Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
8.1. INTRODUÇÃO
Mesmo sendo possível a utilização de máquinas CA de indução como motor ou como gerador, uma
máquina CA de indução como gerador apresenta muitas desvantagens, por esse motivo, seu uso como
gerador se limita a aplicações especiais, iremos nos referir a uma máquina de indução como motor de
indução.
Se compararmos uma máquina de indução com uma máquina síncrona, o estator do motor de
indução tem a mesma construção, a diferença está no rotor. A figura 8-1 mostra um estator de uma
máquina de indução.
O outro tipo de rotor é o do tipo bobinado, este tem um conjunto completo de enrolamentos
trifásicos que são similares aos enrolamentos do estator, as três fases dos enrolamentos do rotor
usualmente são ligados em Y e as três terminações, são colocadas em curto circuito por escovas que se
apoiam nos anéis deslizantes montados no eixo. Nesse caso, nesses motores que utilizam rotores
bobinados, as correntes do rotor podem ser acessadas por meio de escovas, onde pode-se medir as
correntes que circulam pelo rotor e também adicionar resistências no circuito do rotor, com a adição
de resistências permite alterar as características torque versus velocidade do motor.
O campo magnético BS passa pelas barras do rotor e induz uma tensão nas mesmas. A tensão induzida
em uma barra do rotor é dada portanto pela equação
e ind =Bvl (1-37)
O movimento relativo do rotor em relação ao estator é que produz uma tensão induzida em uma barra
do rotor. Essa tensão induzida criará uma circulação de corrente pelo rotor, porém, devido a indutância
própria do rotor, a corrente de pico do rotor está atrasada em relação a tensão de pico do rotor, o
fluxo de corrente do rotor produz um campo magnético do rotor BR, como o torque é dado pela
equação 7-50, o torque resultante é anti-horário, e o rotor acelera nesse sentido.
τ ind =kB R x BS (7-50)
Escorregamento do Rotor
A tensão induzida nas barras de um rotor de um motor de indução CA depende da velocidade do rotor
em relação aos campos magnéticos. Dois temos são comumente empregados para definir o
movimento relativo do rotor e dos campos magnéticos. Um deles é a velocidade de escorregamento, e
é definida como a diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade rotórica (que chamaremos
apenas de n). Assim
nesc =n S−n (8-2)
onde:
nesc = velocidade de escorregamento
ns = velocidade síncrona
n = velocidade rotórica
nesc
s= x 100 % (8-3)
ns
n s−n
s= x 100 % (8-4)
ns
Se o rotor estiver na velocidade síncrona, então s = 0, se o rotor estiver estacionário s = 1. Todas as
velocidades nominais do motor estarão entre esses dois limites.
Também é possível expressar a velocidade do rotor em função da velocidade síncrona e do
escorregamento, conforme a equação
n=(1−s) nS (8-5)
Essas equações são utilizadas na dedução das relações de torque e potência do motor de indução.
Como sabemos, um motor de indução trabalha induzindo tensões e correntes no rotor da máquina e
por isso, muitas vezes foi chamado de transformador rotativo, pois, de fato o primário (estator) induz
uma tensão no secundário (rotor), porém, em um transformador a frequência do secundário é
exatamente igual à do primário, no caso do motor de indução a frequência induzida no rotor tem uma
frequência diferente do estator.
Se tivermos o rotor da máquina travado, naturalmente a frequência do rotor será igual à do estator e o
escorregamento será unitário (s = 1), se o rotor girar na velocidade síncrona, como não há indução de
tensão, a frequência será 0 e o escorregamento proporcionalmente será zero (s = 0). E para uma
velocidade qualquer de rotação? Qual será a frequência da tensão no rotor?
Para qualquer velocidade intermediária, a frequência do rotor é diretamente proporcional ao
escorregamento, ou seja, diretamente proporcional a diferença entre a velocidade síncrona e a
velocidade rotórica. Assim a frequência rotórica pode ser dada por
f r=sf (8-6)
Outra forma de se obter a frequência rotórica, é através da equação 8-7.
P
f r= ( n −n) (8-7)
120 s
EXEMPLO 8-1. Um motor de indução de 208 V, 10 HP, quatro polos, 60 Hz e ligado em Y, tem um
escorregamento de plena carga de 5%.
