Você está na página 1de 89

Conversão de Energia

Transformadores
Ementa
Conversão de Energia
Energia e desenvolvimento.
Balanço de energia, funções de estado.
Formas de conversão da energia.
Circuitos magnéticos.
Transformadores monofásicos e trifásicos.
Sistemas por-unidades.
Princípios de conversão
eletromecânica de energia.
Bibliografia
Bibliografia Básica
DEL TORO, Vicent. Fundamentos de Máquinas Elétricas. Rio de Janeiro, LTC,
2013.
CARVALHO, Geraldo. Máquinas Elétricas: teoria e ensaios. 4ªed. São Paulo,
Érica, 2014.
FITZGERALD, A. E; KINGSLEY JR, C. Máquinas Elétricas, 7ª Ed. Porto Alegre,
AMGH, 2014.
Bibliografia Complementar
CAVALCANTI, Paulo João Mendes. Fundamentos de Eletrotécnica. 22Ed. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 2015. (Biblioteca Virtual).
LARYS, Francisco. Eletrotécnica Geral: Teoria e Exercícios Resolvidos. 2Ed.
Barueri, SP: Manole, 2013. (Biblioteca Virtual).
NOTAROS, Branislav M.. Eletromagnetismo. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2012. (Biblioteca Virtual).
SILVA, Claudio Elias da; SANTIAGO, Arnaldo José; MACHADO, Alan Freitas;
ASSIS, Altair Souza de. Eletromagnetismo: Fundamentos e Simulações. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. (Biblioteca Virtual).
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física III: eletromagnetismo. 12 edição.
São Paulo: Addison Wesley, 2009. (Biblioteca Virtual).
Introdução
O Transformador, embora não seja um dispositivo de conversão de energia, é um
circuito magneticamente acoplado indispensável de muitos dispositivos de conversão
eletromecânica de energia.

Como componente significativo de um sistema CA de potência, o transformador


torna possível a geração elétrica na tensão mais econômica, a transmissão da
energia na tensão mais econômica e a utilização da energia na tensão mais
adequada de operação de um determinado dispositivo.
Introdução
Um transformador é um dos dispositivos mais simples e é constituído por dois ou mais
circuitos elétricos acoplados por um circuito magnético comum.

Vídeo sobre fabricação de Transformadores:


https://www.youtube.com/watch?v=ZqdUb6iphwY
Introdução aos Transformadores
Basicamente, um transformador consiste em dois ou mais enrolamentos acoplados por meio
de um fluxo magnético comum.

Se um desses enrolamentos, o primário, for conectado a uma fonte de tensão alternada,


então será produzido um fluxo alternado cuja amplitude dependerá da tensão do primário, da
frequência da tensão aplicada e do número de espiras.

Uma porção desse fluxo, denominado fluxo mútuo, concatena um segundo enrolamento, o
secundário, induzindo neste uma tensão cujo valor depende do número de espiras do
secundário, assim como da magnitude do fluxo comum e da frequência.
Introdução aos Transformadores
Para reduzir as perdas causadas por correntes parasitas no núcleo, o circuito
magnético consiste geralmente em uma pilha de chapas delgadas.

Dois tipos comuns de construção estão mostrados de forma esquemática abaixo.

núcleo envolvido núcleo


Os envolvente
enrolamento Os
s envolvem enrolamento
duas pernas s envolvem
de um a perna
núcleo central de
magnético um núcleo
retangular. de três
pernas.
Introdução aos Transformadores
Chapas de aço-silício de 0,014 polegadas (0,55 mm) costumam ser usadas em
transformadores que operam com frequências inferiores a algumas poucas centenas
de hertz.

O aço-silício tem as propriedades desejáveis de baixo custo e baixas perdas no


núcleo, apresentando alta permeabilidade em densidades de fluxo elevadas.
Condições sem carga (a vazio)
A Figura abaixo mostra esquematicamente um transformador com o seu circuito
secundário aberto, e uma tensão alternada v1 aplicada aos terminais do primário.

Dessa forma, uma corrente , denominada corrente de excitação, circula no primário


de forma a estabelecer um fluxo alternado no circuito e induz no primário uma FEM
dada por:
Condições sem carga (a vazio)

A FEMM, juntamente com a queda de tensão na


resistência R1, iguala à tensão .

