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Experiência: Geradores Elétricos

1. Objetivos:
Determinar experimentalmente, a resistência interna, a força-eletromotriz e a corrente de curto
circuito de um gerador.

2. Introdução Teórica:
Geradores elétricos

Geradores elétricos são dispositivos que mantêm entre seus terminais uma diferença de potencial,
obtida a partir de uma conversão de outro tipo de energia em energia elétrica.
Essa conversão pode ser de várias formas, destacando-se os geradores que transformam energia
mecânica, química e térmica em energia elétrica, denominados respectivamente de geradores
eletromecânicos, eletroquímicos e eletrotérmicos.
Como exemplos de geradores eletroquímicos temos as pilhas e baterias, que a partir de uma
reação química, separam as cargas elétricas positivas das negativas, provocando o aparecimento de
uma tensão elétrica entre dois terminais denominados pólos.
Como geradores eletromecânicos temos: os dínamos e os alternadores, que a partir de um
movimento mecânico geram respectivamente energia elétrica contínua e alternada.
Como geradores termoelétricos temos o par-termoelétrico onde dois metais diferentes recebem
calor e, proporcionalmente geram uma tensão entre seus terminais.
Um gerador elétrico alimentando uma carga, deve fornecer tensão e corrente que esta exigir.
Portanto, na realidade, o gerador fornece tensão e corrente.

Gerador ideal

O gerador ideal é aquele que fornece uma tensão constante, denominada de Força Eletromotriz
(E), qualquer que seja a corrente exigida pela carga. Seu símbolo e sua curva característica, tensão
em função da corrente, são mostrados abaixo.

Curva característica de um gerador


ideal
V

0 I

Gerador real

O gerador real irá perder energia internamente, e portanto, a tensão de saída não será constante,
sendo atenuada com o aumento da corrente exigida pela carga. Podemos representar essa perda por
uma resistência interna ( r ), e conseqüentemente, o gerador real como um gerador ideal em série
com esta resistência, conforme a figura abaixo.
Do circuito equivalente ao gerador real, observamos que a resistência interna causa uma queda de
tensão de saída, quando este estiver alimentando uma carga. Essa situação é mostrada na figura
abaixo.

Aplicando a lei de Ohm, podemos escrever:

I = E/(r + RL)
E = (r + RL)I
E = rI + RLI

Onde: RLI = V
Portanto: V = E – rI  equação do gerador real

Da equação obtemos a curva característica do gerador real, que é o gráfico que relaciona a
intensidade de corrente I no gerador com a ddp V entre seus terminais.
1) Se I = 0, ou seja, se o gerador estiver em circuito aberto, teremos:
V = E – r0
V=E
2) Se V = 0, ou seja, se o gerador estiver em curto-circuito, teremos:
0 = E – rIcc
Icc = E/r  onde Icc é a corrente de curto
Os pares de valores (1) e (2) determinam dois pontos do gráfico V x I, que é um segmento de reta,
pois V é a função do primeiro grau em I.

A corrente de curto-circuito bem como a resistência interna do gerador, devem ser obtidas
experimentalmente, ou seja, levantando-se a curva característica do gerador e extraindo desta, esses
dois parâmetros, conforme mostrado abaixo.

r = tg = ΔV/ΔI e Icc = E/r

Potência no gerador

Quando uma corrente circula pelo interior de uma fonte de energia, parte da energia elétrica é
dissipada por efeito Joule no interior da própria fonte. Por causa do efeito Joule, a quantidade de
energia convertida em energia elétrica pela fonte é maior que a quantidade de energia efetivamente
transferida ao circuito. A quantidade de energia convertida em energia elétrica convertida, para cada
Coulomb de carga que atravessa a fonte, é chamada força eletromotriz. A quantidade de energia
efetivamente transferida para o circuito fora da fonte é denominada voltagem da fonte.
A diferença entre a força eletromotriz e a voltagem de uma fonte está associada à queda de tensão
que ocorre no interior da própria fonte.
A potência não-elétrica (isto é, mecânica, química, radiante ou luminosa etc.) que o gerador
recebe para ser colocado em funcionamento (potência recebida: Pr) é transformada em potência
elétrica, que então é cedida ao circuito (potência elétrica cedida:(Pc). No entanto, a potência elétrica
cedida Pc tem um valor menor que o da potência recebida Pr, porque uma parte da Pr é transformada
em potência dissipada (Pd). Corno você já sabe, essa dissipação ocorre em resistores; dai, podemos
concluir que o gerador também funciona como um resistor de resistência interna r.
Continuando com nossa analogia entre os tipos de fonte elétrica, sabemos que a pilha e a
bateria são fontes de energia que possibilitam a ddp necessária a manutenção da corrente elétrica num
circuito: ao saírem do terminal positivo dessas fontes de energia, as cargas elétricas percorrem o
circuito e chegam ao terminal negativo. No gerador o processo e semelhante: ele fornece a energia
necessária as cargas que chegam a seu terminal negativo, permitindo que elas voltem a passar pelo
terminal positivo e assim sucessivamente.
Portanto, dentro do gerador uma carga Q é submetida a forças elétricas, que realizam um
trabalho  entre os terminais do gerador. Esse trabalho corresponde ao ganho de energia pelas cargas.
A quantidade de energia recebida por unidade de carga dá-se o nome de forca eletromotriz (FEM) do
gerador, cujo símbolo é E. Portanto:

