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informando que o SPDA instalado atende o nível de proteção carga elétrica da nuvem (ou ao menos de uma região da
exigido, os requisitos de instalação e manutenção, estando em nuvem). Em dado momento, o campo elétrico do ar é
perfeitas condições funcionais para proteção das estruturas em suficiente para romper a rigidez dielétrica do ar, e começam a
atendimento às normas técnicas vigentes [6]. se formar caminhos no ar para as cargas elétricas, seja em
Um Engenheiro Eletricista é um profissional legalmente direção à outra nuvem, seja em direção ao solo. Este é o
habilitado nas atividades de projeto, instalação, manutenção, processo de formação do chamado líder escalado de uma
vistoria, laudo, perícia e pareceres referentes ao SPDA descarga. O caminho no ar percorrido pelo líder não é em
conforme o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia [7]. linha reta, mas sim buscando um caminho com menor
resistência até outro corpo de carga eletricamente oposta.
II. DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
Tradicionalmente o líder de uma descarga atmosférica
Uma descarga atmosférica (ou lightning stroke) é uma encontra as quintas das edificações, justificando assim que um
descarga elétrica de grande intensidade, originada na SPDA tenha atenção especial às quinas.
atmosfera. As descargas podem ocorrer tanto entre nuvens Existem vários tipos de descargas: de impulso único de
(inter nuvens), quanto dentro da própria nuvem (intra nuvem), descargas negativas, de impulsos subsequentes de descargas
ou entre nuvem e a terra (nuvem-solo) [5] conforme mostra a negativas, e de impulso único de descargas positivas.
Figura 2, e um raio em geral é formado de múltiplas descargas. As descargas atmosféricas são classificadas em positivas e
Quando a nuvem está eletricamente carregada, o ar ao redor negativas, conforme a polaridade das cargas da nuvem de
desta possui um campo elétrico que aumenta de acordo com a origem, sendo que aproximadamente 90% das descargas
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C. Subsistema de Aterramento
O principal objetivo do subsistema de aterramento é ter um
comercializado e aceito na França [12], porém em nenhum dos arranjo em que a resistência ôhmica de aterramento seja a
testes realizados até o momento, inclusive pelo INPE, se menor possível. Na versão de 2005 da NBR 5419, o valor
comprovou a eficácia do mesmo. Assim, as normas limite para o aterramento do SPDA era de 10 ohms, com o
internacionais [8], nacional [5] e parecer técnico do CBM valor recomendável em 5 ohms, mas com a nova visão sobre
estadual [12] não autoriza que este “super captor” substituía proteção de descargas atmosféricas da versão de 2015 da NBR
um sistema de captação de descargas atmosféricas. 5419, o objetivo é obter o menor valor possível de resistência
B. Subsistema de Descida de aterramento.
Caso as fundações da estrutura não posa ser utilizada como
Os condutores de descida de um SPDA devem [5]:
aterramento do SPDA natural, em [5] a orientação é utilizar a
Prover diversos caminhos paralelos para a corrente
configuração em anel para o aterramento, em que o mesmo
elétrica da descarga atmosférica;
esteja em contato com o solo ao menos por 80% do seu
Ter o menor comprimento possível;
comprimento total.
Observar a equipotencialização com as partes condutoras A profundidade dos eletrodos (hastes) de aterramento deve
da estrutura. ser de no mínimo 0,5 metro, e ficar posicionado à distância de
A distância entre cada condutor de descida depende do nível aproximadamente 1 metro ao redor das paredes externas da
de proteção do SPDA. No nível do solo, os condutores de estrutura [5].