Em transformadores de grande porte e sem carga, a resistência no primário é bem


pequena e as formas de ondas de tensão e fluxo são praticamente senoidais. Dessa
forma, pode-se afirmar que o fluxo instantâneo e tensão induzida são dadas por:
Condições sem carga (a vazio)
O valor eficaz da FEM induzida  é dado por:

Devido às propriedades magnéticas não lineares do ferro, a forma de onda da


corrente de excitação difere da forma de onda do fluxo. A corrente de excitação de
uma forma de onda de fluxo senoidal não será senoidal, efeito potencializado em
função do núcleo fechado em transformadores.
Condições sem carga (a vazio)

Se a corrente de excitação for analisada por métodos


baseados em série de Fourier, constata-se que ela
consiste em uma componente fundamental e uma
série de harmônicas ímpares.

A componente fundamental pode, por sua vez,


ser decomposta em duas componentes: uma em
fase com a FCEM e a outra atrasada 90° em
relação à FCEM.
FFT – Fast Fourier Transform
Condições sem carga (a vazio)

A componente em fase fornece a potência absorvida


no núcleo pelas perdas por histerese e por correntes
parasitas. É referida como a componente de perdas no
núcleo da corrente de excitação.

Quando a componente de perdas no núcleo é subtraída da corrente total de excitação, o


resultado é denominado corrente de magnetização. Compreende uma componente
fundamental atrasada 90° em relação à FCEM, junto com todas as harmônicas.
No caso de transformadores de potência comuns, a terceira harmônica representa
cerca de 40% da corrente de excitação.
Condições sem carga (a vazio)

O valor das perdas no núcleo , igual ao produto


das componentes em fase de  e é dado por:
Circuitos Magnéticos com Entreferro –
espraiamento no entreferro
Exercício 1 – Em um dado transformador, as perdas no núcleo e os volts-ampères de
excitação do núcleo para Bmax = 1,5 T e 60 Hz, foram calculados obtendo-se  e .
E a tensão induzida foi de , quando o enrolamento tinha . Encontre o fator de
potência, a corrente  das perdas no núcleo e a corrente de magnetização . Obs.:
Utilize o diagrama fasorial para obter as respostas.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Como uma primeira aproximação para uma teoria quantitativa, considere um
transformador com um enrolamento primário de N1 espiras e um secundário de N2
espiras, como mostrado esquematicamente na Figura abaixo.

Um transformador ideal, as resistências dos enrolamentos são desprezíveis, o fluxo


de dispersão é nulo, não há perdas no núcleo e a permeabilidade do núcleo é tão alta
que apenas uma FMM de excitação insignificante é requerida para criar o fluxo.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Considerando um transformador ideal, quando uma tensão  variável no tempo é
aplicada aos terminais do primário, então um fluxo ϕ deve ser estabelecido no núcleo
de modo que a FCEM  seja igual à tensão aplicada 

O fluxo do núcleo também enlaça o secundário produzindo uma FEM induzida  e


uma outra tensão igual  nos terminais do secundário:
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Da razão entre as expressões anteriores, pode-se obter:

Assim, um transformador ideal transforma tensões na razão direta das espiras de


seus enrolamentos.

Considerando uma carga inserida no secundário do transformador, nota-se que haverá


uma FMM no secundário, de forma que a FMM líquida que atua no núcleo deve
permanecer desprezível, dessa forma:
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Das relações anteriores, também pode-se obter:

ou seja, a potência instantânea de entrada do primário é igual à potência instantânea


de saída do secundário.

Uma forma alternativa de representação do transformador está demonstrada abaixo:


Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal

As marcas circulares indicam terminais de polaridades correspondentes.


As expressões já obtidas, permitem fazer a referência de uma impedância no
secundário referida ao primário.
Por fim, o terceiro circuito pode ser simplificado em função da idealidade do
transformador.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Em resumo, em um transformador ideal:

as tensões são transformadas na razão direta da relação de espiras;

as correntes, na razão inversa,

e as impedâncias, na razão direta da relação de espiras ao quadrado.

A potência e os volts-ampères não se alteram.


Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 2 – O circuito equivalente da figura abaixo mostra um transformador ideal
em que a impedância  está conectada em série com o secundário. A relação de
espiras é N1/N2 = 5:1. (a) Desenhe um circuito equivalente cuja impedância em série
esteja referida ao primário. (b) Para uma tensão eficaz de primário de 120 V e um
curto-circuito conectado entre os terminais do secundário (V2 = 0), calcule a corrente
do primário e a corrente que circula no curto-circuito.