(a) Qual é a velocidade síncrona desse motor?
(b) Qual é a velocidade do rotor desse motor com carga nominal?
(c) Qual é a frequência do rotor do motor com carga nominal?
(d) Qual é o conjugado no eixo do motor com carga plena?
Solução
(a) A velocidade síncrona dessa máquina é
120 f
nS =
P
120(60 Hz)
nS = =1800 rpm
4 Polos
4
fr= (1800 rpm−1710 rpm)=3 Hz
120
(d) O torque de carga no eixo é dado por
P
τ carga= ωsaída
m
( 10 HP )(746W / HP)
τ carga= =41,7 Nm
179
O funcionamento de uma máquina de indução é baseado na indução efetuada pelo circuito do estator
de tensões e correntes no circuito do rotor (ação de transformador). Como as tensões e correntes no
circuito do rotor de um motor de indução são basicamente o resultado de uma ação transformador, o
circuito equivalente dessa máquina pode ser aproximada a de um transformador.
Figura 8-9: Modelo de transformador para um motor de indução, com rotor e estator conectados por
meio de um transformador ideal com relação de espiras aef.
que não há enrolamentos visíveis na gaiola de esquilo do rotor, mais, em ambos os caos, existe uma
relação efetiva de espiras para o motor.
A tensão ER induzida no rotor produz um fluxo de corrente no circuito em curto desse rotor. O circuito
equivalente de um motor de indução difere do circuito equivalente de um transformador basicamente
nos aspectos do rotor, principalmente no que se relaciona com os efeitos que a variação de frequência
produz na tensão do rotor ER e nas impedâncias do rotor RR e jXR.
Em um motor de indução, quando a tensão é aplicada nos enrolamentos do estator, uma tensão é
induzida nos enrolamentos do rotor da máquina. Assim, quanto maior o movimento relativo entre os
campos magnéticos do rotor e do estator, maiores serão a tensão e a frequência do rotor. Quando o
rotor está parado (rotor bloqueado), esse movimento relativo acontece de forma máxima, e teremos a
maior tensão e a maior frequência sendo induzidas no rotor, ao passo que, quando o rotor tem a
velocidade igualada a velocidade síncrona, será o momento de menor variação de movimento relativo,
e naturalmente teremos a menor tensão (V = 0V) e a menor frequência (f = 0 Hz). Em qualquer
velocidade entre esses extremos, a frequência e a tensão serão diretamente proporcionais ao
escorregamento do rotor.
Assim, se chamarmos a tensão induzida no rotor de ER0, então, o valor da tensão induzida, para
qualquer escorregamento será
E R=sE R 0 (8-8)
ao passo que a frequência rotórica se relaciona com o escorregamento da seguinte forma
f r=sf (8-6)
Essa tensão será induzida então no rotor, porém, esse rotor possui uma resistência e naturalmente
uma reatância. A resistência rotórica (RR) nesse caso é constante e independe do escorregamento,
porém, a reatância do rotor é afetada pelo escorregamento. A reatância vai depender da indutância do
rotor e da frequência da tensão induzida no mesmo. Com uma indutância rotórica chamada LR, a
reatância pode ser determinada através da equação
X R=ω r LR =2 π f r L R
Substituindo a equação da frequência rotórica (eq. 8-6) na equação acima, temos:
X R=2 π f r LR
X R=s(2 π f r L R)
X R=sX R 0 (8-9)
O circuito equivalente é dado na figura 8-10, e a corrente rotórica é dada pela equação 8-10 e 8-11.
ER
I R=
R R + jX R
ER
I R= (8-10)
R R + jsX R 0
ou
ER0
I R= (8-11)
R R /s + jX R 0
Observemos que é possível tratar todos os efeitos, que ocorrem no rotor devido a uma velocidade
variável, como sendo causado por uma impedância variável alimentada por energia elétrica a partir de
uma fonte de tensão constante ER0. O seja, a impedância equivalente do rotor pode ser dada portanto
pela equação
RR
Z R ,eq = + jX R 0 (8-12)
s
Assim, podemos redesenhar o circuito equivalente do rotor, considerando que a tensão do rotor ER0 é
um valor constante e os efeitos do escorregamento estão sobre a impedância do rotor ZR, eq
O gráfico da figura 8-12 mostra o fluxo de corrente no rotor em função da velocidade, ou seja,
considerando que o escorregamento altera a resistência rotórica, naturalmente os níveis de corrente
varia em função do escorregamento.
