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Tiago Dezuo
18 de novembro de 2020
2
Prefácio
3
4
Lista de Acrônimos
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
FP Fator de Potência
5
6
Lista de Figuras
7
8 LISTA DE FIGURAS
1 Introdução 15
2 Conceitos Elementares - Parte I 19
2.1 Estrutura Básica das Máquinas . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2 Máquinas Elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.1 Máquinas CA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.2 Máquina CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.3 Outras características construtivas . . . . . . . . . . . 30
11
12 SUMÁRIO
térmicas
mecânicas
.
.
.
Máquinas
estacionárias
elétricas lineares
rotativas
15
16 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
motor
I, V T, ω
gerador
split-phase
capac. de partida
gaiola de capac. perman.
esquilo
polos sombreados
indução capac. 2 valores
rotor bobinado repulsão
monofásica rotor maciço histerese
relutância
síncrona
imãs permanentes
indução
CA linear imãs permanentes
de gaiola
indução rotor bobinado
polifásica
imãs permanentes
Universal relutância
síncrona polos lisos
polos salientes
excit. série
excit. paralela
CC excit. mista
excit. independ.
imãs permanentes
A notação base adotada neste documento pode ser vista na Figura 2.1:
a palavra condutor refere-se a um material condutor qualquer não necessa-
riamente disposto em um formato especíco; espira refere-se a um condutor
enrolado com apenas uma volta; bobina refere-se a um grupo de espiras;
enrolamento refere-se a um grupo de bobinas; e fases refere-se a diferentes
enrolamentos não conectados entre si.
19
20 CAPÍTULO 2. CONCEITOS ELEMENTARES - PARTE I
Toda máquina rotativa possui duas partes principais, como pode ser visto
na Figura 2.2:
Estator
Eixo
Entreferro
Rotor
Figura 2.2: Partes fundamentais de uma máquina usual (vista em corte trans-
versal ao eixo).
N N
φ φ(i)
S S
(a) (b)
Figura 2.3: Campo magnético produzido por (a) imãs permanentes e (b)
enrolamento.
Conduz CC
campo armadura secundário Conduz CA
1 Lembre-se
que corrente contínua (CC) não é o mesmo que corrente constante. Uma
corrente variável, mas que não muda de direção (sinal) é CC.
2.2. MÁQUINAS ELEMENTARES 23
1) Polos salientes: máquinas com polos salientes são usadas para baixas
velocidades e máquinas de grande diâmetro (e.g. hidrelétricas), por
dois motivos principais:
2.2.1 Máquinas CA
Nas guras a seguir são apresentadas uma máquina síncrona elementar de
polos lisos (Figura 2.6) e também máquinas com complexidade aumentada
em alguma de suas características (Figuras 2.7-2.10). Junto de cada máquina
apresenta-se a distribuição aproximada de uxo (B ) no entreferro ao redor do
eixo, devido à alimentação do enrolamento de campo com corrente contínua,
e a respectiva tensão induzida nos terminais do enrolamento de armadura
(ea ).
24 CAPÍTULO 2. CONCEITOS ELEMENTARES - PARTE I
θa
• Polos lisos
• Dois polos
• Monofásica
B [T] ea [V]
0 π 2π 0 60/n
θa [rad] 60 t [s]
2n
θa
• Polos salientes
• Dois polos
• Monofásica
B [T] ea [V]
0 π 2π 0 60/n
θa [rad] 60 t [s]
2n
θa
• Polos lisos
• Quatro polos
• Monofásica
0 π 2π 0 60/n
θa [rad] 60 t [s]
2n
ciclo mecânico
A Equação (2.3) implica que se a máquina tem mais polos, ela pode girar
mais devagar para produzir uma mesma frequência elétrica.
120
nP Y = 50 = 90, 9 rpm, (2.4)
66
120
nBR = 60 = 92, 3 rpm. (2.5)
78
número de fases igual a nf ases , tem-se uma defasagem elétrica de 360◦ /nf ases
entre fases adjacentes.
Observe também na Figura 2.10 que as tensões geradas em cada fase
◦
estão defasadas temporalmente de 120 elétricos entre si. Como será visto
mais adiante, esta característica de defasagem tanto espacial quanto temporal
simultaneamente é fundamental para o funcionamento da máquina polifásica
como motor.
θa
• Polos lisos
• Dois polos
• Trifásica
B [T] [V]
0 π 2π 0 60/n
θa [rad] t [s]
ea eb ec
2.2.2 Máquina CC
Ao contrário da máquina síncrona, a geração do campo é xada na car-
caça (estator). Para que a máquina gire sem parar (como motor) usando
corrente contínua é necessário o uso de um comutador. O comutador é ape-
nas uma estratégia de conexão entre o enrolamento do rotor e sua fonte
de alimentação de modo a inverter o sentido da corrente no rotor automa-
ticamente durante a rotação. Além disso, quando a máquina opera como
gerador, a tensão induzida internamente na armadura (rotor) é alternada,
mas o mesmo comutador faz com que a polaridade disponível externamente
seja contínua (funciona como um reticador).
θa
• Polos salientes
• Dois polos
• Monofásica ( CC)
0 π 2π 0 60/n
θa [rad] 60 t [s]
2n
3) Tamanho de passo: o passo pode ser pleno, quando as bobinas têm seus
◦
lados colocados em ranhuras dispostas a 180 elétricos uma da outra,
2.2. MÁQUINAS ELEMENTARES 31
• Tipo:
◦
• N de ranhuras:
◦
• N de polos:
• Tipo de polos:
• Distribuição:
• Camada:
• Passo:
◦
• N de fases:
+
φ +
i
FMM R FEM R
- -
33
34 CAPÍTULO 3. CONCEITOS ELEMENTARES - PARTE II
eixo magnético
da fase a
θa
F = N · i. (3.1)
4 Ni
F ≈ F1 = cos (θa ). (3.3)
π 2
3.1. FMM DE ENROLAMENTOS CONCENTRADOS E DISTRIBUÍDOS35
F
4 N ·i
π 2
N ·i
2
−π 0 π 2π
θa [rad]
− N2·i
+a
eixo magnético
da fase a
θa
−a
1Oquão próximo um sinal está de sua componente fundamental pode ser mensurado
calculando-se sua Taxa de Distorção Harmônica (TDH). Quanto menor a TDH, melhor.
Para o caso de uma onda quadrada, tem-se uma TDH de 48.4%.
