga livre total mas também à carga ligada total no interior da superfície.
∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣 +∑ 𝒒𝒍𝒊𝒈
∮𝒔 ⃗𝑬𝒅𝒔
⃗ =
𝜺𝟎
(4.13.3)
4.14. Aplicação do Teorema de Gauss. O Campo Electrostático de Uma Carga Pontual
O teorema de Gauss define a intensidade do campo electrostático, ou deslocamento eléctrico em qualquer

ponto de um campo, desde que seja possível traçar uma superfície fechada pelo ponto considerado de modo
que todos os pontos da superfície sejam simétricos em relação à carga no interior da superfície fechada.
Como todos os pontos da superfície são simétricos em relação à carga, o valor da intensidade do campo será
o mesmo em todos os pontos da superfície.
Figura 4.13: Campo de uma carga pontual

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Para o caso da carga pontual representada na figura 4.13, a superfície simétrica será uma esfera, que passará
pelo ponto no qual pretendemos calcular a intensidade de E.
Pelo teorema de Gauss, teremos,
∑𝑞 ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮𝑠 𝐸⃗ 𝑑𝑠 = 𝜺 𝑙𝑖𝑣
𝜺
↔ ∮𝑠 𝐸. 𝑑𝑠 . cos(𝐸⃗ ^𝑑𝑠) = 𝜺𝟎 𝜺
𝟎
Sendo a intensidade de 𝐸⃗ constante em todos os pontos da superfície simétrica,
𝑞𝑙𝑖𝑣 𝑞𝑙𝑖𝑣
𝐸 ∮𝑠 𝑑𝑠 . cos 0° = 𝐸 ∮𝑠 𝑑𝑠 = 𝐸. 4𝜋𝑟 2 = ↔𝐸= (4.14.1)
𝜺𝜺𝟎 4𝜋𝜀𝜀0 𝑟 2
O potencial eléctrico no ponto considerado será:
𝜕𝜑 𝑞 𝑞 1
𝐸⃗ = − ↔ 𝜑 = − ∫ 𝐸⃗ 𝑑𝑟 + 𝐶 ↔ 𝜑 = −∫ 𝑑𝑟 + 𝐶 = − (− ) + 𝐶
𝜕𝑟 4𝜋𝜀𝜀0 𝑟 2 4𝜋𝜀𝜀0 𝑟
Da física sabe-se que o potencial no campo criado por uma carga pontual é zero no infinito.
𝑅 = ∞ ↔ 𝜑 = 0 ↔ 𝐶 = 0 ; Então,
𝑞
𝜑= (4.14.2)
4𝜋𝜀𝜀0 𝑟
4.15. O Teorema de Gauss na Forma Diferencial
O teorema de Gauss sob a forma integral não permite conhecer o modo como o fluxo das linhas de ⃗𝑫⃗ num
ponto considerado do campo esta ligado à densidade das cargas livres no mesmo ponto. Esta relação é dada
pela forma diferencial do teorema de Gauss.
⃗ 𝑑𝑠 = ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮𝑠 𝐷 (4.15.1)
Vamos dividir ambos os membros da equação (4.15.1) pelo volume limitado pela superfície fachada.
⃗ 𝑑𝑠 ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮𝑠 𝐷
=
𝑉 𝑉
O volume V limitado pela superfície S pode tomar qualquer valor. Vamos reduzir este volume para próximo
de zero, ou seja,
⃗ 𝑑𝑠
∮𝐷 ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣
lim = lim (4.15.2)
𝑉→0 𝑉 𝑉→0 𝑉
Quando V tende para zero, o integral superficial da componente normal do deslocamento eléctrico tende
também para zero.
𝑉→0 → ⃗ 𝑑𝑠 → 0
∮ 𝐷
𝑠
Contudo a razão de duas quantidades infinitesimais é uma quantidade finita.
O limite da razão entre o fluxo através de uma superfície fechada que envolve um ponto e o volume limitado
pela superfície fechada, quando o volume tendo para zero é chamado divergência de um dado vector nesse
ponto.

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⃗ = 𝛿𝑙𝑖𝑣
𝑑𝑖𝑣𝐷 (4.15.3)
A equação (4.15.3) é uma das quatro equações fundamentais de Maxwell da teoria electromagnética.
∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣
𝛿𝑙𝑖𝑣 = lim (4.15.4)
𝑉→0 𝑉
⃗ 𝑑𝑠
∮𝐷
⃗ = lim
𝑑𝑖𝑣𝐷 (4.15.5)
𝑉→0 𝑉
𝛿𝑙𝑖𝑣 é a densidade volumétrica da carga livre no ponto considerado.
⃗ num ponto de um campo é determinado pela densidade

A equação (4.15.3) diz-nos que a divergência de 𝐷
volumétrica de carga nesse ponto.
⃗ > 0 → 𝛿𝑙𝑖𝑣 > 0

a) 𝑑𝑖𝑣𝐷
Isto significa que as linhas de D partem do volume infinitamente pequeno. Figura 4.14.a.
⃗ < 0 → 𝛿𝑙𝑖𝑣 < 0

b) 𝑑𝑖𝑣𝐷
Isto significa que as linhas de D convergem no volume infinitamente pequeno. Figura 4.14.b.
⃗ = 0 → 𝛿𝑙𝑖𝑣 = 0
c) 𝑑𝑖𝑣𝐷
Significa que não existe neste ponto do campo nem divergência, nem convergência das linhas de D. Figura
4.14.c.
Figura 4.14: Divergência de D.
Como, ⃗ = 𝜀𝜀0 𝐸⃗
𝐷 então,
𝛿
⃗ = 𝛿𝑙𝑖𝑣 ↔ 𝑑𝑖𝑣 (𝜀𝜀0 𝐸⃗ ) = 𝛿𝑙𝑖𝑣
𝑑𝑖𝑣𝐷 → 𝑑𝑖𝑣𝐸⃗ = 𝑙𝑖𝑣 (4.15.6)
𝜀𝜀0
A equação (4.15.6) é uma segunda forma diferencial do teorema de Gauss, válida para um meio homogénio
e isotrópico (ɛ constante).
Da equação (4.13.3), podemos obter,
𝛿𝑙𝑖𝑣 +𝛿𝑙𝑖𝑔
𝑑𝑖𝑣𝐸⃗ = (4.15.7)
𝜀0

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4.16. A Divergência em Coordenadas Cartesianas
As expressões analíticas da div E variam com o sistema de coordenadas escolhido.
Para obtermos a expressão analítica da div E em coordenadas cartesianas, consideremos a figura 4.15.
Figura 4.15: Divergência em coordenadas cartesianas.
No ponto P (x, y, z) onde pretendemos calcular a divergência, consideremos um paralelepípedo rectangular

infinitesimal cujas arestas dx, dy, dz são paralelas aos eixos Ox, Oy e Oz respectivamente.
Para determinar a div E é necessário calcular o fluxo total de E que sai da superfície do paralelepípedo e
dividi-lo pelo seu volume dx dy dz.
∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑠 ∑ɸ
𝑑𝑖𝑣𝐸⃗ = lim = (4.16.1)
𝑉→0 𝑉 𝑑𝑥. 𝑑𝑦. 𝑑𝑧
O fluxo através da face esquerda do paralelepípedo paralela a Oz e de área dx dz é devido somente a

componente de E paralela a Oy (Ey). Portanto, o fluxo de E através desta face é Ey dx dz.
A face da direita de área dx dz está a uma distância dy da face da esquerda. Portanto a componente de E
sobre o eixo dos yy (Ey) que passa através da face da direita de área dx dz é
𝜕𝐸𝑦
𝐸𝑦 + 𝑑𝑦 (4.16.2)
𝜕𝑦
Onde
𝜕𝐸𝑦
é a velocidade de variação de Ey no sentido do eixo dos yy.
𝜕𝑦
𝜕𝐸𝑦
𝑑𝑦 é a variação de Ey ao longo de dy.
𝜕𝑦
O fluxo através das duas faces de área dx dz é
𝐸𝑥 𝜕𝐸𝑦
∅𝑦 = (𝐸𝑦 + 𝑑𝑦 − 𝐸𝑦 ) 𝑑𝑥𝑑𝑧 = 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝜕𝑦 𝜕𝑦
Analogamente, para as duas faces de área dy dz é

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𝜕𝐸𝑥
𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝜕𝑥
E para as duas faces de área de área dx dy é
𝜕𝐸𝑧
𝜕𝑧
Somando estes fluxos e dividindo pelo volume, segundo a equação (4.16.1), obtemos
𝜕𝐸 𝜕𝐸𝑦 𝜕𝐸𝑧
( 𝑥+ + ) ∗ 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝑑𝑖𝑣𝐸⃗ =
𝜕𝐸𝑥 𝜕𝐸𝑦 𝜕𝐸𝑧

𝑑𝑖𝑣 𝐸⃗ = + + (4.16.3)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
A div E é uma grandeza escalar.
4.17. Utilização do Operador Nabla para Calcular a Divergência
⃗
Vamos provar que o produto escalar do operador ∇ por uma função vectorial qualquer, por exemplo 𝑬
corresponde a tomar a divergência desta função vectorial, ou seja,
∇𝐸⃗ = 𝑑𝑖𝑣𝐸⃗ (4.17.1)
Vamos determinar o produto escalar de E e nabla.
𝜕 𝜕 𝜕
∇𝐸⃗ = (𝑖 +𝑗 ⃗ ) (𝑖𝐸𝑥 + 𝑗𝐸𝑦 + 𝑘
+𝑘 ⃗ 𝐸𝑧 )
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
⃗ ∗𝑘
Como 𝑖 ∗ 𝑖 = 𝑗 ∗ 𝑗 = 𝑘 ⃗ =1 𝑖 ∗ 𝑖 = 1 ∗ 1𝑐𝑜𝑠0 = 1
⃗ =𝑘
𝑖∗𝑗=𝑗∗𝑘 ⃗ ∗𝑖 = 0 ⃗ = 1 ∗ 1𝑐𝑜𝑠90° = 0
𝑖∗𝑘
𝜕𝐸 𝜕𝐸 𝜕𝐸
∇𝐸⃗ = 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 (4.17.2)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Como podemos ver, o segundo membro da equação (4.17.2) corresponde a div E, equação (4.16.3).
Então,
∇𝐸⃗ = 𝑑𝑖𝑣𝐸⃗
4.18. As Equações de Poisson e Laplace
São extensões do teorema de Gauss e são apresentados sob a forma diferencial onde a velocidade de
⃗ está relacionada com a distribuição espacial de carga.
variação das componentes do campo eléctrico 𝑬
𝛿
𝐸⃗ = −𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑 mas 𝑑𝑖𝑣 𝐸⃗ = 𝑙𝑖𝑣
𝜀𝜀0
Substituindo E obtém-se

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𝛿𝑙𝑖𝑣
𝑑𝑖𝑣 𝐸⃗ = 𝑑𝑖𝑣 (−𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑) =
𝜀𝜀0
Escrevendo ∇𝜑 em vez de 𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑 𝒆 ∇ em vez de 𝑑𝑖𝑣 tem-se
𝛿𝑙𝑖𝑣 𝛿𝑙𝑖𝑣
𝑑𝑖𝑣(−𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑) = ↔ ∇(∇𝜑) = −
𝜀𝜀0 𝜀𝜀0
𝛿𝑙𝑖𝑣
∇2 𝜑 = − (4.18.1)
𝜀𝜀0
Esta é a equação de Paisson. Um caso particular desta equação é a equação de Laplace quando 𝛿𝑙𝑖𝑣 = 0.
Portanto, a equação de Laplace é
∇2 𝜑 = 0 (4.18.2)
O operador 𝑑𝑖𝑣 𝑔𝑟𝑎𝑑 ou ∇2 é conhecido como Operador de Laplace ou Laplaciano que muitas vezes se
representa como ∆.
Para obter a equação de Poisson em coordenadas cartesianas escrevamos:
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕𝜑 𝜕𝜑 𝜕𝜑
∇2 𝜑 = ∇(∇𝜑) = (𝑖 +𝑗 ⃗ ) ∗ (𝑖
+𝑘 +𝑗 ⃗
+𝑘 )
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Multiplicando termo a termo, obtemos
𝜕2 𝜑 𝜕2 𝜑 𝜕2 𝜑
∇2 𝜑 = + +
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2
Assim a equação de Poisson em coordenadas cartesianas é
𝜕2 𝜑 𝜕2 𝜑 𝜕2 𝜑 𝛿𝑙𝑖𝑣
+ + =− (4.18.3)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2 𝜀𝜀0
Em coordenadas cartesianas, a equação de Laplace é a seguinte
𝜕2 𝜑 𝜕2 𝜑 𝜕2 𝜑
+ + =0 (4.18.4)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2
4.19. O Campo Electrostático no Interior de um Corpo Condutor
Num corpo condutor colocado num campo electrostático, as cargas negativas acumulam-se à superfície do
corpo do lado onde o potencial é mais elevado e as cargas positivas do lado oposto, devido a indução
electrostática.

Eng.º Isac Bitone
Figura 4.16: Campo electrostático num corpo condutor.
Na electrostática todos os pontos de um corpo condutor estão ao mesmo potencial, pois se existisse uma
diferença de potencial faria com que os electrões do corpo se deslocassem.
4.20. Condições Limites
Quando existe num campo eléctrico em mais do que um meio dieléctrico é importante conhecer as
condições que existem nas superfícies de reparação dos meios que têm propriedades eléctricas diferentes.
Estas são chamadas condições limites.
A resolução das equações de Poisson e de Laplace envolvem o uso de constantes de integração. Elas são
calculadas a partir das condições limites.
4.20.1. Condições Existentes na Superfície de Separação de um Corpo Condutor e de um

Dieléctrico
Há duas condições que são sempre satisfeitas na superfície de separação entre um corpo condutor não
percorrido por uma corrente eléctrica e um dieléctrico.
1ª Condição Limite
A componente tangencial da intensidade de campo eléctrico é zero.
𝐸𝑡 = 0
Vamos demonstrar a 1ª condição limite.

Eng.º Isac Bitone
Figura 4.17: Demonstração da 1ª condição limite.