Para um escorregamento muito baixo, a resistência do rotor (R R/s) predomina sobre a reatância e a
corrente do rotor varia linearmente com o escorregamento. Com um escorregamento elevado a
reatância é muito maior que a resistência rotórica (R R/S) e a corrente do rotor se aproxima de um valor
de regime permanente a medida que o escorregamento se torna mais elevado.
O circuito equivalente final por fase de um motor de indução, precisamos que a parte do rotor seja
referida para o lado do estator, e nesse caso, todos os efeitos de variação de velocidade estão em
temos da impedância.
I
I P=I ' S = (8-14)
a
2
Z ' S=a Z S (8-15)
onde o sinal de linha (‘) indicam os valores referidos de tensão, corrente e impedância.
Podemos levar essas relações também para o circuito do rotor do motor de indução. Chamando a
relação de espiras efetivas de aef, a tensão do rotor transformada torna-se
E1=E ' R =aef E R 0 (8-16)
A corrente no rotor torna-se
IR
I2 = (8-17)
a ef
e a impedância do rotor torna-se
Z 2=a2ef ( Rs + jX )
R
R0 (8-18)
Se adotarmos
R2=a 2ef R R (8-19)
2
X 2=a2 X R 0 (8-20)
Assim, o circuito equivalente final é visto na figura 8-13.
A resistência e a reatância do rotor com o rotor bloqueado, são muito difíceis de serem obtidos ao até
mesmo impossível em motores com rotor gaiola de esquilo, assim como a relação de espiras efetivas
aef. Através dos ensaios a vazio e de rotor bloqueado é possível levantar esses parâmetros, como pode
ser visto na seção 7.5 a seguir.
O circuito equivalente de um motor de indução é uma ferramenta muito útil para determinar as
respostas do motor mudanças de carga. As informações de reatância rotórica, estatórica e de
magnetização, resistência estatórica e rotórica, podem ser obtidas executando os ensaios a vazio e de
rotor bloqueado no motor de indução.
Ensaio a vazio
O ensaio a vazio, basicamente mede as perdas rotacionais do motor e fornece informações sobre a
corrente de magnetização. Abaixo vemos o circuito de testes para esse ensaio.
Figura 8-14: Ensaio a vazio de um motor de indução: (a) circuito de teste; (b)
circuito equivalente resultante do motor. A vazio, a impedância do motor é
basicamente a combinação de R1, jX1 e jXM.
Nesse ensaio, são ligados wattímetros, um voltímetro e três amperímetros ao motor de indução e ele é
posto a girar sem carga. As perdas por atrito e ventilação serão as únicas cargas do motor. Assim, toda
a potência convertida (P conv) desse motor é consumida por perdas mecânicas e o escorregamento do
motor é muito baixo (aproximadamente 0,001). Como o escorregamento é muito pequeno, a
resistência correspondente à potência convertida, R2(1 – s)/s, é muito maior que a resistência R2
correspondente às perdas no cobre do rotor e muito maior que a reatância X2 do rotor. Assim, o
circuito equivalente se reduz ao da última figura da figura 8-14b, onde o resistor de saída está em
paralelo com a reatância de magnetização XM e as perdas no núcleo RC.
Nesse caso, em condições a vazio, a potência de entrada do motor corresponde as perdas do motor.
