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RESUMO
As relações entre empregador e empregado no âmbito da Propriedade
Industrial, atualmente, estão subordinadas ao julgamento pela
Justiça Especializada do Trabalho. As consequências práticas das
invenções estão sofrendo adaptações durante o tempo desta nova
visão jurídica. É importante avaliar os reflexos da utilização das
invenções de funcionários pelas empresas e a forma que a doutrina
e a jurisprudência estão enfrentando estas questões. O presente
artigo tem por base analisar a atribuição de caráter indenizatório às
criações de funcionários em completa contradição à legislação da
Propriedade Industrial.
Palavras-chave: Invenção. Patente. Contrato de Trabalho.
Competência.
ABSTRACT
The relations between employer and employee regarding Intellectual
Property are currently dependent to the judgment of the Specialized
Labor Courts. During the validity of this legal view, the practical
consequences of the inventions are undergoing adaptations. It’s
important to assess the reflexes of the use of the employees inventions
by the firm, as well as the way the doctrine and jurisprudence are
facing this matters. This article has as it’s main proposition to analyze
the attribution of indemnitory dispositions to the employees inventions
in complete disagreement to Intellectual Property Law.
Keywords: Invention. Patent. Work Contract. Jurisdiction.
*
Advogado. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Pós-
graduando em Direito da Propriedade Intelectual pela Faculdade de Desenvolvimento do Rio
Grande do Sul – FADERGS. Endereço eletrônico: ranzolin@mariodealmeida.com.br.
**
Artigo científico de final de módulo realizado sob a orientação da Prof.ª Me. Fernanda Borghetti
Cantali, Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS
e Professora de Direito Empresarial do Centro Universitário Metodista do IPA, Professora de
Direito da Propriedade Intelectual na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS e na
Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul – FADERGS. Advogada em Porto Alegre.
Endereço eletrônico: fernandaborghetti@hotmail.com.
1 INTRODUÇÃO
2 A INVENÇÃO E A PATENTE
deve ser muito claro para evitar confusões na hora do empregador exigir e do
funcionário se eximir das suas obrigações.
Tão importante quanto à definição são os efeitos de um contrato.
Eles avaliam as consequências existentes e até mesmo as não claramente
explicitadas.
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O direito de autor compreende, assim, além dos direitos morais de ter reconhecida sua autoria,
e de ter seu nome vinculado, como inventor, à patente (vide CUP, art. 4 ter):
a)a pretensão patrimonial de exigir a prestação estatal de exame,
b)a liberdade, aqui também de conteúdo econômico, de utilizar o invento,
c)o direito de ceder o invento, repassando a terceiros tanto a pretensão à patente quanto a
possibilidade de explorar a solução técnica,
d)o poder jurídico de manter sua invenção em segredo, correlativamente ao direito de manter sua
criação em inédito, do autor literário.
BARBOSA, Denis Borges. O inventor e o Titular da Patente e Invenção.< http://denisbarbosa.addr.
com/113.rtf> acesso em 01/07/201 4.
5
LIMA, João Ademar de Andrade, Titularidade do Direito de Propriedade Industrial, publicado no
Blog de Direito da Propriedade Intel ectual. http://joaoademar.wordpress.com/titulari dade-do-di
reito-de-propriedadeindustrial/ acessado em 15/01/2014
Este julgado merece uma análise mais detalhada, pois trata com
profundidade de todos os tópicos de entendimento do Judiciário e legislação
sobre do tema anteriores à alteração da competência jurisdicional antes
anunciada. Sob a égide da anterior legislação sobre propriedade industrial, mais
especificamente o artigo 42 da lei 5.772/7111, o Ministro Relator afirma que,
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BRASIL. Tribunal Superior de Justiça. Recurso Especial nº REsp 195759 / PR1998/0086570-
5. Recorrente EDEMILSON PERES PENHA. Recorrido PLASTIPAR INDÚSTRIA E COMÉRCIO
LTDA. Ministro CARLOS ALBERTO M ENEZES DIREITO. Julgado em 11 de abril de 2000,
pesquisado em 27/06/2014.
