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Escola de Economia de São Paulo Álgebra Linear

Graduação em Economia 2º Semestre - 2022


Professora: Verônica Orellano Monitores: Gabriel Natthan e Georges Andraus

Lista de Exercícios 3: Resolução


As respostas estão indicadas em rosa. Alguns comentários úteis estão em azul.

• Seção 4.8, Exercício 13 (Rorres)


A intenção desse exercício é verificar condições de independência linear entre as linhas da
matriz. Lembre de que o posto de uma matriz indica o número de linhas linearmente indepen-
dentes.
A matriz dada no exercício é a matriz:
 
1 0 0
0 r − 2 2 
 
0 s − 1 r + 2
0 0 3

Note, como a primeira entrada da primeira linha e a terceira entrada da quarta linha são
não nulas, então a primeira e a quarta linha representam vetores linearmente independentes,
ou seja, não conseguimos escrever uma linha como múltipla da outra. Isso faz com que seja
impossível que o posto da matriz seja 1. O posto será 2 caso seja possível escrever a segunda
e terceira linhas como combinação linear das demais. Note que essas linhas todas possuem
primeira entrada nula. Assim, a combinação linear mencionada independerá da primeira linha.
Dessa forma, para que as linhas 2 e 3 sejam múltiplas da última, é preciso que a segunda entrada
dessas linhas também sejam iguais a zero. Assim, segue de imediato:
(
r−2=0→r =2
s−1=0→s=1

Portanto, sob as condições acima, a matriz será igual a:


 
1 0 0
0 0 2
 
0 0 4
0 0 3

Dessa forma, fazendo a eliminação gaussiana, a forma escalonada reduzida por linhas será igual
a:
 
1 0 0
0 0 1
 
0 0 0
0 0 0
Há dois pivôs, que ocorrem nas colunas 1 e 4. Portanto, sob r = 2 e s = 1, pos(A) = 2. Sob
outras condições, é possível que pos(A) > 2, mas é impossível que pos(A) = 1.
Álgebra Linear: Lista 3

• Seção 4.10, Exercício 7 (Rorres)


Nesse exercício, o objetivo é representar as matrizes canônicas de transformações vetoriais no
R3 , além de compreender a sequência da composição de transformações, conhecendo a ordem
do produto dessas matrizes.

É importante notar sobre a ordem da composição das transformações. Sendo a primeira


transformação T1 : R3 → R3 dada por A1 e a segunda T2 : R3 → R3 dada por A2 , a sua com-
posição é representada por T12 : R3 → R3 dada por A = A2 · A1 . Isso ocorre porque operamos
T2 (T1 (⃗v )), que é representada por A2 · (A1 ·⃗v ). Da associatividade do produto matricial, temos
A2 · (A1 · ⃗v ) = (A2 · A1 ) · ⃗v .

a) Começamos representando a reflexão de vetores em R3 no plaxo yz. Essa transformação


inverte o componente em x e mantém inalterados os componentes em y e z e é representada
pela matriz canônica:
 
−1 0 0
A1 =  0 1 0 
0 0 1
Em seguida, construímos uma projeção ortogonal do vetor resultante sobre o plano xz.
Uma transformação desse tipo zera o componente em y, porém inaltera os componentes
em x e em z. Assim, sua matriz canônica é a matriz:
 
1 0 0
A2 = 0 0 0
0 0 1
Assim, nos resta que a matriz canônica da composição das transformações é:
     
1 0 0 −1 0 0 −1 0 0
A2 · A1 = 0 0 0 ·  0 1 0 =  0 0 0
0 0 1 0 0 1 0 0 1
b) Começamos representando a rotação mencionada sobre o eixo y:

 √ √ 
cos(45◦ ) 0 sen(45◦ )
  
cos(θ) 0 sen(θ) 2/2 0 2/2
A1 =  0 1 0  =  0 1 0  = 
√0 1 √0 
−sen(θ) 0 cos(θ) ◦ ◦
−sen(45 ) 0 cos(45 ) − 2/2 0 2/2

Uma dilatação de fator 2 é dada pela matriz canônica:
√ 
2 √0 0
A2 =  0 2 √0 
0 0 2
Fazendo a composição, chegamos em:
√  √ √   
2 √0 0 2/2 0 2/2 1 √0 1
A2 · A1 =  0 2 √0  ·  √0 1 √0  =  0 2 0
0 0 2 − 2/2 0 2/2 −1 0 1