As perdas no cobre e no rotor são desprezíveis pois a corrente no rotor ( I2) é muito pequena, assim, as
perdas no cobre do estator (PPCE), pode ser dada por:
PPCE =3 I ² 1 R1 (8-21)
Assim, a potência de entrada deve ser igual a
Pentrada=P PCE + Pnúcleo + P AeV + Pdiversas
2
Pentrada=3 I 1 R1 + Prot (8-22)
onde, as Prot são as perdas rotacionais do motor
Prot =Pnúcleo + P AeV + Pdiversas (8-23)
Assim, conhecendo a potência de entrada da máquina, podemos determinar as perdas rotacionais do
motor. O circuito equivalente que descreve esse comportamento tem os resistores RC e R2(1 – s)/s em
paralelo com a reatância de magnetização XM. Em um motor de indução a corrente necessária para
estabelecer um campo magnético é bem elevada devido a relutância do entreferro, assim, a reatância
XM será muito menor do que as resistências em paralelo com ela e o fator de potência geral da entrada
será muito baixo, ou seja, a vazio, o fator de potência de um motor de indução é muito baixo . Como
essa elevada corrente de magnetização (necessária para estabelecer um campo magnético) está em
atraso (fator de potência baixo) a maior parte da queda de tensão será sobre as indutâncias do circuito.
A impedância equivalente é aproximadamente.
Vϕ
|Z eq|= I ≈ X1+ X M (8-24)
1 ,vz
como vemos pela equação, se X1 for obtido de alguma forma, a impedância de magnetização XM do
motor, será conhecida.
Prof. Wagner Menezes Figura 8-15: Circuito usado para um ensaio CC de Capítulo 8
resistência.
12
O ensaio é realizado, ajustando a corrente nos enrolamentos do estator para o valor nominal, em
seguida a tensão entre os terminais é medida. A corrente na figura 8-15 circula através de dois
enrolamentos, de modo que a resistência total do caminho é 2R1. Assim
V CC
2 R 1= (8-25)
I CC
ou
V CC
R1= (8-26)
2 I CC
Com o valor de R1 os valores das perdas no cobre do estator a vazio pode ser determinados. As perdas
rotacionais podem ser obtidas pela diferença entre a potência de entrada a vazio e as perdas no cobre
do estator.
Nesse ensaio, o rotor é travado de modo que não gire, e uma tensão CA é aplicada ao motor e a
tensão, corrente e potências resultantes são medidas.
sentido de que a frequência de linha não representa as condições normais de funcionamento do rotor.
Uma solução é usar uma frequência que é 25% ou menos que a frequência nominal.
Depois que a tensão e a frequência do ensaio estão ajustadas, a corrente do motor é ajustada
rapidamente até apresentar um valor próximo ao valor da corrente nominal, em seguida, a potência, a
tensão e a corrente de entrada são medidas antes que o rotor aqueça demasiadamente. A potência de
entrada do motor é dada por
P=√ 3 V T I L cos θ (8-26)
onde:
VT = tensão terminal
IL = corrente de linha
cos θ = fator de potência
Não há uma maneira simples de separar as contribuições das reatâncias do estator e do rotor entre si.
A experiência ao longo dos anos mostra que alguns motores com certas formas construtivas
apresentam determinadas proporções entre as reatâncias do rotor e do estator, essas relações são
mostradas na figura 8-17.
EXEMPLO 8-2. Os seguintes dados foram obtidos de ensaios com um motor de indução de 7,5 CV,
quatro polos, 208 V, 60 Hz, Classe A e ligado em Y, com corrente nominal de 28 A.