3.1. FMM DE ENROLAMENTOS CONCENTRADOS E DISTRIBUÍDOS37
4N i
2N i
−π 0 π
θa [rad]
−2N i
−4N i
plos polos, com Nf ase espiras ao todo na fase, percorrida por uma corrente
ia , tem-se
4 ka Nf ase polos
F ≈ F1 = · ia · cos · θa , (3.4)
π polos 2
onde
assim cada ranhura está separada por 360◦ /24 = 15◦ . Supondo que o ângulo
θa seja medido a partir do eixo magnético da fase a de modo que as quatro ra-
◦ ◦ ◦ ◦
nhuras do lado +a estejam em θa = 67, 5 ; 82, 5 ; 97, 5 ; 112, 5 . Os lados
◦ ◦ ◦ ◦
opostos (−a) estão em −112, 5 ; −97, 5 ; −82, 5 ; −67, 5 , respectivamente.
Assuma que este enrolamento está conduzindo uma corrente ia .
Solução:
112, 5◦ − 67, 5◦
= 22, 5◦ (3.5)
2
Portanto, por comparação com a Equação (3.3), notando que o valor
◦
de pico da FMM desta bobina ocorre em 22, 5 e que a ranhura contém
2N espiras, temos
4 2N
F22,5◦ = ia cos (θa − 22, 5◦ ). (3.6)
π 2
4 2N
Fa = ia [cos (θa − 22, 5◦ ) + cos (θa − 7, 5◦ )
π 2
+ cos (θa + 7, 5◦ ) + cos (θa + 22, 5◦ )] . (3.9)
Sabendo que
eixo magnético
da fase a
θa
−a
eixo magnético
do rotor
θr
4 kr Nr polos
Fr ≈ · Ir · cos · θr , (3.15)
π polos 2
onde
Ir é a corrente no rotor.
4 ka Nf ase polos
Fa = Im · cos (ωe t) · cos θa . (3.16)
π polos | {z } 2
varia com
| {z } | {z }
Fpico varia com a
o instante
posição espacial
temporal
do eixo mag.
O campo girante gerado por uma máquina trifásica alimentada com cor-
2
rentes trifásicas pode ser visto na Figura 3.8.
2A
Figura 3.8 é uma animação do tipo GIF. Pode requerer visualização com o software
Adobe Acrobat atualizado.
3.2. ONDAS GIRANTES EM MÁQUINAS CA 43
3
Note que o valor de pico resultante F
2 pico
aparece nos valores de θa tais
polos
que cos
2
θa − ωe t é unitário, ou seja
2
θa = ωe t. (3.22)
polos
Isso implica que a direção do pico da FMM resultante varia com o tempo (é
girante) e tem velocidade angular dada por
2
ωs = ωe . (3.23)
polos
onde
120
ns = fe (3.24)
polos
eixo magnético
do enr. de campo
θr = ωm t
eixo magnético
da fase a
45
46 CAPÍTULO 4. CONCEITOS ELEMENTARES - PARTE III
4 kf Nf
Ff(pico) = If (4.1)
π polos
onde
µ0
B= · Ff (4.2)
g
então
4 µ0 kf Nf
Bpico = · · If (4.3)
π g polos
onde
g é o comprimento do entreferro.
Z
Φp = B · dA (4.5)
polo
4.1. TENSÃO INDUZIDA 47
l dC
π
polos
dA
r
−π
polos
Figura 4.2: Representação de um polo de um rotor elementar (metade do
cilindro no caso de dois polos).
dA = l · dC = l · r · dθr (4.6)
Z π
polos
Φp = B · r · l · dθr (4.7)
−π
polos
Z π
polos polos
Φp = Bpico · r · l cos θr dθr (4.8)
−π
polos
2
π
polos
2 polos
Φp = Bpico · r · l · · sen · θr (4.9)
polos 2 −π
polos
2
Φp = · 2 · Bpico · r · l (4.10)
polos
onde Φp é o uxo produzido por polo no enrolamento de campo. Mas para
a obtenção da expressão da tensão induzida em uma fase do enrolamento
de armadura é necessário conhecer o uxo concatenado pela fase (λa uxo
concatenado pela fase a, por exemplo).
A medida que o rotor gira (devido a uma força externa aplicada) com uma
velocidade angular mecânica ω, o uxo concatenado do rotor pelo estator
varia senoidalmente.
48 CAPÍTULO 4. CONCEITOS ELEMENTARES - PARTE III
λpico
a = ka · Na · Φp (4.11)
polos
λa = ka · Na · Φp · cos ωm t (4.12)
2
O produto ka · Na , onde Na é o número total de espiras da fase a, reduz a
análise de um enrolamento distribuído para a de um enrolamento concentrado
de passo pleno. Pela lei de Faraday, a tensão induzida na fase a devido ao
campo f é:
dλa d polos
eaf = = ka · Na · Φp · cos ωm t (4.13)
dt dt 2
| {z }
ωe
l = 3, 8 m
O rotor é acionado por uma turbina a vapor a uma velocidade de 3600 rpm.
Para uma corrente contínua de campo de If = 720A, calcule:
Solução:
a)
4 kf · Nf
Ff(pico) = · · If (4.15)
π polos
4 0, 945 · 68
Ff(pico) = · · 720 (4.16)
π 2
b)
µ0 Ff(pico) 4π · 10−7 · 2, 94 · 104
Bpico = = = 0, 821T (4.18)
g 4, 5 · 10−2
c)
Φp = 2 · Bpico · l · r (4.19)
Φp = 2 · 0, 821 · 3, 8 · 0, 53 (4.20)
Φp = 3, 31 W b (4.21)
50 CAPÍTULO 4. CONCEITOS ELEMENTARES - PARTE III
1
Eaf(f ase) = √ (2πf ) · ka · Na · Φp (4.22)
2
1
Eaf(f ase) = √ 2π · 60 · 0, 933 · 18 · 3, 31 (4.23)
2
√
Eaf(linha) = 3 · 14, 8 kV (4.25)
Vf
Rf ia
+
Lf if La Ra
Va
-
Figura 4.3: Representação alternativa simplicada.
Onde Ler é o valor de pico (constante) da indutância mútua Ler (θe ) e esta
depende de θe pois a cada ciclo elétrico o circuito volta a se repetir. Além
disso,
Lembrando que
polos
θe = θm ,
2
o uxo concatenado λ e a corrente i que percorre uma bobina (indutor) são
relacionados pelo valor da indutância, segundo
λ = L(θ) · i (4.29)
52 CAPÍTULO 4. CONCEITOS ELEMENTARES - PARTE III
Reescrevendo:
dλe
ve = Re · ie + (4.34)
dt
dλr
vr = Rr · ir + (4.35)
dt
Observa-se que quando o rotor está girando, θe varia no tempo com velo-
cidade we = dθe/dt, então:
dθe polos
= we = wm (4.38)
dt 2
O conjugado pode ser obtido derivando-se a energia (ou a co-energia)
armazenada no campo magnético com relação ao ângulo mecânico wm . Lem-
brando que em um sistema magnético linear, a energia e a co-energia são
numericamente iguais.