2
𝜑1 − 𝜑2 = ∫1 𝐸⃗ 𝑑𝑙 ↔ 𝑑𝜑 = 𝐸⃗ . 𝑑𝑙
Tendo em conta que o potencial em qualquer ponto de um condutor é o mesmo, significa que no corpo
condutor 𝜑1 − 𝜑2 = 0, ou seja, 𝑑𝜑 = 0, mas 𝑑𝑙 é diferente de zero 𝑑𝑙 ≠ 0
𝑑𝜑 = 𝐸⃗ ∗ 𝑑𝑙 = 𝐸 ∗ 𝑑𝑙 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝐸̂ ^𝑑𝑙 ) ↔ 𝑑𝜑 = 𝐸𝑡 ∗ 𝑑𝑙 Como 𝑑𝜑 = 0 𝑚𝑎𝑠 𝑑𝑙 ≠ 0 ↔ 𝐸𝑡 = 0
O deslocamento eléctrico 𝐷⃗ em qualquer ponto do dieléctrico imediatamente vizinho da superfície do

condutor é numericamente igual à densidade de carga 𝜎 na superfície do condutor no ponto considerado.
𝐷=𝜎
𝑞
Onde σ é a densidade superficial de carga. 𝜎=
𝑆
Figura 4.18: Demonstração da 2ª condição limite
Paralelepípedo infinitamente pequeno, tal que a face superior seja paralela a superfície do corpo condutor.
Suponhamos que a altura do paralelepípedo é muito pequena, que seja desprezível. Portanto, a carga no
interior do volume considerado é 𝜎 ∗ 𝑑𝑠.
⃗ 𝑑𝑠 = ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮𝑠 𝐷 ↔ ⃗ 𝑑𝑠 = 𝑑𝑞𝑙𝑖𝑣
𝐷
𝑑𝑞𝑙𝑖𝑣 = 𝜎 ∗ 𝑑𝑠
𝐷𝑑𝑠 = 𝜎𝑑𝑠 ↔ 𝑑𝑠𝐷 = 𝑑𝑠𝜎 ↔ 𝐷 = 𝜎
4.20.2. Condições Limites na Superfície de Separação de Dois Dieléctricos
Há duas condições que são sempre satisfeitas na superfície de separação de dois dieléctricos de
permitividades diferentes.
As componentes tangenciais das intensidades do campo eléctrico são iguais.

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𝐸1𝑡 = 𝐸2𝑡
∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑙 = 0 ↔ ∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑙 = ∫ 𝐸⃗1 ∗ 𝑑𝑙1 + ∫ 𝐸⃗2 ∗ 𝑑𝑙2 = ∫ 𝐸1 𝑑𝑙1 . 𝑐𝑜𝑠𝛼1 + ∫ 𝐸2 𝑑𝑙2 . 𝑐𝑜𝑠𝛼2 = 0
∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑙 = ∫ 𝐸1 𝑑𝑙1 . 𝑐𝑜𝑠(𝐸⃗1 ^𝑑𝑙1 ) + ∫ 𝐸2 𝑑𝑙2 . 𝑐𝑜𝑠(𝐸⃗2 ^𝑑𝑙2 ) = 0
𝐸⃗1 ^𝑑𝑙1 = 𝛼1 e 𝐸⃗2 ^𝑑𝑙2 = 𝛼2

𝐸1𝑡
𝒄𝒐𝒔𝛼1 = ↔ 𝐸𝑡1 = 𝐸1 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝛼1 Analogamente 𝐸𝑡2 = 𝐸2 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝛼2
𝐸1
𝐸𝑡1 . 𝑑𝑙1 − 𝐸𝑡2 . 𝑑𝑙2 = 0 Sentido de 𝑑𝑙2 é 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝑎𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑙1
Como 𝑑𝑙1 = 𝑑𝑙2 = 𝑑𝑙 ≠ 0 ↔ 𝐸𝑡1 = 𝐸𝑡2
Na superfície de separação de dois dieléctricos as componentes normais do vector deslocamento são iguais.
𝐷𝑛1 = 𝐷𝑛2

Eng.º Isac Bitone
⃗ ∗ 𝑑𝑠 = 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮𝑠 𝐷 Mas na superficie de separação de dois dieléctricos 𝑞𝑙𝑖𝑣 = 0
⃗ ∗ 𝑑𝑠 = 0 ↔ ∮ 𝐷
∮𝐷 ⃗ ∗ 𝑑𝑠 = ∫ 𝐷
⃗ 1 𝑑𝑠1 + ∫ 𝐷
⃗ 2 𝑑𝑠2 = 0
𝑠1 𝑠2
⃗ 1 ^𝑑𝑠1 ) + 𝐷2 𝑑𝑠2 . cos(𝐷

𝐷1 ∗ 𝑑𝑠1 . cos(𝐷 ⃗ 2 ^𝑑𝑠2 ) = 0
𝐷1 ∗ 𝑑𝑠1 . cos𝛼1 + 𝐷2 𝑑𝑠2 . cos𝛼2 = 0
𝐷𝑛1 ∗ 𝑑𝑠1 − 𝐷𝑛2 ∗ 𝑑𝑠2 = 0 Mas como
𝑑𝑠1 = 𝑑𝑠2 ≠ 0 ↔ 𝐷𝑛1 ∗ 𝑑𝑠1 = 𝐷𝑛2 ∗ 𝑑𝑠2 ↔ 𝐷𝑛1 = 𝐷𝑛2
4.21. Campo Electrostático Criado por um Eixo Carregado
Consideremos um condutor metálico muito fino e de comprimento l, com uma carga τ por unidade de
comprimento, que se encontra num meio de permitividade Ɛ.
Figura 4.21: Campo electrostático criado por um candutor ou eixo carregado.
Aplicando o teorema de Gauss:
𝑞𝑙𝑖𝑣
∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑠 =
𝑠 𝜀𝜀0
𝑞𝑙𝑖𝑣
∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑠 = ∫ 𝐸⃗ . 𝑑𝑠1 . cos ( 𝐸⃗1 ^𝑑𝑠1 ) + ∫ 𝐸⃗ . 𝑑𝑠2 . cos (𝐸⃗2 ^𝑑𝑠2 ) + ∫ 𝐸. 𝑑𝑠. 𝑐𝑜𝑠(𝐸⃗ ^𝑑𝑠 ) =
𝑠 𝑠1 𝑠2 𝑠 𝜀𝜀0
Como 𝐸⃗1 ^𝑑𝑠1 = 90° ; 𝐸⃗2 ^𝑑𝑠2 = 90° e 𝐸⃗ ^𝑑𝑠 = 0°
Então,
𝑞 𝑞 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮ 𝐸⃗ . 𝑑𝑠 = ∫𝑠 𝐸. 𝑑𝑠. 𝑐𝑜𝑠(0°) = 𝜀𝜀𝑙𝑖𝑣 ↔ ∫ 𝐸. 𝑑𝑠 = 𝜀𝜀𝑙𝑖𝑣 ↔ 𝐸 ∫ 𝑑𝑠 =
𝜀𝜀0
0 0
Como E é constante ao longo da superfície Gaussiana, colocou-se fora do sinal de integração.

𝑞𝑙𝑖𝑣 𝑞𝑙𝑖𝑣
𝐸. 2𝜋𝑟. 𝑙 = ↔ 𝐸=
𝜀𝜀0 2𝜋𝜀𝜀0 𝑟𝑙
𝜏
𝐸= (4.21.1)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟
Onde,

Eng.º Isac Bitone
𝑞𝑙𝑖𝑣
𝜏= é a carga no condutor por unidade de comprimento.
𝑙
A expressão (4.21.1) permite calcular o campo electrostático em qualquer ponto situado a uma distância r de
um condutor carregado.
O potencial eléctrico em qualquer ponto em volta do condutor, a distância r do condutor será

𝜏 𝜏
𝜑 = − ∫ 𝐸⃗ 𝑑𝑟 ↔ 𝜑 = −∫ 𝑑𝑟 ↔ 𝜑=− . ln 𝑟 + 𝐶
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟 2𝜋𝜀𝜀0 𝑟
𝜏 1
𝜑= . ln + 𝐶 (4.21.2)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟 𝑟
4.22. Campo Electrostático Criado por Dois Condutores Paralelos Carregados
Consideremos dois condutores carregados, um com carga +𝝉 por unidade de comprimento e o outro com
−𝝉 por unidade de comprimento, que se encontram num meio de permitividade Ɛ.
Figura 4.22: Campo Electrostático criado por dois condutores paralelos carregados.
O potencial no ponto M será devido ao condutor de carga +τ e ao condutor de carga – τ. Aplicando a

equação (4.21.2), obtemos,
𝜏 1 −𝜏 1 𝜏 𝑏
𝜑𝑀 = ∗ ln + ln + 𝐶 ↔ 𝜑𝑀 = ∗ ln + 𝐶
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟 𝑎 2𝜋𝜀𝜀0 𝑟 𝑏 2𝜋𝜀𝜀0 𝑟 𝑎
𝜑𝑀 = 0 quando 𝑏 = 𝑎 ↔ 0 = 0 + 𝑐 ↔ 𝑐 = 0
𝜏 𝑏
𝜑𝑀 = ln (4.22.1)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟 𝑎
Na equação (4.22.1) a é a distância do ponto M ao condutor com carga positiva e b é a distância do ponto M
ao condutor com carga negativa.
Pela equação (4.22.1) pode se ver que uma linha equipotencial num campo criado por dois condutores
paralelos carregados é representada pela equação:

Eng.º Isac Bitone
𝑏
= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑎
E define-se como o lugar geométrico dos pontos para os quais, a razão das suas distâncias a dois pontos
dados é uma quantidade constante.
Segundo o teorema de Appolonius o lugar geométrico dos pontos para os quais a razão das suas distâncias a
dois pontos dados é uma constante é uma circunferência.
Figura 4.23: Teorema de Appolonius.
4.23. Campo Electrostático de Uma Linha de Dois Condutores
Os dois condutores são cilíndricos, paralelos e compridos, de raio r, afastados de uma distância d.
Apliquemos aos dois condutores uma diferença de potencial tal que um deles adquire uma carga +𝝉 por
unidade de comprimento e o outro −𝝉 por unidade de comprimento.
Figura 4.24: Dois condutores cilíndricos carregados.
Coloquemos os dois eixos carregados de modo que as superfícies dos condutores sejam equipotenciais. Os
pontos O1 e O2 são eixos geométricos dos condutores, e m e n os pontos correspondentes aos eixos
carregados. Por simetria estes eixos estão a mesma distância x dos eixos geométricos.
𝑏1 𝑏2 𝑑−𝑥−𝑟 𝑑+𝑟−𝑥
𝜑1 = 𝜑2 é valido quando = → =
𝑎1 𝑎1 𝑟−𝑥 𝑟+𝑥
Resolvendo esta equação obtemos
𝑑 𝑑 2
𝑥 2 − 𝑑𝑥 + 𝑟 2 = 0 ↔ 𝑥1,2 = ± √( ) − 𝑟 2 (4.23.1)
2 2
O sinal (−) antes da raiz corresponde ao ponto 𝒏 e o sinal (+) corresponde ao ponto 𝒎. Ver a figura 4.24.

Eng.º Isac Bitone
4.24. Capacidade
Se dois condutores separados por um dieléctrico estão carregados com cargas +𝑄 e – 𝑄, estabelece-se uma
diferença de potencial 𝑈 entre eles. A razão entre a carga e a diferença de potencial estabelecida é chamada
capacidade do par de condutores C.
𝑄
𝐶= (4.24.1)
𝑈
Os dispositivos destinados a obter valores determinados de capacidade são chamados condensadores (ou
capacitores).
A unidade da capacidade no SI é o Farad.
1𝐶 𝐶
[𝐶] = [ ] = [1 ] = [1𝐹] → [𝐶] = [1𝐹𝑎𝑟𝑎𝑑]
1𝑉 𝑉
Um Farad é uma unidade muito grande, que muitas vezes são utilizados os seus múltiplos.
Como a tensão 𝑈 entre dois corpos num campo electrostático pode ser linearmente expressa em função da
𝑄
carga 𝑄, segue-se que a razão é independente de 𝑄 𝑜𝑢 𝑈. A capacidade depende apenas da configuração
𝑈
dos corpos das suas dimensões, das distâncias entre os corpos e das propriedades eléctricas do dieléctrico,
isto é, do valor de 𝐸.
4.25. Capacidade de Uma Linha de Dois Condutores
Vamos determinar a capacidade da linha de dois condutores paralelos representada na figura 4.24.
A tensão entre os dois condutores, tensão entre os pontos 1 e 3, é
𝜏 𝑑−𝑥−𝑟 𝜏 𝑟−𝑥 𝜏 𝑑−𝑥−𝑟 2

𝑈13 = 𝜑1 − 𝜑3 = ln − ln ( ) ↔ 𝑈13 = ln ( )
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟−𝑥 2𝜋𝜀𝜀0 𝑑−𝑟−𝑥 2𝜋𝜀𝜀0 𝑟−𝑥
2𝜏 𝑑−𝑥−𝑟 𝜏 𝑑−𝑥−𝑟
𝑈13 = ln ( ) ↔ 𝑈13 = ln ( ) (4.25.1)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟−𝑥 𝜋𝜀𝜀0 𝑟−𝑥
A capacidade da linha é dada pela equação (4.24.1). Dividindo ambos os membros da equação (4.24.1) pelo
comprimento da linha, teremos a capacidade por unidade de comprimento C0, ou seja,
𝑞 𝐶 𝑞 𝜏
𝐶= ↔ = ↔ 𝐶0 = (4.25.2)
𝑈13 𝑙 𝑈13 .𝑙 𝑈13
Substituindo (4.25.1) em (4.25.2),

𝜏 𝜋𝜀𝜀0
𝐶0 = 𝜏 𝑑−𝑥−𝑟 ↔ 𝐶0 = 𝑑−𝑥−𝑟 (4.25.3)
ln ln( )
𝜋𝜀𝜀0 𝑟−𝑥 𝑟−𝑥
Como se vê, a capacidade por unidade de comprimento de uma linha de dois condutores, depende somente
das dimensões geométricas dos condutores e das propriedades do meio e é independente do valor da carga 𝜏
e do valor da tensão 𝑈13 .
𝜋𝜀𝜖0
Para 𝑑 ≫ 𝑟 e 𝑟≫𝑥 → 𝐶0 = 𝑑 (4.25.4)
𝑙𝑢
𝑟
A medida que a distância entre os condutores aumenta, a capacidade diminui.