Î2
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 3 (LISTA) – Repita a parte (b) do Exercício 2 com uma impedância em série
de  e uma relação de espiras de 14:1.
Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes
As diferenças de um transformador real em relação a um ideal devem ser incluídas em
grau maior ou menor na maioria das análises de desempenho dos transformadores.

Um modelo mais completo deve levar em consideração os efeitos das resistências


dos enrolamentos, os fluxos dispersos e as correntes finitas de excitação relativas à
permeabilidade finita (não linear, na realidade) do núcleo ou até mesmo as
capacitâncias dos enrolamentos também têm efeitos importantes.

Dessa forma, a escolha do modelo possui uma relação com os estudos e análises a
serem realizadas. A forma de análise do modelo abordada aqui será pelo circuito
equivalente.
Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes
Enrolamento Primário: O fluxo total que concatena o enrolamento primário pode ser
dividido em duas componentes:

o fluxo mútuo resultante: confinado essencialmente ao núcleo de ferro e


produzido pelo efeito combinado das correntes de primário e de secundário.

o fluxo disperso de primário: que concatena apenas o primário pelo ar, induz uma
tensão que se soma àquela produzida pelo fluxo mútuo. Portanto, pode ser
representado por uma indutância de dispersão do primário .

Com essas observações, pode-se chegar ao modelo do primário do transformador.


Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes
Queda na resistência Queda de tensão
do primário oriunda do oriunda do fluxo
comportamento disperso do primário.
resistivo do
enrolamento primário.

FEMM induzida no
primário em função da
ação do fluxo mútuo
resultante.
Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes
O fluxo mútuo resultante concatena ambos os enrolamentos, primário e secundário,
e é criado por suas FMMs combinadas. A corrente de excitação pode ser tratada como
uma corrente senoidal equivalente Îϕ podendo ser decomposta em duas componentes:

uma componente em fase com a FEM E1, e

Componente de perdas no núcleo: componente em fase com a FEMM .

Componente de magnetização: atrasada de 90º em relação a FEMM .

Essas duas componentes, leva ao ramo em paralelo no modelo de circuito equivalente.


Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes
Queda na Queda de Component Component
resistênci tensão e de e de
a do oriunda do corrente do corrente do
primário. fluxo primário de primário de
disperso do perdas no magnetizaç
primário. núcleo. ão.

FEMM induzida no
primário em função da
ação do fluxo mútuo
resultante.
Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes
A seguir, será acrescentado uma representação do enrolamento secundário ao nosso circuito
equivalente. Começamos constatando que o fluxo mútuo  resultante induz uma FEM E2 no
secundário, sendo esta relacionada às espiras.

Dessa forma, é inserido um transformador ideal ao modelo.

No entanto, a FEMM  não corresponde à saída de tensão do secundário devido a dois fatores:

- Há a resistência  do secundário;

- Há o fluxo disperso  no secundário.

Com tais considerações, o modelo pode ser expandido, conforme imagem do próximo slide.
Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes
Queda Fluxo Compone Compone Transfor Fluxo Queda
na dispers nte de nte de mador dispers na
resistên o do corrente corrente Ideal. o do resistên
cia do primário do do secundá cia do
primário . primário primário rio. secundá
. de de rio.
perdas magnetiz
no ação.
núcleo.
Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes
A partir do circuito equivalente demonstrado, pode-se ver que um transformador real é
equivalente a um transformador ideal mais impedâncias externas.

Referindo todas as grandezas ao primário, ou ao secundário, o transformador ideal do modelo


pode ser deslocado, respectivamente, à direita ou à esquerda do circuito equivalente.