4.2. CONJUGADO ELETROMAGNÉTICO 53
1 λ2 1
· = · Li2 (4.39)
|2 {zL} 2
| {z }
0
Wcampo Wcampo
(energia) (co-energia)
0 1 1
Wcampo = · L11 (θ) · i21 + · L22 (θ) · i22 + L12 (θ) · i2 · i1 (4.40)
2 2
Por analogia, tem-se para a máquina monofásica:
0 1 1
Wcampo = · Lee · i2e + · Lrr · i2r + Ler · ie · ir · cos(θe ) (4.41)
2 2
Então, o conjugado pode ser escrito como:
d 0
T1φ = Wcampo (4.42)
dθm
polos polos
T1φ =− · Ler · ie · ir · sen · θm (4.43)
2 2
polos
T1φ = − · Ler · ie · ir · sen(θe ) (4.44)
2
Note na Equação (4.44) que o conjugado em uma máquina monofásica varia
senoidalmente com a posição do rotor. Em outras palavras, não é produzido
conjugado útil que acelere a máquina sempre no mesmo sentido.
polos
Laf (θm ) = Lef · cos · θm (4.46)
2
polos
Lbf (θm ) = Lef · cos · θm − 120◦ (4.47)
2
polos
Lcf (θm ) = Lef · cos · θm + 120◦ (4.48)
2
Mostre que quando o campo é excitado com a corrente constante If e a
armadura é excitada com correntes trifásicas equilibradas da forma:
ia = Im · cos(we t + δ) (4.49)
0
Wcte
z }| {
0 1 2 1 2 1 2 1 2
Wcampo = 2 Lf f if + 2 Laa ia + 2 Lbb ib + 2 Lcc ic + Lab ia ib + Lbc ib ic + Lca ic ia
+ Laf (θm ) · ia if + Lbf (θm ) · ib if + Lcf (θm ) · ic if (4.52)
4.2. CONJUGADO ELETROMAGNÉTICO 55
0 0 polos
Wcampo = Wcte+ Lef If Im cos θm cos(we t + δ)
2
polos
+ cos ◦
θm − 120 cos(we t − 120◦ + δ)
2
polos ◦ ◦
+ cos θm + 120 cos(we t + 120 − δ) (4.53)
2
0 0 3 polos
Wcampo = Wcte + Lef Im If cos θm − we t − δ (4.54)
2 2
Calculando o conjugado:
d 0
T3φ = · Wcampo (4.55)
dθm
3 polos polos
T3φ =− · · Lef Im If sen θm − we t − δ (4.56)
2 2 2
Se o rotor girar na velocidade síncrona (velocidade mecânica respectiva à
velocidade elétrica a aplicada pelas correntes), então
2
ws = we . (4.57)
polos
Para wm = ws , tem-se:
2
θm = ws t = we t (4.58)
polos
Portanto,
3 polos
T3φ = · · Lef Im If sen(δ) (4.59)
2 2
onde nota-se que T3φ é constante se δ é constante. A curva de T3φ versus δ
é apresentada na Figura 4.4.
56 CAPÍTULO 4. CONCEITOS ELEMENTARES - PARTE III
T
Tmax
Gerador
−90◦ 90◦ δ
Motor
−Tmax
2) Perdas rotacionais:
X
perdas = Pcu + Pmec + Pnucleo (4.60)
Psaida Psaida
η= = P (4.61)
Pentrada Psaida + perdas
Em um motor tem-se:
Em um gerador tem-se:
Problemas propostos
(3) A máquina síncrona trifásica do Problema (1) deve ser transferida para
uma aplicação onde é necessário que a frequência de operação seja
reduzida de 60 para 50 Hz. Essa aplicação requer que, para as condições
de operação consideradas no Problema (1), a tensão ecaz de linha
gerada seja de 13,0 kV. Como resultado, os enrolamentos da armadura
da máquina devem ser refeitos com um número diferente de espiras.
Supondo um fator de enrolamento de kenr = 0, 928, calcule o número
necessário de espiras em série por fase.
polos n
fe = (5.2)
2 60
3 polos
T3φ = · · Laf · Im · If · sen(δ) (5.3)
2 2
cuja curva de conjugado versus ângulo de carga é apresentada na Figura 4.4.
Note na Equação (5.1) que a frequência da tensão gerada pode ser controlada
alterando-se a velocidade de rotação e a amplitude pode ser ajustada através
de If , que afeta o uxo por polo Φp . Além disso, na Equação (5.3) o torque
máximo pode ser aumentado aumentando-se Im (amplitude das correntes
trifásicas) e If até os limites de aquecimento da máquina.
Geradores síncronos podem ser conectados em paralelo. Em um sistema
com muitos geradores síncronos, um único gerador não consegue fazer alte-
rações signicativas na tensão e na frequência. Esse barramento com tensão
e frequência constantes é conhecido como barramento innito.
No caso do gerador, se o torque no eixo aumentar, é necessário aumentar
o ângulo δ entre os eixos magnéticos do estator (girante) e do rotor (que
gira com o movimento do rotor), mas o rotor continua a girar na velocidade
◦
síncrona. Se chegar a 90 , qualquer conjugado extra aplicado é maior que o
59
60 CAPÍTULO 5. MÁQUINAS SÍNCRONAS - PARTE I
conjugado máximo que pode ser gerado para uma dada corrente de campo
If , então a máquina acelera indenidamente (perde o sincronismo). Para
evitar danos, o gerador deve ser rapidamente desconectado do sistema elétrico
pela operação automática de disjuntores, além disso, a força motriz deve ser
rapidamente desativada para evitar velocidades perigosamente elevadas.
◦
No caso do motor, a perda de sincronismo ocorre em −90 e acarreta na
desaceleração da máquina, levando-a a parar.