descida devem ser interligados. A utilização de interligação
dos condutores de descida na borda da edificação é uma boa VIII. SPDA ESTRUTURAL (OU INTERNO)
técnica, já que o líder ascendente de uma descarga atmosférica
geralmente atinge as quinas das edificações. A utilização no SPDA de componentes naturais feitos de
O posicionamento dos condutores de descida devem materiais condutores, os quais devem permanecer dentro ou na
respeitar as distâncias de segurança, de forma a evitar o estrutura de forma definitiva (sem que possam ser
centelhamento em partes da estrutura [5]. modificados) são considerados elementos naturais da
Nas junções entre cabos de descida e eletrodos de edificação num SPDA. Como exemplo são as armaduras de
aterramento deve existir uma conexão de ensaio em cada aço interconectadas estruturando o concreto armado, e as vigas
condutor de descida externo do SPDA. O objetivo é que o metálicas da estrutura.
mesmo possa ser aberto para ensaios, mas que em operação Muitos especialistas e projetistas de SPDA consideram que
normal a conexão de ensaio permaneça fechada e sem contato a melhor solução para proteção contra descargas atmosféricas
com o solo. é utilizar elementos naturais da estrutura, tanto do ponto de
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X. INSPEÇÕES PERIÓDICAS NO SPDA Fig. 11. Interligação da RE-BAR existente no pilar com condutor externo,
utilizando ATERRINSERT. Adaptado de [13].
Na parte 3 de [5], ou norma NBR 5419-3:2015, o capítulo 7
trata sobre a manutenção, inspeção e documentação de um
SPDA, cujos objetivos das inspeções são:
UM (01) ANO → para estruturas contendo munição ou
Assegurar que o SPDA esteja de acordo com o projeto
explosivos, ou em locais expostos à corrosão
baseado em [5];
atmosférica severa (regiões litorâneas)
Todos os componentes do SPDA estejam em boas
TRÊS (03) ANOS → para as demais estruturas.
condições, sendo capazes de cumprir as suas funções,
sem apresentar corrosão;
Para medição da continuidade elétrica, em [5] é indicada
Qualquer novo objeto metálico oriundo de nova a utilização de equipamentos que tenham a sua construção
construção ou reforma, como novas tubulações baseada em esquemas a quatro fios, sendo dois fios para
metálicas, linhas de energia e sinal que adentrem a injeção de corrente e dois para medição de diferença de
estrutura, alterando as condições iniciais previstas no potencial elétrico (ou tensão elétrica). Como exemplo pode
projeto do SPDA, estejam incorporados ao SPDA e ser usado o Mili-ohmímetro, desde que a corrente injetada
enquadrados em [5]. seja acima de 1A, em frequência elétrica diferente da
industrial [5]. A Figura 8 ilustra como deve ser realizada
Conforme a parte 3 de [5], item 7.3.1, as inspeções devem esta medição da continuidade elétrica.
ser feitas nas seguintes situações:
Durante a construção da estrutura; XI. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a instalação do SPDA, em projeto como construído
(ou “As Built”); A legislação nacional [5] exige que seja feita uma inspeção
Após alterações ou reparos, ou quando houver suspeita visual semestral no SPDA, e periodicamente por um
que a estrutura foi atingida por uma descarga profissional habilitado como um Engenheiro Eletricista [7],
atmosférica; com emissão de ART específica. A inspeção feita por um
Inspeção visual semestral apontando eventuais pontos Engenheiro Eletricista será de um ano para estruturas e locais
deteriorados no sistema; com risco de explosão, corrosão severa e fornecimento de
Inspeções periódicas realizadas por um profissional serviços essenciais como energia elétrica e água, e de três anos
legalmente habilitado e capacitado, como um para as demais estruturas como condomínios residenciais e
Engenheiro Eletricista [7], com emissão de documento prédios comerciais.