Isso é feito quase sempre e o circuito equivalente é desenhado em geral como aprsentado no
próximo slide, onde o transformador ideal não é mostrado e todas as tensões, correntes e
impedâncias são referidas ao enrolamento do primário ou secundário.
Reatâncias no transformador e circuitos
equivalentes

Na discussão a seguir, lidaremos quase sempre com valores referidos e as indicações


de ‘linha’ serão omitidas. Deve-se simplesmente ter em mente o lado do
transformador ao qual todas as grandezas foram referidas.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 4 – Um transformador de distribuição de 50 kVA, 2400 : 240 V e 60 Hz tem
uma impedância de dispersão de 0,72 + j0,92  no enrolamento de alta tensão e
0,0070 + j0,0090 , no de baixa tensão. Na tensão e frequência nominais, a
impedância Zϕ do ramo em derivação (igual à impedância de Rc e jXm em paralelo),
responsável pela corrente de excitação, é 6,32 + j43,7  quando vista do lado de
baixa tensão. Desenhe o circuito equivalente referido a (a) o lado de alta tensão e (b) o
lado de baixa tensão, indicando numericamente as impedâncias no desenho.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 5 (LISTA) – Se 2400 V eficazes forem aplicados ao lado de alta tensão do
transformador do Exercício 4, calcule o valor da corrente que entra na impedância de
magnetização Zϕ das figuras abaixo, respectivamente.

𝑅𝑒𝑠𝑝: 0,543𝐴 (𝑎𝑙𝑡𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜) 𝑒 5,43𝐴 (𝑏𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜)


Aspectos de engenharia da análise de
transformadores
Em análises de engenharia, envolvendo o transformador como elemento de circuito,
costuma-se adotar uma entre as diversas formas de aproximação, e não o circuito
completo, para o circuito equivalente estudado.

A aproximação escolhida para um determinado caso depende muito do raciocínio


físico, baseando-se nas ordens de grandeza das variáveis que foram
desconsideradas.

Os circuitos equivalentes aproximados normalmente utilizados nas análise de


transformadores de potência, em frequência constante, estão resumidos para
comparação no próximo slide. Todas as quantidades nesses circuitos são referidas ou
ao primário, ou ao secundário, e o transformador ideal não aparece.
Aspectos de engenharia da análise de
transformadores

Muitas vezes os cálculos podem ser bastante simplificados deslocando-se o ramo


em derivação, que representa a corrente de excitação, desde o meio do circuito T até
os terminais do primário ou secundário.
O ramo em série é a combinação das resistências e das reatâncias de dispersão do
primário e do secundário, referidas ao mesmo lado. Essas formas de circuito
equivalente são referidas como circuitos L.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 6 – Considere o circuito equivalente T da Figura abaixo do transformador de
distribuição, com 50 kVA e 2400:240 V, no qual as impedâncias estão referidas ao lado de alta
tensão.

(a) Desenhe o circuito equivalente L com o ramo em derivação nos terminais de alta tensão.
Calcule e indique numericamente no desenho os valores de Req e Xeq.
(b) Com os terminais de baixa tensão em circuito aberto e 2400 V aplicados aos terminais de alta
tensão, calcule a tensão nos terminais de baixa tensão para cada tipo de circuito equivalente.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 6 – Solução...
Aspectos de engenharia da análise de
transformadores

Se o transformador for de grande porte (diversas centenas de quilovolts-ampères ou


mais), a resistência equivalente Req será pequena, quando comparada com a
reatância equivalente Xeq, e em geral pode ser desconsiderada, resultando o circuito
equivalente representado acima.
Aspectos de engenharia da análise de
transformadores

Portanto, os circuitos acima são suficientemente exatos para a maioria dos problemas
comuns de sistemas de potência, usados em todas as análises, com exceção das
mais detalhadas.

Por fim, em situações onde as correntes e as tensões são determinadas quase


inteiramente por circuitos externos ao transformador, ou quando um alto grau de
exatidão não é exigido, pode-se desprezar por completo a impedância do
transformador e considerá-lo ideal.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 7 – Um transformador de 50 kVA e 2400-240 V, cujos parâmetros estão
dados no Exercício 6, é usado para baixar a tensão no lado da carga de um sistema
alimentador cuja impedância é 0,30 + j1,60 . A tensão Vs no terminal de envio* do
alimentador é 2400 V.
Encontre a tensão nos terminais do secundário do transformador, quando a carga
conectada ao seu secundário consome a corrente nominal do transformador e o fator
de potência da carga é 0,80 atrasado**. Despreze as quedas de tensão, no
transformador e no sistema de alimentação, causadas pelas corrente de excitação.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 8 (LISTA) – Repita o Exercício 7 para uma carga que consome a corrente
nominal do transformador, com um fator de potência de 0,8 adiantado.
Ensaios em Transformadores
Dois ensaios muito simples servem para determinar os parâmetros dos circuitos
equivalentes.