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4.26. Campo Electrostático de Um Cabo Coaxial
Vamos determinar o campo electrostático do cabo coaxial representado na figura 4.25.
Figura 4.25: Cabo coaxial.
No corpo condutor 𝐸 = 0 → Ler o parágrafo 4.19.
Campo Electrostático no Exterior do Cabo Coaxial
No exterior do cabo coaxial, aplicando o teorema de Gauss, o campo será
∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑠 =
𝑠 𝜀𝜀0
Mas a carga livre total no interior da superfície Gaussiana será zero.
∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣 = 0
Portanto,
∮𝑠 𝐸⃗ 𝑑𝑠 = 0 Mas como 𝑑𝑠 ≠ 0 → 𝐸=0
Campo Electrostático no Interior do Cabo Coaxial (Dieléctrico)
O campo electrostático no dieléctrico será
𝑞 𝑞 𝑞 𝑞𝑙𝑖𝑣
∮𝑠 𝐸⃗1 . 𝑑𝑠1 = 𝜀𝜀𝑙𝑖𝑣 ↔ ∮𝑠 𝐸1 𝑑𝑠1 . 𝑐𝑜𝑠0° = 𝜀𝜀𝑙𝑖𝑣 ↔ 𝐸1 . 𝑆1 = 𝜀𝜀𝑙𝑖𝑣 ↔ 𝑬𝟏 = 2𝜋𝑟𝑙𝜀𝜀
0 0 0 0
Portanto,

Eng.º Isac Bitone
𝜏
𝐸= (4.26.1)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟
Onde,
𝑞𝑙𝑖𝑣
𝜏= é a carga livre por unidade de comprimento do condutor.
𝑙
O potencial eléctrico no dieléctrico do cabo coaxial é

𝜏 𝜏
𝜑 = − ∫ 𝐸⃗ 𝑑𝑟 ↔ 𝜑 = − ∫ 𝐸𝑑𝑟. 𝑐𝑜𝑠0° ↔ 𝜑 = − ∫ . 𝑑𝑟 ↔ 𝜑=− ln 𝑟 + 𝐶
2𝜋𝑟𝜀𝜀0 2𝜋𝜀𝜀0
𝜏 1
𝜑= ln ( ) + 𝐶 (4.26.2)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟
Seja: 𝜑 = 0 quando r = 𝑅2
𝜏 1 𝜏 1 𝜏
→ 0= ln ( ) + 𝐶 ↔ 𝐶=− ln ( ) ↔ 𝐶= ln(𝑅2 )
2𝜋𝜀𝜀0 𝑅2 2𝜋𝜀𝜀0 𝑅2 2𝜋𝜀𝜀0
Substituindo a constante C na equação (4.26.2),
𝜏 1 𝜏 𝜏 𝑅
𝜑= ln ( ) + ln(𝑅2 ) ↔ 𝜑= ln ( 2) (4.26.3)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟 2𝜋𝜀𝜀0 2𝜋𝜀𝜀0 𝑟
Onde 𝑅1 < 𝑟 < 𝑅2
4.27. Capacidade de Um Cabo Coaxial
Vamos determinar a capacidade do cabo coaxial representado na figura 4.25.

𝑄 𝐶 𝑄 𝜏
𝐶= ↔ = ↔ 𝐶0 =
𝑈12 𝑙 𝑈12 .𝑙 𝑈12
Onde
𝑈12 = 𝜑1 − 𝜑2 → é a diferença de potencial entre o condutor interior e o condutor exterior do cabo coaxial.
Da equação (4.26.3)
𝜏 𝑅 𝜏 𝑅 𝜏
𝜑1 = ln ( 2 ) e 𝜑2 = ln ( 2) = ln 1 = 0
2𝜋𝜀𝜀0 𝑅1 2𝜋𝜀𝜀0 𝑅2 2𝜋𝜀𝜀0
log 𝑏 𝑥 = 𝑐 ↔ 𝑏 𝑐 = 𝑥 ; 𝑠𝑒 𝑥 = 1 ↔ 𝑐 = 0 𝑝𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒 𝑏 0 = 1
𝜏 𝑅2
𝑈12 = 𝜑1 − 𝜑2 = ln ( )
2𝜋𝜀𝜀0 𝑅1
A capacidade por unidade de comprimento do cabo coaxial é

𝜏 2𝜋𝜀𝜀0
𝐶0 = 𝜏 𝑅 ↔ 𝐶0 = 𝑅 (4.27.1)
ln( 2 ) ln( 2 )
2𝜋𝜀𝜀0 𝑅1 𝑅1
Na equação (4.27.1) podemos ver que a capacidade dos cabos coaxiais é muito alta, pois a permitividade Ɛ
do dieléctrico também é alta, limitando assim o uso dos cabos coaxiais nos sistemas de transporte de alta
tensão alternada. Em geral, em muito alta tensão alternada é viável o uso dos cabos coaxiais até uma
distância de cerca de 50 km, acima da qual tem que ser alta tensão contínua.
Eng.º Isac Bitone
4.28. Campo Electrostático de Um Plano Carregado
Vamos determinar o campo electrostático do plano carregado representado na figura 4.26.
Figura 4.26: Plano carregado S e superfície Gaussiana
Aplicando o teorema de Gauss,
∑𝑞 ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣 ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣 𝑞𝑙𝑖𝑣

∮𝑠 𝐸⃗ 𝑑𝑠 = 𝜀𝜀𝑙𝑖𝑣 ↔ ∮𝑠 𝐸. 𝑑𝑠. cos 0° = 𝜀𝜀0
↔ 𝐸 ∮𝑠 𝑑𝑠 =
𝜀𝜀0
↔𝐸 =
2𝑆𝜀𝜀0
0
𝜎
𝐸= (4.28.1)
2𝜀𝜀0
Onde,
𝑞𝑙𝑖𝑣
𝜎= → é a densidade superficial da carga livre.
𝑆
Da equação (4.28.1) podemos concluir que:
a) A intensidade do campo electrostático 𝐸⃗ não depende da distância do ponto considerado à placa

carregada.
b) A intensidade do campo electrostático 𝐸⃗ é constante.
4.29. Campo Electrostático de Um Condensador Plano
Vamos determinar o campo electrostático E do condensador plano representado na figura 4.27. A placa
superior possui carga +q e a placa inferior possui carga – q, sendo a distância entre as placas d.
Exterior do Condensador Plano
No exterior do condensador plano E = 0 pois a carga livre total contida no interior da superfície Gaussiana
que contém as duas placas será nula.
∑𝑞
∮𝑠 𝐸⃗ 𝑑𝑠 = 𝜀𝜀𝑙𝑖𝑣 Mas como ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑣 = 0 → ∮𝑠 𝐸⃗ 𝑑𝑠 = 0
0

Eng.º Isac Bitone
Como 𝑑𝑠 ≠ 0 → 𝐸 = 0
Interior do Condensador Plano
Vamos determinar agora E no espaço entre as placas do condensador plano. Ver a figura 4.27.
Figura 4.27: Aplicação do teorema de Gauss no interior do condensador plano.
Para a placa positiva, placa superior:

𝜎
𝐸1 = (Campo de um plano carregado).
2𝜀𝜀0
Para a placa negativa, placa inferior:
∑𝑞 𝑞 𝑞 𝑞
∮𝑠 ⃗⃗⃗⃗
𝐸2 . 𝑑𝑠 = 𝑙𝑖𝑣 ↔ ∮𝑠 𝐸2 𝑑𝑠2 cos (180°) = − 𝑙𝑖𝑣 ↔ −𝐸2 2𝑆 = − 𝑙𝑖𝑣 ↔ 𝐸2 = 𝑙𝑖𝑣
𝜀𝜀 𝜀𝜀 𝜀𝜀 2𝜀𝜀 .𝑆
0 0 0 0
𝜎
𝐸2 =
2𝜀𝜀0
Os vectores E1 e E2 têm a mesma direcção e sentido. Por isso a intensidade do campo resultante no espaço
entre as placas será
𝐸 = 𝐸1 + 𝐸2
𝜎
𝐸= (4.29.1)
𝜀𝜀0
A intensidade do campo eléctrico no espaço entre as placas é constante e não depende da distância d entre
elas.
𝐸 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
Vamos determinar o potencial eléctrico no espaço entre as placas.
𝜕𝜑 𝜕𝜑
𝐸=− ou 𝐸=− ↔ 𝜑 = − ∫𝑒 𝐸⃗ 𝑑𝑙 ↔ 𝜑 = − ∫𝑙 𝐸𝑑𝑙. 𝑐𝑜𝑠0° = −𝐸 ∫ 𝑑𝑙 = −𝐸. 𝑙 + 𝐶
𝜕𝑟 𝜕𝑥
Seja 𝜑 = 0 𝑠𝑒 𝑙 = 𝑑 ( 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑎𝑠 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠)

Eng.º Isac Bitone
0 = −𝐸. 𝑑 + 𝑐 ↔ 𝑐 = 𝐸. 𝑑 → 𝜑 = −𝐸𝑙 + 𝐸𝑑 = 𝐸(𝑑 − 𝑙) ↔ 𝜑 = 𝐸(𝑑 − 𝑙) (4.29.2)
Substituindo a equação (4.29.1) em (4.29.2)

𝜎
𝜑= . (𝑑 − 𝑙) (4.29.3)
𝜀𝜀0
4.30. Capacidade do Condensador Plano
Vamos determinar a capacidade C do condensador plano representado na figura 4.27.

𝑞𝑙𝑖𝑣 𝑞
𝐶= ↔ 𝐶=
𝑈12 𝑈12
Mas a tensão entre as placas é dada pela expressão

2 𝜎
𝑈12 = ∫1 𝐸⃗ 𝑑𝑙 ↔ 𝑈12 = 𝐸. 𝑑 = ∗𝑑 (4.30.1)
𝜺𝜺𝟎
Substituindo (4.30.1) na fórmula para o cálculo da capacidade

𝑞𝑙𝑖𝑣 𝑞𝑙𝑖𝑣 𝜀𝜀0 .𝑆
𝐶= = 𝑞𝑙𝑖𝑣 ↔ 𝐶= (4.30.2)
𝐸.𝑑 ∗𝑑 𝑑
𝜀𝜀0 𝑆
Esta equação permite calcular a capacidade de um condensador de plano, constituído por duas placas
paralelas de área S cada uma, separadas por uma distância d.
4.31. Energia do Campo Electrostático
É a capacidade de realizar trabalho dentro de campo para transportar cargas de um ponto para o outro.
A energia criada por um sistema de corpos carregados é dada por

1
𝑤 = ∑𝑛𝑖=1 𝜑𝑖 𝑞𝑖 (4.31.1)
2
Para determinar a energia do campo electrostático em geral vamos considerar a energia do campo
electrostático de um condensador plano. Ver a figura 4.27.
Para um condensador plano a energia, a partir da equação (4.31.1), é dada por
1 1 𝑞1 ∗𝜑1 +(−𝑞1 )𝜑2

𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑞1 ∗ 𝜑1 + 𝑞2 ∗ 𝜑2 ↔ 𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 = ↔
2 2 2
𝑞1 (𝜑1 −𝜑2 ) 𝑞1 ∗𝑈12 𝑞1

↔ 𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 = = Mas 𝑞1 = −𝑞2 e 𝐶= ↔ 𝑞1 = 𝐶 ∗ 𝑈12
2 2 𝑈12
2
𝐶∗𝑈12
𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 = Mas 𝑞1 = 𝜎 ∗ 𝑆 = 𝐷 ∗ 𝑆 pois 𝜎 = 𝐷 e 𝑈12 = 𝐸 ∗ 𝑑
2
𝐷∗𝑆∗𝐸∗𝑑 𝐷∗𝐸∗𝑉
𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 = ↔ 𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 = (4.31.2)
2 2
Em geral, a energia do campo electrostático é dada por
⃗ ∗𝐸⃗
𝐷
𝑊𝑒𝑙𝑒𝑐𝑡 = ∫𝑣 𝑑𝑉 (4.31.3)
2
Como
Eng.º Isac Bitone
⃗ = 𝜀𝜀0 𝐸⃗
𝐷
Então,
𝜀𝜀0 𝐸 2 𝑑𝑉
𝑊𝑒𝑙𝑒𝑐𝑡 = ∫𝑣 (4.31.4)
2
4.32. Método das Imagens Simétricas
A distribuição das cargas induzidas numa superfície pode se calcular em muitos casos pelo Método das
Imagens Simétricas. Este método consiste em colocarem-se cargas auxiliares fictícias num dos lados duma
superfície ou na superfície de separação de valores e posições tais que darão lugar ao mesmo campo
eléctrico no outro lado da superfície que o que é criado pelas cargas reais.
4.33. O Campo de Um Condutor Carregado Perto de Um Plano Condutor
Vamos usar o Método das Imagens Simétricas para calcular o campo de um condutor carregado perto de um
plano condutor como a terra.
Para determinar as características do campo electrostático coloca-se uma carga fictícia no ponto 𝑚 cuja
carga tem sinal contrario a carga dada – q1 (𝑜𝑢 − 𝜏). A distância h do ponto m à superfície de separação é a
mesma que a distância da carga real a esta superfície.
Figura 4.28: Condutor carregado perto de um plano condutor.
A carga q2 = – q1
A componente tangencial de E na superfície de separação entre o dieléctrico e o plano condutor é nula, ou

seja,
𝐸𝑡𝐴 = 𝐸𝑡(𝜏) − 𝐸𝑡(−𝜏) ↔ 𝐸𝑡𝐴 = 𝐸(𝜏) . 𝑐𝑜𝑠 ∝ −𝐸(−𝜏) . 𝑐𝑜𝑠 ∝= 0 (4.33.1)
4.34. O Campo de Um Condutor Carregado Colocado Perto da Superfície de Separação de Dois

Dieléctricos

Eng.º Isac Bitone
Para se conhecer a distribuição do campo, substituem-se as cargas induzidas por um sistema de duas cargas
imagens fictícias τ2 e τ3 e não uma carga como no caso anterior.
Figura 4.29: Condutor carregado perto da superfície de separação de dois meios de permitividades
diferentes.
Determinemos tais valores de τ2 e τ3 para que as condições limites sejam satisfeitas.
As componentes tangenciais de E na superfície de separação dos dois dieléctricos são iguais.
𝐸1𝑡 + 𝐸2𝑡 = 𝐸3𝑡 ↔ 𝐸1 . 𝑐𝑜𝑠𝛼 + 𝐸2 . 𝑐𝑜𝑠𝛼 = 𝐸3 . 𝑐𝑜𝑠𝛼
Substituindo E1, E2 e E3,

𝜏1 𝜏2 𝜏3 𝜏1 +𝜏2 𝜏3
𝑐𝑜𝑠𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 ∝= 𝑐𝑜𝑠 ∝ ↔ =
2𝜋𝜀1 𝜀0 𝑟 2𝜋𝜀1 𝜀0 𝑟 2𝜋𝜀2 𝜀0 𝑟 2𝜋𝜀1 𝜀0 𝑟 2𝜋𝜀2 𝜀0 𝑟
𝜀1
𝜏1 + 𝜏2 = 𝜏3 (4.34.1)
𝜀2
As componentes normais do vector deslocamento eléctrico na superficie de separação dos dois dieléctricos
são iguais.
𝜏1 𝜏2 𝜏3
𝐷1𝑛 − 𝐷2𝑛 = 𝐷3𝑛 ↔ . 𝑠𝑒𝑛 ∝ − 𝑠𝑒𝑛 ∝= 𝑠𝑒𝑛 ∝
2𝜋𝑟 2𝜋𝑟 2𝜋𝑟
𝜏1 − 𝜏2 = 𝜏3 (4.34.2)
Resolvendo o sistema de equações, constituído pelas equações (4.34.1) e (4.34.2) obtemos

𝜀1 −𝜀2
𝜏2 = 𝜏1 (4.34.3)
𝜀1 +𝜀2
2𝜀2
𝜏3 = 𝜏1 (4.34.4)
𝜀1 +𝜀2
Analisando as equações (4.34.3) e (4.34.4) pode se ver que a carga 𝜏3 tem sempre o sinal de 𝜏𝟏 .
A carga 𝜏2 tem o sinal de 𝜏1 quando 𝜺𝟏 > 𝜺𝟐 .

