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Os circuitos trifásicos são formados pela associação de três bipolos conectados entre
si de modo a fornecer ou absorver energia do sistema. Quando fornecem energia podem ser
representados a partir de fontes, onde no caso de sistemas trifásicos costuma-se usar fontes de
tensão, e quando absorvem energia podem ser
~
representados a partir de impedâncias, as quais são
representadas pela associação série e/ou paralelo de
Figura 1
elementos passivos de circuito como resistores, indutores e capacitores (Figura 1).
Em sistemas de potência esses elementos podem estar associados por exemplo a
geradores no caso das fontes, a impedância das linhas de transmissão, transformadores,
motores, entre outros. Quando a impedância está no ponto final de um sistema, costuma-se
denominar por carga.
Ao conectar três bipolos em uma certa disposição (Figura 2), e medir a tensão entre os
terminais deste bipolo, o valor medido é referenciado como A
sendo o valor de fase. Como em sistemas trifásicos, a fonte Tensão de Fase (VF)
Medidor
de tensão tem função senoidal, os valores podem ser
expressos a partir de notação fasorial, ou seja, a partir de
B C
um valor em módulo e ângulo de fase. Figura 2
Considerando que as tensões possuem o mesmo valor em módulo e estão deslocadas
igualmente no tempo entre si, pode-se inferir que o ângulo para as 3 fases é 2π/3 ou 360º/3,
portanto, a diferença (ou defasagem) angular para um circuito trifásico é igual a 120º. Tomando
a tensão na fase A como sendo a referência, obtém-se os seguintes valores para outras fases:
𝑉̂𝐴 = 𝑉𝐹 ∠0° 𝑉̂𝐵 = 𝑉𝐹 ∠ − 120° 𝑉̂𝐶 = 𝑉𝐹 ∠ − 240 = 𝑉𝐹 ∠120°
Observa-se das relações apresentadas que as tensões estão deslocadas entre si por um
ângulo de ± 120º, portanto é conveniente pensar em um operador que, aplicado a um fasor,
perfaça tal rotação de fase. Assim, define-se o operador α, que é um número complexo de
módulo unitário e argumento 120°, de modo que, quando aplicado a um fasor qualquer,
transforma-o em outro de mesmo módulo e defasado de 120°. Em outras palavras,
1 √3
𝛼 = 1 < 120 = − + 𝑗
2 2
No tocante à potenciação, o operador α possui as seguintes propriedades:
𝛼 2 = 1 < 240 = 1 < −120 𝛼 3 = 1 < 360 = 1 < 0 = 1
Dessa forma, as tensões de fase apresentadas acima podem ser representadas por:
𝑉𝑎𝑛 1
[𝑉𝑏𝑛 ] = 𝑉𝑓 ∠0 [𝛼 2 ]
𝑉𝑐𝑛 𝛼
imaginária, verifica-se que no caso da Figura 3.a o primeiro fasor a cruzar a linha será o fasor
A, na sequência o B e após o C, independentemente da posição da reta, tem-se a seguinte
sequência ABC, que é denominada de sequência positiva ou sequência direta. Trocando a fase
B com a fase C de posição (Figura 3.b) e girando no sentido anti-horário, a sequência é ACB,
que é denominada de sequência negativa ou sequência inversa. Portanto, sequência de fases é
a ordem cronológica na qual as tensões passam através de seus valores máximos. A norma
brasileira chama as fases de R, S, T. As letras A, B, C, são usadas por razões didáticas.
O estudo de circuitos trifásicos é muito empregado na análise de sistemas de potência,
sendo fundamental conhecer a função dos elementos e como representá-los em um circuito.
Conexões Trifásicas
Dado que um circuito trifásico é formado por três fontes, estas devem ser conectadas
de alguma forma. Existem dois tipos de conexões admissíveis para formar um sistema trifásico:
formação em estrela (Y) ou triângulo (Δ).
Na conexão em Y, conecta-se um terminal de cada elemento em um único ponto. Este
ponto é denominado de terminal de neutro, ou retorno, e pode ser aterrado ou não. Dessa forma,
a conexão em Y pode ser com neutro aterrado ou sem neutro aterrado (Figura 5).
