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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Geometria Analítica e Álgebra Linear


Aula 32 - Professor: Luiz Otávio

Conteúdo a ser estudado: Diagonalização de Matrizes


Definição: Se A e B forem matrizes quadradas, dizemos que B é semelhante a A
se existir alguma matriz inversível P tal que B = P −1 AP .
Observe que se A é semelhante a B, então B é semelhante A. Matrizes semelhan-
tes possuem propriedades em comum, como o valor do determinante, por exemplo.
A definição de semelhança pode ser utilizada para definir quando uma matriz é dia-
gonalizável como segue:

Definição: Dizemos que uma matriz quadrada A é diagonalizável se ela for seme-
lhante a alguma matriz diagonal D, ou seja, se existir alguma matriz invertível P tal
que D = P −1 AP é diagonal. Nesse caso, dizemos que P diagonaliza A.
O Teorema a seguir estabelece um critério para identificar se uma matriz A é di-
agonalizável e relaciona esta definição os conceitos de autovalores e autovetores da
aula passada.

Teorema: Seja A uma matriz quadrada de ordem n × n. Dizemos que A é diagona-


lizável se, e somente se, A possui n autovetores linearmente independentes.
Demonstração:
Suponha que A é uma matriz diagonalizável. Então existe uma matriz diagonal D
tal que D = P −1 AP para alguma matriz inversível P , ou seja, AP = P D. Supondo que
P = [p1 p2 ...pn ], onde p1 , p2 , . . . , pn denotam as colunas de P e que D possui entradas
λ1 , λ2 , . . . , λn na diagonal, então A[p1 p2 · · · p3 ] = [p1 p2 · · · p3 ]D. Esta igualdade pode
ser reescrita da forma: [Ap1 Ap2 · · · Apn ] = [λ1 p1 λ2 p2 ... λn pn ]. Portanto, Ap1 = λ1 p1 ,
Ap2 = λ2 p2 , . . . , Apn = λn pn . Assim, p1 , p2 , . . . , pn são autovetores da matriz A. Além
disso, como são colunas de uma matriz inversível, então são linearmente indepen-
dentes.
Reciprocamente, supondo que A tenha n autovetores linearmente independentes
p1 , p2 , . . . , pn com autovalores associados λ1 , λ2 , . . . , λn . Escrevendo P = [p1 p2 · · · pn ]
e denotando por D a matriz diagonal cujas entradas nas diagonais são os números
λ1 , λ2 , . . . , λn sucessivos, obtemos AP = P D e, como as colunas são linearmente
independentes, então P é inversível e D = P −1 AP , ou seja, P é diagonalizável.

Como diagonalizar uma matriz


Diagonalizar uma matriz A significa encontrar uma matriz inversível P e uma matriz
diagonal D tais que D = P −1 AP . Para obter P , basta encontrar n autovetores line-
armente de A. Isto pode ser feito através dos autovetores p1 p2 ...pn de A, que formam
bases para os autoespaços de A. Em seguida, podemos encontrar os autovalores
λ1 , λ2 , ..., λn associados e montar a matriz D, colocando-os na diagonal, seguindo a
mesma ordem que os autovetores associados.
 
1 0 1
Exemplo 1: Diagonalize a matriz  0 2 0 .
1 0 1
1−λ 0 1

Fazendo p(λ) = 0, temos 0 2−λ 0 = 0, ou seja,

1 0 1−λ
(1 − λ)2 (2 − λ) − (2 − λ) = 0
[(1 − λ)2 − 1](2 − λ) = 0
[1 − 2λ + λ2 − 1](2 − λ) = 0
[−2λ + λ2 ](2 − λ) = 0
[λ(−2 + λ)](2 − λ) = 0
As raízes desta equação λ1 = 0 e λ2 = 2.

Para
 λ1 = 0, temos:    
1 − (0) 0 1 x 0
 0 2 − (0) 0   y = 0 
 
 1 0 1 − (0) z 0
 x + z = 0
2y = 0
x+z =0

  
 x 
O conjunto de autovetores (autoespaço) é  0  , x ∈ R .
−x
 
 
1
Podemos então utilizar uma base que é formada pelo autovetor p1 =  0 .
−1
Para
 λ2 = 2, temos:     
1−2 0 1 x 0
 0 2−2 0   y = 0 
 
 1 0 1−2 z 0
 −x + z = 0
0=0
x−z =0

  
 x 
O conjunto de autovetores (autoespaço) é  y , x, y ∈ R

x
 
 
1
Podemos então utilizar uma base formada pelos autovetores p2 =  0  e p3 =
  1
0
 1 .
0
Assim,
 é possível
 obter duas matrizes
 que diagonalizam
 A:
0 0 0 1 1 0
D= 0 2 0  P = 0 0 1 
0 0 2 −1 1 0
Conforme o Teorema estudado, para estas matrizes, ocorre a igualdade D = P −1 AP .
 
−1 2 0
Exemplo 2: Explique por quê a matriz  1 0 1  não é diagonalizável.
2 0 1
Solução:
Como visto na aula 30, esta matriz 
possui
  λ1 = −1 e λ2 = 2. Para
autovalores

 x 
λ1 = −1, o conjunto de autovetores é  0  , x ∈ R e para λ2 = 2 o conjunto
−x
 
 z 
 2 
de autovetores (autoespaço) é  3z  , z ∈ R . Portanto, não é possível obter três
 4
z

autovetores linearmente independentes para A, ou seja, A não é diagonalizável.

Se λ0 for um autovalor de uma matriz A de tamanho n × n, então a dimensão


do autoespaço associado a λ0 é denominada multiplicidade geométrica de λ0 , e o
número de vezes que (λ − λ0 ) aparece como um fator do polinômio característico de
A é denominado multiplicidade algébrica de λ0 .

Teorema: Se A for uma matriz quadrada, então:


(a) Dado qualquer autovalor de A, a multiplicidade geométrica é menor do que ou
igual à multiplicidade algébrica.
(b) A é diagonalizável se, e somente se, a multiplicidade geométrica de cada au-
tovalor é igual à multiplicidade algébrica.

Exercícios
1) Verifique
  se cada matriz a seguir é diagonalizável.
2 8
a)
1 4 
2 1
b)
 −1 0 
4 2 0
c)  0 4 1 
0 0 2

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