Consistem em medir tensão, corrente e potência na entrada do primário;

primeiro, com o secundário em curto-circuito, e após, com o secundário em


circuito aberto (ou a vazio).

Dessa forma, os ensaios são denominados de ensaio de curto-circuito e ensaio a


vazio.
Ensaios em Transformadores – Ensaio de
curto-circuito
O ensaio de curto-circuito pode ser usado para encontrar a impedância equivalente
em série Req + j Xeq, alimentando o primário do transformador e curto-circuitando o
secundário.

Em um transformador comum, como a impedância em série equivalente é


relativamente baixa, então uma tensão da ordem de 10 a 15% ou menos do valor
nominal, quando aplicada ao primário, resultará na corrente nominal.
Ensaios em Transformadores – Ensaio de
curto-circuito
A impedância equivalente pode ser dada
por:

Como a impedância Zϕ do ramo de excitação é muito maior do que a impedância de


dispersão do secundário, a maior parte da corrente segue para a impedância de
dispersão. Dessa forma, a impedância de curto circuito pode ser resumida para:
Ensaios em Transformadores – Ensaio de
curto-circuito
Normalmente, a instrumentação utilizada nesse ensaio mede, em módulo, os valores
eficazes da tensão aplicada Vcc, da corrente de curto-circuito Icc e da potência
Pcc.

Baseando-se nessas três medidas, a resistência e reatância equivalentes (referidas


ao primário) podem ser obtidas a partir de:

Observe que o ensaio de curto-circuito não fornece informação suficiente para


determinar as impedâncias de fluxo disperso individuais dos enrolamentos primário e
secundário.
Ensaios em Transformadores – Ensaio de
circuito aberto
O ensaio de circuito aberto (ou a vazio) é realizado com o secundário em aberto e
uma tensão aplicada ao primário. Sob essas condições, obtém-se uma corrente de
excitação de alguns poucos por cento da corrente de plena carga (menor nos
grandes transformadores e maior nos pequenos).

Normalmente, a tensão nominal é escolhida de modo a assegurar que o núcleo, e por


consequência a reatância de magnetização, opere em um nível de fluxo próximo
daquele que ocorre em condições normais de operação.
Ensaios em Transformadores – Ensaio de
circuito aberto

A impedância de circuito aberto Zca vista no primário sob essas condições é:


Como a impedância do ramo de excitação é bem elevada, normalmente a queda de tensão na
impedância de dispersão do primário, causada pela corrente de excitação, é desprezível, e a
tensão aplicada ao primário é quase igual à FEM Êca induzida pelo fluxo resultante no núcleo.
Ensaios em Transformadores – Ensaio de
circuito aberto
Do mesmo modo, a perda no primário, causada pela corrente de excitação, é
desprezível. Desse modo, a potência de entrada Pca é quase igual à perda no
núcleo.

Como resultado, é comum ignorar a impedância de dispersão do primário e


aproximar a impedância de circuito aberto como sendo igual à impedância de
magnetização:

Observe que a aproximação feita aqui é equivalente à aproximação feita ao se reduzir

o circuito equivalente T ao equivalente L.


Ensaios em Transformadores – Ensaio de
circuito aberto
Como no ensaio de curto-circuito, a instrumentação típica utilizada nesse ensaio
mede os valores eficazes da tensão aplicada Vca, da corrente de circuito aberto Ica e
da potência Pca.

Desprezando a impedância de dispersão do primário e baseando-se nessas três


medidas, a resistência e a reatância de magnetização (referidas ao primário) podem
ser obtidas a partir de:

O ensaio de circuito aberto pode ser usado para se obter as perdas no núcleo, em
cálculos de rendimento, e para se verificar o módulo da corrente de excitação.
Ensaios em Transformadores
Observações gerais:
- Se um transformador de 100KVA que trabalha a plena carga com um fator de
potencia de 0,7, então, a potencia da carga corresponde a:


- Com os resultados dos ensaios, é possível determinar as perdas nos enrolamentos
(ensaio de curto circuito) e perdas no núcleo (ensaio de circuito aberto).
- Dessa forma, o balanço energético do transformador será:

- Sendo que P núcleo e P enrolamentos são perdas. Sendo assim, o rendimento pode
ser dado por: 
Ensaios em Transformadores
Observações gerais:

- A regulação de tensão de um transformador é definida como a variação de tensão


nos terminais do secundário quando se passa da condição sem carga para carga
total.