Eng.º Isac Bitone
Os cálculos apresentados são também válidos para cargas pontuais. Portanto, as equações (4.34.3) e (4.34.4)
podem ser escritas da seguinte forma:
𝜀1 −𝜀2
𝑞2 = 𝑞1 (4.34.5)
𝜀1 +𝜀2
2𝜀2
𝑞3 = 𝑞1 (4.34.6)
𝜀1 +𝜀2
4.35. O Campo de Um Sistema de Condutores Carregados Colocados Perto de Um Plano Condutor
Tornemos uma linha com vários condutores, constituída por n condutores muito longos com carga linear τk,
colocados paralelamente à superfície da terra.
Figura 4.30: Condutores carregados perto da superfície da terra.
Determinemos o potencial de um ponto arbitrário M no dieléctrico.
O potencial resultante no ponto M devido ao condutor 1 é
𝜏1 𝑏1𝑀
𝜑𝑀1 = ln (4.35.1)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑎1𝑀
Pois o potencial devido a dois condutores carregados, um com carga positiva por unidade de comprimento e
o outro com carga negativa por unidade de comprimento é dado pela equação (4.22.1).
O campo criado por dois condutores carregados é a soma vectorial do campo criado por cada um dos
condutores separadamente. O campo criado por um condutor é dado pela equação (4.21.1).
A intensidade do campo electrostático no ponto M devido aos três condutores carregados é dado pela
equação:
𝐸⃗𝑀 = 𝐸⃗(𝜏1) + 𝐸⃗(𝜏2) + 𝐸⃗(𝜏3) + 𝐸⃗(−𝜏1) + 𝐸⃗(−𝜏2) + 𝐸⃗(−𝜏3) (4.35.2)
O potencial no ponto M devidos aos três condutores carregados é dado por:

Eng.º Isac Bitone
𝜏1 𝑏1𝑀 𝜏2 𝑏2𝑀 𝜏3 𝑏3𝑀

𝜑𝑀 = 𝜑𝑀 (±𝜏1 ) + 𝜑𝑀 (±𝜏2 ) + 𝜑𝑀 (±𝜏3 ) ↔ 𝜑𝑀 = ln ( )+ ln ( )+ ln ( ) (4.35.3)
2𝜋𝜀𝜀0 𝑎1𝑀 2𝜋𝜀𝜀0 𝑎2𝑀 2𝜋𝜀𝜀0 𝑎3𝑀
4.35.1. Coeficientes de Potencial. O Primeiro Grupo das Fórmulas de Maxwell
Na figura 4.30 o mesmo ponto 𝑴 pode ser colocado a superfície do primeiro condutor.
Para o condutor 1 teremos a seguinte equação:
𝜏1 𝑏11
𝜑1 = . ln ( )
2𝜋𝜀𝜀0 𝑎11
Onde, 𝑏11 = 2ℎ1 e 𝑎11 = 𝑟1 Sendo 𝑟1 o raio do primeiro condutor.
Para os 3 condutores teremos as equações
𝜏1 𝑏11 𝜏2 𝑏12 𝜏3 𝑏13

𝜑1 = ln + ln + ln
2𝜋𝜀𝜀0 𝑎11 2𝜋𝜀𝜀0 𝑎12 2𝜋𝜀𝜀0 𝑎13
𝜏1 𝑏21 𝜏2 𝑏22 𝜏3 𝑏23

𝜏1 𝑏31 𝜏2 𝑏32 𝜏3 𝑏33

Estas três equações podem ser reescritas da forma seguinte:
𝜑1 = 𝜏1 . ∝11 + 𝜏2 . ∝12 + 𝜏3 . ∝13 (4.35.4)
𝜑2 = 𝜏1 . ∝21 + 𝜏2 . ∝22 + 𝜏3 . ∝23 (4.35.5)
𝜑3 = 𝜏1 . ∝31 + 𝜏2 . ∝32 + 𝜏3 . ∝33 (4.35.6)
Estas equações constituem o primeiro grupo das fórmulas de Maxwell.
Os coeficientes das cargas τ, ou seja, os coeficientes α são coeficientes de potencial.
1 𝑏𝑘𝑚 1 2ℎ𝑘𝑘
∝𝑘𝑚 = ln e ∝𝑘𝑘 = ln
2𝜋𝜀𝜀0 𝑎𝑘𝑚 2𝜋𝜀𝜀0 𝑟𝑘
Como 𝑏𝑚𝑘 = 𝑏𝑘𝑚 e 𝑎𝑚𝑘 = 𝑎𝑘𝑚 então ∝𝑘𝑚 =∝𝑘𝑚
𝑚
A unidade dos coeficientes α no SI é [∝] = [1 ].
𝐹
4.35.2. Coeficientes Capacitivos. O Segundo Grupo das Fórmulas de Maxwell
Resolvendo as equações do 1º grupo em ordem às cargas obtém-se
𝜏1 = 𝛽11 𝜑1 + 𝛽12 𝜑2 + 𝛽13 𝜑3 (4.35.7)
𝜏2 = 𝛽21 𝜑1 + 𝛽22 𝜑2 + 𝛽23 𝜑3 (4.35.8)
𝜏3 = 𝛽31 𝜑1 + 𝛽32 𝜑2 + 𝛽33 𝜑3 (4.35.9)
Estas equações constituem o segundo grupo das fórmulas de Maxwell.

Eng.º Isac Bitone
∆𝒌𝒏
Os coeficientes 𝛽𝑘𝑛 = , Onde ∆ é o determinante
∆
∝11 ∝12 ∝13

∆= |∝21 ∝22 ∝23 |
∝31 ∝32 ∝33
O complemento algébrico ∆𝒌𝒏 obtém-se do determinante ∆, eliminando a linha de ordem k e a coluna n e

multiplicando o determinante resultante por (−1)𝑘+𝑛 .
Os coeficientes 𝛽 são chamados coeficientes capacitivos e as suas dimensões são o reciproco dos
𝐹
coeficientes α. [𝛽] = [1 ]
𝑚
4.35.3. Auto-Capacidades e Capacidade Mútuas. O Terceiro Grupo das Fórmulas de Maxwell
O segundo grupo das fórmulas de Maxwell pode se escrever sob outra forma, em função das diferenças de
potencial entre um dado condutor e os outros condutores, incluindo a terra.
Figura 4.31: Auto-capacidades e capacidades mútuas.
𝜏1 = 𝜑1 . 𝐶11 + 𝑈12 . 𝐶12 + 𝑈13 . 𝐶13 (4.35.10)
𝜏2 = 𝑈21 . 𝐶21 + 𝜑2 . 𝐶22 + 𝑈23 . 𝐶23 (4.35.11)
𝜏3 = 𝑈31 . 𝐶31 + 𝑈32 . 𝐶32 + 𝜑3 . 𝐶33 (4.35.12)
Estas três equações constituem o 3º grupo das fórmulas de Maxwell.
Os coeficientes Ckk são chamados auto-capacidades e os coeficientes Ckm são chamados capacidades
mútuas.
𝜏𝑘
𝐶𝑘𝑚 = −𝛽𝑘𝑚 𝐶𝑘𝑘 =
𝜑𝑘
5. O CAMPO ELÉCTRICO DE UMA CORRENTE CONTÍNUA NUM MEIO

CONDUTOR
5.1. Corrente Eléctrica e Densidade de Corrente
Por corrente eléctrica entende-se um movimento ordenados de partículas carregados electricamente sob a
acção de um campo eléctrico. Nos metais essas partículas são chamadas electrões; nos líquidos iões.
A propriedade da matéria que determina a sua capacidade de conduzir a corrente eléctrica é chamada
condutividade ou condutância específica (γ).

Eng.º Isac Bitone
O principal parâmetro de um campo eléctrico num meio condutor é a densidade de corrente 𝛿 .
𝜕𝑖 𝜕𝑖
𝛿= = 𝛿0 (5.1.1)
𝜕𝑆 𝜕𝑆
É uma grandeza vectorial actuando no sentido da intensidade do campo eléctrico e numericamente igual a
razão entre a corrente ∆𝑖 (𝑜𝑢 𝜕𝑖) que passa na superfície 𝑑𝑠 (normal ao vector intensidade de campo) e a
área dS desta superfície elementar.
𝐴
A unidade da densidade da corrente δ no SI é [𝛿] = [ ]
𝑚2
Da equação (5.1.1), obtemos
𝜕𝑖
𝛿= ↔ 𝑖 = ∫𝑠 𝛿 𝑑𝑆 (5.1.2)
𝜕𝑆
Da equação (5.1.2), podemos ver que a corrente eléctrica é o fluxo do vector densidade de corrente.
Contrariamente à densidade de corrente, a corrente eléctrica é uma grandeza escalar.
5.2. Lei de Ohm na Forma Diferencial
Relaciona a densidade da corrente num dado ponto dum meio condutor com a intensidade de campo nesse
ponto.
Figura 5.1: Elemento do condutor percorrido por corrente.
𝑑𝑙
𝑑𝑢 = 𝑅. 𝑑𝑖 ↔ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 = . 𝛿 . 𝑑𝑠 ↔ 𝛿 = 𝛾𝐸⃗ (5.2.1)
𝛾.𝑑𝑠
A equação (5.2.1) é a lei de Ohm na forma diferencial válida para regiões exteriores a fonte de energia. γ é a
condutividade ou condutância específica.
5.3. A Primeira Lei de Kirchhoff na Forma Diferencial
Consideremos um volume num meio condutor através do qual passa uma corrente invariável no tempo. A
corrente que entra nesse volume deve ser igual a que sai.
∑𝑛𝑘=1 𝐼𝑘 = 0 Como 𝐼 = ∫𝑠 𝛿 𝑑𝑠 → ∮𝑠 𝛿 𝑑𝑠 = 0
Dividindo ambos os membros da último equação pelo volume V limitado pela superfície fechada e tomando
o limite quando este volume tende para zero.

Eng.º Isac Bitone
∮𝑠 𝛿 𝑑𝑠
lim =0
𝑉→0 𝑉
𝑑𝑖𝑣 𝛿 = 0 (5.3.1)
Esta é a primeira lei de Kirchoff na forma diferencial. Ela significa que em regime permanente não há
acumulação de linhas de densidade de corrente ⃗𝜹 em qualquer ponto do campo.
5.4. A Segunda Lei de Kirchhoff na Forma Diferencial
Em regiões ocupadas por fontes de energia, existe, além do campo electrostático (ou campo de Coulomb), o
tão conhecido campo eléctrico externo, responsável pelo movimento contínuo de cargas a volta do circuito
eléctrico.
O termo externo aplica-se a um campo eléctrico de outras origens (como por exemplo aqueles devidos a
processos químicos, electroquímicos, térmicos, termoeléctricos, etc.).
Numa região ocupada por uma f.e.m:
𝐸⃗ = 𝐸⃗𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 + 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 (5.4.1)
Portanto, em regiões ocupadas por pontes pode-se escrever a equação:
𝛿 = 𝛾(𝐸⃗𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 + 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 ) (5.4.2)
O integral de ambos os membros da equação (5.4.2) num contorno fechado contendo uma fonte de energia
constitui a 2ª Lei de Kirchhoff (lei da tensão ou das malhas) na forma diferencial.
∮ ⃗𝛿 𝑑𝑙
= ∮(𝐸⃗𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 + 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 )𝑑𝑙 (5.4.3)
𝛾
Consideremos o circuito representado na figura 5.2, a volta do qual circula a corrente I. Vamos demonstrar
que a equação (5.4.3) traduz a 2ª lei de Kirchhoff na forma diferencial.
Vamos determinar o integral ao longo do percurso fechado 1-2-3-1, que representa o 2º membro da equação
(5.4.3).
O integral de uma soma é igual a soma dos integrais dos termos constituintes.
∮(𝐸⃗𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 + 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 )𝑑𝑙 = ∮ 𝐸⃗𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 𝑑𝑙 + ∮ 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 𝑑𝑙
Figura 5.2: Circuito fechado percorrido pela corrente I.
Como o campo de coulomb é de potencial ou conservativo, então,

Eng.º Isac Bitone
∮ 𝐸⃗𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 . 𝑑𝑙 = 0
Portanto,
∮ 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 . 𝑑𝑙 = ∫ 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 . 𝑑𝑙 + ∫ 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 . 𝑑𝑙

123 31
Mas,
∫123 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 . 𝑑𝑙 = 𝐸 onde E é a força electromotriz.
∫31 𝐸⃗𝑒𝑥𝑡 . 𝑑𝑙 = 0 → Pois não há f.e.m. (campo externo) neste percurso.
Então,
∮ ⃗𝛿 .𝑑𝑙
=𝐸 (5.4.4)
𝛾
Vamos determinar o valor da expressão
𝛿 . 𝑑𝑙
𝛾
Mas para tal vamos multiplicar a expressão por S e dividir por S.
𝛿 . 𝑑𝑙 𝑆 𝐼. 𝑑𝑙
. = = 𝐼𝑑𝑅
𝛾 𝑆 𝛾𝑆
Integrado esta expressão, obtemos
∮ 𝛿 . 𝑑𝑙
= ∮ 𝐼. 𝑑𝑅 = ∮ 𝐼𝑑𝑅 = 𝐼𝑅
𝛾
Portanto,
𝐼𝑅 = 𝐸
É a 2ª lei de Kirchhoff.
5.5. Lei de Joule na Forma Diferencial
A potência dissipada num condutor com resistência R, percorrido pela corrente I é dada por
𝑃 = 𝑅. 𝐼 2
Vamos obter uma expressão para dissipação de calor por unidade de volume num meio condutor. Ver a
figura 5.1.

Eng.º Isac Bitone
𝑃 𝑅.𝐼 2 ∆𝑙 (𝛿∆𝑆)2 ∆𝑙.𝛿 2 .∆𝑆 2 𝛿2 (𝐸.𝛾)2

= = ∗ = = = = 𝛾. 𝐸 2
𝑉 𝑉 𝛾.∆𝑆 ∆𝑙.∆𝑆 𝛾.∆𝑙.∆𝑆 2 𝛾 𝛾
Portanto,
𝑑𝑃
= 𝛾. 𝐸 2 (5.5.1)
𝑑𝑉
A equação (5.5.1) é a lei de Joule na forma diferencial.
5.6. Equação de Laplace Para o Campo Eléctrico Num Meio Condutor
Sabemos que,
𝐸⃗ = −𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑
Para um campo não variável com o tempo
𝑑𝑖𝑣 𝛿 = 𝑑𝑖𝑣 (𝛾𝐸⃗ ) = 0 ↔ 𝛾. 𝑑𝑖𝑣 𝐸⃗ = 0 ↔ 𝑑𝑖𝑣 𝐸⃗ = 0 ↔ 𝑑𝑖𝑣 (−𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑) = 0 ↔ −𝑑𝑖𝑣 (𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑) = 0
∇2 𝜑 = 0 (5.6.1)
Conclusão
A distribuição do campo num meio homogéneo e isotrópico obedece a equação de Laplace. Visto que a
equação de Laplace representa campos de potencial, os campos de corrente contínua num meio condutor
são campos de potencial. Num tal campo, fora das regiões ocupadas por fontes de energia,
∮ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 = 0
5.7. Condições Limites de Um Campo Eléctrico de Uma Corrente Contínua em Dois Meios
Condutores de Diferentes Condutividades
Quando um campo eléctrico existe em dois meios condutores de condutividades γ1 e γ2 é importante

conhecer as condições que podem ser obtidas na superfície de separação entre eles.
1ª Condição
Na superfície da separação de dois meios condutores de condutividades diferentes, as componentes

tangenciais do vector intensidade do campo eléctrico são iguais.