específica (ART de inspeção periódica). As medições de resistência de aterramento descritas na
versão de 2005 da norma NBR 5419 com Terrômetro deixam
Quanto à inspeção periódica realizada pelo Engenheiro de ser exigidas em [5], embora permaneça a NBR 15749:2009
Eletricista, com emissão de ART específica, deverá atender (Medição de resistência de aterramento e de potenciais na
um dos intervalos a seguir: superfície do solo em sistemas de aterramento), e passam a ser
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exigidas na versão de 2015 da NBR 5419 medições de Atualmente é sócio-gerente e responsável técnico da empresa SOLIS
ENGENHARIA LTDA (www.solisengenharia.com.br), trabalha como
continuidade elétrica com Mili-ohmímetro para SPDA com
professor docente na Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES) atuando
elementos naturais [5]. Este é um aspecto importante a ser no curso de graduação em Engenharia Elétrica, desde 2017
observado, e que exige dos Engenheiros Eletricistas que (yuri.stypulkowski@univates.br). Tem experiência na área de sistemas
trabalham com SPDA a atualização da técnica conforme a elétricos de potência, onde atuou por 6 anos na empresa CEEE-GT e por 12
legislação vigente. anos na ELETROBRÁS ELETROSUL, em setores de transmissão e geração
de energia elétrica.
A utilização de elementos naturais da estrutura é
considerada a melhor solução, observando os aspectos Tem experiência em projetos e laudos de SPDA, para clientes industriais,
econômico, estético e de eficiência do SPDA. Na fase de e condomínios, com ARTs emitidas junto ao CREA-RS. Ministrou cursos na
projeto de uma edificação é a grande oportunidade para prever área da eletricidade (painéis elétricos, proteção, intertravamento, NR-10
a utilização de elementos naturais como integrantes ao SPDA. Básica, NR-10 SEP e NR-10 Reciclagem), e sua expertise inclui trabalhos e
laudos de aterramento, estudos comerciais para conexão de fontes alternativas
Para o DPS, um dos aspectos mais importantes é a escolha à rede de transmissão, como eólica e solar fotovoltaica.
do posicionamento do mesmo, para evitar a entrada de tensões
induzidas dentro de uma edificação protegida contra descargas Endereço do currículo na plataforma Lattes:
atmosféricas, tanto para as linhas de energia quanto para as http://lattes.cnpq.br/2353733126001790
linhas de sinal.
XII. REFERÊNCIAS
[1] Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE). Website www.inpe.br/elat/.
[2] Website https://sisbom.cbm.rs.gov.br/msci/, do Corpo de Bombeiros
Militar do RS.
[3] Resolução Técnica CBMRS n.° 05 – parte 1.1, de 2016. Resolução
Técnica do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul.
“Processo de segurança contra incêndio: plano de prevenção e
proteção contra incêndio na forma completa”.
[4] Decreto n.° 51.803 de 10/09/2014. “Estabelece normas sobre
segurança, prevenção e proteção contra incêndio nas edificações em
áreas de risco no Estado do Rio Grande do Sul”.
[5] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5419:2015 – Proteção
contra descargas atmosféricas – Partes 1, 2, 3 e 4. 2015.
[6] Parecer Técnico n.° 022/DTPI/2015 do Corpo de Bombeiros Militar do
Rio Grande do Sul. “Procedimentos acerca do Sistema de proteção
Contra descargas Atmosféricas – SPDA”.
[7] Decisão Normativa n.° 070, de 26/10/2001 do Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia (CONFEA), disponível em
http://normativos.confea.org.br/ementas/visualiza.asp?idEmenta=624.
[8] Norma internacional IEC 62305:2010 (Lightning protection standard).
[9] Apostilas Termotécnica, 2018. Cursos de SPDA e MPS.
[10] Website http://www.inpe.br/webelat/ABNT_NBR5419_Ng/, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
[11] Website http://www.rindat.com.br/, da Rede Integrada Nacional de
Detecção de Descargas Atmosféricas (RINDAT).
[12] Parecer Técnico n.° 002/DTPI/2016. Consulta técnica referente ao
emprego da norma Francesa NF C 17-102 – “Proteção de Descargas
Atmosféricas – Proteção de estruturas e áreas abertas com o uso de
terminais aéreos que utilizam emissão prévia de líder ascendente
(ESSE), no projeto e execução do SPDA”.
[13] Catálogo de produtos da Termotécnica, disponível no website
http://tel.com.br.
XIII. BIOGRAFIA