É expressa normalmente como uma porcentagem da tensão a plena carga.

𝑉1 − 𝑉2
𝑅𝑒𝑔𝑢𝑙𝑎çã𝑜 = . 100%
𝑉1
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 9 – Com os instrumentos aplicados no lado de alta tensão e o lado de baixa
tensão em curto-circuito, as leituras do ensaio de curto-circuito com o transformador de
50 kVA e 2400:240 V do Exercício 4 são 48 V, 20,8 A e 617 W. Um ensaio de circuito
aberto, com o lado de baixa tensão energizado, fornece as leituras naquele lado de
240 V, 5,41 A e 186 W. Determine o rendimento e a regulação de tensão a plena
carga do transformador com um fator de potência de 0,80 atrasado.
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 10 – Repita o cálculo da regulação de tensão do exercício anterior com uma
carga de 50 kW (carga especificada, fator de potência unitário).
Autotransformadores
O mesmo efeito de transformação sobre tensões, correntes e
impedâncias pode ser obtido em um transformador quando
esses enrolamentos são conectados como mostrado na
imagem ao lado. Essa configuração é denominada de
Autotransformador.

Uma diferença importante entre o transformador de dois enrolamentos e o


autotransformador é que os enrolamentos do transformador de dois enrolamentos
estão eletricamente isolados, ao passo que os do autotransformador estão
conectados diretamente entre si.
Autotransformadores
Exemplo: O transformador de 2400:240 V e 50 kVA do Exemplo 6 é conectado em
forma de autotransformador, na qual ab é o enrolamento de 240 V e bc é o de 2400 V.
(Supõe-se que o enrolamento de 240 V tem isolação suficiente para suportar uma
tensão de 2640 V em relação à terra.)

a. Calcule as tensões nominais VA e VB nos lados de alta e baixa tensão,


respectivamente, do autotransformador.

b. Calcule a especificação nominal em kVA do autotransformador.

c. Dados relativos às perdas são fornecidos no Exercício 6. Calcule o rendimento a


plena carga do autotransformador, operando com uma carga nominal cujo fator de
potência é 0,80 atrasado.
Autotransformadores
a. Calcule as tensões nominais VA e VB nos lados de alta e baixa tensão,
respectivamente, do autotransformador.
240𝑉


Autotransformadores
b. Calcule a especificação nominal em kVA do autotransformador.
50𝐾
𝐼=
A corrente nominal no enrolamento de 240V é de: = 208𝐴
240
50𝐾
A corrente nominal no enrolamento de 2400V é de: 𝐼 = = 20,83𝐴
2400
Dessa forma as correntes no circuito são:

𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑎 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑠𝑎í𝑑𝑎, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠:


2640𝑉
𝑆 = 2640 𝑥 208 = 550𝐾𝑉𝐴
Autotransformadores
c. Dados relativos às perdas são fornecidos no Exercício 6. Calcule o rendimento a
plena carga do autotransformador, operando com uma carga nominal cujo fator de
potência é 0,80 atrasado.
As perdas no Autotransformador são as mesmas para a operação como
transformador, ou seja, 803W conforme exercícios anteriores.
Dessa forma, a potência de saída para o autotransformador a plena carga
com F.P. 0,8 é de: 550KVA.0,8=440KW
Sendo assim, o rendimento pode ser dado por:

440000
𝜂= = 99,82%
440803
Efeito da corrente do secundário;
transformador ideal
Exercício 11 – Um transformador de 450 kVA e 460 V:7,97 kV tem um rendimento de
97,8% quando alimenta uma carga nominal com um fator de potência unitário. Se for
conectado como um autotransformador de 7,97:8,43 kV, calcule as correntes nominais
nos terminais, a potência aparente em kVA e o rendimento quando alimenta uma carga
com fator de potência unitário.
Transformadores em circuitos trifásicos
Três transformadores monofásicos podem ser conectados para formar um banco
trifásico de transformadores. Isso pode ser feito utilizando qualquer uma das quatro
maneiras mostradas abaixo.
Transformadores em circuitos trifásicos
Em vez de três transformadores monofásicos, um banco trifásico pode consistir em
um transformador trifásico tendo os seis enrolamentos em um núcleo comum de
pernas múltiplas e contido em um único tanque.

