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Paulo Lobato 12 de jul.

5 min para ler

Juntas ferroviárias: manutenção


Atualizado: 15 de jul.

Introdução

Trouxemos mais um assunto para o nosso blog: Manutenção de Juntas. Iremos falar sobre cada uma de suas
classificações e tipos, bem como a recomendação de onde cada uma se adequa melhor. Além disso, falaremos
sobre as recomendações e cuidados que devemos ter com os componentes, bem como quando podemos
reutilizá-los.

Juntas

As juntas podem ser descritas como a conexão de duas barras de trilhos consecutivas, obtida pelo ajustamento e
fixação das talas de junção. Em outras palavras, podemos dizer que a junta é uma seção de união de trilhos. Ela
tem por objetivo manter o nivelamento e alinhamento da seção de ligação. A seguir, será explicado como realizar
a manutenção das juntas.

Componentes:

Trilhos

Talas

Parafusos

Porcas e arruelas

Entre outros.
Componentes das juntas

As juntas são pontos frágeis da via, sendo assim, são um mal necessário. Usadas quando não há possibilidade de
soldagem dos trilhos. As juntas são obrigatórias quando há separação entre seções de bloqueio de linhas
sinalizadas. Além disso, são responsáveis por drenar grande parte do orçamento e outros recursos de
manutenção.

As juntas são classificadas de acordo com o tipo, posição e apoio.

1. Quanto ao tipo, elas podem ser:


a. Convencionais

b. De dilatação

c. Isolantes

d. De transição

2. Quanto à posição, elas podem ser:

a. Paralelas

b. Alternadas

3. Quanto ao apoio, elas podem ser:

a. Apoiadas

b. Em balanço

Apoio das juntas


Recomenda-se sempre a aplicação de juntas em balanço, pois nas juntas apoiadas, quando da passagem das
rodas, o dormente apoia uma das pontas dos trilhos criando um ressalto para a roda. Este ressalto é uma situação
indesejada, pois favorece a fratura do trilho, da roda e a escalada da roda sobre o trilho.

Posição das juntas

Tipos de Juntas
De dilatação

As juntas de dilatação possuem pontas bizeladas, permitindo a dilatação térmica dos trilhos. Esse tipo de junta é
muito comum em transição de estruturas como por exemplo nos encontros de pontes metálicas.

Isolantes

Possuem componentes isolantes e são necessárias em linhas sinalizadas para marcar o limite da seção de
bloqueio. Elas ainda podem ser encapsuladas ou coladas
De transição

As juntas de transição promovem a conexão de trilhos de diferentes perfis, como por exemplo a transição de um
perfil TR57 para TR68.

Talas de junção

As talas de junção são os principais componentes da junta e possuem o objetivo de fazer a união de dois trilhos,
garantir rigidez à seção além de resistir minimamente aos esforços longitudinais.

As talas de junção são classificadas de acordo com a quantidade de furos, seção transversal e isolamento elétrico.

Quantidade de furos

4 furos (mais comuns em TR37)

6 furos (TR45 e superior)


Seção transversal

Lisas:

Corpo se encaixa integralmente à alma

Se apoia no boleto e no patim

Comum em 4 ou 6 furos

Angulares:

Modelo mais recente

Recentemente o mais adquirido

Aplicável em perfis grandes e pequenos

Extremidades reforçadas para absorver esforços

Vida útil maior que a de outros modelos


Cantoneira e semicantoneira:

Possui cantoneira que abraça o patim

Invade a área de pregação

Só utilizada com fixação rígida

Cantoneira é uma região sensível

Baixa vida útil

Pouco utilizada atualmente

Isolamento elétrico

Talas encapsuladas

Componentes:

Talas encapsuladas: Núcleo em aço laminado e Isolamento em poliuretano

Plaquetas metálicas

Separador isolante

Buchas isolantes dos parafusos

Porcas e parafusos
Talas coladas

Componentes:

Talas metálicas

Isoladores da tala

Cola epóxi (vedação)

Separador isolante

Buchas isolantes dos parafusos

Porcas e parafusos

Parafusos, porcas e arruelas da tala

Estes componentes possuem a função de tracionar a tala contra o trilho, porém não são responsáveis por resistir
aos esforços longitudinais. Sendo assim, são facilmente cisalhados se as talas forem mal instaladas.

A tabela abaixo apresenta o diâmetro dos parafusos para cada perfil de trilho:
Grampos de talas

Os grampos de talas são utilizados em casos de emergência de fratura de trilho para substituição temporária da
furação

Instalação das talas

Passos para a instalação das talas

1. Marcação dos furos e furação;

2. Bizelamento dos furos;

3. Limpeza da tala e da alma;

4. Aplicação da tala;

5. Aperto dos parafusos.


1. Marcação dos furos e furação

2. Bizelamento dos furos

O bizelamento do furo é uma atividade importante pois elimina quinas vivas de onde
poderiam se iniciar fissuras que levariam à fratura do trilho.

Considerações para talas isoladas

As talas isoladas ou coladas encapsuladas possuem todos os seus furos circulares, sendo que os encaixes ovais
são dados pelas taletas de reforço.

Deve-se obedecer o local exato demarcado pela equipe de eletroeletrônica para instalação das juntas.