λf = Lf a · ia + Lf b · ib + Lf c · ic + Lf f · if (5.7)
onde:
Lf f = Lf f = Lf f 0 + Lf l (5.8)
onde
5.1. MODELAGEM E CIRCUITO EQUIVALENTE 61
φ0
ia
φl
uxo de dispersão
θm = ws t + δ0 (5.10)
Como
polos
θe = θm (5.11)
2
polos
we = wm (5.12)
2
62 CAPÍTULO 5. MÁQUINAS SÍNCRONAS - PARTE I
tem-se que:
θe = we t + δe0 . (5.13)
1
λa = (Laa0 + Lal ) · ia − Laa0 · (ib + ic ) + Laf · if (5.17)
2
Em um sistema trifásico balanceado, tem-se:
ia + ib + ic = 0 (5.18)
ib + ic = −ia (5.19)
Então:
3
λa = Laa0 + Lal ia + Laf · if (5.20)
2
| {z }
Ls
dλa d
eaf = = (Laf · if ) (5.21)
dt dt
we · Laf · if
Eaf = √ (5.23)
2
Mas com a corrente ia , a tensão nos terminais da máquina pode ser ex-
pressa como:
dλa
va = Ra · ia + (5.24)
dt
dia
va = Ra · ia + Ls · + eaf (5.25)
dt
Essa equação pode ser representada em variáveis complexas (módulo e
ângulo) como
V̂a = Ra · Iˆa + jXs · Iˆa + Êaf (5.26)
onde:
X s = we Ls é a reatância síncrona;
Iˆa
Ra jXs +
+
Êaf V̂a
-
-
Iˆa
Ra jXs +
+
Êaf V̂a
-
-
Solução:
a)
460
V̂a = √ 0◦ (referência adotada) (5.28)
3
cos(φ) = F P (5.29)
460
Êaf = V̂a − jXs · Iˆa = √ − j1, 68 · 120 −18, 2◦ (5.32)
3
we · Laf · if
Eaf = √ (5.34)
2
então o valor da indutância mútua Laf entre o campo e a armadura é
dado por:
√ √
2 · Eaf 2 · 278, 8
Laf = = = 22, 3mH (5.35)
we · if 2π · 60 · 47
c)
460
P3φ = 3 · Va · Ia · cos φ = 3 · √ · 120 · 0, 95 = 90, 8kW (5.36)
3
66 CAPÍTULO 5. MÁQUINAS SÍNCRONAS - PARTE I
O que será discutido sobre estes ensaios se aplica tanto para máquinas de
polos lisos quanto de polos salientes.
Relembre-se de que Φp ∝
∼ If e
linha de
Va
entreferro
Iˆa = 0
CAV
Ra jXs +
+
Êaf - V̂a
-
If
Notando que V̂a = Êaf com a máquina em circuito aberto, a curva pode
ser vista como uma relação entre Eaf e If e portanto, pode ser usada para
5.2. CARACTERÍSTICA A VAZIO E DE CURTO-CIRCUITO 67
√
2 · Eaf
Laf = (5.38)
we · If
Solução:
Para o cálculo da saturada, realiza-se o seguinte cálculo:
√ 13, 8 × 103
2 √
3
Laf = = 94mH (5.39)
(2π · 60) · 318
√ 13, 8 × 103
2 √
3
Laf = = 114mH (5.40)
(2π · 60) · 263
68 CAPÍTULO 5. MÁQUINAS SÍNCRONAS - PARTE I
Va [kV]
linha de
entreferro
CAV
13, 8
√
3
263
318
If [A]
ia
Iˆa
CCC
Ra jXs
V̂a = 0
+
Êaf -
If
Va [V] Ia [A]
linha de
entreferro
Vanom CAV
Va0 CCC
Ia0
Ianom
CCCC
CCAV
If [A]
Va0
Xs = . (5.44)
(não saturada) Ianom
Mas como usualmente a máquina opera na região saturada (onde ca
Vanom ), assume-se que a máquina seja equivalente neste ponto a uma máquina
não saturada com a linha de entreferro passando pelo Vanom da CAV. Então,
para a saturada tem-se:
Vanom
Xs = (5.45)
(saturada) Ia0
Este método de considerar um único valor da reatância síncrona na re-
gião saturada dá resultados sucientemente satisfatórios desde que não seja
necessária grande precisão.
Solução:
S1φ 45×103/3
Ianom = = 220/√3
= 118A (5.46)
Vanom
Va [V] Ia [A]
linha de
entreferro
220
(Vanom ) √ CAV
3
202
(Va0 ) √ CCC
3
152 (Ia0 )
118 (Ianom )
2, 20
2, 84
If [A]
Va0 202/√3
Xs = = = 0, 987 Ω/f ase (5.47)
(não saturada) Ianom 118
Reatância síncrona saturada:
√
Vanom 220/ 3
Xs = = = 0, 836 Ω/f ase (5.48)
(saturada) Ia0 152
Problemas propostos
(1) Uma máquina síncrona trifásica de dois polos, 50 Hz, 750 kVA e 2300 V
tem uma reatância síncrona de 7,75 Ω e atinge a tensão nominal de
terminal a vazio com uma corrente de campo de 120 A.
a) a relação de curto-circuito ;
1
Característica a vazio:
Característica de curto-circuito:
If = 710 A, Ia = 6070 A
1 A relação de curto-circuito
(RCC) é denida como sendo a razão entre a corrente de
campo necessária para se gerar a tensão nominal a vazio (CCAV - Corrente de Campo A
Vazio) e a corrente de campo necessária para se gerar a corrente de armadura nominal em
curto-circuito (CCCC - Corrente de Campo em Curto-Circuito). Isso é,
CCAV
RCC = .