Ensaio CC
VCC = 13,6 V ICC = 28,0 A
Ensaio a vazio:
VT = 208 V f = 60 Hz
IA = 8,12 A Pentrada = 420 W
IB = 8,20 A
IC = 8,18 A
Solução
(a) Do ensaio CC, podemos determinar o valor de R1 (resistência do rotor),assim, temos
V CC 13,6 V
R1 = = =0,243Ω
2 I CC 2(28 A )
Do ensaio a vazio, temos
8,12 A+8,20 A+ 8,18 A
I L, média = =8,17 A
3
208 V
V ϕ , vz= =120V
√3
Assim,
120 V
|Z vz|= 8,17 A =14,7 Ω= X 1+ X 2
Vϕ V 25 V
|Z RB|= = T = =0,517 Ω
I A √ 3 I A √ 3(27,9 A )
O ângulo de impedância θ é
P entrada
θ =arccos
√3 V T I L
920W
θ =arccos
√ 3 (25V )(27,9 A)
θ =arccos 0,762=40,4 °
Assim, RRB = 0,517 cos 40,4° = 0,394 Ω = R1 + R2. Como R1 = 0,243 Ω, então R2 é igual a 0,151. A
reatância em 15 Hz é
X ' RB=0,517 sen 40,4 ° =0,335Ω
A reatância equivalente em 60 Hz é então
( )
f nominal 60 Hz
X RB= X ' RB= 0,335=1,34 Ω
f ensaio 15 Hz
Para motores de indução da classe A, assume-se que essa reatância é dividida igualmente entre o rotor
e o estator, assim
X 1= X 2=0,67 Ω
(b) Para esse circuito equivalente, os equivalentes Thevenin são encontrados pelas equações 8-49b, 8-
52 e 8-53, obtendo-se
R2
s max =
√R 2
TH +( X TH + X 2)
2
0,151Ω
s max = =0,11=11,1 %
√( 0,243Ω) 2
TH +(0,67 Ω+0,67 Ω)
2
3V 2TH
τ max =
2 ω s [R TH + √ R 2TH +( X TH + X )2 ]
2
3(114,6 V )
τ max = =66,2 Nm
2(188,5 rad / s)[0,221Ω+ √ (0,221Ω)2 +(0,67Ω+ 0,67 Ω)2 ]
As máquinas de indução, pelas suas características têm uma relação de torque e potência diferente das
máquinas síncronas.
A potência de entrada de um motor de indução Pentrada é uma relação entre as correntes e tensões
trifásicas. Dentre as perdas da máquina de indução, a primeira é a perda no cobre do estator PPCE
(perdas I²R), uma certa quantidade de potência de entrada é perdida por histerese e corrente parasitas
no núcleo ferromagnético (Pnúcleo). A potência restante será transferida ao rotor através do entreferro
entre estator e rotor. Essa potência é denominada potência de entreferro (PEF) da máquina.
A potência de entreferro é então fornecida ao rotor, onde sofre perdas por conta da resistência
rotórica (PPCR), ou perdas I²R, e o restante, é convertido em potência mecânica ( Pconv). E após essa
conversão, as perdas por atrito e ventilação ( PAeV) e as perdas suplementares (Psuplem) são subtraídas, e
assim, a potência restante é a potência de saída do motor.
As perdas do núcleo, são parte do rotor e parte do estator, assim elas não aparecem em um ponto
específico do diagrama de fluxo de potência. A maior fração das perdas no núcleo ocorre no estator,
essas perdas são inseridas no circuito equivalente da máquina de indução e é representada pelo
resistor RC.
Quando maior a velocidade de um motor, maior as perdas por atrito, ventilação e suplementares,
enquanto que, quanto maior a velocidade do motor, menor as perdas no núcleo. Em algumas
situações essas perdas são denominadas como perdas rotacionais e são consideradas constantes para
qualquer faixa de velocidade da máquina.
EXEMPLO 8-3. Um motor de indução trifásico de 480 V, 60 Hz e 50 HP, está usando 60 A com FP 0,85
atrasado. As perdas no cobre do estator são 2 kW e as perdas no cobre do rotor são 700 W. As perdas
por atrito e ventilação são 600 W, as perdas no núcleo são 1800 W e as perdas suplementares são
desprezíveis. Encontre as seguintes grandezas:
(a) A potência de entreferro PEF
(b) A potência convertida Pconv
(c) A potência de saída Psaída
(d) A eficiência do motor
Solução
Analisando o diagrama de fluxo de potência, temos:
(a) A potência no entreferro é simplesmente a potência de entrada menos as perdas I²R no estator e as