Eng.º Isac Bitone
Figura 5.3: Componentes tangenciais de E iguais.
2ª Condição
As componentes normais do vector densidade da corrente δ, na superficie de separação de dois meios

condutores de condutividade diferentes são iguais.
𝛿1𝑛 = 𝛿2𝑛
Figura 5.4: Componentes normais de δ iguais.
5.8. Analogia entre o Campo Eléctrico num Meio Condutor e Campo Electrostático
O campo electrostático e o campo eléctrico de uma corrente contínua num meio condutor diferem na
natureza. O campo electrostático é produzido por cargas invariáveis no tempo e fixas no espaço, enquanto o
campo eléctrico num meio condutor é caracterizado pelo movimento ordenado de cargas sob a acção de uma
fonte externa. Verificam-se contudo certas analogias entre eles:
1º. Em ambos os campos intervém o vector intensidade do campo 𝐸⃗ . Podemos comparar o vector
⃗ com o vector densidade de corrente 𝛿 .
deslocamento eléctrico 𝐷
⃗ = 𝜀𝜀0 𝐸⃗
𝐷 𝛿 = 𝛾𝐸⃗
⃗ pode ser comparado com o fluxo de vector 𝛿 .

2º. O fluxo de 𝐷
⃗ 𝑑𝑠
Φ = ∫𝑆 𝐷 → Campo Electrostático
𝐼 = ∫𝑆 𝛿 𝑑𝑠 → Campo Eléctrico
3º. O campo electrostático em regiões não ocupadas por cargas eléctricas satisfaz a equação de Laplace. O
mesmo é verdadeiro para o campo de uma corrente contínua fora das fontes eléctricas.
∇2 𝜑 = 0 → 𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑐𝑡𝑟𝑜𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜
∇2 𝜑 = 0 → 𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑙é𝑐𝑟𝑖𝑐𝑜
4º. As condições limites na superfície de separação de dois dieléctricos de diferentes permitividades são:

Eng.º Isac Bitone
} 𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜 𝐸𝑙𝑒𝑐𝑡𝑟𝑜𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜
𝐷1𝑛 = 𝐷2𝑛
De modo semelhante, no limite de separação de dois meios de diferentes condutividades, verifica-se:
} 𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜 𝐸𝑙é𝑐𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜
𝛿1𝑛 = 𝛿2𝑛
Esta analogia formal é largamente utilizada na prática. Se se sabe tudo a respeito de um campo
electrostático, podemos estender esses conhecimentos para um campo geometricamente igual, num meio
condutor.
5.9. Relação Entre Condutância e Capacidade
Quando um par de eléctrodos ligados a uma determinada fonte de energia é colocado num meio condutor,
passará uma corrente através desse meio. Supondo que a diferença de potencial entre os eléctrodos é U12 e a
corrente que passa através do meio é I, a condutância G desse meio é dada por
𝐼
𝐺= (5.9.1)
𝑈12
Figura 5.5: Corrente eléctrica entre os electrodos 1 e 2.
A corrente I
2
𝐼 = ∫𝑆 𝛿 𝑑𝑠 = 𝛾 ∫𝑆 𝐸⃗ 𝑑𝑠 e a tensão 𝑈12 = ∫1 𝐸⃗ 𝑑𝑙
Substituindo a corrente e a tensão na equação (5.9.1),
𝛾 ∫𝑠 𝐸⃗ 𝑑𝑠
𝐺= 2 (5.9.2)
∫1 𝐸⃗ 𝑑𝑙
Por outro lado, num campo eléctrico, a capacidade entre dois eléctrodos idênticos carregados com cargas
iguais e de sinais contrários C é dada por
𝑄 𝜀𝜀0 ∫ 𝐸⃗ 𝑑𝑠
𝐶= = 2 (5.9.3)
𝑈12 ∫1 𝐸⃗ 𝑑𝑙
Pois 𝑄 = 𝜀𝜀0 ∫ 𝐸⃗ 𝑑𝑠
Dividindo a equação (5.9.2) pela equação (5.9.3) temos

𝐺 𝜀𝜀0
= (5.9.4)
𝐶 𝛾

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Utilizando a equação (5.9.4), pode se determinar a condutância entre dois corpos se a capacidade for
conhecida ou vice-versa.
5.10. Campo Eléctrico Num Meio Dieléctrico Cercando Condutores Que Transportam Correntes
Sob as condições de electrostática, a componente das intensidades de campo tangente à superfície de um

corpo condutor é zero. Na presença de uma corrente contínua através de um condutor, a componente
tangencial da intensidade de campo é diferente de zero, apesar de ser desprezível em comparação com a
componente de intensidade normal, nesse ponto. Vamos provar isto com o exemplo abaixo.
Exemplo
Dados: U = 100 V d = 2 cm δ = 2,6.10 6 A/m2 γ = 5,6.107 1/(Ω.m)
Figura 5.6: Campo eléctrico num meio dieléctrico.
𝐸𝑛 100∗5,6.107
= = 1,12. 105 → 𝐸𝑛 = 1,12 ∗ 105 . 𝐸𝑡
𝐸𝑡 0,02∗2,5.106
Sob condições electrostáticas 𝐸𝑡 = 0 (𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çõ𝑒𝑠 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒𝑠)
Portanto, a componente tangencial, ou seja, o campo eléctrico de uma corrente contínua pode ser desprezível
quando comparado com o campo electrostático.
6. O CAMPO MAGNÉTICO DA CORRENTE CONTÍNUA
6.1. Equações Fundamentais do Campo Magnético
No capítulo Circuitos Magnéticos, em Electrotecnia Teórica I, ficou estabelecido que um campo magnético
é completamente definido pela Indução Magnética B, Intensidade do Campo H e Magnetização J,
relacionados por
⃗ = 𝜇0 (𝐻
𝐵 ⃗ + ⃗𝐽) (6.1.1)
𝐻
Em que µ0 é a permeabilidade do vazio (vácuo). 𝜇0 = 4𝜋 ∗ 10−7
𝑚

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A experiência mostra que a força F exercida sobre um condutor que transporta uma determinada corrente I
está relacionada com o elemento do condutor dl pela expressão:
⃗)
𝐹 = 𝐼(𝑑𝑙 𝑋𝐵 (6.1.2)
Esta força é perpendicular à indução no ponto do condutor considerado e perpendicular ao respectivo

elemento da corrente.
A magnetização ⃗𝐽 em qualquer ponto de um campo magnético é um vector que tem a mesma a direcção de
⃗ nesse ponto e é directamente proporcional a intensidade magnética (no interior da substância).
𝐻
Assim,
⃗𝐽 = 𝜒𝐻
⃗ (6.1.3)
χ é a susceptibilidade magnética da substância.
1+𝜒 = 𝜇 ↔ ⃗ = 𝜇0 (𝐻
𝐵 ⃗ + ⃗𝐽) ↔ ⃗ = 𝜇0 (𝐻
𝐵 ⃗ + 𝜒𝐻
⃗) ↔ ⃗ = 𝜇0 𝐻
𝐵 ⃗ (1 + 𝜒)
⃗ = 𝜇𝜇0 𝐻
𝐵 ⃗ (6.1.4)
𝜇𝑎 = 𝜇 ∗ 𝜇0
Onde,
µa é a permeabilidade absoluta; µ é a permeabilidade relativa.
O Fluxo Magnético
O fluxo magnético ɸ através de uma área S é o integral da componente normal do vector indução magnética
ao longo da área.
⃗ 𝑑𝒔
Φ = ∫𝑠 𝐵 ⃗ (6.1.5)
O fluxo magnético em geral é medido em webers.
6.2. As Leis Principais do Campo Magnético
6.2.1. Lei de Ampere na Forma Integral
A circulação do vector intensidade magnética 𝐻 ⃗ ao longo de qualquer percurso fechado é igual a soma
algébrica das correntes que atravessam o contorno limitado por este percurso.
⃗ . 𝑑𝑙 = ∑ 𝐼𝑘
∮𝐻 (6.2.1)
Consideremos um contorno fechado, a uma distância r da corrente eléctrica I, representado na figura 6.1.
Calculemos a circulação de H ao longo deste contorno.

Eng.º Isac Bitone
Figura 6.1: Circulação de H ao longo do contorno fechado.
Segundo a lei de ampere, H para o contorno representado será:
⃗ . 𝑑𝑙 = ∑ 𝐼𝑘 ↔ ∮ 𝐻. 𝑑𝑙. cos( 𝐻
∮𝐻 ⃗ 𝑑𝑙 ) = 𝐼 ↔ ∮ 𝐻. 𝑑𝑙. cos 0° = 𝐼 ↔ 𝐻. 2𝜋𝑟 = 𝐼 ↔
𝐼
𝐻= (6.2.2)
2𝜋𝑟
6.2.2. Lei de Ampere na Forma Diferencial
Consideremos agora um contorno muito pequeno em traço grosso representado na figura 6.2 e calculemos a
⃗ ao longo desse contorno. Ver a figura 6.2.
circulação de 𝐻
A circulação de H terá forçosamente que ser igual à corrente total que atravessa a área limitada por esse
contorno.
Se essa área ∆S é muito pequena, podemos supor que nela a densidade de corrente δ é constante. A corrente
que atravessa a área ∆S é então
∆𝑖 = 𝛿 . ∆𝑆 = 𝛿. ∆𝑆. 𝑐𝑜𝑠𝛼 = 𝛿𝑛 . ∆𝑆
Em que δn é a componente normal do vector densidade da corrente.
⃗ . 𝑑𝑙 = ∑ 𝐼𝑘
∮𝐻 ↔ ⃗ . 𝑑𝑙 = ∆𝑖
∮𝐻 ⃗ . 𝑑𝑙 = 𝛿 . ∆𝑆
↔ ∮𝐻 ↔ ⃗ . 𝑑𝑙 = 𝛿. ∆𝑆. 𝑐𝑜𝑠𝛼
∮𝐻 ↔
⃗ . 𝑑𝑙 = 𝛿𝑛 . ∆𝑆
↔ ∮𝐻 (6.2.3)

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Figura 6.2: Lei de Ampere na forma integral.
Dividindo ambos os membros da equação (6.2.3) por ∆𝑆 e fazendo ∆S tender para zero, o que significa uma
contracção até zero da área considerada e tomando o limite temos.
⃗ 𝑑𝑙 𝛿𝑛 . ∆𝑆
∮𝐻
=
∆𝑠 ∆𝑠
⃗ 𝑑𝑙
∮𝐻
lim = 𝛿𝑛
∆𝑠→0 ∆𝑠
No primeiro membro da última equação temos a componente normal ao elemento ∆S do rotacional de H.

Portanto,
⃗ = 𝛿𝑛
𝑟𝑜𝑡𝑛 𝐻
Se o elemento de superfície ∆S está orientado de tal modo que a sua normal tem a direcção do vector
densidade da corrente δ no ponto considerado, ou seja, ∆𝑠^𝛿 = 0 → α = 0, então,
⃗ =𝛿
𝑟𝑜𝑡 𝐻 (6.2.4)
A equação (6.2.4) constitui a forma diferencial da lei de Ampere. O rotacional de um vector dá-nos o valor
do “spin” desse vector.
A equação (6.2.4) é geral e não depende de qualquer sistema de coordenadas em particular.
6.2.3. ⃗⃗ = ⃗𝜹
Forma Cartesiana da Equação 𝒓𝒐𝒕 ⃗𝑯
A igualdade entre rot H e δ implica a igualdade das suas componentes, num sistema de três eixos
ortogonais, sendo essas componentes funções de x, y e z.
Sem apresentamos a dedução, apresentamos abaixo a equação do rot H no sistema cartesiano ortogonal,
equação (6.2.5). Ver a figura 6.3.
⃗ = 𝑖 (𝜕𝐻𝑧 − 𝜕𝐻𝑦 ) + 𝑗 (𝜕𝐻𝑥 − 𝜕𝐻𝑧) + 𝑘

𝑟𝑜𝑡𝐻 ⃗ (𝜕𝐻𝑦 − 𝜕𝐻𝑥) (6.2.5)
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

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Figura 6.3: Rotacional de H na forma cartesiana.
Portanto, as componentes do rotacional no sistema cartesiano ortogonal são iguais as respectivas

componentes do vector densidade da corrente. Ver as equações (6.2.6).
𝜕𝐻𝑧 𝜕𝐻𝑦 𝜕𝐻𝑥 𝜕𝐻𝑧 𝜕𝐻𝑦 𝜕𝐻𝑥

⃗ =
𝑟𝑜𝑡𝑥 𝐻 − = 𝛿𝑥 ; ⃗ =
𝑟𝑜𝑡𝑦 𝐻 − = 𝛿𝑦 ; ⃗ =
𝑟𝑜𝑡𝑧 𝐻 − = 𝛿𝑧 (6.2.6)
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
6.2.4. Expressão do Rotacional Como Produto Vectorial
⃗.
Vamos determinar o produto vectorial ∇ × 𝐻
𝜕 𝜕 𝜕
⃗ =( 𝑖+
∇×𝐻 𝑗+ 𝑘 ⃗ ) × (𝐻𝑥 𝑖 + 𝐻𝑦 𝑗 + 𝐻𝑧 𝑘
⃗)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
∇×𝐻 ⃗ (𝜕𝐻𝑦 − 𝜕𝐻𝑥)

⃗ = 𝑖 (𝜕𝐻𝑧 − 𝜕𝐻𝑧) + 𝑗 (𝜕𝐻𝑥 − 𝜕𝐻𝑧) + 𝑘 (6.2.7)
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
Comparando as equações (6.2.5) e (6.2.7) podemos concluir que:
⃗ =∇×𝐻
𝑟𝑜𝑡 𝐻 ⃗ (6.2.8)
6.2.5. Expressão do Rotacional de H Sob a Forma de Determinante
O rotacional de qualquer vector num sistema de coordenadas cartesianas pode se exprimir como
determinante de terceira ordem. Para rotacional de H será
𝑖 𝑗 ⃗
𝑘
𝜕 𝜕 𝜕
⃗ =[
𝑟𝑜𝑡 𝐻 ] (6.2.9)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝐻𝑥 𝐻𝑦 𝐻𝑧
Resolvendo o determinante chegamos a equação (6.2.5).