11
Art. 42. Salvo expressa estipulação em contrário, o invento ou aperfeiçoamento realizado pelo
empregado ou pelo prestador de serviços não compreendido no disposto no artigo 40, quando
decorrer de sua contribuição pessoal e também de recursos, dados, meios, materiais, instalações
ou equipamentos do empregador, será de propriedade comum, em partes iguais, garantido ao
empregador o direito exclusivo da licença de exploração, assegurada ao empregado ou prestador
de serviços a remuneração que for fixada.
§ 1º A exploração do objeto da patente deverá ser iniciada pelo empregador dentro do prazo de
um ano, a contar da data da expedição da patente, sob pena de passar à exclusiva propriedade
do empregador ou do prestador de serviços o invento ou o aperfeiçoamento.
§ 2º O empregador poderá ainda requerer privilégio no estrangeiro, desde que assegurada ao
empregado ou prestador de serviços a remuneração que for fixada.
§ 3º Na falta de acôrdo para iniciar a exploração da patente, ou no curso dessa exploração,
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BRASIL. Emenda Constitucional nº45, de 30 de dezembro de 2004. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivi l_03/constitui cao/Emendas/Emc/emc45.htm>. A cessado em 29/06/2014
O que vale crer que os aspectos que favorecem a análise das questões
trabalhistas podem ser efetivados com o princípio do mais benéfico ao
empregado. Tem-se como exemplo a questão da prescrição que não seria
estabelecida na legislação trabalhista, mas sim a do direito comum.
Enquanto os Tribunais analisam a competência para julgar os temas da
Propriedade Industrial decorrentes dos contratos de trabalho, os empregadores
e empregados ajustam sua forma de remuneração em caso de invenção de
produtos para aplicação na empresa. A fórmula para esta remuneração ainda
é obscura.
Os empresários têm se preocupado com mais afinco com as criações
ou invenções19 que podem ou devem ser levadas a registro junto ao INPI,
mais especificamente patentes de invenção, modelos de utilidade, desenhos
industriais e marcas20. Porém, fica mais do que evidente que a preocupação
extrapola essas limitações.
A criação não se limita aos inventos registráveis junto ao INPI, mas de
uma forma muito mais ampla, a toda e qualquer criação e sugestão que um
empregado com contrato de trabalho simples e sem cláusulas objetivas levar a
efeito ao seu empregador.
Por óbvio, até sugestões básicas de melhorias simples e que possam
trazer qualquer tipo de benefício ao seu empregador são caracterizadas como
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Art.8º É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva
e aplicação industrial. Art.9º É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático,
ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição,
envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
Art. 95. Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto
ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado
visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação
industrial. Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente
perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. BRASIL. Lei 9.279 de 14 de maio de
1996. Regula os direitos relativos a propriedade industrial.< http://www .planalto.gov.br/ccivi l_03/
lei s/l9279.htm> acesso em 29/06/2014
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Todo o descobrimento, invenção ou aperfeiçoamento nas ciências, nas indústrias ou nas artes;
os novos aparelhos, novos equipamentos mecânicos ou manuais; a descoberta de novos produtos
industriais ou a aplicação nova de meios desconhecidos, porém com fim de obter melhores
resultados. SOARES, José Carlos Tinoco. Comentários a Lei de patentes, marcas e direitos
conexos: Lei 9279-14.05.1996; São Paulo; Editora Revista dos Tribunais; 1 997;pg 30.
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BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. 8ª Turma. Agravo de Instrumento de Recurso de
Revista. PROCESSO Nº TST-A IRR-1 48140-98.2005.5.1 7.0002,Agravante V ale S/A, A gravado
Hélio Ferrei ra da Costa, julgado em 26 de outubro de 2011, publicado em 28/10/2011
7 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6. ed. rev. e ampl. São
Paulo: LTr, 2010.
SOARES, José Carlos Tinoco. Regime das patentes e royalties: causas de nosso
subdesenvolvimento; patentes nulas, royalty indevido, know how superado.