no núcleo. A potência de entrada pode ser obtida conforme
Pentrada=√ 3 V T I L cos θ
Assim, a potência no entreferro pode ser obtida como (observe o diagrama de fluxo de potência)
(b) Do diagrama de fluxo de potência, a potência convertida da forma elétrica para mecânica, será
37,3 kW
Psaída= =50 CV
0,736
(d) A eficiência do motor é portanto
Psaída
η= x 100 %
Pentrada
37,3 kW
η= x 100 %=88 %
42,4 kW
1
Z eq =R1 + jX 1 + (8-35)
1
G C − jB M +
V 2 /s+ jX 2
As perdas no cobre, no núcleo e as perdas no cobre para as três fases podem se calculadas, as perdas
no cobre são dadas por
2
PPCE =3 I 1 R1 (8-36)
As perdas no núcleo podem ser obtidas a partir de
Pnúcleo =3 E21 GC (8-37)
Assim, a potência de entreferro pode ser encontrada como
PEF =Pentrada−P PCE −P núcleo (8-38)
Observe que, pelo diagrama equivalente, o único elemento do circuito que pode consumir a potência
do entreferro é no resistor R2/s, assim, a potência no entreferro é dada por
2 R2
PEF =3 I 2 (8-39)
s
As perdas por conta da resistência rotórica pode ser obtido como
2
PPCR =3 I R RR (8-40)
Podemos expressar na resistência rotórica também de forma referida, assim
2
PPCR =3 I 2 R2 (8-41)
Após subtrair as perdas no cobre do estator e do rotor, e as perdas do núcleo do estator são subtraídas
da potência de entrada, a potência restante é convertida de elétrica para mecânica, a qual chamamos
de potência mecânica desenvolvida, e é dada por
Pconv =PEF −P PCR
2 R2 2
Pconv =3 I 2 −3 I 2 R2
s
Pconv =3 I 2 R2
2
( 1s −1) (6-42)
Podemos dizer que, as perdas no cobre do rotor são iguais a potência de entreferro vezes o
escorregamento.
PPCR =sP EF (6-43)
Assim, vemos que, quanto menor o escorregamento, menor as perdas no rotor.
Deduzidas as perdas no cobre do rotor, a potência que flui no entreferro é convertida em potência
mecânica no eixo da máquina. É possível fazer uma divisão dessas duas parcelas de potência no
circuito equivalente do motor.
Figura 8-20: Circuito equivalente por fase, com as perdas do rotor e as Pnúcleo
separadas.
A potência do entreferro é a potência que seria consumida em um resistor de valor R2/s ao passo que
as perdas no cobre do rotor são expressas pela potência que seria consumida em um resistor de valor
R2. A diferença entre essas potências é a potência convertida ( Pconv) que podem ser comparadas a
potência consumida em um resistor de valor
( )
R2 1
Rconv = −R 2=R2 −1
s s
X1 = 1,106 Ω X2 = 0,464 Ω
XM = 26,3 Ω
As perdas rotacionais totais são 1100 W e assume-se que são constantes. As perdas no núcleo estão
combinadas com as perdas rotacionais. Para um escorregamento do rotor de 2,2 por cento, com
tensão e frequência nominais, encontre os valores das seguintes grandezas do motor
(a) Velocidade
(b) Corrente de estator
(c) Fator de potência
(d) Pconv e Psaída
(e) τind e τcarga
(f) Eficiência
Solução
O circuito equivalente desse motor é mostrado abaixo:
Como as perdas do núcleo estão combinadas com as perdas por atrito e ventilação juntamento com as
perdas suplementares, elas serão tratadas do mesmo modo que as perdas mecânicas e serão
subtraídas após Pconv no diagrama de fluxo de potência.
(a) A velocidade síncrona é
120 f 120(60 Hz)
ns = = =1800 rpm
P 4 polos
(b) Para encontrar a corrente do estator, calculamos primeiro a impedância equivalente do circuito. O
primeiro passo é combinar em paralelo a impedância referida do rotor com o ramo de magnetização e,
em seguida, adicionar em série a impedância do estator e essa combinação.