E=Q

Dividindo a expressão acima pelo intervalo de tempo t que as cargas levam para atravessar o
gerador, temos:

E/t=/q .t >>> q/t * E = /

Como /t corresponde à potência não-elétrica recebida (Pr) pelo gerador, essa Pr é
transformada em potência elétrica, que, então, é cedida ao circuito (Pc). Sabendo também que q/t é
igual à corrente i que atravessa o gerador, temos:

Pr = Ei

Essa expressão mostra que:

E = Pr/i

Como no SI a unidade de potência é watt e a unidade de corrente elétrica é ampère, temos que
a unidade de força eletromotriz é watt/ampère = volt. Assim:

W/A = V

Com base no que foi apresentado e de acordo com o Princípio da Conservação de Energia,
podemos escrever:

Pr = Pc + Pd

Como P = Ui, temos : Pc = Vci e Pd = Vdi, onde:


Vc: ddp fornecida pelo gerador, o que significa que a corrente elétrica do gerador é lançada no
circuito é lançada no circuito que ele alimenta
Vd: ddp perdida pelo gerador, o que significa que o gerador possui uma resistência interna r ,
onde ocorre dissipação por efeito Joule
Como Pr = Ei, vem:

Ei+ Vci = Vdi


Logo:

E = Vc + Vd

Como a ddp fornecida pelo gerador do circuito tem o símbolo V, podemos escrever:

Vc = V
Considerando que o gerador possui um resistor ôhmico de resistência r (denominada resistência
interna do gerador), a qual dissipa em calor uma parte da energia recebida Pr, temos:

Vd = ri

3. Material Utilizado:
01 Fonte variável de tensão de 0-30V; 6A
01 Multímetro:
 Faixas: 50µA, 2.5mA, 25mA, 250mA, 10A
 Precisão: ± 3% fs
01 Década resistiva
01 Resistor de (100 ± 5%)Ω
01 Resistor de (1,0K ± 5%)Ω
01 Pront-o-board

4. Procedimento Experimental:
4.1 Monte o circuito da figura abaixo.
Ajuste a tensão da fonte para 10V.

4.2 Meça a tensão entre os pontos A e B com a década desconectada. Anote esse valor no quadro
abaixo:
E (V) (10,0 ± 0,1)V

4.3 Ajuste a resistência da década de acordo com o quadro abaixo. Meça e anote para cada valor,
a tensão e a corrente na carga.

R(Ω) 1000Ω 900Ω 800Ω 700Ω 600Ω 500Ω 400Ω 300Ω 200Ω 100Ω
V(V) 9,2± 0,1 9,0± 0,1 9,0± 0,1 8,8± 0,1 8,6± 0,1 8,4± 0,1 8,0± 0,1 7,6± 0,1 6,7± 0,1 5,0± 0,1

I(mA) 9,6± 0,2 10,5± 0,2 11,5± 0,2 12,9± 0,2 14,5± 0,2 17,0± 0,2 20,4± 0,2 25 ±2 35± 2 55± 2

4.4 Substitua o resistor de 100Ω por outro de 1KΩ e repita os itens 4.2 e 4.3 anotando os valores
abaixo:
E (V) (10,0 ± 0,1)V

R(Ω) 1000Ω 900Ω 800Ω 700Ω 600Ω 500Ω 400Ω 300Ω 200Ω 100Ω
V(V) 5,1± 0,1 4,9± 0,1 4,5± 0,1 4,2± 0,1 3,9± 0,1 3,5± 0,1 3,0± 0,1 2,4± 0,1 1,7± 0,1 0,8± 0,1