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Álgebra Linear: Lista 3

c) Aqui, a operação é análoga à feita no item (a), porém, atentando aos planos nos quais
são feitas a reflexão e a projeção ortogonal, e à ordem das operações. Uma projeção no
plano xy é dada pela matriz:
 
1 0 0
A1 = 0 1 0
0 0 0
Em seguida, fazemos uma reflexão no plano yz, através da matriz:
 
−1 0 0
A2 =  0 1 0 
0 0 1
A composição das transformações é dada pela matriz:
     
−1 0 0 1 0 0 −1 0 0
A2 · A1 =  0 1 0 · 0 1 0 =  0 1 0
0 0 1 0 0 0 0 0 0

• Seção 5.2, Exercício 23 (Rorres)


O exercício busca verificar a capacidade do aluno em verificar se uma matriz é diagonalizável
a partir de seus autovalores e autovetores e, em seguida, encontrar a matriz que a diagonaliza.
Em seguida, é possível usar esse fato para encontrar sua potências.

Começamos encontrando os autovalores da matriz A, por meio das soluções da equação poli-
nomial:

−1 − λ 7 −1
det(A − λI) = 0 → 0 1−λ 0 =0
0 15 −2 − λ

−λ3 − 2λ2 + λ + 2 = 0 → (λ + 2)(1 − λ2 ) = 0 → (λ + 2)(1 − λ)(1 + λ) = 0

Assim, os autovalores da matriz A são λ1 = −2, λ2 = −1 e λ3 = 1. Sabemos que, como os três


autovalores são distintos, seus autovetores serão linearmente independentes, ou seja, a matriz
é diagonalizável. Para diagonalizá-la, precisamos encontrar, então, seus autovetores.

i) Autovetores associados ao autovalor λ1 = −2:

Queremos encontrar v tal que Av = λ1 v, ou seja, as soluções do sistema linear homogêneo


(A − λ1 I)v=0. Olhando para a matriz aumentada de (A − λ1 I):
 
1 7 −1 0
0 3 0 0 . Fazendo L3 ← L3 − 3 · L2 , temos:
0 15 0 0
 
1 7 −1 0
0 3 0 0
0 0 0 0

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Álgebra Linear: Lista 3

Então, representamos o sistema como:


    
1 7 −1 v1 0
0 3 0  v2  = 0
0 0 0 v3 0
Assim, v2 = 0. v3 assume um valor livre, por exemplo, um parâmetro t. Assim, da
primeiro linha, ficamos com 1 · v1 + 7 · v2 − 1 · v3 = 0. Logo, v1 = t. Assim, o autoespaço é
dado pelos vetores (t, 0, t), ∀t ∈ R. Um vetor desse autoespaço (um autovetor) é (1, 0, 1).
Evidentemente, ele não é o único autovetor do espaço, qualquer múltiplo dele também
será autovetor.

ii) Autovetores associados ao autovalor λ2 = −1:

Analogamente, encontramos os vetores do autoespaço. Repetindo o procedimento, en-


contramos os vetores (t, 0, 0), ∀t ∈ R, com um deles sendo o autovetor (1, 0, 0).

iii) Autovetores associados ao autovalor λ3 = 1:

Por fim, encontramos os vetores do autoespaço associado ao autovalor λ3 = 1. Repetindo


o procedimento, encontramos os vetores (t, t, 5t), ∀t ∈ R, com um deles sendo o autovetor
(1/5, 1/5, 1).

Dessa forma, uma matriz que diagonaliza a matriz A é a matriz de autovetores:


 
1 1 1/5
P = 0 0 1/5
1 0 1

Ou seja, fazendo P AP −1 , chegamos na matriz diagonal D de autovetores correspondentes:


 
−2 0 0
D =  0 −1 0
0 0 1

Dessa forma, como D = P −1 AP , então A = P DP −1 . Por fim:

A11 = (P DP −1 )11 = P D11 P −1

Dessa forma, sabendo que a inversa de P (não é necessário calcular manualmente) é:


 
0 −5 1
P −1 = 1 4 −1 ,
0 5 0

e que a potência de D é trivial por propriedades da matriz triangular, temos:

(−2)11
   
0 0 −2048 0 0
D11 = 0 (−1)11 0  =  0 −1 0 .
0 0 111 0 0 1

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Álgebra Linear: Lista 3

Portanto:

     
1 1 1/5 −2048 0 0 0 −5 1
A11 = P D11 P −1 = 0 0 1/5 ·  0 −1 0 · 1 4 −1
1 0 1 0 0 1 0 5 0
   
−2048 −1 1/5 0 −5 1
= 0 0 1/5 · 1 4 −1
−2048 0 1 0 5 0
 
−1 10237 −2047
= 0
 1 0 
0 10245 −2048

• Questão 8 - Tem-se uma transformação linear T : R2 → R3 . Sabe-se que T (−1, 1) =


(1, 2, 3) e T (2, 3) = (1, 1, 1). Encontre a matriz A ∈ M(3 × 2) de T relativamente às
bases canônicas de R2 e R3 .
Com essa questão, o objetivo é verificar se o aluno consegue relacionar as transformações dos
vetores da base canônica à matriz canônica da transformação linear, aplicando algumas pro-
priedades das transformações lineares.

Seja e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1). Sabemos, da linearidade das transformações, que:


(
T (−1, 1) = −1T (e1 ) + 1T (e2 )
T (2, 3) = 2T (e1 ) + 3T (e2 )

A partir das equações acima, chegamos em:


(
T (e1 ) = (T (2, 3) − 3T (−1, 1))/5
T (e2 ) = (2T (−1, 1) + T (2, 3))/5,

ou seja,
(
T (e1 ) = ((1, 1, 1) − 3(1, 2, 3))/5 = − 52 , −1, − 58


T (e2 ) = (2(1, 2, 3) + (1, 1, 1))/5 = 35 , 1, 75




Por definição, a matriz canônica pode ser escrita como a matriz cujas colunas são as transfor-
madas dos vetores da base canônica. Portanto:
 2 3

−5 5
A = −1
 1
− 58 7
5

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Álgebra Linear: Lista 3

 
0 1
• Questão 14 - (ANPEC 2006) Seja A = . Avalie as afirmativas abaixo:
1 0
a) Os autovalores de A são 1 e -1.
b) O vetor (1, 1) é autovetor associado ao autovalor 1 e o vetor (−1, 1) é o autovetor
associado ao autovalor -1.
c) Seja I a matriz identidade de ordem 2. As matrizes A−I e A+I são inversíveis.
d) Qualquer vetor (x, y) é combinação linear dos autovetores de A.

O exercício busca verificar a intuição sobre os conceitos de autovalor e autovetor. Em par-


ticular, os itens c e d podem ser verificados, conforme resolução, apenas com a definição de
autovalor, autovetor, e suas propriedades.

Obtemos os autovalores da matriz resolvendo a equação polinomial:

−λ 1
det(A − λI) = 0 → = 0 → λ2 − 1 = 0 → (λ + 1)(λ − 1) = 0
1 −λ

Portanto, os autovalores são iguais a λ1 = −1 e λ2 = 1. Portanto, a afirmativa a é verdadeira.


Além disso, sabemos que, de dois autovalores diferentes, surgem autovetores correspondentes
linearmente independentes. Dessa forma, os autovetores associados a λ1 e λ2 , respectivamente,
são linearmente independentes, formando assim uma base do R2 . Logo, a afirmativa d também
é verdadeira.

A afirmativa c também segue trivialmente da definição de autovalor. Como um autovalor λ


é tal que det(A − λI) = 0, então, como os autovalores são iguais a λ1 = −1 e λ2 = 1, logo,
det(A − I) = det(A + I) = 0. Assim, as matrizes A − I e A + I não são inversíveis. O item c
é falso.

Resolvendo os sistemas (A − I)w = 0 e (A + I)w = 0, obtemos os autoespaços associados


aos autovalores λ2 e λ1 , respectivamente. Por meio do escalonamento, chegamos nas soluções
w1 = (t, −t), ∀t ∈ R e w2 = (t, t), ∀t ∈ R. Portanto, os autovetores (-1,1) e (1,1) são autove-
tores associados, respectivamente, a λ1 e λ2 . Assim, o item b é verdadeiro.

VVFV.

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