CCCC
c) Encontre:
i) a relação de curto-circuito;
Iˆ
P1 P2
+ R jX +
Ê1 Ê2
- -
75
76 CAPÍTULO 6. MÁQUINAS SÍNCRONAS - PARTE II
Ê1
jX Iˆ
δ Ê2
φ
RIˆ
Iˆ
P2 = E2 · I · cos(φ) (6.1)
A corrente fasorial é:
Ê1 − Ê2
Iˆ = (6.2)
Z
onde Z = R + jX . Representando as variáveis na forma polar
Ê2 = E2 (6.4)
Z = R + jX = |Z|ejφz (6.5)
−1 X
φz = tg (6.6)
R
e substituindo na Equação (6.1), tem-se:
E1 ejδ − E2
Iˆ = Iejφ = (6.7)
|Z|ejφz
E1 j(δ−φz ) E2 j(−φz )
Iejφ = ·e − ·e (6.8)
|Z| |Z|
6.1. CARACTERÍSTICA DE ÂNGULO DE CARGA EM REGIME 77
E1
I · (cos(φ) + j sen(φ)) = · (cos(δ − φz ) + j sen(δ − φz ))
|Z|
E2
− · (cos(−φz ) + j sen(−φz )) (6.9)
|Z|
E1 E2
I · cos φ = · cos(δ − φz ) − · cos(−φz ) (6.10)
|Z| |Z|
R
Observe que cos(−φz ) = cos(φz ) = . Com isso, substituindo a Equa-
|Z|
ção (6.10) em (6.1) tem-se:
E1 · E2 E2 · R
P2 = cos(δ − φz ) − 2 2 (6.11)
|Z| |Z|
Considere a variável auxiliar
αz = 90◦ − φz . (6.12)
em (6.11). Assim,
E1 · E2 E2 · R
P2 = sen(δ + αz ) − 2 2 . (6.14)
|Z| |Z|
E1 · E2 E2 · R
P1 = sen(δ − αz ) + 1 2 . (6.15)
|Z| |Z|
Como frequentemente é o caso em máquinas síncronas, R é desprezível,
então R ≈ 0, |Z| ≈ X , αz ≈ 0, o que resulta em:
E1 E2
P1 = P2 = sen(δ) (6.16)
X
78 CAPÍTULO 6. MÁQUINAS SÍNCRONAS - PARTE II
E1 E2
Pmax = (6.17)
X
P
Pmax
Gerador
−90◦ 90◦ δ
Motor
−Pmax
Iˆa P
jXs jXeq
+
+ +
Êaf V̂a V̂eq
- -
-
Portanto, a máxima potência que pode ser enviada à rede por fase é
Eaf · Veq
Pmax = (6.18)
Xs + Xeq
a) Encontre a potência máxima (em MW) que pode ser fornecida ao sis-
tema externo se a tensão interna do gerador for mantida igual à 13, 8 kV .
80 CAPÍTULO 6. MÁQUINAS SÍNCRONAS - PARTE II
Solução:
a)
3Eaf · Veq
Pmax3φ = (6.19)
Xs + Xeq
√ √
3(13,8k/ 3) · (13,8k/ 3)
Pmax3φ = = 47, 5M W (6.20)
3, 428 + 0, 584
b)
Êaf − V̂eq Veq δ − Veq
Iˆa = = (6.21)
j(Xs + Xeq ) j(Xs + Xeq )
Iˆa
jXeq
+
+
V̂a V̂eq
-
-
Veq δ − Veq
V̂a = Veq + jXeq (6.23)
j(Xs + Xeq )
1 δ−1
V̂a = Veq + Xeq Veq (6.24)
Xs + Xeq
Xeq (1 δ − 1)
V̂a = Veq · 1 + (6.25)
Xs + Xeq
Va [kV]
13,8/√3
11,8/√3
◦
δ [ ]
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
(P = 0) (P = Pmax )
Figura 6.6: Comportamento de Va sob mudanças em δ para o Exemplo 8.
1) Curva composta
Considere:
Carga
nominal
F P = 0, 8
necessária para manter
(indutivo)
F P = 1, 0
F P = 0, 8
(capacitivo)
If
2) Curva V
Curva que mostra a relação entre a corrente de armadura e a corrente
de campo para tensão de terminal e potência ativa constante.
6.2. CARACTERÍSTICAS DE OPERAÇÃO EM REGIME 83
i vo
cit rio o
Potência de saída pa tá tiv
ca un
i u
(em PU) FP i nd
Ia [A] FP FP
0.
0.
0.
25
75
5
0
If [A]
3) Curvas de capacidade
Mostram o máximo de carregamento reativo correspondente a carre-
gamentos ativos (ou vice-versa) para operação com tensão de terminal
84 CAPÍTULO 6. MÁQUINAS SÍNCRONAS - PARTE II
Ia [A] FP unitário
P >0
If [A]
P <0
Q<0 Q>0
p
S= P 2 + Q2 = Va · Ia (6.26)
P − jQ = V̂a · Iˆa
(6.27)
Êaf = V̂a + jXs · Iˆa
Esse conjunto de equações representam os fasores de triângulo de
potência e o circuito equivalente da máquina (assumindo Ra ≈
0), respectivamente. Pode-se resolver as equações e expressar em
módulo pela equação a seguir, no qual é um círculo de raio Va ·Eaf/Xs
centrado em Q = −Va2/Xs .
Q [VAr]
Limite de
aquecimento 75
0.
do campo 80
0.
FP
5
0.8
0
0.9
?
0.95
Limite de
aquecimento
da armadura
P [W]
2 2
V2
Va · Eaf
P + Q+ a
2
= (6.28)
Xs Xs
c) Para a curva de capacidade completa, deve-se considerar todos os
limites de operação da máquina, sendo:
(i)
0 P
(v)
Va
Ia
Va2
−
Xs
(ii)
V aE
Xs
af
(iv) (iii)
q d
Êaf
90◦
elétricos!
q d
1a harmônica
distribuição real de Φp
armadura
Φp
campo
reação da armadura
(formato de eaf )
Figura 6.13: Reação da armadura para o caso de 90◦ entre Iˆa e Êaf .
q d
1a harmônica
distribuição real de Φp
armadura
Φp
campo 3a
1a
reação da armadura
(formato de eaf )
Id = Ia · sen(φ + δ) (6.31)
Iq = Ia · cos(φ + δ) (6.32)
1) Observa-se que jXd Iˆd não inuencia o ângulo de Êaf , apenas sua am-
plitude, portanto, ignora-se este termo por hora;
q
Êaf
jXq Iˆq
jXd Iˆd
Iˆq δ
V̂a
φ
Iˆa Ra Iˆa
Iˆd
cular a Êaf , então encaixa-se o triângulo (3) com o ponto a no término
de Ra Ia , resultando no diagrama da Figura 6.17;
6.3. EFEITO DOS POLOS SALIENTES 91
q
Êaf
b
jXq Iˆq
δ jXq Iˆd
V̂a
φ
Iˆa Ra Iˆa
Iˆd
Iˆq
4) Observa-se que o ponto b coincide com a direção por onde Êaf passa.
Portanto, a soma fasorial V̂a + Ra Iˆa + jXq Iˆa fornece a posição angular
de Êaf .
P
Pmax
90◦ δ
◦
−90
−Pmax
Problemas propostos
e) Repita as partes (b) até (d) para uma corrente de campo de 700 A.
(2) Uma máquina síncrona com reatância síncrona de 1,28 Ω/fase está
operando como um gerador cuja potência ativa de carga é de 0,6 MW e
que foi ligado a um sistema por uma reatância em série de 0,07 Ω/fase.
Observa-se que um aumento em sua corrente de campo causa uma
diminuição na corrente de armadura.