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6.3. A Continuidade do Fluxo Magnético
Em termos matemáticos, o fluxo magnético ɸ é definido como o integral superficial do vector indução
magnética, ver a equação (6.1.5).
A experiência mostra que o fluxo magnético que entra num volume qualquer é igual ao fluxo magnético que
sai desse volume. Por consequência, a soma dos fluxos que entram e que saem num volume qualquer é igual
a zero. Falar de volume é o mesmo que falar de superfície fechada. Portanto, podemos escrever,
⃗ 𝑑𝑠 = 0
∮𝑠 𝐵 (6.3.1)
A equação (6.3.1) é equação da continuidade do fluxo magnético na forma integral.
6.4. Equação da Continuidade do Fluxo Magnético na Forma Diferencial
Vamos dividir ambos os membros da equação da continuidade do fluxo magnético, equação (6.3.1), pelo
volume V limitado pela superfície fechada e tomemos o limite quando o volume V tende para zero.
⃗ 𝑑𝑠
∮𝑠 𝐵 0 ⃗ 𝑑𝑠
∮𝑠 𝐵
lim = lim ↔ lim =0 (6.4.1)
𝑉→0 𝑉 𝑉→0 𝑉 𝑉→0 𝑉
⃗.
O primeiro membro da equação (6.4.1) denomina-se divergência de 𝐵
Podemos escrever a equação (6.4.1) da seguinte forma.
⃗ =0
𝑑𝑖𝑣 𝐵 (6.4.2)
A equação (6.4.2) é a equação da continuidade do fluxo magnético na forma diferencial. Aplica-se em

qualquer ponto do espaço onde exista um campo magnético. Portanto, não há nenhum ponto de um campo
magnético que possa ser considerado como a origem ou terminal das linhas de força (de fluxo) do vector
⃗ . Estas linhas nunca são interrompidas, ou seja, fecham-se sobre si mesmas.
indução magnética 𝐵
6.5. O Campo Magnético em Áreas Atravessadas e Não Atravessadas por Correntes Contínuas
Consideremos um condutor percorrido por uma corrente contínua I. Ver a figura 6.4.
Figura 6.4: Campo magnético em áreas atravessadas e não atravessadas por correntes.

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Percurso 1-2-3-4-1
Este percurso define uma área atravessada pela corrente I. Portanto, o campo magnético é um campo
rotacional.
⃗ =𝛿
𝑟𝑜𝑡 𝐻 Se 𝛿 ≠0 → ⃗ ≠0
𝑟𝑜𝑡 𝐻
Percurso 1-2-3-5
Este percurso define uma área não atravessada pela corrente I. Portanto, o campo magnético é um campo
irrotacional.
⃗ =𝛿
𝑟𝑜𝑡 𝐻 Se 𝛿=0 → ⃗ =0
𝑟𝑜𝑡 𝐻
6.6. O Potencial Escalar Magnético
Para um conjunto de pontos nos quais 𝛿 = 0 e 𝑟𝑜𝑡 𝐻⃗ = 0, o campo magnético pode ser considerado como
irrotacional, ou um campo em que a cada ponto podemos associar um certo potencial escalar magnético φM.
A diferença de potencial escalar magnético entre dois pontos 1 e 2 é chamada queda de potencial magnético
entre esses pontos e é definida por:
2
𝑈𝑀12 = 𝜑𝑀1 − 𝜑𝑀2 = ∫1 𝐻⃗ 𝑑𝑙 (6.6.1)
Nestas condições, pode se dizer que em áreas não atravessadas por correntes, por analogia ao campo
electrostático, a intensidade do campo magnético pode ser definida através do gradiente do potencial escalar
magnético.
⃗ = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑𝑀
𝐻 (6.6.2)
Figura 6.5: Diferença de potencial magnético entre os pontos 1 e 2.
Na figura 6.5, a tensão magnética entre os pontos 1 e 2 é dada por,

2
𝑈𝑀12 = ∫1 𝐻⃗ 𝑑𝑙 = ∫2 𝐻. 𝑑𝑙. cos 𝛼
1

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6.7. Equação de Laplace para o Campo Magnético
Sabe-se que,
⃗ = 0 ↔ 𝑑𝑖𝑣 (𝜇𝜇0 𝐻
𝑑𝑖𝑣 𝐵 ⃗ ) = 0 ↔ 𝜇𝜇0 𝑑𝑖𝑣 𝐻
⃗ = 0 ↔ 𝑑𝑖𝑣 (−𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑𝑀 ) = 0 ↔ −𝑑𝑖𝑣 (𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜑𝑀 ) = 0
Então,
∇2 𝜑𝑀 = 0 (6.7.1)
O potencial escalar magnético, em áreas não atravessadas por correntes, satisfaz a equação de Laplace.
6.8. Condições Limites na Superfície de Separação de Dois Meios de Permeabilidades Diferentes
As componentes tangenciais do vector intensidade do campo magnético na superfície de separação de dois

meios de permeabilidades diferentes são iguais. Ver a figura 6.6.a).
H1t = H2t
As componentes normais do vector indução magnética na superfície de separação de dois meios de

permeabilidades diferentes são iguais. Ver a figura 6.6. b).
B1n = B2n
Figura 6.6: Condições limites.
6.9. O Potencial Vector Magnético
No estudo dos campos magnéticos faz-se largo uso do potencial vector do campo magnético, representado
por 𝐴. O potencial vector magnético é uma grandeza vectorial definida por
⃗ = 𝑟𝑜𝑡 𝐴
𝐵 (6.9.1)

Eng.º Isac Bitone
Esta definição do vector indução magnética por uma rotacional baseia-se no facto de ser nula a divergência
de qualquer rotacional.
Sabemos que ⃗ =0
𝑑𝑖𝑣 𝐵
⃗ =0
𝑑𝑖𝑣 𝐵 ↔ 𝑑𝑖𝑣 (𝑟𝑜𝑡 𝐴) = 0 , pois 𝑑𝑖𝑣 (𝑟𝑜𝑡𝐴) = ∇. (∇ × 𝐴) = 0
Sabe-se que o produto vectorial de dois vectores é um vector perpendicular a ambos os vectores, cujo
sentido é dado pela regra da mão direita. Neste caso, o produto vectorial (∇ × 𝐴) é um vector perpendicular
a ∇. Isto significa que o produto escalar entre nabla ∇ e o produto vectorial deve ser igual a zero, porque o
ângulo entre eles é de 90°.
∇. (∇ × 𝐴) = 0
Contrariamente ao potencial escalar magnético 𝜑𝑀 , que se pode utilizar só nas regiões não atravessadas por
correntes eléctricas, pode se empregar o potencial vector quer nas regiões onde não existam correntes, quer
naquelas em que existam, isto é, em todos os casos.
6.10. Equação de Poisson para o Potencial Vector Magnético
Sabemos que,
⃗ =𝛿
𝑟𝑜𝑡 𝐻
Vamos multiplicar a última equação por 𝜇𝜇0 ,
⃗ ) = 𝜇𝜇0 𝛿
𝑟𝑜𝑡 (𝜇𝜇0 𝐻 Como ⃗ = 𝑟𝑜𝑡 𝐴 então,
𝐵 ⃗ = 𝜇𝜇0 𝛿 ↔ 𝑟𝑜𝑡 (𝑟𝑜𝑡 𝐴) = 𝜇𝜇0 𝛿
𝑟𝑜𝑡 𝐵
𝑟𝑜𝑡 (𝑟𝑜𝑡 𝐴) = ∇ × (∇ × 𝐴) = 𝜇𝜇0 𝛿 (6.10.1)
Da matemática, sabe-se
𝑎 × (𝑏⃗ × 𝑐 ) = 𝑏⃗. (𝑎 . 𝑐 ) − 𝑐 . (𝑎. 𝑏⃗)
Então,
∇ × (∇ × 𝐴) = ∇. (∇. 𝐴) − 𝐴(∇. ∇) = 𝑟𝑜𝑡 (𝑟𝑜𝑡 𝐴) = 𝜇𝜇0 𝛿 ↔ 𝑔𝑟𝑎𝑑(𝑑𝑖𝑣 𝐴) − ∇2 𝐴 = 𝜇𝜇0 𝛿 (6.10.2)
Dado que 𝐴 é uma função puramente teórica, utilizada nos cálculos, nós podemos impor para o campo
magnético de corrente contínua a seguinte condição:
𝑑𝑖𝑣 𝐴 = 0
Ou seja, as linhas do vector 𝐴 se fecham sobre si mesmas.
𝑔𝑟𝑎𝑑 (𝑑𝑖𝑣 𝐴) − ∇2 𝐴 = 𝜇𝜇0 𝛿 ↔ 𝑔𝑟𝑎𝑑(0) − ∇2 𝐴 = 𝜇𝜇0 𝛿
∇2 𝐴 = −𝜇𝜇0 𝛿 (6.10.3)
A equação (6.10.3) é a Equação de Poisson para o potencial vector magnético. Relaciona grandezas
vectoriais. Resolvendo esta equação em ordem ao potencial vector, obtém-se

Eng.º Isac Bitone
𝜇𝜇0 𝛿 𝛿 𝑑𝑉
𝐴= ∫ (6.10.4)
4𝜋 𝑉 𝑟
A unidade do potencial vector SI é
𝐻 𝐴 𝑚3 𝑉𝑠 𝑉𝑠
[𝐴] = [1 ∗ 2∗ ] = [1 ∗ 𝐴] = [1 ]
𝑚 𝑚 𝑚 𝐴𝑚 𝑚
6.11. O Potencial Vector Magnético de Um Elemento de Corrente
Consideremos um condutor linear de comprimento l percorrido por uma corrente i. Analisemos um

elemento do condutor dl. Designemos por r a distância do elemento de condutor a um ponto qualquer do
espaço.
𝜇𝜇0 ⃗𝛿 ⃗𝛿 𝑑𝑉 𝜇𝜇0 ⃗𝛿 𝑑𝑉
𝐴= ∫𝑉 ↔ 𝑑𝐴 = Mas 𝛿 𝑑𝑉 = 𝛿 𝑑𝑆𝑑𝑙 = 𝑖𝑑𝑙
4𝜋 𝑟 4𝜋𝑟
Então,
𝜇𝜇0 𝑖𝑑𝑙
𝑑𝐴 = (6.11.1)
4𝜋𝑟
Figura 6.7: Potencial vector de elemento de corrente.
A equação (6.11.1) permite-nos concluir que o potencial vector devido a um elemento de corrente, num
ponto do espaço, tem a mesma direcção e sentido que a corrente circulante no elemento do condutor.
6.12. O Fluxo Magnético Expresso Através do Potencial Vector Magnético
O fluxo magnético através duma superfície é dado por
⃗ 𝑑𝑠
Φ=∫ 𝐵
𝑠
⃗ = 𝑟𝑜𝑡 𝐴
Como 𝐵
Então,

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⃗⃗⃗ )𝑑𝑠
Φ = ∫𝑆 (𝑟𝑜𝑡 𝐴
Pelo teorema de Stokes, podemos transformar este integral de superfície, num integral curvilíneo, isto é,
∫𝑠 𝑟𝑜𝑡 𝐴 𝑑𝑠 = ∮ 𝐴𝑑𝑙 (6.12.1)
Donde
𝛷 = ∮ 𝐴𝑑𝑙 (6.12.2)
6.13. Energia do Campo Magnético Gerado por Uma Corrente Contínua
Sabemos que
𝛹𝑖 𝑤𝑖𝛷 𝑤𝑖𝐵𝑆 𝐻𝑙𝑆𝐵 𝐻𝑉𝐵

𝑤= = = = =
2 2 2 2 2
Onde,
𝛹 =𝛷∗𝑤 ; 𝛷 =𝐵∗𝑆 ; 𝑖𝑤 = 𝐻 ∗ 𝑙 e 𝑉 =𝑙∗𝑆
𝐵.𝐻.𝑉
↔ 𝑤= (6.13.1)
2
⃗ 𝑒𝐻
No caso geral, com a variação de 𝐵 ⃗ no espaço temos:
⃗ ∗𝐻
𝐵 ⃗ 𝑑𝑣
𝑤 = ∫𝑠 (6.13.2)
2
Mas, ⃗ = 𝜇𝜇0 𝐻
𝐵 ⃗
𝜇𝜇0 𝐻 2
𝑤 = ∫𝑉 𝑑𝑉 (6.13.3)
2
6.14. Método das Imagens Magnéticas (Simétricas)
No estudo dos campos magnéticos devido a correntes circulando próximas de massas de ferro, usa-se
frequentemente o método das imagens magnéticas para o cálculo do campo.

Eng.º Isac Bitone
Figura 6.8: Método das imagens magnéticas
Consideremos um condutor transportando a corrente I1, situado num meio de permeabilidade µ1, paralelo ao
meio de permeabilidade µ2, e simultaneamente paralelo à superfície de separação dos dois meios. Observe a
figura 6.8.
Vamos determinar a intensidade do campo magnético em qualquer ponto de ambos os meios.
Para o cálculo do campo, introduzimos duas correntes fictícias I 2 e I3, como representado na figura 6.8. O
condutor percorrido pela corrente fictícia I2 é imagem num “espelho” da corrente real I1. O condutor
percorrido pela corrente fictícia I3 é colocado na posição do condutor percorrido pela corrente real I 1. As
duas correntes fictícias I2 e I3 ainda desconhecidas devem satisfazer as duas condições limites.
As duas correntes fictícias I2 e I3 determinam-se usando as duas condições limites.
Na figura 6.8, o esquema equivalente b) permite-nos calcular o campo magnético no semi-espaço de

permeabilidade µ1 onde está o condutor percorrido pela corrente real I1; O esquema equivalente c) permite-
nos calcular o campo magnético no semi-espaço de permeabilidade µ2.
Vamos aplicar as condições limites para calcular as correntes fictícias I2 e I3.
1ª Condição: 𝐻1𝑡 = 𝐻2𝑡
2ª Condição: 𝐵1𝑛 = 𝐵2𝑛
1ª Condição:
Da figura 6.8 podemos verificar que

𝐼1 𝐼2 𝐼3
𝐻1𝑡 − 𝐻2𝑡 = 𝐻3𝑡 ↔ 𝑐𝑜𝑠 ∝ − 𝑐𝑜𝑠 ∝= 𝑐𝑜𝑠𝛼
𝐼1 − 𝐼2 = 𝐼3 (6.14.1)
2ª Condição:
Na figura 6.8 podemos observar que

𝐼1 𝐼2 𝜇1 𝜇0 𝐼3 𝜇2 𝜇0 𝑠𝑒𝑛𝛼
𝐵1𝑛 + 𝐵2𝑛 = 𝐵3𝑛 ↔ 𝜇1 𝜇0 𝑠𝑒𝑛𝛼 + 𝑠𝑒𝑛 ∝= ↔
𝜇1 𝐼1 + 𝜇1 𝐼2 = 𝜇2 𝐼3 (6.14.2)
Resolvendo o sistema de equações, constituído pelas equações (6.14.1) e (6.14.2), obtemos

𝜇2 −𝜇1
𝐼2 = 𝐼1 (6.14.3)
𝜇1 +𝜇2
2𝜇1
𝐼3 = 𝐼1 (6.14.4)
𝜇1 +𝜇2

Eng.º Isac Bitone
7. O CAMPO ELECTROMAGNÉTICO
7.1. Introdução
Um campo magnético variável produz sempre um campo eléctrico. Inversamente, um campo eléctrico
variável produz sempre um campo magnético. Esta interacção das forças eléctricas e magnéticas dá origem a
uma região no espaço conhecida por campo electromagnético.
Um campo electromagnético é uma forma de matéria. Possui energia, massa e momento e pode ser
convertido em outras formas de matéria.
Quaisquer distúrbios do campo num dieléctrico, as ondas electromagnéticas propagam-se a grandes

distâncias a uma velocidade muito próxima de 3×10 8 m/s (velocidade da luz).
7.2. Equações Principais do Campo Electromagnético (Equações de Maxwell)