Recomenda-se assentar sempre em tangente para evitar o desgaste prematuro ou fratura da tala devido aos
esforços originados na inscrição das composições nas curvas.
Por concepção de sinalização ferroviária, as juntas isoladas são instaladas paralelas entre si (admite-se defasagem
máxima de 500mm).

Antes da instalação da tala, deve-se limpar a face da mesma e a alma do trilho com escova de aço para eliminar
resíduos que atrapalhem perfeito acoplamento e dano ao revestimento da tala.

Considerações gerais

É recomendável que as juntas metálicas de uso permanente sejam posicionadas em balanço e alternadas.

A defasagem mínima recomendada entre talas é de 3 m para seção de trilho curto (de até 36m).
A defasagem mínima recomendada entre talas em seção de TLS é de L/4, sendo L o comprimento do TLS (acima
de 36m).

Não se deve instalar juntas de transição (mudança de perfil) de uso permanente sobre pontes/viadutos, PN e em
curvas.

Deve-se atentar ao nivelamento e alinhamento dos topos dos trilhos, de forma que não haja quinas e desníveis.

Não se deve utilizar pedaços de trilhos para preenchimento de folga de junta (bacalhau).

Não se deve instalar junta em local que haja solda na região de contato da tala convencional com a alma.

Antes da instalação da tala, deve-se limpar a face da tala e a alma com escova de aço para eliminar resíduos que
atrapalhem perfeito acoplamento.

Caso necessário, deve-se utilizar tensores hidráulicos para aproximação dos trilhos.

O aperto dos parafusos deverá seguir a seguinte ordem:


1º Aparafusar os parafusos do centro da tala
2º Aparafusar os parafusos intermediários
3º Aparafusar os parafusos da extremidade

Não se recomenda lubrificar os parafusos, pois isto pode levar a um torque excessivo do mesmo, o que reduzirá
sua vida útil.

Observar que a parte lisa da porca fique em contato com a arruela.

Na primeira semana de instalação de uma junta, há uma tendência de os parafusos afrouxarem, por isso é
necessário verificar se não houve afrouxamento e, se for o caso, reapertar o parafuso.
Manutenção de juntas

Inspeção visual

Verificar a integridade dos componentes da junta

Verificar a integridade dos trilhos, lastro e dormentes

Verificar se os topos dos trilhos estão amassados

Manutenção preventiva

Apertar os parafusos

Manter o quadramento dos dormentes

Manter o espaçamento correto dos dormentes

Substituir dormentes inservíveis na região da junta

Executar bizelamento e esmerilhamento do trilho

Manutenção corretiva

Substituir componentes danificados

Corte e reajuste de pontas de trilhos empenadas, amassadas ou lascadas

Soldagem da junta

Nivelar a junta

Nivelamento

O desnivelamento é o principal problema nas juntas. Este defeito é prejudicial tanto para os componentes da via,
quanto do material rodante e representa um alto risco para a segurança do tráfego, além de consumir grande
parte do orçamento de manutenção.

No serviço de nivelamento de juntas, deve-se:

Substituir os dormentes inservíveis

Fazer repregação de dormentes sem fixação

Reespaçar dormentes
Apertar os parafusos da tala

Se as pontas dos trilhos estiverem empenadas (caimento da ponta), deve-se eliminar a ponta e
executar nova junta ou solda

Nivelar com macaco mecânico de 15t

Realizar socaria dos dormentes na região da junta

Bizelamento

O objetivo do bizelamento das pontas dos trilho é eliminar as rebarbas por escoamento do material. Se não
removidas elas provocarão a deterioração da ponta e redução de vida útil do trilho.

O bizelamento deve ser realizado conforme as figuras abaixo:

Nesta atividade não se deve utilizar máquinas de cortar trilho, pois isto representa uma condição insegura para o
colaborador.

Esmerilhamento

O esmerilhamento do trilho é o acabamento do serviço com o intuito de adequar a superfície de rolamento e


eliminar ressaltos, escoamento, defeitos superficiais e arestas vivas. Somente deve-se executar o
esmerilhamento quando a junta estiver bem nivelada.

Critérios de descarte de componentes


Parafusos
Presença de trincas ou fraturas

Empeno no corpo do parafuso

Roscas danificadas que impeçam colocação de porcas

Talas

Presença de trincas ou fraturas

Empeno ou deformação no corpo da tala sucata

Conclusão

Chegamos ao final de mais um post, no qual conseguimos entender um pouco mais sobre manutenção de juntas.
Para ficar por dentro de todos os assuntos de via permanente continue acompanhando nosso blog.

Se você gostou, lembre-se de compartilhar e deixar uma curtida no nosso post para nos ajudar.

Escrito por Paulo Lobato e Laura Lima


Especialista em manutenção de via permanente ferroviária
Elevada experiência em gerenciamento de projetos e análise de viabilidade técnica-
econômica de novos projetos
Engenheiro Civil formado pela UFMG em 2010 com curso de extensão em ferrovia e
transportes pela École Nationale des Ponts et Chaussées em Paris/França
Certificado em Gestão de Projetos pelo Project Management Institute (PMI)
Certificado em Inglês Avançado (CAE) pela Cambridge University
Pós-graduado em Engenharia Ferroviária pela PUC-Minas
Pós-graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC
Pós-graduado em Restauração e Pavimentação Rodoviária pela FUMEC
Contato: (31) 98789-7662
E-mail: phlobato01@gmail.com

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