O motor de indução existe desde 1885, quando foi inventado quase si-
multaneamente por Galileu Ferraris e Nikola Tesla. Atualmente o motor
de indução ou motor assíncrono trifásico tem um campo de aplicação quase
ilimitado e é o mais utilizado na indústria desde frações de cv (cavalo de po-
tência) até milhares de cv. Estima-se que 90% dos motores fabricados sejam
de indução.
Um dos motivos foi a evolução da característica peso/potência ao longo
do tempo, apresentada na Figura 7.1. Isso foi possível graças ao desenvolvi-
mento dos componentes isolantes e demais materiais. Outro motivo para o
crescimento no uso de máquinas de indução foi o desenvolvimento dos dis-
positivos de eletrônica de potência, que permitiram o controle efetivo dessas
máquinas.
95
96 CAPÍTULO 7. MÁQUINAS DE INDUÇÃO - PARTE I
kW
/
g
k
8
8
kW
/
g
k
7
6
kW
/
g
kW
k
2
kW
/
4
g
k
kW
/
9
kW
g
kW
2
kW
g
kW
kW
1
/
k
/
2
/
g
k
9
/
g
k
1
g
3
g
k
k
2
1
k
1
1
,5
,8
1
6
1
6
1 9
1
1 6
0
4
9
9
9
0
2
2
3
8
8
8
8
9
9
9
9
9
1
1
1
1
1
Figura 7.1: Evolução do motor trifásico (relação peso/potência).
120
ns = · fe (7.1)
polos
7.1.2 Escorregamento
Se o rotor gira a uma velocidade diferente da velocidade de campo girante,
o enrolamento de rotor corta as linhas de uxo do campo girante, e então,
circularão correntes induzidas no rotor. Considere a curva de conjugado por
velocidade do rotor a seguir.
7.1. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO 97
T [N.m]
Tmax
Tpartida
n [rpm]
0 ns
s
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0
Quanto maior for o torque da carga, maior terá que ser o conjugado
produzido necessário para acioná-la. Para produzir um valor maior de conju-
gado, maior terá que ser a diferença entre a velocidade do rotor e a velocidade
síncrona para que as correntes induzidas sejam maiores. Portanto, à medida
que a carga aumenta a rotação diminui.
Quando a carga é zero (motor a vazio) o motor girará praticamente com
rotação síncrona. A diferença entre a velocidade do motor (n) e a velocidade
síncrona (ns ) chama-se escorregamento (s), que pode ser expresso em rpm
ou como uma fração da velocidade síncrona ou como porcentagem desta. As
fórmulas neste documento utilizam o s fracionário dado por:
(
ns − n n = ns −→ s = 0
s= (7.2)
ns n = 0 −→ s = 1
Solução:
120
ns = 60 = 1200 rpm (7.3)
6
1200 − 1170
s= = 0, 025 −→ 2, 5% (7.4)
1200
T [N.m]
Tpartida
ponto de
Tcarga operação
n [rpm]
0 ns
s
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0
s · ns + n = s · ns + (1 − s) · ns = ns (7.7)
1
Os uxos giram juntos, como pode ser visto na Figura 7.4, produzindo
conjugado útil para qualquer velocidade diferente da velocidade síncrona.
Por isso a máquina de indução também é conhecida como máquina as-
síncrona. Sob condições normais de operação o escorregamento é pequeno
(n é próximo de ns ) de ordem de 2% a 10% à plena carga na maioria dos
motores gaiola de esquilo. Por isso, a frequência elétrica no rotor é muito
pequena (1 a 6 Hz) em motores de 60 Hz. Neste intervalo a impedância é
portanto na grande maioria resistiva no motor, sendo pouco inuenciada pelo
escorregamento (que afeta a frequência e portanto a reatância do rotor).
Por outro lado, a tensão induzida no rotor é proporcional à velocidade
relativa do uxo do estator que corta as barras do rotor (portanto proporci-
onal ao escorregamento). Se a impedância é praticamente resistiva, então as
correntes no rotor também são proporcionais ao escorregamento. Como re-
1A Figura 7.4 é uma animação do tipo GIF. Pode requerer visualização com o software
Adobe Acrobat atualizado.
100 CAPÍTULO 7. MÁQUINAS DE INDUÇÃO - PARTE I
Máquinas com rotor bobinado são maiores, mais caras e tem manuten-
ção signicativamente mais dispendiosa;
7.2.1 Estator
De modo similar à máquina síncrona, o circuito do estator pode ser des-
crito como:
onde
R1 - resistência do estator;
X1 - reatância do estator.
+ Iˆc Iˆm +
V̂1 Ê2
Rc jXm
- -
7.2.2 Rotor
Para completar o circuito equivalente, os efeitos do rotor devem ser con-
siderados. Do ponto de vista do estator (gura anterior) o rotor pode ser
representado por uma impedância equivalente Z2 onde:
Ê2
Z2 = (7.9)
Iˆ2
Deve-se determinar o valor de Z2 que represente as grandezas do rotor
referidas ao estator. Sabendo-se que há uma impedância real Zrotor no enro-
lamento do rotor, esta impedância referida ao estator pode ser escrita pela
Equação (7.10) onde o subscrito 2s refere-se às grandezas do rotor referidas
ao estator (sem levar em conta o giro do rotor) e Nef é a relação de espiras
efetivas entre os enrolamentos do estator e do rotor.
7.2. CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR DE INDUÇÃO 103
!
Ê2s 2 Êrotor 2
Z2s = = Nef · = Nef · Zrotor (7.10)
Iˆ2s Iˆrotor
Se o interesse fosse conhecer as tensões e correntes reais do rotor (Êrotor e
Iˆrotor ), seria necessário conhecer Nef . Entretanto para o propósito de estudo
do motor de indução, visto dos terminais do estator, esta conversão não é
necessária. Isso é especialmente útil no modelo de rotores gaiola, onde a iden-
ticação de enrolamentos de fase não é trivial. Levando em consideração
os efeitos do movimento relativo entre o estator e o rotor, tem-se que a im-
pedância do rotor referida ao estator pode ser reescrita pela Equação (7.11).
Ê2s
Z2s = = R2 + jsX2 (7.11)
Iˆ2s
onde
Iˆ2s
+ jsX2
Ê2s R2
Além disso, tem-se que Iˆ2s = Iˆ2 pois as correntes do rotor e do estator
oscilam em fase nas suas respectivas frequências de modo a gerar FMM's
girando juntas. Ou seja, do ponto de vista do estator, as correntes induzidas
no rotor têm a mesma frequência do estator. E Ê2s = sÊ2 pois a tensão no
104 CAPÍTULO 7. MÁQUINAS DE INDUÇÃO - PARTE I
rotor varia com a velocidade que as espiras cortam o uxo, que é a velocidade
relativa (escorregamento). Então:
Ê2s sÊ2
Z2s = = = R2 + jsX2 (7.12)
Iˆ2s Iˆ2
Ê2 Z2s R2
Z2 = = = + jX2 (7.13)
Iˆ2 s s
Portanto o circuito equivalente completo do motor de indução é dado na
gura a seguir.
