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Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Ciências Exatas e da Terra


Departamento de Matemática

Lista de Atividades VI Gabarito Álgebra Linear I

Licenciatura/Bacharelado em Fı́sica
Unidade III 01/04/2024

Autovalor, Autovetor e Polinômio Caracterı́stico

(1) Para a matriz  


2 0
A= ,
0 −1
verifique se x1 = (1, 0) é um autovetor de A correspondente ao autovalor λ1 = 2, e se x2 = (0, 1)
é um autovetor de A correspondente ao autovalor λ2 = −1.

Solução:

Multiplicando A por x1 produz:


        
2 0 1 2·1+0·0 2 1
Ax1 = = = =⇒ Ax1 = 2 .
0 −1 0 0 · 1 + 0 · (−1) 1 0

Então, x1 = (1, 0) é um autovetor de A correspondente ao autovalor λ1 = 2.

De modo análogo ao anterior, multiplicamos A por x2 , que produz:


        
2 0 0 2·0+0·1 0 0
Ax2 = = = =⇒ Ax2 = −1 .
0 −1 1 0 · 0 + 1 · (−1) −1 1

Então, x2 = (0, 1) é um autovetor de A correspondente ao autovalor λ2 = −1.

(2) Encontre os autovalores e os autoespaços correspondentes de


 
−1 0
A= .
0 1

Lembrete: O autoespaço, simplesmente, vão ser todos os autovetores que correspondem a um


autovalor λ. Ou seja, o autoespaço que corresponde a um autovalor λ qualquer vai ser simplesmente
o conjunto de vetores que satisfazem essa equação.

Solução:
Geometricamente, multiplicar um vetor (x, y) em R2 pela matriz A corresponde a uma reflexão
no eixo y. Ou seja, se v = (x, y), então
    
−1 0 x −x
Av = = .
0 1 y y

Figura 1: A reflete vetores no eixo y.

A Figura 1 ilustra que os únicos vetores refletidos em múltiplos escalares de si mesmos são
aqueles que estão sobre o eixo x ou o eixo y.

Para o vetor no eixo x.


    
−1 0 x x
= −1 .
0 1 0 0

Para o vetor no eixo y.


    
−1 0 0 0
=1 .
0 1 y y

Portanto, os autovetores correspondentes a λ1 = −1 são os vetores não nulos no eixo x, e os


autovetores correspondentes a λ2 = 1 são os vetores não nulos no eixo y. Isso implica que o
autoespaço correspondente a λ1 = −1 é o eixo x, e que o autoespaço correspondente a λ2 é o
eixo y.

(3) Os vetores (a) v = (5, 2) e (b)v = (2, 1) são autovetores (vetores próprios) do operador linear
T : R2 → R2 , T (x, y) = (4x + 5y, 2x + y)?

Solução de (a):
Sim, pois:

T (x, y) = (4x + 5y, 2x + y)

T (5, 2) = (4 · 5 + 5 · 2, 2 · 5 + 2)

= (20 + 10, 10 + 2)

= (30, 12)

= 6(5, 2)

= 6(v).

⇒ T (5, 2) = 6λ,

é um autovetor associado ao autovalor (valor próprio) λ = 6.

Solução de (b):

Vejamos

T (x, y) = (4x + 5y, 2x + y)

T (2, 1) = (4 · 2 + 5 · 1, 2 · 2 + 1)

= (8 + 5, 4 + 1)

= (13, 5).

⇒ T (2, 1) = (13, 5) 6= λ(2, 1),

não é um autovetor associado ao autovalor (valor próprio) ∀λ ∈ R.

(4) Seja T : R2 → R2 dada por T (x, y) = (y, 4x). Encontre os autovalores de T , os respectivos
subespaços próprios e a multiplicidade geométrica de cada autovalor.
Lembrete: A multiplicidade geométrica do autovalor λ é a dimensão do autoespaço de A associado
ao autovalor λ. qualquer vai ser simplesmente o conjunto de vetores que satisfazem essa equação.

Solução:

λ ∈ R é um autovalor de T se e somente se existir (x, y) 6= (0, 0) tal que T (x, y) = λ(x, y),
ou seja, se e somente se existir (x, y) 6= (0, 0) tal que (y, 4x) = (λx, λy). Isto equivale a que o
sistema ( (
y = λx y − λx = 0
=⇒
4x = λy 4x − λy = 0
possua uma solução não trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz for
igual a zero:  
−λ 1
det = λ2 − 4 = 0.
4 −λ
Como este determinante é λ2 − 4, vemos que os únicos autovalores de T são λ1 = −2 e λ2 = 2.
Temos

V (−2) = {(x, y) ∈ R2 ; (y, 4x) = −2(x, y)} = {(x, y) ∈ R2 ; −2x = y} = [(1, −2)].

