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Interpolação Polinomial

1 - Introdução
Interpolar uma certa tabela de valores significa obter os valores de
para valores de não tabelados. O processo de interpolação consiste em
encontrar um polinômio interpolador que forneça os pontos tabelados.
Desta forma:

Podemos então obter o valor da função para um certo valor de x* não tabelado
através da aproximação
.
Nem sempre é mais vantajoso recorrer à interpolação para descobrir valores
de que não estão tabelados:
 Quando se quer obter valores de para um fora dos limites da tabela,
ou seja, extrapolar;
 Valores tabelados que possuem erro considerável. Neste caso, não faz
sentido traçar um polinômio que interpole exatamente esses pontos. O
melhor é procurar uma função que melhor se ajuste aos pontos dados, pois
o ajuste traduz o comportamento médio;
 Para um conjunto com muitos elementos (mais de 100 pares , por exemplo)
a aproximação dos pontos não tabelados por interpolação pode ocupar
muita memória ou tempo de processamento .Em casos como este, é mais
vantajoso recorrer ao ajustamento .
Em casos como estes é mais conveniente recorrer a outro método.

2 - Formas de obtenção do polinômio interpolador

2.1 - Resolução de sistema linear


Seja a tabela de valores

...
...

Podemos obter um polinômio de grau menor ou igual a que origina os


pontos tabelados da seguinte forma:

Substituindo os valores de fornecidos em :


Lembrando que para os pontos tabelados , podemos montar o


seguinte sistema por :

Este sistema é linear em relação aos parâmetros . Resolvendo este


sistema encontramos os parâmetros do polinômio .
Nem sempre este sistema é de fácil resolução, pois a matriz dos coeficientes é
uma matriz de Vandermonde, logo é mal condicionada. Facilmente
percebemos que esta não é a melhor forma de obtenção de .

2.2 - Forma de Lagrange


Constitui na determinação do polinômio interpolador através dos
polinômios de Lagrange, que são funções definidas por:

O polinômio interpolador é obtido da seguinte forma:

Exemplo 1
Dada a tabela de pontos :

quer-se obter .
Encontramos os polinômios de Lagrange:

E então encontramos , que é o polinômio de grau 3 que interpola os


pontos tabelados.

2.3 – Forma de Newton


Consiste na determinação do polinômio interpolador através do cálculo
das diferenças divididas.
O polinômio de grau será:

onde são as difernças divididas de ordem 0 , 1 , 2 , ... ,

As diferenças divididas são obtidas da seguinte forma:

Ordem 0 Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3 ... Ordem


...

...

... ...

Onde :

diferença dividida de ordem zero

diferença dividida de ordem 1

diferença dividida de ordem 2

diferença dividida de ordem 3

E a diferença dividida de ordem é definida como :

Exemplo 2

Dada a tabela de pontos

Queremos obter usando diferenças divididas.

Inicialmente devemos calcular as diferenças divididas através da tabela:


Ordem 0 Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3

x0

x1

x2

x3

Assim:

Exemplo 3

Seja tabelada abaixo:

-1 0 1 2 3

1 1 0 -1 -2

Queremos obter uma aproximação do valor de f(0.5) através de um polinômio


interpolador de grau 4.

Desta forma, teremos a seguinte tabela de diferenças divididas:


Ordem 0 = f(x) Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3 Ordem 4

-1 1( )

0( )

0 1
( )

-1
( )

1 0 0
( )

-1 0

2 -1 0

-1

3 -2

Cálculo detalhado das diferenças divididas:

Diferenças divididas de ordem 1:

Diferenças divididas de ordem 2:


Diferenças divididas de ordem 3:

Diferença dividida de ordem 4:

Podemos determinar pois:

Aproximamos , então , por . Assim:

Exemplo 4

Seja a mesma tabela do exemplo 3. Queremos, agora, obter uma aproximção


de por meio de um polinômio interpolador de grau 2.
Para obter um polinômio interpolador de grau 2,basta tomarmos 3 pontos da
tabela. Escolheremos os pontos (-1;1) , (0;1) e (1;0), pois são os pontos cujos
valores de abcissa mais se aproximam de 0.5.

Desta forma, teremos a seguinte tabela de diferenças divididas:

Ordem 0 = f(x) Ordem 1 Ordem 2

-1 1( )

0( )

0 1
( )

-1

1 0

Podemos determinar

Aproximamos , então , por . Assim:

Observação:

 Na escolha dos pontos , poderíamos também escolher (0,1) , (1,0) e (2 ,-1) .


Entretanto, excepcionalmente no caso desta tabela, não conseguiríamos
obter um polinômio interpolador de grau 2 a partir destes pontos. Veja:

Ordem 0 = f(x) Ordem 1 Ordem2


0 1( )

-1 ( )

1 0 0( )

-1

2 -1

Sendo :

 Quando o exercício pede para escolhermos o grau do polinômio


interpolado, devemos construir a tabela de diferenças divididas a partir dos
pontos tabelados e verificar em que ordem as diferenças divididas se
aproximam de 0 (zero). Verificada esta ordem, poderemos concluir que a
ordem anterior deverá ser escolhida como ordem do polinômio
interpolador.