R2
V̂1 Rc jXm s
-
1−s
Pmec = nf ases · I22 · R2 · (7.17)
s
Portanto,
Pmec = (1 − s) · Pg (7.18)
Protor = s · Pg (7.19)
+ R1 jX1 jX2 R2
Rc jXm 1−s
V̂1 R2
s
- Pnucleo
Pmec
Solução:
f = 60Hz I1 = 22, 6A
120 120
ns = f= 60 = 3600 rpm (7.20)
polos 2
O escorregamento é calculado pela Equação (7.21).
ns − n 3600 − 3502
s= = = 0, 0272 (7.21)
ns 3600
0
Pg = Pin − Pestator −
Pnucleo
:
(7.22)
Como:
ωs − ωm
s= (7.27)
ωs
ωm = (1 − s) · ωs (7.28)
7.4. CONJUGADO E POTÊNCIA PELO TEOREMA DE THÉVENIN107
Tem-se:
Pmec X (1X−Xs)X · Pg Pg
Tmec = = XX = (7.29)
ωm (1 −Xs)X · ωs ωs
R2
nf ases · I22 ·
s
Tmec = (7.30)
ωs
Na realidade os valores de Pmec e Tmec das Equações (7.26) e (7.30),
respectivamente, não são os de saída disponíveis no eixo, pois não levou-se
em conta as perdas rotacionais (atrito e núcleo). Então:
Iˆ1 Iˆ2
R1 jX1 a jX2
+
jXm R2
V̂1
s
- b
a a
Rede elétrica com ele-
Zeq
mentos de circuitos
lineares e fontes de +
V̂eq
tensão complexas (fa- -
soriais)
b b
Iˆ2
jXm
V̂1eq = V̂1 · (7.33)
R1 + j(X1 + Xm )
A impedância Z1eq é a impedância vista dos terminais a, b com a tensão
V̂1eq
Iˆ2 = . (7.35)
R2
Z1eq + jX2 +
s
O conjugado é determinado por
R2
nf ases · I22 ·
s
Tmec = , (7.36)
ωs
R2
2
n f ases · · V1eq
1 s
Tmec = · 2
. (7.37)
ωs R1eq + R2 + (X1eq + X2 )2
s
R2
O conjugado máximo Tmax
ocorre quando a potência entregue a
s
é
R2
máxima. Pode-se demonstrar que isso ocorre quando a impedância for
s
igual o módulo da impedância R1eq + j(X1eq + X2 ) que está entre esta e V̂1eq .
Ou seja, Tmax ocorre para o escorregamento sTmax para o qual
R2 q
2
= R1eq + (X1eq + X2 )2 (7.38)
sTmax
R2
sTmax = q (7.39)
2
R1eq + (X1eq + X2 )2
110 CAPÍTULO 7. MÁQUINAS DE INDUÇÃO - PARTE I
o que resulta em
2
1 0, 5 · n f ases · V 1eq
Tmax = · q (7.40)
ωs 2
R1eq + R1eq + (X1eq + X2 ) 2
2
nf ases · V1eq · R2
1
Tpartida = · (7.41)
ωs (R1eq + R2 )2 + (X1eq + X2 )2
Solução:
nf ases = 3 polos = 6
√
V1 = 220/ 3 = 127 V f = 60 Hz
a)
jX m
V1eq = V̂1 · = 122, 3 V (7.42)
R1 + j(X1 + Xm )
7.4. CONJUGADO E POTÊNCIA PELO TEOREMA DE THÉVENIN111
V1eq
I2 = p = 23, 9 A (7.44)
(R1eq + R2/s)2 + (X1eq + X2 )2
onde
120
ns = f = 1200 rpm (7.50)
polos
2
1 0, 5 · n f ases · V1eq
Tmax = · q = 175 N.m (7.51)
ωs 2
R1eq + R1eq + (X1eq + X2 ) 2
c)
V1eq
I2partida = p = 150A (7.52)
(R1eq + R2 )2 + (X1eq + X2 )2
2
nf ases · I2partida · R2
Tpartida T
= mec
= = 77 N.m (7.53)
s=1 ωs
112 CAPÍTULO 7. MÁQUINAS DE INDUÇÃO - PARTE I
T [N.m]
175
77 ponto de
65,4
operação
n [rpm]
0 970 1200
s
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0
I2 [A]
150
ponto de
operação
23,9
0 1200 n [rpm]
s
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0
Problemas propostos
Fonte
trifásica
Aneis
deslizantes
Máquina Máquina
de indução síncrona
eixo
Terminais
do rotor
R1 = 0, 21 X1 = X2 = 0, 26 Xm = 10, 1
Note na Figura 8.1 que nos quadrantes II e IV, o produto entre Tmec e
n é negativo, o que implica no uxo de potência entrando na máquina (do
lado mecânico para o elétrico). Por isso, costuma-se chamar a frenagem de
regenerativa.
117
118 CAPÍTULO 8. MÁQUINAS DE INDUÇÃO - PARTE II
Tmec [N.m]
região como
motor
região de
frenagem
II I
0
III IV
região como
gerador
n [em % de ns ]
-100 0 100 200 300
s
2 1 0 -1 -2
1) Medida da resistência CC
2) Ensaio a vazio
p q
Qvz = Svz − Pvz = (nf ases · V1vz · I1vz )2 − Pvz
2 2 2 (8.3)
Com isso a reatância a vazio pode ser calculada pela Equação (8.4).
Qvz
Xvz = 2
(8.4)
nf ases · I1vz
V1vz
Usualmente, a vazio Qvz Pvz , o que torna Xvz ≈ I1vz
, ou seja, a
reatância é praticamente toda a impedância.