Assim, a multiplicidade geométrica de −2 é um. Também,

V (2) = {(x, y) ∈ R2 ; (y, 4x) = 2(x, y)} = {(x, y) ∈ R2 ; 2x = y} = [(1, 2)].

Assim, a multiplicidade geométrica de 2 é um. Note que (1, −2) é um autovetor associado ao
autovalor −2 e (1, 2) é um autovetor associado ao autovalor 2.

(5) Ainda com relação ao exercı́cio anterior, encontre a matriz de T com relação à base (1, −2) e
(1, 2) formada pelos autovetores de T .

Solução:

Temos

T (1, −2) = (−2, 4) = −2(1, −2) + 0(1, 2).

T (1, 2) = (2, 4) = 0(1, −2) + 2(1, 2).

Logo, a matriz de T com relação a esta base é a matriz diagonal


 
−2 0
.
0 2

(6) Faça o mesmo que se pede no exercı́cio (4) para a transformação T (x, y) = (−y, x).

Solução:

λ ∈ R é um autovalor de T se e somente se existir (x, y) 6= (0, 0) tal que T (x, y) = λ(x, y), ou
seja, se e somente se existir (x, y) 6= (0, 0) tal que (−y, x) = (λx, λy). Isto equivale a que o
sistema ( (
−y = λx λx + y = 0
=⇒
x = λy x − λy = 0
possua uma solução não trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz for
igual a zero:  
λ 1
det = −λ2 − 1 < 0.
1 −λ
Como este determinante é −λ2 − 1 < 0, vemos que não existem autovalores associados à
transformação T .

(7) Seja T : R3 → R3 dada por T (x, y, z) = (x, y, x). Encontre os autovalores de T , os respectivos
subespaços próprios e a multiplicidade geométrica de cada autovalor.
Solução:

Veja que λ ∈ R é um autovalor de T se e somente se existir (x, y, z) 6= (0, 0, 0) tal que


T (x, y, z) = λ(x, y, z), isto é, se e somente se existir (x, y, z) 6= (0, 0, 0) tal que (x, y, x) =
(λx, λy, λz). Isto equivale a que o sistema
  
x = λx
 x − λx = 0
 (1 − λ)x = 0

y = λy =⇒ y − λy = 0 =⇒ (1 − λ)y = 0
  
x = λz x − λz = 0 λz − x = 0
  

possua uma solução não trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz for
igual a zero:  
1−λ 0 0
det  0 1−λ 0  = λ(1 − λ)2 = 0.
−1 0 λ
Como este determinante é λ(1 − λ)2 , vemos que os únicos autovalores de T são λ1 = 0 e
λ2 = 1.

Quanto aos subespaços próprios, temos

V (0) = {(x, y, z) ∈ R3 ; (x, y, x) = (0, 0, 0)} = [(0, 0, 1)].

Assim, a multiplicidade geométrica de 0 é um.

V (1) = {(x, y, z) ∈ R3 ; (x, y, x) = (x, y, z)} = {(x, y, z) ∈ R3 ; x = z} = [(0, 1, 0), (1, 0, 1)].

Assim, a multiplicidade geométrica de 1 é dois.

(8) Considere o operador T : R2 → R2 dado por T (x, y) = (x + y, 2x). Quais são os autoespaços
associados aos números 1 e 2?

Solução:

A1 (T ) = {(x, y) ∈ R2 ; T (x, y) = (x, y)}, mas vale


(
x+y =x
T (x, y) = (x, y) ⇔ (x + y, 2x) = (x, y) ⇔ ⇔ x = y = 0.
2x = y

Assim, como x = y = 0, portanto A1 (T ) = {(0, 0)}.

Com isso obtemos que λ = 1 não possui nenhum autovetor associado e, portanto, não é um
autovalor do operador.

Agora para λ = 2:

A2 (T ) = {(x, y) ∈ R2 ; T (x, y) = 2(x, y)}, mas vale


(
x + y = 2x
T (x, y) = 2(x, y) ⇔ (x + y, 2x) = (2x, 2y) ⇔ ⇔ x = y.
2x = 2y
Assim, todos os pares com coordenadas iguais estão em A2 (T ), de onde podemos concluir
que há uma quantidade infinita de autovetores associados ao 2. Podemos escrever A2 (T ) =
{(x, y) ∈ R2 ; x = y}. Por exemplo, (3, 3) e (−1, −1) são autovetores associados ao autovalor
λ = 2.