As condições num campo electromagnético são expressas matematicamente pelas quatro equações da teoria
electromagnética de Maxwell, que são:
⃗
⃗ = 𝛿 + 𝜀𝜀0 ∗ 𝜕𝐸
1) 𝑟𝑜𝑡 𝐻
𝜕𝑡
Relaciona o rotacional de H num ponto do campo com a densidade de corrente nesse ponto.
𝜕𝐸⃗
𝛿 → Densidade da corrente de condução; 𝜀𝜀0 ∗ → Densidade da corrente de deslocamento.
𝜕𝑡
⃗
𝜕𝐵
2) 𝑟𝑜𝑡 𝐸⃗ = −
𝜕𝑡
Relaciona o rotacional de campo 𝐸⃗ num ponto do campo com a variação de 𝐵
⃗ nesse ponto.
⃗ =0
3) 𝑑𝑖𝑣 𝐵
Expressa a continuidade do fluxo magnético;
𝛿
4) 𝑑𝑖𝑣 𝐸⃗ = 𝑙𝑖𝑣
𝜀𝜀0
Relaciona a divergência da intensidade do campo eléctrico E num ponto do campo, com a
densidade de carga livre nesse ponto.
A análise das relações existentes no campo electromagnético também faz o uso da equação da continuidade
e do teorema de Umov-Poynting.
7.2.1. A Primeira Equação da Teoria Electromagnética de Maxwell
⃗
⃗ = 𝛿 + 𝜀𝜀0 𝜕𝐸
𝑟𝑜𝑡 𝐻 (7.2.1)
𝜕𝑡

Eng.º Isac Bitone
A primeira equação de Maxwell pode ser lida como, estabelecendo que qualquer mudança na intensidade do
campo eléctrico com o tempo (isto é, o aparecimento de uma corrente de deslocamento), em qualquer ponto
de um campo produz nesse ponto um campo magnético rotacional exactamente como a corrente de
condução.
7.2.2. A Segunda Equação da Teoria Electromagnética de Maxwell
𝜕𝐵 ⃗
𝑟𝑜𝑡 𝐸⃗ = − (7.2.2)
𝜕𝑡
⃗
𝜕𝐵
Fisicamente significa que qualquer variação com o tempo do campo magnético ( ), em qualquer ponto,
𝜕𝑡
produz nesse ponto um campo eléctrico rotacional. A 2ª equação de Maxwell é a equação diferencial da lei
da indução electromagnética (Lei de Faraday).
Lei de Faraday
𝜕𝛷
A lei de Faraday estabelece que 𝑒=−
𝜕𝑡
⃗
𝜕𝐵
Mas como ⃗ 𝑑𝑆
𝛷 = ∫𝑠 𝐵 então 𝑒 = − ∫𝑠 𝑑𝑆
𝜕𝑡
Imaginemos um percurso fechado situado num campo magnético alternado. A queda da tensão ao longo dele
é ∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑙 que deve ser igual a f.e.m induzida pelo fluxo magnético alternado que atravessa o percurso, isto
é,
𝑒 = ∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑙
Pelo teorema de Stokes
𝑒 = ∮ 𝐸⃗ 𝑑𝑙 = ∫𝑠 𝑟𝑜𝑡 𝐸⃗ 𝑑𝑆
Portanto,
⃗
𝜕𝐵
−∫ 𝑑𝑆 = ∫ 𝑟𝑜𝑡 𝐸⃗ 𝑑𝑆
𝑠 𝜕𝑡 𝑠
Analisando a última equação, podemos ver que
⃗
𝜕𝐵
𝑟𝑜𝑡 𝐸⃗ = −
𝜕𝑡
7.3. Equação da Continuidade
⃗
⃗ = 𝛿 + 𝜀𝜀0 𝜕𝐸
𝑟𝑜𝑡 𝐻
𝜕𝑡
⃗ ) = 0 → A divergência de qualquer rotacional é igual à zero.

𝑑𝑖𝑣 (𝑟𝑜𝑡 𝐻
Portanto,
𝜕𝐸⃗
𝑑𝑖𝑣 (𝛿 + 𝜀𝜀0 )=0 (7.3.1)
𝜕𝑡

Eng.º Isac Bitone
𝜕𝐸⃗
A equação (7.3.1) mostra que as linhas de força da corrente total (𝛿 + 𝜀𝜀0 ) são circuitos fechados, o que
𝜕𝑡
fisicamente significa que na fronteira entre o meio condutor e o dieléctrico a corrente de condução se
transforma em corrente de deslocamento ou vice-versa.
𝜕𝐸⃗ 𝜕𝐸⃗ 𝜕 𝜕
𝑑𝑖𝑣 (𝛿 + 𝜀𝜀0 ) = 0 ↔ 𝑑𝑖𝑣 𝛿 + 𝑑𝑖𝑣 (𝜀𝜀0 ) = 0 ↔ 𝑑𝑖𝑣 𝛿 = − 𝑑𝑖𝑣(𝜀𝜀0 . 𝐸⃗ ) ↔ 𝑑𝑖𝑣 𝛿 = − ⃗)
𝑑𝑖𝑣(𝐷
𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑡
⃗ = 𝜌𝑙𝑖𝑣
Mas como 𝑑𝑖𝑣 𝐷
Então,
𝜕
𝑑𝑖𝑣 𝛿 = − 𝜌𝑙𝑖𝑣 (7.3.2)
𝜕𝑡
7.4. O Teorema de Poynting Para Valores Instantâneos
As relações energéticas existentes no campo electromagnético são expressas matematicamente sob a forma
do Teorema de Poynting.
O teorema pode ser escrito sob duas formas, uma para valores instantâneos e a outra em notação complexa
para valores sinusoidais.
Vamos deduzir a expressão que traduz o Teorema de Poynting para valores instantâneos.
Multiplicando as equações (7.2.1) e (7.2.2) por 𝐸⃗ 𝑑𝑉 e 𝐻

⃗ 𝑑𝑉 respectivamente, obtemos,
⃗ 𝝏 𝜺𝜺𝟎 𝑬𝟐
⃗ 𝑑𝑉 = (𝛾𝐸⃗ 𝐸⃗ + 𝐸⃗ 𝜕𝜺𝜺𝟎𝐸 ) 𝑑𝑉 ↔ 𝐸⃗ . 𝑟𝑜𝑡𝐻
𝐸⃗ . 𝑟𝑜𝑡 𝐻 ⃗ 𝑑𝑣 = (𝛾𝐸 2 + ) 𝑑𝑣
𝝏𝒕 𝝏𝒕 𝟐
⃗⃗⃗ 𝑯𝟐
𝐻 ⃗ 𝝏𝑯 𝑑𝑣 ↔ 𝐻
⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ 𝑑𝑣 = −𝜺𝜺𝟎 𝐻 ⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ 𝑑𝑣 = − 𝜕
(𝜺𝜺𝟎 ) 𝑑𝑣
𝝏𝒕 𝜕𝑡 𝟐
𝜕 𝑬𝟐
𝐸⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗ 𝑑𝑣 = (𝛾𝐸 2 + 𝜺𝜺𝟎 ) 𝑑𝑣 1.5 (3)
𝜕𝑡 𝟐
𝜕 𝑯𝟐
⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ 𝑑𝑣 = −
𝐻 (𝜇𝜇0 ) 𝑑𝑣 1,5 (4)
𝜕𝑡 𝟐
Subtraindo (3) em (4)
𝜕 𝜺𝜺𝟎 𝑬𝟐 𝜇𝜇0 𝑯𝟐
(𝐸⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗ −𝐻
⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ )𝑑𝑣 = [𝛾𝐸 2 + ( + )] 𝑑𝑣
𝜕𝑡 2 2
Da matemática sabe-se
𝑑𝑖𝑣(𝐸⃗ 𝑥𝐻
⃗)=𝐻
⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ − 𝐸⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗
𝜕 𝜺𝜺𝟎 𝑬𝟐 𝜇𝜇0 𝑯𝟐
−𝑑𝑖𝑣(𝐸⃗ 𝑥𝐻
⃗ )𝑑𝑣 = [𝑟𝐸 2 + ( + )] 𝑑𝑣 1,0
𝜕𝑡 2 2
O produto da vectorial 𝐸⃗ 𝑥𝐻
⃗ pode ser representado pelo vector 𝝅
⃗⃗ = ⃗𝑬𝒙𝑯
⃗⃗⃗
Conhecido como vector de Poynting.
𝑀 = 𝐸. 𝐻𝑠𝑒𝑛(𝐸⃗ ^𝐻
⃗)

Eng.º Isac Bitone
O sentido do vector POYTING determina-se usando a AREGRA DE SACAROLHA girando o vector 𝐸⃗

⃗ , usando o caminho mais curto (o menor ângulo).
até ao vector 𝐻
𝑉 𝐴 𝑉. 𝐴
𝑀=[ ∗ ]=[ 2]
𝑚 𝑚 𝑚
A potência aparente por unidade de área ou Energia por unidade de tempo e por unidade de área.
𝜕 𝜀𝜀0 𝜇𝜇0
− ∫𝑣 𝑑𝑖(𝐸⃗ ^𝐻
⃗ )𝑑𝑖𝑣 = ∫ [𝛾𝐸 2 +
𝑣
( + )] 𝑑𝑖𝑣
𝜕𝑡 2 2
Pelo teorema de divergência de Gauss,
∫𝒗 𝒅𝒊𝒗𝝅
⃗⃗ 𝒅𝒊𝒗 = ∮𝒔 𝝅 ⃗
⃗⃗ 𝒅𝑺 (transformação do integral volumétrico em integral superficial)
𝝏 𝜺𝜺𝟎 𝑬𝟐 𝝁𝝁𝟎 𝑯𝟐
−∮ 𝝅 ⃗ = ∫ 𝒓𝒅𝒗 +
⃗⃗ 𝒅𝑺 ∫ ( + ) 𝒅𝒗 (𝟓)
𝒔 𝒗 𝝏𝒕 𝒗 𝟐 𝟐
É o teorema de POYNTING para valores instantâneos.
O primeiro membro de equação (5) expressa o fluxo normal para dentro (nota-se o nível “–”) do vector de
Poynting através de superfície S do volume V.
No segundo membro da equação (5)
Pela lei de Joule sob a forma diferencial 𝒓𝑬𝟐 é a energia dissipada sob a forma de calor por unidade de
volume e por unidade de tempo.
Portento, ∫𝑣 𝒓𝒅𝒗 dá-nos o ritmo a que a energia é gerada sob a forma de calor no volume V do meio.
𝝏 𝜺𝜺𝟎 𝑬𝟐 𝝁𝝁𝟎 𝑯𝟐
( + ) é o grau de variação da energia eléctrica e magnética armazenada na unidade de
𝝏𝒕 𝟐 𝟐
volume.
O teorema de POYNTING deve ser tratado como uma equação de equilíbrio de energia.
EXEMPLO
Corrente continua transportada pelo cabo coaxial da figura a baixo.
𝐸⃗ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 , ⃗ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐻

Eng.º Isac Bitone
𝜕 𝜺𝜺𝟎 𝑬𝟐 𝝁𝝁𝟎 𝑯𝟐
⃗ 𝑑𝑆 = ∫𝑉 𝑟𝐸 2 𝑑𝑣
↔ − ∮𝑆 𝜋 𝑝𝑜𝑟𝑢𝑞𝑒 ∫ ( + ) 𝒅𝒗 = 0
𝜕𝑡 𝑉 𝟐 𝟐
∫𝑆 𝜋
⃗ 𝑑𝑠 = − ∫𝑆 𝜋𝑑𝑠. 𝑐𝑜𝑠180° = − ∫ 𝜋𝑑𝑠(−1) = ∫𝑆 𝜋𝑑𝑠
⃗ = 𝐸⃗ 𝑥𝐻
𝜋 ⃗ ↔ 𝜋 = 𝐸. 𝐻𝑠𝑒𝑛(𝐸⃗ ^𝐻
⃗ ) = 𝐸. 𝑠𝑒𝑛90°
𝝅 = 𝑬. 𝑯
• O vector Poynting é paralelo ao eixo central

𝜏 2𝜋𝜀𝜀0
𝐸= 𝜏 = 𝐶𝑜. 𝑈 ; 𝐶𝑜 = 𝑅
2𝜋𝜀𝜀0 𝑟 ln 2
𝑅1
𝐼 𝑈.𝐼
𝐻= ; 𝜋 = 𝐸. 𝐻 ↔ 𝜋= 𝑅
2𝜋𝑟 2𝜋𝑟 2 .ln 2
𝑅1
𝜹
Como 𝒓 → ∞ ↔ 𝑬 = → 𝟎, (𝑛𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠)
𝒓
A intensidade do campo eléctrico num dieléctrico devido a uma corrente contínua é determinada do mesmo
modo que no caso de campo electrostático.
𝑈.𝐼.𝑑𝑠 𝑈.𝐼 𝑑𝑠
− ∫𝑆 𝜋
⃗ 𝑑𝑠 = ∫𝑆 𝜋𝑑𝑠 = ∫𝑆 𝑅 = 𝑅 ∗∫
2𝜋𝑟 2 .ln( 2 ) 2𝜋.ln 2 𝑟2
𝑅1 𝑅1
𝑑𝑠
𝑠 = 𝜋𝑟 2 ↔ = 2𝜋𝑟 ↔ 𝑑𝑠 = 2𝜋𝑟𝑑𝑟
𝑑𝑟
𝑈. 𝐼 𝑈. 𝐼 𝑅2
= [ln(𝑅2 ) − ln(𝑅1 )] = ∗ ln ( )
𝑅2 𝑅2 𝑅1
ln ( ) ln ( )
𝑅1 𝑅1
↔ − ∫𝒔 𝝅 ⃗ = 𝑼. 𝑰
⃗⃗ 𝒅𝒔

Eng.º Isac Bitone
Assim, toda a energia que chega à carga é transmitida através do dieléctrico. Nenhuma energia atinge a
carga através do condutor central ou da armadura.
Na verdade, notando que 𝒓 é finito e que a intensidade do campo eléctrico no condutor e na bainha tem a
direcção da corrente e é diferente de zero, pode se mostrar que existe um fluxo para dentro do vector dos
Poynting através da superfície lateral do condutor. Por outras palavras, o condutor absorve energia do
dieléctrico que dá origem as perdas calorificas.
Os condutores de uma linha de transmissão agem apenas como canais para a corrente e servem como
“núcleos” estruturais do campo no dieléctrico.
7.5. As Equações de Maxwell na Notação Complexa
⃗
⃗ = 𝑟𝐸⃗ + 𝜀𝜀0 𝜕𝐸
𝑟𝑜𝑡𝐻
𝜕𝑡
⃗
} Equações escritas para valores instantâneos
𝜕𝐻
𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ = −𝜇𝜇0
𝜕𝑡
⃗ e 𝐸⃗ Variam sinusoidalmente com o tempo