2.4) Interpolação inversa

Dada uma tabela de valores (x , f(x)), podemos também obter valores de x


correspondentes a valores de f(x) não tabelados através da interpolação
inversa.

Exemplo 5

Seja f(x) tabelada abaixo :

x 1 2 3 5

f(x) 0 0.6931 1.0986 1.6094


Queremos encontrar o valor de x tal que f(x) = 1.3863, por meio de um
polinômio interpolador de grau 3 .

Utilizando o método de Newton, podemos construir a tabela de diferenças


divididas de forma invertida:
f(x) Ordem 0 = x Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3

0 1 = d0

1.4428 = d1

0.6931 2 0.9315 = d2

2.4661 0.4040 = d3

1.0986 3 1.5817

3.9154

1.6094 5

Desta forma:

Fazemos a aproximação :

2.5) Análise do erro em interpolação

Existem várias fórmulas para analisar o erro cometido quando aproximamos


uma função tabelada através de um polinômio interpolador. Em geral , são
expressões bastante complicadas, cuja dedução é, muitas vezes, complexa.
Muitas destas fórmulas só tem importância teórica (sendo quase que
impossível utilizá-las em programação numérica) e podem ser aplicadas
quando conhecemos a função tabelada.

A fórmula que será apresentada abaixo é simples e não traduz o valor exato
do erro. É chamada de limitante para o erro, pois a partir desta fórmula
podemos calcular o máximo valor do erro cometido a partir da interpolação.

Exemplo 6

Queremos calcular o erro cometido no exemplo 4 quando aproximamos f(0.5)


através de um polinômio interpolador de grau 2.

Assim:

2.6) Resolução e análise de alguns exercícios


(Livro Texto: Cálculo Numérico - Aspectos Teóricos e Computacionais)

Exercício 10 (pág. 258)


Seja a tabela:

x 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40

f(x) 0.12 0.16 0.19 0.22 0.25 0.27

Usando um polinômio interpolador de grau 2, trabalhe de dois modos


diferentes para obter o valor estimado de x para o qual f(x) = 0.23. Dê uma
estimativa do erro cometido em cada caso, se possível.

Primeiro Método: interpolação inversa


Inicialmente construiremos a tabela de diferenças divididas de forma
invertida:

f(x) Ordem 0 Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3 Ordem 4 Ordem5

0.12 0.15

1.25

0.16 0.20 5.957

1.667 -59.57

0.19 0.25 0 458.231

1.667 0 9571.673

0.22 0.30 0 1893.982

1.667 208.338

0.25 0.35 16.667

2.5

0.27 0.40

Para obter um polinômio interpolador de grau 2, precisamos escolher 3 pontos


da tabela. Escolheremos os pontos mais próximos do ponto que estamos
analisando (0.23). Trabalharemos com os pontos 0.22 , 0.25 e 0.27.

Desta forma:

f(x) Ordem 0 Ordem 1 Ordem 2

0.22 0.30

1.667

0.25 0.35 16.667

2.5

0.27 0.40
d0 = 0.30

d1 = 1.667

d2 = 16.667

Aproximamos x tal que f(x) = 0.23 por p2(0.23):

Através deste método, podemos calcular o limitante para o erro:

Segundo Método: interpolação direta

Inicialmente construímos a tabela de diferenças divididas de forma direta:

x Ordem 0 Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3 Ordem 4 Ordem5

0.15 0.12

0.8

0.20 0.16 -2

0.6 13.333

0.25 0.19 0 -66.665

0.6 0 0

0.30 0.22 0 -66.665

0.6 -13.333
0.35 0.25 -2

0.4

0.40 0.27

Trabalharemos com os mesmos pontos escolhidos anteriormente:

x Ordem 0 Ordem 1 Ordem 2

0.30 0.22

0.6

0.35 0.25 -2

0.4

0.40 0.27

d0 = 0.22

d1 = 0.6

d2 = -2

Aproximamos f(x) por p2(x), logo, o que queremos saber é o valor de x para o
qual p2(x) = 0.23. Desta forma:

Esta é uma equação do segundo grau que possui a seguinte solução:


Observando a tabela, percebemos que o valor de x para o qual f(x) = 0.23
deverá pertencer ao intervalo (0.30 ; 0.35 ). Logo, a solução conveniente será

Por este método, não conseguimos estimar o erro cometido.

Observação: Se tivéssemos escolhido trabalhar com os pontos (0.25 ;0.19) ,


(0.30 ; 0.22) e (0.35 ;0.25), não conseguiríamos obter um polinômio
interpolador de grau 2, visto que d2 (diferença dividida de ordem 2 ) seria nula.

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