A impedância referida do rotor é
R2
Z 2= + jX 2
s
0,332
Z 2= + j 0,464=15,09+ j 0,464 Ω=15,10 ∠ 1,76 °Ω
0,022
1
Z f=
1 1
+
jX M Z2
1
Z f=
− j 0,038+0,0662 ∠ −1,76 °
1
Z f= =12,94 ∠ 31,1 Ω
0,0773 ∠ −31,1 °
Z tot =Z estator + Z f
Vϕ
I1 =
Z tot
266 ∠ 0 ° V
I1 = =18,88 ∠ 33,6 ° A
14,07 ∠ 33,6 °Ω
Pentrada=√ 3 V T I L cos θ
2
PPCE =3 I 1 R1
2
PPCE =(18,88) (0,641 Ω)=685 Ω
Psaída=P conv−Prot
10.485 W
Psaída= =14,24 CV
736 W
(e) O torque induzido é dado portanto
P 11.845 W
τ ind = ωEFS = =62,8 Nm
188,5 rad /s
E o torque de saída é
P 10.485 W
τ ind = ωsaída = =56,9 Nm
m 184,4 rad /s
(f) Nessas condições de funcionamento, o rendimento do motor é
10.485W
η= x 100 %=83,7 %
12.530W
Qual será a variação de torque quando há uma alteração de carga na máquina de indução? Qual será o
torque de partida? Qual será a diminuição de velocidade com o aumento de carga? Analisaremos
nessa seção esses comportamentos.
Conjugado Induzido
É possível fazer uma análise do circuito equivalente da máquina CA de indução para deduzir a equação
do torque dessa máquina.
P
τ ind = ωconv
m
(8-46)
P
τ ind = ωEFs (8-47)
A potência no entreferro é a potência que atravessa o vazio que existe entre o circuito do estator e do
rotor. Ela é igual à potência absorvida na resistência R2/s, a potência no entreferro para uma fase é
dada como
2 R2
PEF ,1 ϕ =I 2
s
Assim, a potência de entreferro total é
2 R2
PEF =3 I 2
s
Se conseguirmos determinar a corrente rotórica (I2), poderemos chegar a potência de entreferro e o
torque induzido.
Para facilitar a análise do circuito equivalente, podemos utilizar o teorema de thevenin.
Qualquer circuito linear pode ser separado por dois terminais do resto do sistema e substituído por
uma única fonte de tensão em série com a impedância equivalente.
Fazendo isso com o circuito equivalente do motor de indução, reduziremos o mesmo a uma
combinação simples de elementos em série, conforme a figura 8-23.
XM
V TH =V ϕ (8-49a)
√ R +( X + X
2
1 1 M
2
)
XM
V TH ≈ V ϕ (8-49b)
( X 1+ X M )
A impedância de Thevenin é dada por
Z1 ZM
Z TH = (8-50)
Z 1+ Z 2
Essa impedância se reduz a
jX M (R1 + jX 1 )
Z TH =RTH + jX TH = (8-51)
R1 + j( X 1+ X M )
Como XM >> X1 e XM + X1 >> R1, a resistência e a reatância de Thevenin são dadas aproximadamente
por
( )
2
XM
RTH ≈ R1 (8-52)
X1+ X M
X TH ≈ X 1 (8-53)
A corrente do rotor nesse caso, pode ser obtida por
V TH
I2 = (8-54)
Z TH +Z 2
V TH
I2 = (8-55)
RTH + R 2 / s+ jX TH + jX 2
Podemos reescrever a equação 8-55 como, e encontrar a corrente rotórica como
V TH
I2 = (8-56)
√( R 2
TH + R2 /s) +( X TH + X 2)
2
R2
PEF =3 I 22 (8-57)
s
2
3 V TH R2 / s
PEF = 2 2
(8-58)
(RTH + R 2 / s) +( X TH + X 2 )
Assim, podemos definir o torque como
P
τ ind = ωEFS (8-59)
2
3 V TH R2 / s
τ ind = (8-60)
ω s [( R TH + R2 /s )2 +( X TH + X 2)2 ]
EXEMPLO 8-5. Um motor de indução de dois polos e 50 Hz fornece 15 kW a uma carga com
Uma velocidade de 2950 rpm.
(a) Qual é o escorregamento do motor?
(b) Qual é o conjugado induzido no motor em N • m nessas condições?
(c) Qual será a velocidade de operação do motor se o seu conjugado for dobrado?
(d) Quanta potência será fornecida pelo motor quando o conjugado for dobrado?