Se 𝐻
𝐻 = 𝐻𝑚 . 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹𝐻 )
𝐸 = 𝐸𝑚 . 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + 𝛹𝐸 )
⃗ ≓𝐻
𝐻 ⃗ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 ↔ 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗ ≓ 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡
𝐸⃗ ≓ 𝐸⃗ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 ↔ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ ≓ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡
⃗ = 𝐻𝑒 𝑗𝛹𝐻 ;
𝐻 𝐸⃗ = 𝐸𝑒 𝑗𝛹𝐸
⃗ ≓ 𝑟𝑜𝑡𝐻
𝑟𝑜𝑡𝐻 ⃗ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 = 𝑒 𝑗𝜔𝑡 . 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗
𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ ≓ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 = 𝑒 𝑗𝜔𝑡 . 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗
𝜕𝐸⃗
≓ 𝑗𝜔. 𝐸⃗ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡
𝜕𝑡
⃗
𝜕𝐻
≓ 𝑗𝜔. 𝐸⃗ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡
𝜕𝑡
As equações de Maxwell em notação complexa serão:
⃗ = (𝛾𝐸⃗ + 𝑗𝜔𝜀𝜀0 . 𝐸⃗ )𝑒 𝑗𝜔𝑡

𝑒 𝑗𝜔𝑡 . 𝑟𝑜𝑡𝐻
𝑒 𝑗𝜔𝑡 . 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ = −𝑗𝜔𝜇𝜇0 . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 . 𝐻

⃗
⃗ = γ𝐸⃗ + jω𝜇𝜇0 . 𝐸⃗
𝑟𝑜𝑡𝐻
𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ = −𝑗𝜔𝜇𝜇0 . 𝐻
⃗

Eng.º Isac Bitone
7.6. O Teorema de Poynting na Notação Complexa
Imaginemos um circuito de corrente alternada contendo, uma resistência R, uma indutância L e uma
capacidade C, todas em serie.
𝑺 = 𝑷 + 𝒋𝑸
1
𝑄 = 𝐼 2 . 𝑥 = 𝐼 2 𝜔𝑙 − 𝐼 2 .
𝜔𝑐
1 𝑙𝐼 2 𝑈𝑐2 .𝐶
𝑄 = 𝜔 (𝐼 2 . 𝑙 − 𝐼 2 𝐶) ⇒ 𝑄 = 𝜔(𝐿𝐼 2 − 𝑈𝑐2 . 𝐶) = 2𝜔 ( − ) ⇒ 𝑄 = 2𝜔(𝑊𝑀 − 𝑊𝑒𝑙𝑒𝑐 )
𝜔2 𝐶 2 2 2
Por analogia com um circuito de corrente alternada
⃗ = 𝐸⃗ 𝑥𝐻
𝑆 = 𝑈. 𝐼 ∗ ↔ 𝜋 ⃗ ∗ ↔ −∮ 𝜋
𝑠
⃗ 𝑑𝑣 = ∫𝑣 (𝐸⃗ . 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗ 𝑑𝑠 = − ∫𝑣 𝑑𝑖𝑣𝜋 ⃗ ∗−𝐻
⃗ ∗ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ )𝑑𝑣
𝑑𝑖𝑣(𝐸⃗ 𝑥𝐻
⃗)=𝐻
⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ − 𝐸⃗ 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗
⃗ = 𝛾𝐸⃗ + 𝑗𝜔𝜇𝜇0 . 𝐸⃗
𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗ ∗ = 𝛾𝐸⃗ ∗ − 𝑗𝜔𝜀𝜀0 . 𝐸⃗ ∗
Mas, 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗
𝐸⃗ . 𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗ ∗−𝐻
⃗ ∗ . 𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ = 𝐸⃗ . 𝛾𝐸⃗ ∗ − 𝑗𝜔𝜇𝜇0 𝐸⃗ ∗ . 𝐸⃗ + 𝐻
⃗ ∗ . 𝑗𝜔𝜇𝜇0 𝐻
⃗ =
𝜇𝜇0 𝐻2 𝜀𝜀0 𝐸 2
= 𝛾𝐸 2 + 𝑗𝜔(𝜇𝜇0 𝐻2 − 𝜀𝜀0 𝐸 2 ) = 𝛾𝐸 2 + 𝑗2𝜔 ( − )
2 2

Eng.º Isac Bitone
8. PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELECTROMAGNÉTICAS NUM MEIO

CONDUTOR HOMOGÉNIO E ISOTRÓPICO
8.1. As Equações de Maxwell para o Meio Condutor
Consideremos a propagação de uma onda electromagnética num meio condutor de condutividade 𝜸 e

permeabilidade 𝝁𝝁𝟎 .
A 1º e a 2º equação de Maxwell em notação complexa com 𝐸⃗ 𝑒 𝐻

⃗ variando sinusoidalmente com o tempo:
⃗ = 𝛾𝐸⃗ + 𝑗𝜔𝜀𝜀0 . 𝐸⃗
𝑟𝑜𝑡𝐻
⃗
Num meio condutor, mesmo para a frequências relativamente altas.
⃗ = 𝛾𝐸⃗
𝜔𝜀𝜀0 ≪ 𝛾 ↔ 𝑟𝑜𝑡𝐻
Exemplo:
𝛾 5,6.107
Para o cobre = =
𝜔𝜀𝜀0 103 .10.8,85.10−12
𝜀 = 10 = 6,33. 1011
1
𝛾 = 5,6. 107
𝛺𝑚
𝑟𝑎𝑑
𝜔 = 103
𝑠
𝑟𝑜𝑡𝐻⃗ = 𝛾𝐸⃗ (1)

{
⃗ (2)
⃗ = 𝑔𝑎𝑟𝑑(𝑑𝑖𝑣𝐻
𝑐𝑜𝑚𝑜: 𝑟𝑜𝑡 𝑟𝑜𝑡𝐻 ⃗ ) − ∇2 𝐻
⃗
⃗ = 0 ↔ 𝑑𝑖𝑣(𝜇𝜇0 . 𝐻
𝑑𝑖𝑣𝐵 ⃗ ) = 0 ↔ 𝑑𝑖𝑣𝜇𝜇0 . 𝐻
⃗ =0
⃗ = 𝛾𝑟𝑜𝑡𝐸⃗ ↔ −∇2 𝐻
↔ −∇2 𝐻 ⃗ = 𝛾. (−𝑗𝜔𝜇𝜇0 . 𝐻
⃗ ) ↔ ∇2 𝐻
⃗ = 𝑗𝜔𝛾𝜇𝜇0 . 𝐻
⃗ (3)
É uma equação diferencial em ⃗𝑯 ⃗⃗ . No caso geral, quando 𝑯⃗⃗⃗ for uma função de três coordenadas ou mesmo
de duas, a equação (3) é de resolução bastante difícil. Limitar-nos-emos ao caso especial da onda
electromagnética plana, isto é a variação de 𝑯⃗⃗⃗ em relação a só uma coordenada.
8.2. A Onda Electromagnética Plana
Uma onda Electromagnética dia-se PLANA se em qualquer instante a intensidade do campo eléctrico ⃗𝑬 e a
⃗⃗⃗ 𝑓𝑜𝑟𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 em amplitude, direcção e sentido em todo os pontos
intensidade do campo magnético 𝑯
de um plano normal ao sentido de propagação de onda e estiverem contidas nesse plano.
⃗ 𝒆𝑯
Os vectores 𝑬 ⃗⃗⃗ são mostrados no mesmo instante em planos paralelos ao eixo 𝟎𝒁.

Eng.º Isac Bitone
E por definição: Onda electromagnética Plana
⃗⃗
𝜕𝑬 ⃗⃗
𝜕𝑬 ⃗⃗⃗
𝜕𝑯 ⃗⃗⃗
𝜕𝑯
=0 𝑒 =0 =0 𝑒 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝝏𝟐 𝝏𝟐 𝝏𝟐
( ⃗⃗⃗ = 𝒋𝝎𝜸𝝁𝝁𝟎 𝑯
+ 𝟐 + 𝟐) 𝑯 ⃗⃗⃗
𝝏𝒙 𝟐 𝝏𝒚 𝝏𝒛
Seja ⃗𝑯
⃗⃗ = 𝒋. 𝑯, ou seja tomemos o eixo dos 𝑦𝑦, como referencial de modo, que o eixo dos 𝑦𝑦 seja paralelo a
intensidade de ⃗𝑯⃗⃗ .
𝝏𝟐
( ) . 𝒋. 𝑯 = 𝒋𝝎𝜸𝝁𝝁𝟎 . 𝑯
𝝏𝒛𝟐
𝝏𝟐
↔ 𝑯 = 𝒋𝝎𝜸𝝁𝝁𝟎 . 𝑯 Equação diferencial
𝝏𝒛𝟐
𝒅𝟐 𝑯
= 𝒋𝝎𝜸𝝁𝝁𝟎 . 𝑯 Equação diferencial
𝒅𝒛𝟐
8.3. Equação Característica
𝑝2 = 𝑗𝜔𝛾𝜇𝜇0
𝑝 ± √𝑗𝜔𝛾𝜇𝜇0
𝑝1 = 𝑝 𝑒 𝑝2 = −𝑝 𝑝1 ≠ 𝑝2
Unidade de 𝒑
1 1 𝑣.𝑠 1
[𝑝] = [√ . . ] ↔ [𝑝] = [ ]
𝑠 𝛺𝑚 𝐴𝑚 𝑚
⃗𝑯
⃗⃗ = 𝑪𝟏 . 𝒆𝒑𝒛 + 𝑪𝟐 . 𝒆−𝒑𝒛

Eng.º Isac Bitone

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Aulas Teóricas de

Eng.º Leonel Fanequiço

Vila do Songo, Julho de 2019

1. SISTEMAS ELÉCTRICOS TRIFÁSICOS

1.1. Tensões Trifásicas

Um conjunto de três tensões sinusoidais, da mesma frequência e amplitude, desfasadas de 120° em

𝑢𝐴 (𝑡) = 𝑈𝑚 sin 𝜔𝑡 𝑢𝐵 (𝑡) = 𝑈𝑚 sin(𝜔𝑡 − 120°) 𝑢𝐶 (𝑡) = 𝑈𝑚 sin(𝜔𝑡 + 120°)

Figura 1.1: Diagrama vectorial de tensões trifásicas.

1.2. Geração de Tensões Trifásicas

Figura1.2: Gerador síncrono trifásico

Eng.º Leonel Fanequiço

A ordem ABC é considerada como sequência de fases normal ou sequência positiva.

Figura1.3: Tensões instantâneas induzidas por um gerador trifásico.

𝑒𝐴 (𝑡) = 𝐸𝑚 sin 𝜔𝑡 𝑜𝑢 𝑒𝐴 (𝑡) = 𝐸𝑚 sin 𝜔𝑡

𝐸𝐴 = 𝐸∠0° 𝐸𝐵 = 𝐸∠−120° 𝐸𝐶 = 𝐸∠120°

𝑛𝑟 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 e 𝑝 = 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑝ó𝑙𝑜𝑠 [𝑛𝑟 ] = [1 𝑟𝑚𝑠]

1.3. Vantagens dos Sistemas Eléctricos Trifásicos em Comparação com os Monofásicos

Eng.º Leonel Fanequiço

1) O sistema eléctrico trifásico é mais complexo em comparação com o sistema monofásico.

1.5.1. Significado de Fase

1.5.2. Sistema ou Circuito Trifásico

Figura 1.4: Circuito trifásico.

1.6. Representação de uma Fonte Trifásica

Figura 1.5: Representação de uma fonte trifásica.

Eng.º Leonel Fanequiço

1.7. Ligação dos Enrolamentos duma Fonte Trifásica

1.7.1. Ligação dos Enrolamentos de Uma Fonte Trifásica em Estrela

Figura 1.6: Ligação em Estrela dos enrolamentos de um gerador trifásico.

a) Tensão de Fase ou Tensão Simples

Eng.º Leonel Fanequiço

𝑈𝐴 = 𝑈𝐵 = 𝑈𝐶 = 𝑈𝑓𝑎𝑠𝑒 = 𝑈𝑓 Tensão de fase ou tensão simples.

𝑈𝐴 = 𝑈𝑓 ∠0° 𝑈𝐵 = 𝑈𝑓 ∠−120° 𝑈𝐶 = 𝑈𝑓 ∠120°

b) Tensão de Linha ou Tensão Composta

Para a fonte representada na figura 1.7:

𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝐿 → Tensão de linha ou tensão composta

Pela 2ª Lei de Kirchhoff:

𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐴 − 𝑈𝐵 → 𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝑓 ∠0° − 𝑈𝑓 ∠−120° → 𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐿 ∠30°

𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝐿 ∠150° e 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝐿 ∠ − 90°

Figura 1.8: Relação entre a tensão de fase e a tensão de linha.

Eng.º Leonel Fanequiço

Figura 1.9: Ligação dos enrolamentos da fonte em triângulo.

𝐸𝐴 = 𝐸∠0° 𝐸𝐵 = 𝐸∠−120° 𝐸𝐶 = 𝐸∠120°

Figura 1.10: Fonte trifásica em triângulo

Pela 2a Lei de Kirchhoff: 𝐸𝐴 + 𝐸𝐵 + 𝐸𝐶 = 0 Ver a figura 1.10.

Eng.º Leonel Fanequiço

a) Tensão de Fase e Tensão de Linha

𝑈𝐴𝐵 = 𝑈𝐴 𝑈𝐵𝐶 = 𝑈𝐵 𝑈𝐶𝐴 = 𝑈𝐶 𝑈𝑙 = 𝑈𝑓

b) Correntes de Linha e Correntes de Fase

Na figura 1.11 as correntes IA, IB e IC são denominadas correntes de linha.

As correntes IBA, IAC e ICB são denominadas correntes de fase.

Na figura 1.11, pela 1ª Lei de Kirchhoff:

Para o nó A: 𝐼𝐵𝐴 − 𝐼𝐴𝐶 − 𝐼𝐴 = 0 ↔ 𝐼𝐴 = 𝐼𝐵𝐴 − 𝐼𝐴𝐶

Para o nó B: 𝐼𝐵 = 𝐼𝐶𝐵 − 𝐼𝐵𝐴

Para o nó C: 𝐼𝐶 = 𝐼𝐴𝐶 − 𝐼𝐶𝐵

Eng.º Leonel Fanequiço

Figura 1.12: Ligação estrela-estrela com condutor neutro.

1º Caso: Carga Equilibrada

No circuito representado na figura 1.12 podemos ver que:

Pela 1ª Lei de Kirchhoff:

2º Caso: Carga Não Equilibrada

Carga Não Equilibrada → 𝑍𝑎 ≠ 𝑍𝑏 ≠ 𝑍𝑐

Eng.º Leonel Fanequiço

Figura 1.13: Ligação estrela-estrela sem condutor neutro.

1º Caso: Carga Equilibrada (𝑍𝑎 = 𝑍𝑏 = 𝑍𝑐 = 𝑍𝑓 )