Em geral, é conveniente realizar os cálculos com base em uma única fase (por fase
Y ou linha-neutro), porque então as impedâncias dos transformadores podem ser
somadas diretamente em série com as impedâncias da linha de transmissão.

As impedâncias das linhas de transmissão podem ser referidas (ou refletidas) de um


lado a outro do banco de transformadores, usando o quadrado da relação ideal de
tensões de linha do banco.
Transformadores em circuitos trifásicos
Ao lidar com bancos  ou , todas as grandezas podem ser referidas ao lado
conectado em Y.

Ao lidar com bancos  em série com linhas de transmissão, convém substituir as


impedâncias conectadas em  do transformador por impedâncias equivalentes
conectadas em Y.

Pode-se mostrar que um circuito equilibrado em delta pode ter suas impedâncias em
estrela.
O sistema por unidade
Os sistemas elétricos de potência consistem geralmente na interconexão de um
grande número de geradores, transformadores, linhas de transmissão e cargas.

As características desses componentes podem variar dentro de uma faixa muito


ampla, com as tensões indo de centenas de volts a centenas de quilovolts e as
potências nominais indo de quilowatts a centenas de megawatts.

As análises de sistemas de potência e mesmo as análises de componentes


individuais de sistemas de potência muitas vezes são executadas na forma conhecida
como por unidade.
O sistema por unidade
Grandezas como tensão V, corrente I, potência P, potência reativa Q, potência
aparente VA, resistência R, reatância X, impedância Z, condutância G, podem ser
transformadas para a forma por unidade como segue:

Assim, em um sistema monofásico, a potência de base (potências total, ativa e reativa)


relaciona-se com a tensão de base e corrente de base segundo

e a impedância de base (complexa, ativa e reativa) relaciona-se com a tensão de base

e corrente de base segundo


O sistema por unidade
Em aplicações comuns, os valores de  e  são escolhidos primeiro e então os
valores de  e de todas as demais grandezas são obtidas com bases nas relações
matemáticas considerando os dois valores bases.

O valor de  deve ser o mesmo em todo o sistema que está sendo analisado.

Se as tensões de base do primário e do secundário forem escolhidas com a mesma


razão que a relação de espiras do transformador ideal, então o transformador ideal por
unidade terá uma relação de espiras unitária e, portanto, poderá ser eliminado.
O sistema por unidade
O procedimento para realizar análises utilizando o sistema por unidade pode ser
resumido como segue:

1. Escolha uma base VA e uma tensão de base em algum ponto do sistema.

2. Converta todas as grandezas para o sistema por unidade na base VA escolhida,


usando uma base de tensão que se transforme de acordo com a relação de espiras
dos transformadores encontrados à medida que se percorre todo o sistema.

3. Realize uma análise elétrica padrão no circuito elétrico resultante com todas as
grandezas no sistema por unidade.

4. Quando a análise estiver completa, todas as grandezas podem ser convertidas de


volta às unidades reais (por exemplo, volts, ampères, watts, etc.) multiplicando seus
valores por unidade pelos valores de base correspondentes.
O sistema por unidade
Exemplo: O circuito equivalente de um transformador de 100 MVA e 7,97 kV:79,7 kV
está mostrado abaixo. Os parâmetros do circuito equivalente são:

Converta os parâmetros do circuito equivalente para a forma por unidade utilizando as


especificações nominais do transformador como base.
O sistema por unidade
𝑉𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 = 100𝑀 𝑉𝐴

𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜: 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 = 7,97𝐾𝑉


2
𝑉 𝑏𝑎𝑠𝑒 7,97𝐾2
𝑅𝑏𝑎𝑠𝑒 = = = 0,635Ω
𝑉𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 100𝑀

𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑎𝑙𝑡𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜: 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 = 79,7𝐾𝑉


2
𝑉 𝑏𝑎𝑠𝑒 79,7𝐾2
𝑅𝑏𝑎𝑠𝑒 = = = 63,5Ω
𝑉𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 100𝑀

𝑑𝑒𝑠𝑒𝑛h𝑎𝑟 𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜, 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑖𝑛𝑑𝑜 𝑎𝑠 𝑖𝑚𝑝𝑒𝑑â𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑛𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒…


0,76𝑚
𝑅𝑏 = = 0,0012𝑝𝑢
0,635
O sistema por unidade

𝐶𝑜𝑚𝑜 𝑎 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 é 1: 1, 𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟 𝑒𝑙𝑖𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜


O sistema por unidade
Exercício 12: A corrente de excitação medida no lado de baixa tensão de um
transformador de 50 kVA e 2400:240 V é 5,41 A. A sua impedância equivalente referida
ao lado de alta tensão é 1,42 + j1,82 . Usando a especificação nominal do
transformador como base, expresse no sistema por unidade e nos lados de alta e
baixa tensão (a) a corrente de excitação e (b) a impedância equivalente.
O sistema por unidade
Exercício 13: Um transformador de 15 kVA e 120:460 V tem uma impedância em série
equivalente de 0,018 + j0,042 por unidade. Calcule a impedância em série equivalente
em ohms (a) referida ao lado de baixa tensão e (b) referida ao lado de alta tensão.
O sistema por unidade
Exercício 14: Usando o software PSIM, produza os resultados dos ensaios de Circuito
Aberto e Curto Circuito e obtenha os parâmetros do circuito equivalente.

Compare os resultados obtidos com os valores de impedâncias indicados no modelo.

 
 


O sistema por unidade – Sistemas Trifásicos
Quando aplicados à análise de sistemas trifásicos, os valores de base do sistema
por unidade são escolhidos de modo que, entre eles, as seguintes relações sejam
verdadeiras em um sistema trifásico equilibrado:

Já para a tensão, é definido como valor base:

A corrente base é definida como:


O sistema por unidade – Sistemas Trifásicos
Finalmente, a impedância da base é definida por:
O sistema por unidade – Sistemas Trifásicos
Observe que os fatores e , que estabelecem as relações entre grandezas  de
volts, ampères e ohms em um sistema trifásico equilibrado, surgem automaticamente
no sistema por unidade a partir dos valores de base.

Assim, os problemas trifásicos podem ser resolvidos no sistema por unidade, como se
fossem problemas monofásicos, e os detalhes do transformador (Y versus  no
primário e secundário do transformador) e as conexões de impedância (Y versus  )
desaparecem.
Conversão de base
Muitas vezes, os fabricantes fornecem os parâmetros de um dispositivo utilizando o
sistema por unidade e baseando-se no próprio dispositivo.

Entretanto, quando diversos dispositivos estiverem envolvidos, deve-se fazer,


normalmente, uma escolha arbitrária de potência em volts-ampères passando a usar
esse valor em todo o sistema.

Como resultado, ao realizar uma análise do sistema, pode ser necessário transformar
os parâmetros por unidade fornecidos pelo fabricante nos valores por unidade
correspondentes à base escolhida para a análise.
Conversão de base
As seguintes relações podem ser utilizadas para converter valores por unidade (pu) de
uma base para outra:
O sistema por unidade
Exercício 15: Uma carga trifásica é alimentada a partir de um transformador de 2,4 kV:
460V e 250 kVA cuja impedância equivalente em série é 0,026 + j0,12 por unidade, em
sua própria base. Observa-se que a tensão de carga é 438 V de linha e está
consumindo 95 kW com um fator de potência unitário. Calcule a tensão no lado de alta
tensão do transformador. Faça os cálculos tomando como bases 460 V e 100 kVA.

Note que há duas bases diferentes envolvidas no problema. Os valores de


impedância foram dados na base do transformador, mas o problema
determina uma outra potencia base.
Dessa forma, será calculada a impedância base para as duas referências...
O sistema por unidade
A impedância do transformador na nova base é dada por:
A tensão de carga por unidade é dada por:
A potência na carga em pu é dada por:
Assim, a corrente de carga em pu (que está em fase com a tensão) é dada
por:
O sistema por unidade
Dessa forma, pode-se obter a tensão na alimentação do Trafo.
Que em valores absolutos, pode ser obtida como:
O sistema por unidade
Exercício 16: Repita o Exercício 15 se o transformador trifásico de 250 kVA for
substituído por um transformador de 150 kVA com especificação nominal também de
2,4 kV:460V e cuja impedância equivalente em série é 0,038 + j0,135 por unidade, em
sua própria base. Faça os cálculos tomando como bases 460 V e 100 kVA.
O sistema por unidade
Exercício 17:
O sistema por unidade
Exercício 17:
O sistema por unidade
Exercício 18:
O sistema por unidade
Exercício 19:
O sistema por unidade
Exercício 20:
O sistema por unidade
Exercício 20:

Você também pode gostar