~ ~
~ ~
~ ~
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Figura 5
Na conexão em Δ (Figura 6), conecta-se os terminais dos elementos entre si e não
existe um terminal de neutro.
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~ ~
Figura 6
Como dito anteriormente, as tensões entre os terminais dos elementos de um circuito
trifásico são denominadas de tensões de fase. Logo, para um sistema conectado em estrela, Van,
Vbn, Vcn são chamadas de tensões de fase e representam as tensões entre os pontos a, b, c e o
neutro n, respectivamente.
Ao tomar a diferença de tensão entre os terminais da a
Fonte b Carga
linha A e da linha B (Figura 7) obtém-se a tensão entre duas
c
linhas, a qual é chamada de tensão de linha e, nesse caso, é Figura 7
representada por Vab. Para um sistema com conexão Y, Vab é a diferença entre as tensões das
Figura 11
Deste modo, as tensões de linha são convertidas em tensões de fase para o circuito em
Y, dividindo o valor por √3, e por facilidade, toma-se como referência as tensões de fase no
circuito em Y. E as impedâncias quando em Δ são convertidas em Y multiplicando-as por 3.
O ponto central da ligação Y pode ser acessado externamente
através do fio neutro, N. esse arranjo constitui um meio de gerar energia
elétrica na forma trifásica a quatro fios. Ao se conectar fonte e carga
Figura 12
em estrela, e conectar os pontos centrais por meio de uma impedância (Figura 12), as seguintes
equações podem ser obtidas, de acordo com a lei de Kirchhoff para correntes:
𝑖𝐴 + 𝑖𝐵 + 𝑖𝐶 + 𝑖𝑁 = 0
Que pode ser escrito em função das tensões de fase, e portanto, tem-se:
𝑉𝐴 − 𝑉𝑁 𝑉𝐵 − 𝑉𝑁 𝑉𝐶 − 𝑉𝑁 𝑉𝑁𝑛 𝑉𝐴𝑁 𝑉𝐵𝑁 𝑉𝐶𝑁 𝑉𝑁𝑛
+ + = ou + + =
𝑍𝐴 𝑍𝐵 𝑍𝐶 𝑍𝑁 𝑍𝐴 𝑍𝐵 𝑍𝐶 𝑍𝑁
Em um sistema equilibrado, 𝑍𝐴 + 𝑍𝐵 + 𝑍𝐶 = 𝑍, logo:
𝑉𝐴𝑁 + 𝑉𝐵𝑁 + 𝑉𝐶𝑁 𝑉𝑁𝑛
=
𝑍 𝑍𝑁
Como, 𝑉𝐴𝑁 + 𝑉𝐵𝑁 + 𝑉𝐶𝑁 = 0, e ZN não pode ser nula, tem-se que 𝑉𝑁𝑛 = 0.
Dessa forma, a conexão entre os dois pontos centrais pode ser desprezada, o qual
permite determinar facilmente a corrente de linha. Quando os circuitos são desequilibrados, esta
premissa não é verdadeira. Conforme dito, uma carga trifásica é dita desequilibrada quando as
impedâncias por fase de uma carga não forem iguais em módulo
ou fase. Para circuitos desequilibrados deve-se utilizar as leis
de Ohm e Kirchhoff e determinar as tensões e corrente a partir
Figura 13
da análise de um sistema linear de equações. Considerando que as fontes e as cargas estejam
conectadas em estrela a três fios (Figura 13), as seguintes equações podem ser levantadas:
𝐼𝐴 + 𝐼𝐵 + 𝐼𝐶 = 0
−𝑉𝐴𝐵 + 𝑍𝐴𝐼1 − 𝑍𝐵 (𝐼2 − 𝐼1 ) = 0
Potência Trifásica
Aplicações
Referências
ROBBA, E.J. Introdução a sistemas elétricos de potência, Edgar Bucher, 1977.
IRWIN, J.D. Análise de Circuitos em Engenharia. São Paulo: Makron Books, 2000.
SADIKU, M. Fundamentos de circuitos elétricos. Porto Alegre: Bookman, 2003.
ZANETTA, L.C. Fundamentos de Sistemas Elétricos de Potência. São Paulo: Livraria da Física. 2006.