I(mA) 5,4± 0,2 5,6± 0,2 6,0± 0,2 6,3± 0,2 6,6± 0,2 7,1± 0,2 7,6± 0,2 8,3 ±0,2 8,9± 0,2 9,6± 0,2
5. Conclusão:
A partir das medidas acima e dos gráficos analisados pôde-se perceber que quanto maior a
resistência interna do gerador menor a corrente máxima que ele pode fornecer e maior a queda de
tensão em sua resistência interna, assim quanto menor sua resistência interna maior a sua eficiência,
menor a inclinação do gráfico obtido, e maior sua proximidade com um gerador ideal.
Em relação aos valores de resistência interna, encontrados através dos gráficos, deveria-se obter
os mesmos valores dos resistores que foram colocados para simular a resistência interna, porém para
os dois casos a diferença entre os valores da resistência esperada e da resistência obtida foi de
aproximadamente -7%, 2% acima da tolerância dos resistores utilizados. Isso pode ocorrer por causa
da precisão do amperímetro e do voltímetro devido ao valor de tolerância de seus componentes
internos e a imprecisão na leitura da escala do amperímetro e do voltímetro, há também a tolerância
dos resistores utilizados, a qual já foi citada, e a tolerância das resistências internas da própria década
utilizada no experimento, esta teve sua resistência de saída medida para os valores de resistência
utilizados, porém estes valores estavam diferentes de seus valores nominais, isso pode ocorrer
devido, além da tolerância citada acima, a imprecisão de leitura do ohmímetro e do valor de
tolerância de seus componentes internos. Como para os dois casos a diferença foi de
aproximadamente – 7% tem-se a possibilidade de haver um erro de medida sistemático ocasionado
pelos fatores apontados acima. Porém para efeitos didáticos, pôde-se ter uma clara idéia do
comportamento de um gerador em relação a sua curva característica e sua eficiência.

6. Questões:
1- Com os dados obtidos, construa a curva característica do gerador V = f(I) para ambos os
casos.
Os gráficos abaixo foram feitos através do programa Excel a titulo de comparação com os
gráficos feitos em papel milimetrado. Porém para responder os itens 2 e 3, foram utilizados os
gráficos obtidos no papel milimetrado, estes gráficos foram traçados seguindo a tendência dos pontos
obtidos experimentalmente.

Resistor 100Ω
V(V)
12
10
8
6
4
2
0 I(mA)
0 5,0 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
V(V) Resistor 1000Ω
12
10
8
6
4
2
0 I(mA)
0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 6,0 9,0 10

2- Determine, as resistências internas e as correntes de curto-circuito através das curvas.

Resistor de 100Ω

r = tg = ΔV/ΔI
r = (10 – 5,0) / (0,054 – 0)
r = 93Ω

Icc = E/r
Icc = 10/93
Icc = 108mA

Resistor de 1000Ω

r = tg = ΔV/ΔI
r = (10 – 1,9) / (0,0087 – 0)
r = 931Ω

Icc = E/r
Icc = 10/931
Icc = 10,7mA

3- Escreva as equações dos geradores.

Resistor de 100Ω

V = E – rI
V = 10 – 93I

Resistor de 1000Ω

V = E – rI
V = 10 – 931I
4- Determine a equação do gerador da figura abaixo, sabendo-se que, estando a chave na posição
S na posição 1, o voltímetro indica 9V e o miliamperímetro 600mA, e quando na posição 2, o
voltímetro indica 9,6V e o miliamperímetro 480mA.

r = tg = ΔV/ΔI
r = (9,6 – 9) / ( 0,6 – 0,48)
r = 0,6/0,12
r = 5Ω

V = E – rl
9 = E – 5*0,6
E=9+3
E = 12V
V = 12 – 5I

5- Um gerador em vazio apresenta uma tensão de saída igual a 15V. Quando ligarmos aos
terminais deste, uma lâmpada 6W, ela irá consumir uma corrente de 500mA. Escreva a equação deste
gerador.

V = E – rI
15 = E – r0
E = 15V

Para a corrente de 500mA e um consumo de 6W da lâmpada, tem-se uma diferença de potencial


nos terminais da mesma que pode ser encontrada pela seguinte equação:
P = IV
6 = 0,5V
V = 6/0,5
V = 12V
Como:
V = E – rI
12 = 15 – r0,5
r0,5 = 15 -12
r = 3/ 0,5
r=6Ω
Assim tem-se:
V = 15 – 6I

7. Bibliografia:
BISUOLA, Gualter José & MAIALI, André Curi. Física: Volume Único. São Paulo: Saraiva, 1998
CAPUANO, Francisco G. & MARINO, Maria A. M. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. São
Paulo: Érica, 1988.
PORTAL DA FÍSICA. Força eletromotriz. Available from Internet www. portaldafisica
_hpg_com_br.htm>

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