(9) Determine todos os autovalores do operador sobre R2 dado por T (x, y) = (x + y, 6x).

Solução:

Queremos aqui determinar que para valores de λ existe um vetor não nulo (x, y) ∈ R2 tal que
T (x, y) = λ(x, y), isto é, (x + y, 6x) = (λx, λy). Assim temos o sistema:
( ( (
x + y = λx x + y − λx = 0 (1 − λ)x + y = 0
=⇒ =⇒
6x = λy 6x − λy = 0 6x − λy = 0

que é um sistema homogêneo nas incógnitas x e y e queremos que haja soluções além da trivial.
Apelando para forma matricial do sistema, temos
    
1−λ 1 x 0
=
6 −λ y 0

e, de modo a que o sistema tenha infinitas soluções, exigimos que o determinante da matriz
seja igual a zero:  
1−λ 1
det = λ2 − λ − 6 = 0,
6 −λ
ou seja, λ2 − λ − 6 = 0, possui solução λ = −2 ou λ = 3. Para todos os outros valores de λ, o
sistema admite apenas a solução trivial e, consequentemente, não há autovetores associados.
Dessa forma, os únicos autovalores do operador T são λ = −2 e λ = 3.

(10) Do exercı́cio (9) encontre os autoespaços associados aos autovalores encontrados.

Solução:

Os autovalores encontrados foram λ = −2 e λ = 3. Substituindo λ = −2 no sistema abaixo,


temos:
( ( (
(1 − λ)x + y = 0 [1 − (−2)]x + y = 0 3x + y = 0
=⇒ =⇒
6x − λy = 0 6x − (−2)y = 0 6x + 2y = 0

mas, como a segunda equação é obtida multiplicando a primeira por 2, o sistema é equivalente
apenas à equação 3x + y = 0. Dessa forma, A−2 (T ) = {(x, y) ∈ R2 ; 3x + y = 0}.

Agora para λ = 3 no sistema acima, temos


( ( (
(1 − λ)x + y = 0 (1 − 3)x + y = 0 −2x + y = 0
=⇒ =⇒
6x − λy = 0 6x − 3y = 0 6x − 3y = 0

mas, como a segunda equação é obtida multiplicando a primeira por −3, o sistema é equivalente
apenas à equação −2x + y = 0. Dessa forma, A3 (T ) = {(x, y) ∈ R2 ; y = 2x}.
(11) Considere a matriz A dada por:  
6 −3
A= .
2 1
Determine a equação caracterı́stica de A e encontre seus autovalores. Em seguida, explique
como esses autovalores estão relacionados aos valores que satisfazem a equação caracterı́stica
pA (λ) = det(A − λI) = 0, onde I é a matriz identidade. Indique os valores especı́ficos de λ
que satisfazem essa equação e os correspondentes autovalores de A.

Solução:

A equação caracterı́stica de A é:

pA (λ) = det(A − λI)


   
6 −3 1 0
= det −λ
2 1 0 1
 
6−λ −3
= det
2 1−λ
= (6 − λ)(1 − λ) + 6 = λ2 − 7λ + 12.

Assim, os autovalores de um operador linear, cuja matriz associada a alguma de suas bases é
A, serão os valores que tornam pA (λ) = 0, ou seja, λ = 3 e λ = 4.

(12) Considere o operador linear T : P1 → P1 definido por T (ax + b) = −a, onde a e b são
constantes. Determine os autovalores de T e descreva o autoespaço correspondente em relação
à base {x, 1}.

Solução:

O operador T : P1 → P1 dado por T (ax + b) = −a tem, em relação à base {x, 1}, a forma
matricial:       
a 0 0 0 a
T = =  
b −a −1 0 b
assim seus autovalores serão raı́zes do polinômio caracterı́stico pT (t) = det(A − λI), no qual
 
0 0
A= .
−1 0

Realizando os cálculos, obtemos pT (t) = t2 , cuja única raiz real é o 0 e, assim, o operador T
possui apenas o autoespaço A0 (T ) = N (T ) não trivial.

Obs: ∗ Quando um operador linear possui um autoespaço não trivial, significa que existem ve-
tores, além do vetor nulo, que são contraı́dos ou comprimidos pelo operador sem mudar de direção.
Isto é, esses vetores são multiplicados por um escalar chamado de autovalor correspondente.
∗ Na notação N (T ), o N representa o núcleo (ou espaço nulo) do operador linear T. O núcleo
é o conjunto de todos os vetores v que são mapeados para o vetor nulo 0 por T:

N (T ) = {v ∈ V |T (v) = 0}.

∗ O núcleo é trivial se e somente se o único autovalor de T for 0.

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