Mede-se:
q q
Qbl = Sbl2 − Pbl2 = (nf ases · V1bl · I1bl )2 − Pbl2 (8.5)
fnom Qbl
Xbl = · 2
(8.6)
fbl nf ases · I1bl
Pbl
Rbl = 2
(8.7)
nf ases · I1bl
8.2. ENSAIOS A VAZIO E ROTOR BLOQUEADO 121
2 Xm (R22 + X2 (Xm + X2 ))
Xm
Zbl = R1 + R2 +j X1 +
R22 + (Xm + X2 )2 R22 + (Xm + X2 )2
| {z } | {z }
Rbl Xbl
(8.9)
Xvz − X1
X2 = (Xbl − X1 ) (8.14)
Xvz − Xbl
2
X2 + Xm
R2 = (Rbl − R1 ) (8.16)
Xm
resistência: R1 = 0, 262 Ω
Calcule:
Solução:
2
Prot = Pvz − nf ases · I1vz · R1 (8.17)
Qvz
Xvz = 2
= 21, 8 Ω (8.22)
nf ases · Ivz
124 CAPÍTULO 8. MÁQUINAS DE INDUÇÃO - PARTE II
26, 5
V1bl = √ = 15, 3V (8.23)
3
q
Qbl = (nf ases · V1bl · I1bl )2 − Pbl2 = 520 V Ar (8.24)
fnom Qb1
Xbl = · 2
= 2, 01 Ω (8.25)
fbl nf ases · I1bl
Para motor de classe C, segundo a Tabela 8.1, X1 corresponde a apro-
ximadamente 30% da soma X1 + X2 , ou seja:
X1 3
= (8.26)
X2 7
que tem duas soluções, mas apenas uma leva a um signicado físico
correto de todos os parâmetros:
(
1, 48 Ω
X2 = X X pois X2 < Xvz
163,
X1XΩ
X
Sendo assim
3
X1 = · 1, 48 = 0, 633 Ω (8.28)
7
Para determinar R2
Pbl
Rbl = 2
= 0, 652 Ω (8.30)
nf ases · I1bl
2
X2 + X m
R2 = (Rbl − R1 ) · = 0, 447 Ω (8.31)
Xm
8.3. EFEITOS DA RESISTÊNCIA DO ROTOR 125
T I2
Tmax I20 partida R200 > R20
00
Tpartida
I200partida
Tcarga
0 I2carga
Tpartida
n n
s
0
s00Tmax s0Tmax ns s
0
ns
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0
(a) (b)
auto-transformadores de partida;
partida estrela-triângulo.
(a) (b)
T gaiola
dupla
ext
ern
a
a
ern
int
n
0 ns
s
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0
Figura 8.4: Torque produzido por cada gaiola e o total da máquina de gaiola
dupla.
• baixo torque de partida
A • gaiola única
• uso geral
• baixo torque de partida
• menores correntes do que a classe A (≈75%)
B
• gaiola dupla
• uso geral
• alto torque e baixa corrente
• gaiola dupla com resistência maior
C
• aplicações principais: compressores, transportadoras industriais
(esteiras e outras que exigem partida forte)
• alto torque com máximo escorregamento elevado
• baixa eciência à altas velocidades
• elevada resistência
D
• aplicações em cargas que necessitam partida forte
e muitas vezes consecutivas: prensas, perfuradoras e máquinas de
corte de chapas metálicas
A forma típica do conjugado produzido por cada uma das classes é apre-
sentada na Figura 8.5.
T [em % de Tnom ]
300
D A
250
C
200
150 B
100
50
n
0 ns
s
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0
Problemas propostos
i) No barramento innito;
(7) Um motor de indução de rotor bobinado, trifásico, seis polos, 100 kW,
60 Hz e 460 V desenvolve a potência de plena carga na velocidade de
1158 rpm, quando está funcionando em tensão e frequência nominais e
com o rotor curto-circuitado diretamente nos seus anéis deslizantes. O
conjugado máximo, que pode ser desenvolvido quando está funcionando
em tensão e frequência nominais, é 310 por cento do conjugado de plena
carga. A resistência do enrolamento do rotor é 0,17 Ω/fase Y. Despreze
quaisquer efeitos de perdas rotacionais e suplementares, e da resistência
do estator.
133
134 CAPÍTULO 9. MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA
escovas
interpolo
campo
armadura
comutador
dia (t)
Va (t) = Ra ia (t) + La + Ea (t) (9.1)
dt
dif (t)
Vf (t) = Rf if (t) + Lf (9.2)
dt
dωm (t)
Te (t) = J + Bωm (t) + TL (t) (9.3)
dt
onde
J 2
- Momento de inércia [kg.m ];
Excitação
Conexão série Conexão paralelo
independente
Vf 6= Va Vf = Va Vf 6= Va
if = ia if 6= ia if 6= ia
Va − Ea Va − Ea Va − Ea
ia = ia = ia =
Ra + Rf Ra Ra
Vf Va Vf
− if = = if =
Rf Rf Rf
Ea = Laf if ωm
Ea = Laf if ωm Ea = Laf if ωm
= Laf ia ωm
Te = Laf if ia
Te = Laf if ia Te = Laf if ia
= Laf i2a
Pentrada = Va ia + Vf if
Pentrada = (Va + Vf )ia Pentrada = Va ia + Vf if
= Va (ia + if )
Problemas propostos
[2] IEEE. IEEE standard test procedure for polyphase induction motors and
generators. IEEE Std 112-2017 (Revision of IEEE Std 112-2004), pages
1115, Fevereiro 2018.
141
142 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Solução dos Problemas Propostos
Capítulo 4
Problema (1): (a) 1200 rpm; (b) 1126 A; (c) 0,937 Wb.
Problema (2): 10,4 kV.
Problema (3): 39 espiras.
Problema (4): (a) 10,8 mWb; 0,525 T (b) 0,65 A; (c) 0,69 H.
Problema (5): 4, 39 × 10 N.m; 828 MW.
6
Capítulo 5
Capítulo 6
Problema (1): (a) 3,15 Ω/fase; (b) 2,35 90◦ kA; (c) 2,43 −90◦ kA. Falta aqui a resposta do
Problema (2)
Problema (2): (a) - ; (b) - .
Problema (3):
◦
(a) 75,2 ; 150 MW; (b) 135 MW.
Problema (4):
◦
(a) 157 MW; 54,0 ; (b) 140 MW.
143
144 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 7
Problema (1): (a) 2,5%; (b) 1,5 Hz; (c) 1800 rpm; 45 rpm; (d) 1800 rpm;
45 rpm.
Problema (2): (a) 6 polos; (b) 7,33%; (c) 4,4 Hz; (d) 88 rpm; 1200 rpm.
Problema (3): (a) 1500 rpm; (b) 125 Hz; (c) 25 Hz.
Problema (4):
s [%] 1 2 3
n [rpm] 1782 1764 1746
Teixo [N.m] 44,61 88,40 126,86
Peixo [kW] 8,324 16,329 23,195
Pentrada [kW] 8,948 17,330 24,772
FP 0,90 0,93 0,92
η [%] 93,03 94,23 93,64
Capítulo 8
Capítulo 9