Solução
(a) A velocidade síncrona pode ser obtida como
120 f 120(50 Hz)
ns = = =3000 rpm
P 2 polos
(b) Assumiremos que o torque induzido do motor é igual ao torque de carga e que Pconv é igual a Pcarga,
porque nenhum valor de perdas mecânicas foi dado, assim, podemos calcular o torque como
P
τ ind = ωconv
m
ω m= ( 2950
60 )
2 π =308,9
Assim
15000 W
τ ind = =48,6 Nm
308,9rad /s
n=(1−s)ns
Pconv =τ ind ω m
As informações contidas na placa servirão para analisar o comportamento do motor e onde ele está
aplicado, se atende as demandas, se sua eficiência atende a necessidade, ou seja, a placa do motor é
de fundamental importância pois norteia o uso da máquina em determinadas aplicações.
Resumidamente, temos:
Potência de saída é a potência entregue a carga, ou seja, a potência mecânica disponível no eixo da
máquina, a partir dele pode se obter o torque.
Tensão é a tensão de operação do motor, a maioria dos motores possui duas tensões ou mais, e de
acordo com o fechamento das bobinas (estrela, triângulo, série ou paralelo) você deixa o motor em
condições de funcionamento, é importante observar que a ligação errada (em tensão diferente da
local) pode danificar o motor.
Corrente é a corrente de funcionamento para uma dada tensão, como temos a tensão, corrente,
eficiência e fator de potência, podemos estimar em carga plena, quanto esse motor retira de potência
elétrica na rede para obter a dada potência mecânica no eixo.
Fator de potência é uma medida da relação entre a potência ativa e reativa utilizada pela máquina,
atualmente a legislação exige que o FP das indústrias seja de 0,92, no entanto, nenhum motor de
indução CA por sua construção indutiva, possui um FP nesse valor, no entanto, quanto mais próximo
desse valor um motor chegar, melhor será para a correção do FP geral da indústria, em motores de
pequeno porte o FP é normalmente mais baixo, enquanto esse valor é mais alto para motores de maior
potência, a correção é feira adicionando capacitores a linha dos motores para corrigir, ou de forma
agrupada na entrada da indústria, a fim de chegar ao FP de 0,92 e a indústria não pagar por reativos
excedentes.
Velocidade é a velocidade do eixo, ou seja, velocidade mecânica, com esse valor e com a velocidade
síncrona, você pode calcular o escorregamento.
Eficiência nominal é uma estimativa do rendimento desse motor, no caso, estimado para plena carga,
importante lembrar que para um motor quanto menor o carregamento do mesmo, menor a eficiência,
basicamente porque quando a carga é diminuída no motor, uma das coisas que acontece é a redução
do fator de potência, o que causa maior demanda de potência aparente da rede e naturalmente
diminuindo a eficiência da máquina, sem contar outros fatores.
De acordo com a NBR 17094 existem três categorias que compõem os motores de indução trifásicos,
onde cada uma se adéqua a um tipo de carga.
PERGUNTAS
PROBLEMAS
8.1. Um motor de indução trifásico de 220 V, seis polos e 50 Hz está operando com um
escorregamento de 3,5%. Encontre:
(a) A velocidade dos campos magnéticos em rotações por minuto
(b) A velocidade do rotor em rotações por minuto
(c) A velocidade de escorregamento do rotor
(d) A frequência do rotor em hertz
8.2. Um motor de indução trifásico de 220 V, seis polos e 50 Hz está operando com um
escorregamento de 3,5%. Encontre:
(a) A velocidade dos campos magnéticos em rotações por minuto
(b) A velocidade do rotor em rotações por minuto
(c) A velocidade de escorregamento do rotor
(d) A frequência do rotor em hertz
8.3. Um motor de indução trifásico de 60 Hz funciona a vazio com 715 rpm e a plena carga com 670
rpm.
(a) Quantos polos têm este motor?
(b) Qual é o escorregamento com carga nominal?
(c) Qual é a velocidade com um quarto da carga nominal?
(d) Qual é a frequência elétrica do rotor com um quarto da carga nominal?
8.5. Um motor de indução de 208 V, quatro polos, 60 Hz, ligado em Y e de rotor bobinado tem
potência nominal de 30 HP. Os componentes do seu circuito equivalente são
R1 = 0,100 Ω R2 = 0,070 Ω XM = 10,0 Ω
X1 = 0,210 Ω X2 = 0,210 Ω Pmec = 500 W
Pdiversas ≈ 0 Pnúcleo = 400 W